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Arte no Renascimento

A reinvenção das formas artísticas

Imitação e superação dos modelos da antiguidade


As manifestações artísticas dos séculos XV e XVI, espelham novas sensibilidades estéticas, baseadas na cultura clássica-
Classicismo- e na representação de elementos da natureza- naturalismo.

Classicismo:
Os artistas apreciavam, na antiguidade clássica, a harmonia das formas, a técnica, o rigor matemático e a racionalidade
das composições.

Esta admiração foi acompanhada pelo interesse arqueológico de Roma e pela ideia do coleccionismo privado.

A influência de antiguidade clássica está presente:

 Na utilização de elementos artísticos greco-romanos, como colunas, capitéis, cornijas, frontões, arcos, abóbodas
de berço, cúpulas e ordens arquitectónicas;
 Nos temas retratados: mitologia e história clássica;
 Na representação e na glorificação do corpo humano (o David de Donatello foi o primeiro nu desde o Império
Romano);
 Valorização da proporção, da simetria, da harmonia (David de Miguel Ângelo).

Naturalismo:
Os artistas admiravam a natureza, por isso a tentam transpor para a arte com grande sentido de realidade superando os
clássicos na representação de seres humanos, animais e paisagens.

Os artistas passam a assinar as suas obras como autênticos criadores. A arte assumiu uma categoria intelectual.

O naturalismo na pintura e na escultura

O naturalismo levou os pintores a dar mais realismo ao rosto humano. Surgem retratos e auto-retratos que exprimem
sentimentos e traços de personalidade, da anatomia, movimento do corpo, das vestes e de todo o tipo de paisagens.
Para isso recorreram a novas técnicas.

 Perspetiva, representação tridimensional numa superfície plana; foi usada com sucesso na pintura mas também
na escultura (Lorenzo Ghilberti, Portas do Paraíso, na qual os painéis se assemelham a quadros de três
dimensões e na Pietá de M. Ângelo);
 Pintura a óleo, da autoria de Jan van Eyck, que permite maior detalhe, gradação de cores, efeitos luz/sombra,
durabilidade e secagem mais rápida que a têmpera.
ESCULTURA
Recuperou a grandeza e a perfeição da Antiguidade Clássica e deixou de estar ligada à arquitectura como na Idade
Média. Ressurge a estátua equestre (Gattamelata, de Donatello ou Bartolomeo Clleoni de Verrochio). Recupera-se o nu,
as figuras mitológicas e bíblicas e os túmulos onde se exaltam as capacidades humanas.

Características da escultura renascentista:

1. Humanismo: na representação da figura humana (nu) e na exaltação das capacidades e feitos do ser humano
(estátua equestre e túmulos);
2. Naturalismo: no rigor anatómico (ossos, músculos), na expressão do rosto (reveladora de personalidade), na
espontaneidade e ondulação das figuras;
3. Equilíbrio: na preferência pela composição geométrica em pirâmide, sinal de racionalidade;
4. Perfeição técnica: em diversos materiais (mármore, pedra, madeira, terracota) e no domínio da perspetiva
executada em desenhos rigorosos para atingir os ideais de proporção e naturalismo no baixo- relevo e na
estatuária.

Principais escultores deste período:


 Lorenzo Ghilberti: Portas do Paraíso, Batistério de Florença;
 Donatello: David e Gattamelata-primeiro nu e primeira estátua equestre depois de Roma;
 Verrochio: estátua equestre de Bartolomeu Colleoni;
 Miguel Ângelo: Pietá (serenidade e equilíbrio); David (ressuscita o herói clássico); Moisés (onde é visível uma
explosão de cólera) e o escravo moribundo (contorções anatómicas).

PINTURA
Não se limitam a imitar as obras do período clássico. Miguel Ângelo e Leonardo da Vinci são considerados génios
artísticos devido à sua mestria técnica criatividade.

Os percursores deste período foram artistas como Giotto (séc. XIII/XIV), já dominava a pintura de paisagens, a recriação
de volumes e dos sentimentos.
Masaccio (séc. XV), seguidor de Giotto, trabalhou a tridimensionalidade e o realismo nas suas pinturas.
Jan van Eyck, desenvolveu a técnica da pintura a óleo, caracterizando as suas obras pelo naturalismo e luminosidade.

Características da pintura renascentista:

 Pintura a óleo;
 Perspetiva, estudada matematicamente pelos arquitectos Brunelleschi e Alberti e pelo pintor Piero della
Francesca, consiste na criação de uma ilusão de um espaço tridimensional através de duas maneiras:
perspetiva linear, espaço geométrico em que as linhas convergem para um ponto de fuga e as figuras mais
afastadas são representadas com menor dimensão. Perspetiva aérea, utilizada por Leonardo da Vinci, traduz-se
na utilização de gradação de luz ou esfumado que dá sensação de afastamento.
 Geometrização, utilização de formas geométricas para a composição das cenas. A mais utilizada é a pirâmide
triangular;
 Proporção e Simetria, os pintores queriam que as dimensões dos objectos figurados fossem proporcionais
entre si.
ARQUITETURA
Troca a tradição gótica pelo modelo Clássico. Prefere a planta centrada como o Panteão de Roma, a horizontalidade das
linhas em vez da verticalidade do gótico. O gosto pelas cúpulas inspiradas no panteão de Roma, o arco de volta perfeita
em vez do arco de cruzamento de ogivas e as abóbadas de berço em vez das de cruzaria ogival.

Verificou-se a matematização do espaço arquitectónico, tendo como objetivo final o equilíbrio e a harmonia.

A decoração dos edifícios é inspirada nas ordens arquitectónicas clássicas: dórica ou toscana, jónica e coríntia com
frontões, frescos nas paredes ou altos-relevos.

Características da arquitetura renascentista:

1. Proporção: relações proporcionais entre as várias partes do edifício, calculadas a partir de uma medida-padrão,
o módulo que se aplica à altura, largura e comprimento. Uma obra bem idealizada poderia ter a forma de um
cubo ou de um paralelepípedo;
2. Simetria: planta centrada, de forma circular ou derivada de um círculo, representava a perfeição divina.
Bramante projetou, com base na planta centrada o Tempietto de S. Pedro, em Roma. Simetria nas janelas e nas
portas, todas as distâncias eram calculadas entre si;
3. Perspetiva linear: conceber o edifício como uma pirâmide visual em que o olhar do observador converge para o
ponto de fuga;
4. Linhas e ângulos retos: horizontalidade dos edifícios;
5. Abóbadas de berço e de arestas;
6. Cúpula: comum em todas as igrejas renascentistas. A primeira foi construída por Bruneleschi, na catedral de St.ª
Mª das flores, em Florença. A mais famosa é a de Miguel Ângelo, na catedral do Vaticano
7. Arco de volta perfeita;
8. Sobriedade decorativa: às colunas das ordens arquitectónicas juntou-se a ordem colossal, devido às suas
dimensões elevadas. A decoração era simples, inspirada na cultura clássica com pinturas de frescos e baixos-
relevos nas paredes.

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