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LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E

ADMINISTRAÇÃO

CONTABILIDADE FINANCEIRA
Docentes:
Ana Catarina Kaizeler
Domingos Cascais :
Eduardo Rêgo
Maria Julieta Azevedo
Rui Domingos
Tânia Jesus

ANO LETIVO 2023/2024


IMPARIDADE DE DÍVIDAS A RECEBER
LEITURA RECOMENDADA
AGENDA – CURSO DE CONTABILIDADE FINANCEIRA
“SNC CASOS PRÁTICOS E EXERCÍCIOS RESOLVIDOS”
4ª Edição, ATF Edições Técnicas: Págs 521-532
Almeida, Rui; Dias, Ana I.; Albuquerque, Fábio; Carvalho, Fernando;
Pinheiro, Pedro, (2021)
“CONTABILIDADE FINANCEIRA EXPLICADA”
4ªEdição, Vida Económica: Págs 890-909
Gonçalves, Cristina; Santos, Dolores; Rodrigo, José; Fernandes,
Sant’ana (2020)
“ELEMENTOS DE CONTABILIDADE GERAL”
27ª Edição, Áreas Editora:
Borges, António; Rodrigues, José Azevedo; Rodrigues, Rogério
(2021) 3
INDICE

Normativo aplicável
Definição
Mensuração
Reversões

Informações complementares

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INVENTÁRIOS

Normativo Aplicável

NCRF 27
Instrumentos Financeiros

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IMPARIDADE DE DIVIDAS A RECEBER

As dívidas de terceiros, correm riscos de recuperação. Assim quando a


sua recuperação se torne duvidosa deve acautelar-se esse risco
reconhecendo em gastos do exercício a provável perda, denominada
Perda por Imparidade.
Existe evidência objetiva de imparidade sob um ativo ou um grupo de
ativos financeiros quando exista:
▪ significativa dificuldade financeira
▪ quebra contratual
▪ probabilidade de insolvência ou outra reorganização financeira
▪ alterações significativas com efeitos adversos no ambiente
tecnológico, mercado, económico ou legal
(NCRF 27 §25 e §26)

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IMPARIDADE DE DIVIDAS A RECEBER

Mensuração (de imparidade):


A perda por imparidade é a diferença entre a quantia escriturada e o valor
presente dos fluxos de caixa estimados, descontados à taxa de juro
original efetiva do ativo financeiro (ativos financeiros mensurados ao custo
amortizado) ou descontados à taxa de retorno de mercado corrente (ativos
financeiros mensurados ao custo).

Reversão
Se, num período subsequente, a quantia de perda por imparidade diminuir,
após o reconhecimento da imparidade como por exemplo, a melhoria de
notação de risco do devedor, a entidade deve reverter a imparidade
anteriormente reconhecida.
A reversão não poderá exceder o custo amortizado, caso a perda de
imparidade não tivesse sido reconhecida

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IMPARIDADE DE CLIENTES

No caso das dívidas a receber relacionadas com operações com clientes,


a conta de gastos a debitar é a «6511 Perdas por imparidade - Em
dividas a receber – Clientes»

por contrapartida da

Conta «219 Clientes - Perdas por imparidade acumuladas»

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IMPARIDADE DE OUTROS CRÉDITOS A RECEBER

No caso das dívidas de difícil cobrança que não resultem de operações com
clientes, a conta de gastos a reconhecer a perda por imparidade é a conta «6512
Perdas por imparidade - Em dividas a receber - Outros devedores»,

por contrapartida

 Da(s) conta(s):
 «229 Fornecedores - Perdas por imparidade acumuladas»; ou
 «239 Pessoal - Perdas por imparidade acumuladas»; ou
 «269 Acionistas (sócios) - Perdas por imparidade acumuladas»; ou
 «279 Outras contas a receber o a pagar - Perdas por imparidade
acumuladas», respetivamente.

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IMPARIDADE DE DIVIDAS A RECEBER | REVERSÃO

Há uma reversão da imparidade anteriormente registada quando:


 Deixar de se verificar o motivo que originou a perda por imparidade
 A dívida foi recebida
 A dívida foi considerada incobrável
As contas da classe «2x9 – Contas a receber e a pagar» que registavam a
perda por imparidade, devem ser anuladas.

A anulação da conta de perdas por imparidade acumuladas, é feita:


- por crédito na conta «76211 Reversões - De perdas por imparidade – Em
dívidas a receber - Clientes», caso se trate de dívidas de clientes
e
- por crédito da conta «76212 Reversões - De perdas por imparidade – Em
dívidas a receber - Outros devedores», no caso de outros devedores que não
clientes.
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IMPARIDADE DE DIVIDAS A RECEBER

Reconhecimento de perdas de imparidade por dívidas de clientes:

Reversão da perda por imparidade:


‘a) Se a reversão se verificar em exercício subsequente ao do reconhecimento da perda:
Dd Cliente x 219x X
Dd Reversão de perda por imparidade 76211 X

‘b) No caso da reversão se verificar no mesmo exercício em que foi reconhecida a perda:
Dd Cliente x 219x X
Dd Reversão da perda por imparidade 6511 X

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IMPARIDADE DE DIVIDAS A RECEBER

As perdas por imparidade acumuladas reduzem o valor do Ativo, pelo


que no Balanço devem aparecer imediatamente na linha da rúbrica a
que estão a ajustar, mas com sinal negativo.
BALANÇO EM XX DE YYYYYYY DE 20NN UNIDADE MONETÁRIA (1)
NOTAS
RUBRICAS
XX YY N XX YY N-1
ATIVO

Ativo não corrente


Activos fixos tangíveis
Activos intangíveis
Investimentos financeiros
Créditos e outros ativos não correntes

Ativo Corrente
Inventários Clientes
Clientes
Estados e outros entes públicos
deduzidos de
Capital subscrito e não realizado imparidade
Outros créditos a receber
Diferimentos
Outros ativos correntes
Caixa e depósitos bancários

Total do ativo 12
APRESENTAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

Entidade:
DEMONSTRAÇÃO (INDIVIDUAL ou CONSOLIDADA) DOS RESULTADOS POR NATUREZAS
PERÍODO FINDO EM XX DE YYYYYYYY DE 20NN Valores em Euros
PERÍODOS
RENDIMENTOS E GASTOS NOTAS
N N-1

Vendas e serviços prestados + +


Subsídios à exploração + +
Ganhos / perdas imputados de subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos _+ / - _+ / -
Variação nos inventários da produção _+ / - _+ / -
Trabalhos para a própria entidade + +
Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas
Fornecimentos e serviços externos Aumento de Imparidades
-
-
-
-

Dívidas a receber (-)


Gastos com o pessoal - -
Imparidade de inventários (perdas / reversões) _- / + _- / +
Imparidades de dívidas a receber (perdas / reversões) _- / + _- / +
Provisões (aumentos/reduções)
Imparidade de investimentos não depreciáveis / amortizáveis (perdas / reversões)
Reversão de imparidades de
_- / +
_- / +
_- / +
_- / +
Aumentos / reduções de justo valor
Outros rendimentos
Dívidas a receber (+)
_+ / -
+
_+ / -
+
Outros gastos - -

Resultado antes de depreciações, gastos de finaciamentos e impostos = =

Gastos / reversões de depreciação e de amortização _- / + _- / +


Imparidade de investimentos depreciáveis (perdas / reversões) _- / + _- / +

Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) = =

Juros e rendimentos similares obtidos + +


Juros e gastos similiares suportados - -

Resultado antes de impostos = =

Imposto sobre o rendimento do período

Resultado líquido do período = =

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IMPARIDADE DE DIVIDAS A RECEBER

Desreconhecimento (anulação) de dívida a receber

Hipótese 1:
Se a dívida a receber foi anteriormente considerada em situação de
imparidade e reconhecida numa das seguintes contas: «219, 229, 239, 269
a 279 - Perdas por imparidade acumuladas», o desreconhecimento
(anulação) da dívida é feito por contrapartida das correspondente conta da
classe 2, que contém o débito do reconhecimento inicial da dívida (conferir
notas de enquadramento das contas referidas)

Exemplo: Anulação de dívida em situação de imparidade registada:


Data Operação (Histórico) Conta Valor
Débito Crédito
Dd Dívida em situação de imparidade 2x9.. X
Dd Conta do reconhecimento inicial da dívida 2xy X

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IMPARIDADE DE DIVIDAS A RECEBER

Desreconhecimento (anulação) de dívida a receber


 Hipótese 2: Se a dívida a receber não foi anteriormente
considerada em situação de imparidade, o desreconhecimento
(anulação) é feito por débito da conta de gastos, «683 Outros
gastos e perdas - Dividas incobráveis», por contrapartida da
correspondente conta da classe «2 – Contas a receber e a
pagar». (Conferir nota de enquadramento da conta 683)
 Exemplo : Anulação de dívida incobrável

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IMPARIDADE DE DIVIDAS A RECEBER

Recuperação de dívida a receber anteriormente anulada

A contabilização dos valores recebidos relativos a dívidas que já


tenham sido anuladas (reconhecidas em gastos em exercícios
anteriores) é feita por crédito na conta «783 Outros rendimentos o
ganhos - Recuperação de dívidas a receber» e por débito de meios
financeiros líquidos, Caixa ou Depósitos à ordem.

Porém, no caso do recebimento da dívida anulada acontecer no


mesmo exercício contabilístico em que ocorreu a anulação da dívida,
ou no mesmo exercício em que ela foi considerada em situação de
imparidade, a conta a creditar será a mesma da anulação, ou seja, a
conta «683 Outros gastos e perdas - Dividas incobráveis», ou a
conta «6511x Perdas por imparidade - Em dividas a receber – de
…….»
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IMPARIDADE DE DIVIDAS A RECEBER

Exemplo : Recuperação de dívida anteriormente anulada:

Data Operação (Histórico) Conta Valor


Débito Crédito
Dd Recuperação de dívida anulada 11/ 12x X
Dd Recuperação de dívida anulada 783/ 651 ou 683 X

Nota: credita-se a conta 651 ou 683 apenas e quando a anulação da divida tenha sido registada no mesmo
período

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DIVIDAS INCOBRÁVEIS

Desreconhecimento (anulação) de dívida a receber

Se a dívida a receber não foi anteriormente considerada em situação


de imparidade, a anulação é feita por débito da conta de gastos, «683
Outros gastos e perdas - Dividas incobráveis», por contrapartida da
correspondente conta da classe «2 – Contas a receber e a pagar».
(Conferir nota de enquadramento da conta 683)

Data Operação (Histórico) Conta Valor


Débito Crédito
Dd Dívida incobrável 683 X
Dd Conta do reconhecimento inicial da dívida 2xy X

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IMPARIDADES | DIVULGAÇÕES

O anexo 6 do modelo geral exige diversas divulgações sobre


imparidades de ativos no parágrafo 14:
14.1 – Para cada classe de ativos
14.2 - Por cada perda material (…) para um ativo individual (…)
14.3 – Parcela de goodwill adquirido (que não foi imputada a uma
unidade geradora de caixa(…)

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IMPARIDADE DE DÍVIDAS A RECEBER
APONTAMENTOS SOBRE ASPETOS DE
NATUREZA FISCAL
IMPARIDADES DIVIDAS A RECEBER

CIRC, Artigo 28º-A - Perdas por imparidade em dívidas a receber


1 – Podem ser deduzidas para efeitos fiscais as seguintes perdas por
imparidade, quando contabilizadas no mesmo período de tributação ou em
períodos de tributação anteriores:
a) as relacionadas com créditos resultantes da atividade normal, incluindo os
juros pelo atraso no cumprimento de obrigação, que, no fim do período de
tributação, possam ser considerados de cobrança duvidosa e sejam
evidenciados como tal na contabilidade.
b) as relativas a recibos por cobrar reconhecidas pelas empresas de seguros.

2 – (…) as perdas por imparidade e outras correções de valor para


risco específico de crédito, em títulos e em outras aplicações, contabilizadas
de acordo com as normas contabilísticas aplicáveis, no mesmo período de
tributação ou em períodos de tributação anteriores, pelas entidades sujeitas à
supervisão do Banco de Portugal (…)
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IMPARIDADES DIVIDAS A RECEBER

3 – As perdas por imparidade e outras correções de valor referidas nos


números anteriores que não devam subsistir, por deixarem de se verificar as
condições objetivas que as determinaram, consideram-se componentes
positivas do lucro tributável do respetivo período de tributação.

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IMPARIDADES DIVIDAS A RECEBER

CIRC, Artigo 28º-B - Perdas por imparidade em créditos


1 - Para efeitos da determinação das perdas por imparidade (…), consideram-
se créditos de cobrança duvidosa aqueles em que o risco de incobrabilidade
esteja devidamente justificado, o que se verifica nos seguintes casos:

a) O devedor tenha pendente processo de execução, processo de


insolvência, processo especial de revitalização ou procedimento de
recuperação de empresas por via extrajudicial (…)

b) b) Os créditos tenham sido reclamados judicialmente ou em tribunal


arbitral

c) c) Os créditos estejam em mora há mais de seis meses desde a data do


respetivo vencimento e existam provas objetivas de imparidade e de terem
sido efetuadas diligências para o seu recebimento.

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IMPARIDADES DIVIDAS A RECEBER

2 - O montante anual acumulado da perda por imparidade de créditos


referidos na alínea c) do número anterior não pode ser superior às seguintes
percentagens dos créditos em mora:

a) 25 % para créditos em mora há mais de 6 meses e até 12 meses;

b) 50 % para créditos em mora há mais de 12 meses e até 18 meses;

c) 75 % para créditos em mora há mais de 18 meses e até 24 meses;

d) 100 % para créditos em mora há mais de 24 meses.

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IMPARIDADES DIVIDAS A RECEBER

3 - Não são considerados de cobrança duvidosa:


a) Os créditos sobre o Estado, regiões autónomas e autarquias locais ou
aqueles em que estas entidades tenham prestado aval;

b) Os créditos cobertos por seguro, com exceção da importância


correspondente à percentagem de descoberto obrigatório, ou por qualquer
espécie de garantia real;

c) Os créditos sobre pessoas singulares ou coletivas que detenham, direta ou


indiretamente, nos termos do n.º 6 do artigo 69.º, mais de 10 % do capital da
empresa ou sobre membros dos seus órgãos sociais, salvo nos casos
previstos nas alíneas a) e b) do nº 1;

d) Os créditos sobre empresas participadas, direta ou indiretamente, nos


termos do n.º 6 do artigo 69.º, em mais de 10 % do capital, salvo nos casos
previstos nas alíneas a) e b) do nº 1.
25
IMPARIDADES DIVIDAS A RECEBER

e) os créditos entre empresas detidas, direta ou indiretamente, nos termos do


n.º 6 do artigo 69.º, em mais de 10% do capital pela mesma pessoa singular
ou coletiva, salvo nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1.

4 - As percentagens previstas no n.º 2 aplicam-se, igualmente, aos juros pelo


atraso no cumprimento das obrigações, em função da mora dos créditos a
que correspondam.

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CRÉDITOS INCOBRÁVEIS

CIRC, Artigo 41º- Créditos incobráveis


1 – Os créditos incobráveis podem ser diretamente considerados gastos ou
perdas do período de tributação, ainda que o respetivo reconhecimento
contabilístico já tenha ocorrido em períodos de tributação anteriores, em
qualquer das seguintes situações, desde que não tenha sido admitida perda
por imparidade ou esta se mostre insuficiente:
a) em processo de execução, após o registo a que se refere a alínea b) do
n.º 2 do artigo 717.º do Código de Processo Civil;

b) em processo de insolvência, quando a mesma for decretada de caráter


limitado ou quando for determinado o encerramento do processo por
insuficiência de bens, ao abrigo da alínea d) do n.º 1 do artigo 230.º e do
artigo 232.º, ambos do Código da Insolvência e da Recuperação de
Empresas, ou após a realização do rateio final, do qual resulte o não
pagamento definitivo do crédito;

27
CRÉDITOS INCOBRÁVEIS

c) em processo de insolvência ou em processo especial de revitalização,


quando seja proferida sentença de homologação do plano de insolvência ou
do plano de recuperação que preveja o não pagamento definitivo do
crédito;

e) no âmbito de litígios emergentes da prestação de serviços públicos


essenciais, após decisão arbitral;

f) nos termos do regime jurídico da prestação de serviços públicos


essenciais, os créditos se encontrem prescritos e o seu valor não
ultrapasse o montante de € 750;
g) quando for celebrado e depositado na Conservatória do Registo
Comercial acordo sujeito ao Regime Extrajudicial de Recuperação de
Empresas (RERE) que cumpra com o disposto no n.º 3 do artigo 27.º do
RERE e do qual resulte o não pagamento definitivo do crédito.

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DIVIDAS A RECEBER (RECUPERAÇÃO DO IVA)

CIVA, Artigo 78.º-A


Créditos de cobrança duvidosa ou incobráveis
– Regularização a favor do sujeito passivo

1 – Os sujeitos passivos podem deduzir o imposto respeitante a créditos


considerados de cobrança duvidosa, evidenciados como tal na
contabilidade, sem prejuízo do disposto no artigo 78.º-D, bem como o
respeitante a créditos considerados incobráveis. (…)

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