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Disciplina: Assistência de Enfermagem em

Oncologia.
Carga horária: 32h
Professor: Ailton Aguiar Souza, Graduado em
Enfermagem na Faculdade Fama
(Anhanguera)2019,Pós-Graduado em Urgência,
Emergência e UTI pela Faculdade Madre Tereza
em 2021.
CRONOGRAMA DE AULAS
 DIA 10/03(SEXTA-FEIRA)- APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E
PROFESSOR,APRESENTAÇÃO DOS ALUNOS,DINÂMICA,
ARTIGO,RESENHA CRITICA E APRESENTAÇÃO EM GRUPO.
 DIA 17/03(SEXTA-FEIRA)- INICIANDO A DISCIPLINA COM INTRODUÇÃO Á
ONCOLOGIA.
 DIA 24/03(SEXTA-FEIRA)- A DEFINIR DE ACORDO COM O CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO DISPONIBILIZADO PELA INSTITUIÇÃO.
 DIA 31/03(SEXTA-FEIRA)-A DEFINIR DE ACORDO COM O CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO DISPONIBILIZADO PELA INSTITUIÇÃO.
 DIA 04/04(TERÇA-FEIRA)-A DEFINIR DE ACORDO COM O CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO DISPONIBILIZADO PELA INSTITUIÇÃO.
 DIA 05/04(QUARTA-FEIRA)-AVALIAÇÃO
 DIA 06/04(QUINTA-FEIRA)- REAVALIAÇÃO
 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM
ONCOLOGIA

 BASES TECNOLÓGICAS

 UNIDADE I: Conceitos, Histórico e classificação


 Histórico;
 Epidemiologia;
 Bases conceituais: mecanismos de
carcinogênese.
 UNIDADE II: Farmacologia, Modalidades
Terapêuticas
 Tratamento oncológico: quimioterapia e
radioterapia;
 Recursos diagnósticos;
 Patologias de tumoração de tumores sólidos,
hematológicos e pediátricos.
 UNIDADE III:
 Cuidados Paliativos;
 Terminalidade e terapias de suporte ao paciente e
família;
 Assistência de enfermagem ao paciente oncológico;
 Ações de prevenção ao câncer;
 Transplante de medula óssea.
CARGA HORÁRIA: 28 horas
Máximo de Faltas: 7 faltas
AVALIAÇÃO: 02 avaliações(A definir-Seminários, Resenhas,
Avaliações).

METODOLOGIA DE ENSINO: O processo de ensino ocorrerá através


de aulas teóricas, intraescolar e extraescolar, através de: aulas
expositivas e dialogadas, trabalho em equipe, seminário, pesquisa
bibliográfica, discussão de texto etc.
Obs. Os temas dos seminários deverão ser reiterados pelo professor,
após a apresentação dos alunos.

BIBLIOGRAFIA: O professor deve obrigatoriamente utilizar o material


didático (Saberes e práticas-editora difusão), podendo fazer uma
complementação com outros materiais. O conteúdo da disciplina
encontra-se no Volume 5, capitulo 1.
Dinâmica de Apresentação dos Alunos
 Dinâmica: Vamos nos apresentar?
 Todos os alunos deverão ficar com as cadeiras em
formato de circulo, será disponibilizado um balão,
tocará uma música da escolha da turma, quando a
música parar com o balão na mão do aluno, que
deverá se apresentar, seu nome, idade, o que espera
da disciplina e do curso técnico de enfermagem?
 Seráfeito a mesma dinâmica até que todos os alunos
se apresentem.
Resenha Critica e Apresentação em
Grupo
 Será disponibilizado artigos relacionado a
disciplina.
 A Turma deverá se dividir em grupo
 Cada grupo ficará responsável por uma resenha
critica, cada componente do grupo deverá
apresentar.
O que é uma resenha critica?
 A resenha crítica é gênero textual informativo, descritivo e
opinativo sobre uma determinada obra, por exemplo: livro,
artigo, filme, série, documentário, exposição de artes, peça
teatral, apresentação de dança, shows.
 Nela, o resenhista sintetiza as ideias e expõe suas
apreciações, influenciando seus leitores.
 Assim, a função da resenha crítica é fazer uma análise
interpretativa da obra expondo considerações pessoais
sobre o objeto analisado.
 Esse texto é muito utilizado no mundo acadêmico, pois eles
são lidos pelos pesquisadores para conhecer melhor os
aspectos positivos e negativos, expandir a visão sobre o tema
explorado e entender a abordagem utilizado pelo autor.
Como fazer uma boa resenha crítica: passo a passo

 1. Conheça muito bem a obra


 Para começar uma resenha crítica é necessário
ler/assistir atentamente à obra analisada.
 Se necessário, pode-se fazer isso mais de uma vez
para que nenhuma parte passe despercebida. Assim,
se ficou alguma dúvida, não hesite em ler/ver
novamente.
 2. Faça anotações sobre a obra
 Durante a fase inicial, é importante ir fazendo algumas
anotações sobre o tema, a estrutura da obra, o
autor/autora.
• Qual o nome da obra?
• Quem é o autor/autora?
• Qual a temática explorada pelo autor/autora e sua
relevância?
• Qual a opinião defendida pelo autor/autora?
• Quando ela foi publicada, lançada ou apresentada?
• Qual a estrutura e divisão apresentada (partes, capítulos,
seções)?
 4. Crie sua opinião sobre a obra
 Para produzir sua opinião sobre a obra analisada, responder
algumas questões podem ajudar a definir melhor o caminho a
ser seguido:
• Gostou da obra?
• Qual parte foi mais interessante?
• Que relações ela pode ter com outras obras?
• Quais as principais considerações e apreciações sobre o
tema?
• Sentiu que teve alguma parte que não ficou muito bem
explicada?
• Quais as emoções geradas depois de ler/assistir a obra?
 5. Produza a resenha crítica
 Analisando as informações coletadas acima, chegou a hora de produzir o texto.
Por isso, recorra a todas as anotações feitas, pois elas serão valiosas e
servirão de guia e apoio para desenvolver melhor a resenha crítica.
 A estrutura da resenha crítica segue o modelo dos textos dissertativos-
argumentativos, ou seja: introdução, desenvolvimento e conclusão.
 Sendo assim, confira abaixo o que será contemplado em cada parte da
resenha:
 Introdução
 Para começar a resenha, é necessário fazer uma exposição inicial sobre a
obra, o tema e o autor.
 Essa parte inicial é mais informativa e tem como intuito situar o leitor para que
ele saiba o que vai encontrar no texto.
 Esse resumo inicial pode ser feito da seguinte maneira:
• A obra: título, subtítulo (se houver) e ano de publicação.
• O autor: nome, nacionalidade, data de nascimento e morte, algumas
características que o destaque.
 No caso de ser uma resenha crítica acadêmica é obrigatório citar a obra nas normas da ABNT e
isso deve estar antes da introdução.
 Nas normas da ABNT, as citações das obras é feita da seguinte maneira: sobrenome e nome do
autor, título da obra, edição, local, editora e ano da publicação.
 Exemplo: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 38 ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
 Desenvolvimento
 O desenvolvimento da resenha envolve a maior parte do texto, que inclui os argumentos e as
apreciações do resenhista sobre o objeto analisado.
 Nesse momento, as ideias e as opiniões que surgiram na análise anterior devem estar bem
fundamentadas, explicadas e coerentes.
 Isso porque as resenhas críticas pretendem influenciar os leitores e o resenhista deve utilizar
esse espaço para argumentar, indicar os pontos positivos e negativos da obra, sempre
explicando o porquê da sua constatação.
 Se a resenha crítica não tiver a posição do resenhista, ela pode ser considerada uma síntese ou
um resumo.
 Em alguns casos, pode-se recorrer a outras obras que apresentem temas semelhantes para
contrapor alguns argumentos do autor, comparar conceitos e ideias, apresentando assim, outro
ponto de vista.
 Se a resenha crítica não tiver a posição do resenhista, ela pode ser considerada
uma síntese ou um resumo.
 Em alguns casos, pode-se recorrer a outras obras que apresentem temas
semelhantes para contrapor alguns argumentos do autor, comparar conceitos e
ideias, apresentando assim, outro ponto de vista.
 Conclusão
 O final da resenha contempla o fechamento das ideias e não é necessariamente
uma parte muito grande.
 Embora no desenvolvimento a opinião do resenhista tenha sido exposta, aqui é
hora de sintetizar e opinar sobre alguns aspectos da obra:
• A obra e o tema são relevantes no contexto atual?
• A linguagem e a abordagem utilizada facilita o entendimento?
• Quais os pontos positivos e negativos da obra?
• Quais as principais contribuições da obra para o público?
• Comparando a obra com outras do mesmo autor, quais as principais conclusões?
AULA 01- HISTÓRIA DA ONCOLOGIA NO
MUNDO
O primeiro registro conhecido de um tumor é de 2600
anos antes de Cristo em um papiro egípcio. Lá estava o relato
de 48 doenças feito pelo médico Imhotep. A doença número
45 foi descrito como ´´massas saliente no peito e que se
espelharam pelo peito´´, frias, duras e densas igual uma fruta.
´´ Dificilmente haveria uma descrição mais vívida do câncer
de mama´´, escreve Siddartha Mukherjee no livro O
Imperador de Todos os Males- Uma Bibliografia do Câncer.
Ficamos por cerca de 2 mil anos sem noticias da doença,
só aparece de novo em relatos de Heródoto, em 440 antes de
Cristo. Nos contextos, estava a história de Atossa, rainha da
Pérsia,, no meio do seu reinado, descobriu um caroço que
sangrava em seu peito – provavelmente um câncer de mama
em processo inflamatório.
Envergonhada, ela preferiu se esconder enrolada em lençóis a
procura a ajuda dos melhores médicos. Um escravo grego chamado
Democedes a convenceu a rainha a extrair o tumor. Logo depois da
operação, a mesma não é citada nos textos. Não se sabe se ela
voltou a ter tumores ou como e quando morreu, mas o procedimento
parece ter funcionado: como o escravo salvou sua vida, a rainha de
persa, cheia de gratidão, convenceu seu marido Dario a não invadir
a Cítia, mas que virasse a campanha em direção á Grécia.
Tudo porque Democedes queria voltar á sua terra natal. O câncer
teria, portanto, influenciado um dos momentos decisivos da História
– as guerras entre persas e gregos. A verdade é que os ´´ cânceres
´´ descrito por Imhotep e Heródoto pode, ter sido outras doenças. Os
únicos casos de câncer comprovados na história vêm de tecidos
malignos que foram preservados.
O ano era 1999 e o local, um cemitério de mil anos, em uma planície da
meridional do Peru, no deserto de Atacama. Um lugar que não sabe o que é
chuva desde que passou a ser registrado historicamente, e é túmulo de múmias
da tribo de Chiribaya. Na região, o clima é perfeito para o fenômeno de
mumificação. Naquele ano, Arthur Aufderheide, especialista em
paleopatologia(ele realizava autópsias em resto mumificados), encontrou 140
múmias.
Entre elas, estava a ´´massa bulbosa´´ de mil anos de idade, preservado
milhares de anos no antebraço esquerdo de uma mulher mumificada. Tratava-se
de um tumor ósseo maligno, conhecido pelos médicos como osteossarcoma.
Um câncer mumificado, escreveu Mukherjee.
Arqueólogos também encontraram muitos vestígios da passagem da doença:
uma múmia egípcia de 2 mil anos que tinha um tumor invadido o osso da bacia e
um maxilar datado de 2 milhões de anos atrás, com uma forma de linfoma,
encontrado na África meridional. Se essa descoberta representa realmente
traços da história do câncer, ele pode ser uma das doenças mais antigas do
mundo.
O Caranguejo
Nomes de doenças antigas nos contam
histórias, e no caso do câncer, não poderia ser
diferente. Na literatura médica, foi pior volta de 400
a.C. que um termo para câncer apareceu pela
primeira vez, via Hipócrates, considerado o pai da
medicina: Karkinos, vindo da palavra grega que
significa caranguejo. Descrevia um tumor com
vasos sanguíneos inchado á sua volta, que fez o
médico lembrar de um caranguejo enterrado na
areia, com as patas abertas. A definição de câncer
de Hipócrates não é a mesma que conhecemos
hoje.
Por volta 1538, um estudioso belga do corpo humano, que
acabou por se tornar o pai da anatomia moderna, Andreas
Vesalius, ao realizar estudos para confeccionar seu mapa
anatômico, nunca encontrou a tal bile negra. Achou até outro dos
quatros humores, as sua irmã do bem, a bile amarela no fígado.
Versalius não anunciou sua descoberta, por vir de uma geração
que acreditava na teoria galênica, mas em seus desenhos deixo
uma mensagem que dizia o contrário.
Em 1703, um anatomista de Londres, Matthew Baillie, fez o
mapa do corpo em sua condição doente, descrevendo tumores
malignos de pulmão, estômago e testículos. Mas nada de bile. Era
documentado o fim da era dos tumores e um novo inicio para a
cirurgia como tratamento.
Os Karkinos eram os tumores grandes, superficiais e visíveis a
olho nu: de mama, de pele, pescoço ou língua, sem distinção entre
malignos e benignos. Hipócrates dizia que o corpo humano era
composto de quatros fluídos cardeais chamados humores, que
regulavam a saúde. Um desses fluído, a bile negra, também
responsável pela depressão, foi atribuída ao câncer pelo médico
grego Claudius Galeno. O câncer seria resultado de uma superdose
interna de bile. Galeno estava falando de um princípio do câncer:
tratá-lo cirurgicamente muitas vezes não resolvia, pois a bile
continuaria jorrando pelo corpo.
Em vez de se arriscarem em cirurgias, os pacientes preferiam os
remédios sistêmicos usados por Galeno, como extrato de chumbo e
arsênico, presa de porco do mato, pulmão de raposa, raspa de
marfim e alguns purgativos e laxantes- que, claro, não faziam nem
cócegas.
Para isso, precisava de dinheiro. E logo a lógica do mundo capitalista o
colheu- conseguiria dinheiro com publicidade, na medida em que chamasse a
atenção do mundo para o câncer. Conseguiu utilizando uma criança com
câncer como mascote, conhecido como Jimmy. Ganhou ajuda de grupos
influentes no Estados Unidos, inclusive de times de futebol americano, e criou o
Fundo Jimmy, que arrecadaria dinheiro para a construção de um hospital
voltado à pesquisa. Deu certo.
Desde então, centenas de cientistas embarcaram em uma corrida alucinada
para encontrar mais drogas citotóxicas que pudessem curar o câncer, ou, pelo
menos aumentar a sobre vida do pacientes. A quimioterapia combinada com
cirurgia, com mais quimioterapia, inclusive de doses megatóxicas, começou nos
anos 1980.
Transplantes foram feitos aos milhares – inclusive de medula para tratar
câncer de mama. A História dessa doença ainda está sendo escrita. E
esperamos que tenha um final feliz em breve.
Antes do século XX, as pessoas viviam menos e havia outros males mais
latentes com que se preocupar como tuberculose, cólera, pneumonia. Muitas
mortes por câncer no século XIX podem ter sido atribuídas a uma infecção ou
abcesso. Desde então, o avanço tecnológico contribuiu, e muito, para
diagnósticos mais precisos da doença.
No início dos anos 1950, existiam três correntes sobre as causas do
câncer: virologista afirmam que a culpa era de um vírus, que nenhum desse
tipo tivesse sido encontrado em seres humanos (só em uma galinha); os
epidemiologistas, que diziam que as causa vinham de substâncias químicas
externas, mas não sabiam explicar como acontecia; e os cientistas que
apostavam em genes. Entre esses, estava Sidney Farber, patologista
americano, que queria produzir substâncias químicas para livrar a humanidade
das células cancerígenas, sem matar as células saudáveis.
A SAGA DAS CÉLULAS MALIGNAS NO TEMPO.

2600 a.C.
Escrito o papiro egípcio que se acredita ser o primeiro registro de
um tumor, descrito pelo médico Imhotep: uma massa saliente no
peito, fria, dura e que se espalha.
990 a.C.
Época em que morreu a jovem da tribo Chiribaya, no Peru, cuja
múmia um paleopalogista encontrou uma ´´massa bulbosa´´ no
antebraço esquerdo. Era um tumor ósseo maligno.
440 a,C.
Heródoto, historiador grego, relata o caso de Atossa, que foi
acometida por um caroço que sangrava no peito. A rainha persa
acabou amputando o seio, numa operação influenciou a guerra entre
gregos e persas.
160 a.C.
O médico grego Galeno define o câncer como um acúmulo de
bile negra, um dos quatro humores que acompanham o corpo,
segundo Hipócrates, pai da medicina.
• 1538O
pai da anatomia moderna, Vesalius, publica o atlas do corpo
humano, sugerindo que a bile negra de Galeno não existia.
• 1793O
anatomista escocês Matthew Baillie descarta os humores
como causa do câncer.
1845
O médico escocês Bennet descreve pela primeira vez a
leucemia, que ele achou ser uma infecção. Um médico
alemão, Virchow, chama um caso parecido de “weisses
Blut” – sangue branco, em alemão.
• 1846
Criada a anestesia.
• 1865
Desenvolvida a antissepsia.

.
• 1890
O americano William Halsted realiza a primeira mastectomia radical, em
que se retiravam até costelas para prevenir que o tumor da mama
retornasse. A técnica acabaria caindo em desuso apenas um século
depois.
• 1896
Primeiro tratamento de câncer com raios X, após sua descoberta em 1895.
• 1898
O patologista austríaco Carl Sternberg, analisando glândulas de um
paciente ao microscópio, encontrou as mesmas células gigantes que
Thomas Hodgkin vira em 1823, sem dar atenção. A doença foi batizada
como nome dele, linfoma de Hodgkin e foi o primeiro câncer que se
difundia localmente, de um nódulo para outro. Uma doença local que se
tornava sistêmica.
1902
Descoberto o rádio, elemento capaz de atacar o DNA das células
e interromper sua duplicação.
• 1865
Gregor Mendel encontra a hereditariedade em ervilhas. Mais
tarde, botânicos identificaram esse traço como genes. Anos
depois, se descobriria que os genes eram transportados por
cromossomos. Essas descobertas influenciaram definitivamente
as pesquisas e descobertas sobre a genética do câncer.
• 1909
O cientista Peyton Rous descobre o sarcoma de Rous (RSV),
tumor de galinhas transportado de uma célula a outra por um
vírus.
• 1913
O cirurgião Albert Salomon inventa a mamografia. A técnica só foi
popularizada em meados dos anos 1960.
• 1929
O bioquímico Edward Doisy extrai um hormônio chamado
estrogênio da urina de mulheres grávidas, que seria usado anos
mais tarde em tratamentos.
• Anos 1940
O urologista Charles Huggins descobre que, se as células
prostáticas dependiam de testosterona, privá-las dele poderia curar
o câncer de próstata. Para não castrar cirurgicamente os pacientes,
injetou no corpo masculino uma droga criada a partir do estrogênio,
o premarim, para deter a produção de testosterona. Era a castração
química.
• 1948
O pediatra Sidney Farber descobre que substâncias químicas
poderiam fazer o câncer regredir. Foi o pai da quimioterapia
moderna.
• 1956
O pesquisador Min Chiu Li, no Instituto Nacional do Câncer
(EUA), realiza a primeira cura quimioterápica de câncer em
adultos.
• 1961
O oncologista Donald Pinkel inaugura a terapia total:
combinações entre os remédios e aplicação diretamente no
sistema nervoso uso de radiação e a continuação da
quimioterapia por até três anos.
• 1967
A ex-enfermeira Cecily Sanders funda uma casa de repouso em
Londres para pacientes com câncer terminal. Iniciava ali o
movimento de tratamento paliativo.
• 1975
Pesquisadores detectaram o gene src, capaz de provocar
alterações genéticas na célula e torná-la cancerígena. Ele foi
chamado de oncogene.
• 1981
Primeiros casos de aids são confundidos com um tipo raro de
câncer, o sarcoma de Kaposi. A doença era comum em
homossexuais que tinham o sistema imunológico colapsado.
• 1984
Identificado o vírus HIV, que causa a aids, que é o principal fator de risco
para o sarcoma de Kaposi.
• 1990
O americano Dennis Slamon desenvolve a primeira terapia-alvo, usando um
anticorpo para criar a droga Herceptin, que ataca e mata as células
cancerosas da mama portadoras do gene Her-2, um dos mais agressivos –
com quase nenhum efeito sobre as células saudáveis.
• 1998
Células-tronco do cordão umbilical passam a ser opção para pacientes de
leucemia sem doadores de medula óssea. São células semelhantes às
produzidas na medula, capazes de regenerar a produção de sangue na
medula óssea doente, afetada pela quimioterapia.
• Anos 2000
Criada a vacina contra o papilomavírus humano (HPV), principal causador
do câncer de colo do útero, identificado nos anos 1970.
História da Oncologia no Brasil
Os primeiros relatos de preocupação com o controle de câncer no Brasil nos
remetam a 1921, com pioneirismo do Dr. Mario Kroeff.  No ano seguinte, de acordo
com os planos do professor Borges da Costa foi inaugurado o primeiro centro de
oncologia do Brasil, na cidade de Belo Horizonte (BH), com o nome de Instituto do
Radium.

No início do século passado pouco se sabia sobre a doença. Na época, o diretor


nacional de saúde, Dr. Carlos Chagas, obrigou que os atestados de óbito relatassem o
câncer como a causa morte, quando paciente apresentava o diagnóstico.  Impressionado
com os números coletados, em 1924 Chagas fixou a cláusula de “Luta contra o
Câncer”. Os dados continuaram escassos por muitos anos, e somente em 1983 foi
implementado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) um registro obrigatório e
oficial dos dados no Brasil.
Na Era Vargas, entre 1930 e 1945, seguindo exemplos internacionais
houve uma pressão da população pelo estudo e combate ao câncer no
Brasil. Sendo assim, em 1937 foi criado o Centro de Cancerologia de
Serviço de Assistência Hospitalar do Distrito Federal (Rio de Janeiro), o
atual INCA. Era um desejo do Dr. Mario Kroeff que houvesse em um
único lugar, assistência, diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa sobre o
câncer.
Em 1941 foi criado o Serviço Nacional de Câncer (SNC) para controle da
doença no país. Após essa data começaram a surgir as ligas contra o
câncer. Entre 1942 e 1947, surgiram as Ligas Baiana, Paulista e
Paranaense. Essas ligas tinham apoio de muitas pessoas influentes e
conseguiam captar verba para ajudar nas pesquisas e no tratamento, ainda
incipiente.
Em 1950, no Hospital Gafrée Guinle, Dr. Sebastião da Silva Campos,
começou a administrar coquetéis de medicamentos os pacientes, mas
somente 5 anos depois, em 1955, chegou a Mostarda Nitrogenada. Logo em
seguida, foram trazidos o Enduxan e o Oncotiotepa. E nessa época foi
criado no INCA o serviço de quimioterapeutas.

Foi somente em 1972 que foi criado dentro do INCA o serviço de


Oncologia Clínica, com médicos clínicos generalistas, mas que gostavam
de cuidar de pacientes com câncer. Os médicos tinham dedicação
profissional ainda sem reconhecimento como especialistas, e precisavam
buscar conhecimentos fora do Brasil.
Alguns hospitais dedicados ao cuidado dos pacientes com câncer também
começaram a surgir, como o Instituto Central em SP em 1953, hoje AC
Camargo, assim como As Pioneiras Sociais, em 1956, no Rio de Janeiro, que
mais tarde em 1977 passou a ter foco no câncer feminino e até hoje continua
com esta missão, embora faça parte do INCA.

Em 1967 ocorreu a Campanha Nacional de Combate ao Câncer. Muitas


mudanças políticas ocorreram na época, e o INCA chegou a sair da gestão do
Ministério da Saúde (MS) sendo transferido para o Ministério da Educação e
Cultura em 1969. A época foi muito difícil para instituição, que só conseguiu
retornar ao MS em 1972.
Em 1973 foi histórico para o Brasil, pois o INCA começou a desenvolver
pesquisas clínicas em câncer. Histórica também foi a década de 80,
marcada pelo programa integrado de radioterapia entre o INCA e o
Hospital Servidores do Estado, e especificamente 1983, quando foi
criado o Centro Nacional de Transplante de Medula Óssea (CEMO),
dentro do INCA, pelo Dr. Ary Frauzino.
Em 1996, campanhas de conscientização da população foram reforçadas,
como a do Controle de Tabagismo e Viva Mulher (câncer de colo de
útero).

Em 2000 houve a criação dos Centros de Assistência de Alta


Complexidade em Oncologia (CACONs), com o objetivo de
descentralizar o cuidado dos pacientes com câncer em todo o Brasil
A Oncologia Clínica e sua história no Brasil

Uma jovem de apenas 37 anos.

Era 1983 nasceu oficialmente a especialidade de Oncologia Clínica,


de acordo com a resolução CNRM 004/1983. Uma conquista para
muitos que desde 1921 lutavam pelo cuidado dos pacientes com
câncer no Brasil. E desde 1950 já havia médicos dedicados ao
cuidado dos pacientes com câncer.

Iniciou com uma residência de 3 anos, onde o médico, após sua


formatura deveria cumprir 1 ano na Clínica Médica e 2 anos na
Oncologia ou Cancerologia.
Com o crescente volume de informações sobre câncer, em 2002 houve uma
revisão, e de acordo com a resolução CNRM 001/2002, a residência em
Oncologia/Cancerologia passou a ser de 4 anos: 2 anos na Clínica Médica e
2 anos na Cancerologia/Oncologia.

Também em 2002, de acordo com a resolução CME 1634, houve o


reconhecimento da Oncologia Clínica como área de atuação da
Cancerologia, filiada a Associação Médica Brasileira (AMB).

Em 2003, de acordo com a resolução CNRM 004/2003, a


Oncologia/Cancerologia foi dividida em Clínica e Cirúrgica. Assim, quem
fosse seguir a especialização cirúrgica devia ter como pré-requisito 2 anos
em cirurgia geral e quem fosse seguir a especialização clínica, 2 anos em
medicina interna.
Em 2006, de acordo com a resolução CNRM 007/2006, a
Oncologia/Cancerologia Cirúrgica muda seu período total de
estudos em residência médica para 5 anos.

Em 2007, de acordo com a resolução CNRM 007/2007, a


Oncologia/Cancerologia Clínica muda seu período total de
estudos para 5 anos, ou seja, o médico após terminar seu curso,
precisa fazer 2 anos de residência em clínica médica e depois
mais 3 anos em Cancerologia/Oncologia, para assim receber seu
título.
Em 2017, a Oncologia Clínica foi reconhecida como especialidade
médica pela Associação Médica Brasileira. Antes, ela era apenas
uma área de atuação da Cancerologia.

Em 2018, o Programa de Residência Médica em Oncologia


Clínica foi aprovado pela Comissão Nacional de Residência
Médica (CNRM) em setembro e deve ser implementado até 2021
em todas as instituições. Uma mudança profunda curricular, e não
em atempo de duração na formação.
AULA 2- EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER

Epidemiologia: ramo da medicina que estuda os diferentes fatores


que intervêm na difusão e propagação de doenças, sua frequência,
seu modo de distribuição, sua evolução e a colocação dos meios
necessários a sua prevenção
A prevenção e controle do câncer representa um dos grandes
desafios que a saúde pública enfrenta. A epidemiologia do
câncer consiste na descrição da distribuição dos tipos mais
incidentes de câncer, por meio do tempo, e tem sido uma das
principais estratégias para o estabelecimento de diretrizes em
políticas públicas e, principalmente, para o planejamento de ações de
prevenção e controle do câncer.
A incidência do câncer é importante por
possibilitar a definição dos fatores de risco e
das prioridades em relação à prevenção,
planejamento e gerenciamento dos serviços de
saúde. A mortalidade por câncer, embora seja
importante, não permite o entendimento da real
magnitude do problema, pois existem centenas
de tipos diferentes de tumores malignos, que
apresentam letalidade maior ou menor.
Apesar dos desafios enfrentados nos cenários nacional e
mundial, o reconhecimento de que o Brasil se situa entre os que
mais têm avançado na consolidação de um sistema integrado de
vigilância de informações sobre câncer, tendo inclusive, nesse
campo, contribuído com as experiências exitosas sobre as
estimativas na região das Américas e no contexto mundial.
O registro estatístico do câncer é um desafio, principalmente
para países em desenvolvimento como o Brasil. A estratégia tem
sido manter e fortalecer centros de informação (Registros de
Câncer de Base Populacional e Hospitalares – RCBP/RHC) que
permitam monitorar a situação do câncer como parâmetro para
todo o país.
Estimativas de câncer no mundo

O câncer é um problema de saúde pública mundial. A Organização


Mundial da Saúde (OMS) estimou que, no ano 2030, podem-se
esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de
mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com
câncer.
A estimativa mundial mostra que, em 2012, ocorreram 14,1 milhões
de casos novos de câncer e 8,2 milhões de óbitos. Houve um discreto
predomínio do sexo masculino tanto na incidência (53%) quanto na
mortalidade (57%). De modo geral, as maiores taxas de incidência
foram observadas nos países desenvolvidos (América do Norte,
Europa Ocidental, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia).
Taxas intermediárias são vistas na América do Sul e Central, no Leste
Europeu e em grande parte do Sudeste Asiático (incluindo a China).
As menores taxas são vistas em grande parte da África
e no Sul e Oeste da Ásia (incluindo a Índia). Enquanto,
nos países desenvolvidos, predominam os tipos de
câncer associados à urbanização e ao desenvolvimento
(pulmão, próstata, mama feminina, cólon e reto), nos
países de baixo e médio desenvolvimentos, ainda é alta a
ocorrência de tipos de câncer associados a infecções
(colo do útero, estômago, esôfago, fígado). Além disso,
apesar da baixa incidência, a mortalidade representa
quase 80% dos óbitos de câncer no mundo.
Tipos de câncer mais incidentes no mundo

Os tipos de câncer mais incidentes no mundo foram pulmão


(1,8 milhão), mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e
próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais frequentes
foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%), intestino (10,0%),
estômago (8,5%) e fígado (7,5%). Em mulheres, as maiores
frequências foram encontradas na mama (25,2%), intestino
(9,2%), pulmão (8,7%), colo do útero (7,9%) e estômago
(4,8%).
Estimativas de câncer no Brasil 2018-2019

O Brasil produz as estimativas para a incidência de


câncer desde 1995, com aprimoramento metodológico
constante para o seu cálculo, a partir da melhoria da
quantidade, qualidade e da atualidade das informações dos
RCBP, dos RHC e do Sistema de Informações sobre
mortalidade (SIM). Em 2016, a partir de uma reunião
técnica, que contou com a participação de profissionais das
áreas de gestão, epidemiologia do câncer e estatística, o 
INCA-Instituto Nacional de Câncer é o responsável por
apresentar as estimativas de incidência de câncer no Brasil.
Para o biênio 2018-2019, é estimado no Brasil a
ocorrência de 600 mil casos novos de câncer, para cada
ano. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma (cerca
de 170 mil casos novos), ocorrerão 420 mil casos novos de
câncer. Essas estimativas refletem o perfil de um país que
possui os cânceres de próstata, pulmão, mama feminina e
cólon e reto entre os mais incidentes, entretanto ainda
apresenta altas taxas para os cânceres do colo do útero,
estômago e esôfago.
Tipos de câncer mais incidentes no Brasil

Os cânceres de próstata (68 mil) em homens e mama (60 mil) em


mulheres serão os mais frequentes. À exceção do câncer de pele
não melanoma, os tipos de câncer mais incidentes em homens
serão próstata (31,7%), pulmão (8,7%), intestino (8,1%), estômago
(6,3%) e cavidade oral (5,2%). Nas mulheres, os cânceres de
mama (29,5%), intestino (9,4%), colo do útero (8,1%), pulmão
(6,2%) e tireoide (4,0%) figurarão entre os principais.
As taxas de incidência ajustadas por idade tanto para homens
(217,27/100 mil) quanto para mulheres (191,78/100 mil) são
consideradas intermediárias e compatíveis com as apresentadas
para países em desenvolvimento.
Incidência de câncer por região geográfica no Brasil

A distribuição da incidência por Região geográfica mostra que as Regiões Sul


e Sudeste concentram 70% da ocorrência de casos novos; sendo que, na
Região Sudeste, encontra-se quase a metade dessa incidência. Existe,
entretanto, grande variação na magnitude e nos tipos de câncer entre as
diferentes Regiões do Brasil. Nas Regiões Sul e Sudeste, o padrão da incidência
mostra que predominam os cânceres de próstata e de mama feminina, bem
como os cânceres de pulmão e de intestino. A Região Centro-Oeste, apesar de
semelhante, incorpora em seu perfil os cânceres do colo do útero e de estômago
entre os mais incidentes. Nas Regiões Norte e Nordeste, apesar de também
apresentarem os cânceres de próstata e mama feminina entre os principais, a
incidência dos cânceres do colo do útero e estômago tem impacto importante
nessa população. A Região Norte é a única do país onde as taxas dos cânceres
de mama e do colo do útero se equivalem entre as mulheres.

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