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Aula 06
A RESENHA CRÍTICA
Caro(a) Acadêmico(a),
Objetivos de aprendizagem:
Seções de estudo
O texto crítico é um discurso paralelo à obra e não se identifica com ela: entre os dois,
um jogo de aproximações e distanciamentos se estabelece. (BERNARDET, Jean-Claude.
O cinema segundo a crítica paulista. Coord. H. Capuzzo. São Paulo: Nova Stella, 1986).
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Gostaríamos de iniciar essa seção, esclarecendo a você que uma resenha crítica não
é um “modelo” específico do ambiente acadêmico. Muitos jornais e revistas que veiculam
em nosso dia a dia apresentam resenhas críticas em uma de suas seções com o objetivo de
estimular ou desestimular o público a consumir um objeto cultural, isto é, um filme, uma peça
de teatro, um livro, etc. Mas, em primeiro lugar, precisamos entender para que serve a crítica,
pois geralmente associamos essa palavra ao ato de censurar ou condenar algo ou alguém.
Criticar, no contexto de que estamos tratando, significa examinar, interpretar e ava-
liar uma obra, um texto, um programa de TV, ou outro objeto cultural, sabendo-se com cla-
reza aonde se quer chegar com essa análise, tendo-se sempre em mente que as possibilidades
levantadas não se esgotam, mas possuem outras interpretações possíveis.
As resenhas críticas são textos que exigem do produtor maior profundidade de aná-
lise de uma obra e, em consequência disso, de seu contexto de produção. Sua estrutura, no
caso de publicações em jornais e revistas, é relativamente livre, variando muito, dependendo
do autor, do público e do veículo em que é publicada.
A seguir, propomos a leitura de uma resenha de um filme retirada da obra Texto e
Interação, de Cereja e Cochar (2009). Após essa leitura, analisaremos seu conteúdo e sua
estrutura.
Quanta saúde!
Embora Travolta seja seu maior chamariz e o elenco ostente ainda Michelle Pfeiffer
como uma malvada preconceituosa, quem brilha mesmo em Hairspray é a novata (e cheinha
de fato) Nikki Blonsky. Ela interpreta a protagonista Tracy, colegial que adora cantar e dan-
çar, mas cuja participação num concurso musical é vetada por uma emissora de TV. Com
suas formas generosas, Tracy passa ao largo do padrão de beleza exigido – só loiras, altas e
magras são bem-vindas. Alia-se então aos cantores negros do programa em questão para pro-
mover uma revolta. A alusão à discriminação não tem nada de sutil. Os negros surgem dan-
çando num chiqueirinho, separados dos brancos. E o tal programa reserva uma data no mês
para o Dia dos Negros, a única oportunidade em que estes podem aparecer na TV. Hairspray
é um filme com causa, mas que não resvala na pregação chata. Com suas tiradas, ele expõe
o que há de abominável por baixo das aparências sociais de maneira tão livre, leve e solta
quanto o jeito de ser de sua protagonista.
(Veja, n. 2027, 26 set. 2007. São Paulo: Abril)
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No que diz respeito à linguagem utilizada no texto, você pode observar que a varie-
dade linguística utilizada é a língua padrão (ou norma culta), os verbos são usados, predo-
minantemente, no presente do indicativo e as opiniões do crítico tendem à impessoalidade.
Vamos ver se ficou bem claro quais são as características de uma resenha crítica
como a que acabamos de ler:
• Finalidade: orientar o leitor de um jornal ou revista, estimulando-o ou desestimu-
lando-o a consumir um objeto cultural;
• Interlocutores: o locutor é um jornalista ou crítico e seu destinatário é o público
em geral;
• Veículo: jornais, revistas, sites de internet, etc.
• Tema: livros, filmes, peças de teatro, etc.
• Estrutura: relativamente livre
• Linguagem: língua padrão, tendendo à impessoalidade e verbos predominante-
mente no presente do indicativo.
Esperamos que, partindo desse “modelo”, você tenha facilidade de compreender a
estrutura de uma resenha crítica acadêmica, assunto da nossa próxima seção.
Você deve estar se perguntando: Mas afinal, em que uma resenha acadêmica é dife-
rente da resenha veiculada em um jornal, uma revista ou outro suporte? Esclarecemos que a
finalidade de uma resenha acadêmica continua sendo a mesma, ou seja, apresentar o conteúdo
de uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica.
Entre suas particularidades estão:
Além dessas particularidades, existem ainda algumas exigências que devem ser le-
vadas em conta para a elaboração da resenha acadêmica:
A seguir seguem sete passos que o(a) ajudarão na elaboração de uma resenha crítica:
5. Análise crítica – opinião pessoal sobre a obra. Nessa parte o autor da resenha
pode utilizar argumentos baseados em teoria de outros autores, a fim de fundamentar suas
opiniões.
Convém ainda que você saiba que há dois outros tipos de resenhas no meio acadêmi-
co: a resenha descritiva e a resenha temática. A resenha descritiva segue os mesmos passos
da resenha crítica, com exceção do item em que se expõe a opinião do autor. Isso porque a
resenha descritiva apenas descreve o objeto resenhado. No que diz respeito à resenha temá-
tica, nela são reunidos vários textos em que há um assunto ou tema em comum. Esta possui
menos passos, se comparados a resenha crítica. São eles: apresentação do tema, resumo dos
textos, conclusão sobre o tema abordado, referências bibliográficas, identificação do autor
da resenha.
A seguir, segue uma resenha crítica em que ficam evidentes os passos descritos an-
teriormente.
Referências
Obra resenhada
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Finalizando
Como sugestão para a ampliação dos conhecimentos tratados nesta aula, sugerimos
que você consulte um livro de metodologia científica e leia mais sobre a resenha em alguns
sites que sugerimos.
LIVRO
SITES
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Referências
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