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1. Leia o texto abaixo. Ele confundiu você com outro. Ele também não
Grande Edgar - L. F. Verissimo tem a mínima ideia de quem você é. O melhor é acabar
Já deve ter acontecido com você. logo com isso. Aproveitar que ele está na defensiva.
– Não está se lembrando de mim? Olhar o relógio e fazer cara de “Já?!”.)
Você não está se lembrando dele. Procura, – Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?
freneticamente, em todas as fichas armazenadas na – Certo, Edgar. E desculpe, hein? [...]
memória o rosto dele e o nome correspondente, e não Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer
encontra. [...] “Grande Edgar”. Mas jura que é a última vez que fará isso.
Neste ponto, você tem uma escolha. Há três Na próxima vez que alguém lhe perguntar “Você está
caminhos a seguir. me reconhecendo?” não dirá nem não. Sairá correndo.
Um, curto, grosso e sincero.
– Não. [...] 01 De acordo com esse texto, o narrador diz que
O “Não” seco pode até insinuar uma reprimenda à conhece o interlocutor, porque
pergunta. Não se faz uma pergunta assim, (A) sente-se esquecido
potencialmente embaraçosa, a ninguém, meu caro. [...] (B) não quer magoá-lo
Você deveria ter vergonha. [...] Outro caminho, menos (C) não quer prolongar a conversa
honesto, mas igualmente razoável, é o da (D) está atrasado para um compromisso
dissimulação.
– Não me diga. Você é o... o... 2. No trecho “Você é o... o...”, o uso das reticências
“Não me diga”, no caso, quer dizer “Me diga, me expressa
diga”. [...]. Ou você pode dizer algo como: (A) dúvida
– Desculpe, deve ser a velhice, mas... (B) suspense
Este também é um apelo à piedade. Significa “não (C) confusão
tortura um pobre desmemoriado, diga logo quem você (D) continuidade
é!”. [...]
E há um terceiro caminho. O menos racional e
3. Sobre o fato de o narrador afirmar ao interlocutor
recomendável. O que leva à tragédia e à ruína. E o
que lembrava-se dele, há uma opinião em
que, naturalmente, você escolhe.
(A) “Um, curto, grosso e sincero”.
– Claro que estou me lembrando de você!
(B) “Outro caminho, menos honesto, mas igualmente
Você não quer magoá-lo, é isso! Há provas
razoável”.
estatísticas de que o desejo de não magoar os outros
(C) “não tortura um pobre desmemoriado, diga logo
está na origem da maioria dos desastres sociais, mas
quem você é!”.
você não quer que ele pense que passou pela sua vida
(D) “É um lance arriscado, mas nesses momentos
sem deixar um vestígio sequer. [...] Você ainda
deve-se ser audacioso”.
arremata:
– Há quanto tempo! [...]
Leia o texto, com atenção!
Quem será esse cara meu Deus? Enquanto
resgata caixotes com fichas antigas no meio da poeira
e das teias de aranha do fundo do cérebro, [...].
Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses
momentos deve-se ser audacioso.
– Cê tem visto alguém da velha turma?
– Só o Pontes.
– Velho Pontes! ([...] Pelo menos agora tem um
nome com o qual trabalhar.
Uma segunda ficha para localizar no sótão.
Pontes, Pontes...) [...]
– Sabe que a Ritinha casou? [...] 4. O texto tem o objetivo de
– Com quem? (A) descrever uma atitude incorreta
– Acho que você não conheceu. O Bituca. (Você (B) criticar a agressividade das pessoas
abandonou todos os escrúpulos. [...] Como que não (C) incentivar uma mudança de atitude
conhece o Bituca?) (D) apresentar uma atitude exemplar
– Claro que conheci! Velho Bituca...
– Pois casaram.
Leia o texto abaixo, de Marina Colasanti:
É a sua chance. É a saída. Você passou ao
ataque. PARA QUE NINGUÉM A QUISESSE
– E não avisou nada? [...] Porque os homens olhavam demais para a sua
– Desculpe, Edgar. É que... mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e
– Não desculpo não. [...] (Edgar. Ele chamou você parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza
de Edgar. Você não se chama Edgar. chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que
eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de envenenada. Surpresos, nós, os moradores da rua,
saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da que tínhamos na árvore um verdadeiro símbolo,
gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, começamos a nos lembrar de uma vizinha de meia-
um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, idade que todas as manhãs estava ao pé da árvore
pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos. com um regador. Cheios de suspeitas, fomos até ela,
Agora podia viver descansado. Ninguém a indagamos, e ela respondeu com calma, os olhos
olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por brilhando, agressivos e irritados:
ela. Esquiva como um gato, não mais atravessava — Matei mesmo essa maldita árvore.
praças. E evitava sair. — Por quê?
Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de — Porque na época da flor ela sujava minha
ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio calçada, eu vivia varrendo essas flores desgraçadas.
pelos cômodos, mimetizada com os móveis e as
sombras. 9. Identifique, no texto, o clímax da narrativa.
Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar- (A) a senhora matou a árvore por motivo fútil
se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do (B) o técnico concluiu que a árvore fora envenenada
desejo inflamado que tivera por ela. (C) os vizinhos foram atrás de uma senhora suspeita
Então lhe trouxe um batom. No outro dia um de envenenar a árvore
corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de cetim (D) o narrador percebeu que a árvore, que era um
para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos. símbolo, começava a morrer
Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas
coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o Leia a tirinha abaixo.
tecido em uma gaveta, esqueceu o batom. E continuou
andando pela casa de vestido de chita, enquanto a
rosa desbotava sobre a cômoda.
In: Rio de Janeiro: Rocco, 1986. P. 111-2.
Leia o texto e responda à questão. 15. Uma frase que resume o assunto do texto é
Antigamente (A) “‘Até o fim do ano queremos ter um módulo específico
Antigamente, as moças chamavam-se para tratar essa vertente da dependência de internet.’”
mademoiselles e eram todas mimosas e muito (B) “Não será fácil estabelecer um protocolo de
prendadas. Não faziam anos: completavam tratamento.”
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não (C) “O vício em redes sociais é forte como o da
sendo rapagões, faziam-lhes pé-dealferes, arrastando dependência química.”
a asa, mas ficava longos meses debaixo do balaio. E (D) “Hoje, 25% dos pacientes que buscam ajuda no
levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e programa do IPq procuram tratamento para o vício em
ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando redes sociais.”
corriam, antigamente, era de tirar o pai da forca, e não
caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para
colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma
canoa. O que não impedia que, nesse entrementes,
esse ou aquele embarcasse em canoa furada.