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O Rio e a República a cidade nas imagens da Agência Nacional

Vista do Pão de Açúcar e da enseada da Urca. 5 de abril de 1943. BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_15747_mp0004


Sumário

Arquitetura das imagens: o Rio de Janeiro pelas lentes


da Agência Nacional | Claudia Beatriz Heynemann e Maria
Elizabeth Brêa Monteiro

Fotografia pública e a Agência Nacional | Ana Maria Mauad

Arquitetura das transformações

Arquitetura da moradia

Arquitetura do trabalho e do poder

Arquitetura da participação

Bibliografia

Créditos

Presidente Vargas no alto do Corcovado. 4 de agosto de 1945. BR_RJANRIO_EH_0_FOT_PRP_01781_mp0006


Arquitetura das imagens: o Rio de Janeiro
pelas lentes da Agência Nacional Claudia Beatriz Heynemann
Doutora em história, pesquisadora no Arquivo Nacional

Maria Elizabeth Brêa Monteiro


Mestre em história, pesquisadora no Arquivo Nacional

As cidades desenvolvem
suntuosamente uma linguagem
mediante duas redes diferentes e
superpostas: a física, que o viajante
comum percorre até perder-se na sua
multiplicidade e fragmentação, e a
simbólica, que a ordena e interpreta,
ainda que somente para aqueles
espíritos afins, capazes de ler como
significações o que não são nada
mais que significantes sensíveis para
os demais, e, graças a essa leitura,
reconstruir a ordem.

Ángel Rama, A cidade das letras

Conjunto residencial do Pedregulho. 12 de maio de 1952. BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_02374_mp0005


A capital dos anos 1930, uma das mais foto- formas do concreto. Os registros, coinciden- possuía um serviço telegráfico de notícias
grafadas do mundo desde o século XIX, exi- tes com o tempo de sua construção, propa- de interesse nacional, um serviço de arti-
bia naquelas décadas intervenções impac- ganda de obras públicas e de características gos assinados por autores nacionais e um
tantes no tecido urbano, a começar pelas privilegiadas da capital, ou, por vezes, um serviço de clichês e fotografias para distri-
reformas empreendidas pelo prefeito Perei- comentário posterior, são documentos tam- buir à imprensa brasileira e estrangeira. O
ra Passos, entre 1903 e 1906, que resultaram bém de uma história da fotografia no Brasil DIP promovia exposições, mostras de arte,
na conhecida abertura da avenida Central contemporâneo. concertos, conferências e palestras (para a
e, na década posterior, a derrubada efetiva A prática da fotografia no início do século elite erudita), patrocinava festas popula-
do morro do Castelo. Ostentava, ainda, o XX era numerosa em estabelecimentos co- res, festejos cívicos, excursões turísticas a
seu renitente passado colonial e as marcas merciais, bem mais reduzida na imprensa e sítios históricos e pitorescos (para a massa
daquela cidade imperial de poucos monu- escassa entre os representantes da burgue- popular); produzia filmes, livros, cartazes,
mentos públicos, a emergência da orla, os sia e camadas médias em ascensão, sendo folhetos, programas de rádio. Foi assim que
circuitos elegantes do centro e, simultane- exercida em foto-clubes amadores a exem- uma nova imagem do país começou a ser
amente, as políticas de remoção das mora- plo dos europeus e norte-americanos, co- delineada, e a fotografia foi parte ativa des-
dias pobres do Centro e da Zona Sul. menta Maria Beatriz Coelho (2006). Os anos ta construção (Coelho, 2006, p. 83).”

A história visual da cidade foi construída 1930 são um marco no crescente número Herdeira dos registros do Departamento de
ainda pelas lentes da agência oficial do go- de fotógrafos profissionais, com as contra- Imprensa e Propaganda e do Departamento
verno, em reportagens sobre o Rio de Janeiro tações do governo Vargas para os novos ór- de Propaganda e Difusão Cultural da déca-
nas quais, importa destacar, as novas confi- gãos da administração e a leva de imigrantes da de 1930, a Agência Nacional (1935-1982)
gurações urbanas e a arquitetura contem- que chegam ao país, expulsos pela chegada reúne, segundo a base de dados Sian, do Ar-
porânea são o objeto do fotógrafo, mesmo ao poder do nazifascismo e que predomina- quivo Nacional, 5.530 fotografias, além de
que incluam eventos políticos, também in- riam nesse campo naqueles anos. Além de filmes, gravações, documentos textuais. O
dissociáveis do espaço público. Mais do que órgãos como o Serviço de Proteção ao Índio fundo Agência Nacional foi nominado Me-
aspectos “desconhecidos”, esses registros e o Serviço do Patrimônio Histórico e Artís- mória do Mundo Brasil em 2010, em candi-
apresentam perspectivas que privilegiam a tico Nacional, a autora menciona o Depar- datura apresentada juntamente com a Fun-
arquitetura e as configurações urbanísticas, tamento de Imprensa e Propaganda (DIP): dação Cinemateca Brasileira.
como solução ou conflito. Ainda que se en- “Foi na produção de bens culturais e na pro- Por sua história, importância, dimensões e
contrem tomadas da paisagem natural em moção da cultura nacional que a fotografia composição do acervo, a Agência Nacional
si mesma, pode-se dizer que, predominan- foi mais utilizada [...]. A instituição envia- se impõe, assim, em sua organicidade ar-
temente, estas se associam à massa de edi- va os textos e imagens para serem reprodu- quivística e formal, apresentando um pa-
fícios, às construções, fachadas, às linhas e zidas pela imprensa nacional. Além disso, drão fotográfico, uma determinada apreen-
são do espaço urbano, sobretudo do Rio de fazendo também a inclinação burguesa por a sofisticação dos equipamentos, a exemplo
Janeiro. A produção fotográfica da agência, um mundo que ultrapassava as fronteiras de fotografias de Alfred Stieglitz da cidade
desde os seus primórdios, convive com uma do cotidiano enquanto crescia o movimento de Nova York, de 1935, em paralelo com fa-
diversidade política – as lentes oficiais es- das viagens. A fotografia cumpriria a função chadas de edifícios do centro do Rio de Ja-
tiveram atreladas a diferentes tendências e de documentar as construções, revelando neiro. Ou de Berenice Abbott, de 1936, “trem
regimes na história republicana – e social, muitos aspectos de difícil captura e memo- elevado, linhas da Segunda e Terceira Ave-
percorrendo bairros e regiões da cidade, e rização, uma operação realizada a partir das nidas”, que nos remete às plataformas do
demonstrando a qualidade técnica e artísti- representações gráficas preexistentes, tran- edifício da Central do Brasil, de 1942, con-
ca dos fotógrafos, principalmente nas déca- sitando entre registro e arte, ao passo que quanto não se possa deixar de notar uma
das de 1930 a 1970. as escolhas de fotógrafos e seus empregado- luz característica, solar, a imposição da pai-
res, diz James S. Ackerman, de determina- sagem natural em muitas sequências. Uma
Com amplas vistas, valendo-se com fre-
das construções em detrimento de outras, história da fotografia escrita também no
quência de reportagens realizadas do alto,
e do modo como essas edificações seriam Brasil, com os corpos dos trabalhadores das
em uma série construída ao longo dos tra-
mostradas, poderiam nos conduzir aos te- construções, o discurso social que atravessa
jetos, a cobertura da cidade também pousa
mas do nacionalismo, imperialismo e colo- a ideia de progresso, das grandes obras, dos
nas calçadas, se aproxima da população nas
nialismo (Ackerman, 2002). A relação entre planos de desenvolvimento, nos anos 1950
ruas do Rio, menos ao acaso, dando prefe-
arquitetura e fotografia aprofunda-se ainda ou na década de 1980, da Perimetral à aber-
rência aos comícios, festas, inaugurações,
mais nas primeiras décadas do século XX, tura do túnel Acústico da Gávea.
quase sempre emolduradas pela linha es-
maecida dos morros, prédios históricos do sendo inegável uma verdadeira “simbiose Emerge, portanto, desta publicação uma
centro, imponentes obras de engenharia, entre arquitetos e fotógrafos modernos”, relação estreita e de longa data: arquitetu-
como a avenida presidente Vargas. Explo- como escreve Anat Falbel (2007, p. 7), para ra e fotografia. Arquitetos e fotógrafos são
rando o contraste entre os grandes aciden- quem a fotografia torna-se, afinal, um “pa- protagonistas de dois momentos criativos, a
tes naturais e a célere ocupação das áreas radigma da representação da modernidade concepção e execução da obra arquitetônica
mais tradicionais da cidade, os fotógrafos arquitetônica”. e a concepção e execução da obra fotográfi-
da Agência Nacional, além de estarem im- A decisão do fotógrafo e seu comprometi- ca. Duas possibilidades concretas de cons-
buídos da missão inerente ao órgão, dialo- mento com as organizações a que serve, trução de sistemas simbólicos através dos
garam com a tradição de registro de obras adquire outros matizes se considerado seu quais, constantemente, nos comunicamos e
arquitetônicas, que está na gênese da foto- vínculo com o Estado e a indispensável lei- criamos “realidades”.
grafia. Logo em seus primórdios, dados os tura de inspirações mais ou menos eviden- As imagens reunidas procuram refletir a
longos períodos de exposição necessários, tes, como nas imagens em que sobressaem ideia da cidade como documento de um
os temas da arquitetura e da paisagem mos- o senso de limites e de simetria, o investi- dado processo social e histórico, em para-
traram-se adequados à nova técnica, satis- mento nas luzes e sombras, aprimorado com lelo a uma cidade que procura representar
a nação e emana seus valores de unidade da imagem é, assim, resultado das possibili- da mão de obra, aliada a um discurso de va-
e identidade; registro das transformações, dades de ver e compreender que pertencem lorização do trabalhador por parte Estado,
dos impasses e soluções possíveis, traduzi- à época na qual o sujeito que a realiza está foi captada nos registros da presença, física
dos pelos bens edificados representativos da inserido. Em paralelo, as fotografias podem ou simbólica, de presidentes e outras auto-
história da cidade, da arquitetura, da habi- também produzir sentidos que não se esgo- ridades de governo em eventos de inaugura-
tação, do urbanismo, das relações de poder tam na descrição dos fatos, na veiculação de ção de conjuntos habitacionais, imprimindo
ou, simplesmente, dos processos históricos. conteúdos. um perfil personalista a essas cerimônias de
Os registros, do final de década de 1930 até Nessa perspectiva, esse conjunto de ima- exaltação do poder público, característico
os anos 1970, percorrem governos de dife- gens testemunha um período de dinamismo de governos populistas. Esses aspectos po-
rentes colorações – populista, democráti- demográfico e econômico, caracterizado dem também ser identificados nas imagens
ca, autoritária –, refletidos em concepções por uma mudança no perfil de natureza ru- que registram as festividades comemorati-
e soluções diversas para as questões urba- ral para uma população urbana, e decorren- vas das datas cívicas, com forte apelo nacio-
nísticas, sociais, econômicas que uma cida- te de um forte processo de migração para as nalista, na intenção de promover o contato
de como o Rio de Janeiro exige. Percebe-se cidades e de um incremento no processo de de líderes políticos com as massas, a exem-
também, ao longo desse período, que a fo- industrialização iniciado no início do sécu- plo do Dia da Raça, da Parada da Juventude
tografia é resultado não só da ação de um lo, a exemplo das primeiras fábricas de teci- ou dos desfiles de Sete de Setembro.
autor, de um sujeito individual, mas de um dos e produtos farmacêuticos que se insta- Observa-se que diferentes influências e es-
contexto que dirige o fotógrafo para dife- laram na Gávea e que demandaram, além de tilos de alguma maneira induziram a ma-
rentes ângulos e percepções, gerando uma largos terrenos, mão de obra próxima aco- neira de viver a cidade, já que o espaço é um
estilística fotográfica. “A posição escolhida modada em vilas operárias. produto social. Transformações espaciais
pelo fotógrafo à câmera, em relação ao refe- A moradia tornou-se uma questão funda- significam também mudanças nas relações
rente, é decisiva na composição final; esta mental nos planos e realizações políticas, e práticas sociais. As ideias modernistas na
escolha determina a disposição das massas, do Estado Novo aos demais governos que se produção arquitetônica brasileira, repre-
a organização espacial dos elementos, a po- sucederam, atribuindo-se à esfera federal sentadas pelas obras de Lúcio Costa, Afonso
sição da luz e das sombras presentes” (Gon- prerrogativa e competência para o desen- Reidy, Oscar Niemeyer, difundiram a oti-
çalves, 2009, p. 235). volvimento de ações nessa área por meio mização dos métodos construtivos e novas
Como menciona Ana Maria Mauad, “as ima- de organismos como a Fundação da Casa tecnologias foram incorporadas aos proces-
gens são históricas e dependem das variá- Popular, os Institutos de Aposentadorias e sos visando, principalmente, a construção
veis técnicas e estéticas do contexto que as Pensões (IAP), o Sistema Financeiro de Ha- de moradias em larga escala.
produziram e das diferentes visões de mun- bitação (SFH) e o Banco Nacional da Habi- Essas fotografias são, igualmente, evidên-
do que concorrem no jogo das relações so- tação (BNH). Essa ligação entre a moradia cias não só das transformações arquitetô-
ciais” (Mauad, 2005, p. 143). A construção e a garantia de preservação e crescimento nicas e urbanísticas erguidas na esteira do
aumento da densidade populacional, em por meio das imagens captadas pelos fotó-
bairros como Copacabana, Ipanema e Bota- grafos da Agência Nacional, desvelar a cidade
fogo, acarretando a construção de inúmeros do Rio de Janeiro como identidade, conheci-
edifícios ou a abertura da avenida Presi- mento e história. Não esquecendo, todavia,
dente Vargas e suprimindo ruas e prédios. de Boris Kossoy, quando afirma que a foto-
Constituem também testemunho de mu- grafia é “apenas o ponto de partida, a pista
danças na esfera política, de um Rio de Ja- para tentarmos desvendar o passado. Elas
neiro distrito federal, de sede do estado da nos mostram um fragmento selecionado da
Guanabara que desaparece após um proces- aparência das coisas, das pessoas, dos fatos,
so de fusão com outro Rio do lado oposto tal como foram (estética/ideologicamente)
da baía, de capital de um estado que guarda congelados num dado momento de sua exis-
ainda símbolos e marcas de um tempo, to- tência/ocorrência” (Kossoy, 2002, p. 21).
mando o conceito de Giulio Carlo Argan, de Assim, convidamos o leitor a depositar um
cidade capital, “uma construção moderna e, olhar lento na observação das fotografias
de alguma maneira, uma alegoria do poder” que compõem este livro, uma atenção com
(Neves, 1992, p. 58). o objetivo de descobrir outros significados
Em uma alusão a Andreas Huyssen (2000), que não os mais imediatamente identifi-
para quem a cidade poderia ser percebida cados, construindo, quem sabe, uma outra
como um texto, um conglomerado de signos, narrativa para esse Rio de Janeiro retratado
a ser lido, escrito e reescrito, procuramos, pelas lentes da Agência Nacional.

Ministério da Educação e Cultura. 23 de maio de 1941. BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_10403_016


Avenida Presidente Vargas. 20 de março de 1963. BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_15762_mp0003
Fotografia pública e a Agência Nacional Ana Maria Mauad
Doutora em história social, professora titular do Instituto
de História da Universidade Federal Fluminense

A prática fotográfica no século XX orientou- porque se associa às funções de represen- visualizar as cidades em transformação, e a
-se segundo uma nova experiência social de tação de diferentes formas de poder na cena ver e ser visto por meio dos retratos, assim
ver e ser visto. O regime visual vigente, des- pública; são, ainda, suportes da memória como a registrar e guardar um pedaço desse
de fins do século XIX, democratizou o retrato pública sancionada pelas diferentes cultu- espaço comum – quer por meio de cartões-
e pluralizou as formas de representação do ras políticas. Entretanto, é nas formas de -postais, de vistas urbanas publicadas em
sujeito nos espaços públicos e privados. Dos agenciamento da fotografia pública que se pôsteres ou nos semanários ilustrados.
recônditos da intimidade às praças públicas, deflagra o seu potencial de mobilizar as
A fotografia pública, portanto, provém do
a fotografia enquadrou memórias, registrou memórias concorrentes e de acionar repre-
espaço comum, do common space, no qual as
acontecimentos, capturou imagens de signi- sentações históricas sobre acontecimentos
manifestações comunitárias, populares, co-
ficativa beleza, flagrou personalidades, en- e eventos passados. É na qualidade de me-
letivas se revelam. É a imagem que dá rosto
campou as lutas sociais, dimensionando a mória-arquivo e memória-patrimônio que a
à multidão e que distingue o sujeito comum;
história contemporânea em seus múltiplos fotografia pública revela a memória públi-
mas é também a imagem do controle social
sentidos. Não se busca mais apenas a his- ca como espaço de disputa e abre caminho
tória por detrás das imagens, mas a histó- para a operação histórica analisá-la como e da vigilância.
ria das imagens e dos sujeitos que, atentos experiência social passada (Ricouer, 2004). A produção de imagens fotográficas as-
às transformações do mundo, produziram Associada à noção de documento, a fotogra- sociadas ao registro do mundo social, por
essas mesmas imagens. A forma como elas fia pública fornece visibilidade à experiên- agentes históricos – os fotógrafos e fotógra-
foram elaboradas e o envolvimento dessa cia social de sujeitos históricos – por detrás fas – de forma independente ou associada a
prática fotográfica com os acontecimentos e diante da câmera, destaca-se tanto como algum vínculo institucional, compõe os te-
e vivências que registrava definem um lugar fonte quanto como objeto de estudo da his- mas e repertórios visuais da fotografia pú-
social para o fotógrafo ou fotógrafa que as tória visual do poder e das culturas políti- blica. Em ambos os casos, a forma de envol-
produziu e, ao mesmo tempo, apontam para cas. É a imagem das instituições estatais e vimento com a causa fotografada orientará
o pertencimento destes ao seu grupo ou sua da ação do Estado, mas também da produção escolhas e, portanto, delineará a forma que
geração (Sirinelli, 1996). dos estúdios fotográficos, que, ao longo do a imagem vai assumir. Assim, o engajamen-
A fotografia se torna pública, porque pu- século XX, serviram a um público variado. to político a uma causa, princípio ou as re-
blicada, sem dúvida, mas, acima de tudo, O consumidor de fotografias se habituou a gras institucionais definem a dimensão au-
toral da fotografia pública. Nos diferentes e dotada de certa ubiquidade, devido à sua competência distribuir à imprensa o noticiá-
casos, quer seja atuando no fotojornalismo, presença em diferentes arquivos de órgãos rio e o serviço fotográfico de eventos ligados
comissionado por uma agência de Estado, variados do governo, nas instâncias federais, ao governo, voltando-se para a difusão das
ou, ainda, atuando nos mundos da arte, fo- estaduais e municipais. As grandes coleções ações governamentais por meio dos recursos
tógrafos e fotógrafas acabaram por delimi- fotográficas depositadas em arquivos das da imprensa moderna. Destaca-se na ativi-
tar em suas imagens a formação de um es- instituições públicas dão prova disso. dade fotográfica da Agência Nacional a afir-
paço público. Pública, não somente por ser A Agência Nacional foi criada em 1945, mo- mação de uma fotografia pública de governo,
a fotografia publicada, mas aquela que se mento em que se afirmava a tendência de que emulava a linguagem do fotojornalismo
refere ao espaço público como tema e que produzir e disseminar informações sintoni- então consolidado na imprensa semanal,
tem nele o seu lugar de referência política. zadas às agências de notícias das democra- que tinha nas revistas ilustradas a expressão
No Brasil, o circuito social da fotografia pú- cias liberais, vencedoras da Segunda Guerra mais completa dos enredos da vida moderna
blica, desde final do século XIX e ao longo Mundial. As agências fotográficas, a par dos nas grande cidades do país e do mundo.
do século XX, foi caracterizado pela forte serviços fotográficos das agências de notí- No espaço da grande imprensa, a fotogra-
presença do Estado e da grande imprensa. cias, foram crescendo em importância após a fia assumiu a sua feição pública, remetendo
Somente no final dos anos 1970, percebem- guerra. As agências organizaram a cobertura à formação de um espaço público visual e
-se circuitos sociais mais autônomos em de guerra coordenando o envio de fotojor- à elaboração dos sentidos compartilhados
relação a esses dois atores, dentre estes, o nalistas para todas as frentes de batalha. Já pela cultura da mídia, que já se configura-
movimento das agências independentes. No neste conflito, contaram com a telefoto, que va nas décadas iniciais do século XX, com
século XIX, o imperador d. Pedro II, ele pró- permitia a rapidez de transmissão, embora a publicação das primeiras fotografias nos
prio um fotógrafo aficionado, foi responsável também levasse à repetição de imagens en- semanários ilustrados. Esses veículos, pelo
pela introdução e disseminação da prática tre os jornais e revistas clientes. Em linhas uso extensivo da fotografia, foram funda-
fotográfica na corte. Incentivava os fotógra- gerais, afirma Jorge Pedro de Sousa: “Os mentais para a configuração da ideia de
fos, por meio da concessão de comendas e fotojornalistas na 2ª Guerra Mundial – tal acontecimento moderno – visual, instantâ-
recursos financeiros, a registrarem as rique- como na Guerra Civil de Espanha –, integra- neo e replicável. A cobertura fotográfica de
zas e belezas do Império, e a representarem dos ou não em organismos governamentais, eventos, como, por exemplo, a pandemia de
o Brasil nas exposições universais (Turazzi, alinharam por um lado e contribuíram para gripe em 1918, nos principais semanários
1995). Pelas lentes desses mesmos fotógrafos o triunfo ideológico dos Aliados nesta Guer- da capital, Fon-Fon, Revista da Semana, Ca-
a imagem do imperador foi difundida dentro ra, afirmando a liberdade e a democracia po- reta e O Malho, foi responsável pelo encap-
e fora do Brasil, garantindo ao poder público lítica e também a instauração de uma nova sulamento do fato em notícia, criando uma
uma face moderna e civilizada. Ao longo do ordem internacional” (Sousa, 2000, p. 122). narrativa visual sobre o acontecimento. Em
século XX, a presença do registro fotográfi- Subordinada ao Ministério da Justiça e Negó- suas reportagens ilustradas, identificavam
co se diversifica, mas se mantém constante cios Interiores, a Agência Nacional tinha por os personagens – médicos, enfermeiras, po-
líticos, doentes, a população; os lugares – o vou desde a reforma gráfica do Jornal do Bra- se torna pública para cumprir uma função
centro da cidade, os bairros nobres e os su- sil, nos anos 1950, e, posteriormente, com a política. Por um lado, garante a transmissão
búrbios; e os tempos da narrativa pandêmi- criação do prêmio Esso para fotojornalismo, de uma mensagem para dar visibilidade às
ca, com início, meio e fim (Mauad, 2020). em 1962, foi a gradual tomada de consciên- estratégias de poder, ou, ainda, às disputas
Ao longo do século XX, a fotografia serviria cia do papel da imagem fotográfica na elabo- de poder; por outro, contemporaneamente,
de documento dos acontecimentos e de ates- ração do sentido da notícia. Essa consciência assume papéis estratégicos na afirmação
tado de presença da imprensa na construção foi incentivada pela ação de editores de foto- de pautas identitárias, no registro da ação
da história. As fotorreportagens, estilo in- grafia provenientes do fotojornalismo, como
social e nas lutas pelos direitos humanos.
troduzido pela revista O Cruzeiro, em 1928, foi o caso de Erno Schneider, no jornal Cor-
As fotografias são, portanto, o suporte de
que se destacava pelas imagens em grande reio da Manhã, e serviu de base à elaboração
agenciamento de uma memória pública que
formato, apoiadas em texto escrito por um de uma nova experiência fotográfica, que ali-
registra, retém e projeta no tempo histórico
repórter, atribuíram à fotografia uma função mentaria a luta pela direito do fotojornalista
uma versão dos acontecimentos. Essa ver-
narrativa dos acontecimentos e prescritiva à imagem. A partir de então, nas redações dos
são é construída por uma narrativa visual
da opinião a se ter sobre os fatos. Nesse caso, grandes jornais se desenvolveria uma nova
forma de incorporar a prática fotográfica e e verbal, ou seja, intertextual, mas também
a fotografia se torna pública pois tanto agen-
de considerar o fotógrafo de imprensa não pluritemporal: o tempo do acontecimento,
cia os sentidos que podem ser atribuídos aos
acontecimentos vividos no espaço público, somente como um apoio do jornalista, mas o tempo da sua transcrição pelo modo nar-
como veicula imagens de fatos que foram dotado de alguma autonomia na cobertura rativo; o tempo da sua recepção no marco
avaliados pelos editores da revista como de de acontecimentos políticos. Essa geração histórico da sua publicação, dimensionado
interesse do grande público. de fotógrafos iria fomentar uma nova práti- pelas formas de sua exibição – na impren-
ca fotográfica nas redações. Foram eles, em sa, em museus, livros, projetos. A fotogra-
Essa perspectiva predominou nas publica-
ções semanais ilustradas até final dos anos grande medida, que abriram caminho para a fia pública produz um espaço público visual
1950, quando a fotografia passou a circular renovação dessa experiência no espaço pú- nas sociedades contemporâneas, em com-
de forma regular nos jornais diários, dentre blico (Mauad; Louzada; Gomes, 2021). passo com as visões de mundo às quais se
os mais importantes: Jornal do Brasil e Cor- Em vista de uma experiência que se atua- associa e em sintonia com a historicidade
reio da Manhã. Entretanto, o que se obser- liza no tempo, afirma-se que a fotografia de cada época.
Arquitetura das transformações

A cidade, que seguiu, desde o início, o traçado sinuoso e acidentado


de sua geografia, conheceu, no século XX, suas maiores intervenções
urbanísticas: aterros, demolições, abertura de grandes avenidas, a
cidade na vertical, a opção pelo automóvel.
Cartão-postal, eterno suvenir. Desde o atraindo viajantes e fotógrafos. A inau- nho e o panorama na memória visual
século XIX, a fruição da floresta, os pas- guração da estátua art déco do Cristo do Rio de Janeiro. Reportagem sobre o
seios, piqueniques e a possibilidade de Redentor no Corcovado, em outubro de Cristo Redentor. 5 de abril de 1943.
admirar a cidade em ângulo aberto fo- 1931, e sua circulação em incontáveis BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_
ram descobertos como roteiros de lazer, fotografias e filmes consolidam o cami- 15747_mp0027
Plataformas da estação Central do Brasil. 23 de março de 1942
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Com a eletrificação do siste-
ma de trens suburbanos ini-
ciada no final dos anos 1930,
o avanço dos trilhos da Cen-
tral do Brasil representava um
modelo de transporte de mas-
sa moderno e eficiente em ex-
pansão. 23 de março de 1942
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mp0004
Embora previsto desde 1928 no Plano Agache, foi somente em 1948 que
se iniciou a perfuração do túnel que liga os bairros de Laranjeiras, na
Zona Sul, ao Catumbi, situado na interseção entre a Zona Portuária e a
Zona Norte. Ainda se passariam quase vinte anos até a inauguração no
governo de Carlos Lacerda (1960-1965), passando ainda pela sua retoma-
da na gestão Negrão de Lima, prefeito indicado por Juscelino Kubitschek.

Presidente Eurico
Gaspar Dutra visita
as obras do túnel do
Catumbi. 30 de outubro
de 1950
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PRP_04531_mp0003
Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira visita as
obras do túnel Santa Bárbara. 16 de junho de 1956
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Parte importante do plano de obras da Superinten- um projeto modificado. Em terrenos que se torna-
dência de Urbanização e Saneamento, o desmonte ram supervalorizados surgiram novas edificações,
do morro de Santo Antônio viria alterar radicalmen- enquanto do arrasamento do morro vinha a maté-
te o Centro da cidade. A obra começou no início dos ria-prima para o enorme aterro por onde passariam
anos 1950 e se acelerou em meados da década com as pistas de conexão entre o Centro e Copacabana.

Demolição do morro
de Santo Antônio. 4
de novembro de 1954
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EVE_09276_mp0008
Vista parcial do
Centro com o morro
de Santo Antônio.
10 de dezembro
de 1958
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EVE_15757_mp0001
A avenida Perimetral come-
çou a ser construída na admi-
nistração do prefeito Negrão
de Lima (1956-58), embora os
primeiros esboços sejam dos
anos 1940 e sua conclusão te-
nha se dado em 1978. O pri-
meiro trecho, conectando as
avenidas General Justo e Pre-
sidente Vargas no Centro, foi
finalizado pelo último prefeito
do Distrito Federal, Sá Freire
Alvim, em 1960. Correspondia
a uma concepção urbana que
privilegiava o transporte au-
tomobilístico, e foi visto como
uma solução para o trânsito
cada vez mais intenso. A obra
fez ruir parte da memória do
Centro, como o Mercado Mu-
nicipal, que se distingue na
imagem. O elevado foi demo-
lido entre 2013 e 2015.

Obras da Superintendência
de Urbanização e Saneamento
na praça XV de Novembro.
31 de janeiro de 1959
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mp0005
Obras da
Superintendência
de Urbanização e
Saneamento na praça
XV de Novembro. 31
de janeiro de 1959
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_09284_mp0009
É a partir da década de 1920 que se assiste ao fenô- Copacabana e todo o charme do bairro, com seu ideal
meno de verticalização iniciado no Centro da cidade de vida elegante, a noite sofisticada, além, é claro, de
e que eclode nos anos 1950 no bairro de Copacabana, sua orla celebrizada no cinema e na música. Nesse ce-
tanto na orla quanto nas ruas internas. O Rio de Ja- nário, e diante da escassez de áreas de construção, os
neiro, catalizador de mão de obra migrante, recebeu novos edifícios formavam um bloco maciço de prédios
mais 1 milhão de novos habitantes nessa década, e no com gabaritos de oito, dez ou doze andares, autoriza-
início da seguinte passou de 3 milhões de morado- dos pela prefeitura carioca desde 1946.
res. Apesar dos bairros da Zona Sul alcançarem cres-
cimento demográfico inferior ao dos subúrbios, tive- Vista da zona sul da cidade. 10 de dezembro de 1958
ram uma expansão significativa na qual se destacava BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_15757_mp0009
O calçamento em pedras portugue-
sas, no estilo lisboeta do século XIX,
foi denominado “mar largo” e, ape-
sar de não ser exclusivo da cidade,
iria assumir uma identidade carioca,
tendo sido aplicado, primeiramen-
te, em Manaus e depois no Rio de
Janeiro do prefeito Pereira Passos.
Uma referência à antiga metrópole,
as ondas foram dispostas em senti-
dos diferentes, alternadamente, em
relação à praia, até a obra definiti-
va de remodelamento da avenida
Atlântica, empreendida por Rober-
to Burle Marx no fim da década de
1960. Além de triplicar o tamanho
da calçada, o paisagista posicionou
as famosas ondas em continuidade
ao movimento do mar.

Calçada da praia de Copacabana.


[1940-1950]
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Prestigiado pelo presidente
Juscelino Kubitschek, o plano de
obras anunciado em 1957 incluía
a Zona Sul e previa, para sanar
“as mais prementes necessidades
urbanísticas da cidade”, a abertura
de túneis, entre eles o que ligava
os trechos Barata Ribeiro-Raul
Pompeia, concluído em 1960,
e Tonelero-Pompeu Loureiro,
inaugurado em 1962.

Ampliação da praia e da avenida


Atlântica, na reportagem sobre
obras da Superintendência de
Urbanização e Saneamento, túnel
Barata Ribeiro-Raul Pompeia.
28 de janeiro de 1960
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Obras da
Superintendência
de Urbanização e
Saneamento, túnel
Barata Ribeiro-Raul
Pompeia. 28 de
janeiro de 1960
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_09288_mp0012
Vista aérea do centro
da cidade na chegada
do presidente dos
Estados Unidos,
Dwight Eisenhower,
recepcionado por
Juscelino Kubitschek.
O Rio de Janeiro vivia
seus últimos meses
como capital e a área
do aterro era um
canteiro de obras. 24
de fevereiro de 1960
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
PRP_07052_mp0027
Construído entre os anos 1961-1965, o Trabalho para a Urbanização do Ater- inaugural, funcionando em outras ins-
parque do Flamengo constituiu-se com rado Glória-Flamengo. O projeto pai- talações enquanto a construção do
o produto do arrasamento dos morros sagístico é de autoria do artista plásti- Bloco Escola, entre 1954 e 1958, não
do Castelo (anos 1920) e de Santo An- co e paisagista Roberto Burle Marx, da se concluía. O MAM, a primeira cons-
tônio (década de 1950). Situado entre o equipe de Reidy, ambos representantes trução da área, com projeto de Afonso
aeroporto Santos Dumont e o morro da da chamada escola carioca de arquitetu- Eduardo Reidy e colaboração de Car-
Viúva, próximo aos bairros da Glória e ra. Em 1965, o parque do Flamengo foi mem Portinho e Emílio Baumgart, vol-
do Flamengo, tem uma área de 120 hec- tombado pelo Instituto do Patrimônio tou-se ao experimentalismo e abrigou
tares e é o maior parque à beira-mar do Histórico e Artístico Nacional e, em movimentos artísticos de vanguarda,
mundo. O projeto urbanístico e arqui- julho de 2012, recebeu o título de Pa- incluindo-se a fundação da Cinemate-
tetônico foi elaborado por uma equipe trimônio Cultural da Humanidade da ca, em 1955. Em 1967, foi inaugurado
coordenada por Afonso Eduardo Reidy, Unesco, na categoria Paisagem Urbana. o Bloco de Exposições. O museu sofreu
do escritório Arquitetos Associados, um incêndio de grandes proporções em
enquanto sua construção foi liderada O Museu de Arte Moderna (MAM) nas- 1978, perdendo noventa por cento de
por Lota de Macedo Soares, do Grupo de ceu em 1948 com a assinatura da ata seu acervo, e foi reaberto em 1982.
Museu de Arte Moderna.
15 de março de 1973
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_15767_mp0021
Vista da Gamboa, Zona Portuá-
ria do Rio de Janeiro, na qual se
destacam a igreja de Nossa Se-
nhora do Livramento e o Moinho
Fluminense, erguido em 1927.
O porto foi construído no iní-
cio do século XX, seus armazéns
datam de 1911. Outras edifica-
ções na área dão conta da ar-
quitetura dos anos 1940, de que
são exemplos as sedes da Polícia
Federal e da Alfândega, além de
exemplares da arquitetura mo-
derna, como a vila operária da
Gamboa, obra de Lúcio Costa e
Gregori Warchavchik, de 1931.
A descoberta do cemitério dos
Pretos Novos é um marco na
memória da escravidão: o cais
do Valongo foi o porto que mais
recebeu africanos escravizados
nas Américas e foi inscrito na
Lista do Patrimônio Mundial da
Unesco, em 2017. A fotografia da
Agência Nacional é um retrato
involuntário do longo período
de esquecimento do bairro.

Vistas aéreas da cidade


do Rio de Janeiro.
31 de janeiro de 1969
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mp0001
A Barra da Tijuca foi uma das preocupações da ad- comuns às cidades tradicionais é atrelada à valori-
ministração do prefeito Negrão de Lima, responsá- zação do automóvel e atendia à pressão, sobretudo,
vel pela encomenda ao arquiteto Lúcio Costa de um dos moradores da Zona Sul, um dos eixos do projeto,
plano para a ocupação da área, que logo seria ligada enquanto o outro sinalizava para os subúrbios. Parte
à Zona Sul pelo sistema que integra o elevado do Joá do anel rodoviário do Rio de Janeiro, a autoestra-
(1970) e a autoestrada Lagoa-Barra. O plano entregue da Lagoa-Barra foi construída nos anos 1970, sendo
pelo urbanista em 1969 guarda muitas semelhanças inaugurada, oficialmente, com a conclusão do atual
com o plano-piloto de Brasília. A ausência de ruas túnel Acústico Rafael Mascarenhas em 1982.

Reportagem no túnel Lagoa-


Barra da Tijuca, na Zona Sul.
12 de janeiro de 1982
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mp0013
Reunidas em reportagens de mar-
ço e abril de 1973, as vistas do alto
renovavam o clássico contraste en-
tre o mar e a montanha, e eviden-
ciavam o crescimento daquela área
da cidade, definido no caráter ainda
mais uniforme da mancha de edifí-
cios por toda a Zona Sul. A valoriza-
ção desses bairros levou, ao longo
das décadas de 1960 e 1970, à re-
moção de diversas favelas, processo
facilitado pela instauração da dita-
dura militar (1964-1985). O mesmo
regime decretou, no ano seguinte, a
extinção do estado da Guanabara e
sua fusão com o estado do Rio, re-
gulamentada em 1975, sem consul-
ta popular.

Enseada de Botafogo, vista do Cor-


covado. Vistas do Pão de Açúcar,
aterro, largo do Boticário, Cristo
Redentor, Jóquei Clube, lagoa Ro-
drigo de Freitas e Vista Chinesa. 15
de março de 1973
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_15767_mp0002
Vistas do Pão de
Açúcar, aterro,
largo do Boticário,
Cristo Redentor,
Jóquei Clube, lagoa
Rodrigo de Freitas e
Vista Chinesa. 15 de
março de 1973
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_15767_mp0013
Vistas do Rio de
Janeiro. 20 de
abril de 1973
BR_RJANRIO_EH_0_
FOT_EVE_15768_
mp0024
Vistas do Rio de
Janeiro. 20 de
abril de 1973
BR_RJANRIO_EH_0_
FOT_EVE_15768_
mp0019
Arquitetura da moradia

A moradia como uma questão social significou


a formulação de uma nova proposta de
arquitetura e urbanismo e um caminho para
projetos políticos de variados matizes
As favelas, no Rio de Janeiro, há muito são percebidas relacionar e de se organizar, justificando, assim, a ado-
muito mais como um problema do que como uma solução. ção de medidas nas quais esses moradores e suas residên-
Apesar de o IBGE, com base no censo de 1950, apontar que cias “ilegais”, “irregulares”, “precárias”, “anti-higiênicas”,
as favelas representavam uma solução de emergência, im- “subnormais” deveriam se tornar alvo de políticas das
posta às pessoas desprovidas de recursos, para suas difi- áreas de saúde, assistência social, trabalho ou segurança
culdades crescentes de trânsito acessível ou moradia pró- pública. Muitos desses estudos, ao não contribuírem para
xima aos locais de trabalho, reconhecendo, assim, que o uma nova percepção de favela, reforçaram estigmas rela-
movimento demográfico em direção às favelas não foi um cionados a desordem, precariedade, promiscuidade.
produto do acaso, mas de causas e fatores que o impeliram
num sentido determinado, a maioria das administrações
encarava essas moradias como problema urbanístico e so-
cial. Nas décadas de 1950 e 1960, estudos e levantamentos
sobre favelas e seus habitantes, realizados por diferentes
organismos brasileiros, além de pesquisas promovidas por
instituições internacionais, demonstraram, em sua maio-
ria, a inadequação da população favelada e sua presen-
ça em determinadas áreas, suas habitações, formas de se

Vista aérea da cidade do Rio de Janeiro.


31 de janeiro de 1969
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A favela da praia do Pinto,
localizada em frente à
lagoa Rodrigo de Freitas,
foi uma das muitas
da Zona Sul do Rio de
Janeiro a serem alvo de
processo de remoção
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_06889_mp0002

Visita de Miguel Couto


Filho, ministro da Saúde,
à favela da Praia do Pinto.
15 de janeiro de 1954
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
PPU_02638_mp0002
A remoção de favelas quase sem-
pre norteou, com maior ou menor
vigor, as políticas urbanas volta-
das para seus moradores em boa
parte do século XX, amparada
pela produção de estigmas que
contribuíram para dar respaldo
às intervenções do Estado. Esses
processos em geral eram mar-
cados por ações violentas por
parte do poder público. O deslo-
camento forçado dos atingidos
para bairros periféricos resultou,
em alguns casos, na eliminação
completa de muitas favelas lo-
calizadas, principalmente, nos
bairros da Zona Sul da cidade.

Remoção de favelas pela


prefeitura do Distrito Federal.
20 de maio de 1942
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_02343_
mp0008
Primeiro conjunto
habitacional moderno,
promovido pelo setor
público, construído em
uma vila da Estação
Moça Bonita, no bairro
de Realengo. 30 de
julho de 1941
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_02338_mp0005
O Parque Proletário da Gávea foi inaugurado em
1942 e recebeu moradores das favelas do Cantaga-
lo, Praia do Pinto, Sacopã e Catacumba. As mora-
dias eram organizadas em blocos com várias resi-
dências de madeira, acima do nível do chão. À parte
ficavam as instalações sanitárias e de banho, tam-
bém de madeira. O título desses parques era “pro-
visório” pois a ideia era construir casas de alvena-
ria, o que não aconteceu. Para morar nesse parque,
o candidato deveria pagar aluguel, trabalhar em
área próxima, ter carteira de trabalho assinada, ser
registrado no posto de polícia. Os portões eram fe-
chados às 22 horas e seus moradores ouviam, à noi-
te, o “chá das nove”, que eram lições morais dadas
ao microfone pelo administrador do parque. Não
eram aceitos nessa nova habitação “desordeiros”,
“vadios”, nem tampouco admitidos batuques, ca-
poeiras, práticas de feitiçaria e outros costumes
considerados antiurbanos. Note-se, assim, a pre-
sença de uma política marcada pelo trabalhismo e
por uma ideologia higienista de correção de hábitos
pessoais e estruturação de família convencional.

Parque Proletário da Gávea. 28 de fevereiro de 1942


BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_02342_mp0002
Casas do Parque Proletário da Gávea.
28 de fevereiro de 1942
BR_RJANRIO_EH_0vFOT_EVE_02342_mp0012
A construção dos parques proletários estava alinhada à política de controle e ao paternalismo social que deno-
taram o governo Vargas. A marca civilizadora do Estado Novo, entendida pelas ações de reeducar e reajustar os
cidadãos, e prepará-los para o mundo do trabalho formal, também perpassa as condições de moradia. A família
beneficiada por uma casa nos parques proletários se comprometia a zelar pela casa, lavando o assoalho pelo me-
nos uma vez por semana; não cuspir nem consentir cuspir no assoalho ou nas paredes; trazer sempre asseados os
terrenos em torno e debaixo da casa, não permitindo juntar lixo nem formar lama; não usar ferro elétrico nem luz
que não fosse elétrica, mudando as lâmpadas queimadas por conta própria, bem como só cozinhar com carvão.

Presidente Getúlio
Dorneles Vargas
visita o Parque
Proletário da Gávea.
17 de julho de 1943
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PRP_01653_mp0008
Interior de moradias do Parque Proletário da Gávea e do Lar Proletário,
em São Cristóvão. 13 de agosto e 28 de fevereiro e de 1942
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_02346_mp0004
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_02342_mp0008
Inauguração do bairro proletário de Irajá, que teve
a presença de Henrique de Toledo Dodsworth Filho,
prefeito do Distrito Federal. 1º de maio de 1944
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_02351_mp0007
Vila dos bancários
é inaugurada no
bairro do Méier,
em comemoração
do aniversário do
presidente Getúlio
Dorneles Vargas.
19 de abril de 1942
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_02699_mp0005
Os governos populistas de Vargas e
Dutra pretenderam, como solução
para a habitação social, produzir, em
larga escala, conjuntos habitacionais
por meio das carteiras prediais dos
Institutos de Aposentadoria e Pen-
sões (IAP), na década de 1930, e com
a instituição, em 1946, da Fundação
da Casa Popular. A produção estatal
de moradias para os trabalhadores re-
presentou o reconhecimento oficial
de que a questão habitacional não
seria equacionada apenas através do
investimento privado, requerendo,
necessariamente, intervenção do po-
der público. De acordo com o arquite-
to Nabil Bonduki, apesar da ausência
de uma política eficiente, a produção
habitacional no período, em termos
de qualidade, não foi irrisória, como
comprovam os conjuntos do Instituto
de Aposentadorias e Pensões dos In-
dustriários, com qualidade arquitetô-
nica, urbanística e social.

Presidente Getúlio Dorneles Vargas


inaugura casas para operários da
Estrada de Ferro Central do Brasil.
15 de julho de 1944
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_PRP_01705_mp0003
Entrega das primeiras casas da Fundação da Casa Popular,
que contou com a presença do presidente Eurico Gaspar
Dutra, em Marechal Hermes. 1º de maio de 1947
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_PRP_04100_mp0001
Vistas de uma
vila de casas em
Marechal Hermes.
9 de maio de 1947
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_02358_mp0001
Inauguração de casas
proletárias do Instituto
de Aposentadoria
e Pensões dos
Comerciários (IAPC),
em Senador Camará.
9 de setembro de 1948
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EVE_02362_mp0010

A implantação dos conjuntos habitacionais concorreu de maneira cerca de 380 mil moradores na década de 1940. Os institutos de pre-
significativa para a transformação dos subúrbios cariocas, nos anos vidência construíram em torno de vinte mil unidades habitacionais
1940 e 1950. A presença do Estado, que implantava também os equi- nessas áreas durante aquele período, sendo responsáveis por cerca
pamentos de serviços públicos, levou um aspecto de urbanidade aos de vinte por cento da ocupação desses territórios. A oferta dessas
bairros que tinham se originado das freguesias rurais e eram, até residências atendia ao objetivo não só de incrementar a indústria
então, habitados em condições de precariedade extrema. A popula- da construção civil, como de aproximar o governo das massas de
ção das zonas suburbanas do Rio de Janeiro teve um incremento de trabalhadores urbanos visando à sustentação política.
Inauguração, pelo
presidente Eurico
Gaspar Dutra, de
conjunto residencial
no Méier construído
pelo Instituto dos
Marítimos. 29 de
junho de 1948
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PRP_04240_mp0006
Presidente Eurico Gaspar Dutra inaugura
conjunto de casas do Instituto de Aposen-
tadorias e Pensões dos Industriários (IAPI)
na Penha. 29 de outubro de 1949
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A obra de Afonso Eduardo Reidy propu- va-se à proposta de habitação social para para a habitação social. Reidy empregou
nha uma arquitetura com responsabi- a cidade do Rio de Janeiro como forma uma forma serpenteante para o edifício
lidade social. Seus projetos trouxeram de combater os crescentes problemas de residencial, acompanhando o perfil da
uma nova concepção para a arquitetura moradia da então capital federal, onde topografia do morro Dois Irmãos.
popular e tornaram-se ícones do moder- favelas e residências precárias cresciam.
Além dos apartamentos, foram projeta-
nismo brasileiro.
O conjunto residencial Marquês de São dos para ambos os conjuntos residen-
O projeto do conjunto residencial do Pe- Vicente, construído entre 1952 e 1954, ciais equipamentos urbanos como es-
dregulho, elaborado entre 1946 e 1948 seguiu as linhas de uma arquitetura que cola, playground, lavanderia, posto de
para um terreno na Zona Norte, integra- buscava soluções plásticas e estruturais saúde, quadras de esporte.

Vista das obras de


construção do bloco A
do conjunto residencial
Prefeito Mendes de Moraes
– Pedregulho, no bairro de
São Cristóvão. Em primeiro
plano, posto de saúde com
painéis de Anísio Medeiros.
12 de maio de 1952
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_02374_mp0002
O conjunto residencial Marquês
de São Vicente, na Gávea, projeta-
do pelo arquiteto Afonso Eduardo
Reidy, foi cortado para a constru-
ção do túnel Lagoa-Barra da Tiju-
ca, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
12 de janeiro de 1982
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A remoção das favelas como solução para a
questão da moradia popular sempre esteve
presente no cenário político, sendo empreen-
dida com maior ou menor intensidade em dife-
rentes governos. Durante o período da ditadu-
ra militar, a prática das remoções determinou
a retirada de milhares de pessoas de suas casas
e seu deslocamento para lugares distantes do
Centro, sem qualquer tipo de infraestrutura
urbana adequada. Muitos dos conjuntos ha-
bitacionais construídos nas décadas de 1960
e 1970 transformaram-se em outras favelas e
diversos moradores acabaram retornando para
regiões próximas às áreas centrais da cidade,
criando novos espaços precarizados.

Inauguração do conjunto residencial


IV Centenário, em Inhaúma, que teve
a participação do presidente Artur da
Costa e Silva. 4 de agosto de 1967
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Vista do conjunto
residencial do
Engenho de Dentro,
inaugurado pelo
ministro dos
Transportes, Mário
David Andreazza.
6 de novembro de 1969
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PPU_00610_mp0009
A favela da Maré data dos anos 1930 e en-
cerra estreita relação com a construção da
avenida Brasil. Muitos dos seus primeiros
moradores trabalharam nas obras, outros
foram desalojados quando da demolição
das casas de cômodos existentes na re-
gião. Para a Maré também foram levadas
pessoas retiradas à força de suas casas nas
favelas erradicadas da Zona Sul
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Visita do ministro do Interior Mário An-


dreazza à favela da Maré na avenida Bra-
sil, por ocasião do lançamento do Projeto
Rio, do Programa de Erradicação de Fave-
las (Promorar), que previa, entre outras
iniciativas, obras de saneamento na orla
da baía de Guanabara. O ministro se fazia
acompanhar do então governador Antô-
nio Chagas Freitas. 8 de outubro de 1979
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_14562_mp0009
O governo Vargas, com seu projeto de reforma e modernização do
país, propiciou a adoção dos princípios modernistas, especialmente
nos projetos das edificações públicas e dos conjuntos habitacionais,
influenciando, subsidiariamente, os traçados urbanos de cidades
capitais. O período de 1930-1950 testemunhou na cidade uma
série de transformações, conduzida, em grande medida, pelo
setor da construção civil, que realizou, na Zona Sul, a substituição
de unidades unifamiliares por edifícios de vários pavimentos. No
final da década de 1930 e primeiros anos de 1940, o processo
de verticalização da moradia se fazia sentir, principalmente, no
bairro de Copacabana, com a construção de edifícios de oito e doze
andares.
Na década da 1940,
a Zona Sul estava se
tornando o novo destino
das classes médias
e altas. Vultuosos
investimentos em
infraestrutura passaram
a ser dirigidos para essa
região da cidade, com o
governo baixando novas
normas para impedir
casebres e casas de
madeira. [1940]
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_04942_mp0022
Conjunto dos Jornalistas, erguido na dé-
cada de 1950 com três blocos de prédios,
na época os mais altos do bairro do Leblon,
ladeado por casebres remanescentes da fa-
vela da Praia do Pinto, que havia sido re-
movida parcialmente para a construção do
Parque Proletário Provisório da Gávea. 28
de abril de 1959
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Fachadas
de edifícios
residenciais do
Rio de Janeiro,
construídos na
década 1940.
24 de junho
de 1958
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EVE_04942_mp0026
Os novos traçados
das edificações
modernas, que
se erguiam no
cenário carioca,
foram capturados
também pelas
lentes dos
fotógrafos que
registravam uma
nova arquitetura
a partir de novos
ângulos
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_04942_mp0019
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_04942_mp0013 BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_04942_mp0025
Arquitetura do trabalho e do poder

O discurso político e as concepções sociais do Brasil contempo-


râneo se inscrevem em fachadas de empresas, fábricas, prédios
públicos, escolas, universidades, monumentos, estações.
Vista da avenida Rio Branco, a partir da praça Mauá, tendo ao fundo a enseada
de Botafogo. Reportagem sobre o túnel do Pasmado, enseada da Glória, avenidas
Niemeyer, Presidente Wilson, Presidente Vargas e Rio Branco. 3 de abril de 1958
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_15754_mp0016
Avenida Rio Branco. 3 de abril de 1958
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_15754_mp0004
A construção do terminal de passagei-
ros do aeroporto Santos Dumont foi
iniciativa de Getúlio Vargas e teve iní-
cio em 1938, atendendo ao crescente
número de passageiros de viagens aé-
reas que se verifica a partir de 1930.
Embora na década anterior o plano
Agache localizasse o aeroporto do Rio
de Janeiro em Manguinhos, prevaleceu
a ideia de implantá-lo na Ponta do Ca-
labouço, uma área próxima ao centro
e beneficiada pelo desmonte do morro
do Castelo. Após um concurso públi-
co de grandes proporções, a proposta
vencedora foi a dos irmãos Marcelo e
Milton Roberto, responsáveis também
pelo projeto da Associação Brasileira
de Imprensa. As obras foram suspen-
sas, dada a conjuntura de guerra, e re-
tomadas em 1944 com um projeto mo-
dificado. O hall com pilotis e o saguão
envidraçado de onde se avistam a pista
e a baía de Guanabara favorecem uma
ideia de sociabilidade e distinção dos
que passam pelo aeroporto, que exibe
mural de azulejos de Cadmo Fausto e,
em frente, uma praça com projeto pai-
sagístico de Burle Marx.
Hall do aeroporto Santos Dumont, praça Senador Salgado Filho. 1939-1945
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Aeroporto Santos Dumont, praça Senador Salgado Filho. 1939-1945
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Projeto de Marcos Konder
Neto e Hélio Ribas Marinho,
de 1956. Integrado ao pro-
jeto paisagístico do Aterro,
com jardins e espelhos de
água, o conhecido monu-
mento aos pracinhas home-
nageia as três armas: uma
escultura de Júlio Castelli é
dedicada à Aeronáutica, um
grupo escultórico em gra-
nito, de Alfredo Ceschiatti,
ao Exército, e um painel de
azulejaria, de Anísio Me-
deiros, à Marinha.

Monumento aos Mortos da


II Guerra Mundial, 1960
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EVE_06212_mp0012
Entre 1925 e 1960, o palácio Monroe
foi a sede do Senado federal no Rio
de Janeiro, à exceção do período da
ditadura estado-novista, quando o
Congresso Nacional foi dissolvido e
o Monroe recebeu as instalações do
Ministério da Justiça por oito anos. A
estrutura metálica da construção foi,
inicialmente, um pavilhão na Exposi-
ção Universal de St. Louis, nos Esta-
dos Unidos, em 1904, transplantada
depois para o Brasil. Situado na Cine-
lândia, junto à elegante avenida Bei-
ra-Mar, era próximo de construções e
vias que davam o tom dos projetos ar-
quitetônicos e urbanísticos do início
do século XX. Em 1976, foi demolido
para dar passagem às obras do metrô.

Edifício do Senado Federal (Monroe).


1º de outubro de 1959
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_04953_mp0005
Vista para o edifício art déco
localizado na rua João Neves
da Fontoura, entre as aveni-
das Beira-Mar e Presidente
Wilson. À esquerda, a “es-
tátua da amizade”, presente
norte-americano aos brasi-
leiros nos anos 1930, situada
na atual praça 4 de julho.

[1940-1950]
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_04942_mp0030
Edifício Castelo Petrobras (antigo Raldia e Nilomex), situado à rua Nilo Peçanha. Comporta três prédios para
escritórios, articulados com uma torre cilíndrica, com galerias para pedestres e pátios internos. Projeto de
1930, de autoria de Robert Prentice, adquiriu, em 1935, mais três pavimentos, com a mudança de legislação.
18 de junho de 1940. BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_04943_mp0002
O edifício Serrador, pro-
jeto de Stélio Alves de
Sousa, de 1945, foi cons-
truído entre os anos de
1945 e 1949, levando o
nome de seu proprietá-
rio Francisco Serrador,
que também deu nome
ao hotel, na época fa-
moso como o mais alto
da América Latina, com
seu formato arredonda-
do, 23 andares de altura
e um pórtico de entrada
de quinze metros, em
plena Cinelândia.

[1940-1950]
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_04942_mp0005
Projeto de 1927-1929, do
arquiteto francês Joseph
Gire e do arquiteto cario-
ca Elisário Cunha Baiana,
chegou a ser o edifício mais
alto da América Latina, com
22 andares. Construído para
ser a sede do jornal A Noite,
foi um marco nos projetos
arquitetônicos do centro do
Rio de Janeiro, por seguir
o padrão norte-americano
de arranha-céus, divergin-
do do estilo francês até ali
predominante. Com inspi-
ração de art déco, empregou
concreto armado, o mate-
rial que viria ser a alma da
arquitetura moderna brasi-
leira a partir dos anos 1930.
O edifício iria se notabili-
zar por ter abrigado a Rádio
Nacional desde 1936.
Avenida Rio Branco e praça
Mauá. 13 de março de 1960
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_15759_mp0001
Projeto de Luís de Moura,
de 1939, e concluído em
1943, a construção da sede
do Ministério da Fazenda,
na esplanada do Castelo,
não respeitou a propos-
ta original dos arquitetos
vencedores do concurso
público, de matiz moderno.
A construção seguiu uma
técnica moderna, com uso
de concreto armado, obser-
vação das normas preconi-
zadas de higiene e confor-
to, enquanto uma série de
elementos clássicos, como
sua entrada principal, com
as amplas escadas, colu-
nata de mármore, vasos de
granito e outros recursos
remissivos ao estilo greco-
-romano, se alinha à arqui-
tetura típica dos regimes
fascistas na Europa.

Edifício sede do Ministério


da Fazenda, na rua
Antônio Carlos
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_10405_mp0001
Ministério da Fazenda, rua
Antônio Carlos. [1940-1950]
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_04942_
mp0008
O edifício do Ministério da Educação e Saúde, na
mesma esplanada que se abriu após a derrubada
do morro do Castelo, foi um dos principais acon-
tecimentos da arquitetura moderna no Rio de
Janeiro dos anos 1930. As normas preestabelecidas
para ocupação da área central da cidade constavam
do plano do arquiteto francês Alfred-Donat Agache
e exigiam um bloco perimetral com pátio interno,
o que foi atendido no projeto do arquiteto Archi-
medes Memoria. No entanto, Gustavo Capanema,
ministro do recém-criado órgão da era getulista,
rejeitou a proposta, convidando o arquiteto Lúcio
Costa para a empreitada, em 1935. Este convocou
outros arquitetos que haviam concorrido com proje-
tos modernos para formar uma equipe, com Afonso
Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Oscar
Niemeyer, Ernani Vasconcelos. Um convite espe-
cial foi destinado ao arquiteto e urbanista franco-su-
íço Le Corbusier, pseudônimo de Charles-Edouard
Jeanneret-Gris, inspiração para o projeto apresen-
tado pela equipe de Costa. A partir da proposta dei-
xada por Le Corbusier chegou-se, afinal, ao traçado
definitivo: a marca dos arquitetos brasileiros com
os princípios da chamada “arquitetura nova”, em
tudo diferente do preconizado pelo plano Agache.
Construído entre 1937 e 1944, o edifício conta ain-
da com murais e azulejos desenhados por Cândido
Portinari, esculturas de Bruno Giorgi, Celso Antônio
e Jacques Lipchitz, e jardins de Roberto Burle Marx.
Fachada norte
do Ministério da
Educação e Saúde
Pública. Palácio
Capanema, rua
da Imprensa.
[1940-50]
BR_RJANRIO_EH_0_
FOT_EVE_04942_
mp0012
Monumento à
Juventude Brasileira,
de Bruno Giorgio, no
Ministério da Educação
e Saúde Pública. Palácio
Capanema, rua da
Imprensa. 1947
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_06196_mp0003
Projeto do arquiteto Mário Santos
Maia, de 1936, um dos edifícios pú-
blicos da esplanada do Castelo, tem o
formato em H. Um exemplar da arqui-
tetura racionalista, a proposta, ven-
cedora de um concurso público, foi
desenvolvida por uma equipe forma-
da por nomes como Afonso Eduardo
Reidy e Antônio de Almeida, entre ou-
tros, e o edifício seria inaugurado por
Vargas no Dia do Trabalho.

Prédio do Tribunal Regional do Tra-


balho (antigo Ministério do Trabalho),
na avenida Presidente Antônio Carlos.
23 de maio de 1941
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A construção inicial, Quartel do Campo, do século XIX, passou por uma reforma em estilo
eclético, entre 1908 e 1913, e seus traços ainda se fazem presentes em algumas alas. O pro-
jeto de 1935, executado nos anos 1937-1941, é do arquiteto Cristiano Stockler das Neves e
obedece aos anseios de uma monumentalidade que incorpora elementos clássicos, ao gosto
de regimes autoritários. Sua inauguração coincidiu com a da avenida Presidente Vargas.

Palácio Duque
de Caxias,
praça Duque de
Caxias. 17 de
abril de 1952
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FOT_EVE_10406_
mp0016
Construído entre os anos 1937-1943, com
projeto de Roberto Magno de Carvalho e do
escritório Robert Prentice (Geza Heller e
Adalberto Szilard), substituiu a estrada de
ferro D. Pedro II, demolida nos anos 1930
com o processo de eletrificação das linhas.
Além da torre de inspiração art déco e dos
28 pavimentos, o saguão de embarque se
destaca pela sua amplitude, uma ilumina-
ção que percorre toda a parte superior das
paredes e a abóbada em ferro.

Edifício da Central do Brasil.


23 de março de 1942
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_06229_mp0002
Projeto de Pedro de Farias Rosthan, de 1953, incorporava, no plano da arquite-
tura, o debate educacional que culminaria, em 1959, no manifesto “Mais uma
vez convocados”, de Fernando Azevedo, Anísio Teixeira e outros. A escola apre-
senta materiais característicos da arquitetura moderna, como o cobogó cerâmi-
co, painel de azulejos, tijolos de vidro brise-soleil e janelas basculantes de ferro.

Inauguração da
escola municipal
Anita Garibaldi,
estrada de Maracajá,
1.294, Ilha do
Governador. 19 de
abril de 1954
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PPU_01993_mp0005
Entre os anos de 1949 e 1962, o Escritório Técnico da Universidade do Brasil, coordenado
por Jorge Machado Moreira, foi responsável pelo projeto e construção de alguns edifícios
erguidos, sobretudo, nos anos 1950, da Universidade do Brasil, depois Universidade Federal
do Rio de Janeiro, sobre um aterro sanitário. Os prédios, isolados entre si, ecoavam os prin-
cípios da arquitetura moderna brasileira, da qual Brasília era o exemplo mais eloquente.

Cidade Universitária, registrada durante visita do presidente Juscelino Kubitschek.


23 de janeiro de 1957
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_PRP_06630_mp0004
Arquitetura da participação

A presença do povo é fator significativo para a


conformação e construção dos espaços – quer
públicos ou privados – conferindo diferentes
aspectos identitários e de pertencimento à cidade
O nacionalismo foi um elemento fundamental para a cons-
trução de um imaginário do poder nas décadas de 1930 e
1940, entendendo nação como Estado, e nacionalismo como
a conjugação de uma ideia de nação e pertencimento. O pro-
cesso de “abrasileiramento” passava por ações cívico-patri-
óticas e pela instituição de datas comemorativas. O Dia da
Raça e o Dia da Juventude são algumas dessas manifesta-
ções, instituídas em abril de 1939 e março de 1940. O Dia da
Raça era a data que marcava a integração dos cidadãos, inde-
pendentemente de sua origem, cor, religião, unificando todo
o “povo” brasileiro em torno de uma mesma pátria e nação. O
Dia da Juventude Brasileira, de viés eugenista e inspirado no
movimento da Mocidade Portuguesa do regime salazarista,
divulgava a importância da educação cívica, moral e física, e
da formação familiar como valores essenciais para a geração
da consciência patriótica. As festividades escolares, os des-
files em ruas importantes da capital, a exemplo das aveni-
das Rio Branco e Presidente Vargas, constituíam momentos
de exaltação à figura do presidente expressos em diferentes
símbolos, como estandartes, músicas, monumentos.
Comemoração do Dia da Raça, na avenida Rio Branco. 30 de maio de 1939
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_02600_mp0006
Durante o Estado Novo, grandes
comemorações cívicas tomavam
as largas vias da cidade, como
a avenida Rio Branco, que tem
como marco o obelisco inau-
gurado em novembro de 1906,
cujo projeto foi organizado pelo
escritório da Comissão Cons-
trutora da Avenida Central. 3 de
abril de 1958
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mp0020
Desfile estudantil na Parada
da Juventude, em frente ao
Ministério da Guerra, na ave-
nida Presidente Vargas, que
teve a presença do presiden-
te Getúlio Dorneles Vargas. 6
de setembro de 1941
BR_RJANRIO_EHv0_FOT_EVE_02673_
mp0038
O cenário político surgido após o golpe do
Estado Novo, com o fechamento do Legisla-
tivo e o cerceamento das forças de oposição,
favoreceu a construção da avenida Presiden-
te Vargas, que implicou a derrubada de mais
de quinhentas construções, parte da praça
Onze, bairro de habitação popular e reduto
do samba, um trecho do Campo de Santa-
na, entre outras severas mudanças no perfil
dessa região do Centro da cidade. Adalber-
to Szilard, engenheiro húngaro e responsá-
vel pelo projeto de adaptação da estação D.
Pedro II, registra a violência do processo de
desapropriação que não instituiu ações de
indenização ou amparo aos inquilinos das
casas demolidas. Onde antes havia residên-
cias, estabelecimentos comerciais e intensa
circulação de pessoas, atravessou uma ex-
tensa via concebida como um corredor para
automóveis e cenário para grandes festivi-
dades cívicas, de onde a população assistia a
desfiles de forças militares, de corporações
profissionais e grupos estudantis, e recep-
cionava autoridades em visita à capital.
Presidente Getúlio Dorneles Vargas
inaugura o segundo trecho da avenida
Presidente Vargas. 10 de novembro de 1942
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_PRP_01624_mp0007
Desfile de Sete de Setembro, que teve a presença do
presidente Eurico Gaspar Dutra. 7 de setembro de 1946
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_PRP_04043_mp0016
As comemorações de datas
cívicas, que contavam com
significativa afluência de
público, constituíam-se em
oportunidade para a trans-
missão dos valores caros
aos regimes de natureza
populista, como a exalta-
ção ao nacionalismo.

Desfile de Sete de Setembro, na avenida


Rio Branco. 7 de setembro de 1946
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BR_RJANRIO_EH_0_FOT_PRP_04043_mp0027
A comitiva do
presidente dos
Estados Unidos,
Dwight David
Eisenhower, em
visita ao Brasil,
acompanhado do
presidente Juscelino
Kubitschek de
Oliveira, percorreu
as principais
avenidas do Centro
do Rio de Janeiro,
como Presidente
Vargas e Rio Branco.
24 de fevereiro
de 1960
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
PRP_07052_mp0004
No cenário de renovação urbana e cons-
trução de obras grandiosas insere-se a
nova estação da Estrada de Ferro Central
do Brasil, instalada às margens da gran-
de avenida Presidente Vargas. O edifício
da Central do Brasil foi pensado em suas
grandes dimensões para atender a um in-
tenso fluxo de passageiros, possibilitado
pela eletrificação das linhas ferroviárias.
A facilidade de acesso permitiu que a es-
tação se tornasse também ponto de con-
centração para as pessoas que afluíam às
comemorações de datas nacionais, rea-
lizadas, em grande número, na avenida
Presidente Vargas, nas proximidades do
então Ministério da Guerra.

Parada de Sete de Setembro na avenida


Presidente Vargas, em frente ao Minis-
tério da Guerra, em comemoração ao Dia
da Independência, com presença do pre-
sidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.
7 de setembro de 1956
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Os parques proletários e conjuntos habitacio- comemorações de natureza religiosa e visitas
nais tornam-se palco de festas e eventos políti- organizadas. Era a oportunidade, para inúme-
cos, através dos quais os seus moradores teriam a ros políticos, em busca de apoio entre as massas
oportunidade de expressar sua gratidão aos pre- populares, fazerem discursos e promessas eiva-
sidentes da República e demais autoridades que, das de valores de caráter supraclassista, visando
não raro, se faziam presentes em inaugurações, sempre a conciliação de interesses divergentes.

Desfile de crianças
durante a visita do
presidente Eurico
Gaspar Dutra a
Rocha Miranda. 18
de agosto de 1946
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FOT_PRP_04034_
mp0005
Presidente Eurico Gaspar Dutra inaugura o Centro de Ação
Social do Morro de São Carlos, com a presença do prefeito
Hildebrando de Araújo Góes e do cardeal-arcebispo do Rio de
Janeiro dom Jaime de Barros Câmara. 14 de dezembro de 1946
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_PRP_04074_mp0004
Presidente Getúlio Dorneles Vargas entrega chaves aos sargentos e operários
da Fábrica do Galeão sorteados com a casa própria. 20 de janeiro de 1953
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_PRP_03237_mp0007
Os mercados públicos constituem elemento estru-
turante, organizativo e integrador da vida urbana,
consolidando laços sociais ao atrair e acolher dife-
rentes grupos – moradores, visitantes, comercian-
tes, produtores. Responsáveis, assim como as feiras
livres, pela distribuição e comercialização de ali-
mentos junto à população urbana, conferem vitali-
dade ao espaço urbano imediato à sua implantação,
tornando-se lugar de convergência, de encontro,
de troca e de vivência coletiva. O primeiro merca-
do municipal edificado na área urbana do Centro da
cidade do Rio de Janeiro foi o da Candelária, proje-
tado pelo arquiteto Grandjean de Montigny e inau-
gurado em 1841. O aumento da demanda por pro-
dutos e reformas modernizantes da cidade levou à
construção de um novo mercado municipal, o mer-
cado da Praça XV, um prédio com estrutura metá-
lica, construído na Inglaterra e na Bélgica. Voltado,
fundamentalmente, para o comércio de alimentos,
o mercado da praça XV se tornaria o maior entre-
posto do gênero durante boa parte do século pas-
sado, dinamizando a atividade comercial nas ruas
próximas. Nele era vendido todo tipo de mercado-
ria, com destaque para gêneros alimentícios, como
carne, peixe, frutas, verduras.

Mercado do Méier. 30 de agosto de 1944


BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_07900_mp0005
Presidente
Juscelino
Kubitschek de
Oliveira visita o
Mercado Municipal
na praça XV,
derrubado em 1956
para a construção
do elevado da
Perimetral. 26 de
maio de 1956
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
PRP_06511_mp0003
Situado à avenida Rio
Branco, n. 174, o Café
Nice, frequentado por
artistas e jornalistas,
era ponto de encon-
tro da boemia carioca.
Acompanhando o estilo
parisiense que caracte-
rizou a urbanização da
avenida Central do iní-
cio do século XX, pos-
suía três ambientes:
parte externa com me-
sas e cadeiras de vime,
e dois espaços inter-
nos distintos, um onde
eram servidos chás e
bebidas finas, e outro,
mais simples, onde se
tomava café com leite
e pão na manteiga, be-
bidas baratas e o café
propriamente.

Café Nice. 1940


BR_RJANRIOvEH_0_FOT_
Nas primeiras décadas do século XX, o Rio
de Janeiro era não só a capital, mas o prin-
cipal centro cultural, comercial e financei-
ro do país. Nesse contexto, algumas ruas
se destacam, a exemplo da rua do Ouvidor,
reverenciada por sua elegância e luxo, se-
gundo o médico e escritor Joaquim Ma-
nuel de Macedo. Os cafés e confeitarias,
além das livrarias e gabinetes de leitu-
ra, localizavam-se, majoritariamente, na
rua do Ouvidor ou nas suas proximida-
des, fazendo com que a vida literária se
constituísse e se animasse, sobretudo,
nesse ponto da capital do país. As livra-
rias Garnier e José Olímpio eram ponto de
encontro de escritores e homens do mun-
do das letras. Nas palavras do historiador
Luiz Edmundo Pereira da Costa, o cora-
ção da capital ficava no cruzamento das
ruas do Ouvidor e Gonçalves Dias. Nes-
ta se situava um outro símbolo da socia-
bilidade carioca: a confeitaria Colombo,
inaugurada em 1894 pelos portugueses
Manoel José Lebrão e Joaquim Borges Mei-
reles. Centro de reunião e palestras, prin-
cipalmente de rodas de literatos, confi-
gurava-se como ambiente apropriado à
presença feminina, ao contrário dos cafés.

Vista da rua do Ouvidor.


5 de maio de 1942
Os armazéns, cafés,
bares, padarias,
açougues, leiterias,
quitandas, papelarias,
armarinhos
estabeleceram-
se desde o século
XIX pelas mãos,
em sua maioria,
dos imigrantes
portugueses, que
os administravam
juntamente com
seus familiares mais
próximos. Espaço
de reunião dos mais
diferentes públicos,
as confeitarias e bares
ofereciam artigos
característicos, como
doces finos, sorvetes,
bebidas quentes, e
funcionavam também
como armazéns de
comestíveis. 1º de
novembro de 1947
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_08986_mp0002
A partir da década de
1930, a praça Floriano,
hoje mais conhecida
como Cinelândia, recebeu
edificações em estilo
eclético e art déco, onde
empresários – Francisco
Serrador, os irmãos Vivaldi,
Ademar Leite Ribeiro, a
família Ferrez – instalaram
cinemas como Império,
Glória, Odeon, Pathé,
além de teatros e outros
locais de entretenimento,
inaugurando um tipo
de empreendimento
com vistas a integrar a
comunidade urbana por
meio da diversão e da
convivência.
A Cinelândia simbolizou, no
Rio de Janeiro, o local de di-
versão e sociabilidade cul-
tural e política, sendo palco,
por exemplo, da campanha a
favor da participação do Bra-
sil na Segunda Guerra Mun-
dial. 3 de abril de 1958
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_15754_
mp0002
Em 1952, a cidade do Rio
de Janeiro contava com 168
salas de exibição cinema-
tográfica, habitando as cal-
çadas de suas vias públi-
cas, ruas, praças e avenidas,
a exemplo da Rio Branco.
3 de abril de 1958
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
EVE_15754_mp0006
Nas primeiras décadas do século XX, o
bairro de Copacabana já despontava como
símbolo da sociabilidade republicana, con-
centrando a aristocracia moderna com seus
hábitos de luxo e requinte, e deixando para
atrás a imagem de um areal cercado de
pescadores. Nesse cenário modernizante,
a avenida Atlântica figurava com destaque.
A calçada junto à areia, resultado da refor-
ma realizada na gestão do prefeito Paulo
de Frontin, convidava moradores e visitan-
tes ao footing sobre as pedras portuguesas
de seu calçamento que se tornou marca re-
gistrada do bairro. A construção do Copa-
cabana Palace, hotel de luxo à beira-mar,
acompanhou os planos urbanísticos do pre-
sidente Epitácio Pessoa, que almejava vê-
-lo em funcionamento para a Exposição do
Centenário da Independência, o que não se
concretizou. O hotel ficou famoso por hos-
pedar artistas, chefes de Estado e, durante
o governo de Getúlio Vargas, um cassino
sofisticado. Além dos ares glamourosos da
avenida Atlântica, essa paisagem também
se apresenta como palco de expressão po-
lítica, a exemplo da revolta do Forte de Co-
pacabana, desfiles militares e movimentos
de protesto de múltiplas perspectivas. 3 de
dezembro de 1954
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_15752_mp0008
Do camarote na
varanda do hotel
Copacabana
Palace, presidente
Juscelino
Kubitschek de
Oliveira assiste
ao desfile militar
em homenagem a
Francisco Higino
Craveiro Lopes,
presidente de
Portugal. Avenida
Atlântica,
Copacabana. 10
de junho de 1957
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FOT_PRP_06680_
mp0005
Em março de 1941, o primeiro navio de comércio brasileiro indignação e diversas manifestações populares e comícios
foi torpedeado pelos nazistas, dando início a uma série de tomaram as ruas do Rio de Janeiro, cobrando do governo
mais de vinte embarcações brasileiras afundadas no oceano uma reação às ofensivas do Eixo. Essa mobilização, aliada a
Atlântico e à morte de milhares de pessoas. A imobilidade pressões dos Estados Unidos, levou Vargas a declarar estado
do governo Vargas a esses ataques gerou um sentimento de beligerante contra o nazifascismo em 22 de agosto de 1942.

Manifestação
popular na avenida
Beira-Mar. O
povo do Rio de
Janeiro saiu à rua
em um comício
em protesto aos
traiçoeiros crimes
sofridos pelos
brasileiros em
águas nacionais e
contra o Eixo. 18
de agosto de 1942
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EVE_07804_mp0003
A demolição da Praça Onze,
para abrir espaço à avenida
Presidente Vargas, foi uma
medida radical do ponto
de vista social e cultural. A
Praça Onze era um bairro
formado por fábricas, ca-
sas de cômodos, cortiços e
barracos, onde viviam imi-
grantes, em grande parte
judeus, negros e uma mas-
sa da população pobre des-
locada de outros pontos do
Centro da cidade por inter-
venções anteriores. Centro
da música e ritmo da cul-
tura de matriz africana, foi
nesse local que acontece-
ram os primeiros desfiles de
escolas de samba.

Bloco carnavalesco desfila


pelas ruas do Centro.
Rio de Janeiro. 17 de
fevereiro de 1953
BR_RJANRIO_EHv0_FOT_
EVE_02182_d0011de0022
A Quinta da Boa Vista, no bairro de São quia e do Império até se tornar um local
Cristóvão, passou por inúmeras transfor- público, espaço de manifestação da esfe-
mações tanto na sua estrutura física quan- ra coletiva, de realização da cidadania. Os
to em sua função social. Parcela de uma jardins da Quinta da Boa Vista eram des-
antiga fazenda dos jesuítas, a Quinta foi tino para o lazer, assim como para mani-
residência de representantes da Monar- festações de caráter sociopolítico.

Presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira
comparece à missa
campal mandada
rezar em favor da
Fundação Pioneiras
Sociais, iniciativa da
primeira-dama Sarah
Kubitschek, voltada
para o controle dos
cânceres femininos
e a promoção da
saúde e estratégias
de prevenção.
Quinta da Boa Vista.
17 de março de 1957
BR_RJANRIO_EH_0_FOT_
PRP_06654_mp0018
Os ideais modernistas trouxe- ca, dando acesso a diferentes
ram novidades para as com- pessoas e grupos que partilham
posições dos espaços públicos espaços comuns, promovendo
acompanhadas de outras con- assim o diálogo e a criação ou
cepções estéticas, higienistas reconhecimento de pontos de
e comportamentais. As praças interesse coletivo.
públicas passaram a se apresen-
tar como espaços verdes, ajardi- Em 1938, foi criado o Jardim
nados, que contribuíam para a de Alá, margeando o canal que
criação de outros cenários para liga a lagoa Rodrigo de Freitas
a cidade, permitindo também ao mar. O projeto, de José da
o passeio livre e a contempla- Silva Azevedo Neto, incluía es-
ção da paisagem. Reconhecidas tações de embarque e desem-
com a função de integração e barque no canal, visando pro-
sociabilidade, as praças foram porcionar passeios de gôndola
se constituindo como equipa- pela lagoa. 5 de abril de 1943
mento central na construção do BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE
espaço urbano e da vida públi- 15747_mp0005
Obras do aterro do Flamengo. 28 de janeiro de 1960. BR_RJANRIO_EH_0_FOT_EVE_09288_
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Créditos

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Presidente da República Projeto


Jair Messias Bolsonaro Claudia Beatriz Heynemann
Maria Elizabeth Brêa Monteiro
Ministro da Justiça e Segurança Pública
Anderson Gustavo Torres Textos
Ana Maria Mauad
ARQUIVO NACIONAL Claudia Beatriz Heynemann
Maria Elizabeth Brêa Monteiro
Diretora-geral
Neide Alves Dias De Sordi Legendas e seleção de imagens
Claudia Beatriz Heynemann
Coordenadora-geral de Acesso e Difusão Documental
Maria Elizabeth Brêa Monteiro
Patrícia Reis Longhi
Preparação e revisão
Coordenadora de Pesquisa, Educação e Difusão do Acervo
Mariana Simões
Leticia dos Santos Grativol
Projeto gráfico, edição e tratamento de imagens
Supervisora de Editoração
Alzira Reis
Mariana Simões
Descrição das imagens
Supervisor de Pesquisa
Fundação Dorina Nowill para Cegos
Thiago Mourelle
Leticia dos Santos Grativol
Supervisora de Programação Visual
Giselle Teixeira Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Maria Beatriz Nascimento – Arquivo Nacional

O Rio e a República: a cidade nas imagens da Agência Nacional [recurso eletrônico] /


Curadoria de Claudia Beatriz Heynemann e Maria Elizabeth Brêa Monteiro
– Dados eletrônicos (1 arquivo : 34.954 Kb). – Rio de Janeiro : Arquivo
Nacional, 2021. – (Publicações Históricas ; 117)
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ISBN: 978-65-995573-7-8
1. Rio de Janeiro (RJ) - História. 2. República, 1889 - Brasil. 3. Agência
Nacional – arquivos fotográficos. I. Heynemann, Claudia Beatriz. II. Monteiro,
Maria Elizabeth Brêa. III. Título. IV. Série.
CDD 981.53

ARQUIVO NACIONAL Ficha catalográfica elaborada por Elisangela Guimarães de Oliveira (CRB 7/5563)

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