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Empreendedorismo tem a ver com realizar ou colocar em prática algo que você tem pensado, sempre com
o objetivo de gerar valor para a sociedade. Valor para a sociedade pode estar associado à melhoria da vida
das pessoas, seja através de novos produtos e serviços ou mesmo de atividades que não visem
necessariamente à venda de alguma coisa.
Por exemplo, uma associação organizada por morados de uma determinada comunidade decide que vai
fazer um mutirão de limpeza na praça do bairro. Eles divulgam a atividade com o objetivo de conseguir
voluntários para a ação, agendam uma data para o mutirão ocorrer, convencem parceiros, tais como
comerciantes locais, a fornecer produtos de limpeza e enfim, reúnem-se no dia e local combinados para
colocar a mão na massa.
Ao final da ação, todos ficam contentes com o resultado não necessariamente porque viram um benefício
individual com a atividade, mas porque toda a comunidade saiu ganhando, com uma praça mais limpa e
mais bonita. O que todos esses voluntários fizeram? Empreenderam. Colocaram em prática uma vontade
de realizar.
Isso é empreendedorismo: agir para realizar sonhos, até os mais difíceis e que podem levar um bom tempo
para serem concretizados.
Empreendedorismo também é muito conhecido na sociedade como algo ligado aos empresários que criam
empresas e querem ganhar dinheiro vendendo alguma coisa. Trata-se inclusive de uma forma de trabalho
por conta própria quando alguém se torna um adulto. Mas você pode ser um empreendedor de várias
outras formas: pode ser um empreendedor do conhecimento, vivendo da comercialização de suas criações,
sejam artísticas ou técnicas.
No primeiro caso, podemos citar alguns exemplos: escritor, escultor, cantor, dançarino etc. no segundo
caso, podemos citar engenheiros, arquitetos, médicos, advogados ou quaisquer outros profissionais liberais
que vivem do que aprenderam e conhecem. Porém, para ser qualificado como empreendedor você precisa
apresentar algumas características ou habilidades comuns a todos os empreendedores. Note que as
pessoas são diferentes e cada uma tem suas próprias qualidades únicas, mas também possuem muita coisa
parecida umas com as outras. No caso dos empreendedores, isso também acontece. E algumas dessas
características ou habilidades serão apresentadas ao logo dos roteiros.
A partir daqui trataremos essas habilidades como poderes. A praticar, você se identifica mais com alguns
poderes empreendedores que outros e isso é normal. Ninguém é perfeito ou possuidor de todos os poderes
empreendedores. Mas todos têm alguns poderes empreendedores!
Ao conhecer e praticar seus poderes empreendedores, você estará se conhecendo melhor, e ainda, quem
sabe, se preparando para ser um empreendedor no futuro! O primeiro passo para você conhecer e praticar
seus poderes empreendedores é sonhar. Isso mesmo, a capacidade de sonhar e correr atrás da realização
do sonho, mesmo que leve anos para vê-lo realizado, é um traço típico dos empreendedores.
No caso dos empreendedores por necessidade, há fatores e circunstâncias comuns que levam a pessoa a
essa situação. Alguns deles são apresentados a seguir, mas cabe ressaltar que esses exemplos não esgotam
todas as possibilidades. [De maneira geral pode-se dizer que o empreendedor por necessidade é aquele que
busca um meio rápido para sobreviver, ou seja, fazer algo que traga retorno financeiro imediato para suprir
a necessidade básica de alimentação].
Falta de acesso a oportunidades de trabalho formal como empregado - a falta de emprego formal leva
as pessoas a buscar alternativas para suprir suas necessidades de recursos mínimos para sobrevivência.
A falta de educação formal, de preparo, conhecimento técnico ou de algumas habilidades que demande
capacitação prévia elimina as possibilidades de acesso a oportunidades de emprego, e com isso, surgem
os empreendedores de necessidade.
Necessidade de recursos financeiros mínimos para arcar com as demandas da sobrevivência - o trabalho
informal se torna uma rotina, e qualquer atividade que traga o mínimo de recursos para prover
alimentação, a si e à família constitui o dia a dia do empreendedor de necessidade. [essa característica
é comum às pessoas que não tem o básico da educação, são aquelas pessoas que vivem dos “bicos”].
Carência de conhecimento explícito – pessoas que não tiveram acesso à educação formal de qualidade
ou não conseguiram evoluir no ensino formal quando crianças e adolescentes têm menos condições de
empreender por oportunidade. Pessoas bem-sucedidas somente com conhecimento tácito, são exceção
à regra. [isso quer dizer que mesmo que a pessoa comece a empreender e obtenha lucro, mas se ela não
se capacitar, atualizar e aprender a gerir seu negócio com profissionalismo, ela tem alto risco de quebrar,
normalmente ela não se mantém no mercado].
Demissão ou desemprego – muitas vezes uma demissão inesperada faz com que a pessoa deixe de
acreditar em si. O desemprego pode trazer ainda a perda da autoconfiança e quando a volta ao mercado
se prolonga isso pode acarretar até uma doença como a depressão. Muitos desistem do seu projeto de
vida e acabam sendo empurrados para o empreendedorismo por necessidade de forma inevitável.
[quanto mais tempo a pessoa fica sem emprego formal, mais difícil é para ela voltar ao mercado de
trabalho porque sempre haverá alguém mais qualificado e atualizado que ela].
1.3 FATORES QUE MOTIVAM O EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE
A demissão pode ter outro significado e acaba por ser uma causa tanto do empreendedorismo por
necessidade como oportunidade. Em muitos casos, pessoas descontentes com o trabalho como
empregados recebem uma demissão como um impulso necessário para se dedicar a um novo projeto
de vida: a criação de uma empresa. Os empreendedores de oportunidades são motivados ainda por
outros fatores. Alguns dos mais comuns são listados a seguir, mas como já ressaltado, não são os únicos
também.
Decisão deliberada e/ou planejada –muitas pessoas decidem empreender com preparo e planejamento
prévio e até definir quando o negócio será criado. Não se trata da maioria, mas de um grupo composto
principalmente daqueles que decidiram trabalhar como funcionários em grandes empresas foram um
período adquirindo experiência e acumulando certa reserva financeira até a tomada de decisão de
iniciar o negócio próprio. Para alguns, no momento da decisão pode ocorrer logo após a formatura no
ensino médio, curso técnico, tecnológico ou faculdade e em momentos importantes da vida adulta: aos
30, 40, 50 anos ou mais. A decisão deliberada e o planejado é acompanhada de uma meta pré-definida
de quando o negócio será criado e o que se pretende atingir com a empresa.
Desejo de autonomia - esse talvez seja o desejo número um da maioria daqueles que anseiam
empreender. Ser dono do próprio nariz e definir caminhos a seguir fazem parte do imaginário do
brasileiro candidato a empreendedor. Isso ocorre porque como funcionário você sempre responderá
alguém, um chefe ou superior. Como empreendedor no seu próprio negócio, em tese, você é quem terá
a última palavra, e tomar as decisões que definirão os rumos da empresa. Na prática isso pode variar se
houver sócios ou clientes-chaves.
Empreendedor informal – há vários exemplos que se enquadram nessa categoria, como pessoas que
vendem mercadorias nas esquinas das ruas, em barracas improvisadas, nos semáforos etc.;
vendedores ambulantes, autônomos que prestam serviços.
Empreendedor cooperado – são, por exemplo, artesãos que se unem em uma cooperativa, catadores
de lixo reciclável que criam uma associação para poder ganhar escala e negociar a venda do que
produzem/reciclam com empresas; é o indivíduo que empreende seu pequeno negócio/propriedade
rural e se associa a demais empreendedores do mesmo ramo para, em conjunto, suprir a demanda do
mercado.
Empreendedor individual – é o antigo empreendedor informal, que agora legalizado, começa a ter uma
empresa de fato, contrata um funcionário, pode crescer e, quem sabe deixará de ser um
empreendedor individual para se tornar dono de um negócio maior.
Franquia – o franqueado é aquele que inicia uma empresa a partir de uma marca já desenvolvida por
um franqueador; sua atuação é local/regional, e alguns dos seus setores que mais se destacam são
alimentação, vestuário e educação/treinamento. O franqueador é um empreendedor visionário que
vê no modelo de negócio de franquias uma maneira de ganhar escala e tornar sua marca conhecida
rapidamente.
Empreendedor social – pessoas que querem ajudar o próximo e criam ou se envolvem com uma
organização sem fins lucrativos para cumprir determinado objetivo social: educação a quem não tem
acesso, melhoria na qualidade de vida das pessoas, desenvolvimento de projetos sustentáveis, arte,
cultura etc. O típico empreendedor social não aufere lucro com a inciativa, mas pode ser remunerado
como funcionários ou associado. Mais recentemente, surgiu um modelo intermediário, conhecido
como setor dois e meio, no qual o empreendedor social busca cumprir o seu objetivo de dar e melhorar
a sociedade na qual vive e ainda consegue auferir lucro com a inciativa.
Empreendedor corporativo - são funcionários conscientes de seu papel na organização para qual
trabalham e trazem ideias e executam projetos que visem ao crescimento da empresa no longo prazo;
pessoas que inovam na empresa estabelecida, em todos os níveis hierárquicos.
Empreendedor público – são pessoas comprometidas com o objetivo, que não se deixam cair na
monotonia por estabilidade no emprego; pelo contrário, querem melhorar os serviços à população e
propõem maneiras de utilizar os recursos públicos com mais eficiência. Apesar do rótulo totalmente
oposto ao empreendedorismo, comumente atribuído aos funcionários públicos, na verdade, há muitos
empreendedores públicos que fazem a diferença e trabalham por um país mais justo e igualitário. Não
se pode confundir esse empreendedor com os políticos que utilizam o conceito do empreendedorismo
para autopromoção.
Negócio próprio – o típico dono do negócio próprio é o indivíduo que busca autonomia, que deseja ser
patrão e cria uma empresa estilo de vida, sem maiores pretensões de crescimento, para manter um
padrão de vida aceitável, que lhe atribua o status de pertencer à classe média: o problema é que o
negócio estilo de vida é de alto risco, já que há muitos concorrentes fazendo o mesmo que ele e
tentando conquistar os mesmos clientes; o empreendedor do negócio próprio que pensa grande
também arrisca, mas pode construir algo duradouro e que eventualmente muda o mundo, ou pelo
menos sua região, cidade, comunidade; o dono do negócio próprio que cria uma empresa pensando
em crescer pode inclusive se um franqueador, permitindo que outros empreendedores utilizem sua
marca e modelo de negócio em outras localidades, e, com isso, todos ganham.
O empreendedor do negócio próprio tem sido objeto dos estudos internacionais de pesquisadores que se
dedicam ao tema há várias décadas. Há tanto estudos relacionados com os processos, técnicas e métodos
de gestão de empregados pelos empreendedores quanto os que se dedicam a entender o perfil e as
características empreendedoras. A partir da década de 1980, a ênfase em entender o perfil do
empreendedor deixou de ser o foco dos pesquisadores internacionais, apesar de ainda despertar a
curiosidade de muitos pesquisadores brasileiros que se dedicam ao assunto.
Já os demais tipos de empreendedores começaram a ser discutidos e analisados mais recentemente, tanto
em nível internacional como nacional, quando o foco da atenção deixou de ser apenas o negócio próprio.
Isso porque o comportamento empreendedor pode ser desenvolvido e praticado em várias situações. O
empreendedor deve estar atento ao ambiente no qual está inserido para poder praticar suas habilidades
empreendedoras e aumentar suas chances de sucesso, seja qual for sua atividade profissional ou
organização à qual pertence.
Fonte:
Dornelas, José. Empreendedorismo: fazendo acontecer. Livro do aluno. Ensino Médio. V.1. São Paulo:
Empreende, 2020.p. 7-33.
Victor Felipe. Franquias de sucesso: conheça as maiores franquias do mundo. Site: Codificar. Publicada em:
2 set. 2021. Disponível em: <codificar.com.br/franquias-de-sucesso/>. Acessado em: 23 fev. 2022.
Sites recomendados:
Empresa Júnior – UFABC jr.: https://ufabcjr.com.br/o-que-e-o-empreendedorismo/
Setor 2,5 (dois e meio) – Ink: https://inkinspira.com.br/
Vídeos recomendados:
O empreendedor por José Dornelas – Jose Dornelas Grup Gen:
https://www.youtube.com/watch?v=5TUAT8xphhY