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9º ano
novembro de 2023
Para responderes aos itens sobre o Texto A, ouve a gravação e segue as instruções.
Texto A
Áudio
B. Autores associados
C. Cidade em destaque
D. Viagens marcantes
E. Obra referida
2. Assinala com X, nos itens 2.1. a 2.3., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.
2.1. Cristina Siza Vieira considera Eça o seu escritor de eleição, ainda que
Texto B
Lê o Texto B.
Hoje, e ao invés do que se pensava até ao século passado, sabemos que as emoções
não são «tontas». Pelo contrário, funcionam como guias nesta aventura que é cada um dos
nossos dias. O medo, o prazer ou a repulsa podem dar-nos pistas importantes sobre a decisão
a tomar, de modo a termos mais hipóteses, não apenas de sobreviver, mas de viver bem, o
5 mais felizes que conseguirmos. […]
O que acontece à nossa volta provoca reações dentro de nós. As emoções são
manifestações disso mesmo. Para além disso, geram pensamentos que nos ajudam a
compreender o mundo e a nós próprios e que nos dizem «avança» ou «recua», em relação
ao que vamos encontrando pelo caminho. Em geral, se o que encontramos nos faz sentir
10 prazer ou alegria, avançamos; se, pelo contrário, nos faz sentir dor ou aversão, recuamos.
Já todos sentimos espanto, alegria ou vergonha. Quando dizemos «sentir» é mesmo
sentido. Porque as emoções não são coisas abstratas, mas algo muito concreto que se pode
ver na cara e no corpo dos outros e que sentimos no nosso. Por exemplo, o medo e a fúria
aceleram o coração e a respiração, podem mudar a cor da nossa cara («fiquei branco de
15 medo»; «fiquei vermelho de raiva»), fazer transpirar as mãos ou alterar a nossa expressão
facial drasticamente.
Dentro do cérebro, onde estão as emoções?
Sabe-se que determinadas regiões do cérebro estão associadas a algumas emoções: por
exemplo, a amígdala fica mais ativa quando sentimos medo; uma região chamada ínsula
20 participa nas emoções relacionadas com repugnância; ou uma área conhecida por nucleus
accumbens é ativada pela alegria. Mas também no caso das emoções se tem vindo a perceber
que o cérebro funciona como um todo, com vários sistemas interligados a agirem ao mesmo
tempo.
«Alegria» e «felicidade» são palavras que ouvimos por toda a parte. Na televisão, nas
25 revistas, nos livros, por todo lado se dão receitas para sermos mais felizes. Mas porquê? Será
a felicidade assim tão importante? A resposta é SIM!, assim com maiúsculas.
A felicidade é o motor que nos mantém vivos, motivados, confiantes, enérgicos e
saudáveis. Só vantagens.
É por isso que o nosso cérebro vem equipado com um sistema que persegue a alegria e
30 o bem-estar. Porquê? Porque, normalmente, estas emoções fazem-nos tomar decisões
acertadas e contribuem para sermos mais saudáveis.
Isabel Minhós, Maria Manuel Pedrosa e Madalena Matoso, Cá Dentro, Planeta Tangerina, 2017
[Texto com supressões].
4. Assinala com X, nos itens 4.1. a 4.3., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.
4.1. Na expressão «que sentimos no nosso» (linha 13), o pronome «que» refere-se a
Texto C
Os três irmãos de Medranhos, Rui, Guanes e Rostabal, eram então em todo o reino das Astúrias os
fidalgos mais famintos e os mais remendados.
Nos Paços de Medranhos, a que o vento da serra levava vidraça e telha, passavam eles as tardes desse
inverno engelhados nos seus pelotes de camelão1, batendo as solas rotas sobre as lajes da cozinha, diante
5 da vasta lareira negra, onde desde muito não estalava lume nem fervia a panela de ferro. Ao escurecer
devoravam uma côdea de pão negro, esfregada com alho. Depois, sem candeia, através do pátio, fendendo
a neve, iam dormir à estrebaria, para aproveitar o calor das três éguas lazarentas 2 que, esfaimadas como
eles, roíam as traves da manjedoura. E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos.
Ora, na primavera, por uma silenciosa manhã de domingo, andando todos três na mata de Roquelanes
10 a espiar pegadas de caça e a apanhar tortulhos3 entre os robles4, enquanto as três éguas pastavam a relva
nova de abril, – os irmãos de Medranhos encontraram, por trás de uma moita de espinheiros, numa cova
de rocha, um velho cofre de ferro. Como se o resguardasse uma torre segura, conservava as suas três
chaves nas suas três fechaduras. Sobre a tampa, mal decifrável através da ferrugem, corria um dístico em
letras árabes. E dentro, até às bordas, estava cheio de dobrões de ouro!
15 No terror e esplendor da emoção os três senhores ficaram mais lívidos 5 do que círios6. Depois,
mergulhando furiosamente as mãos no ouro, estalaram a rir, num riso de tão larga rajada que as folhas
tenras dos olmos em roda tremiam... E de novo recuaram, bruscamente se encararam, com os olhos a
flamejar, numa desconfiança tão desabrida7 que Guanes e Rostabal apalpavam nos cintos os cabos das
grandes facas. Então Rui, que era gordo e ruivo, e o mais avisado, ergueu os braços, como um árbitro, e
20 começou por decidir que o tesouro, ou viesse de Deus ou do Demónio, pertencia aos três, e entre eles se
repartiria, rigidamente, pesando-se o ouro em balanças. Mas como poderiam carregar para Medranhos,
para os cimos da Serra, aquele cofre tão cheio? Nem convinha que saíssem da mata com o seu bem, antes
de cerrar a escuridão. Por isso ele entendia que o Mano Guanes, como mais leve, devia trotar para a vila
vizinha de Retortilho, levando já ouro na bolsilha, a comprar três alforges 8 de couro, três maquias de
25 cevada, três empadões de carne e três botelhas de vinho. Vinho e carne eram para eles, que não comiam
desde a véspera, a cevada era para as éguas. E assim refeitos, senhores e cavalgaduras, ensacariam o ouro
nos alforges e subiriam para Medranhos, sob a segurança da noite sem lua.
– Bem tramado! gritou Rostabal, homem mais alto que um pinheiro, de longa guedelha9, e com uma
barba que lhe caía desde os olhos raiados de sangue até à fivela do cinturão.
30 Mas Guanes não se arredava10 do cofre, enrugado, desconfiado, puxando entre os dedos a pele negra
do seu pescoço de grou11. Por fim, brutalmente:
– Manos! O cofre tem três chaves… Eu quero fechar a minha fechadura e levar a minha chave!
– Também eu quero a minha, mil raios! – rugiu logo Rostabal.
Rui sorriu. Decerto, decerto! A cada dono do ouro cabia uma das chaves que o guardavam. E cada um
35 em silêncio, agachado ante o cofre, cerrou12 a sua fechadura com força. Imediatamente Guanes,
desanuviado, saltou na égua, meteu pela vereda de olmos13, a caminho de Retortilho.
Eça de Queirós, «O Tesouro», in Contos, Edições Livros do Brasil, pp. 99-101.
Ficha Formativa de Português | 9.º ano| novembro 2023
Ficha formativa
9º ano
novembro de 2023
NOTAS
1 pelotes de camelão – peças de vestuário feitas com lã ou pelo de cabra. 2 lazarentas – esfomeadas. 3 tortulhos – espécie de cogumelos.
4 robles – carvalhos. 5 lívidos – descorados, pálidos. 6 círios – grandes velas de cera. 7 desabrida – violenta. 8 alforges – sacos. 9 guedelha –
cabelo. 10 arredava – afastava. 11 grou – ave de grande porte. 12 cerrou – fechou. 13 vereda de olmos – caminho de árvores de grande porte.
5. Tendo em conta o conteúdo dos dois primeiros parágrafos, classifica o narrador quanto à presença e
posição, justificando a resposta com excertos textuais significativos.
ri
6. «Os três irmãos de Medranhos, Rui, Guanes e Rostabal, eram então em todo o reino das Astúrias os
fidalgos mais famintos e os mais remendados.» (linhas 1 e 2)
Refere, por palavras tuas, dois aspetos que comprovem a informação presente no primeiro parágrafo.
7. Assinala com X, nos itens 7.1. a 7.3., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.
7.1. A comparação «E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos.» (linha 8) apresenta
7.2. Os adjetivos «silenciosa» (linha 9) e «segura» (linha 12) desempenham a função sintática de
7.3. Seleciona o único segmento textual em que a palavra «a» é uma preposição.
«…os irmãos de Medranhos encontraram, por trás de uma moita de espinheiros, numa cova de rocha,
um velho cofre de ferro.» (linhas 11-12)
9. Comenta a expressividade do uso dos advérbios com valor de modo «furiosamente» (linha 16) e
«bruscamente» (linha 17).
10. Assinala com X, nos itens 10.1. e 10.2., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.
10.1. Na linha 19, em «Então Rui, que era gordo e ruivo, e o mais avisado, ergueu os braços…», a palavra
«que» introduz uma oração subordinada
C. substantiva completiva.
D. adverbial consecutiva.
10.2. De acordo com a questão colocada nas linhas 21 e 22, pode concluir-se que
11. Atenta no segmento textual «E assim refeitos, senhores e cavalgaduras, ensacariam o ouro nos
alforges […]» (linhas 26 e 27).
11.1. Reescreve a frase, substituindo a expressão destacada pelo pronome pessoal correspondente.
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Texto D
Lê o Texto D e as notas.
Desses inimigos o mais temeroso era seu tio, irmão bastardo do rei, homem depravado e
bravio, consumido de cobiças grosseiras, desejando só a realeza por causa dos seus tesouros, e
que havia anos vivia num castelo sobre os montes, com uma horda 1 de rebeldes, à maneira de
um lobo que, de atalaia2 no seu fojo3, espera a presa. Ai! a presa agora era aquela criancinha,
5 rei de mama, senhor de tantas províncias, e que dormia no seu berço com seu guizo de ouro
fechado na mão!
Eça de Queirós, «A aia», Contos, Porto Editora
NOTAS
1 horda – bando indisciplinado.
14. «Para uns, a ambição está na origem de todas as conquistas humanas; para outros, a ambição é a
causa de muitos dos problemas da humanidade.
Será que a ambição tem o seu lugar numa sociedade progressista?»
https://escsmagazine.escs.ipl.pt/ambicao-a-bem-ou-a-mal/
(consultado em 5/11/2022)
Escreve um texto de opinião bem estruturado, em que defendas o teu ponto de vista sobre as
diferentes vertentes da ambição.
O teu texto, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras, deve integrar:
– a indicação do teu ponto de vista;
– a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem o teu ponto de vista;
– uma conclusão adequada.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando
esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente do número de algarismos que o constituam (exemplo: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de extensão
implica uma desvalorização parcial de até dois pontos; – um texto com extensão inferior a 55 palavras é classificado com 0
(zero) pontos