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1- O ensino bíblico sobre a lei civil: As leis civis são aquelas que
regulamentam a vida dos cidadãos entre si, dentro de uma
comunidade (nação, Estado). Estas leis dizem quais são os direitos e
quais são os deveres dos cidadãos, em diversas áreas da sua vida
cotidiana. O aspecto civil da lei de Deus trata justamente disso. O povo
de Israel, como nação, não podia fazer o que bem queria, quando
queria e da forma que queria. Havia leis que regulamentavam e
legislavam sobre a conduta dos israelitas nas diversas situações do seu
dia a dia. Essas leis foram dadas pelo próprio Deus e eram, de fato,
muito necessárias. As leis civis foram estabelecidas num momento que
Israel começava a se estruturar como nação. Depois de viver muito
tempo no Egito, como escravo, debaixo de um regime opressor, por
uma intervenção sobrenatural de Deus, o povo conseguiu a sua
libertação. De lá, saíram 600 mil homens, fora mulheres e crianças (Êx
12:37). Todo esse povo começou a caminhar rumo á terra prometida
por Deus. Desse momento em diante precisaria conviver e habitar em
comunidade. Para isso, foram necessárias leis próprias para essa
convivência. A lei civil foi fundamental nesse contexto. Foi o principal
meio usado por Deus para a organização da sociedade hebraica. Como
cidadãos de uma sociedade teocrática, isto é, uma sociedade
governada por Deus, os israelitas receberam dele a definição de seus
direitos e deveres. Aqui, chegamos a um ponto importante: a lei civil
não é lei de Moisés, mas de Deus. Foi dada pelo altíssimo ao seu povo.
A bíblia diz, por ocasião da criação das leis civis: Estes são os estatutos
que proclamarás a eles (Ex 21:1). Moisés serviu apenas como
proclamador da lei. Em Deuteronômio, quando relembra as diversas
leis ao povo, de novo, Moisés diz serem estas leis do Senhor (Dt 11:26-
28). As leis civis abrangiam questões relativas ao tratamento dos
escravos (Ex 21:1-11); á violência e os acidentes (21:12-32); ao direito
de propriedade (Ex 21:33-22:15): ás responsabilidades sociais com o
estrangeiro, com o órfão e com a viúva (Ex 22:13-31); ao falso
testemunho e á injustiça (Ex 23:1-19), e ao descanso da terra (Ex 23:10-
11). Além dessas, havia leis relativas ás guerras (Dt 20); ao fugitivo,
prostituta, juros e votos (Dt 24:1-9); aos empréstimos (Dt 24:10-13),
enfim, a lista é ampla. Existem outras leis civis, não mencionadas aqui.
Quando estudamos sobre essa categoria de leis, não há como não
notarmos o quanto Deus sempre se preocupou com o seu povo, em
todos os sentidos de sua existência. A obediência ás leis civis garantiria
boa convivência entre as pessoas, levando-as a viver de forma mais
justa e com consciência dos seus direitos e deveres. Cada uma dessas
ordenanças reflete a justiça de Deus. De alguma forma, todas são
fundamentadas nos dez mandamentos, a lei moral de Deus, pois
existem princípios morais envolvidos em casa um destes preceitos da
lei moral. Todavia, precisamos levar em conta que há uma distinção
entre a aplicação da lei moral, naquele contexto (leis civis), e a lei
moral em si. As leis civis apresentas na Bíblia são aplicações da lei
moral á sociedade israelita.Então, por isso, podemos afirmar que a “lei
moral permanece, a aplicação dada a ela na sociedade israelita, não?”.
As penalidades aos diversos crimes, as leis sobre a propriedade e a
escravidão, enfim, as diversas leis civis pertecem á sociedade civil de
Israel, dentro daquele contexto. Apesar de concordarmos que elas são
um modelo para o uso civil, para o bom governo e a paz, que podemos
aprender muitos princípios estudando-as, entendemos que as leis civis
não têm mais caráter normativo para o povo de Deus. Suas pernas e
prescrições não devem ser aplicadas literalmente nas sociedades
modernas.
2- O Ensino Bíblico sobre a lei ritual: Se, por um lado, as leis civis
regiam a forma com que os israelitas deveriam comportar-se diante da
sociedade, por outro, as leis rituais (ou cerimoniais) mostravam como
eles deveriam se apresentar diante do Senhor. Elas regulamentavam a
adoração de Israel a favoreciam meios para que o pecado pudesse ser
perdoado por Deus, através do sacerdócio e do sacrifico de animais. As
leis rituais descreviam a maneira pela qual as cerimônias e os sacrifícios
deveriam ser preparados e oferecidos ao Senhor. Cuidavam mais da
exterioridade da vida religiosa, apresentando as formas exteriores
pelas quais os servos de Deus, daquele tempo, poderiam expressar sua
fé. Podemos encontrar as leis rituais nos livros de Êxodo,
Deuteronômio e, principalmente, no livro de Levítico, que é um manual
de cerimônias, regras e deveres sacerdotais, que visava instruir a
comunidade israelita a respeito da adoração e da vida santa perante
Deus. As leis rituais tratam de questões relacionadas a cerimônias,
sacrifícios e festividades. Podemos citar como exemplos a lei do altar
(Êx 20:22-26); as festas anuais (Êx 23:14-19); as cerimônias para
consagração dos sacerdotes (Êx 29:1-30); os sacrifícios pelos pecados (
Lv 4:1-6:7); a circuncisão (Lg 12:2); o dia da expiação (Lv 16:1-10).
Apesar de serem chamadas de “leis de Moisés”, em algumas passagens
bíblicas (Js 8:31; E 3:2), as leis rituais foram dadas pelo próprio Deus. A
exemplo do que ocorreu na lei civil, Moisés serviu apenas como um
proclamador da lei cerimonial. Ele não inventou as ordenanças; estás
se originaram em Deus (Êx 20:22;25:1). “O Senhor disse a Moisés” é
uma expressão que se repete mais de 25 vezes, em Levítico, livro em
que a maioria das leis cerimoniais é apresentada. Deus apresentou
esses preceitos á nação israelita, com o fim de guiá-las em sua fé no
Messias. Essas leis Apontavam para a vinda do Messias. Os rituais eram
didáticos e serviam como ilustração e alicerce para a compreensão
daquilo que Jesus viria a realizar. Os sacerdotes eram os responsáveis
por desempenhá-los e estavam aptos para explicar o que cada um dos
sacrifícios significava. Princípios como o da santidade de Deus, da
pecaminosidade do ser humano, da morte exploratória, devido á
transgressão atuais. Todavia, por serem tipológicos por natureza,
cercados de símbolos e sinais que ficavam a obra do Messias, esses
rituais tiveram fim com a vinda de Cristo. Com o sacrifico de Jesus, as
leis rituais perderam a sua validade, deixaram de ser obrigatórias para
o povo da nova aliança. Parece-nos que muitos autores do Antigo
Testamento sabiam que as leis rituais ou cerimoniais apontavam para
uma realidade maior (Cf. S1 51:16-19; Os 6:617; Is 1:11; Jr 7:22-23; Mq
6:6-8). No Novo Testamento, elas são chamadas de “sombras” (CI 2:17;
Hb 8:5; 10:1). Uma sombra é uma imagem projetada por um objeto e
representa a forma daquele objeto. A lei ritual era uma sombra da
realidade espiritual, revelada e cumprida em Cristo, na sua vinda (Hb
9:9-12). Por essa razão, o ensino do Novo Testamento sobre elas é
claro: não são mais obrigatórias para a igreja. Essa verdade pode ser
vista em Efésios, em que lemos que, em seu corpo, Jesus desfez a
inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças (Ef
2:14-15 – grifo nosso). A lei mencionada aqui é a dos rituais. A
fraseologia “mandamentos contidos em ordenanças” aponta nesse
sentido. De acordo com esse texto, Jesus “desfez” essas
regulamentações. A palavra “desfez” é s tradução do verbo grego
ratargésas, que significa “revogar”, “tornar sem efeito”, “anular”,
“abolir”. Essas ordenanças cerimoniais criaram um muro divisório entre
judeus e gentios; por isso, Jesus as anulou. Ademais, elas já tinham
cumprido o seu propósito. De igual modo, Colossenses 2:14 diz que
Cristo cancelou a escrita da dívida que consistia em ordenanças.
“Ordenanças”, nesse versículo, faz referência, novamente, ás
regulamentações de natureza cerimonial (rituais de culto). Novamente,
somos informados de que Cristo as cancelou, apagou, extinguiu. É
importante ressaltarmos que, apesar de as leis cerimoniais terem sido
abolidas, isso não significa que não têm nenhum valor para os crentes.
Seu uso foi abolido, mas, como tais leis apontavam para Cristo, retêm
importância como uma ferramenta de ensino para melhor entender a
sua obra.
B. Por que era necessária a lei civil? Esta lei continua valendo para os
tempos atuais?