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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL


CENTRO DE EDUCAÇÃO – CEDU/UFAL
TRABALHO ORIENTADO II
SABERES E METODOLOGIAS DO ENSINO DE GEOGRAFIA I
PROFESSORA: DRA. LUÍZA CRISTINA SILVA SILVA

Trabalho orientado II
Conceitue, correlacione analiticamente apresentando os fenômenos sociais de acordo
com o conceito geográfico e apresente as possibilidades metodológicas educacionais
dos conceitos: Espaço Geográfico, Território, Paisagem, Lugar e Região. Desenvolva o
texto por tópicos a partir de cada conceito e realize as três etapas em cada um deles.

Espaço Geográfico
Conceitualmente Espaço geográfico está envolvida com os diversos meios de
entendimentos sobre o que seria espaço geográfico definitivamente. Oriundo da
Sociedade moderna e suas maneiras de organização do tempo e espaço baseado nos
modelos racionais de produção, controlando as ações humanas objetivando aumento e
expansão do capitalismo e das produções diversas destinadas aos consumidores. Como
explica o excerto: “... O espaço foi perdendo, assim, sua significação absoluta no lugar
para ganhá-la na lógica do poder, da expansão capitalista” (Cavalcanti, 2013, p.20). Tal
controle da ação humana causada e programada proposta pelo Capitalismo, esvazia o
sentido de pertencimento e esvaziamento do sentido de Espaço Geográfico e aproxima-
se ao processo de “Desterritorialização” (Ianni, 1992). Causando deslocamento, como
se vivêssemos numa “aldeia global”.
Oriunda de transformações herdadas de abordagens Marxistas e não Marxistas, a
conceituação de espaço geográfico é construída. Alguns processos são apontados como
decisivos neste contexto, e um deles é referente ao ensino escolar da disciplina de
geografia, extrapolar os limites da sala de aula se faz emergente, a Geografia na vida
dos alunos assume e incorpora as metamorfoses que o processo de Mundialização
impõe. Tais mudanças ocorrem nas mais diversas áreas das Ciências Sociais a partir de
análises e reflexões após a virada do século do século XX, somando se a complexidade
que dificulta a compreensão, e de maneira parcial, permite o aluno compreender seu
espaço em meio as turbulências que estão sendo submetidos, como é apontado
textualmente em Cavalcanti, 2013.
Um dos apontamentos mais decisivos de Cavalcanti em pesquisa realizada em
1991 seria a falta de domínio pedagógico de conceitos e articulação didática, constata
que a abordagem em sala de aula em relação ao processo ensino – aprendizagem
provoca nos alunos barreiras de acesso no mundo real as articulações dos discursos dos
conceitos proferidos e explicados pelo docente e a cidade em que vivem, ou seja, teoria
e prática tornam se impeditivos para alunos acessarem as relações que o processo de
ensino-aprendizagem poderia elucidar, como as aplicações daqueles conceitos
explicados durante as aulas são resultados diretos da observação, apreensão e explicação
dos fenômenos captados pelos pesquisadores, a partir da realidade é que os conceitos
são identificados, analisados, problematizados. Como observo neste excerto: (...) Por
não entenderem a importância dos conteúdos de Geografia para suas vidas, os alunos
se comportam na sala de aula “formalmente”, ou seja, cumprem deveres de alunos
para que possam conseguir aprovação da escola, sem se envolverem com os conteúdos
estudados. (1991, p. 278).
Cavalcanti perspicaz após os indícios da pesquisa ao professor a
responsabilidade de se aprofundar no compromisso de incorporar os conceitos
estudados, indo além da formalidade, possibilitando aos alunos acessar
significativamente o raciocínio geográfico. Considera o espaço da escola como
essencial neste processo. Os conceitos científicos não deixam de ser científicos quando
são explicados, contextualizados, analisados e problematizados como conceitos
escolares (CAVALCANTI, 2013, P.15).

Território
Como anteriormente descrito rapidamente, um dos possíveis problemas com o
ensino-aprendizagem em relação a disciplina de geografia residia no deslocamento entre
a formalidade conceitual e a revelação conceitual na realidade, além dos limites da
escola. Neste contexto, o termo Território também fica distante da realidade quando
questionamos alunos sobre “o que é território?”. Vide a descrição da autora: “...Ao se
analisarem as respostas às primeiras perguntas, percebe-se que esse conceito está
muito pouco claro para os alunos, pois apenas alguns conseguiram expressar suas
noções a respeito...” (Cavalcanti, 2013, p. 74).
Buscando em outras fontes a dimensão das variedades conceituais do termo
Território, irei lançar mão de Claude Raffestin (1993) expressa no artigo As diferentes
abordagens do conceito de território, de BORDO, A. A. et al, 2005, que afirmava que o
“... território se forma a partir do espaço” o “a partir” partir, verbo transitivo direto,
explicita a ação humana que irá “... se apropriar de um espaço, concreta ou
abstratamente.” constituindo o território (RAFFESTIN, 1993, p.143). O território versa
com a intensa tensão, busca de conquista, dominação, estabelecimento de limite
territoriais, lembrando o cenário de contradição perene da política. Indissociável do
cenário “político-administrativo” (Bordo,2005). Nesta perspectiva, o território tem a ver
com a formação do território nacional, de uma gênese embrionária de nação, que está
ligada a formação militar, concepções jurídicas e políticas, ou seja, o território como
sistema de poder, nesta perspectiva conceitual cientifica de Raffestin (1993)
umbilicalmente os conceitos de Poder e Território se amalgamam, fundindo as numa
destacada guinada política.
Incluso no mesmo artigo, outros autores ofertam possibilidades conceituais que
contribuem para que o professor oferte diversidade e qualidade cientifica para as
crianças e adolescentes, como a conceituação de território de Rogério Haesbaert (2004)
argumenta que Território deve ser acompanhado por três dimensões: Jurídico-política,
devido sua delimitação espacial e controle político e jurídico estatal, Cultural,
dimensões subjetivas e simbólicas dos indivíduos oferecendo suporte para as produções
que se apropriam do território, dando contornos fundamentais para caracterização
artística da dimensão subjetiva e do impacto simbólico dos usos do território, e a
dimensão Econômica, fruto originário dos embates entre as classes sociais e destaca a
desterritorialização e da relação capital-trabalho. E nestas divisões incluem as seções,
ou Multiterritorialidade, chamadas Território-zona, territórios-rede e Aglomerados de
exclusão, como na citação “... nos territórios-zona prevalece a lógica política; nos
territórios-rede prevalece a lógica econômica e nos aglomerados de exclusão ocorre
uma lógica social de exclusão socioeconômica das pessoas” complexificando o
fenômeno científico, ampliando as possibilidades de mudança das análises destes
territórios, fornecendo assim conteúdo para debates entre os alunos (ferramenta de
produção de aprendizagem valiosa e experiência de professor mediador para o
docente).
Outro autor que versa sobre o conceito Território é Marcelo Lopes de Souza, que
identifica que poder e cultura são ferramentas decisivas para delimitação de território. A
figura do Estado também participa, no entanto, não fica restrito ao poder militar e
coerção que a máquina estatal pode implementar, além do conceito Estado-Nação.
Como afirma o autor: “... todo espaço definido e delimitado por e a partir de relações
de poder é um território, do quarteirão aterrorizado por uma gangue de jovens até o
bloco constituído pelos países membros da OTAN”. (SOUZA, 2001, p.11). A proposta
conceitual de Território de Souza é composta por outra contribuição, essa mais
específica, o Território autônomo segundo o autor seria “... uma alternativa de
desenvolvimento...” (BORDO, 2005, P.4). Distancia-se da ideia de corpo central de
Estado-Nação, e neste contexto, a liberdade individual, liberdade de expressão, é a
força motriz dos contornos para a conceituação de território. Tal conceituação de
SOUZA remete aos locais urbanos mais concentrados, as chamadas grandes cidades,
citando como exemplo os território do narcotráfico, território da prostituição, território
das gangues etc.
Outros autores mencionados no artigo contribuem conceitualmente e merecem
ser mencionados: Marco Aurélio Saquet, Manuel Correia de Andrade. Destes, a
influência política, jurídica e cultural remete diretamente a outros autores supracitados
como Haesbaert, e a ênfase na disputa de Poder, de Raffestin. Caio Prado Junior aparece
como no artigo a partir da obra História Econômica do Brasil, em que Território é porção
territorial, em que ocorre diversas transformações e acontecimentos econômicos
fornecendo as mudanças territoriais devido a economia (BORDO, 2005, p.6). Milton
Santos também citado, transborda questionamentos e de maneira extensa empreende
maior complexidade sobre o conceito de Território. Primeiro ao questionar a validade de
estudar o conceito ao invés de compreender o que é território. A periodização da história
é a responsável por organizar o território. Em outra obra O Brasil: território e
sociedade no início do século XXI, SANTOS define o território como “... [...] um nome
político para o espaço de um país”
Somente neste artigo utilizado, é perceptível as diversas análises e conceitos
sobre território. A partir dessas conceituações, o docente pode empreender seu ofício
baseado em ciência após estudos sérios sobre o objeto, visando proporcionar aos alunos
o Norte, sendo referência para compreender e aprofundar seu conhecimento, dando
sentido para as conceituações científicas.
Na pesquisa de CAVALCANTI, fica explícito a urgência de maior domínio
conceitual e científico por parte do docente, para provocar nas crianças o
reconhecimento de território. Vide tal trecho: “... Como se pode perceber, as crianças
mostram dificuldades para definir território. Elas procuram defini-lo com alguma
expressão na qual está contida a palavra, mas o significado dessa expressão não parece
estar internalizado, já que a consideram similar a outras palavras como continente,
região.” (2013, p.75).
Desta maneira, o Território é aquele que foi alvo de disputa, ação humana direta
que provocou mudanças políticas, culturais e sociais em um determinado espaço.
Trabalhar conceitualmente tal termo pode evidenciar para as crianças e alunos em geral
que o território foi gerado pela ação organizada e disputada pelo Homem. Como
exemplo, o território brasileiro. Diversos autores produziram e produzem
cientificamente diversas interpretações sobre o conceito Território, docentes devem
intencionar suas investigações no mar da pesquisa para proporcionar melhor capacidade
de fornecer aos alunos as melhores experiencias didáticas, metodológicas e
aprendizagens significativas, estruturado didaticamente, intencionado em aplicação
pedagógicas.

Paisagem
CAVALCANTI busca com as crianças respostas para o que é paisagem. Ao
questionar os alunos, a autora capta suas respostas e percebe que paisagem está ligada
beleza, poesia, imagem, residindo em “... algo bonito...” (2005, p.65). Tal clichê denota
que Paisagem, foge do que seria o real e enquanto conceito, não fora bem aproveitado
cientificamente durante as aulas. No artigo Considerações sobre o conceito de
paisagem, de Liz Abad Maximiano, 2004, em sua introdução menciona que a paisagem
reside na memória do Ser Humano antes de se tornar conceito com base na observação
do meio. Inicialmente, os registros destas memórias estavam ligados as produções
artísticas, como pinturas, através dos mais diversos participantes dos elementos que
compunham a paisagem, particularidades bem especificas como animais, montanhas e
rios. Com os depoimentos das crianças, a paisagem antiga e aquelas descritas pelas
crianças têm similaridades como a paisagem estática, como nas pinturas, destacando
algum elemento mais ornado, cuidado, podado, controlado, à disposição para o olhar
mais sensível, abrasando elementos significativos da beleza, captura da beleza. Na
pesquisa de Cavalcanti, sobre o conceito de paisagem, muitas crianças estavam
próximas de conceituar o termo, no entanto, não elaboravam precisamente e
estacionavam nos exemplos. Paisagem, como conceito, estava mais próximo da
realidade dos alunos e terreno fértil para o ofício docente.
No artigo de MAXIMIANO, considero o trecho a seguir crucial para referência
de origem, de gênese, das respostas das crianças brasileiras, segue o trecho: “... Na
Europa, a noção coletiva de paisagem foi formada sob influência do aumento e rapidez
da circulação das pessoas, a instituição de colônias, a imprensa e a fotografia, dentre
outros...” (2004, p.3). Denota o quanto o imaginário popular brasileiro ainda reproduz
conceitos produzidos estrangeiros, e como participante relevante do colonialismo,
atuando colônia, ainda herdamos em nosso imaginário popular (influência cultural) as
propostas e conceitos estranhos aos nossos olhares. Ao sabor da passagem do tempo, as
considerações sobre a paisagem vão se modificando. As representações artísticas
carregavam forte teor dos contornos da natureza, foi nos relatos descritivos de viagens
que ocorre mudança no panorama da reprodução da paisagem. O afastamento da
natureza reforça a figura simbólica do Homem como centro da paisagem, relegando a
natureza como pano de fundo das obras. Tal movimento de ruptura é iniciado nos
séculos XIV-XV, autores como Montaigne, Albrecht Dürer, Fra Angelico, Jérôme Bosch
e Da Vinci são exemplos desta mudança. A mudança do foco da representação da
paisagem, saindo da natureza para o Homem, rompe com a tradição que vigorava,
ampliando os sentidos, incluindo o ser humano como participante simbólico da
paisagem e transformador da paisagem. Confirmando que entre os geógrafos, uma das
possibilidades do conceito de paisagem, é uma constatação das ações das relações
dinâmicas dos “... elementos físicos, biológicos e antrópicos. E que ela não é apenas um
fato natural, mas inclui a existência humana...” (2004, p.5). E que a Geografia brasileira
carrega bagagem das influências das escolas alemã, com a influência naturalista, e
Francesa, influência da região, cultura e sociedade.
Já em CAVALCANTI, percebemos a preocupação da distinção da paisagem
natural e paisagem cultural, como expressão e forma do espaço. Evidência que tal
conceito aparece como mais “familiar” para as crianças, e a partir dessa familiaridade os
docentes pode questionar as possibilidades sobre o que podemos ver, até onde
enxergamos.
Lugar
Referenciar onde moramos, para onde iremos, onde iremos chegar, refere se ao
local espacial. CAVALCANTI descreve as possibilidades das vertentes do estudo da
Geografia. No primeiro conceito, a familiaridade é essencial. O individuo insere no
conceito apego, emoções, sentimentos ao lugar, determinado espaço humanizado,
carregando consigo as principais ideias sobre tal espaço, como o sujeito relacionasse
afetivamente com o lugar. Partindo do espaço para o lugar, distinguindo-os
conceitualmente, a partir do espaço, que seria mais abstrato, para o lugar, este mais
concreto, carregado de emoção e afetividade (2013, p.126). Já na perspectiva histórico-
dialética, lugar está inserido no processo de globalização. O lugar não pode ser definido
a partir de suas particularidades, mas dentro do processo maior e mais influente,
deslocado do processo de mundialização. Segue excerto: “... Deste modo o lugar se
apresentaria como o ponto de articulação entre a mundialidade em constituição e o
local enquanto especificidade concreta, enquanto momento...” (2013, p.127). Na
percepção do pensamento pós-moderno, concepção de que o conceito está em ruptura
constante com a totalidade, onde o homem modifica e é modificado constante, sem
embarcar nas concepções afetivas e da totalidade dialética histórica (2013, p. 129).
Cada perspectiva denota progressiva elaboração intelectual, e CAVALCANTI ao
analisar as possibilidades, conclui que a Geografia Humanística carrega mais elementos
para o ensino e que se sobressai neste quesito como favorito para ser oferecido nas salas
de aulas, mas ressalva que a necessidade do pensar dialético-histórico, como tal trecho
evidencia: “... Contudo, considero importantes as questões anteriores, porque reafirmam
a necessidade de se apreenderem dialeticamente os fenômenos que se experienciam...”
(2013, p.130).

Região
Tradicionalmente, a região como conceito e dentro da perspectiva da Geografia
Tradicional, era vista como uma área autônoma, e com dois fatores importantes: Natural
e geográfica. A região natural seria a porção física da terra, bem parecida com os
depoimentos dos alunos. No entanto, a concepção geográfica de cunho marxista pode
influenciar e trazer questionamentos para ampliar os conhecimentos didáticos ofertados
pelo currículo.

Referências bibliográficas
BORDO, A. A. et al. AS DIFERENTES ABORDAGENS DO CONCEITO DE TERRITÓRIO: AS
DIFERENTES ABORDAGENS DO CONCEITO DE TERRITÓRIO. dez./2005.

CAVALCANTI, L. D. S. Geografia, escola e construção de conhecimentos. 1. ed. São paulo:


papirus, 2013. p. 1-281.

MAXIMIANO, Liz Abad. Considerações sobre o conceito de paisagem. Raega-O Espaço


Geográfico em Análise, 2004, 8.

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