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Arquitetura da moradia
Arquitetura da participação
Bibliografia
Créditos
As cidades desenvolvem
suntuosamente uma linguagem
mediante duas redes diferentes e
superpostas: a física, que o viajante
comum percorre até perder-se na sua
multiplicidade e fragmentação, e a
simbólica, que a ordena e interpreta,
ainda que somente para aqueles
espíritos afins, capazes de ler como
significações o que não são nada
mais que significantes sensíveis para
os demais, e, graças a essa leitura,
reconstruir a ordem.
A história visual da cidade foi construída 1930 são um marco no crescente número Herdeira dos registros do Departamento de
ainda pelas lentes da agência oficial do go- de fotógrafos profissionais, com as contra- Imprensa e Propaganda e do Departamento
verno, em reportagens sobre o Rio de Janeiro tações do governo Vargas para os novos ór- de Propaganda e Difusão Cultural da déca-
nas quais, importa destacar, as novas confi- gãos da administração e a leva de imigrantes da de 1930, a Agência Nacional (1935-1982)
gurações urbanas e a arquitetura contem- que chegam ao país, expulsos pela chegada reúne, segundo a base de dados Sian, do Ar-
porânea são o objeto do fotógrafo, mesmo ao poder do nazifascismo e que predomina- quivo Nacional, 5.530 fotografias, além de
que incluam eventos políticos, também in- riam nesse campo naqueles anos. Além de filmes, gravações, documentos textuais. O
dissociáveis do espaço público. Mais do que órgãos como o Serviço de Proteção ao Índio fundo Agência Nacional foi nominado Me-
aspectos “desconhecidos”, esses registros e o Serviço do Patrimônio Histórico e Artís- mória do Mundo Brasil em 2010, em candi-
apresentam perspectivas que privilegiam a tico Nacional, a autora menciona o Depar- datura apresentada juntamente com a Fun-
arquitetura e as configurações urbanísticas, tamento de Imprensa e Propaganda (DIP): dação Cinemateca Brasileira.
como solução ou conflito. Ainda que se en- “Foi na produção de bens culturais e na pro- Por sua história, importância, dimensões e
contrem tomadas da paisagem natural em moção da cultura nacional que a fotografia composição do acervo, a Agência Nacional
si mesma, pode-se dizer que, predominan- foi mais utilizada [...]. A instituição envia- se impõe, assim, em sua organicidade ar-
temente, estas se associam à massa de edi- va os textos e imagens para serem reprodu- quivística e formal, apresentando um pa-
fícios, às construções, fachadas, às linhas e zidas pela imprensa nacional. Além disso, drão fotográfico, uma determinada apreen-
são do espaço urbano, sobretudo do Rio de fazendo também a inclinação burguesa por a sofisticação dos equipamentos, a exemplo
Janeiro. A produção fotográfica da agência, um mundo que ultrapassava as fronteiras de fotografias de Alfred Stieglitz da cidade
desde os seus primórdios, convive com uma do cotidiano enquanto crescia o movimento de Nova York, de 1935, em paralelo com fa-
diversidade política – as lentes oficiais es- das viagens. A fotografia cumpriria a função chadas de edifícios do centro do Rio de Ja-
tiveram atreladas a diferentes tendências e de documentar as construções, revelando neiro. Ou de Berenice Abbott, de 1936, “trem
regimes na história republicana – e social, muitos aspectos de difícil captura e memo- elevado, linhas da Segunda e Terceira Ave-
percorrendo bairros e regiões da cidade, e rização, uma operação realizada a partir das nidas”, que nos remete às plataformas do
demonstrando a qualidade técnica e artísti- representações gráficas preexistentes, tran- edifício da Central do Brasil, de 1942, con-
ca dos fotógrafos, principalmente nas déca- sitando entre registro e arte, ao passo que quanto não se possa deixar de notar uma
das de 1930 a 1970. as escolhas de fotógrafos e seus empregado- luz característica, solar, a imposição da pai-
res, diz James S. Ackerman, de determina- sagem natural em muitas sequências. Uma
Com amplas vistas, valendo-se com fre-
das construções em detrimento de outras, história da fotografia escrita também no
quência de reportagens realizadas do alto,
e do modo como essas edificações seriam Brasil, com os corpos dos trabalhadores das
em uma série construída ao longo dos tra-
mostradas, poderiam nos conduzir aos te- construções, o discurso social que atravessa
jetos, a cobertura da cidade também pousa
mas do nacionalismo, imperialismo e colo- a ideia de progresso, das grandes obras, dos
nas calçadas, se aproxima da população nas
nialismo (Ackerman, 2002). A relação entre planos de desenvolvimento, nos anos 1950
ruas do Rio, menos ao acaso, dando prefe-
arquitetura e fotografia aprofunda-se ainda ou na década de 1980, da Perimetral à aber-
rência aos comícios, festas, inaugurações,
mais nas primeiras décadas do século XX, tura do túnel Acústico da Gávea.
quase sempre emolduradas pela linha es-
maecida dos morros, prédios históricos do sendo inegável uma verdadeira “simbiose Emerge, portanto, desta publicação uma
centro, imponentes obras de engenharia, entre arquitetos e fotógrafos modernos”, relação estreita e de longa data: arquitetu-
como a avenida presidente Vargas. Explo- como escreve Anat Falbel (2007, p. 7), para ra e fotografia. Arquitetos e fotógrafos são
rando o contraste entre os grandes aciden- quem a fotografia torna-se, afinal, um “pa- protagonistas de dois momentos criativos, a
tes naturais e a célere ocupação das áreas radigma da representação da modernidade concepção e execução da obra arquitetônica
mais tradicionais da cidade, os fotógrafos arquitetônica”. e a concepção e execução da obra fotográfi-
da Agência Nacional, além de estarem im- A decisão do fotógrafo e seu comprometi- ca. Duas possibilidades concretas de cons-
buídos da missão inerente ao órgão, dialo- mento com as organizações a que serve, trução de sistemas simbólicos através dos
garam com a tradição de registro de obras adquire outros matizes se considerado seu quais, constantemente, nos comunicamos e
arquitetônicas, que está na gênese da foto- vínculo com o Estado e a indispensável lei- criamos “realidades”.
grafia. Logo em seus primórdios, dados os tura de inspirações mais ou menos eviden- As imagens reunidas procuram refletir a
longos períodos de exposição necessários, tes, como nas imagens em que sobressaem ideia da cidade como documento de um
os temas da arquitetura e da paisagem mos- o senso de limites e de simetria, o investi- dado processo social e histórico, em para-
traram-se adequados à nova técnica, satis- mento nas luzes e sombras, aprimorado com lelo a uma cidade que procura representar
a nação e emana seus valores de unidade da imagem é, assim, resultado das possibili- da mão de obra, aliada a um discurso de va-
e identidade; registro das transformações, dades de ver e compreender que pertencem lorização do trabalhador por parte Estado,
dos impasses e soluções possíveis, traduzi- à época na qual o sujeito que a realiza está foi captada nos registros da presença, física
dos pelos bens edificados representativos da inserido. Em paralelo, as fotografias podem ou simbólica, de presidentes e outras auto-
história da cidade, da arquitetura, da habi- também produzir sentidos que não se esgo- ridades de governo em eventos de inaugura-
tação, do urbanismo, das relações de poder tam na descrição dos fatos, na veiculação de ção de conjuntos habitacionais, imprimindo
ou, simplesmente, dos processos históricos. conteúdos. um perfil personalista a essas cerimônias de
Os registros, do final de década de 1930 até Nessa perspectiva, esse conjunto de ima- exaltação do poder público, característico
os anos 1970, percorrem governos de dife- gens testemunha um período de dinamismo de governos populistas. Esses aspectos po-
rentes colorações – populista, democráti- demográfico e econômico, caracterizado dem também ser identificados nas imagens
ca, autoritária –, refletidos em concepções por uma mudança no perfil de natureza ru- que registram as festividades comemorati-
e soluções diversas para as questões urba- ral para uma população urbana, e decorren- vas das datas cívicas, com forte apelo nacio-
nísticas, sociais, econômicas que uma cida- te de um forte processo de migração para as nalista, na intenção de promover o contato
de como o Rio de Janeiro exige. Percebe-se cidades e de um incremento no processo de de líderes políticos com as massas, a exem-
também, ao longo desse período, que a fo- industrialização iniciado no início do sécu- plo do Dia da Raça, da Parada da Juventude
tografia é resultado não só da ação de um lo, a exemplo das primeiras fábricas de teci- ou dos desfiles de Sete de Setembro.
autor, de um sujeito individual, mas de um dos e produtos farmacêuticos que se insta- Observa-se que diferentes influências e es-
contexto que dirige o fotógrafo para dife- laram na Gávea e que demandaram, além de tilos de alguma maneira induziram a ma-
rentes ângulos e percepções, gerando uma largos terrenos, mão de obra próxima aco- neira de viver a cidade, já que o espaço é um
estilística fotográfica. “A posição escolhida modada em vilas operárias. produto social. Transformações espaciais
pelo fotógrafo à câmera, em relação ao refe- A moradia tornou-se uma questão funda- significam também mudanças nas relações
rente, é decisiva na composição final; esta mental nos planos e realizações políticas, e práticas sociais. As ideias modernistas na
escolha determina a disposição das massas, do Estado Novo aos demais governos que se produção arquitetônica brasileira, repre-
a organização espacial dos elementos, a po- sucederam, atribuindo-se à esfera federal sentadas pelas obras de Lúcio Costa, Afonso
sição da luz e das sombras presentes” (Gon- prerrogativa e competência para o desen- Reidy, Oscar Niemeyer, difundiram a oti-
çalves, 2009, p. 235). volvimento de ações nessa área por meio mização dos métodos construtivos e novas
Como menciona Ana Maria Mauad, “as ima- de organismos como a Fundação da Casa tecnologias foram incorporadas aos proces-
gens são históricas e dependem das variá- Popular, os Institutos de Aposentadorias e sos visando, principalmente, a construção
veis técnicas e estéticas do contexto que as Pensões (IAP), o Sistema Financeiro de Ha- de moradias em larga escala.
produziram e das diferentes visões de mun- bitação (SFH) e o Banco Nacional da Habi- Essas fotografias são, igualmente, evidên-
do que concorrem no jogo das relações so- tação (BNH). Essa ligação entre a moradia cias não só das transformações arquitetô-
ciais” (Mauad, 2005, p. 143). A construção e a garantia de preservação e crescimento nicas e urbanísticas erguidas na esteira do
aumento da densidade populacional, em por meio das imagens captadas pelos fotó-
bairros como Copacabana, Ipanema e Bota- grafos da Agência Nacional, desvelar a cidade
fogo, acarretando a construção de inúmeros do Rio de Janeiro como identidade, conheci-
edifícios ou a abertura da avenida Presi- mento e história. Não esquecendo, todavia,
dente Vargas e suprimindo ruas e prédios. de Boris Kossoy, quando afirma que a foto-
Constituem também testemunho de mu- grafia é “apenas o ponto de partida, a pista
danças na esfera política, de um Rio de Ja- para tentarmos desvendar o passado. Elas
neiro distrito federal, de sede do estado da nos mostram um fragmento selecionado da
Guanabara que desaparece após um proces- aparência das coisas, das pessoas, dos fatos,
so de fusão com outro Rio do lado oposto tal como foram (estética/ideologicamente)
da baía, de capital de um estado que guarda congelados num dado momento de sua exis-
ainda símbolos e marcas de um tempo, to- tência/ocorrência” (Kossoy, 2002, p. 21).
mando o conceito de Giulio Carlo Argan, de Assim, convidamos o leitor a depositar um
cidade capital, “uma construção moderna e, olhar lento na observação das fotografias
de alguma maneira, uma alegoria do poder” que compõem este livro, uma atenção com
(Neves, 1992, p. 58). o objetivo de descobrir outros significados
Em uma alusão a Andreas Huyssen (2000), que não os mais imediatamente identifi-
para quem a cidade poderia ser percebida cados, construindo, quem sabe, uma outra
como um texto, um conglomerado de signos, narrativa para esse Rio de Janeiro retratado
a ser lido, escrito e reescrito, procuramos, pelas lentes da Agência Nacional.
A prática fotográfica no século XX orientou- porque se associa às funções de represen- visualizar as cidades em transformação, e a
-se segundo uma nova experiência social de tação de diferentes formas de poder na cena ver e ser visto por meio dos retratos, assim
ver e ser visto. O regime visual vigente, des- pública; são, ainda, suportes da memória como a registrar e guardar um pedaço desse
de fins do século XIX, democratizou o retrato pública sancionada pelas diferentes cultu- espaço comum – quer por meio de cartões-
e pluralizou as formas de representação do ras políticas. Entretanto, é nas formas de -postais, de vistas urbanas publicadas em
sujeito nos espaços públicos e privados. Dos agenciamento da fotografia pública que se pôsteres ou nos semanários ilustrados.
recônditos da intimidade às praças públicas, deflagra o seu potencial de mobilizar as
A fotografia pública, portanto, provém do
a fotografia enquadrou memórias, registrou memórias concorrentes e de acionar repre-
espaço comum, do common space, no qual as
acontecimentos, capturou imagens de signi- sentações históricas sobre acontecimentos
manifestações comunitárias, populares, co-
ficativa beleza, flagrou personalidades, en- e eventos passados. É na qualidade de me-
letivas se revelam. É a imagem que dá rosto
campou as lutas sociais, dimensionando a mória-arquivo e memória-patrimônio que a
à multidão e que distingue o sujeito comum;
história contemporânea em seus múltiplos fotografia pública revela a memória públi-
mas é também a imagem do controle social
sentidos. Não se busca mais apenas a his- ca como espaço de disputa e abre caminho
tória por detrás das imagens, mas a histó- para a operação histórica analisá-la como e da vigilância.
ria das imagens e dos sujeitos que, atentos experiência social passada (Ricouer, 2004). A produção de imagens fotográficas as-
às transformações do mundo, produziram Associada à noção de documento, a fotogra- sociadas ao registro do mundo social, por
essas mesmas imagens. A forma como elas fia pública fornece visibilidade à experiên- agentes históricos – os fotógrafos e fotógra-
foram elaboradas e o envolvimento dessa cia social de sujeitos históricos – por detrás fas – de forma independente ou associada a
prática fotográfica com os acontecimentos e diante da câmera, destaca-se tanto como algum vínculo institucional, compõe os te-
e vivências que registrava definem um lugar fonte quanto como objeto de estudo da his- mas e repertórios visuais da fotografia pú-
social para o fotógrafo ou fotógrafa que as tória visual do poder e das culturas políti- blica. Em ambos os casos, a forma de envol-
produziu e, ao mesmo tempo, apontam para cas. É a imagem das instituições estatais e vimento com a causa fotografada orientará
o pertencimento destes ao seu grupo ou sua da ação do Estado, mas também da produção escolhas e, portanto, delineará a forma que
geração (Sirinelli, 1996). dos estúdios fotográficos, que, ao longo do a imagem vai assumir. Assim, o engajamen-
A fotografia se torna pública, porque pu- século XX, serviram a um público variado. to político a uma causa, princípio ou as re-
blicada, sem dúvida, mas, acima de tudo, O consumidor de fotografias se habituou a gras institucionais definem a dimensão au-
toral da fotografia pública. Nos diferentes e dotada de certa ubiquidade, devido à sua competência distribuir à imprensa o noticiá-
casos, quer seja atuando no fotojornalismo, presença em diferentes arquivos de órgãos rio e o serviço fotográfico de eventos ligados
comissionado por uma agência de Estado, variados do governo, nas instâncias federais, ao governo, voltando-se para a difusão das
ou, ainda, atuando nos mundos da arte, fo- estaduais e municipais. As grandes coleções ações governamentais por meio dos recursos
tógrafos e fotógrafas acabaram por delimi- fotográficas depositadas em arquivos das da imprensa moderna. Destaca-se na ativi-
tar em suas imagens a formação de um es- instituições públicas dão prova disso. dade fotográfica da Agência Nacional a afir-
paço público. Pública, não somente por ser A Agência Nacional foi criada em 1945, mo- mação de uma fotografia pública de governo,
a fotografia publicada, mas aquela que se mento em que se afirmava a tendência de que emulava a linguagem do fotojornalismo
refere ao espaço público como tema e que produzir e disseminar informações sintoni- então consolidado na imprensa semanal,
tem nele o seu lugar de referência política. zadas às agências de notícias das democra- que tinha nas revistas ilustradas a expressão
No Brasil, o circuito social da fotografia pú- cias liberais, vencedoras da Segunda Guerra mais completa dos enredos da vida moderna
blica, desde final do século XIX e ao longo Mundial. As agências fotográficas, a par dos nas grande cidades do país e do mundo.
do século XX, foi caracterizado pela forte serviços fotográficos das agências de notí- No espaço da grande imprensa, a fotogra-
presença do Estado e da grande imprensa. cias, foram crescendo em importância após a fia assumiu a sua feição pública, remetendo
Somente no final dos anos 1970, percebem- guerra. As agências organizaram a cobertura à formação de um espaço público visual e
-se circuitos sociais mais autônomos em de guerra coordenando o envio de fotojor- à elaboração dos sentidos compartilhados
relação a esses dois atores, dentre estes, o nalistas para todas as frentes de batalha. Já pela cultura da mídia, que já se configura-
movimento das agências independentes. No neste conflito, contaram com a telefoto, que va nas décadas iniciais do século XX, com
século XIX, o imperador d. Pedro II, ele pró- permitia a rapidez de transmissão, embora a publicação das primeiras fotografias nos
prio um fotógrafo aficionado, foi responsável também levasse à repetição de imagens en- semanários ilustrados. Esses veículos, pelo
pela introdução e disseminação da prática tre os jornais e revistas clientes. Em linhas uso extensivo da fotografia, foram funda-
fotográfica na corte. Incentivava os fotógra- gerais, afirma Jorge Pedro de Sousa: “Os mentais para a configuração da ideia de
fos, por meio da concessão de comendas e fotojornalistas na 2ª Guerra Mundial – tal acontecimento moderno – visual, instantâ-
recursos financeiros, a registrarem as rique- como na Guerra Civil de Espanha –, integra- neo e replicável. A cobertura fotográfica de
zas e belezas do Império, e a representarem dos ou não em organismos governamentais, eventos, como, por exemplo, a pandemia de
o Brasil nas exposições universais (Turazzi, alinharam por um lado e contribuíram para gripe em 1918, nos principais semanários
1995). Pelas lentes desses mesmos fotógrafos o triunfo ideológico dos Aliados nesta Guer- da capital, Fon-Fon, Revista da Semana, Ca-
a imagem do imperador foi difundida dentro ra, afirmando a liberdade e a democracia po- reta e O Malho, foi responsável pelo encap-
e fora do Brasil, garantindo ao poder público lítica e também a instauração de uma nova sulamento do fato em notícia, criando uma
uma face moderna e civilizada. Ao longo do ordem internacional” (Sousa, 2000, p. 122). narrativa visual sobre o acontecimento. Em
século XX, a presença do registro fotográfi- Subordinada ao Ministério da Justiça e Negó- suas reportagens ilustradas, identificavam
co se diversifica, mas se mantém constante cios Interiores, a Agência Nacional tinha por os personagens – médicos, enfermeiras, po-
líticos, doentes, a população; os lugares – o vou desde a reforma gráfica do Jornal do Bra- se torna pública para cumprir uma função
centro da cidade, os bairros nobres e os su- sil, nos anos 1950, e, posteriormente, com a política. Por um lado, garante a transmissão
búrbios; e os tempos da narrativa pandêmi- criação do prêmio Esso para fotojornalismo, de uma mensagem para dar visibilidade às
ca, com início, meio e fim (Mauad, 2020). em 1962, foi a gradual tomada de consciên- estratégias de poder, ou, ainda, às disputas
Ao longo do século XX, a fotografia serviria cia do papel da imagem fotográfica na elabo- de poder; por outro, contemporaneamente,
de documento dos acontecimentos e de ates- ração do sentido da notícia. Essa consciência assume papéis estratégicos na afirmação
tado de presença da imprensa na construção foi incentivada pela ação de editores de foto- de pautas identitárias, no registro da ação
da história. As fotorreportagens, estilo in- grafia provenientes do fotojornalismo, como
social e nas lutas pelos direitos humanos.
troduzido pela revista O Cruzeiro, em 1928, foi o caso de Erno Schneider, no jornal Cor-
As fotografias são, portanto, o suporte de
que se destacava pelas imagens em grande reio da Manhã, e serviu de base à elaboração
agenciamento de uma memória pública que
formato, apoiadas em texto escrito por um de uma nova experiência fotográfica, que ali-
registra, retém e projeta no tempo histórico
repórter, atribuíram à fotografia uma função mentaria a luta pela direito do fotojornalista
uma versão dos acontecimentos. Essa ver-
narrativa dos acontecimentos e prescritiva à imagem. A partir de então, nas redações dos
são é construída por uma narrativa visual
da opinião a se ter sobre os fatos. Nesse caso, grandes jornais se desenvolveria uma nova
forma de incorporar a prática fotográfica e e verbal, ou seja, intertextual, mas também
a fotografia se torna pública pois tanto agen-
de considerar o fotógrafo de imprensa não pluritemporal: o tempo do acontecimento,
cia os sentidos que podem ser atribuídos aos
acontecimentos vividos no espaço público, somente como um apoio do jornalista, mas o tempo da sua transcrição pelo modo nar-
como veicula imagens de fatos que foram dotado de alguma autonomia na cobertura rativo; o tempo da sua recepção no marco
avaliados pelos editores da revista como de de acontecimentos políticos. Essa geração histórico da sua publicação, dimensionado
interesse do grande público. de fotógrafos iria fomentar uma nova práti- pelas formas de sua exibição – na impren-
ca fotográfica nas redações. Foram eles, em sa, em museus, livros, projetos. A fotogra-
Essa perspectiva predominou nas publica-
ções semanais ilustradas até final dos anos grande medida, que abriram caminho para a fia pública produz um espaço público visual
1950, quando a fotografia passou a circular renovação dessa experiência no espaço pú- nas sociedades contemporâneas, em com-
de forma regular nos jornais diários, dentre blico (Mauad; Louzada; Gomes, 2021). passo com as visões de mundo às quais se
os mais importantes: Jornal do Brasil e Cor- Em vista de uma experiência que se atua- associa e em sintonia com a historicidade
reio da Manhã. Entretanto, o que se obser- liza no tempo, afirma-se que a fotografia de cada época.
Arquitetura das transformações
Presidente Eurico
Gaspar Dutra visita
as obras do túnel do
Catumbi. 30 de outubro
de 1950
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Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira visita as
obras do túnel Santa Bárbara. 16 de junho de 1956
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Parte importante do plano de obras da Superinten- um projeto modificado. Em terrenos que se torna-
dência de Urbanização e Saneamento, o desmonte ram supervalorizados surgiram novas edificações,
do morro de Santo Antônio viria alterar radicalmen- enquanto do arrasamento do morro vinha a maté-
te o Centro da cidade. A obra começou no início dos ria-prima para o enorme aterro por onde passariam
anos 1950 e se acelerou em meados da década com as pistas de conexão entre o Centro e Copacabana.
Demolição do morro
de Santo Antônio. 4
de novembro de 1954
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Vista parcial do
Centro com o morro
de Santo Antônio.
10 de dezembro
de 1958
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EVE_15757_mp0001
A avenida Perimetral come-
çou a ser construída na admi-
nistração do prefeito Negrão
de Lima (1956-58), embora os
primeiros esboços sejam dos
anos 1940 e sua conclusão te-
nha se dado em 1978. O pri-
meiro trecho, conectando as
avenidas General Justo e Pre-
sidente Vargas no Centro, foi
finalizado pelo último prefeito
do Distrito Federal, Sá Freire
Alvim, em 1960. Correspondia
a uma concepção urbana que
privilegiava o transporte au-
tomobilístico, e foi visto como
uma solução para o trânsito
cada vez mais intenso. A obra
fez ruir parte da memória do
Centro, como o Mercado Mu-
nicipal, que se distingue na
imagem. O elevado foi demo-
lido entre 2013 e 2015.
Obras da Superintendência
de Urbanização e Saneamento
na praça XV de Novembro.
31 de janeiro de 1959
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mp0005
Obras da
Superintendência
de Urbanização e
Saneamento na praça
XV de Novembro. 31
de janeiro de 1959
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EVE_09284_mp0009
É a partir da década de 1920 que se assiste ao fenô- Copacabana e todo o charme do bairro, com seu ideal
meno de verticalização iniciado no Centro da cidade de vida elegante, a noite sofisticada, além, é claro, de
e que eclode nos anos 1950 no bairro de Copacabana, sua orla celebrizada no cinema e na música. Nesse ce-
tanto na orla quanto nas ruas internas. O Rio de Ja- nário, e diante da escassez de áreas de construção, os
neiro, catalizador de mão de obra migrante, recebeu novos edifícios formavam um bloco maciço de prédios
mais 1 milhão de novos habitantes nessa década, e no com gabaritos de oito, dez ou doze andares, autoriza-
início da seguinte passou de 3 milhões de morado- dos pela prefeitura carioca desde 1946.
res. Apesar dos bairros da Zona Sul alcançarem cres-
cimento demográfico inferior ao dos subúrbios, tive- Vista da zona sul da cidade. 10 de dezembro de 1958
ram uma expansão significativa na qual se destacava BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_15757_mp0009
O calçamento em pedras portugue-
sas, no estilo lisboeta do século XIX,
foi denominado “mar largo” e, ape-
sar de não ser exclusivo da cidade,
iria assumir uma identidade carioca,
tendo sido aplicado, primeiramen-
te, em Manaus e depois no Rio de
Janeiro do prefeito Pereira Passos.
Uma referência à antiga metrópole,
as ondas foram dispostas em senti-
dos diferentes, alternadamente, em
relação à praia, até a obra definiti-
va de remodelamento da avenida
Atlântica, empreendida por Rober-
to Burle Marx no fim da década de
1960. Além de triplicar o tamanho
da calçada, o paisagista posicionou
as famosas ondas em continuidade
ao movimento do mar.
Presidente Getúlio
Dorneles Vargas
visita o Parque
Proletário da Gávea.
17 de julho de 1943
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Interior de moradias do Parque Proletário da Gávea e do Lar Proletário,
em São Cristóvão. 13 de agosto e 28 de fevereiro e de 1942
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Inauguração do bairro proletário de Irajá, que teve
a presença de Henrique de Toledo Dodsworth Filho,
prefeito do Distrito Federal. 1º de maio de 1944
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Vila dos bancários
é inaugurada no
bairro do Méier,
em comemoração
do aniversário do
presidente Getúlio
Dorneles Vargas.
19 de abril de 1942
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EVE_02699_mp0005
Os governos populistas de Vargas e
Dutra pretenderam, como solução
para a habitação social, produzir, em
larga escala, conjuntos habitacionais
por meio das carteiras prediais dos
Institutos de Aposentadoria e Pen-
sões (IAP), na década de 1930, e com
a instituição, em 1946, da Fundação
da Casa Popular. A produção estatal
de moradias para os trabalhadores re-
presentou o reconhecimento oficial
de que a questão habitacional não
seria equacionada apenas através do
investimento privado, requerendo,
necessariamente, intervenção do po-
der público. De acordo com o arquite-
to Nabil Bonduki, apesar da ausência
de uma política eficiente, a produção
habitacional no período, em termos
de qualidade, não foi irrisória, como
comprovam os conjuntos do Instituto
de Aposentadorias e Pensões dos In-
dustriários, com qualidade arquitetô-
nica, urbanística e social.
A implantação dos conjuntos habitacionais concorreu de maneira cerca de 380 mil moradores na década de 1940. Os institutos de pre-
significativa para a transformação dos subúrbios cariocas, nos anos vidência construíram em torno de vinte mil unidades habitacionais
1940 e 1950. A presença do Estado, que implantava também os equi- nessas áreas durante aquele período, sendo responsáveis por cerca
pamentos de serviços públicos, levou um aspecto de urbanidade aos de vinte por cento da ocupação desses territórios. A oferta dessas
bairros que tinham se originado das freguesias rurais e eram, até residências atendia ao objetivo não só de incrementar a indústria
então, habitados em condições de precariedade extrema. A popula- da construção civil, como de aproximar o governo das massas de
ção das zonas suburbanas do Rio de Janeiro teve um incremento de trabalhadores urbanos visando à sustentação política.
Inauguração, pelo
presidente Eurico
Gaspar Dutra, de
conjunto residencial
no Méier construído
pelo Instituto dos
Marítimos. 29 de
junho de 1948
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PRP_04240_mp0006
Presidente Eurico Gaspar Dutra inaugura
conjunto de casas do Instituto de Aposen-
tadorias e Pensões dos Industriários (IAPI)
na Penha. 29 de outubro de 1949
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A obra de Afonso Eduardo Reidy propu- va-se à proposta de habitação social para para a habitação social. Reidy empregou
nha uma arquitetura com responsabi- a cidade do Rio de Janeiro como forma uma forma serpenteante para o edifício
lidade social. Seus projetos trouxeram de combater os crescentes problemas de residencial, acompanhando o perfil da
uma nova concepção para a arquitetura moradia da então capital federal, onde topografia do morro Dois Irmãos.
popular e tornaram-se ícones do moder- favelas e residências precárias cresciam.
Além dos apartamentos, foram projeta-
nismo brasileiro.
O conjunto residencial Marquês de São dos para ambos os conjuntos residen-
O projeto do conjunto residencial do Pe- Vicente, construído entre 1952 e 1954, ciais equipamentos urbanos como es-
dregulho, elaborado entre 1946 e 1948 seguiu as linhas de uma arquitetura que cola, playground, lavanderia, posto de
para um terreno na Zona Norte, integra- buscava soluções plásticas e estruturais saúde, quadras de esporte.
[1940-1950]
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Edifício Castelo Petrobras (antigo Raldia e Nilomex), situado à rua Nilo Peçanha. Comporta três prédios para
escritórios, articulados com uma torre cilíndrica, com galerias para pedestres e pátios internos. Projeto de
1930, de autoria de Robert Prentice, adquiriu, em 1935, mais três pavimentos, com a mudança de legislação.
18 de junho de 1940. BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_04943_mp0002
O edifício Serrador, pro-
jeto de Stélio Alves de
Sousa, de 1945, foi cons-
truído entre os anos de
1945 e 1949, levando o
nome de seu proprietá-
rio Francisco Serrador,
que também deu nome
ao hotel, na época fa-
moso como o mais alto
da América Latina, com
seu formato arredonda-
do, 23 andares de altura
e um pórtico de entrada
de quinze metros, em
plena Cinelândia.
[1940-1950]
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Projeto de 1927-1929, do
arquiteto francês Joseph
Gire e do arquiteto cario-
ca Elisário Cunha Baiana,
chegou a ser o edifício mais
alto da América Latina, com
22 andares. Construído para
ser a sede do jornal A Noite,
foi um marco nos projetos
arquitetônicos do centro do
Rio de Janeiro, por seguir
o padrão norte-americano
de arranha-céus, divergin-
do do estilo francês até ali
predominante. Com inspi-
ração de art déco, empregou
concreto armado, o mate-
rial que viria ser a alma da
arquitetura moderna brasi-
leira a partir dos anos 1930.
O edifício iria se notabili-
zar por ter abrigado a Rádio
Nacional desde 1936.
Avenida Rio Branco e praça
Mauá. 13 de março de 1960
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Projeto de Luís de Moura,
de 1939, e concluído em
1943, a construção da sede
do Ministério da Fazenda,
na esplanada do Castelo,
não respeitou a propos-
ta original dos arquitetos
vencedores do concurso
público, de matiz moderno.
A construção seguiu uma
técnica moderna, com uso
de concreto armado, obser-
vação das normas preconi-
zadas de higiene e confor-
to, enquanto uma série de
elementos clássicos, como
sua entrada principal, com
as amplas escadas, colu-
nata de mármore, vasos de
granito e outros recursos
remissivos ao estilo greco-
-romano, se alinha à arqui-
tetura típica dos regimes
fascistas na Europa.
Palácio Duque
de Caxias,
praça Duque de
Caxias. 17 de
abril de 1952
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FOT_EVE_10406_
mp0016
Construído entre os anos 1937-1943, com
projeto de Roberto Magno de Carvalho e do
escritório Robert Prentice (Geza Heller e
Adalberto Szilard), substituiu a estrada de
ferro D. Pedro II, demolida nos anos 1930
com o processo de eletrificação das linhas.
Além da torre de inspiração art déco e dos
28 pavimentos, o saguão de embarque se
destaca pela sua amplitude, uma ilumina-
ção que percorre toda a parte superior das
paredes e a abóbada em ferro.
Inauguração da
escola municipal
Anita Garibaldi,
estrada de Maracajá,
1.294, Ilha do
Governador. 19 de
abril de 1954
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PPU_01993_mp0005
Entre os anos de 1949 e 1962, o Escritório Técnico da Universidade do Brasil, coordenado
por Jorge Machado Moreira, foi responsável pelo projeto e construção de alguns edifícios
erguidos, sobretudo, nos anos 1950, da Universidade do Brasil, depois Universidade Federal
do Rio de Janeiro, sobre um aterro sanitário. Os prédios, isolados entre si, ecoavam os prin-
cípios da arquitetura moderna brasileira, da qual Brasília era o exemplo mais eloquente.
Desfile de crianças
durante a visita do
presidente Eurico
Gaspar Dutra a
Rocha Miranda. 18
de agosto de 1946
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FOT_PRP_04034_
mp0005
Presidente Eurico Gaspar Dutra inaugura o Centro de Ação
Social do Morro de São Carlos, com a presença do prefeito
Hildebrando de Araújo Góes e do cardeal-arcebispo do Rio de
Janeiro dom Jaime de Barros Câmara. 14 de dezembro de 1946
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Presidente Getúlio Dorneles Vargas entrega chaves aos sargentos e operários
da Fábrica do Galeão sorteados com a casa própria. 20 de janeiro de 1953
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Os mercados públicos constituem elemento estru-
turante, organizativo e integrador da vida urbana,
consolidando laços sociais ao atrair e acolher dife-
rentes grupos – moradores, visitantes, comercian-
tes, produtores. Responsáveis, assim como as feiras
livres, pela distribuição e comercialização de ali-
mentos junto à população urbana, conferem vitali-
dade ao espaço urbano imediato à sua implantação,
tornando-se lugar de convergência, de encontro,
de troca e de vivência coletiva. O primeiro merca-
do municipal edificado na área urbana do Centro da
cidade do Rio de Janeiro foi o da Candelária, proje-
tado pelo arquiteto Grandjean de Montigny e inau-
gurado em 1841. O aumento da demanda por pro-
dutos e reformas modernizantes da cidade levou à
construção de um novo mercado municipal, o mer-
cado da Praça XV, um prédio com estrutura metá-
lica, construído na Inglaterra e na Bélgica. Voltado,
fundamentalmente, para o comércio de alimentos,
o mercado da praça XV se tornaria o maior entre-
posto do gênero durante boa parte do século pas-
sado, dinamizando a atividade comercial nas ruas
próximas. Nele era vendido todo tipo de mercado-
ria, com destaque para gêneros alimentícios, como
carne, peixe, frutas, verduras.
Manifestação
popular na avenida
Beira-Mar. O
povo do Rio de
Janeiro saiu à rua
em um comício
em protesto aos
traiçoeiros crimes
sofridos pelos
brasileiros em
águas nacionais e
contra o Eixo. 18
de agosto de 1942
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A demolição da Praça Onze,
para abrir espaço à avenida
Presidente Vargas, foi uma
medida radical do ponto
de vista social e cultural. A
Praça Onze era um bairro
formado por fábricas, ca-
sas de cômodos, cortiços e
barracos, onde viviam imi-
grantes, em grande parte
judeus, negros e uma mas-
sa da população pobre des-
locada de outros pontos do
Centro da cidade por inter-
venções anteriores. Centro
da música e ritmo da cul-
tura de matriz africana, foi
nesse local que acontece-
ram os primeiros desfiles de
escolas de samba.
Presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira
comparece à missa
campal mandada
rezar em favor da
Fundação Pioneiras
Sociais, iniciativa da
primeira-dama Sarah
Kubitschek, voltada
para o controle dos
cânceres femininos
e a promoção da
saúde e estratégias
de prevenção.
Quinta da Boa Vista.
17 de março de 1957
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Os ideais modernistas trouxe- ca, dando acesso a diferentes
ram novidades para as com- pessoas e grupos que partilham
posições dos espaços públicos espaços comuns, promovendo
acompanhadas de outras con- assim o diálogo e a criação ou
cepções estéticas, higienistas reconhecimento de pontos de
e comportamentais. As praças interesse coletivo.
públicas passaram a se apresen-
tar como espaços verdes, ajardi- Em 1938, foi criado o Jardim
nados, que contribuíam para a de Alá, margeando o canal que
criação de outros cenários para liga a lagoa Rodrigo de Freitas
a cidade, permitindo também ao mar. O projeto, de José da
o passeio livre e a contempla- Silva Azevedo Neto, incluía es-
ção da paisagem. Reconhecidas tações de embarque e desem-
com a função de integração e barque no canal, visando pro-
sociabilidade, as praças foram porcionar passeios de gôndola
se constituindo como equipa- pela lagoa. 5 de abril de 1943
mento central na construção do BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE
espaço urbano e da vida públi- 15747_mp0005
Obras do aterro do Flamengo. 28 de janeiro de 1960. BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_09288_
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Créditos
ARQUIVO NACIONAL Ficha catalográfica elaborada por Elisangela Guimarães de Oliveira (CRB 7/5563)