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GIORDANI, Ana e GIROTTO, Eduardo Donizeti e SOARES, Marcos de

Oliveira. Produzir a política a partir da escola: geografia da educação,


docências e espacialidades escolares. Revista da ANPEGE, v. 18, n. 36, p.
316-333, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.5418/ra2022.v18i36.16308.
Acesso em: 02 dez. 2023.

Educação pública brasileira como um direito territorial: geografia, educação e


projeto de sociedade
- geografia da escola pública: expressão da luta pelo direito à educação
mobilizado pelas comunidades
- necessidade da geografia escolar reconhecer as geografias das escolas e
seus sujeitos
- ponto de partida: processos educativos como lócus de indagação,
problematização e apropriação espaço-temporal

Geografia da Educação:
- reconhecer a importância da dimensão espacial no entendimento da realidade
- condição de ação política e de transformação

GEOGRAFIA, EDUCAÇÃO E PROJETO DE SOCIEDADE


Geografia Escolar anterior à institucionalização da Geografia Acadêmica
“Ainda no século XIX, foi possível encontrar osprimeiros traços da
Geografi a como disciplina escolar em diferentes colégios públicos
localizados em vários estados brasileiros. (...) No entanto, é a partir
do início do século XX, com a institucionalização da Geografi a como
campo científi co nas recém-criadas universidades que a relação
entre Geografi a, Educação e projeto de sociedade tornou-se mais
intensa.” (p.320)

- autores que defendiam que a Geografia, como ciência universitária e


disciplina escolar, poderia contribuir com a formação de um projeto de nação,
do espírito nacional
- década de 1970, durante a ditatura militar, proposição da Geografia contribuir
para um projeto de sociedade para além da lógica capitalista – papel dos
movimentos socioterritoriais na produção do espaço
- geografia construída na escola para além do ufanismo cego, mas que
problematizasse e construísse “refl exões críticas e criativas sobre o mundo, o
país e o lugar.”
- período de redemocratização e projeto de Reorientação Curricular :
centralidade dos territórios escolares na produção da política educacional

Educaçao como direito territorial:


o direito à educação, na história da formação socioespacial brasileira,
é resultada da luta contra a expropriação espacial que marca essa
formação e que produz contínuos processos de espoliação de direito,
inclusive, do direito aos territórios (do trabalho, da moradia, do lazer,
do descanso etc.) (p.321)

- existência material das escolas: construção de escolas, ampliação de vagas,


contratação de professores, condições de acesso e permanência
- direito de definir o que a escola deve ser: instancias participativas e
deliberativas das unidades escolares -> Gestão Democrática da Escola
“uma geografia da escola e da educação é reafi rmar a dimensão espacial de
cada uma delas, compreendendo o espaço como produto, meio e condição das
relações sociais” (p.322)

RETROCESSO NEOLIBERAL
Políticas públicas que visam “avaliar a eficiência da política”: metas, resultados,
prêmios
- currículos padronizados, avaliações em larga escala, controle de
desempenho, perspectivas gerenciais ao invés da gestão democrática
- dispositivos de controle e performatividade neoliberais = despolitização da
educação
- desintegração da escola como esfera pública:
tendência é que a escola pública (estatal, gratuita e laica) deixe de se
apresentar como esse território das manifestações do que é a esfera
pública, ou seja, não permitindo que se realize o direito social pela
educação, entre outras tantas lutas necessárias para tornar real e
material uma sociedade democrática e que seja para todos/as.
(p.322)

- movimentos políticos que atuam em territórios escolares poderiam se


relacionar diretamente com o direito à educação
Ex: movimentos de mães, associações de bairros, coletivos diversos (negros e
negras, mulheres, LGBTQIA+, movimentos pelo direito à moradia e à terra
- territórios escolares com potencial de aglutinação e organização de lutas
concretas
REAFIRMANDO TERRITÓRIOS
Proposições para Educação pelo viés geográfico:
- entender a educação como um processo de conhecimento, formação política,
manifestação ética, capacitação cientifica e técnica (Freire, 2001)

“Geografia que produza Geografia a partir das escolas e que seja capaz de
propor outras possibilidades de mundo a partir de outras leituras e de outras
concepções de espaço (...)
observação atenta de movimentos invisíveis, lentos, inconstantes,
aparentemente estagnados, que ocorrem nas opacidades das cidades. É na
aparente repetição da rotina que se escondem complexidades de fenômenos
imprevistos e imprevisíveis, assim como é nas situações em que o olhar de
sobrevoo enxerga impossibilidades congeladas que a vida se inventa e se
reinventa, mesmo que não sejamos capazes inicialmente de compreender os
processos.”

 A vida se reinventa nas brechas: “Todas essas ações reafi rmam a


indissociabilidade entre educação, os sujeitos e os seus territórios,
assim como avançam na reivindicação desses mesmos sujeitos em
participarem na elaboração, na implementação e na avaliação das
políticas educacionais”
 ]

Educação como direito territorial: “resultado da apropriação que os sujeitos


realizam, cotidianamente, dos diferentes espaços da cidade e do campo, em
uma lógica que rompe com a hegemonia do valor de troca. Signifi ca também
reafi rmar o direito que os sujeitos, desde a mediação de seus territórios, têm
de participar de todas as etapas da política educacional (elaboração,
implementação e avaliação), construindo suas próprias referências,
territorialmente situadas, para além daquelas subsumidas à lógica
empresarial.” (p.326)

PPP: instrumento da política educacional na perspectiva da educação


enquanto direito territorial
- expressa identidade da unidade escolar
- aponta caminhos e objetivos a serem perseguidos
- processo de elaboração conjunto com toda a comunidade escolar
-> participação e gestão democrática
-> diálogo das comunidades escolares com seus territórios, reafirmando
especificidades e geografias de cada uma das escolas

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