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Escola Técnica Madre Tereza

Prof.: Enf. Ailton Aguiar Souza


Disciplina: Assistência de Enfermagem em UTI
Carga Horária: 60h

Objetivos Operacionais
 Ao final do curso, o aluno deverá ser capaz:
 Conhecer critérios de admissão e alta da UTI, além de participar dos
relatórios interpessoais e organização da equipe de Enfermagem;
 Conhecer e avaliar métodos invasivos de monitorização;
 Aplicar os cuidados relacionados ao isolamento das vias respiratórias;
 Atua em situações de urgência: estado de choque e parada
cardiorrespiratória;
 Saber utilizar o ventilador, oxigenoterapia e pulsometria;
 Aplicar a assistência corretas em casos de equilíbrio hidroeletrolítico e
nutrição parental enteral;
 Realizar procedimentos que melhorem a função respiratória do paciente;
 Saber proceder em casos de falência de múltiplos órgãos e identificar
distúrbios da consciência e coma;
 Realizar métodos de monitorização posturais;
Conteúdos Programáticos
 Admissão e Alta de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva;
 Métodos Invasivos de monitorização;
 Cuidados com intubação endotraqueal, traqueostomia e extubação;
 Ressuscitação Cardiopulmonar (RCPC) choque;
 Princípios Básicos de Eletrocardiograma e arritmias cardíacas;
 Ventilação mecânica/oxigenoterapia, pulsiometria;
 Equilíbrio Hidroeletrolítico;
 Nutrição Enteral e parenteral;
 Coma e outros di8stúrbios de consciência;
 Falência de múltiplos órgãos;
 Morte Cerebral;
 Métodos de acomodação do paciente acamado, mudança postural e
transporte do paciente;
 Indicações patológicas para terapia intensiva
Assistência de Enfermagem em UTI

O que é assistência?
É o ato de ou efeito de proteger, de amparar, de assistir. É o ato de assistir
alguém que se encontra- se em algum tipo de doença. Na assistência de
enfermagem é equivalente assistir, cuidar, prestar assistência aos pacientes, sendo
com olhar holístico e humanizado, sabemos que um paciente que se encontra numa
UTI possa sentir-se desprotegido, com medo por se está num local desconhecido,
precisamos ter empatia, se colocando no lugar do próximo, devemos ter ética
profissional e habilidades assistências para lidar com esse tipo de paciente em UTI.
O que é UTI?
Significa Unidade de Terapia Intensiva de um hospital. São dotadas de sistema de
monitorização continua, que atende paciente potencialmente grave ou com
descompensação de um, ou mais sistemas orgânicos, ou seja, local onde se entra-
se uma equipe multiprofissional (médicos intensivistas, enfermeiros intensivistas,
técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, etc.),
neste local o paciente terá assistências 24h por essa equipe, tendo todas suas
necessidades atendidas desde as fisiológicas, até mesmo como respirar através do
ventilador mecânico.
Classificação
 Unidade de Terapia Intensiva Adulto UTI-a;
 Unidade de Terapia Intensiva Coronariana – UCO;
 Unidade de Terapia Intensiva Queimados UTI-q;
 Unidade de Terapia Intensiva Pediátrico UTI-ped;
 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal – UTIN.
De acordo com a RDC no 7, de 24 de fevereiro de 2010, define-se:
 UTI Neonatal – destinada à assistência a pacientes admitidos com idade
entre 0 e 28 dias;
 UTI Pediátrica – assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18
anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da instituição;
 UTI Adulto – destinada à assistência de pacientes com idade igual ou
superior a 18 anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido
nas normas da instituição;
 UTI Especializada – destinada à assistência a pacientes selecionados por
tipo de doença ou intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos,
entre outras.
 Centro de Terapia Intensiva (CTI): agrupamento, numa mesma área física
de mais de uma UTI;
 Paciente grave: paciente com comprometimento de um ou mais dos
principais sistemas fisiológicos, com perda de sua autorregulação,
necessitando de assistência contínua.

Ministério da Saúde
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
RESOLUÇÃO Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010
Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia
Intensiva e dá outras providências.

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso da


atribuição que lhe confere o inciso IV do Art.11 do Regulamento aprovado pelo
Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999, e tendo em vista o disposto no inciso II e
nos §§ 1º e 3º do Art.
54 do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria nº 354 da
ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no D.O.U., de 21 de agosto de
2006, em reunião realizada em 22 de fevereiro de 2010;

Adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, Diretor-Presidente,


determino sua publicação:

Art. 1º Ficam aprovados os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de


Terapia Intensiva, nos termos desta Resolução.

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
Seção I
Objetivo

Art. 2º Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer padrões mínimos para o


funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva, visando à redução de riscos aos
pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente.

Seção II
Abrangência

Art. 3º Esta Resolução se aplica a todas as Unidades de Terapia Intensiva gerais do


país, sejam públicas, privadas ou filantrópicas; civis ou militares.

Parágrafo único. Na ausência de Resolução específica, as UTI especializadas


devem atender os requisitos mínimos dispostos neste Regulamento, acrescentando
recursos humanos e materiais que se fizerem necessários para atender, com
segurança, os pacientes que necessitam de cuidados especializados.

Seção III
Definições

Art. 4º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:

I - Alvará de Licenciamento Sanitário: documento expedido pelo órgão sanitário


competente Estadual, do Distrito Federal ou Municipal, que libera o funcionamento
dos estabelecimentos que exerçam atividades sob regime de Vigilância Sanitária.

II - Área crítica: área na qual existe risco aumentado para desenvolvimento de


infecções relacionadas à assistência à saúde, seja pela execução de processos
envolvendo artigos críticos ou material biológico, pela realização de procedimentos
invasivos ou pela presença de pacientes com susceptibilidade aumentada aos
agentes infecciosos ou portadores de microrganismos de importância
epidemiológica.

III - Centro de Terapia Intensiva (CTI): o agrupamento, numa mesma área física, de
mais de uma Unidade de Terapia Intensiva.

IV - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH: de acordo com o definido


pela Portaria GM/MS nº 2616, de 12 de maio de 1998.

V - Educação continuada em estabelecimento de saúde: processo de permanente


aquisição de informações pelo trabalhador, de todo e qualquer conhecimento obtido
formalmente, no âmbito institucional ou fora dele.
VI - Evento adverso: qualquer ocorrência inesperada e indesejável, associado ao
uso de produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária, sem
necessariamente possuir uma relação causal com a intervenção.

VII - Gerenciamento de risco: é a tomada de decisões relativas aos riscos ou a ação


para a redução das consequências ou probabilidade de ocorrência.

VIII - Hospital: estabelecimento de saúde dotado de internação, meios diagnósticos


e terapêuticos, com o objetivo de prestar assistência médica curativa e de
reabilitação, podendo dispor de atividades de prevenção, assistência ambulatorial,
atendimento de urgência/ emergência e de ensino/pesquisa.

IX - Humanização da atenção à saúde: valorização da dimensão subjetiva e social,


em todas as práticas de atenção e de gestão da saúde, fortalecendo o compromisso
com os direitos do cidadão, destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia,
raça, religião, cultura, orientação sexual e às populações específicas.

X - Índice de gravidade ou Índice prognóstico: valor que reflete o grau de disfunção


orgânica de um paciente.

XI - Médico diarista/rotineiro: profissional médico, legalmente habilitado, responsável


pela garantia da continuidade do plano assistencial e pelo acompanhamento diário
de cada paciente.

XII - Médico plantonista: profissional médico, legalmente habilitado, com atuação em


regime de plantões.

XIII - Microrganismos multirresistentes: microrganismos, predominantemente


bactérias, que são resistentes a uma ou mais classes de agentes amtimicrobianos.
Apesar das denominações de alguns microrganismos descreverem resistência a
apenas algum agente (exemplo MRSA - Staphylococcus aureus resistente à
Oxacilina; VRE - Enterococo Resistente à Vancomicina), esses patógenos
frequentemente são resistentes à maioria dos agentes antimicrobianos disponíveis.
XIV - Microrganismos de importância clínico-epidemiológica: outros microrganismos
definidos pelas CCIH como prioritários para monitoramento, prevenção e controle,
com base no perfil da microbiota nosocomial e na morbi-mortalidade associada a
tais microrganismos. Esta definição independe do seu perfil de resistência aos
antimicrobianos.

XV - Norma: preceito, regra; aquilo que se estabelece como base a ser seguida.

XVI - Paciente grave: paciente com comprometimento de um ou mais dos principais


sistemas fisiológicos, com perda de sua autoregulação, necessitando de assistência
contínua.

XVII - Produtos e estabelecimentos submetidos ao controle e fiscalização sanitária:


bens, produtos e estabelecimentos que envolvam risco à saúde pública, descritos
no Art.8º da Lei nº. 9782, de 26 de janeiro de 1999.

XVIII - Produtos para saúde: são aqueles enquadrados como produto médico ou
produto para diagnóstico de uso "in vitro".

XIX - Queixa técnica: qualquer notificação de suspeita de alteração ou irregularidade


de um produto ou empresa relacionada a aspectos técnicos ou legais, e que poderá
ou não causar danos à saúde individual e coletiva.

XX - Regularização junto ao órgão sanitário competente: comprovação que


determinado produto ou serviço submetido ao controle e fiscalização sanitária
obedece à legislação sanitária vigente.

XXI - Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um dano e a gravidade


de tal dano.

XXII - Rotina: compreende a descrição dos passos dados para a realização de uma
atividade ou operação, envolvendo, geralmente, mais de um agente. Favorece o
planejamento e racionalização da atividade, evitam improvisações, na medida em
que definem com antecedência os agentes que serão envolvidos, propiciando-lhes
treinar suas ações, desta forma eliminando ou minimizando os erros. Permite a
continuidade das ações desenvolvidas, além de fornecer subsídios para a avaliação
de cada uma em particular. As rotinas são peculiares a cada local.
XXIII - Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados de Enfermagem:
índice de carga de trabalho que auxilia a avaliação quantitativa e qualitativa dos
recursos humanos de enfermagem necessários para o cuidado.

XXIV - Sistema de Classificação de Severidade da Doença: sistema que permite


auxiliar na identificação de pacientes graves por meio de indicadores e índices de
gravidade calculados a partir de dados colhidos dos pacientes.

XXV - Teste Laboratorial Remoto (TRL): Teste realizado por meio de um


equipamento laboratorial situado fisicamente fora daárea de um laboratório clínico.
Também chamado Teste Laboratorial Portátil - TLP, do inglês Point-of-care testing -
POCT. São exemplos de TLR: glicemia capilar, hemogasometria, eletrólitos
sanguíneos, marcadores de injúria miocárdia, testes de coagulação automatizados,
e outros de natureza similar.

XXVI - Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destinada à internação de


pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma
contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico,
monitorização e terapia.

XXVII - Unidade de Terapia Intensiva - Adulto (UTI-A): UTI destinada à assistência


de pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, podendo admitir pacientes de
15 a 17 anos, se definido nas normas da instituição.

XXVIII - Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI destinada à assistência a


pacientes selecionados por tipo de doença ou intervenção, como cardiopatas,
neurológicos, cirúrgicos, entre outras.

XXIX - Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI destinada à assistência


a pacientes admitidos com idade entre 0 e 28 dias.

XXX - Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI destinada à assistência


a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 anos, sendo este limite definido de
acordo com as rotinas da instituição.

XXXI - Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm): UTI destinada à


assistência a pacientes recém-nascidos e pediátricos numa mesma sala, porém
havendo separação física entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
CAPÍTULO II
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS A TODAS AS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
Seção I
Organização

Art. 5º A Unidade de Terapia Intensiva deve estar localizada em um hospital


regularizado junto ao órgão de vigilância sanitária municipal ou estadual.

Parágrafo único. A regularização perante o órgão de vigilância sanitária local se dá


mediante a emissão e renovação de alvará de licenciamento sanitário, salvo
exceções previstas em lei, e é condicionada ao cumprimento das disposições
especificadas nesta Resolução e outras normas sanitárias vigentes.

Art. 6º O hospital no qual a Unidade de Terapia Intensiva está localizada deve estar
cadastrado e manter atualizada as informações referentes a esta Unidade no
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

Art. 7º A direção do hospital onde a UTI está inserida deve garantir:

I - o provimento dos recursos humanos e materiais necessários ao funcionamento


da unidade e à continuidade da atenção, em conformidade com as disposições
desta RDC;

II - a segurança e a proteção de pacientes, profissionais e visitantes, inclusive


fornecendo equipamentos de proteção individual
e coletiva.

Art. 8º A unidade deve dispor de registro das normas institucionais e das rotinas dos
procedimentos assistenciais e administrativos realizados na unidade, as quais
devem ser:

I - Elaboradas em conjunto com os setores envolvidos na assistência ao paciente


grave, no que for pertinente, em especial com a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar.
II - Aprovadas e assinadas pelo Responsável Técnico e pelos coordenadores de
enfermagem e de fisioterapia;

III - revisadas anualmente ou sempre que houver a incorporação de novas


tecnologias;

IV - Disponibilizadas para todos os profissionais da unidade.

Art. 9º A unidade deve dispor de registro das normas institucionais e das rotinas
relacionadas a biossegurança, contemplando,
no mínimo, os seguintes itens:

I - Condutas de segurança biológica, química, física, ocupacional e ambiental;

II - Instruções de uso para os equipamentos de proteção individual (EPI) e de


proteção coletiva (EPC);

III - procedimentos em caso de acidentes;

IV - Manuseio e transporte de material e amostra biológica.

Seção II
Infraestrutura Física

Art. 10. Devem ser seguidos os requisitos estabelecidos na RDC/Anvisa n. 50, de 21


de fevereiro de 2002.

Parágrafo único. A infraestrutura deve contribuir para manutenção da privacidade do


paciente, sem, contudo, interferir na sua monitorização.

Art. 11. As Unidades de Terapia Intensiva Adulto, pediátricas e Neonatais devem


ocupar salas distintas e exclusivas.
§ 1º Caso essas unidades sejam contíguas, os ambientes de apoio podem ser
compartilhados entre si.

§ 2º Nas UTI Pediátricas Mistas deve haver uma separação física entre os
ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.

Seção III
Recursos Humanos

Art. 12. As atribuições e as responsabilidades de todos os profissionais que atuam


na unidade devem estar formalmente designadas, descritas e divulgadas aos
profissionais que atuam na UTI.

Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Técnico médico, um


enfermeiro coordenador da equipe de enfermagem
e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia, assim como seus
respectivos substitutos.

§ 1º O Responsável Técnico deve ter título de especialista em Medicina Intensiva


para responder por UTI Adulto; habilitação em Medicina Intensiva Pediátrica, para
responder por UTI Pediátrica; título de especialista em Pediatria com área de
atuação em Neonatologia, para responder por UTI Neonatal;

§ 2º Os coordenadores de enfermagem e de fisioterapia devem ser especialistas em


terapia intensiva ou em outra especialidade
relacionada à assistência ao paciente grave, específica para a modalidade de
atuação (adulto, pediátrica ou neonatal);

§ 3º É permitido assumir responsabilidade técnica ou coordenação em, no máximo,


02 (duas) UTI.

Art. 14. Além do disposto no Artigo 13 desta RDC, deve ser designada uma equipe
multiprofissional, legalmente habilitada, a qual deve ser dimensionada, quantitativa e
qualitativamente, de acordo com o perfil assistencial, a demanda da unidade e
legislação vigente, contendo, para atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os
seguintes profissionais:

I - Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos
matutino e vespertino, com título de especialista em Medicina Intensiva para
atuação em UTI Adulto; habilitação em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação
em UTI Pediátrica; título de especialista em Pediatria com área de atuação em
Neonatologia para atuação em UTI Neonatal;

II - Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, em


cada turno.

III - Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 08 (oito) leitos ou


fração, em cada turno.

IV - Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos


turnos matutino, vespertino e noturno, perfazendo um total de 18 horas diárias de
atuação;

V - Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 (dois) leitos em cada


turno, além de 1 (um) técnico de enfermagem por UTI para serviços de apoio
assistencial em cada turno;

VI - Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo da unidade;

VII - Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unidade, em cada turno.

Art. 15. Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisioterapeutas e técnicos


de enfermagem devem estar disponíveis em
tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI, durante o horário
em que estão escalados para atuação na UTI.

Art. 16. Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados contra tétano,
difteria, hepatite B e outros imunobiológicos, de acordo com a NR 32 - Segurança e
Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde estabelecida pela Portaria MTE/GM n.º
485, de 11 de
novembro de 2005.

Art. 17. A equipe da UTI deve participar de um programa de educação continuada,


contemplando, no mínimo:

I - normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade;


II - Incorporação de novas tecnologias;
III - gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas na unidade e
segurança de pacientes e profissionais.
IV - Prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde.

§ 1º As atividades de educação continuada devem estar registradas, com data,


carga horária e lista de participantes.

§ 2º Ao serem admitidos à UTI, os profissionais devem receber capacitação para


atuar na unidade.

Seção IV
Acesso a Recursos Assistenciais

Art. 18. Devem ser garantidos, por meios próprios ou terceirizados, os seguintes
serviços à beira do leito:

I - assistência nutricional;
II - terapia nutricional (enteral e parenteral);
III - assistência farmacêutica;
IV - assistência fonoaudiológica;
V - assistência psicológica;
VI - assistência odontológica;
VII - assistência social;
VIII - assistência clínica vascular;
IX - assistência de terapia ocupacional para UTI Adulto e Pediátrica
X - assistência clínica cardiovascular, com especialidade pediátrica nas UTI
Pediátricas e Neonatais;
XI - assistência clínica neurológica;
XII - assistência clínica ortopédica;
XIII - assistência clínica urológica;
XIV - assistência clínica gastroenterológica;
XV - assistência clínica nefrológica, incluindo hemodiálise;
XVI - assistência clínica hematológica;
XVII - assistência hemoterápica;
XVIII - assistência oftalmológica;
XIX - assistência de otorrinolaringológica;
XX - assistência clínica de infectologia;
XXI - assistência clínica ginecológica;
XXII - assistência cirúrgica geral em caso de UTI Adulto e
cirurgia pediátrica, em caso de UTI Neonatal ou UTI Pediátrica;
XXIII - serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e hemogasometria;
XXIV - serviço de radiografia móvel;
XXV - serviço de ultrassonografia portátil;
XXVI - serviço de endoscopia digestiva alta e baixa;
XXVII - serviço de fibrobroncoscopia;
XXVIII - serviço de diagnóstico clínico e notificação compulsória de morte encefálica.

Art. 19. O hospital em que a UTI está inserida deve dispor, na própria estrutura
hospitalar, dos seguintes serviços diagnósticos e
terapêuticos:

I - centro cirúrgico;
II - serviço radiológico convencional;
III - serviço de ecodopplercardiografia.
Art. 20. Deve ser garantido acesso aos seguintes serviços diagnósticos e
terapêuticos, no hospital onde a UTI está inserida ou em outro estabelecimento, por
meio de acesso formalizado:

I- cirurgia cardiovascular,
II - cirurgia vascular;
III - cirurgia neurológica;
IV - cirurgia ortopédica;
V - cirurgia urológica;
VI - cirurgia buco-maxilo-facial;
VII - radiologia intervencionista;
VIII - ressonância magnética;
IX - tomografia computadorizada;
X - anatomia patológica;
XI - exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico.

Admissão e Alta de Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva


DEFINIÇÃO
 Preparação do Leito - Consiste em um conjunto de procedimentos, técnicas de
limpeza e organização da unidade do paciente após desocupação do leito em razão
da alta, transferência ou óbito, buscando a remoção de sujidade e a desinfeção de
materiais e equipamentos.
 Admissão do Paciente na UTI - Admissão do paciente em estado crítico,
atendendo pacientes adultos, em situação de risco iminente de morte, sujeitos a
instabilidade das funções vitais, requerendo assistência multiprofissional
permanente, especializada e de alta complexidade.
Níveis de prioridade
O sistema baseado em níveis de prioridade define aqueles que mais se
beneficiarão da UTI até aqueles que não se beneficiarão da internação na UTI.
O nível de prioridade 1 são direcionados aos pacientes instáveis e
criticamente doentes que precisam de tratamento intensivo e monitoramento que
não podem ser fornecidos fora da UTI. Geralmente, esses tratamentos incluem
suporte ventilatório, infusões contínuas de drogas vasoativas.
Os pacientes de prioridade 1 geralmente não têm limites para a extensão da
terapia que devem receber. Exemplos desses pacientes podem incluir pacientes
pós-operatórios ou com insuficiência respiratória aguda que necessitam de suporte
ventilatório mecânico e pacientes em choque ou hemodinamicamente instáveis
recebendo monitoramento invasivo e/ou drogas vasoativas.
Eles que requerem monitoramento intensivo e podem precisar de intervenção
imediata estão no nível 2 de prioridade. Não há limites terapêuticos geralmente
estipulados para esses pacientes. Exemplos incluem pacientes com comorbidades
crônicas que desenvolvem doença clínica ou cirúrgica aguda grave.
Pacientes nível 3 de prioridade são os instáveis que estão gravemente
doentes, mas têm uma probabilidade reduzida de recuperação devido à doença
subjacente ou à natureza de sua doença aguda.
Eles podem receber tratamento intensivo para aliviar a doença aguda, no
entanto, os limites dos esforços terapêuticos podem ser estabelecidos, como não
intubação ou ressuscitação cardiopulmonar. Exemplos incluem pacientes com
malignidade metastática complicada por infecção, tamponamento cardíaco ou
obstrução das vias aéreas.
Nível de prioridade 4: Estes são pacientes que geralmente não são
apropriados para admissão na UTI. A admissão desses pacientes deve ser
individual, em circunstâncias incomuns, e a critério do Diretor da UTI.
Nesse nível, os pacientes podem ser classificados em categorias, como a
categoria A, paciente com pouco ou nenhum benefício antecipado dos cuidados na
UTI com base no baixo risco de intervenção ativa que não pode ser administrada
com segurança em um ambiente fora da UTI (bem demais para se beneficiar dos
cuidados na UTI);
Os exemplos incluem pacientes com: cirurgia vascular periférica, cetoacidose
diabética hemodinamicamente estável, insuficiência cardíaca congestiva leve,
overdose consciente de drogas.
Outros pacientes com doença terminal e irreversível em iminência de morte
estão na categoria B. As patologias ou situações que encaixam os pacientes nessa
categoria são:
 lesão cerebral irreversível grave;
 falência irreversível de múltiplos órgãos;
 câncer metastático que não responde à quimioterapia e/ou radioterapia;
pacientes com capacidade de decisão que recusam cuidados intensivos e/ou
monitoramento invasivo e recebem apenas cuidados de conforto;
 não doadores de órgãos com morte cerebral;
 pacientes em estado vegetativo persistente;
 pacientes que estão permanentemente inconscientes.
Critérios objetivos para admissão
Os critérios listados abaixo podem ser modificados com base nas
circunstâncias locais. São arbitrários, mas uma excelente ferramenta para auxiliar
no processo de admissão dos pacientes na UTI.
 Sinais vitais:
Pulso: < 40 ou > 150 batimentos/min;
Pressão arterial sistólica: < 80 mmHg ou 20 mmHg abaixo da pressão habitual do
paciente;
Pressão arterial média: < 60 mmHg, pressão arterial diastólica >120 mmHg;
Frequência respiratória: > 35 respirações/min.
 Valores de Laboratório:
Sódio sérico: < 110 mEq/L ou > 170 mEq/L;
Potássio sérico: < 2,0 mEq/L ou > 7,0 mEq/L, paO 2 < 50 torr (6,67 kPa), pH < 7,1
ou > 7,7;
Glicose sérica: > 800 mg/dL;
Cálcio sérico: > 15 mg/dL, nível tóxico de droga ou outra substância química em um
paciente hemodinamicamente ou neurologicamente comprometido.
 Radiografia/Ultrassonografia/Tomografia:
Hemorragia vascular cerebral, contusão ou hemorragia subaracnóidea com
alteração do estado mental ou sinais neurológicos focais, ruptura de vísceras,
bexiga, fígado, varizes esofágicas ou útero com instabilidade hemodinâmica.
 Aneurisma dissecante da aorta.
 Eletrocardiograma
Infarto do miocárdio com arritmias complexas, instabilidade hemodinâmica ou
insuficiência cardíaca congestiva, taquicardia ventricular sustentada ou fibrilação
ventricular, bloqueio cardíaco completo com instabilidade hemodinâmica.
 Achados físicos
Pupilas desiguais em um paciente inconsciente, queimaduras cobrindo > 10%
da área de superfície corporal, anúria, obstrução das vias aéreas, coma, convulsões
contínuas, cianose, tamponamento cardíaco.
Alta da UTI
Os pacientes admitidos na UTI devem ser reavaliados continuamente para
identificar aqueles estabilizados e se não houver mais necessidade de
monitoramento e tratamento no local.
Os critérios de alta das unidades de cuidados intensivos devem ser
semelhantes aos critérios de admissão para o próximo nível de cuidados, como
cuidados intermediários, quando disponíveis. No entanto, nem todos os pacientes
necessitam de cuidados intermediários após a alta da UTI.
Agora você está mais ligado quando podemos indicar pacientes à UTI!
Depois de todas essas informações sobre indicações de UTI, lembre-se de
que a decisão sobre a admissão de pacientes em UTI são, além de complexas,
desafiadoras.
Assim, conhecer os critérios objetivos, pautados em níveis de prioridades,
parecem ser eficientes na triagem de pacientes que terão maiores benefícios do
suporte de terapia intensiva, melhorando a utilização dos recursos disponíveis.
O que é um paciente grave?
A medicina intensiva, de modo geral, cuida de pacientes críticos ou com alto
nível de dependência.
É considerado um paciente grave o indivíduo que tem instabilidade em um
dos seus sistemas causada por uma alteração aguda. Na prática, são pacientes
instáveis e com deterioração clínica.
Assim sendo, pacientes nessas condições claramente carecem de recursos
concentrados, de uma tecnologia mais avançada e uma equipe disponível por
24h por dia.
Classificação de Risco para admissão na UTI
Para definir a preferência o médico deve considerar a classificação, o de
risco. Nela, o paciente com Prioridade 1 tem preferência no uso de leitos sobre o
paciente com Prioridade 2, por exemplo, e assim por diante.
Para aplicar a classificação o intensivista deve observar alguns requisitos.
Com isso, o médico pode julgar se este é um paciente grave ou potencialmente
grave.
Essas alterações podem ser dividas em grupos como as doenças respiratórias,
doenças cardiovasculares, entre outras.
Assim, você deve considerar doenças:
 Respiratórias, como a necessidade de ventilação mecânica ou risco de
falência respiratória;
 Cardiovasculares, como pacientes pós-ressuscitação ou com insuficiência
cardíaca;
 Neurológicas, como convulsões ou traumatismo;
 Onco/hematológicas;
 Endócrinas ou metabólicas;
 Gastrointestinais instáveis;
 Renais.
Além disso, há também doenças de outros sistemas que devem ser levadas
em conta. Entre elas, por exemplo, temos os acidentes elétricos e queimaduras
ou casos de hipotermia.
Prioridade de admissão na UTI
Para padronizar a priorização, o Ministério da Saúde instituiu a Portaria
895/2017. Nela são descritos os critérios que pacientes devem apresentar e suas
respectivas prioridade.
A Prioridade 1, por exemplo, é um paciente que necessita de suporte mas
tem alta probabilidade de recuperação. Já a Prioridade 3 há uma baixa
probabilidade. Enquanto que a Prioridade 5, a última classificação, são pacientes
em estágio final.

Figura 1: Critérios de admissão na UTI, segundo a CFM. Confira na íntegra:


https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2016/2156.
Considerando todos esses critérios, vale a pena realizar uma sistematização
objetiva e rápida, a fim de tomar a decisão, respondendo “sim” ou “não” para:
1. É grave?
2. Necessita de intervenções de suporte de vida?
3. Necessita de monitorização intensiva?
4. A probabilidade de recuperação é alta?
5. Existe limitação terapêutica por parte do paciente?
6. Existe limitação terapêutica por parte do hospital?
7. O estado da doença é avançado e irreversível, com prognóstico de morte
inevitável?
Métodos Invasivos de monitorização

Monitoramento e exames para paciente de cuidados críticos

Parte do monitoramento dos pacientes críticos depende da observação direta


e do exame físico, sendo intermitente e sua frequência depende da enfermidade do
paciente. Outros monitoramentos são permanentes e contínuos, proporcionados por
dispositivos complexos cuja operação requer treinamento especial e experiência. A
maioria desses dispositivos dispara um alarme se certos parâmetros fisiológicos
forem excedidos. Toda unidade de terapia intensiva deve seguir estritamente os
protocolos para investigação de alarmes.
Esse monitoramento costuma ser feito pela aferição dos sinais vitais
(temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória),
quantificação de toda a ingestão e excreção de líquidos e, frequentemente, peso
diário. Pode-se registrar a pressão arterial com um esfigmomanômetro automático,
ou pode-se utilizar um cateter arterial para monitoramento contínuo da pressão
arterial. Um sensor transcutâneo para oximetria de pulso também é utilizado.
Exames de sangue
Embora coletas de sangue frequentes possam destruir veias, causar dor e
levar a anemia, os pacientes de unidade de terapia intensiva passam, tipicamente,
por exames de sangue diários para ajudar a detectar problemas precocemente. A
colocação de acesso venoso central ou cateter arterial pode facilitar a amostragem
sanguínea sem a necessidade de repetidas picadas de agulha periféricas, mas o
risco de complicações precisa ser considerado. Em geral, os pacientes necessitam
de uma série diária de eletrólitos e hemograma completo. Pacientes também devem
fazer dosagem de magnésio, fosfato e cálcio. Pacientes sob nutrição parenteral total
necessitam de perfis semanais de enzimas hepáticas e coagulação. Outros exames
(p. ex., cultura de sangue para febre, hemograma completo após episódio de
sangramento) são feitos conforme a necessidade.
O ponto de atendimento utiliza dispositivos miniaturizados e altamente
automatizados para realizar certos exames de sangue junto ao leito ou na unidade
do paciente (particularmente unidade de terapia intensiva, emergência e centro
cirúrgico). Os exames comumente disponíveis incluem químicas do sangue, glicose,
gás sanguíneo arterial, hemograma completo, marcadores cardíacos e testes de
coagulação. Muitos são efetuados em < 2 minutos e requerem < 0,5 mL de sangue.
Monitoramento cardíaco
A maioria dos pacientes de cuidados críticos tem a atividade cardíaca
monitorada por um sistema de 3 eletrodos; os sinais são, habitualmente, enviados a
uma estação central de monitoramento por um pequeno transmissor de rádio usado
pelo paciente. Sistemas automatizados geram alarmes para taxas e ritmos anormais
e armazenam traçados anormais para subsequente revisão.
Alguns monitores cardíacos especializados acompanham parâmetros
avançados associados a isquemia coronariana, embora seu benefício clínico não
seja claro. Esses parâmetros incluem monitoramento contínuo do segmento ST e
variabilidade da frequência cardíaca. A perda da variabilidade normal entre os
batimentos sinaliza uma redução da atividade autônoma e, possivelmente, isquemia
coronariana e maior risco de morte.
Monitoramento com cateter da artéria pulmonar
O uso de um cateter na artéria pulmonar (CAP, ou cateter de Swan-Ganz)
está se tornando menos comum na unidade de terapia intensiva (UTI). Esse
dispositivo é um cateter dirigido pelo fluxo, com extremidade em balão, inserido na
artéria pulmonar por meio das veias centrais que atravessam o lado direito do
coração. O cateter contém, tipicamente, várias portas que podem monitorar a
pressão ou injetar líquidos. Alguns CAPs também incluem um sensor para medir a
saturação venosa central (mista) de oxigênio. Os dados fornecidos por CAPs são
usados, principalmente, para determinar débito e pré-carga cardíacos. Mais
comumente, estima-se a pré-carga pela pressão de oclusão da artéria pulmonar.
Todavia, a pré-carga pode ser determinada com maior precisão pelo volume
diastólico final do ventrículo direito, mensurado utilizando-se termistores de resposta
rápida acionados pela frequência cardíaca.
A despeito do longo tempo de uso, os CAPs não demonstraram reduzir a
morbidade e a mortalidade. Pelo contrário, seu uso tem sido associado a excessiva
mortalidade. Esse achado pode ser explicado por complicações decorrentes do seu
uso e interpretação errônea dos dados obtidos. Mesmo assim, alguns médicos
acreditam que, quando combinados com outros dados objetivos e clínicos, os CAPs
ajudam no tratamento de certos pacientes criticamente enfermos. Como ocorre com
muitas mensurações fisiológicas, uma tendência que se altera é tipicamente mais
significante do que um valor anormal isolado. Indicações possíveis para CAP estão
listadas na tabela Potenciais indicações para cateterismo da arterial pulmonar.
TABELA
Indicações potenciais para cateterização de artéria pulmonar
Indicações potenciais para cateterização de artéria pulmonar
Distúrbios cardíacos

Regurgitação valvar aguda

Tamponamento cardíaco

Insuficiência cardíaca complicada

Infarto do miocárdio complicado

Ruptura do septo interventricular

Instabilidade hemodinâmica*

Avaliação do estado de volume

Choque

Monitoramento hemodinâmico

Cirurgia cardíaca

Cuidados pós-operatórios em pacientes criticamente enfermos

Cirurgia e cuidados pós-operatórios em pacientes com doença cardíaca


significante
Distúrbios pulmonares

Embolia pulmonar complicada

Hipertensão pulmonar

*Particularmente se fármacos inotrópicos forem necessárias.

Procedimento
O cateter arterial pulmonar (CAP) é inserido por meio de um cateter especial
na veia subclávia (geralmente na esquerda) ou na veia jugular interna (geralmente
na direita) ou, menos frequentemente, na veia femoral com o balão desinflado (na
ponta do cateter). Quando a extremidade do cateter atinge a veia cava superior, a
inflação do balão permite que o fluxo sanguíneo guie o cateter. Em geral, a posição
da ponta do cateter é determinada pelo monitoramento de pressão (ver tabela
Pressões normais no coração e nos grandes vasos para consultar pressões
intracardíacas e dos grandes vasos) ou, ocasionalmente, por fluoroscopia, quando
disponível. A entrada no ventrículo direito é indicada por um aumento repentino da
pressão sistólica para cerca de 30 mmHg; a pressão diastólica permanece
inalterada em relação à do átrio direito ou da veia cava. Quando o cateter entra na
artéria pulmonar, a pressão sistólica não se altera, mas a pressão diastólica se
eleva acima da pressão diastólica final do ventrículo direito ou da pressão venosa
central (PVC), i. e., a pressão de pulso (a diferença entre as pressões sistólica e
diastólica) se estreita. Movimentação adicional do cateter faz o balão alojar-se em
uma artéria pulmonar distal. Depois de colocado na artéria pulmonar, o balão deve
ser esvaziado. Uma radiografia de tórax confirma a colocação adequada.
Inserção de cateter na artéria pulmonar

VÍDEO

A pressão sistólica (normal = 15 a 30 mmHg) e a pressão diastólica (normal = 5 a 13


mmHg) são registradas com o balão do cateter esvaziado. A pressão diastólica
corresponde bem à pressão de oclusão, embora a pressão diastólica possa exceder
a pressão de oclusão quando a resistência vascular pulmonar está elevada
secundariamente a uma doença pulmonar primária (p. ex., fibrose pulmonar,
hipertensão pulmonar).
Pressão de oclusão da artéria pulmonar (pressão arterial pulmonar em cunha)
Com o balão inflado, a pressão na extremidade do cateter reflete a pressão
reversa estática das veias pulmonares. O balão não deve permanecer inflado por >
30 segundos para evitar infarto pulmonar. Normalmente, a pressão de oclusão da
artéria pulmonar (POAP) se aproxima da pressão média do átrio esquerdo, que, por
sua vez, é aproximadamente igual à pressão diastólica final do ventrículo esquerdo
(PDFVE). Esta reflete o volume diastólico final do ventrículo esquerdo (ventrículo
direito FVE). O ventrículo direito FVE representa a pré-carga, que é o verdadeiro
parâmetro alvo. Muitos fatores levam a POAP a refletir imprecisamente a ventrículo
direito FVE. Esses fatores incluem estenose da valva atrioventricular esquerda, altos
níveis de pressão expiratória final positiva (> 10 cm H2O) e alterações da
complacência do ventrículo esquerdo (p. ex., devido a infarto do miocárdio, efusão
pericárdica ou pós-carga aumentada). Dificuldades técnicas resultam de inflação
excessiva do balão, posicionamento inadequado do cateter, pressão alveolar maior
que a pressão venosa pulmonar, ou hipertensão pulmonar grave (que pode tornar o
balão difícil de alojar).
POAP elevada ocorre na insuficiência do lado esquerdo do coração. POAP
diminuída ocorre em hipovolemia ou pré-carga diminuída.
Oxigenação venosa mista
O sangue venoso misto consiste em sangue das veias cavas superior e
inferior que atravessou o lado direito do coração em direção à artéria pulmonar.
Pode-se obter uma amostra de sangue a partir da porta distal do CAP, mas alguns
cateteres têm sensores de fibra óptica embutidos que medem diretamente a
saturação de oxigênio.
As causas da baixa saturação venosa mista de oxigênio (SmvO2) incluem
anemia, doença pulmonar, carboxi-hemoglobina, baixo débito cardíaco e
necessidades metabólicas teciduais aumentadas. A relação entre saturação de
oxigênio arterial (SaO2) e (SaO2 − SmvO2) determina a adequação do aporte de
oxigênio. A relação ideal é 4:1; a menor relação aceitável para manter as
necessidades metabólicas organismo aeróbias é 2:1.
Débito cardíaco
O débito cardíaco é aferido por injeção de uma só vez de água gelada
intermitente ou, nos novos cateteres, por termodiluição morna contínua (ver Aferição
do débito e do fluxo cardíacos). O índice cardíaco divide o débito cardíaco pela área
de superfície corporal para correção do valor em função do tamanho do paciente
(ver tabela Valores normais para o índice cardíaco e medições relacionadas).
Outras variáveis podem ser calculadas a partir do débito cardíaco. Elas incluem
resistência vascular sistêmica e pulmonar, bem como o trabalho de contração
ventricular direita (TC ventrículo direito) e o trabalho de contração ventricular
esquerda (TCVE).
Complicações
A inserção do cateter na artéria pulmonar (CAP) pode ser difícil. Arritmias
cardíacas, particularmente arritmias ventriculares, são a complicação mais comum.
Pode ocorrer infarto pulmonar secundário a balões hiperinflados ou
permanentemente alojados, perfuração da artéria pulmonar, perfuração
intracardíaca, lesão valvar e endocardite. Raramente, o cateter pode formar um nó
no interior do ventrículo direito (especialmente em pacientes com insuficiência
cardíaca, cardiomiopatia ou pressão pulmonar aumentada).
Ruptura da artéria pulmonar ocorre em < 0,1% das inserções de CAP. Essa
complicação catastrófica costuma ser fatal e ocorre imediatamente no alojamento do
cateter, inicialmente ou durante uma verificação subsequente da pressão de
oclusão. Devido a isso, muitos médicos preferem monitorar as pressões diastólicas
da artéria pulmonar em vez das pressões de oclusão.
Avaliação não invasiva do débito cardíaco
Outros métodos para determinar o débito cardíaco, como ultrassonografia à
beira do leito, monitoramento esofágico por Doppler e bioimpedância torácica estão
sendo desenvolvidos para evitar as complicações dos cateteres arteriais
pulmonares (CAPs). Embora esses métodos sejam potencialmente úteis, nenhum
deles é, até o momento, tão confiável quanto um CAP.
Ultrassonografia à beira do leito
A ultrassonografia à beira do leito tornou-se indispensável nas unidades de
tratamento intensivo para o diagnóstico rápido de alterações funcionais e
anatômicas. Os aparelhos de ultrassom são portáteis, economizando assim tempo e
evitando a necessidade de movimentar o paciente. A qualidade das informações
obtidas pela ultrassonografia à beira do leito corresponde ou excede a obtida por
meio de técnicas de imagem mais caras e trabalhosas. O uso criterioso da
ultrassonografia diminui a exposição à radiação ionizante. Nos atendimento dos
casos agudos, a ultrassonografia à beira do leito é particularmente útil para avaliar o
abdome, o tórax e o coração. Algumas vezes, pode ser usada para diagnosticar
trombose venosa profunda.
Pode-se utilizar uma ultrassonografia do abdome para identificar líquido
livre (extravascular), normalmente como parte da ultrassonografia focada para
avaliação de trauma (FAST — geralmente realizada durante a avaliação de trauma
e reanimação). A existência de líquido livre em um paciente com trauma hipotensivo
provavelmente é sangue, o que constitui indicação de intervenção cirúrgica. Outros
órgãos abdominais também podem ser avaliados.
A ecocardiografia é essencial para avaliar a anatomia, bem como o estado
hemodinâmico, determinando o tamanho das câmaras, a motilidade das paredes, a
contratilidade e a fração de ejeção. A avaliação ecocardiográfica rápida focada
(AERF) é um exemplo da avaliação estruturada por ultrassonografia. Realiza-se a
AERF usando as 4 janelas ecocardiográficas padrão: janelas para o eixo longo
paraesternal, eixo paraesternal curto, apical e subxifóide. A AERF mede a fração de
ejeção (FE) do ventrículo esquerdo, o volume sistólico (VS), o débito cardíaco (DC)
e o índice cardíaco (IC) e possibilita a avaliação de pacientes com hipotensão (1).
Ao avaliar pacientes com hipotensão, a ultrassonografia é indispensável para
confirmar o seguinte:
 Hipovolemia: mesmo que a veia cava inferior pareça estar cheia (como pode
ocorrer em um paciente hipovolêmico em ventilação mecânica), a
hipovolemia é sugerida pelo ventrículo esquerdo hiperdinâmico quase sem
nenhum sangue no final da sístole e pouco sangue no final da diástole.
 Disfunção ventricular esquerda: a disfunção ventricular esquerda é sugerida
por alterações do movimento de parede e pela diminuição da fração de
ejeção, medida ou estimada (por um médico experiente que avalia o tamanho
geral, a contratilidade aparente, o movimento interno e o espessamento dos
vários segmentos da parede do ventrículo esquerdo).
 Insuficiência ventricular direita: o ventrículo direito deve ter 60% do tamanho
do ventrículo esquerdo, ser triangular e ter uma superfície interna irregular.
Insuficiência ventricular direita pode sugerir embolia pulmonar.
 Derrames pericardíacos e tamponamento
A ultrassonografia torácica pode ser usada para identificar líquido pleural e
pneumotórax com maior sensibilidade e valor preditivo negativo do que a radiografia
simples. Por exemplo, a perda do deslizamento pleural em uma região que abrange
três espaços intercostais e a presença de linhas A (artefatos horizontais) têm
sensibilidade de quase 100% e, quando combinadas, parecem ser altamente
específicas. A ecogenicidade do líquido pleural e as alterações na pleura e no
parênquima pulmonar adjacente também ajudam a determinar a etiologia do líquido
pleural.
A ultrassonografia à beira do leito também é útil para procurar trombose
venosa profunda e avaliar os órgãos intra-abdominais.
Monitor Doppler esofágico (MDE)
Esse dispositivo é um cateter macio de 6 mm, que é passado pela
nasofaringe até o esôfago e posicionado atrás do coração. Uma sonda de fluxo
Doppler localizada em sua extremidade permite o monitoramento contínuo do débito
cardíaco e do volume de contração. Diferentemente do CAP invasivo, a sonda
esofágica de Doppler (SED) não causa pneumotórax, arritmia ou infecção. Um MDE
pode, na verdade, ser mais preciso do que um CAP em pacientes com lesões de
válvulas cardíacas, defeitos septais, arritmias ou hipertensão pulmonar. Contudo, o
MDE pode perder sua forma de onda com apenas uma ligeira alteração de posição
e produzir leituras atenuadas e imprecisas.
Bioimpedância torácica
Esses sistemas usam eletrodos tópicos na parte anterior do tórax e pescoço
para medir a impedância torácica. Esse valor varia de acordo com as alterações no
volume sanguíneo torácico a cada batimento e pode, portanto, estimar o débito
cardíaco. O sistema é inofensivo e fornece valores rapidamente (dentro de 2 a 5
minutos); contudo, a técnica é muito sensível à alteração do contato do eletrodo
com o paciente. A bioimpedância torácica é melhor para o reconhecimento das
alterações do débito cardíaco em determinado paciente do que para aferir com
precisão seu valor absoluto.
Monitoramento da pressão intracraniana
O monitoramento da pressão intracraniana é padrão para pacientes com
traumatismo craniano fechado grave e é usado ocasionalmente para alguns outros
distúrbios encefálicos, como em casos selecionados de hidrocefalia e hipertensão
intracraniana idiopática e pseudotumor cerebral ou no tratamento pós-operatório ou
pós-embólico de malformações arteriovenosas. Esses dispositivos são utilizados
para monitorar a PIC (normalmente, de 5 a 15 mmHg) e otimizar a pressão de
perfusão cerebral (pressão arterial média menos a pressão intracraniana).
Tipicamente, a pressão de perfusão cerebral deve ser mantida > 60 mmHg.
Vários tipos de monitores de pressão intracraniana estão disponíveis. O
método mais útil insere um cateter através do crânio até o interior de um ventrículo
encefálico (cateter de ventriculostomia). Esse dispositivo é preferido porque o
cateter também pode drenar o líquido cerebrospinal (LCS), diminuindo assim a
pressão intracraniana. Entretanto, a ventriculostomia é também o método mais
invasivo, tem a maior taxa de infecção e é a mais difícil de situar. Ocasionalmente, a
ventriculostomia se torna ocluída em virtude de forte edema encefálico.
Outros tipos de dispositivos intracranianos são o monitor intraparenquimatoso
e o pino epidural inserido entre o cranio e a dura-máter através do qual é passado
um sensor de pressão. Destes, o monitor intraparenquimal é mais comumente
usado. Todos os dispositivos para pressão intracraniana devem, habitualmente, ser
substituídos ou removidos após 5 a 7 dias, devido ao risco de infecção.
Outros tipos de monitoramento
A capnometria sublingual usa uma correlação semelhante entre pressão
parcial de dióxido de carbono (PCO2) sublingual elevada e hipoperfusão sistêmica
para monitorar estados de choque usando um sensor não invasivo colocado sob a
língua. Esse dispositivo é mais fácil de usar do que a tonometria gástrica e responde
de modo rápido a alterações na perfusão durante a reanimação.
A espectroscopia tissular usa um sensor não invasivo de raios
infravermelhos de onda próxima (IVP), habitualmente colocado na pele acima do
tecido alvo para monitorar estados de redox de citocromo mitocondrial, que refletem
a perfusão tissular. Os raios IVP podem ajudar a diagnosticar síndromes de
compartimento agudas (p. ex., em trauma) ou isquemia após transferência de tecido
livre; também podem ser úteis no monitoramento pós-operatório de enxertos para
desvio vascular em membros inferiores. O monitoramento por raios IVP do pH do
intestino delgado pode ser usado para aferir a adequação da reanimação.

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