Você está na página 1de 69

CURSO DE ALMOXARIFE

Coordenação: Ana Luísa Komora

CADERNO DE ESTUDOS

ÍNDICE

1. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

1.1 Conceito de administração


1.2 A relação entre o planejamento administrativo e as atividades do
almoxarife
1.3 Administração do tempo: planejamento e organização
1.4 Conceitos de administração de materiais
1.5 Funções e objetivos da administração de materiais
1.6 Normalização
1.7 Classificação e especificação de materiais

2. GESTÃO DE ESTOQUES

2.1 Gestão de Estoques: Objetivos


2.2 Composição e tipos de estoques
2.3 Gestão estratégica de estoques
2.4 Dimensionamento de estoques
2.5 Demanda
2.6 Contabilização de estoques
2.7 Pedidos
2.8 Métodos de gestão

3. ARMAZENAGEM

3.1 Objetivos
3.2 Tipos de Armazéns
3.3 Operações em Armazéns
3.4 Arranjo Físico
3.5 Serviços em armazenagem
3.6 Estruturas em armazenagem
3.7 Equipamentos de movimentação
3.8 Princípios da Armazenagem

4. LOGÍSTICA REVERSA

1
4.1 Devoluções de materiais
4.2 Devoluções de estruturas

2
APRESENTAÇÃO

Quando se pensa em almoxarifado, imagina-se um local muito grande e cheio de


objetos, muito bem-organizado e com gente treinada executando tarefas integradas e
seguras. Mas nem sempre esta é a realidade. Muitas vezes, o almoxarifado se transforma
em um local onde as coisas e as pessoas se perdem, sem darem conta do mal que estão
fazendo a si e à organização. A falta de planejamento nas compras e a falta de pessoal
especializado na guarda e organização, tanto administrativa, como funcional, podem
transformar o almoxarifado em um “quarto de desejo” com características muito
especiais, ou seja, dinheiro público transformado em material estocado (SANTOS, 2001).
Quem não guarda direito, não pode distribuir direito. O almoxarifado não só guarda, mas
distribui, e para isso, é preciso seguir algumas regras básicas. O que será tratado neste
material aborda uma forma prática e tranquila de administrar seus espaços, trabalhando
corretamente o seu estoque, realizando os pedidos no momento certo, distribuindo e
fazendo circular seus materiais organizadamente.

1. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

1.1 Conceito de administração

Administração é a tomada de decisão sobre recursos disponíveis, trabalhando com


e através de pessoas para atingir objetivos, é o gerenciamento de uma organização,
levando em conta as informações fornecidas por outros profissionais pensando
previamente as consequências de suas decisões. É a ciência social que estuda e sistematiza
as práticas usadas para administrar.

Os princípios para administrar algo são planejar, organizar, dirigir e controlar,


sendo que as principais funções administrativas são:

- fixar objetivos;
- analisar, conhecer os problemas;
- solucionar os problemas;
- organizar e alocar os recursos, tanto financeiros, quanto tecnológicos e humanos;
- liderar, comunicando, dirigindo e motivando as pessoas;
- negociar;
- tomar decisões;
- controlar, mensurando e avaliando.

O bom desempenho da administração depende de que o profissional consiga ser um


bom líder, capaz de lidar com pessoas, negociando e comunicando e apto a tomar
decisões, tendo uma visão sistêmica e global da situação que administra.

3
1.2 A relação entre o planejamento administrativo e as atividades do almoxarife

O almoxarifado é o local responsável pelo recebimento, armazenagem, expedição


e distribuição dos materiais. Pode ser um local coberto ou não, dependerá da estrutura e
produto, com condições climáticas controláveis ou não, com alto nível de segurança ou
não, tudo dependendo do tipo de material a ser acondicionado e das normas necessárias
para o correto acondicionamento, localização e movimentação. A função maior do
almoxarifado é manter a empresa sempre abastecida de seus bens de consumo, ou seja,
fornecer de forma contínua e sem interrupção materiais e matérias primas para as diversas
unidades produtivas e administrativas da empresa.

O setor de PPCPE (programação, planejamento e controle da produção e estoque) e


compras, trabalhando de forma conjunta, são responsáveis por garantir que os produtos
certos, na hora certa e no melhor custo possível, sempre estejam no almoxarifado. A
conversação e integração destes departamentos é fundamental para garantir a logística
eficiente do processo.

Para que um almoxarifado funcione de forma confiável é necessário que exista


acuracidade que é um adjetivo, sinônimo de qualidade e confiabilidade da informação,
“acurado” significa feito ou tratado com muito cuidado, para a logística o mesmo possui
o seguinte significado; “Grau de ausência de erro ou grau de conformidade com o
padrão”. Manter corretas as informações sobre saldos em estoque é um dos grandes
desafios, mais ainda quando buscamos trabalhar com níveis enxutos e com elevadas
frequências de acessos, isto é, mais e mais recebimentos e apanhes, isto aumenta o risco
da imprecisão nos registros das respectivas transações.

A correta gestão do almoxarifado implica na aplicação de métodos modernos de


gestão de estoques no almoxarifado que podem auxiliar a empresa, permitindo redução
de custos e melhor realização dos serviços prestados.

1.3 Administração do tempo: planejamento e organização

O gerenciamento do tempo pode ser definido como um processo de planejamento


e organização para o trabalho. É um método que permite exercer controle sobre a
quantidade de tempo dedicado a determinadas atividades, principalmente com o objetivo
de aumentar a produtividade, eficiência e eficácia.

Peter Drucker, um influente consultor de gestão, educador e autor, certa vez


observou que: “O tempo é o recurso mais escasso e ele é totalmente irrecuperável”. Isso
não poderia ser mais verdadeiro.

Muitas empresas investem muito tempo nos processos de coleta, validação e


organização das informações, o que faz com que, no final das contas, percam

4
produtividade. Em um almoxarifado, setor responsável pelo ressuprimento de uma
empresa, o controle do tempo entre os pedidos, compras, entregas, registros e distribuição
o controle do tempo tem papel primordial no desempenho da organização, para garantir
a disponibilidade dos itens quando de sua necessidade.

1.4 Conceitos de administração de materiais

Sabemos que, antes de ir ao supermercado fazer compras, existe todo um processo


por trás, não é verdade? É necessário conferir a despensa e anotar tudo o que deverá ser
adquirido, perguntando para as pessoas de casa o que estão precisando. Em casos em que
essa lista não é feita, é muito provável que sejam adquiridos itens repetidos ou falte
alguma coisa. Além da escolha do supermercado, que na maioria das vezes, é aquele onde
já se conhece os preços.

Basicamente, a administração de materiais é semelhante ao que destacamos acima,


porém em uma proporção maior e com uma alta demanda. Desta forma, então, podemos
dizer que a administração de recursos materiais se encarrega de gerir desde a compra de
matéria prima, até a produção de um bem ou de uma parte dele.

Em um mercado cada vez mais concorrido, a administração de materiais vem se


tornando um grande diferencial, uma vez que permite investimentos maiores em
tecnologia. Além disso, esse procedimento pode ser definido como uma parte da cadeia
de suprimentos, ou seja, que realiza o controle, planejamento e programa de forma eficaz
a estocagem de bens, armazenando informações.

1.5 Funções e objetivos da administração de materiais

Levando em consideração uma gestão de qualidade por parte da empresa, a


administração de recursos materiais pode oferecer alguns benefícios, entre eles:

• Qualidade dos produtos

A administração de materiais não lida apenas com processos internos, mas também
é responsável por identificar e selecionar fornecedores. E isso é algo que gera impacto
diretamente na qualidade dos produtos. É importante lembrar que os fornecedores são
como parceiros estratégicos e precisam ser tratados assim.

• Gera lucros para a empresa

Os centros de distribuição e armazéns, muitas vezes, precisam lidar com um


problema muito comum: a perda de produtos, causando prejuízos para a empresa. Mas,

5
isso pode ser evitado com a administração de materiais. Isto porque, quando os processos
são bem estruturados e os espaços organizados, as chances de quebra ou perda de algum
produto, diminuem. Além disso, quando existe um bom gerenciamento, os diferentes
setores interagem com mais facilidade, gerando produtividade na equipe. Isso contribui
também para o aumento no lucro da empresa, vendo sua eficácia subir e os custos
diminuírem.

• Cliente satisfeito

Quando o assunto é satisfação do cliente, muita gente se engana ao pensar que basta
apenas resolver algum problema pendente para que seja mantida uma boa relação.
A administração dos recursos materiais vai além disso. Esse processo permite que sejam
mapeados os pontos a serem melhorados. Desta forma, então, o gestor pode apresentar
um plano a longo prazo, que possa atender às necessidades do cliente, garantindo ao
mesmo tempo um contrato maior para a empresa. Isso aumentará a confiança do
consumidor, que passará a ver a empresa como uma grande referência no mercado.

1.6 Normalização

A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utilizados os materiais em


suas diversas finalidades e da padronização e identificação do material, de modo que,
tanto o usuário como o almoxarifado possam requisitar e atender os itens, utilizando a
mesma terminologia. É, basicamente, o estabelecimento de nromas para a utilização,
solicitação e armazenagem do material, facilitando a comunicação interna e externa.

1.7 Classificação e especificação de materiais

Vamos começar a falar da importância da classificação dos materiais. O objetivo


da classificação de materiais é catalogar, simplificar, especificar, normalizar, padronizar
e codificar todos os materiais componentes do estoque da empresa. A técnica que engloba
a identificação, a descrição, a nomenclatura e a classificação de materiais é denominada
taxonomia. Essa expressão é usada nas ciências biológicas como a identificação de
critérios para classificar plantas e animais.

Na Administração de Recursos Materiais, essa expressão (taxonomia) significa


categorizar itens, ou seja, um processo de agrupamento de materiais baseado em critérios
de similaridade ou características técnicas mais relevantes, formando então um padrão de
descrição de materiais. Daqui a pouco veremos todas essas etapas. A necessidade de um
sistema de classificação é primordial. Sua ausência impede o controle eficiente dos
estoques, a criação de procedimentos de armazenagem adequados e a correta
operacionalização. A classificação deve evitar confusões, evitando que uma classificação

6
inadequada gere confusão entre os materiais classificados. A classificação é o processo
de aglutinação de materiais por características semelhantes.

Atributos da Classificação de Materiais

Um sistema de classificação deve ser dotado de três atributos:

• Abrangência: a classificação deve incluir várias características dos materiais,


como: custos, dados contábeis e financeiros, forma, peso, dimensão etc. A
classificação vai ocorrer de acordo com um conjunto de características;

• Flexibilidade: O nome já ajuda. O foco é pensar em conseguir que diversos tipos


de classificação “convivam harmoniosamente”. A relação entre os tipos de
classificação permite que seja buscada uma melhoria contínua no sistema de
classificação;

• Praticidade: mais uma vez o nome ajuda! A classificação deve ser objetiva e
ajudar o gestor, ou seja, não deve tomar seu tempo em demasia, deve ser prática,
simples e direta.

Classificação de Materiais por Tipo de Demanda

Podem ser classificados em “Materiais de Estoque” ou “Materiais de Não de


Estoque”.

• Materiais de Estoque

São os materiais fundamentais no estoque e seu ressuprimento deve acontecer de


forma automática, sem depender do usuário. É considerada ainda a demanda pelos
materiais e sua importância no processo produtivo para que possam ser considerados
como material de estoque. Os materiais de estoque podem ser classificados:

a) Quanto à aplicação:

- Matérias-primas: materiais mais básicos e os insumos dos itens iniciais que integrem o
processo produtivo da companhia. Constituem todos os itens iniciais necessários para a
produção, o que significa que a produção é totalmente dependente das entradas da
matéria-prima para ter a sua sequência garantida;

- Materiais em processamento: também denominados materiais em vias – são aqueles que


estão sendo processados ao longo das diversas seções que compõem o processo produtivo
da empresa. Não estão no almoxarifado – porque não são matérias-primas iniciais – nem
estão no depósito – porque ainda não são produtos acabados;

7
- Materiais semiacabados: são os materiais parcialmente acabados, cujo processamento
está em algum estágio intermediário de acabamento, e que se encontram ao longo das
diversas seções que compõem o processo produtivo. Diferem dos materiais em
processamento pelo estágio mais avançado, pois se encontram quase acabados, faltando
apenas algumas etapas do processo produtivo para se transformarem em materiais
acabados, ou em produtos acabados;

- Materiais acabados: são também denominados componentes, porque constituem peças


isoladas ou componentes já acabados e prontos para serem anexados ao produto. São
partes prontas ou pré-montadas, que quando juntadas ou integradas, constituirão o
produto acabado;

- Produtos acabados: São os produtos já prontos e cujo processamento foi completado


inteiramente. Fazem parte, naturalmente, da etapa final do processo produtivo.

Assim, os materiais são classificados em função do seu estágio no processo


produtivo da empresa. À medida que passam pelas diversas etapas do processo produtivo,
vão sofrendo acréscimos e alterações que provocam a sua gradativa diferenciação, até se
tornarem produtos acabados.

Temos ainda os materiais de manutenção e os materiais de consumo.

- Materiais de manutenção: materiais de consumo, que sirvam e sejam aplicados para


manutenção e que sejam utilizados muitas vezes;

- Materiais de consumo: materiais de consumo, que sirvam e sejam aplicados desde que
não aplicados em manutenção e que sejam utilizados muitas vezes.

b) Quanto à importância operacional

A maioria dos órgãos de gestão baseia suas análises de ressuprimento e define as


quantidades de reposição por meio dos resultados referentes aos consumos históricos e
tempos necessários para recompor os níveis de estoque. Esse tratamento matemático não
diferencia os diversos materiais de estoque e não considera sua individualidade, com
exceção para matérias-primas, por terem suas demandas suportadas por programas de
produção e vendas.

Todavia, existem materiais que, independentemente de fraco consumo, poderão,


caso venham a faltar, prejudicar seriamente a continuidade de produção de uma empresa,
tornando o custo da falta mais oneroso do que o custo do investimento em estoque. Tal
avaliação avalia o grau de criticidade ou imprescindibilidade do material no
desenvolvimento das atividades realizadas. Dessa forma, adota-se a classificação da

8
importância operacional, visando identificar materiais imprescindíveis ao funcionamento
da empresa.

- Materiais X: é um material de pouca importância, pois há um outro material que pode


substituí-lo na empresa;

- Materiais Y: é um material de importância relativa, mediana e, podem ter ou não, um


outro material que pode substituí-lo na empresa;

- Materiais Z: é um material muito importante, e fundamental na produção. Não existe


um outro material que pode substituí-lo na empresa.

Para decorar os Materiais de Estoque quanto à importância operacional, ou seja, o


que é realmente necessária para que a produção ocorra, é só lembrar da ordem X, Y, Z e
que, na mesma sequência, o material vai do menos importante (X) ao mais importante
(Z).

• Materiais de Não Estoque

Se os materiais de estoque têm seu ressuprimento de forma automática, os materiais


de não estoque são o oposto. Ou seja, dependem de um pedido do usuário para que ocorra
a aquisição. Faça associações: Se é fundamental para a produção à é material de estoque
e seu ressuprimento é automático. Se NÃO é fundamental para a produção e se não é tão
importante, pode esperar por um pedido de algum usuário. Fazendo uma comparação bem
radical para facilitar o entendimento. Se a Honda (aquela empresa que faz aquele carrão
que você sonha) precisa de pneus e canetas para a fábrica, certamente: Pneus à serão
materiais de estoque. Canetas serão materiais de não estoque (pois não serão usadas
canetas na produção do carro).

9
2. GESTÃO DE ESTOQUES

O termo administração de estoques se refere ao cuidado e controle com o qual os


gerentes e empresários atuam no setor, que pode ser um grande vilão da gestão
empresarial, caso não seja muito bem gerido. Além disso, vale a compreensão de que o
estoque é sim necessário para operações diversas, entretanto, os níveis considerados
saudáveis podem variar de acordo com o seguimento.

Em vias gerais, o estoque é usado por uma empresa com o objetivo de acumular
alguns recursos como matéria prima e produtos acabados de maneira a viabilizar as
operações da empresa. Ou seja, se o seu negócio é um mercado que atende o consumidor
final, certamente, para que seus clientes fiquem satisfeitos, se faz necessário um estoque
de mais de um tipo de produto para que ele já saia de lá com o produto de sua escolha.
Agora, se a sua empresa vende produtos sob medida ou encomenda, não existe a
necessidade de um estoque muito grande já que o seu cliente sabe que levará alguns dias
para que seu produto seja entregue e isso não gera sua insatisfação.

2.1 Gestão de Estoques: Objetivos

O objetivo principal da gestão de estoques, de maneira bem concisa pode ser


definido como a disponibilidade imediata de determinado item. Explicando melhor, é
entender que materiais são estocados para que estejam acessíveis no momento que
precisarem ser consumidos ou utilizados. Detalhando um pouco mais, teremos objetivos
mais específicos, relacionados abaixo.

• Atender o cliente

O primeiro ponto desse tipo de administração está ligado aos clientes. Conforme
falamos, dependendo do tipo de produto comercializado, o cliente quer realizar a compra
e já sair com seu produto na mão, e a administração do estoque deve permitir que isso
aconteça. Entretanto, é importante que exista uma via de mão dupla, ou seja, essa
operação deve ser benéfica para a empresa também, logo, não basta atender o cliente…é
preciso atender o cliente com bom custo-benefício.

DICA: Tenha sempre uma quantidade de segurança no estoque para atender sua
demanda, que já deve ser conhecida. Estoque grande demais significa dinheiro parado.

• Evitar perda de produtos

No segundo ponto, podemos apontar como um grande desafio da administração de


estoques evitar que produtos sejam perdidos. A má gestão do setor pode fazer com o
estoque sofra pequenos furtos, realizados, na maioria das vezes pelos próprios
colaboradores. Furtos pequenos são mais difíceis de serem notados pelos gestores, mas

10
causam um tremendo rombo nas contas da empresa, por isso, merecem toda atenção
possível.

Outra modalidade de perda de produtos está relacionada aos materiais que se


deterioram ou estragam dentro do estoque. Isso pode ocorrer tanto por mau
armazenamento quanto por perderem seus prazos de validade.

DICA: Fique atento às condições de armazenamento e data de vencimento de cada


produto. Possua ferramentas que auxiliem nesse controle.

• Utilizar menor estrutura

A administração de estoques ainda possui como um de seus objetivos oferecer aos


gestores a possibilidade de trabalhar com estruturas físicas mais enxutas, sem que seu
atendimento e operação sejam afetados.

DICA: Estruturas menores possuem um custo menor. Descubra qual a sua


demanda, quais os costumes do seu cliente e trabalhe com um índice saudável do estoque.

• Negociar com fornecedores

A administração do estoque, possibilita ao gestor até mesmo o poder de negociação


com seus fornecedores. Em geral, fornecedores oferecem melhores condições comerciais
para clientes assíduos e que realizam bons pedidos. Uma vez haver uma gestão de espaço
físico e demanda, o empresário pode se beneficiar desse benefício realizando pedidos
maiores.

DICA: Conheça seus produtos de maior saída e negocie com seus fornecedores
quantidades maiores deste produto.
• Evitar a perda de dinheiro

Com certeza, um dos, se não for o maior objetivo da administração de estoques está
em evitar que a empresa perca dinheiro. Até porque, estoque é dinheiro parado…é
dinheiro que não está rendendo, por isso, a necessidade de atenção.

Quando falamos em trabalhar com níveis saudáveis de estoque é justamente porque


o capital da empresa pode render muito mais em outros tipos de investimentos, como
maquinários, mão de obra, matéria prima de melhor qualidade e assim por diante. Por
outro lado, hoje em dia, o cliente tem pressa…ele quer seu produto com agilidade e
qualidade, logo, não é possível simplesmente evitar a existência de um estoque.

2.2 Composição e tipos de estoques

11
A composição dos estoques está relacionada aos itens que fazem parte daquele
estoque, ou seja, são os itens que compõem o estoque. Podem ser produtos prontos,
produtos em produção, itens para consumo, insumos, matérias primas, peças de reposição,
itens para serem comercializados etc. Esta composição está diretamente relacionada ao
tipo de estoque. Abaixo serão descritos os tipos mais comuns de estoques:

- Estoque Produtivo / Fabril: É composto de itens relacionados ao processo


produtivo, tais como matérias primas, insumos, peças de reposição e conservação de
máquinas e demais itens que sejam necessários para garantir que a produção não seja
interrompida por falta de alguns destes itens;

- Estoque Comercial: São itens para comercialização, ou seja, itens para serem
vendidos. Podem ser compostos de itens que foram produzidos ou adquiridos já prontos;

- Estoque Administrativo: Também chamado de “material de expediente”, está


relacionado com o funcionamento da empresa, departamentos, setores e escritórios em
geral, independentemente do tipo de negócio, tais como folhas de papel para impressão,
agendas, canetas, elásticos, clipes, copos descartáveis, produtos de limpeza, papel
higiênico etc.;

- Estoque Operacional: Este estoque está diretamente ligado a prestação de serviços.


Determinados serviços necessitam de materiais para serem realizados, e estes materiais
precisam ser estocados para garantir que os serviços ocorram. Um bom exemplo é o
serviço de manicure, que necessita de esmaltes, acetona, algodão, lixas de unha, palitos
para limpeza entre outros. Outros exemplos bem comuns de estoques operacionais estão
ligados aos serviços de saúde com suas unidades de atendimento, borracheiros, etc.

- Estoque Patrimonial: Composto pelos bens materiais da empresa, ou seja, itens


que compõem seu patrimônio, como mesas, cadeiras, computadores, estantes, etc.

As empresas normalmente têm mais de um tipo de estoque e este controle costuma


ser feito de modo separado, mas quase sempre concentrado no almoxarifado.

Ao levantamento de tipos itens e suas quantidades que compõem os estoques damos


o nome de INVENTÁRIO.

2.3 Gestão estratégica de estoques

A gestão de estoque corresponde a uma etapa essencial para o controle interno de


uma empresa. O estoque é como o coração de uma organização e, portanto, devemos dar
a atenção devida a ele. “Organização” e “controle” devem ser adjetivos comuns nessa
área da empresa, de forma que nada esteja por fora do radar de seus gestores.

12
O gerenciamento de estoques e o planejamento de demanda, de maneira estratégica,
exige do gestor grande capacidade analítica e flexibilidade para o alinhamento de suas
políticas e estratégias ao negócio da empresa, avaliando a qualidade do seu planejamento
e buscando a constante melhoria do nível de serviço, o aumento da velocidade do
atendimento do cliente e a redução do custo da operação. Dispor das corretas ferramentas
para a gestão do estoque e o dimensionamento correto da demanda são imprescindíveis
na obtenção de resultados competitivos dos negócios e adicionam grande valor à cadeia
logística complexa das empresas brasileiras.

A gestão de estoque é a atividade de controlar e organizar as quantidades de


matérias-primas e insumos necessários para a operação de uma empresa, bem como dos
produtos acabados que serão comercializados aos revendedores e clientes finais. Mais do
que isso, a gestão de estoque vai além de um mero controle físico, ela deve prover
inteligência estratégica para que a empresa tenha conhecimento do seu “mix” de produtos
e suas demandas.

Com esse resumo do que é gestão de estoque, conseguimos entender que o conceito
vai além do que simplesmente manter os produtos armazenados corretamente. A gestão
de estoque faz parte das questões estratégicas de uma empresa e afeta todos os
departamentos.

Tais controles podem ser divididos entre estratégico e físico:

• Gestão de estoque estratégica

Do que se refere a gestão de estoque estratégica de uma empresa, é papel dela:

- Controlar os dados sobre os volumes estocados disponíveis para produção e venda


(inventários e relatório de estoques em geral);

- Gerar inteligência do negócio sobre as demandas de cada produto em cada época


do ano (Sazonalidade, por exemplo);

- Datas de vencimento, numeração de lotes e rastreabilidade;

- Emissão de relatórios para prestação de contas aos órgãos reguladores, órgãos


fiscais, entre outras.

• Gestão de estoque físico

Sobre a gestão física de um estoque, é importante considerar:

13
- Controlar o ambiente garantindo condições ideais de armazenamento,
refrigeração, ventilação e umidade;

- Segurança física contra danos causados pelo clima, furtos e roubos;

- Acesso restrito a pessoal autorizado em caso de produtos controlados, perigosos,


inflamáveis ou estratégicos para empresa;

Como funciona a gestão de estoque?

Essa gestão determinará as necessidades de aquisição de estoques em relação às


promoções que deverão ser feitas para que haja um fluxo harmonioso entre os volumes
estocados e as vendas nas épocas certas. Pareceu complicado? Então calma lá!

Imagine que a gestão de estoque conduzida de maneira adequada numa rede de


farmácias, por exemplo, deverá identificar que no verão o consumo de bronzeadores e
protetores solares tendem a aumentar. Outro caso são os supermercados que, também no
final de ano, com as festas de Natal e ano novo, devem estar preparados para o aumento
nas vendas de carnes em geral.

Esse mesmo supermercado deve saber que no meio do ano durante os meses de
junho e julho aumenta consideravelmente o consumo de itens das festas juninas como
pipoca, amendoim e outros. Ou seja, essas empresas precisam estar preparadas para esses
e outros eventos.

Para tanto, as empresas devem analisar seus estoques, fazer projeções e decidir se
deverão fazer ou não novas compras, ou ainda, se os estoques atuais são suficientes para
suprir a demanda. Quando se trata das vendas para atacado, a indústria em geral trabalha
com prazos de entrega e, caso a empresa que atua na venda ao consumidor final não faça
um bom planejamento, as coisas podem desandar consideravelmente.

A importância da gestão de estoque para um empreendimento

Uma má gestão de estoque pode comprometer a sobrevivência de um negócio,


especialmente se considerarmos os custos cada vez mais crescentes nas matérias-primas.
Dessa forma, a gestão de estoque deve ser vista com alta importância estratégica.

Apesar disso, ter um depósito cheio de matérias-primas e mercadorias não é


garantia de sucesso do negócio. A questão central é saber quais e quantos produtos devem
ser armazenados. Estoques são investimentos, afinal, para que a empresa os tenha, houve
uma saída de dinheiro do caixa.

14
Se a empresa tem estoques enormes, mas que não “giram” com a velocidade
adequada, a empresa em algum momento pode ter problema de caixa. Isso porque o
dinheiro que deveria estar na conta bancária, está nos depósitos. Um exemplo prático
sobre isso são as empresas que possuem mercadoria em excesso, mas não possuem
dinheiro para pagar seus funcionários.

Outra situação de má gestão seria aquela em que produtos são jogados fora
por extravio ou vencimento. Ou ainda, quando ocorre a depreciação total de itens em
estoque causado pela obsolescência. Isso acontece quando a empresa esquece ou
negligência a venda de alguns produtos estocados. Com o tempo e a evolução tecnológica
eles simplesmente perdem todo o valor.

Existem produtos que são estratégicos de serem mantidos em maiores volumes,


outros pelo contrário, devem ser armazenados ao mínimo. Cada empresa deve acumular
experiência e inteligência para fazer a gestão de estoque ideal, mantendo os volumes de
estoque adequados, nem em excesso e nem em níveis muito baixos.

Deve haver, também, um constante fluxo de informação entre a direção da empresa,


o setor de estoque e o setor comercial devem ter comunicação constante para que não
aconteçam falhas de operação.

Uma gestão organizada dos estoques atuará de modo que os estoques em excesso
não comprometam a saúde financeira da empresa e que os estoques muito baixos ou
mesmo que a ausência de produtos nas prateleiras gere a perda de vendas. Diante de todo
esse contexto, fica mais que evidente que a gestão de estoque é um dos pilares de sucesso
das empresas.

2.4 Dimensionamento de estoques

Um dos problemas que pode ocorrer quando o assunto é gestão de estoque está
relacionado ao seu controle, ou seja, o processo de monitoramento de saídas e entradas
de produtos dentro do armazém. É possível encontrar no mercado algumas empresas que
renunciam a um bom controle de estoque e acabam caindo no erro de pedir mais itens do
que realmente precisam, assim como deixam de comprar produtos essenciais,
comprometendo todo o processo logístico interno, vendas e envios de pedidos.

Esse cenário traz consigo prejuízos desnecessários, como por exemplo, altos custos
de manutenção de estoque, uma vez que itens em excesso demandam maiores espaços
dentro do armazém, ocupam lugares que poderiam ser investidos em produtos sazonais
ou com alta demanda de mercado, assim como podem exigir uma atenção especial para
verificar sua qualidade e, em casos extremos, quando passam muito tempo no estoque,
podem resultar em perdas e avarias. Por outro lado, quando há stockout, a empresa pode
deixar de aproveitar oportunidades únicas de vendas, além de gerar uma experiência
15
desagradável aos seus clientes, caso o pedido seja realizado e não esteja disponível para
envio.

Como já vimos anteriormente, a gestão dos estoques deve ser feita de modo
estratégico, uma vez que responde por investimentos tanto em infraestrutura quanto em
itens de composição. É preciso equilibrar os volumes de entrada e saída de itens, de
maneira a evitar os principais riscos da gestão de estoques: SOBRA e FALTA. Em ambos
os casos, o resultado é prejuízo financeiro para a empresa.

Também, é necessário considerar um terceiro risco que é a PERDA, ou seja, o


descarte do produto, seja pela perecibilidade dele, ou seja, o produto estragar ou passar
da validade, seja pelo mau condicionamento ou dano físico ao produto, como quebras,
manchas e arranhões.

Quando o volume de entradas é maior que o volume de saídas, ocorre SOBRA no


estoque. No caso de estoques de itens perecíveis, estes itens irão acabar estragando,
gerando a perda deles. No caso de itens não perecíveis, os itens podem entrar em
obsolescência, ou seja, podem envelhecer e perder sua função, ou, por exemplo, no caso
de vestuário, podem “sair de moda”. No caso de estoques comerciais, os itens não
perecíveis que sobram acabam sendo vendidos por preços menores que os pretendidos,
como liquidações e promoções. Esta redução do preço final reduz a margem de lucro do
produto, impactando na rentabilidade do negócio.

Quando o volume de entradas é menor que o volume de saídas, acontece a FALTA


dos itens no estoque. No caso de estoques comerciais, esta falta vai significar perda das
vendas. Quando um cliente deixa de fazer uma compra pela falta de um produto,
dificilmente ele irá esperar que este produto chegue, principalmente produtos de baixo
valor agregado e alta oferta de mercado. Ou seja, se o cliente não pôde comprar com você,
ele comprará com seu concorrente. Neste caso, a empresa deixou de faturar, ou seja, deixa
de ganhar. No caso da indústria a falta é um problema mais severo, pois compromete o
processo produtivo. Quando uma produção precisa parar por falta de itens no estoque,
não é simplesmente o produto que deixa de estar disponível para a venda, são funcionários
que tem redução de sua capacidade produtiva, ou seja, estarão ganhando seus salários sem
ter como trabalhar. Dinheiro jogado fora, prejuízo em dobro.

Como já mencionado, também existe o risco da PERDA. Esta pode estar associada
a sobra e a falta. Quando um item sobra, ele pode ser perdido pela validade ou tendência
de mercado (moda). Quando um item falta, perde-se capacidade de venda, perde-se um
potencial cliente. Além disso, a perda também deve ser considerada no caso de danos aos
itens (quebras, arranhões, amassados), que deixam de estar disponíveis para uso ou
comercialização, não deixando de ter seu custo de aquisição.

2.5 Demanda

16
Entendida a importância do dimensionamento dos estoques, é necessário entender
como garantir este equilíbrio entre entradas e saídas. Fundamental para este entendimento
é conhecer a demanda pelos itens. Demanda é a procura ou necessidade do item em
questão, ou seja, quantas unidades costumam ser vendidas ou utilizadas em determinados
períodos. Estas demandas podem ser fixas, sendo seu gerenciamento mais simples, ou
podem sofrer variações.

Para prever a demanda é necessário conhecer o histórico do consumo, ou seja,


quantos produtos foram vendidos ou utilizados em determinado período. Este histórico
pode ser analisado pontualmente ou por períodos.

• Períodos fixos x Períodos móveis

Quando falamos em períodos fixos já temos datas ou intervalos de datas


determinados. Por exemplo, considerando que estamos em julho de 2022, se falamos “o
consumo do último ano”, estamos nos referindo a 2021, janeiro a dezembro. Quando
mencionamos “último semestre”, falamos de janeiro a junho do ano corrente, 2022. Ao
passo que se falamos “nos últimos 12 meses”, estamos nos referindo ao período
compreendido entre julho/2021 a junho/2022.

Estas diferenças são muito importantes para o estudo e previsão de demanda, uma
vez que o cálculo do consumo de diferentes períodos gera diferentes resultados e erros
nestes cálculos irão gerar um erro na previsão de demanda e provisionamento dos
estoques, o que poderá se refletir em sobras ou falta.

• Formas de cálculo de consumo

Como já mencionados, os consumos podem ser observados de forma pontual ou


por períodos.

- Consumo pontual: Para prevermos a demanda por determinado item de venda


para o mês de agosto/2022, podemos simplesmente verificar o total das vendas do mesmo
item no último mês (junho/2022) ou o total de vendas do mesmo mês, do ano anterior, ou
seja, agosto/2021. Ou seja, a referência será uma data ou período pontual.

- Consumo acumulado: Quando as aquisições atenderão a um período cujo


consumo é variado, tendemos a analisar o consumo acumulado de determinado período.
Por exemplo: dificilmente poderemos afirmar quanto de arroz consumimos diariamente,
em casa. Mas podemos definir o consumo acumulado durante um mês, ou seja, quando
de arroz utilizamos durante todo o mês, para prever quanto precisaremos comprar para o
mês seguinte. Da mesma forma, um bar normalmente não pode afirmar quantas garrafas
de cerveja são vendidas todo dia, mas poderá precisar quantas foram vendidas durante
um mês, indicando, assim, o consumo acumulado do mês.

17
- Média de consumo: Para calcularmos a média do consumo é necessário
somarmos todo o consumo de determinado período acumulado e dividirmos o total pela
duração deste período único. No caso de nosso botequim, buscamos saber quantas
garrafas de refrigerante são vendidas, em média, por mês. Neste caso, poderemos somar
todo o consumo acumulado de um ano e dividir por 12 meses.

- Consumo médio ponderado: Determinadas datas ou períodos tem maior


relevância ou contribuição para o cálculo de demanda, e assim deverão ter ponderações
ou “pesos” diferentes no cálculo da média. No caso de comércios, determinadas datas,
meses ou horários tendem a ter uma influência maior no resultado mensal. Por exemplo,
um barzinho noturno tende a ter um consumo maior durantes os fins de semana do que
durante a semana. O inverso ocorre em restaurantes self-service no centro da cidade, cuja
maior procura é no horário do almoço, em dias de semana. Ou seja, para o cálculo da
média de consumo, no caso do restaurante, os fins de semana tem um “peso” matemático
menor.

Existem tipos diferentes de consumo:

• Consumo constante
Quando se fala em consumo constante costumamos achar que constante é o que não
sofre variação. Seria como se o consumo de determinado item fosse sempre o mesmo.
Mas isto é um engano, o consumo não precisa ser exatamente o mesmo para ser constante,
pois também existem variações constantes, tanto de aumento como de redução. Se em um
mês tenho um consumo de 100 unidades, no mês seguinte tenho consumo de 200 unidades
e no terceiro mês tenho um consumo de 300 unidades, fica evidente que o consumo vem
crescendo de maneira constante e, assim, é possível prever seu aumento para um período
futuro. A mesma situação ocorre com a redução do consumo. Realizar previsões de
demanda quando o consumo é constante costuma ser bem simples e com menor riscos de
erro.

• Consumo sazonal
O consumo sazonal tem aumento ou redução de acordo com períodos específicos.
Estações do ano, datas comemorativas, como Dia das Crianças, natal, carnaval, festas
juninas são exemplos de períodos em que existem itens específicos de consumo. Existe
também o consumo sazonal em função da disponibilidade de mercado, como, por
exemplo, safras de determinados produtos: existem frutas que só “dão” em certas épocas
do ano.

• Consumo por demanda


Determinados tipos de consumo só existem quando são solicitados. É o que também
conhecemos como produção “por encomenda”, que pode ser simples, como produção de
salgadinhos de festa ou bolos, ou uma frota de veículos para determinada empresa ou
órgão do governo, como, um exemplo bem comum nas cidades, pela visibilidade que
18
sempre é dada, novas frotas de veículos de polícia (que sempre desfilam pela cidade com
giroscópios e sirenes ligadas quando são entregues).

Estas variações podem ter diversos fatores de influência, que podem ser
quantitativos ou qualitativos. A seguir serão descritos alguns destes fatores, separados
nestes dois grupos.

Fatores quantitativos

Os fatores quantitativos influenciam a demanda diretamente em seu resultado


numérico. São fatores OBJETIVOS, cuja análise é simplesmente matemática, com
impacto diretamente proporcional no resultado. São exemplos de fatores quantitativos de
influência:

- População: conforme o número de habitantes aumenta, o consumo também


aumenta, ou seja, mais pessoas, mais consumo;

- Renda per capita: conforme a renda média da população cresce, o consumo


também crescer, já que com um melhor poder aquisitivo as pessoas compram mais;

- Clima: o clima favorece o consumo de itens específicos. Faz muito calor,


aumentam as vendas de picolés, sorvetes, água, refrigerantes, cerveja. Choveu, aumentam
as vendas de guarda-chuvas.

Fatores qualitativos

Os fatores qualitativos influenciam a demanda a partir do conceito dos


consumidores acerca de determinados itens, ou seja, influenciam a demanda de acordo
com a aceitação daquele item pelo consumidor. São fatores SUBJETIVOS, cuja análise
matemática vai depender de cálculos mais complexos e talvez pesquisas de opinião com
o público envolvido. São exemplos de fatores qualitativos de influência:

- Moda / tendência: Quando determinado produto está na moda, suas vendas


aumentam. O contrário também é válido;

- Mídia: A propaganda influência a opinião das pessoas sobre determinados


produtos, gerando impacto no consumo destes;

- Sazonalidades: Determinados itens têm aumento de suas vendas em períodos


específicos. Isso não quer dizer que não haja venda destes produtos em outras épocas do
ano, mas o consumo tende a aumentar em função destes períodos. Como exemplo, temos
as vendas de pé de moleque e paçoca durante as festas juninas. Ainda, podemos citar os
panetones e o período natalino. Todos estes produtos são fabricados e comercializados
durante todo o ano, mas nestes períodos específicos suas vendas disparam;

19
- Cultura: A cultura de determinado grupo social, país ou região geram impactos
sobre o consumo de itens. Um exemplo simples é a feijoada, prato “tipicamente
brasileiro”. Brasileiro ou carioca? No Rio de Janeiro, a feijoada é feita de feijão preto,
com um caldo bastante carregado pelo cozimento com os miúdos do porco. No Nordeste
a feijoada é feita com feijão fradinho, com pouquíssimo caldo. Além disso, temos o
consumo de acarajé no Nordeste, de chimarrão no sul, tereré no Centro Oeste, etc. Como
a cultura no Brasil é bem variada, nosso consumo alimentar também. Ao estendermos
isso em nível mundial, chegaremos aos besouros, escorpiões e gafanhotos consumidos na
Tailândia e os cachorros comidos pelos chineses. Lembrando que na Índia a vaca é
sagrada, então nada de churrasco.

2.6 Contabilização de estoques

Os estoques, normalmente, representam uns dos ativos mais relevantes nas


empresas industriais e comerciais. Seus custos refletem diretamente na formação do preço
de venda e na maximização dos resultados das empresas. Dessa forma, o reconhecimento,
a mensuração e o controle contábil adequados dos estoques são essenciais para a
apropriada divulgação das demonstrações financeiras das empresas.

Definição de estoque

Os estoques são ativos:

• mantidos para venda no curso normal dos negócios;


• em processo de produção para venda; ou
• na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados
no processo de produção ou na prestação de serviços.

Como mensurar os estoques?

Como regra básica, os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor
realizável líquido, dos dois o menor.

Apuração do custo do estoque

O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e de transformação,


bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização
atuais.

20
Dizendo de outra forma, no quadro abaixo temos uma representação dos gastos que
devem ser inclusos na formação do custo do estoque:

Custo de aquisição Custo e transformação Outros custos

Os custos de transformação de estoques incluem


O custo de aquisição é os custos diretamente relacionados com as
preço do produto unidades produzidas ou com as linhas de Custos incorridos
comprado, mais os produção, como pode ser o caso da mão de obra para colocar os
custos incorridos direta. estoques no seu
adicionalmente, até o Também incluem a alocação sistemática de custos local e na sua
ativo estar à disposição indiretos de produção, fixos e variáveis, que sejam condição atual.
para utilização. incorridos para transformar os materiais em
produtos acabados.

Exemplos de itens não incluídos no custo dos estoques:

Se no tópico anterior vimos o que incluir no custo de aquisição ou formação do


estoque, os exemplos abaixo tratam de gastos que não devem ser incluídos no custo do
estoque, ou seja, são os gastos que devem ser reconhecidos como despesa do período,
quando incorridos:

• valor anormal de desperdício de materiais, mão de obra ou outros insumos de


produção:
• A alocação dos custos fixos indiretos de fabricação às unidades produzidas,
relacionada com a capacidade normal de produção, ou seja, a alocação dos custos
no estoque deve ser baseada na capacidade normal de produção.

Em outras palavras, em períodos anormais de produção (como exemplo, períodos de


pandemia), o valor do custo fixo alocado a cada unidade produzida não pode ser
aumentado por causa de um baixo volume de produção ou ociosidade e,
consequentemente, os custos fixos não alocados aos produtos devem ser reconhecidos
diretamente como despesa no período em que são incorridos.

• gastos com armazenamento, exceto que sejam necessários ao processo


produtivo entre uma e outra fase de produção;
• despesas administrativas que não contribuem para trazer o estoque ao seu
local e condição atuais;
• despesas de comercialização, incluindo a venda e a entrega dos bens e
serviços aos clientes;
• juros sobre compra de estoques a prazo:

21
Quando a entidade compra estoques para pagamento a prazo, a compra pode conter
um elemento de financiamento (exemplos: juros, valor do dinheiro no tempo etc.). Esse
elemento financeiro deve ser reconhecido como despesa de juros durante o período do
financiamento. Resumindo, os juros sobre as compras de estoques devem ser
reconhecidos como despesa.

Critérios de avaliação do estoque

Dado que as empresas adquirem seus produtos com datas distintas e com preços
diferentes (ainda que seja com o mesmo fornecedor), neste tópico abordaremos qual valor
unitário deve ser atribuído aos estoques. Em outros termos, veremos as metodologias
existentes de valorização dos estoques, tais como: metodologias PEPS, UEPS, preço
médio de compra etc.

Via de regra, os estoques devem ser valorizados pelo uso da metodologia “Primeiro
a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS)” ou pela metodologia do “custo médio ponderado”.

PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que sai)

Também conhecido como FIFO (First in, First out). O PEPS é indispensável
quando a empresa trabalha com produtos perecíveis, pois tende a fazer com que o item
mais antigo seja o primeiro a ser vendido.

Sendo assim, o método PEPS prioriza a ordem cronológica de entrada dos produtos
privilegiando o uso do lote mais antigo de mercadorias até que as quantidades sejam
esgotadas. Em seguida, é utilizado o segundo grupo mais velho e assim por diante. Para
usar este tipo de gestão é necessário que as mercadorias do estoque sejam armazenadas
de forma seriada.

Vantagens e desvantagens do PEPS

A vantagem do PEPS é ter uma circulação contínua e ordenada de produtos, o que


permite refletir, com mais exatidão, sobre o custo real dos itens. O valor dos estoques
também se mantém atualizado se comparado ao preço da entrada mais recente.

Por outro lado, é preciso ter uma boa organização para conseguir controlar
diferentes lotes e descobrir o custo do mais antigo. Outra desvantagem é a tendência de
as primeiras compras terem um custo reduzido, o que gera aumento contínuo no preço de
venda dos seus produtos, podendo resultar em insatisfação dos clientes.

22
Além disso, o PEPS é o método contábil utilizado pela Receita Federal do Brasil
para o cálculo de tributos. É com base nele que o seu estoque é avaliado e, em cima dessa
estimativa, são calculados os impostos e tributos.

EXEMPLO:

Imagine uma loja que comercializa sapatos. No seu depósito há 100 modelos, cujo
preço pago foi de R$10,00 em cada um. O custo do estoque é de mil reais.

Antes de o fornecedor receber o próximo pedido, foram vendidas 80 sapatos. Você


solicita então mais 100 modelos
.
Mas digamos que o valor do produto subiu, e agora cada uma custa R$11,00.

Segundo a metodologia adotada através do PEPS, das próximas 100 peças que
você vender, 20 delas terão o custo de R$10,00, e 80 de R$11,00.

Metodologia UEPS (Último que Entra, Primeiro que sai)

Também conhecido como LIFO (Last in, First out). O método UEPS é
praticamente o contrário do que vimos sobre o método anterior.

O valor do último lote de mercadorias adquiridas é usado para calcular o preço de


venda do produto. Nesta forma de gestão, além da formação de preço tendo como base o
último lote recebido, existe também a priorização de venda/saída dos lotes recebidos mais
recentemente.

No entanto, é um dos métodos de controle de estoque mais eficientes para o


planejamento da produção, ao permitir ajustes rápidos nos preços e quantidades a serem
fabricadas de acordo com o consumo real.

Uma vez que os últimos itens adicionados são os primeiros a serem vendidos, tem-
se uma média do consumo daquele período, permitindo prever o consumo futuro na
medida em que novos produtos vão entrando no estoque.

EXEMPLO:

O produto que fica no topo da pilha, de mais fácil acesso, é o adquirido mais
recentemente.

23
O custo das 10 primeiras mercadorias que saem (vamos imaginar que seja
R$15,00) é idêntico ao das 10 últimas entradas (vamos imaginar que foi adquirido por
R$ 17,00).

É com base nesse valor que você vai calcular o preço de venda dos seus produtos,
R$17,00.

Vantagens e desvantagens do UEPS

Possibilita um ajuste mais eficiente e rápido na produção e nos valores cobrados do


consumidor, ao mesmo tempo em que o lucro atingido em algumas operações é
minimizado. Em outros países suas vantagens são a possibilidade de manter estimativas
mais precisas, a maior adequação aos departamentos que contam com processos
produtivos e a integração facilitada às previsões de lucratividade por mercadorias.

Por outro lado, o custo de reposição das mercadorias usadas não é trabalhado de
forma imediata. Essa metodologia também não pode ser aplicada em todos os setores.
Um exemplo são as empresas de gênero alimentício, que trabalham com produtos que
têm data de validade e são perecíveis.

UM ALERTA!

No Brasil, a Norma Brasileira de Contabilidade não autoriza o uso método UEPS.


Ele tende a reduzir a margem de lucro operacional das empresas, uma vez que, no
momento da medição, os fatores externos momentâneos (inflação, variação cambial etc.)
são repassados ao preço de custo da mercadoria. Por esse motivo, ele não é aceito pela
Receita Federal e deve-se usar o PEPS na precificação do estoque.

Metodologia custo médio ponderado

Esse é um dos métodos de mais simples utilização. O custo médio das mercadorias
em estoque é o resultado da divisão dos saldos financeiros pelos físicos O custo médio,
também conhecido como média ponderada móvel, é uma forma de mensurar o valor do
estoque da empresa sem que seja levada em conta uma ordem cronológica de recebimento
das mercadorias.

Em resumo, sobre o valor dos custos de cada mercadoria é calculada uma média ao
somar os diferentes preços de aquisição do produto estocado dividido pela quantidade
adquirida. O resultado é o custo médio da mercadoria estocada.

EXEMPLO:

24
Compra de 100 unidades do produto A por R$20,00 = R$2.000,00
Compra de 50 unidades do produto A por R$25,00 = R$1.250,00

Venda de 30 unidades do produto A, por R$ 50,00 (preço de venda) = R$ 1.500,00

Custo da mercadoria vendida ao Custo Médio ponderado

= [(R$2.000,00 + R$1.250,00) / 150 unidades] x 30 unidades vendidas


= R$21,67 x 30 unidades vendidas
= R$ 650,00 (custo médio da mercadoria estocada)

Vantagens e desvantagens do MPM

A vantagem é a facilidade de implementação do método. O estoque passa por um


controle permanente e, sempre que algumas mercadorias são adquiridas, refaz-se o
cálculo dos custos. O monitoramento contínuo garante que o preço médio do patrimônio
seja mais seguro e mediano.

A desvantagem é que o MPM é recomendado apenas para realizar cálculos de


custos pela contabilidade, e não para formar os preços de vendas. Ele é o único método
válido pela contabilidade de custos, já que oferece o valor de custo, de estoque e de lucro
medianos.

Outras metodologias de mensuração do estoque

Outras formas para mensuração do custo do estoque, tais como o custo-padrão ou


o método de varejo, podem ser usadas por conveniência se os resultados se aproximarem
do custo.

Por que o UEPs é proibido no Brasil?

O método UEPS é proibido no Brasil justamente por permitir que pessoas que na
verdade tiveram um grande lucro na venda de seus produtos possam o vender como se na
verdade o lucro tivesse sido baixo ou, por vezes, inexistente.

Por que o PEPS é exigido pela Receita Federal?

Este método pega um mesmo produto e atribui um custo de mercadoria vendida ao


preço de compra mais antigo em estoque. Dessa forma, é por meio do PEPS que se deduz
o custo das mercadorias vendidas. O que acontece na demonstração dos resultados de
exercícios, o qual é exigido pela Receita Federal.

25
2.7 Pedidos

A aquisição de matérias-primas, suprimentos e outros componentes representa um


fator decisivo nas atividades organizacionais, especialmente na administração de
materiais. A função de compras nos negócios atuais assume verdadeiro papel estratégico
nas organizações, devido ao volume dos recursos envolvidos.

Tal caráter estratégico da função de compras está relacionado a um fato que ocorre,
principalmente, na indústria, onde a compra de materiais para a produção representa um
custo de aproximadamente 50% do custo total dessa produção.

As atividades de compras incluem uma série de fatores, tais como: a seleção de


fornecedores, a qualificação dos serviços, a determinação de prazos de vendas, a previsão
de preços, os serviços e as mudanças na demanda. Já que grande parte do dinheiro pago
aos fornecedores se dá pela compra de materiais, pequenas reduções na sua aquisição
podem gerar considerável economia e incremento nos lucros. Frente a isso, podemos dizer
que a gestão de compras é de vital importância para o sucesso empresarial.

Á área de compras também compete a observação dos níveis de estoque, pois


embora altos níveis possam significar poucos problemas com a produção, eles acarretam
grandes custos de manutenção. Entretanto, baixos níveis de estoque podem fazer com que
a empresa trabalhe em um limiar arriscado, porque quaisquer detalhes ou eventualidades
podem prejudicar ou interromper o processo produtivo. Nesse contexto, pode a empresa
enfrentar reclamações de clientes e ter que manter altos níveis de estoques intermediários,
gerados por pausas e interrupções no processo produtivo. Além desses pontos, cabe ao
setor de compras analisar o relacionamento com os fornecedores. Isso inclui a pesquisa e
o desenvolvimento da qualificação e do suporte técnico durante o relacionamento. No que
tange aos fornecedores, é preciso assumir a negociação dos preços com eles; tal atividade
pode determinar a competitividade da empresa.

O ato de comprar inclui as seguintes etapas:

a) determinação do que, de quanto e de quando comprar;

b) estudo dos fornecedores e verificação de sua capacidade técnica, relacionando-


os para consulta;

c) promoção de concorrência, para a seleção de fornecedor vencedor;

d) fechamento de pedido, mediante autorização de fornecimento ou contrato;

26
e) acompanhamento ativo durante o período que entre o pedido e a entrega; e

f) encerramento do processo, após recebimento do material, controle da qualidade


e da quantidade.

O processo começa com a requisição de compra que define o que deve ser comprado
e qual a quantidade; em seguida a solicitação é passada para o setor de Compras que
avaliará os fornecedores e solicitará cotações. Depois de enviadas as cotações, é preciso
escolher a empresa que fornecerá o material necessário. Esse processo deverá ser
acompanhado, principalmente com relação ao pedido e à entrega. Após a entrega dos
materiais, eles devem ser conferidos, armazenados e controlados pela área de materiais.

As atividades desenvolvidas pela função compras em uma organização envolvem


cadastro, pesquisa, administração de materiais, sistema de aquisição e também a
participação na definição das políticas de gerenciamento de materiais.

Cadastro: inclui o registro dos possíveis fornecedores dos materiais necessários à


organização, o registro das compras, o histórico dos preços praticados, as especificações
dos produtos a serem adquiridos, os históricos e previsões de consumo e os catálogos de
produtos e registros econômicos dos materiais comercializados pela organização.

Pesquisa: dá subsídios para o estudo do mercado, as possíveis especificações dos


materiais, a análise dos custos de aquisição, o desenvolvimento de novos fornecedores, o
uso de novos materiais nos processos de transformação e os critérios de qualificação dos
fornecedores.

Administração de materiais o atendimento das requisições de materiais, manter


estoques: envolve ações para garantir 3 em níveis que atendam o consumo dos materiais,
garantir a transferência de materiais entre as diferentes unidades organizacionais,
padronizar embalagens e elaborar relatórios de acompanhamento de suas atividades.

Sistema de aquisição: implica negociar contratos, analisar cotações, analisar


requisições de materiais, definir as condições em que devem ser recebidos os materiais
no momento do desembarque, conferir faturas e notas fiscais, contatar vendedores,
negociar alterações nos contratos de fornecimento e gerenciar os prazos de atendimento
às requisições dos diferentes departamentos organizacionais.

Participação na definição das políticas de gerenciamento de materiais: inclui


participar na definição de políticas referentes a materiais obsoletos, em testes de novos
produtos ou de produtos substitutos, na definição das especificações dos materiais, na
definição das políticas referentes a comprar ou fabricar os materiais necessários, e na
negociação e contratação de seguros e sistemas de transporte

27
Como observamos, a aquisição de materiais envolve o dispêndio de recursos
financeiros da organização e os processos de negociação com fornecedores geram
dívidas, representando uma significativa interface com a administração financeira.

Lote Econômico de Compra (LEC)

Realizar uma boa gestão dos produtos no armazém afeta diretamente os resultados
financeiros que dialogam com a demanda do mercado, portanto, operar um estoque de
forma precisa é um grande diferencial para a evolução de qualquer negócio, uma vez que
ele é a “coluna dorsal” e segura toda a estrutura operacional de uma empresa.

O Lote Econômico de Compras (LEC), também denominado Economic Order


Quantity (EOQ), é um cálculo que ajuda a descobrir a quantidade ideal de itens que
precisam ser adquiridos em um estoque, visando obter o mínimo custo total, considerando
tanto as despesas com o armazenamento quanto os gastos relacionados aos juros do
capital empatado e os custos gerais da compra. Em outras palavras, trata-se de uma
metodologia que ajuda a definir o equilíbrio ideal entre as vantagens e desvantagens de
se manter um estoque, buscando sempre a redução do custo total.

Independente do segmento em que sua empresa atua hoje, entender a quantidade de


produtos que seu estoque necessita minimiza o risco de falta ou excesso de mercadorias
no armazém e, por consequência, ajuda a sua empresa a reduzir despesas e a atender
melhor seus clientes. O Lote Econômico de Compras (LEC) diminui a ocorrência de
problemas de estoque e produção, logo, essa métrica se faz necessária no dia a dia do
gerenciamento de estoque, porque garante que ele seja sempre monitorado e permite que
um valor fixo de pedido seja aplicado sempre que for apontado o momento exato para o
reabastecimento de produtos.

28
Benefícios do cálculo do Lote Econômico de Compras (LEC):

1) Reduzir custos de armazenamento


2) Evitar a indisponibilidade de produtos
3) Evitar produtos em excesso
4) Aproveitar descontos e oportunidades
5) Auxiliar em decisões estratégicas

2.8 Métodos de gestão

JIT – Just in Time

➢ Caraterísticas da metodologia: produção por demanda e estoque zero

Metodologia muito simples, na qual o pedido é feito por demanda, ou seja, por
encomenda, não havendo estoque prévio, o que faz com que o custo de manutenção de
estoques seja próximo a zero. No momento em que é identificada a demanda pelo item,
os produtos são comprados. Muito comum na indústria automobilística, no qual frotas
são encomendadas e os itens de estoque são comprados conforme a necessidade de uso.
Também, na construção civil, no qual itens comprados antes da necessidade podem sofrer
danos. Outro exemplo prático é a produção de bolos de festa: a profissional só adquire
os itens para produção do bolo que irá produzir após a encomenda do mesmo, em função
da perecibilidade dos itens.

MRP – Material Requirements Planning

Na gestão por MRP são definidas métricas para o estoque considerando a demanda
ou consumo do item, o tempo de entrega e a capacidade física do estoque. A partir destes
indicadores é definido o Ponto de Pedido.

Inicialmente, devemos estabelecer uma série de conceitos:

- Estoque máximo (EM) – Número máximo de itens que cabem no seu estoque;
- Estoque mínimo (Em) – Quantidade mínima no seu estoque para garantir que sua
operação não pare. Normalmente é definido pelo consumo durante o tempo mínimo para
operação;
- Estoque de Segurança (ES) – Quantidade acima do estoque mínimo, para garantir
prazos variáveis de entrega ou mesmo atraso nas mesmas. É calculado a partir do
consumo durante a diferença entre prazos mínimo e máximo de entrega, ou prazo
estipulado para atraso;

29
- Estoque Virtual (EV) – Produtos já adquiridos, mas que ainda não estão
disponíveis no estoque para consumo, seja por estarem em fase de emissão do pedido
pelo fornecedor, em transporte ou em conferência;
- Consumo médio (CM) – Quantidade média de itens consumidos/utilizados por
dia;
- Tempo de Ressuprimento (TR) – Tempo decorrido entre a realização do pedido e
a disponibilidade dos itens no estoque. Também conhecido como Lead Time;
- Ponto de Pedido (PP) – Quantidade de itens em estoque que indicam o momento
de se realizar um novo pedido, para garantir que a entrega do mesmo seja feita dentro do
planejamento de rotatividade dos itens do estoque;
- Pedido máximo (PM) – Quantidade máxima a ser comprada no pedido, de modo
a não exceder o estoque máximo. Normalmente é a diferença entre o estoque de segurança
(ou na ausência deste, o estoque mínimo) e o estoque máximo.

O conceito de Ponto de Pedido é o momento ideal para emitir um pedido de compra,


estando diretamente relacionado com o modelo de Estoque Mínimo, também chamado
Estoque de Segurança. Neste modelo de estoque, você estabelece uma quantidade mínima
para que você possa operar no caso de algum evento inesperado enquanto repõe seu
estoque.

O Ponto de Pedido serve para otimizar o Estoque de Segurança. De nada adianta


você estabelecer um Estoque Mínimo e somente efetuar o pedido de compra quando a
quantidade de produto em estoque atinge o que foi pré-estabelecido. Se você fizer isso, o
risco de ruptura do seu estoque será muito grande. É aqui que entra o cálculo do Ponto de
Pedido, para identificar o melhor momento de emitir uma ordem de compra ao
fornecedor.

Para calculá-lo é necessário prestar atenção em variáveis de tempo. Entre


elas: tempo de emissão, de preparação, de produção e de transporte. Todas estas variáveis

30
são responsáveis por alterar o tempo de reposição, uma variável que faz parte do cálculo
do Ponto de Pedido.

O cálculo considera o Estoque de Segurança (ES), o Consumo Médio (CM) e o


Tempo de Reposição (TR) sendo obtido através da seguinte fórmula:

PP = (CM x TR) + ES

Em muitos casos, quando não houver diferença nos tempos de entrega e de


reposição, o ponto de pedido será o dobro da quantidade prevista para o estoque de
segurança. O objetivo é evitar o uso desse estoque reserva, mantendo a empresa longe da
ruptura

31
3. ARMAZENAGEM

O armazém é uma instalação que, juntamente com os equipamentos de


armazenagem, de movimentação, meios humanos e de gestão, permite regular as
diferenças entre os fluxos de entrada de mercadoria (recebida dos fornecedores, centros
de fabricação etc.) e os de saída (mercadoria enviada à produção, para venda, etc.). Esses
fluxos costumam não estar coordenados e essa é uma das razões pelas quais se torna
necessário recorrer ao armazém.

3.1 Objetivos

“Abrigar o estoque com segurança, adquirir mais agilidade no fluxo de produtos para
a expedição e reduzir custos incentivam o uso da armazenagem.”

A armazenagem envolve ações que contemplam planejamento, verificação da área


e análise das características dos produtos que serão armazenados até o desenvolvimento
das operações cujo objetivo é receber e manter mercadorias estocadas adequadamente,
realizando a expedição conforme demanda.

A armazenagem é, portanto, diferente da estocagem, atividade responsável pela


guarda ordenada de todos os itens no armazém, seguindo uma ordem de prioridade de uso
ou saída. Trata-se de um conjunto de atividades formado por recebimento, estocagem e
distribuição, com funções que vão desde a recepção, descarga, arrumação e conservação
de matérias-primas e produtos acabados ou semiacabados até o carregamento e a
expedição. A atividade pode ser temporária ou permanente.

Quanto à movimentação de produtos, na armazenagem ela pode ser manual,


mecanizada ou automatizada. A forma manual utiliza a força humana e, em algumas
situações, conta com o auxílio de máquinas. A mecanizada é uma operação realizada com
equipamentos, e a automatizada é feita por computadores.

Vale ressaltar que cada atividade na armazenagem deve ser complementar,


possibilitando a correta movimentação e o armazenamento adequado dos produtos. Se
garantir a redução de custos e a quantidade adequada de itens em estoque para atender o
cliente, melhor ainda!

Os principais objetivos da armazenagem são:

• abrigarmercadorias adequadamente, respeitando suas peculiaridades;


• otimizar o uso do espaço com as estruturas e técnicas apropriadas;
• maximizar o giro do estoque e o acesso às mercadorias;
• otimizar a mão de obra, facilitando as condições de trabalho com
atividades integradas e o uso de tecnologia e de equipamentos;

32
• maximizar o controle de perdas e avarias dos itens;
• reduzir custos com transporte, produção e estocagem;
• coordenar a movimentação de suprimentos e a demanda, facilitando o
fluxo de itens;
• disponibilizar produtos para entrega rápida, gerando melhoria nas vendas;
• manter os produtos em localização estratégica, próxima de rodovias e
modais de transporte;
• controlar e gerenciar o material guardado, facilitando o inventário.

Com relação às cargas, a armazenagem possibilita:

• a consolidação, pela capacidade do galpão em receber produtos de diversos


fornecedores e enviá-los ao cliente em entrega única;
• o cross-docking, com áreas de carregamento e plataformas que permitem
mais eficiência na operação;
• a facilidade para operações de break-bulk, recebendo quantidades do
fornecedor fracionadas para atender clientes variados.

Em suma, a armazenagem é importante para o bom andamento das operações


logísticas e de distribuição, pois permite à empresa contar com uma estrutura completa e
adequada aos produtos que entrega. Ela torna essas operações mais eficientes, em um
cenário com produtividade em alta e com erros e custos em baixa. O resultado é o melhor
desempenho financeiro e a satisfação do cliente com a redução do tempo de entrega do
produto escolhido.

Contar com galpões em centros logísticos estrategicamente localizados pode fazer


a diferença em termos de competitividade da empresa no mercado.

3.2 Tipos de Armazéns

Compreender quais são os tipos de armazém é determinante para quem trabalha


com logística. Afinal, a armazenagem adequada é uma das tarefas elementares do setor.
É preciso fazer a gestão correta do espaço, controlar o estoque e guardar matérias-primas,
produtos e outros artigos, de maneira que estejam disponíveis quando forem necessários
para as atividades da empresa.

Os distintos tipos de armazém são capazes de oferecer variadas possibilidades para


atender às necessidades de espaço físico, acesso e dinâmica de trabalho de cada negócio.
A escolha depende do modelo que se mais se adequa à realidade e às demandas do
empreendimento.

EM RELAÇÃO A FORMA DE CONTRATAÇÃO E UTILIZAÇÃO

• Próprio

33
Como o nome indica, este tipo se caracteriza quando o local é administrado pela
própria empresa detentora das mercadorias armazenadas. Neste caso, ela é responsável
por fazer a gestão do espaço, definir processos, contratar funcionários para manter o
controle e a segurança e realizar todas as atividades referentes à manutenção do armazém.

Isso significa que pode haver maior gasto com a mão de obra — inclusive, devido
à necessidade de treinamentos de pessoal — e as despesas para a gestão do galpão. No
entanto, essa escolha também tem benefícios, como maior controle operacional, liberdade
para mudanças no espaço, flexibilidade para ajustes estratégicos e possibilidade de
projetar as instalações para atender às necessidades específicas de manuseio de materiais
da empresa.

Para ter um armazém próprio, a empresa não necessariamente precisa alocar um


espaço nas dependências da matriz ou da área industrial. Às vezes, a depender do negócio,
pode ser mais interessante fazer a instalação em um local que permita fácil acesso às
estradas e possa otimizar o transporte de cargas, por exemplo.

Há gestores que optam por ter centros de armazenagem até mesmo em outras
cidades para facilitar a logística. É comum este tipo ser utilizado por indústrias e grandes
empresas dos diversos setores, como automotivo, metalomecânico, de móveis, de
eletrônicos e alimentício, entre outros.

Antes de ficar com essa opção, é preciso analisar quanto será realmente despendido
com o depósito ou galpão. Deve-se levar em conta os gastos com pessoal, no caso de um
armazém próprio, e fazer comparações com os valores oferecidos pelas alternativas
disponíveis.

Ao mesmo tempo que ter um armazém próprio pode trazer mais projeção no
mercado de atuação da empresa, nem sempre a taxa de retorno é compensatória, uma vez
que a organização gera mais uma atividade-meio, em vez de se dedicar à sua principal
ocupação.

• Público

Também existem os armazéns públicos, que incluem depósitos gerais, de móveis,


de commodities, alfandegários e refrigerados, por exemplo. Esses locais são
especializados e fazem cobrança de taxas de manuseio e armazenagem, que costumam
ser baseadas no peso ou na cubagem das mercadorias.

Os armazéns alfandegários, por exemplo, são depósitos autorizados pelo governo


em que as empresas podem estocar os produtos importados ou destinados à exportação
até que sejam liberados, mediante o pagamento dos impostos aduaneiros.

34
A grande vantagem deste modelo é que ele tem as especificações necessárias para
cada tipo de material estocado: alimentos e remédios que precisam de refrigeração, grãos,
volumes grandes etc.

Ademais, os custos também podem ser mais baixos, a depender do tipo do negócio
e da frequência e do tempo em que a empresa precisará usar o armazém.

• Terceirizado

Outra maneira de armazenar mercadorias é de forma terceirizada. Nesse caso, a


organização passa as responsabilidades para uma empresa contratada, que fará a gestão
do depósito.

Esse modelo é bom para empresas que não querem se preocupar com o
gerenciamento do armazém, já que o local é alugado e as demandas são atendidas pela
terceirizada. Com isso, pode haver redução de despesas, uma vez que não há necessidade
de contratar ou treinar funcionários próprios.

A terceirização é uma opção bastante procurada por pequenos empresários e


também por empresas de maior porte, como as da indústria agrícola, que buscam evitar
desperdícios, perdas e danos aos seus produtos.

Embora seja uma boa alternativa para as organizações que querem se concentrar
nas suas principais atividades, a parte negativa da terceirização é que as empresas não
têm liberdade para adaptar os processos de armazenagem ou fazer o controle de
estoque da sua maneira.

• Contratado

Por fim, há os armazéns contratados, que misturam características dos tipos


anteriores. Nesse caso, a empresa utiliza um espaço de depósito que não é seu, mas são
os seus próprios funcionários que ficam responsáveis por cuidar dos processos logísticos.

Isso pode tornar os custos finais mais elevados, já que há despesas tanto com o
aluguel do local quanto com a contratação de pessoal. No entanto, essa é uma alternativa
interessante para quem já tem uma equipe especializada e precisa apenas de um espaço
para armazenagem.

Muitos costumam confundir os modelos terceirizado e contratado. A principal


diferença entre eles é que, na terceirização, todo o processo é feito por outra empresa; na
contratação, apenas o espaço físico é alugado para armazenagem.

Em todo caso, cada tipo de armazém tem suas vantagens e desvantagens. A melhor
escolha depende das demandas e necessidades de cada negócio. De maneira simples, é

35
preciso analisar uma série de fatores antes de decidir, como custos, layout, amplitude e
localização, entre outros.

Para tanto, considere o orçamento anual da empresa e avalie o que será estocado.
Pense no espaço que será necessário, como as mercadorias devem ser alocadas, de que
maneira serão manuseadas, os custos envolvidos, a proximidade com a fábrica ou os
pontos estratégicos da organização, dentre outros.

Ter mais informação sobre os diferentes tipos de armazém pode facilitar na hora de
fazer uma boa escolha e permitir uma gestão de riscos mais eficiente. Lembre-se, no
entanto, que é importante que o espaço atenda às demandas da organização e permita a
manutenção da qualidade dos serviços prestados. Os custos também devem se adequar à
realidade do empreendimento.

EM RELAÇÃO ÀS CARACTERÍSTICAS

Às vezes, a atividade econômica de uma empresa pode exigir um ou vários tipos de


armazém: de matérias-primas, de produtos semielaborados, de produtos acabados etc.
Todos eles devem estar situados considerando as necessidades específicas de seu
funcionamento e de acordo com as restrições ou as possibilidades de cada localização e
seu contexto.

A melhor maneira de classificar os distintos tipos de armazéns que existem


atualmente é agrupando-os segundo suas características comuns:

• De acordo com a natureza do produto é possível encontrar armazéns especializados


em bobinas, produtos inflamáveis, perfis, materiais de pequenas dimensões,
cartuchos, produtos perecíveis e inclusive armazéns de uso geral, entre outras
possibilidades;

• O edifício também pode servir como critério de classificação, portanto podem existir
armazéns ao ar livre, galpões, porões, silos ou depósitos, câmaras frigoríficas,
armazéns autoportantes (as estantes formam a estrutura do próprio edifício) etc;

• Dependendo do fluxo de materiais, as instalações podem ser agrupadas conforme o


tipo de produto, ou seja, matérias-primas, componentes ou produtos semielaborados,
produtos acabados, armazéns intermediários, de depósito, para distribuição, etc;

• Quanto à sua localização, existem armazéns centrais, regionais e de trânsito;

• Quanto à sua mecanização, os armazéns podem ser manuais, convencionais ou


automáticos.

36
3.3 Operações em Armazéns

O armazém não se resume apenas em receber e guardar o seu estoque. São muitas
as etapas das quais esse estabelecimento é responsável por realizar. Por isso muitas
empresas recorrem a terceirização. Assim, elas podem focar nos trâmites do próprio
negócio sem precisar se preocupar com mais uma gestão.

Os principais trabalhos desenvolvidos em um armazém são:

• Recebimento de mercadoria
• Verificação
• Transporte interno (entre as diferentes zonas do armazém)
• Armazenagem e guarda
• Preparação dos pedidos e a consolidação das cargas
• Expedição da mercadoria
• Gestão e informação relativa aos estoques, fluxos, demanda, etc.

1) Receber os produtos

Essa é a função mais óbvia de um armazém. Entretanto, é importante se lembrar


que são essas tarefas que determinam o sucesso da logística do seu negócio.

Sem dúvidas, é fundamental que o estabelecimento possua uma área apenas para
essa função. Caso contrário, as cargas de entrada e saída podem se misturar. Isso causa
grandes problemas.

2) Verificar a carga

Quando a carga chega, é igualmente função do armazém checar o registro dos


produtos. É preciso verificar a carga a fim de descobrir possíveis avarias. Essas falhas
podem ocorrer durante o transporte.

Extravios, perdas, danos e estragos são alguns exemplos do que pode acontecer com
a carga. Portanto, quando chega, o material passa por uma checagem para confirmar se
sua integridade está intacta.

3) Fazer o transporte e manuseio interno

O armazém também tem a função de fazer o manuseio dos materiais. No espaço do


armazém colaboradores descarregam encomendas, empilham paletes. Além de guardar
itens e os transportar para as diferentes seções do armazém.

37
Para fazer essa movimentação, é preciso ter os equipamentos adequados e boas
estruturas. Portanto, um bom armazém deve contar com prateleiras industriais. Fora os
carrinhos de movimentação e empilhadeiras para manter um bom funcionamento.

4) Armazenar e guardar os materiais

É o armazém que guarda os produtos prontos e as matérias-primas para as empresas.


Desse modo, o estabelecimento deve possuir uma estrutura apropriada para garantir a
proteção do estoque. Além disso, os armazéns normalmente possuem um sistema de
segurança. Prevenindo assim possíveis perdas.

A localização do armazém também deve ser pensada a fim de proporcionar o


melhor da logística.

5) Preparar os pedidos e consolidar as cargas

O armazém é responsável, ainda, por montar as embalagens adequadas para cada


tipo de material, bem como estabelecer as cargas.

A preparação dos pedidos, ou seja, a embalagem correta dos produtos, ajuda a


preservar a integridade do material. Dessa forma, o material chega intacto ao destino final
e você evita custos adicionais. Lembre-se que a entrega é um ponto muito importante de
contato com o cliente.

6) Fazer a expedição da carga

Por fim, o armazém deve fazer a expedição dos produtos, ou seja, a distribuição da
armazenagem. Então, a logística entrega o produto ao seu destino final. Nessa operação
há a exigência de uma nota fiscal de saída. Isso com o objetivo de manter o controle de
estoque.

Portanto, para essa etapa é preciso haver uma doca específica para a saída. Bem
como no recebimento da carga.

7) Gerenciamento do estoque

Apesar de parecer algo simples, as funções de um armazém devem ser mantidas


sob uma gestão cuidadosa. Isso porque é esse gerenciamento que garante que todos os
processos de armazenagem ocorram corretamente e sem erros.

Sem uma gestão de planejamento e sistema adequado, o estoque pode gerar grandes
prejuízos. Essa despesa pode ser por conta da perda de materiais ou falta de eficiência.

3.4 Arranjo Físico

38
Muito se fala sobre a necessidade de empresas adotarem processos otimizados e
mais estratégicos para aprimorar sua cadeia de distribuição. Afinal, a logística tem um
papel de grande peso para o sucesso de um negócio.

Organizações que desejam incrementar seus lucros e expandir mercado saem na


frente da concorrência se conseguirem garantir entregas mais rápidas, econômicas e com
qualidade de seus produtos ou serviços.

Como sabemos, a logística é um sistema formado por muitos elos, e todos eles têm
sua importância na hora de tornar o processo como um todo mais produtivo.

Nesse contexto, a organização e a forma como os materiais estão dispostos nos


armazéns fazem toda a diferença no fluxo logístico. Ajustes no layout geram grandes
economias de tempo e recursos, além de contribuir para a gestão de riscos.

Para ter mais excelência na sua cadeia de distribuição, veja por que o layout de
armazém é tão importante e descubra como aperfeiçoar o da sua empresa neste post.
Acompanhe!

Por que o layout de armazém é importante?

O objetivo primordial do armazém é proporcionar uma boa movimentação dos


materiais, de forma a aproveitar ao máximo todo o espaço disponível. Assim, questões
como limpeza, organização do ambiente, volume dos objetos, entrada e saída de itens e
equipamentos devem ser considerados na hora do planejamento dessa área.

O layout correto do armazém contribui muito para a produtividade, uma vez que a
boa disposição dos itens facilita o trabalho, a movimentação e o fluxo das atividades
logísticas. Consequentemente, a empresa ganha mais flexibilidade, além de
conseguir reduzir custos e o tempo gasto nas operações.

Essa mudança no ambiente do armazém colabora para a implementação de


processos mais alinhados e enxutos, uma premissa básica da Metodologia Lean, que
promete operações mais eficientes, rápidas e com alto valor agregado.

Um ponto importante em relação a um layout mais estratégico é tentar minimizar


ao máximo o número de vezes que um item é movimentado. Além de poupar tempo e
recursos, essa prática reduz os riscos de avarias, sobretudo de produtos mais frágeis.

Nesse sentido, todo o planejamento do layout de um armazém deve ser estudado a


fim de otimizar os processos de picking — atividade de separação e preparação de pedidos
—, evitando que um material seja manuseado muitas vezes e que sua integridade seja
comprometida por conta disso.

39
Além disso, é importante ressaltar que a cadeia logística é composta por um fluxo
de etapas interligadas. Assim, a armazenagem tem impacto direto nas demais operações,
como na gestão de estoque e nos resultados de todo o processo.

Em suma, um layout de armazém bem-pensado promove benefícios como:

- melhor aproveitamento do espaço: limpeza, organização e estocagem correta dos


itens;

- movimentação otimizada: um bom projeto permite um deslocamento mais seguro


e confortável para equipamentos e pessoas;

- processos mais produtivos: a organização do espaço contribui para que as demais


atividades sejam mais lógicas, inteligentes e eficazes.

Como garantir um bom layout para minha empresa?

Para investir em um bom layout de armazém, considere estes 7 aspectos relevantes:

1. Otimização do espaço

O planejamento do espaço disponível deve levar em conta pontos como


conservação dos itens, acessibilidade e limitação. Afinal, a ideia central é viabilizar uma
gestão dos materiais mais eficiente, facilitando o alcance dos produtos e otimizando o
tempo de trabalho.

2. Giro dos itens

Para que os profissionais não percam tempo com os processos de separação e


preparação dos pedidos (picking), carga e descarga de materiais, entre outras atividades
de armazenagem, uma boa prática de organização de layout é alocar itens com giro alto —
ou seja, que são mais populares e têm mais saídas — em áreas de acesso mais rápido,
tornando o processo mais prático.

Como esses produtos são solicitados com mais frequência, o ideal é facilitar ao
máximo a identificação dos mesmos. Isso contribui para que erros e inconsistências não
aconteçam.

Naturalmente, itens com baixo giro podem ser armazenados em locais mais
afastados ou em estantes mais altas, para aproveitar o espaço do galpão.

3. Armazenamento por semelhança

40
É muito mais prático para a equipe encontrar um item no galpão se ele estiver
alocado próximo aos seus semelhantes. Assim, agrupar itens por afinidade ou categorias
é outra estratégia que facilita os processos de movimentação, entrada e saída.

4. Volume dos materiais

O volume das mercadorias é outro ponto decisivo, uma vez que ele tem impacto
direto em como o espaço será ordenado, que tipo de compartimentos serão usados e como
será a disposição de todos os elementos.

Se o propósito é otimizar espaço, destinar uma grande área para diversos itens
pequenos é um grande erro e um desperdício.

Assim, todo o layout deve ser projetado de acordo com o tamanho das peças que
serão estocadas. Caso contrário, não é possível pensar em uma forma inteligente para
aproveitar o espaço.

5. Características dos produtos

Muitos itens exigem necessidades especiais no quesito armazenagem. Alimentos,


cosméticos e produtos farmacêuticos são exemplos de produtos que precisam ficar em
condições de temperatura, ventilação, peso e umidade específicas. Caso contrário, eles
podem sofrer alterações de validade e qualidade.

Dessa maneira, o layout de armazém deve respeitar essas especificidades para


assegurar a segurança e a integridade dos produtos.

6. Posicionamento das portas

Um aspecto prioritário no momento de desenhar o layout do armazém é pensar no


posicionamento das portas. No fim das contas, se elas ficarem em um espaço de difícil
acesso ou correrem o risco de ficar bloqueadas por algum outro elemento, o sucesso do
projeto é comprometido.

7. Limpeza e organização

Por fim, um espaço limpo é primordial para a conservação dos produtos. O acúmulo
de poeira e sujeira podem contaminar os itens ou até mesmo atrair pragas que destroem
os materiais. Por isso, é essencial pensar em um layout que facilite a higienização e a
conservação da limpeza.

O layout de armazém é um componente crucial para o sucesso em logística. Para


que essa realidade se torne possível em sua empresa, é preciso fazer uma análise prévia
do espaço com base nas prioridades e planejar um ambiente com a estrutura correta para
a estocagem de produtos.

41
Desse jeito, você beneficia todas as outras etapas e agrega ainda mais valor aos
processos da sua cadeia de distribuição.

Quais são os elementos que interferem em um armazém?

É necessário considerar vários fatores na hora de estudar uma instalação e,


principalmente considerar o produto que vai ser armazenado, o fluxo de materiais ou
mercadorias, o espaço disponível para abrigá-los, os equipamentos de armazenagem –
tais como as estantes e os equipamentos de transporte – o fator humano (os funcionários),
assim como o sistema de gestão e a política da empresa.

A partir de todos esses elementos deve ser reunida uma série de dados que
influenciará em diversos aspectos da instalação e que deverá ser levada em conta no
momento de desenvolver o projeto do armazém.

Quais são as partes que compõem um armazém?

O armazém mais simples costuma ter portas de acesso, uma zona livre para manobra
e verificação, uma zona de armazenagem para alocar a mercadoria, um escritório de
controle para a gestão da planta, além de banheiros e vestiários para funcionários.

Armazém com a configuração mais simples: zona de armazenagem, zona de gestão, vestiário e banheiro
para funcionários.

A partir da configuração mais simples, é possível ir acrescentando outras zonas, tais


como a de recebimento, de embalagem e consolidação, de expedição, de recarga das
baterias das empilhadeiras, bem como das docas de carga. Um exemplo de configuração
desse tipo pode ser o seguinte:

42
Armazém com zonas adicionais para recebimento, embalagem, consolidação e expedição.

Distribuição das docas de carga e descarga de um armazém.

O armazém, por sua vez, pode estar dividido em setores conforme o produto
manuseado ou de acordo com a técnica operacional do trabalho. Na figura abaixo,
apresentamos um exemplo deste tipo de organização:

1. Edifício de escritórios e serviços.


2. Docas de carga e descarga.
3. Recebimento e verificação.
4. Expedições.
5. Armazém de alta rotatividade ou produto volumoso.
6. Picking de alta rotatividade sobre paletes.
7. Armazém de produtos irregulares.
8. Armazém de componentes de média rotatividade.

43
9. Armazém de componentes de alta rotatividade.
10. Armazém de componentes de baixa rotatividade.
11. Armazém de produtos de alto valor.
12. Zona de embalagem e consolidação

Mapa das diferentes zonas e operações que podem existir em um armazém.

Armazém central dedicado à produção e distribuição de massas congeladas para o setor da alimentação.

44
Os espaços atribuídos a cada zona devem ser adequados em função das dimensões
do terreno ou do edifício, da capacidade desejada, das operações que devem ser
realizadas, dos funcionários, dos meios necessários, do fluxo de materiais e das
possibilidades de crescimento futuro.

Em todos os casos, a adequação do projeto e o layout das áreas dentro da instalação


serão determinados por uma exaustiva análise sobre as necessidades da empresa – através
das perguntas previamente formuladas e conforme a experiência de implementação de
soluções logísticas e de armazenagem que o fornecedor necessite.

Todo o edifício – sua forma, o conteúdo e os acessos – deverá estar em concordância


com as necessidades específicas do cliente. E devem ser previstas as possibilidades de
crescimento do armazém e a implementação da tecnologia no exigente contexto da
logística 4.0. É um erro planejar um armazém com um tamanho extremamente exato
conforme a necessidade atual, sem capacidade de expansão no futuro, a não ser que se
trate de uma instalação temporária ou de crescimento estático.

3.5 Serviços em armazenagem

Os diferentes armazéns e centros logísticos realizam diversos tipos de serviços.


Cabe atentar-se que serviço não é a mesma coisa que operação: cada serviço envolve
diversas operações. Nesta unidade iremos apresentar os serviços mais comuns realizados
em armazenagem.

CONSOLIDAÇÃO E DESMEMBRAMENTO DE CARGA

Existem alguns produtos que não estão sujeitos a limites físicos para serem
manipulados (por exemplo, artigos entregues a granel) e que, portanto, podem ser
agrupados em uma grande variedade de unidades de carga de todos os tamanhos. Essa
característica leva, em primeiro lugar, a uma maior economia em seu transporte.

Como um dos principais objetivos da gestão da mercadoria é reduzir o número de


movimentações ao mínimo indispensável, é conveniente e desejável gerar uma unidade
de carga que seja o maior possível.

O problema que pode surgir é que, se a produção desses produtos for


frequentemente realizada de forma massiva ou em grandes lotes e forem utilizadas
unidades de carga do maior tamanho possível dentro da capacidade de manuseio, sua
distribuição pode estar sujeita a diversas necessidades no que se refere ao tamanho mais
adequado das cargas. Não há dúvidas que, na grande maioria dos casos, o manuseio de
grandes cargas facilita a armazenagem. No entanto, são muito frequentes os casos em
que os produtos entram em um armazém com um determinado tamanho de carga e saem
da instalação em unidades muito menores.

45
Uma forma de usar ambos os critérios seria gerar uma unidade de carga pequena,
para que fosse possível manuseá-la individualmente, mas que, ao mesmo tempo, também
fosse adequada para ser manipulada depois de agrupada, reduzindo assim os custos.

Quando falamos em unitização de cargas em centro de distribuição, estamos


colocando em evidência a consolidação de mercadorias de diversas origens, com o
objetivo de otimizar o local de armazenagem e otimizar os pedidos de cada cliente. Com
esse objetivo em mãos, fica fácil reconhecer que, quando o local de construção do
armazém é decidido, aspectos como rede de distribuição e possibilidade de consolidação
de cargas são considerados. É justamente a partir desse princípio que surgem os centros
de consolidação urbanos, nos quais são aplicados diversos processos, por exemplo:

Processos de recebimento de mercadorias: assim que o estoque chega, ele é dividido


e classificado. Dessa forma, poderá ser integrado de forma correta às unidades de carga de
acordo com sua categorização.

Gestão de localizações: pela consolidação de mercadorias, fica fácil flexibilizar as


ocupações, uma vez que se torna possível transferir o estoque de um local para outro, com
o objetivo de otimizar o espaço de armazenagem.

Operações realizadas antes da expedição: é possível extrair o estoque de vários


contêineres e agrupá-los para enviar de forma consolidada, assim como é possível agrupar
os pedidos de acordo com a rota ou o cliente, tendo em vista que são transportados na
mesma unidade.

DESMEMBRAMENTO DE CARGA

Processo contrário ao de unitização, uma vez que as cargas consolidadas precisam


ser desmembradas para distribuição final. Determinados produtores já enviam as cargas
unitizadas e estas, para seguirem ao seu destino final precisam ser separadas, ou seja,
desagrupadas. É o caso, por exemplo, de um contêiner compartilhado, no qual o operador
logístico deverá realizar a separação das mercadorias para distribuição aos seus
compradores. Também: um grande fabricante de eletrodomésticos, por exemplo, envia
um grande lote do mesmo produto a um armazém de alguma grande rede de varejo, e
estes produtos serão desagrupados pra distribuição aos consumidores finais de acordo
com as vendas realizadas nas diversas lojas daquela região. Centros de distribuição são
armazéns estrategicamente localizados para garantir a distribuição local de determinada
região, de forma mais rápida, seja para reabastecimento do estoque das unidades
comerciais ou distribuição ao cliente final.

46
CROSS DOCKING

O objetivo é fazer a transferência de mercadorias o mais rápido possível, sem


precisar investir em armazenamento ou estocagem. A expressão de origem inglesa cross
docking pode ser traduzida como cruzamento de docas. Cross docking define-se como
um processo veloz no recebimento e distribuição de mercadorias, na qual realizamos com
total empenho e agilidade.

Na prática, trata-se de um sistema diferenciado para a distribuição de mercadorias,


de maneira que, ao chegar até nós ou em outros centros de distribuição, já exista toda uma
infraestrutura para que as cargas sejam separadas e enviadas a seus destinatários
imediatamente, ou no máximo em 24 horas. Na Êxito Logística, trabalhamos com o
sistema completo para o armazenamento de mercadorias, além do processo de estocagem
e o rápido despacho, ficando a critério dos clientes.

Em ambas as situações, contamos com profissionais capacitados e uma tecnologia


excelente para a agilidade nos processos, incluindo a logística no armazenamento e
transporte. O cross docking pode deixar a entrega mais ágil, reduzir a ocorrência de furtos
e eliminar a necessidade de estocagem. O controle de qualidade na prestação do serviço
também ganha eficiência, uma vez que as falhas com a entrega são reduzidas.

Como resultado, é possível evitar remessas de produtos errados ou com defeito.

Vantagens:

• Não precisa de estocagem

Como mencionado, a incorporação do cross docking na logística de uma empresa


implica na eliminação da necessidade de estoque. As mercadorias apenas permanecem no
centro de distribuição por um tempo mínimo necessário para a conferência, separação,
preparação dos lotes para cada rota e o envio.

• Melhor aproveitamento dos veículos

Devido a consolidação de cargas em rotas comuns, é possível fazer um melhor


aproveitamento do espaço útil nos veículos de entregas que se destinam a atender cada
localidade, o que se traduz em redução de custos e melhora da lucratividade da
transportadora, beneficiando inclusive o contratante.

• Agilidade na entrega

Como mencionado anteriormente, a agilidade é um dos grandes aliados na escolha


deste processo. Isso porque não há necessidade de armazenamento ou estocagem.
Portanto, assim que chegam às docas, eles já são conferidos, separados e enviados para o
cliente final.

47
• Redução de custo logístico

Por se tratar de uma dinâmica de trabalho mais enxuta, as operações ganham


agilidade e os custos operacionais se reduzem. Uma vez associada a ferramentas
tecnológicas, como a leitura de etiquetas de código de barras e muitas outras, ela
proporciona um ganho significativo de economia e produtividade — tudo acontece de
forma ágil e utilizando menos recursos.

TRANSIT POINT

São bastante similares aos centros de distribuição avançados, mas não mantém
estoques.

O Transit point é localizado de forma a atender determinada área do mercado


distante dos armazéns centrais e opera como uma instalação de passagem, recebendo
carregamentos consolidados e separando-os para entregas locais e a clientes individuais.
Uma característica básica dos sistemas Transit point é que os produtos recebidos já têm
os destinos definidos, ou seja, já estão pré-alocados aos clientes e podem ser
imediatamente expedidos para entrega local. Não há espera pela colocação dos pedidos.

MERGE IN TRANSIT

"Merge in Transit" consiste na coordenação dos fluxos de componentes,


gerenciando o respectivo lead time de produção e transporte, para que estes sejam
consolidados em instalações próximas aos mercados consumidores, no momento de sua
necessidade, sem implicar em estoques intermediários, exigindo, portanto, uma
coordenação muito rigorosa. Consolidação em trânsito.

ESTOQUE OCASIONAL

Depósitos estratégicos para determinados mercados sazonais. Após aquele período


específico, caso o estoque não seja comercializado ele é devolvido. Se retomarmos os
estudos de gestão de estoques e pensarmos que o espaço físico de um estoque atende as
suas demandas rotineiras e pensarmos no aumento da demanda em períodos sazonais,
como natal, páscoa, carnaval, festas juninas, fica mais fácil entendermos que aquele
espaço físico não será suficiente e demandará um giro de estoque muito mais rápido, num
período em que o volumes de entregas para os armazéns logísticos já é maior e, assim, as
entregas tendem a ser mais demoradas. Então estas unidades comerciais tendem a realizar
a locação temporária de espaços para condicionamento deste estoque específico, de modo
a garantir a oferta daqueles produtos.

48
3.6 Estruturas em Armazenagem

A estrutura de armazenagem é uma instalação logística utilizada para melhorar o


aproveitamento dos espaços dentro de um armazém. Essas estruturas vêm evoluindo
conforme a necessidade das empresas e atualmente é um item estratégico dentro
do planejamento logístico.

O correto dimensionamento da estrutura de armazenagem está diretamente ligado


aos resultados organizacionais. Isso porque, uma estrutura mal dimensionada reflete em
custos extras e baixa eficiência operacional para a empresa.

O que é uma estrutura de armazenagem logística?

A estrutura de armazenagem é uma instalação logística utilizada para melhorar o


aproveitamento dos espaços dentro dos centros de distribuição, armazéns e
almoxarifados. Essas estruturas vêm evoluindo conforme a necessidade das empresas e
atualmente é um item estratégico dentro do planejamento logístico e da operação
da logística de armazenagem.

O correto dimensionamento da estrutura de armazenagem está diretamente ligado


ao sucesso empresarial. Isso porque, uma estrutura mal dimensionada reflete em custos
extras e baixa eficiência operacional para a empresa.

Nesse sentido, antes de estabelecer a estrutura de armazenagem o profissional de


logística deve considerar as características dos produtos, do local, fornecedores, estoques,
equipamentos, operação, para só então tomar a decisão mais correta.

Qual importância de um sistema de armazenagem?

Durante muito tempo, o processo de armazenagem não era visto como um item
estratégico dentro do ambiente organizacional. Contudo, o elevado nível de
competitividade entre as empresas mostrou que aquelas que alcançarem o êxito no
processo de logística de armazenagem certamente estará em posição de vantagem.

Nesse sentido, o mau aproveitamento do espaço fez com que os profissionais de


logística começassem a buscar soluções de reduzir os custos logísticos e,
consequentemente, os prejuízos com a movimentação de materiais de maneira
inadequada. Desse modo, um espaço e uma estrutura de armazenagem bem projetada
favorecem uma movimentação eficiente de pessoas e equipamentos de movimentação. A
localização de produtos é feita com maior agilidade e precisão, reduzindo erros e
melhorando o processo de separação de pedidos (picking). Como efeito, a empresa
alcança melhores resultados no lead time e na satisfação dos clientes. Além disso, uma

49
correta estrutura de armazenagem garante uma melhor conservação dos produtos, de
acordo com suas características e necessidades.

Um completo sistema de armazenagem deve promover a a integração das estruturas


de armazenagem, os equipamentos de movimentação, softwares de controle, estruturas
metálicas e embalagens logísticas. Esta integração permite um controle mais apurado do
processo, um fluxo mais ágil de informação e operações mais enxutas.

Portanto, podemos concluir que um sistema de armazenagem tem um papel


fundamental no processo logístico. Dando ênfase na redução dos custos logísticos, ganhos
em produtividade, maior segurança e aumento da satisfação dos clientes.

Tipos de estruturas de armazenagem

A seguir, apresentamos os principais tipos e características das estruturas de


armazenagem:

• Estrutura de armazenagem porta-pallets

As estruturas de armazenagem porta-pallets são as mais utilizadas nos centros de


distribuição. Ao passo que, a mobilidade e adaptação aos ambientes oferece melhores
condições ao sistema logístico. Em sua configuração tradicional, trata-se de uma estrutura
em que todos os produtos ficam armazenados em estantes. O acesso aos produtos é feito
através do uso de uma empilhadeira.

O sistema permite o acesso a todos os volumes aleatoriamente. Isso quer dizer que,
não é necessário retirar ou mover caixas ou pallets para ter acesso ao item desejado. Além
disso, é um tipo de estrutura que exige menor espaço nos corredores, evitando acidentes
e utilizando o ambiente em todo o seu espaço, inclusive vertical.

Existem diferentes categorias para a estrutura de armazenagem porta-paletes, sendo


elas:

Corredores estreitos – Com corredores estreitos otimizam o espaço no armazém,


gerando maior área para estocagem dos produtos. Esse tipo de estrutura exige maior valor
de investimento, em virtude da necessidade de trilhos para a movimentação de
empilhadeiras.

Transelevadores – Os transelevadores também otimizam a utilização do espaço, já


que o corredor é ainda menor. Como se trabalha com alturas superiores, é possível
também elevar a densidade de carga, permitindo movimentação mais rápida.

50
Autoportante – O espaço vertical é melhor aproveitado com o autoportante. Além
disso, o investimento e tempo de implantação da estrutura é menor. Isso porque, a
estrutura se suporta de forma independente, não sendo necessário auxílio de outras
estruturas.

Deslizante – A estrutura deslizante apresenta área reduzida para circulação,


mantendo os paletes protegidos, apresentando um aspecto de bloco. É uma estrutura usada
em locais limitados, para mercadorias de baixo giro e maior valor agregado.

• Estrutura de armazenagem push back

As estruturas de armazenagem push back consiste em carrinhos instalados em


trilhos, que são empurrados pelos pallets e estocados em sequência. Trata-se de um
modelo que permite estocar até 4 pallets de profundidade em cada nível.

O sistema é um dos mais utilizados pelas empresas. Isso porque a estrutura permite
maior densidade de carga, e consequentemente maior número de endereços para os
pallets.

No push back, o primeiro pallet armazenado é empurrado pelo próximo e assim


sucessivamente. No entanto, esse sistema apresenta uma limitação para a quantidade de
pallets em profundidade, em razão da complexidade dos trilhos e da força exigida pela
empilhadeira dos pallets já armazenados.

A estrutura push back é muito comum em sistemas de armazenagem LIFO.

51
• Estrutura de armazenagem racks (estantes)

A estrutura de armazenagem de racks (estantes) possui prateleiras horizontais fixas


divididas em vários níveis, possibilitando a verticalização do estoque e sua melhor
organização e otimização do espaço.
Como é uma estrutura fixa é um sistema ideal para armazenagem de mercadorias
mais pesadas. Isso porque, a estrutura tem maior capacidade de carga, oferecendo maior
segurança a operação.
Ao mesmo tempo, é um sistema bastante comum, simples e eficaz, utilizado em
empresas menores ou com produtos pequenos e mais leves. São ideais para caixas
pequenas ou médias e não palletizadas.

52
• Estrutura de armazenagem flow rack

A estrutura de armazenagem flow rack possui prateleiras inclinadas, no qual os


produtos deslocam-se de um lado para o outro através da gravidade. Dessa forma, é uma
estrutura dinâmica, ideal para empresas que trabalham com pequenos volumes,
permitindo selecionar inclusive itens fracionados.

Nesse sentido, o processo é feito de forma manual, sem a necessidade de


equipamentos. A estrutura flow rack é muito comum em sistemas de armazenagem FIFO.

• Estrutura de armazenagem drive-in

As estruturas de armazenagem drive-in oferecem maior capacidade de estoque,


atendendo principalmente o sistema LIFO. Os itens podem ser acumulados, retirando-se
apenas os que estejam mais acessíveis.
O modelo permite maior densidade de itens armazenados, economizando espaço de
manobra e oferecendo menor custo por metro quadrado, exigindo apenas um corredor
frontal.
A desvantagem do sistema está na dificuldade de acesso a itens específicos. Isso
porque, os primeiros itens estocados ficam isolados no fundo das prateleiras, dificultando
o acesso.

53
• Estrutura de armazenagem drive-through

Nas estruturas de armazenagem drive through, o espaço de armazenamento oferece


boa capacidade, eliminando espaços vagos entre as prateleiras.
A estrutura utiliza o sistema de armazenagem FIFO. Ou seja, o primeiro produto
estocado deve também ser o primeiro a sair do estoque. Entretanto, para que tudo funcione
bem, é necessário um corredor para a entrada e outro para a saída dos produtos.
Além disso, é preciso também haver corredores laterais para a circulação de
empilhadeiras.

54
• Estrutura de armazenagem mezanino

É basicamente a instalação de um segundo andar em um armazém, mas de estrutura


geralmente metálica e reversível (não envolve obra civil). Dessa forma, acaba
aumentando consideravelmente a área útil de armazenagem, usando da verticalização dos
estoques.
Trata-se de uma excelente estratégia para armazenagem de produtos distintos com
dificuldades de se trabalhar com pallets.

• Estrutura de armazenagem dinâmica

A principal característica da estrutura de armazenagem dinâmica é a movimentação


automática do estoque. Em outras palavras, o pallet movimenta de uma extremidade a
outra do armazém através de uma pista de roletes, utilizando redutores de velocidade para
manter a carga estabilizada.

Esse tipo de estrutura exige apenas dois corredores, sendo um deles responsável
pela recepção e outro pela expedição e retirada do pallet. Dessa maneira, a
estrutura dinâmica é muito comum em sistemas de armazenagem FIFO.

Nesse sentido, é um sistema bastante utilizado para produtos alimentícios, que


possuem controle de validade e cargas palletizadas. O sistema exige a utilização de uma
empilhadeira, instalada em trilho inclinado com roletes. A empilhadeira deslizada de uma
extremidade a outra, sendo contida no final.

55
• Estrutura de armazenagem cantiléver

A estrutura de armazenagem cantilever é ideal para armazenagem de produtos de


maior comprimento, como canos, tubos e tábuas. A estrutura consiste, basicamente, em
armazenamento de peças apoiadas sobre eixos, ou braços, em vez de prateleiras.

• Estrutura de armazenagem carrossel

A estrutura carrossel possui prateleiras “contínuas” que deslizam horizontalmente


levando as mercadorias até o local de expedição.

56
Uma das grandes vantagens é a economia com equipamentos de movimentação.
Isso porque, o carrossel pode abranger boa área do armazém, sendo desnecessário outro
equipamento para isso. Entretanto, a estrutura não é ideal para itens volumosos e pesados.

Como determinar a estrutura de armazenagem adequada?

Em primeiro lugar, temos de saber que cada empresa tem suas características,
espaço, estrutura, recursos e particularidades. Dessa forma, não existe um modelo padrão
para determinar como escolher a correta estrutura de armazenagem.

Entretanto, podemos destacar alguns pontos que podem auxiliar o profissional de


logística nesta decisão. Sendo eles:
• Planejamento logístico

O planejamento logístico consiste na definição de como a empresa vai distribuir


seus produtos e serviços aos clientes, levando em consideração todas as etapas do
processo. Assim como todos os outros planejamentos de uma empresa, o planejamento
logístico deve estar ligado diretamente a gestão estratégica da organização. Ou seja, os
objetivos traçados devem estar alinhados com a visão/missão da empresa.

Dessa forma, o primeiro passo é fazer o planejamento logístico da empresa,


considerando os fluxos de entrada e saída de mercadorias. Entender o tipo de produto da
empresa, suas características e sua distribuição ajudam bastante a definir qual o tipo de
estrutura será implantado na empresa.

57
• Gestão de estoques

A gestão de estoque é o processo que garante planejamento, execução e controle


dos recursos armazenados dentro de uma empresa. Em outras palavras, trata-se do
processo de adequação dos níveis de produtos estocados em relação a demanda de
mercado.

Além de determinar as quantidades de produtos em estoque, a gestão de estoque


está diretamente relacionada a operação. Isso quer dizer que, a gestão de estoque deve
determinar como deve ser feito a armazenagem dos produtos, assim como toda a
operação, visando garantir a máxima qualidade e segurança dos produtos.

Nesse sentido, uma eficiente gestão de estoque permite ao profissional de logística


saber exatamente a quantidade e quais produtos ele deve ter em estoque. Com essa
informação é possível dimensionar corretamente o tamanho da estrutura necessária para
atender a necessidade da empresa.

• Ciclo do pedido

O ciclo do pedido é composto por todas as atividades necessárias para que ocorra o
fluxo de produtos da empresa até os clientes. Nesse sentido, com o objetivo de atender as
necessidades dos clientes, temos de realizar cada uma destas atividades com a maior
eficiência possível.

As novas formas de fazer comércio aliada as novas tecnologias, fazem com que os
clientes queiram uma resposta mais rápida e padronizada por parte das empresas. E o
ciclo do pedido tem um papel fundamental nesse relacionamento entre cliente e empresa.

Entender o ciclo do pedido de cada produto é muito importante para definir a


estrutura de armazenagem. Isso porque, os produtos de maior giro deverão ter uma
operação diferente dos produtos de menor giro. Dessa maneira, a empresa pode optar por
não ter somente um tipo de estrutura, e sim uma combinação de modelos para atender a
demanda.

• Custo do estoque

O custo de estoque é uma medida usada na administração de empresas e que


pertence ao controle de venda dos produtos. Nesse sentido, o cálculo do custo de
estoque é importante para o controle das despesas operacionais e, consequentemente, é
um fator que tem impacto nas margens e no lucro líquido de um negócio.

O custo de estoque é a segunda classe de custos logísticos que mais consomem


recursos da empresa. Desse modo, uma gestão eficiente dos níveis de produtos estocados

58
é fundamental para redução dos custos operacionais. Estoque desnecessário consome
espaço nas estruturas de armazenagem, o que prejudica bastante a operação da empresa.

• Equipamentos de movimentação

Os equipamentos de movimentação de carga são as máquinas, manuais ou


automatizadas, utilizadas para mover os produtos em um armazém. Movimentação feita
em diversos percursos com a distância variada e superfícies e espaços apropriados, em
que a principal função é transportar e/ou manusear.

Saber o conceito dos equipamentos de movimentação é um ótimo exemplo do que


faz diferença no sucesso logístico de uma empresa. Nesse sentido, optar pela ferramenta
ideal de transporte e movimentação de cargas é fundamental para alcançar as principais
metas logísticas. Metas que consistem em trabalhar no menor tempo, garantindo a
qualidade, segurança e redução de custos.

Dessa forma, é necessária uma compatibilidade entre a estrutura de armazenagem


e os equipamentos de movimentação. Isso porque, não adianta implantar uma estrutura
em que os equipamentos da empresa não conseguem operar.

Benefícios da estrutura de armazenagem

• Maior produtividade

Por causa da falta de estoque disponível muitas empresas deixam de atingir sua
capacidade produtiva. Sob o mesmo ponto de vista, caso estes recursos estejam
disponíveis a empresa ganha em produtividade.

Nesse sentido, uma estrutura de armazenagem correta é fundamental para absorver


toda a necessidade de estoque da empresa. Dessa maneira, garantindo a máxima eficiência
operacional.

• Redução de custos

Um dos principais custos logísticos são os custos de estoque. Desse modo, quando
o nível de estoque não é alinhado junto a demanda da empresa podemos alcançar dois
diferentes resultados. O primeiro é o excesso de itens no estoque, gerando maior custo de
mantê-lo. O segundo é um nível de estoque inferior ao necessário, causando pedidos
urgentes e compras com maior valor.
Ou seja, um modelo ideal de estrutura de armazenagem otimiza a utilização dos
espaços da empresa, o que consequentemente reduz os desperdícios e os custos.

• Maior segurança operacional


59
Com a estrutura de armazenagem e os equipamentos de movimentação adequados
a operação da empresa o nível de acidentes é menor. Contudo, é necessário um constante
treinamento com os profissionais de logística responsáveis pela operação.

• Maior qualidade dos produtos

A estrutura de armazenagem adequada garante a segurança e preservação da


integridade e características dos produtos.

• Maior satisfação dos clientes

A satisfação dos clientes está ligada ao serviço ao cliente prestado pela empresa.
Nesse sentido, ter um sistema logístico estruturado é fundamental para atender as
necessidades e expectativas dos clientes. Dessa maneira, a qualidade dos produtos está
diretamente relacionada ao tipo de estrutura de armazenagem utilizada.

3.7 Equipamentos de movimentação

Já se perguntou o que é movimentação de cargas?

Este termo é bastante amplo, mas de forma geral, a movimentação de cargas é uma
atividade que envolve o transporte de cargas diversas de um ponto a outro. Pode ser de
uma empresa até um cliente, de uma empresa a outra, internamente entre áreas de uma
empresa, ou ainda, de uma prateleira a outra. Para tanto, requerem-se equipamentos
especialmente desenvolvidos para não apenas transportar, mas também para elevar, girar
e entornar materiais de acordo com os processos produtivos da empresa.

Os benefícios de se utilizar equipamentos para a movimentação de cargas são


muitos. A começar pelo aumento da segurança, da saúde e do bem-estar do operador, até
um consequente aumento na produtividade da empresa, no controle dos custos e em um
melhor gerenciamento dos riscos.

• ELEVADOR ELÉTRICO
O elevador elétrico é fácil de conduzir e não requer esforço algum para manobrar,
transportar e girar mercadorias nas posições, vertical ou horizontal. A construção modular
permite o ajuste fácil do elevador para atender a diversas aplicações.

60
• MANIPULADOR A VÁCUO
O manipulador a vácuo é um equipamento que eleva, desce, gira e entorna os mais
variados tipos de cargas. Ao todo são 10 modelos que proporcionam uma elevação fácil
e segura, tanto ao operador quanto ao produto.

• MANIPULADOR A VÁCUO DE ALTA VELOCIDADE


O manipulador a vácuo de alta velocidade foi projetado para elevar rapidamente
produtos de diferentes tamanhos, formas e materiais, com segurança e ergonomia. A
utilização de apenas uma mão e a facilidade no manuseio permite ao operador manter
uma alta frequência, sem qualquer esforço.

61
• MESA ELEVATÓRIA
As mesas elevatórias foram projetadas para elevar mercadorias diversas até uma
altura ergonomicamente adequada de trabalho. Além da função de elevação, a mesa
elevatória também pode ser utilizada como estação de trabalho, oferecendo conforto e
segurança ao operador. Disponível e soluções padronizadas ou higiênicas em aço
inoxidável.

• UNIDADES MÓVEIS
As unidades móveis permitem elevar e transportar qualquer tipo de carga
armazenada em paletes, prateleiras ou contêineres, além de também realizar tarefas de
picking, como as executadas em grandes centros de distribuição. Possui bateria embutida,
braço articulado e torre telescópica.

62
3.8 Princípios da Armazenagem

Você conhece os 12 princípios básicos da armazenagem? Desenvolver e


aplicar estratégias inteligentes de logística é parte fundamental do processo
de crescimento de toda empresa. O desempenho desse setor impacta diretamente no
funcionamento interno e, consequentemente, nos resultados financeiros. E um dos fatores
primordiais para se ter uma logística eficiente é ter atenção aos princípios básicos da
armazenagem.

Entretanto, é comum que surjam algumas dúvidas em relação a esse assunto. O que
muitos gestores não sabem é que, com a evolução dos estudos nessa área tão valorizada
da logística, surgiram técnicas e conceitos para lidar com isso. Mostraremos aqui os 12
princípios básicos da armazenagem para que você saiba a melhor maneira de aplicá-los.

1. Planejamento

Em primeiro lugar, é fundamental possuir um planejamento de armazenagem bem


definido. Comece verificando se as condições físicas e técnicas do espaço atendem às
necessidades da empresa, considerando as características daquilo que será armazenado.

É preciso levar em conta o manuseio desses materiais, a eventual necessidade de


equipamentos e treinamento para isso. Não se esqueça que a segurança dos funcionários
deve ser sempre prioridade!

2. Flexibilidade operacional

63
Movimentação e manuseio, como citamos anteriormente, são fatores importantes
para uma boa armazenagem. Por isso, é importante garantir que o ambiente operacional
se adeque às necessidades desses processos.

Portas, corredores de acesso e docas, por exemplo, devem ser adaptados para
facilitar a movimentação interna. Além disso, equipamentos e ferramentas destinados ao
manuseio desses itens devem ser de fácil acesso.

3. Simplificação

Ao projetar esses espaços, lembre-se de que a possibilidade de receber e manusear


os produtos de forma simultânea e ágil é fundamental para a otimização dos processos de
logística. Isso significa que o arranjo físico deve ser o mais simples possível, de forma a
proporcionar um aproveitamento maior do ambiente. Os fluxos de entrada e saída
precisam ser simplificados, de modo que a burocracia necessária, por exemplo, não seja
um obstáculo à movimentação dos produtos.

É importante que os itens de chegada sejam logo armazenados, assim como sua
saída seja facilitada pela disposição física do local.

4. Integração

Assim como é preciso que haja uma configuração física que possibilite a
movimentação simultânea de itens a serem armazenados ou acessados, outros processos
relacionados à logística devem ocorrer de forma integrada.

Documentação, notas fiscais e registros de entrada e saída, por exemplo, são itens
que não podem ser simplesmente ignorados. Por isso, o processo de preenchimento deve
ser integrado ao funcionamento geral da logística, e não apenas somado a ele.

Defina de forma clara em que momento cada um deve ser realizado para que eles
não criem gargalos, atrasando o processo de armazenagem como um todo.

5. Otimização do espaço físico

Em relação à armazenagem individual de cada tipo de item, é fundamental que haja


uma otimização da distribuição e localização desses materiais. Não só transporte e
movimentação devem ser facilitados, como é preciso considerar a característica
específica de cada produto. Isso significa que você deve levar em conta o peso e tamanho
dos itens, assim como questões como produtos líquidos, inflamáveis, perecíveis, entre
outros. Não se esqueça de que os produtos que possuem fluxo mais constante de entrada
e saída precisam ser mais acessíveis e distribuídos de forma a não impedir o acesso a
outros.

64
6. Otimização de equipamentos

Para garantir que os processos citados anteriormente não sejam prejudicados por
falta ou mal-uso dos equipamentos de movimentação e transporte de itens armazenados,
é importante desenvolver um planejamento que descreva os procedimentos de uso de cada
ferramenta. Isso significa, também, dimensionar e padronizar o sistema de uso desses
equipamentos entre as equipes responsáveis. Dessa forma, a empresa não sofrerá com
empecilhos gerados por falta de ferramentas suficientes para todos os funcionários, além
de evitar gastos desnecessários com equipamentos que não possuem demanda de uso tão
alta.
7. Verticalização

Uma das características de um bom planejamento para armazenamento é possuir o


melhor aproveitamento possível do espaço vertical de cada área. Principalmente no que
diz respeito a itens acessados com menor frequência. Portanto, o ideal é projetar um
espaço de armazenamento que possibilite utilizar a altura de forma otimizada.

É importante lembrar que, para isso, você deve levar em conta questões como
mobilidade, acessibilidade dos equipamentos e, principalmente, a segurança dos
operadores responsáveis pela armazenagem.

8. Mecanização

Com a evolução da tecnologia, muitas áreas tiveram sua funcionalidade alterada de


forma a economizar tempo e esforço em trabalhos antes realizados manualmente. A
movimentação de materiais é uma delas.

A mecanização de certos processos pode oferecer um custo-benefício interessante


para empresas que realizam a movimentação padronizada de certos materiais. Vale a pena
estudar as alternativas que a tecnologia permite para a otimização do seu sistema
logístico.

9. Automação

Outro conceito aliado ao de mecanização é o de automação dos processos de


armazenagem e gerenciamento de informações da área de logística. Empresas que
possuem um alto fluxo de entrada e saída de materiais podem conquistar grandes avanços
com a automação de certas atividades.

10. Controle

O alicerce de qualquer sistema de gestão interna de uma empresa é a realização de


um controle eficaz dos processos. O controle de logística inclui não só planejar e

65
implantar, mas acompanhar cada etapa dos sistemas de entrada, registro e armazenagem
de cargas.

Além disso, é fundamental que se desenvolva um rígido controle sobre o inventário


físico de produtos e mercadorias, o acesso realizado pelos funcionários e o registro de
saídas e entregas, agilizando o processo de retirada.

11. Segurança

Assim como inerente a outros tópicos relacionados aos funcionários, o princípio da


segurança também deve incluir a preservação dos itens armazenados. A integridade física
de mercadorias deve ser ponto crucial do projeto da área de armazenagem.
Lembre-se de manter os profissionais bem capacitados e treinados para manusear
corretamente equipamentos e cargas, preservando a segurança interna de toda a área e,
consequentemente, a saúde financeira da empresa.

12. Preço

A gestão dos processos de armazenagem é fundamental para que você possa


estipular os custos e investimentos necessários para que a empresa mantenha a área em
bom funcionamento. Essas informações serão de grande importância para calcular as
taxas corretas e repassar este valor aos serviços.

66
4. LOGÍSTICA REVERSA

A logística reversa é uma ramificação da logística, que aborda o processo contrário


da logística em si, isto é, dizer que a logística reversa faz o transporte de determinado
produto do ponto de consumo para o local em que foi produzido. É muito utilizada no
reaproveitamento de resíduos, como é o caso do recolhimento do lixo reciclável (exemplo
das garrafas plásticas) que diminui o impacto ambiental e os gastos com produção de
mercadorias. No entendimento de Stock (1998): “em uma perspectiva de logística de
negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte,
reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma,
reparação e manufatura”.

4.1 Devoluções de materiais

Existem dois tipos de logística reversa de materiais: a de pós-venda e a de pós-


consumo.

A logística de pós-venda é específica na área de atuação, se ocupa do


equacionamento e operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas
correspondentes aos bens de pós-venda, sem uso ou com pouco uso, que por diferentes
motivos retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta, que se constituem
de uma parte dos canais reversos pelo qual fluem tais produtos. Basicamente, é a
devolução de produtos por alguma razão, sejam defeitos ou desistências, muito comuns
no e-commerce, uma vez que o consumidor tem um prazo para desistir da compra e
devolver a mercadoria.

Já a logística reversa de pós-consumo é a área de atuação da logística reversa que


igualmente equaciona e operacionaliza o fluxo físico e as informações correspondentes
de bens de pós-consumo, descartados pela sociedade em geral, que retornam ao ciclo de
negócios ou ao ciclo produtivo, através de canais de distribuição reversos específicos.
Constituem-se bens de pós-consumo, os produtos em fim de vida útil ou usados, com
possibilidade de utilização e os resíduos industriais em geral. Aqui podemos citar itens
que necessitam de descarte específico, como pilhas e baterias, ou itens recicláveis ou
retornáveis.

Quais empresas precisam fazer a logística reversa pós-consumo?

Dentre os principais tipos de logística reversa, a pós-consumo é a mais crescente e


relaciona-se diretamente com o resíduo produzido pelo consumo dos produtos. O artigo
33 da Lei 12.305/2010 dita a obrigatoriedade do sistema para empresas fabricantes,
importadoras, distribuidoras e comerciantes dos seguintes produtos:

✓ Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens;

67
✓ Pilhas e baterias;
✓ Pneus;
✓ Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
✓ Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
✓ Produtos eletrônicos e seus componentes;
✓ Produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro;
✓ Demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a
extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos
gerados.

Mapeamento do processo de recolhimento e entrega

Defina os procedimentos a serem seguidos baseando-se nas seguintes etapas:

• Tempo do ciclo de logística reversa

Em síntese, definir o tempo que será necessário para que todo processo seja
realizado é fundamental nesse momento. Isso porque ao fazer esse cálculo, você não
apenas passará mais confiança ao seu cliente, como também terá total entendimento
referente a quantidade de recursos necessários para que essa tarefa seja concluída.

• Causa da troca ou devolução

É muito importante que, durante a devolução de mercadorias, sua empresa procure


obter dados qualitativos informando o motivo pelo qual os produtos estão sendo
devolvidos.

Dessa forma, a partir do estudo dessas informações, será possível definir estratégias
que amenizem a ocorrência desses mesmos erros no futuro.

• Serviços de logística

Ao contratar um serviço de logística responsável pelo recolhimento das suas


mercadorias, opte por aquele que mais se adeque às necessidades da sua empresa e que
melhor atenda às regras estabelecidas de acordo com o tempo do ciclo de logística reversa.
Tenha em mente que o tempo de recolhimento do produto impactará diretamente
no processo de troca e/ ou reembolso, podendo prejudicar a percepção do seu cliente com
relação aos serviços oferecidos pela sua loja.

• Defina para onde será direcionado o produto recolhido

Por vezes, mercadorias provenientes de trocas e devoluções, não podem ser


reintroduzidas na cadeia de vendas, seja por causa de avarias ou mau funcionamento.
68
Desse modo, é importante pensar em algum destino para esses produtos, para que assim
eles não fiquem ocupando espaço no seu estoque e nem gerando prejuízo.

4.2 Devoluções de estruturas

A logística reversa de estruturas talvez seja a menos percebida por consumidores,


mas é de suma importância para operações logísticas como um todo. De paletes a
contêineres, estruturas que servem para transporte ou acondicionamento de produtos
precisam ter algum destino e, muitas vezes, estes materiais são recolhidos pelo próprio
fornecedor dos produtos adquiridos, ou o fornecedor das estruturas ou por outras
empresas que atuam especificamente no recolhimento destas estruturas, seja para reuso,
reaproveitamento ou mesmo reciclagem, como pallets feitos de plástico.

Referências Bibliográficas
ARBACHE, Fernando Saba (org.). Gestão logística, distribuição e trade marketing. Rio de Janeiro: FGV,
2004.

ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.

BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição. São Paulo:


Atlas, 1993.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 4.ed. São Paulo: Atlas 1993.

NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 2.ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2004.

SANTOS, Gerson dos. Gestão de almoxarifados. 1. ed. CIP, SC, 2001

STOCK, James R. Reverse logistics programs. Illinois: Council of Logistics Management, 1998.

69

Você também pode gostar