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CURSO DE ALMOXARIFE

CADERNO DE ESTUDOS

ÍNDICE

1. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

1.1 Conceito de administração


1.2 A relação entre o planejamento administrativo e as atividades do
almoxarife
1.3 Administração do tempo: planejamento e organização
1.4 Conceitos de administração de materiais
1.5 Funções e objetivos da administração de materiais
1.6 Normalização
1.7 Classificação e especificação de materiais

2. GESTÃO DE ESTOQUES

2.1 Gestão de Estoques: Objetivos


2.2 Composição e tipos de estoques
2.3 Gestão estratégica de estoques
2.4 Dimensionamento de estoques
2.5 Demanda
2.6 Contabilização de estoques
2.7 Pedidos
2.8 Métodos de gestão

3. ARMAZENAGEM

3.1 Objetivos
3.2 Tipos de Armazéns
3.3 Operações em Armazéns
3.4 Arranjo Físico
3.5 Serviços em armazenagem
3.6 Estruturas em Armazenagem
3.7 Equipamentos de movimentação
3.8 Princípios da Armazenagem

4. LOGÍSTICA REVERSA

4.1 Devoluções de materiais


4.2 Devoluções de estruturas

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APRESENTAÇÃO

Quando se pensa em almoxarifado, imagina-se um local muito grande e cheio de


objetos, muito bem-organizado e com gente treinada executando tarefas integradas e
seguras. Mas nem sempre esta é a realidade. Muitas vezes, o almoxarifado se transforma
em um local onde as coisas e as pessoas se perdem, sem darem conta do mal que estão
fazendo a si e à organização. A falta de planejamento nas compras e a falta de pessoal
especializado na guarda e organização, tanto administrativa, como funcional, podem
transformar o almoxarifado em um “quarto de desejo” com características muito
especiais, ou seja, dinheiro público transformado em material estocado (SANTOS,
2001). Quem não guarda direito, não pode distribuir direito. O almoxarifado não só
guarda, mas distribui, e para isso, é preciso seguir algumas regras básicas. O que será
tratado neste material aborda uma forma prática e tranquila de administrar seus espaços,
trabalhando corretamente o seu estoque, realizando os pedidos no momento certo,
distribuindo e fazendo circular seus materiais organizadamente.

1. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

1.1 Conceito de administração

Administração é a tomada de decisão sobre recursos disponíveis, trabalhando com


e através de pessoas para atingir objetivos, é o gerenciamento de uma organização,
levando em conta as informações fornecidas por outros profissionais pensando
previamente as consequências de suas decisões. É a ciência social que estuda e
sistematiza as práticas usadas para administrar.

Os princípios para administrar algo são planejar, organizar, dirigir e controlar,


sendo que as principais funções administrativas são:

- fixar objetivos;
- analisar, conhecer os problemas;
- solucionar os problemas;
- organizar e alocar os recursos, tanto financeiros, quanto tecnológicos e humanos;
- liderar, comunicando, dirigindo e motivando as pessoas;
- negociar;
- tomar decisões;
- controlar, mensurando e avaliando.

O bom desempenho da administração depende de que o profissional consiga ser


um bom líder, capaz de lidar com pessoas, negociando e comunicando e apto a tomar
decisões, tendo uma visão sistêmica e global da situação que administra.

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1.2 A relação entre o planejamento administrativo e as atividades do
almoxarife

O almoxarifado é o local responsável pelo recebimento, armazenagem, expedição


e distribuição dos materiais. Pode ser um local coberto ou não, dependerá da estrutura e
produto, com condições climáticas controláveis ou não, com alto nível de segurança ou
não, tudo dependendo do tipo de material a ser acondicionado e das normas necessárias
para o correto acondicionamento, localização e movimentação. A função maior do
almoxarifado é manter a empresa sempre abastecida de seus bens de consumo, ou seja,
fornecer de forma contínua e sem interrupção materiais e matérias primas para as
diversas unidades produtivas e administrativas da empresa.

O setor de PPCPE (programação, planejamento e controle da produção e


estoque) e compras, trabalhando de forma conjunta, são responsáveis por garantir que os
produtos certos, na hora certa e no melhor custo possível, sempre estejam no
almoxarifado. A conversação e integração destes departamentos é fundamental para
garantir a logística eficiente do processo.

Para que um almoxarifado funcione de forma confiável é necessário que exista


acuracidade que é um adjetivo, sinônimo de qualidade e confiabilidade da informação,
“acurado” significa feito ou tratado com muito cuidado, para a logística o mesmo possui
o seguinte significado; “Grau de ausência de erro ou grau de conformidade com o
padrão”. Manter corretas as informações sobre saldos em estoque é um dos grandes
desafios, mais ainda quando buscamos trabalhar com níveis enxutos e com elevadas
frequências de acessos, isto é, mais e mais recebimentos e apanhes, isto aumenta o risco
da imprecisão nos registros das respectivas transações.

A correta gestão do almoxarifado implica na aplicação de métodos modernos de


gestão de estoques no almoxarifado que podem auxiliar a empresa, permitindo redução
de custos e melhor realização dos serviços prestados.

1.3 Administração do tempo: planejamento e organização

O gerenciamento do tempo pode ser definido como um processo de planejamento


e organização para o trabalho. É um método que permite exercer controle sobre a
quantidade de tempo dedicado a determinadas atividades, principalmente com o
objetivo de aumentar a produtividade, eficiência e eficácia.

Peter Drucker, um influente consultor de gestão, educador e autor, certa vez


observou que: “O tempo é o recurso mais escasso e ele é totalmente irrecuperável”. Isso
não poderia ser mais verdadeiro.

Muitas empresas investem muito tempo nos processos de coleta, validação e


organização das informações, o que faz com que, no final das contas, percam
produtividade. Em um almoxarifado, setor responsável pelo ressuprimento de uma
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empresa, o controle do tempo entre os pedidos, compras, entregas, registros e
distribuição o controle do tempo tem papel primordial no desempenho da organização,
para garantir a disponibilidade dos itens quando de sua necessidade.

1.4 Conceitos de administração de materiais

Sabemos que, antes de ir ao supermercado fazer compras, existe todo um processo


por trás, não é verdade? É necessário conferir a despensa e anotar tudo o que deverá ser
adquirido, perguntando para as pessoas de casa o que estão precisando. Em casos em
que essa lista não é feita, é muito provável que sejam adquiridos itens repetidos ou falte
alguma coisa. Além da escolha do supermercado, que na maioria das vezes, é aquele
onde já se conhece os preços.

Basicamente, a administração de materiais é semelhante ao que destacamos


acima, porém em uma proporção maior e com uma alta demanda. Desta forma, então,
podemos dizer que a administração de recursos materiais se encarrega de gerir desde a
compra de matéria prima, até a produção de um bem ou de uma parte dele.

Em um mercado cada vez mais concorrido, a administração de materiais vem se


tornando um grande diferencial, uma vez que permite investimentos maiores em
tecnologia. Além disso, esse procedimento pode ser definido como uma parte da cadeia
de suprimentos, ou seja, que realiza o controle, planejamento e programa de forma
eficaz a estocagem de bens, armazenando informações.

1.5 Funções e objetivos da administração de materiais

Levando em consideração uma gestão de qualidade por parte da empresa, a


administração de recursos materiais pode oferecer alguns benefícios, entre eles:

• Qualidade dos produtos

A administração de materiais não lida apenas com processos internos, mas


também é responsável por identificar e selecionar fornecedores. E isso é algo que gera
impacto diretamente na qualidade dos produtos. É importante lembrar que os
fornecedores são como parceiros estratégicos e precisam ser tratados assim.

• Gera lucros para a empresa

Os centros de distribuição e armazéns, muitas vezes, precisam lidar com um


problema muito comum: a perda de produtos, causando prejuízos para a empresa. Mas,
isso pode ser evitado com a administração de materiais. Isto porque, quando os
processos são bem estruturados e os espaços organizados, as chances de quebra ou
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perda de algum produto, diminuem. Além disso, quando existe um bom gerenciamento,
os diferentes setores interagem com mais facilidade, gerando produtividade na equipe.
Isso contribui também para o aumento no lucro da empresa, vendo sua eficácia subir e
os custos diminuírem.

• Cliente satisfeito

Quando o assunto é satisfação do cliente, muita gente se engana ao pensar que


basta apenas resolver algum problema pendente para que seja mantida uma boa relação.
A administração dos recursos materiais vai além disso. Esse processo permite que sejam
mapeados os pontos a serem melhorados. Desta forma, então, o gestor pode apresentar
um plano a longo prazo, que possa atender às necessidades do cliente, garantindo ao
mesmo tempo um contrato maior para a empresa. Isso aumentará a confiança do
consumidor, que passará a ver a empresa como uma grande referência no mercado.

1.6 Normalização

A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utilizados


os materiais em suas diversas finalidades e da padronização e identificação do material,
de modo que, tanto o usuário como o almoxarifado possam requisitar e atender os itens,
utilizando a mesma terminologia. É, basicamente, o estabelecimento de nromas para a
utilização, solicitação e armazenagem do material, facilitando a comunicação interna e
externa.

1.7 Classificação e especificação de materiais

Vamos começar a falar da importância da classificação dos materiais. O objetivo


da classificação de materiais é catalogar, simplificar, especificar, normalizar, padronizar
e codificar todos os materiais componentes do estoque da empresa. A técnica que
engloba a identificação, a descrição, a nomenclatura e a classificação de materiais é
denominada taxonomia. Essa expressão é usada nas ciências biológicas como a
identificação de critérios para classificar plantas e animais.

Na Administração de Recursos Materiais, essa expressão (taxonomia) significa


categorizar itens, ou seja, um processo de agrupamento de materiais baseado em
critérios de similaridade ou características técnicas mais relevantes, formando então um
padrão de descrição de materiais. Daqui a pouco veremos todas essas etapas. A
necessidade de um sistema de classificação é primordial. Sua ausência impede o
controle eficiente dos estoques, a criação de procedimentos de armazenagem adequados
e a correta operacionalização. A classificação deve evitar confusões, evitando que uma
classificação inadequada gere confusão entre os materiais classificados. A classificação
é o processo de aglutinação de materiais por características semelhantes.

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Atributos da Classificação de Materiais

Um sistema de classificação deve ser dotado de três atributos:

• Abrangência: a classificação deve incluir várias características dos materiais,


como: custos, dados contábeis e financeiros, forma, peso, dimensão etc. A
classificação vai ocorrer de acordo com um conjunto de características;

• Flexibilidade: O nome já ajuda. O foco é pensar em conseguir que diversos tipos


de classificação “convivam harmoniosamente”. A relação entre os tipos de
classificação permite que seja buscada uma melhoria contínua no sistema de
classificação;

• Praticidade: mais uma vez o nome ajuda! A classificação deve ser objetiva e
ajudar o gestor, ou seja, não deve tomar seu tempo em demasia, deve ser prática,
simples e direta.

Classificação de Materiais por Tipo de Demanda

Podem ser classificados em “Materiais de Estoque” ou “Materiais de Não de


Estoque”.

• Materiais de Estoque

São os materiais fundamentais no estoque e seu ressuprimento deve acontecer de


forma automática, sem depender do usuário. É considerada ainda a demanda pelos
materiais e sua importância no processo produtivo para que possam ser considerados
como material de estoque. Os materiais de estoque podem ser classificados:

a) Quanto à aplicação:

- Matérias-primas: materiais mais básicos e os insumos dos itens iniciais que integrem o
processo produtivo da companhia. Constituem todos os itens iniciais necessários para a
produção, o que significa que a produção é totalmente dependente das entradas da
matéria-prima para ter a sua sequência garantida;

- Materiais em processamento: também denominados materiais em vias – são aqueles


que estão sendo processados ao longo das diversas seções que compõem o processo
produtivo da empresa. Não estão no almoxarifado – porque não são matérias-primas
iniciais – nem estão no depósito – porque ainda não são produtos acabados;

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- Materiais semiacabados: são os materiais parcialmente acabados, cujo processamento
está em algum estágio intermediário de acabamento, e que se encontram ao longo das
diversas seções que compõem o processo produtivo. Diferem dos materiais em
processamento pelo estágio mais avançado, pois se encontram quase acabados, faltando
apenas algumas etapas do processo produtivo para se transformarem em materiais
acabados, ou em produtos acabados;

- Materiais acabados: são também denominados componentes, porque constituem peças


isoladas ou componentes já acabados e prontos para serem anexados ao produto. São
partes prontas ou pré-montadas, que quando juntadas ou integradas, constituirão o
produto acabado;

- Produtos acabados: São os produtos já prontos e cujo processamento foi completado


inteiramente. Fazem parte, naturalmente, da etapa final do processo produtivo.

Assim, os materiais são classificados em função do seu estágio no processo


produtivo da empresa. À medida que passam pelas diversas etapas do processo
produtivo, vão sofrendo acréscimos e alterações que provocam a sua gradativa
diferenciação, até se tornarem produtos acabados.

Temos ainda os materiais de manutenção e os materiais de consumo.

- Materiais de manutenção: materiais de consumo, que sirvam e sejam aplicados para


manutenção e que sejam utilizados muitas vezes;

- Materiais de consumo: materiais de consumo, que sirvam e sejam aplicados desde que
não aplicados em manutenção e que sejam utilizados muitas vezes.

b) Quanto à importância operacional

A maioria dos órgãos de gestão baseia suas análises de ressuprimento e define as


quantidades de reposição por meio dos resultados referentes aos consumos históricos e
tempos necessários para recompor os níveis de estoque. Esse tratamento matemático
não diferencia os diversos materiais de estoque e não considera sua individualidade,
com exceção para matérias-primas, por terem suas demandas suportadas por programas
de produção e vendas.

Todavia, existem materiais que, independentemente de fraco consumo, poderão,


caso venham a faltar, prejudicar seriamente a continuidade de produção de uma
empresa, tornando o custo da falta mais oneroso do que o custo do investimento em
estoque. Tal avaliação avalia o grau de criticidade ou imprescindibilidade do material
no desenvolvimento das atividades realizadas. Dessa forma, adota-se a classificação da
importância operacional, visando identificar materiais imprescindíveis ao
funcionamento da empresa.

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- Materiais X: é um material de pouca importância, pois há um outro material que pode
substituí-lo na empresa;

- Materiais Y: é um material de importância relativa, mediana e, podem ter ou não, um


outro material que pode substituí-lo na empresa;

- Materiais Z: é um material muito importante, e fundamental na produção. Não existe


um outro material que pode substituí-lo na empresa.

Para decorar os Materiais de Estoque quanto à importância operacional, ou seja, o


que é realmente necessária para que a produção ocorra, é só lembrar da ordem X, Y, Z e
que, na mesma sequência, o material vai do menos importante (X) ao mais importante
(Z).

• Materiais de Não Estoque

Se os materiais de estoque têm seu ressuprimento de forma automática, os


materiais de não estoque são o oposto. Ou seja, dependem de um pedido do usuário para
que ocorra a aquisição. Faça associações: Se é fundamental para a produção à é material
de estoque e seu ressuprimento é automático. Se NÃO é fundamental para a produção e
se não é tão importante, pode esperar por um pedido de algum usuário. Fazendo uma
comparação bem radical para facilitar o entendimento. Se a Honda (aquela empresa que
faz aquele carrão que você sonha) precisa de pneus e canetas para a fábrica, certamente:
Pneus à serão materiais de estoque. Canetas serão materiais de não estoque (pois não
serão usadas canetas na produção do carro).

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2. GESTÃO DE ESTOQUES

O termo administração de estoques se refere ao cuidado e controle com o qual os


gerentes e empresários atuam no setor, que pode ser um grande vilão da gestão
empresarial, caso não seja muito bem gerido. Além disso, vale a compreensão de que o
estoque é sim necessário para operações diversas, entretanto, os níveis considerados
saudáveis podem variar de acordo com o seguimento.

Em vias gerais, o estoque é usado por uma empresa com o objetivo de acumular
alguns recursos como matéria prima e produtos acabados de maneira a viabilizar as
operações da empresa. Ou seja, se o seu negócio é um mercado que atende o
consumidor final, certamente, para que seus clientes fiquem satisfeitos, se faz necessário
um estoque de mais de um tipo de produto para que ele já saia de lá com o produto de
sua escolha. Agora, se a sua empresa vende produtos sob medida ou encomenda, não
existe a necessidade de um estoque muito grande já que o seu cliente sabe que levará
alguns dias para que seu produto seja entregue e isso não gera sua insatisfação.

2.1 Gestão de Estoques: Objetivos

O objetivo principal da gestão de estoques, de maneira bem concisa pode ser


definido como a disponibilidade imediata de determinado item. Explicando melhor, é
entender que materiais são estocados para que estejam acessíveis no momento que
precisarem ser consumidos ou utilizados. Detalhando um pouco mais, teremos objetivos
mais específicos, relacionados abaixo.

• Atender o cliente

O primeiro ponto desse tipo de administração está ligado aos clientes. Conforme
falamos, dependendo do tipo de produto comercializado, o cliente quer realizar a
compra e já sair com seu produto na mão, e a administração do estoque deve permitir
que isso aconteça. Entretanto, é importante que exista uma via de mão dupla, ou seja,
essa operação deve ser benéfica para a empresa também, logo, não basta atender o
cliente…é preciso atender o cliente com bom custo-benefício.

DICA: Tenha sempre uma quantidade de segurança no estoque para atender sua
demanda, que já deve ser conhecida. Estoque grande demais significa dinheiro parado.

• Evitar perda de produtos

No segundo ponto, podemos apontar como um grande desafio da administração de


estoques evitar que produtos sejam perdidos. A má gestão do setor pode fazer com o
estoque sofra pequenos furtos, realizados, na maioria das vezes pelos próprios

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colaboradores. Furtos pequenos são mais difíceis de serem notados pelos gestores, mas
causam um tremendo rombo nas contas da empresa, por isso, merecem toda atenção
possível.

Outra modalidade de perda de produtos está relacionada aos materiais que se


deterioram ou estragam dentro do estoque. Isso pode ocorrer tanto por mau
armazenamento quanto por perderem seus prazos de validade.

DICA: Fique atento às condições de armazenamento e data de vencimento de


cada produto. Possua ferramentas que auxiliem nesse controle.

• Utilizar menor estrutura

A administração de estoques ainda possui como um de seus objetivos oferecer aos


gestores a possibilidade de trabalhar com estruturas físicas mais enxutas, sem que seu
atendimento e operação sejam afetados.

DICA: Estruturas menores possuem um custo menor. Descubra qual a sua


demanda, quais os costumes do seu cliente e trabalhe com um índice saudável do
estoque.

• Negociar com fornecedores

A administração do estoque, possibilita ao gestor até mesmo o poder de


negociação com seus fornecedores. Em geral, fornecedores oferecem melhores
condições comerciais para clientes assíduos e que realizam bons pedidos. Uma vez
haver uma gestão de espaço físico e demanda, o empresário pode se beneficiar desse
benefício realizando pedidos maiores.

DICA: Conheça seus produtos de maior saída e negocie com seus fornecedores
quantidades maiores deste produto.
• Evitar a perda de dinheiro

Com certeza, um dos, se não for o maior objetivo da administração de estoques


está em evitar que a empresa perca dinheiro. Até porque, estoque é dinheiro parado…é
dinheiro que não está rendendo, por isso, a necessidade de atenção.

Quando falamos em trabalhar com níveis saudáveis de estoque é justamente


porque o capital da empresa pode render muito mais em outros tipos de investimentos,
como maquinários, mão de obra, matéria prima de melhor qualidade e assim por diante.
Por outro lado, hoje em dia, o cliente tem pressa…ele quer seu produto com agilidade e
qualidade, logo, não é possível simplesmente evitar a existência de um estoque.

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2.2 Composição e tipos de estoques

A composição dos estoques está relacionada aos itens que fazem parte daquele
estoque, ou seja, são os itens que compõem o estoque. Podem ser produtos prontos,
produtos em produção, itens para consumo, insumos, matérias primas, peças de
reposição, itens para serem comercializados etc. Esta composição está diretamente
relacionada ao tipo de estoque. Abaixo serão descritos os tipos mais comuns de
estoques:

- Estoque Produtivo / Fabril: É composto de itens relacionados ao processo


produtivo, tais como matérias primas, insumos, peças de reposição e conservação de
máquinas e demais itens que sejam necessários para garantir que a produção não seja
interrompida por falta de alguns destes itens;

- Estoque Comercial: São itens para comercialização, ou seja, itens para serem
vendidos. Podem ser compostos de itens que foram produzidos ou adquiridos já prontos;

- Estoque Administrativo: Também chamado de “material de expediente”, está


relacionado com o funcionamento da empresa, departamentos, setores e escritórios em
geral, independentemente do tipo de negócio, tais como folhas de papel para impressão,
agendas, canetas, elásticos, clipes, copos descartáveis, produtos de limpeza, papel
higiênico etc.;

- Estoque Operacional: Este estoque está diretamente ligado a prestação de


serviços. Determinados serviços necessitam de materiais para serem realizados, e estes
materiais precisam ser estocados para garantir que os serviços ocorram. Um bom
exemplo é o serviço de manicure, que necessita de esmaltes, acetona, algodão, lixas de
unha, palitos para limpeza entre outros. Outros exemplos bem comuns de estoques
operacionais estão ligados aos serviços de saúde com suas unidades de atendimento,
borracheiros, etc.

- Estoque Patrimonial: Composto pelos bens materiais da empresa, ou seja, itens


que compõem seu patrimônio, como mesas, cadeiras, computadores, estantes, etc.

As empresas normalmente têm mais de um tipo de estoque e este controle


costuma ser feito de modo separado, mas quase sempre concentrado no almoxarifado.

Ao levantamento de tipos itens e suas quantidades que compõem os estoques


damos o nome de INVENTÁRIO.

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2.3 Gestão estratégica de estoques

A gestão de estoque corresponde a uma etapa essencial para o controle interno de


uma empresa. O estoque é como o coração de uma organização e, portanto, devemos
dar a atenção devida a ele. “Organização” e “controle” devem ser adjetivos comuns
nessa área da empresa, de forma que nada esteja por fora do radar de seus gestores.

O gerenciamento de estoques e o planejamento de demanda, de maneira


estratégica, exige do gestor grande capacidade analítica e flexibilidade para o
alinhamento de suas políticas e estratégias ao negócio da empresa, avaliando a
qualidade do seu planejamento e buscando a constante melhoria do nível de serviço, o
aumento da velocidade do atendimento do cliente e a redução do custo da operação.
Dispor das corretas ferramentas para a gestão do estoque e o dimensionamento correto
da demanda são imprescindíveis na obtenção de resultados competitivos dos negócios e
adicionam grande valor à cadeia logística complexa das empresas brasileiras.

A gestão de estoque é a atividade de controlar e organizar as quantidades de


matérias-primas e insumos necessários para a operação de uma empresa, bem como dos
produtos acabados que serão comercializados aos revendedores e clientes finais. Mais
do que isso, a gestão de estoque vai além de um mero controle físico, ela deve prover
inteligência estratégica para que a empresa tenha conhecimento do seu “mix” de
produtos e suas demandas.

Com esse resumo do que é gestão de estoque, conseguimos entender que o


conceito vai além do que simplesmente manter os produtos armazenados corretamente.
A gestão de estoque faz parte das questões estratégicas de uma empresa e afeta todos os
departamentos.

Tais controles podem ser divididos entre estratégico e físico:

• Gestão de estoque estratégica

Do que se refere a gestão de estoque estratégica de uma empresa, é papel dela:

- Controlar os dados sobre os volumes estocados disponíveis para produção e


venda (inventários e relatório de estoques em geral);

- Gerar inteligência do negócio sobre as demandas de cada produto em cada época


do ano (Sazonalidade, por exemplo);

- Datas de vencimento, numeração de lotes e rastreabilidade;

- Emissão de relatórios para prestação de contas aos órgãos reguladores, órgãos


fiscais, entre outras.
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• Gestão de estoque físico

Sobre a gestão física de um estoque, é importante considerar:

- Controlar o ambiente garantindo condições ideais de armazenamento,


refrigeração, ventilação e umidade;

- Segurança física contra danos causados pelo clima, furtos e roubos;

- Acesso restrito a pessoal autorizado em caso de produtos controlados, perigosos,


inflamáveis ou estratégicos para empresa;

Como funciona a gestão de estoque?

Essa gestão determinará as necessidades de aquisição de estoques em relação às


promoções que deverão ser feitas para que haja um fluxo harmonioso entre os volumes
estocados e as vendas nas épocas certas. Pareceu complicado? Então calma lá!

Imagine que a gestão de estoque conduzida de maneira adequada numa rede de


farmácias, por exemplo, deverá identificar que no verão o consumo de bronzeadores e
protetores solares tendem a aumentar. Outro caso são os supermercados que, também no
final de ano, com as festas de Natal e ano novo, devem estar preparados para o aumento
nas vendas de carnes em geral.

Esse mesmo supermercado deve saber que no meio do ano durante os meses de
junho e julho aumenta consideravelmente o consumo de itens das festas juninas como
pipoca, amendoim e outros. Ou seja, essas empresas precisam estar preparadas para
esses e outros eventos.

Para tanto, as empresas devem analisar seus estoques, fazer projeções e decidir se
deverão fazer ou não novas compras, ou ainda, se os estoques atuais são suficientes para
suprir a demanda. Quando se trata das vendas para atacado, a indústria em geral trabalha
com prazos de entrega e, caso a empresa que atua na venda ao consumidor final não
faça um bom planejamento, as coisas podem desandar consideravelmente.

A importância da gestão de estoque para um empreendimento

Uma má gestão de estoque pode comprometer a sobrevivência de um negócio,


especialmente se considerarmos os custos cada vez mais crescentes nas matérias-
primas. Dessa forma, a gestão de estoque deve ser vista com alta importância
estratégica.

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Apesar disso, ter um depósito cheio de matérias-primas e mercadorias não é
garantia de sucesso do negócio. A questão central é saber quais e quantos produtos
devem ser armazenados. Estoques são investimentos, afinal, para que a empresa os
tenha, houve uma saída de dinheiro do caixa.

Se a empresa tem estoques enormes, mas que não “giram” com a velocidade
adequada, a empresa em algum momento pode ter problema de caixa. Isso porque o
dinheiro que deveria estar na conta bancária, está nos depósitos. Um exemplo prático
sobre isso são as empresas que possuem mercadoria em excesso, mas não possuem
dinheiro para pagar seus funcionários.

Outra situação de má gestão seria aquela em que produtos são jogados fora
por extravio ou vencimento. Ou ainda, quando ocorre a depreciação total de itens em
estoque causado pela obsolescência. Isso acontece quando a empresa esquece ou
negligência a venda de alguns produtos estocados. Com o tempo e a evolução
tecnológica eles simplesmente perdem todo o valor.

Existem produtos que são estratégicos de serem mantidos em maiores volumes,


outros pelo contrário, devem ser armazenados ao mínimo. Cada empresa deve acumular
experiência e inteligência para fazer a gestão de estoque ideal, mantendo os volumes de
estoque adequados, nem em excesso e nem em níveis muito baixos.

Deve haver, também, um constante fluxo de informação entre a direção da


empresa, o setor de estoque e o setor comercial devem ter comunicação constante para
que não aconteçam falhas de operação.

Uma gestão organizada dos estoques atuará de modo que os estoques em excesso
não comprometam a saúde financeira da empresa e que os estoques muito baixos ou
mesmo que a ausência de produtos nas prateleiras gere a perda de vendas. Diante de
todo esse contexto, fica mais que evidente que a gestão de estoque é um dos pilares de
sucesso das empresas.

2.4 Dimensionamento de estoques

Um dos problemas que pode ocorrer quando o assunto é gestão de estoque está
relacionado ao seu controle, ou seja, o processo de monitoramento de saídas e entradas
de produtos dentro do armazém. É possível encontrar no mercado algumas empresas
que renunciam a um bom controle de estoque e acabam caindo no erro de pedir mais
itens do que realmente precisam, assim como deixam de comprar produtos essenciais,
comprometendo todo o processo logístico interno, vendas e envios de pedidos.

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Esse cenário traz consigo prejuízos desnecessários, como por exemplo, altos
custos de manutenção de estoque, uma vez que itens em excesso demandam maiores
espaços dentro do armazém, ocupam lugares que poderiam ser investidos em produtos
sazonais ou com alta demanda de mercado, assim como podem exigir uma atenção
especial para verificar sua qualidade e, em casos extremos, quando passam muito tempo
no estoque, podem resultar em perdas e avarias. Por outro lado, quando há stockout, a
empresa pode deixar de aproveitar oportunidades únicas de vendas, além de gerar uma
experiência desagradável aos seus clientes, caso o pedido seja realizado e não esteja
disponível para envio.

Como já vimos anteriormente, a gestão dos estoques deve ser feita de modo
estratégico, uma vez que responde por investimentos tanto em infraestrutura quanto em
itens de composição. É preciso equilibrar os volumes de entrada e saída de itens, de
maneira a evitar os principais riscos da gestão de estoques: SOBRA e FALTA. Em
ambos os casos, o resultado é prejuízo financeiro para a empresa.

Também, é necessário considerar um terceiro risco que é a PERDA, ou seja, o


descarte do produto, seja pela perecibilidade dele, ou seja, o produto estragar ou passar
da validade, seja pelo mau condicionamento ou dano físico ao produto, como quebras,
manchas e arranhões.

Quando o volume de entradas é maior que o volume de saídas, ocorre SOBRA no


estoque. No caso de estoques de itens perecíveis, estes itens irão acabar estragando,
gerando a perda deles. No caso de itens não perecíveis, os itens podem entrar em
obsolescência, ou seja, podem envelhecer e perder sua função, ou, por exemplo, no caso
de vestuário, podem “sair de moda”. No caso de estoques comerciais, os itens não
perecíveis que sobram acabam sendo vendidos por preços menores que os pretendidos,
como liquidações e promoções. Esta redução do preço final reduz a margem de lucro do
produto, impactando na rentabilidade do negócio.

Quando o volume de entradas é menor que o volume de saídas, acontece a


FALTA dos itens no estoque. No caso de estoques comerciais, esta falta vai significar
perda das vendas. Quando um cliente deixa de fazer uma compra pela falta de um
produto, dificilmente ele irá esperar que este produto chegue, principalmente produtos
de baixo valor agregado e alta oferta de mercado. Ou seja, se o cliente não pôde
comprar com você, ele comprará com seu concorrente. Neste caso, a empresa deixou de
faturar, ou seja, deixa de ganhar. No caso da indústria a falta é um problema mais
severo, pois compromete o processo produtivo. Quando uma produção precisa parar por
falta de itens no estoque, não é simplesmente o produto que deixa de estar disponível
para a venda, são funcionários que tem redução de sua capacidade produtiva, ou seja,
estarão ganhando seus salários sem ter como trabalhar. Dinheiro jogado fora, prejuízo
em dobro.

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Como já mencionado, também existe o risco da PERDA. Esta pode estar
associada a sobra e a falta. Quando um item sobra, ele pode ser perdido pela validade ou
tendência de mercado (moda). Quando um item falta, perde-se capacidade de venda,
perde-se um potencial cliente. Além disso, a perda também deve ser considerada no
caso de danos aos itens (quebras, arranhões, amassados), que deixam de estar
disponíveis para uso ou comercialização, não deixando de ter seu custo de aquisição.

2.5 Demanda

Entendida a importância do dimensionamento dos estoques, é necessário entender


como garantir este equilíbrio entre entradas e saídas. Fundamental para este
entendimento é conhecer a demanda pelos itens. Demanda é a procura ou necessidade
do item em questão, ou seja, quantas unidades costumam ser vendidas ou utilizadas em
determinados períodos. Estas demandas podem ser fixas, sendo seu gerenciamento mais
simples, ou podem sofrer variações.

Para prever a demanda é necessário conhecer o histórico do consumo, ou seja,


quantos produtos foram vendidos ou utilizados em determinado período. Este histórico
pode ser analisado pontualmente ou por períodos.

• Períodos fixos x Períodos móveis

Quando falamos em períodos fixos já temos datas ou intervalos de datas


determinados. Por exemplo, considerando que estamos em julho de 2022, se falamos “o
consumo do último ano”, estamos nos referindo a 2021, janeiro a dezembro. Quando
mencionamos “último semestre”, falamos de janeiro a junho do ano corrente, 2022. Ao
passo que se falamos “nos últimos 12 meses”, estamos nos referindo ao período
compreendido entre julho/2021 a junho/2022.

Estas diferenças são muito importantes para o estudo e previsão de demanda,


uma vez que o cálculo do consumo de diferentes períodos gera diferentes resultados e
erros nestes cálculos irão gerar um erro na previsão de demanda e provisionamento dos
estoques, o que poderá se refletir em sobras ou falta.

• Formas de cálculo de consumo

Como já mencionados, os consumos podem ser observados de forma pontual


ou por períodos.

- Consumo pontual: Para prevermos a demanda por determinado item de venda


para o mês de agosto/2022, podemos simplesmente verificar o total das vendas do
mesmo item no último mês (junho/2022) ou o total de vendas do mesmo mês, do ano
anterior, ou seja, agosto/2021. Ou seja, a referência será uma data ou período pontual.

16
- Consumo acumulado: Quando as aquisições atenderão a um período cujo
consumo é variado, tendemos a analisar o consumo acumulado de determinado período.
Por exemplo: dificilmente poderemos afirmar quanto de arroz consumimos diariamente,
em casa. Mas podemos definir o consumo acumulado durante um mês, ou seja, quando
de arroz utilizamos durante todo o mês, para prever quanto precisaremos comprar para o
mês seguinte. Da mesma forma, um bar normalmente não pode afirmar quantas garrafas
de cerveja são vendidas todo dia, mas poderá precisar quantas foram vendidas durante
um mês, indicando, assim, o consumo acumulado do mês.

- Média de consumo: Para calcularmos a média do consumo é necessário


somarmos todo o consumo de determinado período acumulado e dividirmos o total pela
duração deste período único. No caso de nosso botequim, buscamos saber quantas
garrafas de refrigerante são vendidas, em média, por mês. Neste caso, poderemos somar
todo o consumo acumulado de um ano e dividir por 12 meses.

- Consumo médio ponderado: Determinadas datas ou períodos tem maior


relevância ou contribuição para o cálculo de demanda, e assim deverão ter ponderações
ou “pesos” diferentes no cálculo da média. No caso de comércios, determinadas datas,
meses ou horários tendem a ter uma influência maior no resultado mensal. Por exemplo,
um barzinho noturno tende a ter um consumo maior durantes os fins de semana do que
durante a semana. O inverso ocorre em restaurantes self-service no centro da cidade,
cuja maior procura é no horário do almoço, em dias de semana. Ou seja, para o cálculo
da média de consumo, no caso do restaurante, os fins de semana tem um “peso”
matemático menor.

Existem tipos diferentes de consumo:

• Consumo constante

Quando se fala em consumo constante costumamos achar que constante é o que


não sofre variação. Seria como se o consumo de determinado item fosse sempre o
mesmo. Mas isto é um engano, o consumo não precisa ser exatamente o mesmo para ser
constante, pois também existem variações constantes, tanto de aumento como de
redução. Se em um mês tenho um consumo de 100 unidades, no mês seguinte tenho
consumo de 200 unidades e no terceiro mês tenho um consumo de 300 unidades, fica
evidente que o consumo vem crescendo de maneira constante e, assim, é possível prever
seu aumento para um período futuro. A mesma situação ocorre com a redução do
consumo. Realizar previsões de demanda quando o consumo é constante costuma ser
bem simples e com menor riscos de erro.

17
• Consumo sazonal

O consumo sazonal tem aumento ou redução de acordo com períodos específicos.


Estações do ano, datas comemorativas, como Dia das Crianças, natal, carnaval, festas
juninas são exemplos de períodos em que existem itens específicos de consumo. Existe
também o consumo sazonal em função da disponibilidade de mercado, como, por
exemplo, safras de determinados produtos: existem frutas que só “dão” em certas
épocas do ano.

• Consumo por demanda

Determinados tipos de consumo só existem quando são solicitados. É o que


também conhecemos como produção “por encomenda”, que pode ser simples, como
produção de salgadinhos de festa ou bolos, ou uma frota de veículos para determinada
empresa ou órgão do governo, como, um exemplo bem comum nas cidades, pela
visibilidade que sempre é dada, novas frotas de veículos de polícia (que sempre
desfilam pela cidade com giroscópios e sirenes ligadas quando são entregues).

Estas variações podem ter diversos fatores de influência, que podem ser
quantitativos ou qualitativos. A seguir serão descritos alguns destes fatores, separados
nestes dois grupos.

Fatores quantitativos

Os fatores quantitativos influenciam a demanda diretamente em seu resultado


numérico. São fatores OBJETIVOS, cuja análise é simplesmente matemática, com
impacto diretamente proporcional no resultado. São exemplos de fatores quantitativos
de influência:

- População: conforme o número de habitantes aumenta, o consumo também


aumenta, ou seja, mais pessoas, mais consumo;

- Renda per capita: conforme a renda média da população cresce, o consumo


também crescer, já que com um melhor poder aquisitivo as pessoas compram mais;

- Clima: o clima favorece o consumo de itens específicos. Faz muito calor,


aumentam as vendas de picolés, sorvetes, água, refrigerantes, cerveja. Choveu,
aumentam as vendas de guarda-chuvas.

Fatores qualitativos

Os fatores qualitativos influenciam a demanda a partir do conceito dos


consumidores acerca de determinados itens, ou seja, influenciam a demanda de acordo
com a aceitação daquele item pelo consumidor. São fatores SUBJETIVOS, cuja análise

18
matemática vai depender de cálculos mais complexos e talvez pesquisas de opinião com
o público envolvido. São exemplos de fatores qualitativos de influência:

- Moda / tendência: Quando determinado produto está na moda, suas vendas


aumentam. O contrário também é válido;

- Mídia: A propaganda influência a opinião das pessoas sobre determinados


produtos, gerando impacto no consumo destes;

- Sazonalidades: Determinados itens têm aumento de suas vendas em períodos


específicos. Isso não quer dizer que não haja venda destes produtos em outras épocas do
ano, mas o consumo tende a aumentar em função destes períodos. Como exemplo,
temos as vendas de pé de moleque e paçoca durante as festas juninas. Ainda, podemos
citar os panetones e o período natalino. Todos estes produtos são fabricados e
comercializados durante todo o ano, mas nestes períodos específicos suas vendas
disparam;

- Cultura: A cultura de determinado grupo social, país ou região geram impactos


sobre o consumo de itens. Um exemplo simples é a feijoada, prato “tipicamente
brasileiro”. Brasileiro ou carioca? No Rio de Janeiro, a feijoada é feita de feijão preto,
com um caldo bastante carregado pelo cozimento com os miúdos do porco. No
Nordeste a feijoada é feita com feijão fradinho, com pouquíssimo caldo. Além disso,
temos o consumo de acarajé no Nordeste, de chimarrão no sul, tereré no Centro Oeste,
etc. Como a cultura no Brasil é bem variada, nosso consumo alimentar também. Ao
estendermos isso em nível mundial, chegaremos aos besouros, escorpiões e gafanhotos
consumidos na Tailândia e os cachorros comidos pelos chineses. Lembrando que na
Índia a vaca é sagrada, então nada de churrasco.

2.6 Contabilização de estoques

Os estoques, normalmente, representam uns dos ativos mais relevantes nas


empresas industriais e comerciais. Seus custos refletem diretamente na formação do
preço de venda e na maximização dos resultados das empresas. Dessa forma, o
reconhecimento, a mensuração e o controle contábil adequados dos estoques são
essenciais para a apropriada divulgação das demonstrações financeiras das empresas.

Definição de estoque

Os estoques são ativos:

• mantidos para venda no curso normal dos negócios;

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• em processo de produção para venda; ou
• na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou
transformados no processo de produção ou na prestação de serviços.

Como mensurar os estoques?

Como regra básica, os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor
realizável líquido, dos dois o menor.

Apuração do custo do estoque

O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e


de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua
condição e localização atuais.

Dizendo de outra forma, no quadro abaixo temos uma representação dos gastos que
devem ser inclusos na formação do custo do estoque:

Custo de aquisição Custo e transformação Outros custos

Os custos de transformação de estoques incluem


O custo de aquisição é os custos diretamente relacionados com as Custos incorridos
preço do produto unidades produzidas ou com as linhas de
comprado, mais os produção, como pode ser o caso da mão de obra para colocar os
custos incorridos direta. estoques no seu
adicionalmente, até o Também incluem a alocação sistemática de custos
ativo estar à disposição indiretos de produção, fixos e variáveis, que sejam local e na sua
para utilização. incorridos para transformar os materiais em condição atual.
produtos acabados.

Exemplos de itens não incluídos no custo dos estoques:

Se no tópico anterior vimos o que incluir no custo de aquisição ou formação do


estoque, os exemplos abaixo tratam de gastos que não devem ser incluídos no custo do
estoque, ou seja, são os gastos que devem ser reconhecidos como despesa do período,
quando incorridos:

• valor anormal de desperdício de materiais, mão de obra ou outros insumos de


produção:

20
• A alocação dos custos fixos indiretos de fabricação às unidades produzidas,
relacionada com a capacidade normal de produção, ou seja, a alocação dos
custos no estoque deve ser baseada na capacidade normal de produção.

Em outras palavras, em períodos anormais de produção (como exemplo, períodos de


pandemia), o valor do custo fixo alocado a cada unidade produzida não pode ser
aumentado por causa de um baixo volume de produção ou ociosidade e,
consequentemente, os custos fixos não alocados aos produtos devem ser reconhecidos
diretamente como despesa no período em que são incorridos.

• gastos com armazenamento, exceto que sejam necessários ao processo


produtivo entre uma e outra fase de produção;
• despesas administrativas que não contribuem para trazer o estoque ao seu
local e condição atuais;
• despesas de comercialização, incluindo a venda e a entrega dos bens e
serviços aos clientes;
• juros sobre compra de estoques a prazo:

Quando a entidade compra estoques para pagamento a prazo, a compra pode


conter um elemento de financiamento (exemplos: juros, valor do dinheiro no tempo
etc.). Esse elemento financeiro deve ser reconhecido como despesa de juros durante o
período do financiamento. Resumindo, os juros sobre as compras de estoques devem ser
reconhecidos como despesa.

Critérios de avaliação do estoque

Dado que as empresas adquirem seus produtos com datas distintas e com preços
diferentes (ainda que seja com o mesmo fornecedor), neste tópico abordaremos qual
valor unitário deve ser atribuído aos estoques. Em outros termos, veremos as
metodologias existentes de valorização dos estoques, tais como: metodologias PEPS,
UEPS, preço médio de compra etc.

Via de regra, os estoques devem ser valorizados pelo uso da metodologia


“Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS)” ou pela metodologia do “custo médio
ponderado”.

PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que sai)

21
Também conhecido como FIFO (First in, First out). O PEPS é indispensável
quando a empresa trabalha com produtos perecíveis, pois tende a fazer com que o item
mais antigo seja o primeiro a ser vendido.

Sendo assim, o método PEPS prioriza a ordem cronológica de entrada dos


produtos privilegiando o uso do lote mais antigo de mercadorias até que as quantidades
sejam esgotadas. Em seguida, é utilizado o segundo grupo mais velho e assim por
diante. Para usar este tipo de gestão é necessário que as mercadorias do estoque sejam
armazenadas de forma seriada.

Vantagens e desvantagens do PEPS

A vantagem do PEPS é ter uma circulação contínua e ordenada de produtos, o


que permite refletir, com mais exatidão, sobre o custo real dos itens. O valor dos
estoques também se mantém atualizado se comparado ao preço da entrada mais recente.

Por outro lado, é preciso ter uma boa organização para conseguir controlar
diferentes lotes e descobrir o custo do mais antigo. Outra desvantagem é a tendência de
as primeiras compras terem um custo reduzido, o que gera aumento contínuo no preço
de venda dos seus produtos, podendo resultar em insatisfação dos clientes.

Além disso, o PEPS é o método contábil utilizado pela Receita Federal do Brasil
para o cálculo de tributos. É com base nele que o seu estoque é avaliado e, em cima
dessa estimativa, são calculados os impostos e tributos.

EXEMPLO:

Imagine uma loja que comercializa sapatos. No seu depósito há 100 modelos,
cujo preço pago foi de R$10,00 em cada um. O custo do estoque é de mil reais.

Antes de o fornecedor receber o próximo pedido, foram vendidas 80 sapatos.


Você solicita então mais 100 modelos
.
Mas digamos que o valor do produto subiu, e agora cada uma custa R$11,00.

Segundo a metodologia adotada através do PEPS, das próximas 100 peças que
você vender, 20 delas terão o custo de R$10,00, e 80 de R$11,00.

22
Metodologia UEPS (Último que Entra, Primeiro que sai)

Também conhecido como LIFO (Last in, First out). O método UEPS é
praticamente o contrário do que vimos sobre o método anterior.

O valor do último lote de mercadorias adquiridas é usado para calcular o preço de


venda do produto. Nesta forma de gestão, além da formação de preço tendo como base
o último lote recebido, existe também a priorização de venda/saída dos lotes recebidos
mais recentemente.

No entanto, é um dos métodos de controle de estoque mais eficientes para o


planejamento da produção, ao permitir ajustes rápidos nos preços e quantidades a serem
fabricadas de acordo com o consumo real.

Uma vez que os últimos itens adicionados são os primeiros a serem vendidos,
tem-se uma média do consumo daquele período, permitindo prever o consumo futuro na
medida em que novos produtos vão entrando no estoque.

EXEMPLO:

O produto que fica no topo da pilha, de mais fácil acesso, é o adquirido mais
recentemente.

O custo das 10 primeiras mercadorias que saem (vamos imaginar que seja
R$15,00) é idêntico ao das 10 últimas entradas (vamos imaginar que foi adquirido por
R$ 17,00).

É com base nesse valor que você vai calcular o preço de venda dos seus
produtos, R$17,00.

Vantagens e desvantagens do UEPS

Possibilita um ajuste mais eficiente e rápido na produção e nos valores cobrados


do consumidor, ao mesmo tempo em que o lucro atingido em algumas operações é
minimizado. Em outros países suas vantagens são a possibilidade de manter estimativas
mais precisas, a maior adequação aos departamentos que contam com processos
produtivos e a integração facilitada às previsões de lucratividade por mercadorias.

23
Por outro lado, o custo de reposição das mercadorias usadas não é trabalhado de
forma imediata. Essa metodologia também não pode ser aplicada em todos os setores.
Um exemplo são as empresas de gênero alimentício, que trabalham com produtos que
têm data de validade e são perecíveis.

UM ALERTA!

No Brasil, a Norma Brasileira de Contabilidade não autoriza o uso método UEPS.


Ele tende a reduzir a margem de lucro operacional das empresas, uma vez que, no
momento da medição, os fatores externos momentâneos (inflação, variação cambial
etc.) são repassados ao preço de custo da mercadoria. Por esse motivo, ele não é aceito
pela Receita Federal e deve-se usar o PEPS na precificação do estoque.

Metodologia custo médio ponderado

Esse é um dos métodos de mais simples utilização. O custo médio das


mercadorias em estoque é o resultado da divisão dos saldos financeiros pelos físicos O
custo médio, também conhecido como média ponderada móvel, é uma forma de
mensurar o valor do estoque da empresa sem que seja levada em conta uma ordem
cronológica de recebimento das mercadorias.

Em resumo, sobre o valor dos custos de cada mercadoria é calculada uma média
ao somar os diferentes preços de aquisição do produto estocado dividido pela
quantidade adquirida. O resultado é o custo médio da mercadoria estocada.

EXEMPLO:

Compra de 100 unidades do produto A por R$20,00 = R$2.000,00


Compra de 50 unidades do produto A por R$25,00 = R$1.250,00

Venda de 30 unidades do produto A, por R$ 50,00 (preço de venda) = R$


1.500,00

Custo da mercadoria vendida ao Custo Médio ponderado

= [(R$2.000,00 + R$1.250,00) / 150 unidades] x 30 unidades vendidas


= R$21,67 x 30 unidades vendidas
= R$ 650,00 (custo médio da mercadoria estocada)

24
Vantagens e desvantagens do MPM

A vantagem é a facilidade de implementação do método. O estoque passa por um


controle permanente e, sempre que algumas mercadorias são adquiridas, refaz-se o
cálculo dos custos. O monitoramento contínuo garante que o preço médio do patrimônio
seja mais seguro e mediano.

A desvantagem é que o MPM é recomendado apenas para realizar cálculos de


custos pela contabilidade, e não para formar os preços de vendas. Ele é o único método
válido pela contabilidade de custos, já que oferece o valor de custo, de estoque e de
lucro medianos.

Outras metodologias de mensuração do estoque

Outras formas para mensuração do custo do estoque, tais como o custo-padrão ou


o método de varejo, podem ser usadas por conveniência se os resultados se
aproximarem do custo.

Por que o UEPs é proibido no Brasil?

O método UEPS é proibido no Brasil justamente por permitir que pessoas que na
verdade tiveram um grande lucro na venda de seus produtos possam o vender como se
na verdade o lucro tivesse sido baixo ou, por vezes, inexistente.

Por que o PEPS é exigido pela Receita Federal?

Este método pega um mesmo produto e atribui um custo de mercadoria vendida


ao preço de compra mais antigo em estoque. Dessa forma, é por meio do PEPS que se
deduz o custo das mercadorias vendidas. O que acontece na demonstração dos
resultados de exercícios, o qual é exigido pela Receita Federal.

2.7 Pedidos

A aquisição de matérias-primas, suprimentos e outros componentes representa um


fator decisivo nas atividades organizacionais, especialmente na administração de

25
materiais. A função de compras nos negócios atuais assume verdadeiro papel estratégico
nas organizações, devido ao volume dos recursos envolvidos.

Tal caráter estratégico da função de compras está relacionado a um fato que


ocorre, principalmente, na indústria, onde a compra de materiais para a produção
representa um custo de aproximadamente 50% do custo total dessa produção.

As atividades de compras incluem uma série de fatores, tais como: a seleção de


fornecedores, a qualificação dos serviços, a determinação de prazos de vendas, a
previsão de preços, os serviços e as mudanças na demanda. Já que grande parte do
dinheiro pago aos fornecedores se dá pela compra de materiais, pequenas reduções na
sua aquisição podem gerar considerável economia e incremento nos lucros. Frente a
isso, podemos dizer que a gestão de compras é de vital importância para o sucesso
empresarial.

Á área de compras também compete a observação dos níveis de estoque, pois


embora altos níveis possam significar poucos problemas com a produção, eles acarretam
grandes custos de manutenção. Entretanto, baixos níveis de estoque podem fazer com
que a empresa trabalhe em um limiar arriscado, porque quaisquer detalhes ou
eventualidades podem prejudicar ou interromper o processo produtivo. Nesse contexto,
pode a empresa enfrentar reclamações de clientes e ter que manter altos níveis de
estoques intermediários, gerados por pausas e interrupções no processo produtivo. Além
desses pontos, cabe ao setor de compras analisar o relacionamento com os fornecedores.
Isso inclui a pesquisa e o desenvolvimento da qualificação e do suporte técnico durante
o relacionamento. No que tange aos fornecedores, é preciso assumir a negociação dos
preços com eles; tal atividade pode determinar a competitividade da empresa.

O ato de comprar inclui as seguintes etapas:

a) determinação do que, de quanto e de quando comprar;

b) estudo dos fornecedores e verificação de sua capacidade técnica, relacionando-


os para consulta;

c) promoção de concorrência, para a seleção de fornecedor vencedor;

d) fechamento de pedido, mediante autorização de fornecimento ou contrato;

26
e) acompanhamento ativo durante o período que decorre entre o pedido e a
entrega; e

f) encerramento do processo, após recebimento do material, controle da qualidade


e da quantidade.

O processo começa com a requisição de compra que define o que deve ser
comprado e qual a quantidade; em seguida a solicitação é passada para o setor de
Compras que avaliará os fornecedores e solicitará cotações. Depois de enviadas as
cotações, é preciso escolher a empresa que fornecerá o material necessário. Esse
processo deverá ser acompanhado, principalmente com relação ao pedido e à entrega.
Após a entrega dos materiais, eles devem ser conferidos, armazenados e controlados
pela área de materiais.

As atividades desenvolvidas pela função compras em uma organização envolvem


cadastro, pesquisa, administração de materiais, sistema de aquisição e também a
participação na definição das políticas de gerenciamento de materiais.

Cadastro: inclui o registro dos possíveis fornecedores dos materiais necessários à


organização, o registro das compras, o histórico dos preços praticados, as especificações
dos produtos a serem adquiridos, os históricos e previsões de consumo e os catálogos de
produtos e registros econômicos dos materiais comercializados pela organização.

Pesquisa: dá subsídios para o estudo do mercado, as possíveis especificações dos


materiais, a análise dos custos de aquisição, o desenvolvimento de novos fornecedores,
o uso de novos materiais nos processos de transformação e os critérios de qualificação
dos fornecedores.

Administração de materiais o atendimento das requisições de materiais, manter


estoques: envolve ações para garantir 3 em níveis que atendam o consumo dos
materiais, garantir a transferência de materiais entre as diferentes unidades
organizacionais, padronizar embalagens e elaborar relatórios de acompanhamento de
suas atividades.

Sistema de aquisição: implica negociar contratos, analisar cotações, analisar


requisições de materiais, definir as condições em que devem ser recebidos os materiais
no momento do desembarque, conferir faturas e notas fiscais, contatar vendedores,

27
negociar alterações nos contratos de fornecimento e gerenciar os prazos de atendimento
às requisições dos diferentes departamentos organizacionais.

Participação na definição das políticas de gerenciamento de materiais: inclui


participar na definição de políticas referentes a materiais obsoletos, em testes de novos
produtos ou de produtos substitutos, na definição das especificações dos materiais, na
definição das políticas referentes a comprar ou fabricar os materiais necessários, e na
negociação e contratação de seguros e sistemas de transporte

Como observamos, a aquisição de materiais envolve o dispêndio de recursos


financeiros da organização e os processos de negociação com fornecedores geram
dívidas, representando uma significativa interface com a administração financeira.

Lote Econômico de Compra (LEC)

Realizar uma boa gestão dos produtos no armazém afeta diretamente os resultados
financeiros que dialogam com a demanda do mercado, portanto, operar um estoque de
forma precisa é um grande diferencial para a evolução de qualquer negócio, uma vez
que ele é a “coluna dorsal” e segura toda a estrutura operacional de uma empresa.

O Lote Econômico de Compras (LEC), também denominado Economic Order


Quantity (EOQ), é um cálculo que ajuda a descobrir a quantidade ideal de itens que
precisam ser adquiridos em um estoque, visando obter o mínimo custo total,
considerando tanto as despesas com o armazenamento quanto os gastos relacionados
aos juros do capital empatado e os custos gerais da compra. Em outras palavras, trata-se
de uma metodologia que ajuda a definir o equilíbrio ideal entre as vantagens e
desvantagens de se manter um estoque, buscando sempre a redução do custo total.

28
Independente do segmento em que sua empresa atua hoje, entender a quantidade
de produtos que seu estoque necessita minimiza o risco de falta ou excesso de
mercadorias no armazém e, por consequência, ajuda a sua empresa a reduzir despesas e
a atender melhor seus clientes. O Lote Econômico de Compras (LEC) diminui a
ocorrência de problemas de estoque e produção, logo, essa métrica se faz necessária no
dia a dia do gerenciamento de estoque, porque garante que ele seja sempre monitorado e
permite que um valor fixo de pedido seja aplicado sempre que for apontado o momento
exato para o reabastecimento de produtos.

Benefícios do cálculo do Lote Econômico de Compras (LEC):

1) Reduzir custos de armazenamento


2) Evitar a indisponibilidade de produtos
3) Evitar produtos em excesso
4) Aproveitar descontos e oportunidades
5) Auxiliar em decisões estratégicas

2.8 Métodos de gestão

JIT – Just in Time

➢ Caraterísticas da metodologia: produção por demanda e estoque zero

Metodologia muito simples, na qual o pedido é feito por demanda, ou seja, por
encomenda, não havendo estoque prévio, o que faz com que o custo de manutenção de
estoques seja próximo a zero. No momento em que é identificada a demanda pelo item,
os produtos são comprados. Muito comum na indústria automobilística, no qual frotas
são encomendadas e os itens de estoque são comprados conforme a necessidade de uso.
Também, na construção civil, no qual itens comprados antes da necessidade podem
sofrer danos. Outro exemplo prático é a produção de bolos de festa: a profissional só
adquire os itens para produção do bolo que irá produzir após a encomenda do mesmo,
em função da perecibilidade dos itens.

MRP – Material Requirements Planning

Na gestão por MRP são definidas métricas para o estoque considerando a


demanda ou consumo do item, o tempo de entrega e a capacidade física do estoque. A
partir destes indicadores é definido o Ponto de Pedido.

29
Inicialmente, devemos estabelecer uma série de conceitos:

- Estoque máximo (EM) – Número máximo de itens que cabem no seu estoque;
- Estoque mínimo (Em) – Quantidade mínima no seu estoque para garantir que
sua operação não pare. Normalmente é definido pelo consumo durante o tempo mínimo
para operação;
- Estoque de Segurança (ES) – Quantidade acima do estoque mínimo, para
garantir prazos variáveis de entrega ou mesmo atraso nas mesmas. É calculado a partir
do consumo durante a diferença entre prazos mínimo e máximo de entrega, ou prazo
estipulado para atraso;
- Estoque Virtual (EV) – Produtos já adquiridos, mas que ainda não estão
disponíveis no estoque para consumo, seja por estarem em fase de emissão do pedido
pelo fornecedor, em transporte ou em conferência;
- Consumo médio (CM) – Quantidade média de itens consumidos/utilizados por
dia;
- Tempo de Ressuprimento (TR) – Tempo decorrido entre a realização do pedido
e a disponibilidade dos itens no estoque. Também conhecido como Lead Time;
- Ponto de Pedido (PP) – Quantidade de itens em estoque que indicam o momento
de se realizar um novo pedido, para garantir que a entrega do mesmo seja feita dentro
do planejamento de rotatividade dos itens do estoque;
- Pedido máximo (PM) – Quantidade máxima a ser comprada no pedido, de modo
a não exceder o estoque máximo. Normalmente é a diferença entre o estoque de
segurança (ou na ausência deste, o estoque mínimo) e o estoque máximo.

O conceito de Ponto de Pedido é o momento ideal para emitir um pedido de


compra, estando diretamente relacionado com o modelo de Estoque Mínimo, também
chamado Estoque de Segurança. Neste modelo de estoque, você estabelece uma
quantidade mínima para que você possa operar no caso de algum evento inesperado
enquanto repõe seu estoque.

O Ponto de Pedido serve para otimizar o Estoque de Segurança. De nada adianta


você estabelecer um Estoque Mínimo e somente efetuar o pedido de compra quando a
quantidade de produto em estoque atinge o que foi pré-estabelecido. Se você fizer isso,
o risco de ruptura do seu estoque será muito grande. É aqui que entra o cálculo do Ponto
de Pedido, para identificar o melhor momento de emitir uma ordem de compra ao
fornecedor.

30
Para calculá-lo é necessário prestar atenção em variáveis de tempo. Entre
elas: tempo de emissão, de preparação, de produção e de transporte. Todas estas
variáveis são responsáveis por alterar o tempo de reposição, uma variável que faz parte
do cálculo do Ponto de Pedido.

O cálculo considera o Estoque de Segurança (ES), o Consumo Médio (CM) e o


Tempo de Reposição (TR) sendo obtido através da seguinte fórmula:

PP = (CM x TR) + ES

Em muitos casos, quando não houver diferença nos tempos de entrega e de


reposição, o ponto de pedido será o dobro da quantidade prevista para o estoque de
segurança. O objetivo é evitar o uso desse estoque reserva, mantendo a empresa longe
da ruptura

31
Referências Bibliográficas
ARBACHE, Fernando Saba (org.). Gestão logística, distribuição e trade marketing. Rio de Janeiro: FGV,
2004.

ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.

BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição. São Paulo:


Atlas, 1993.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 4.ed. São Paulo: Atlas 1993.

NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 2.ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2004.

SANTOS, Gerson dos. Gestão de almoxarifados. 1. ed. CIP, SC, 2001

STOCK, James R. Reverse logistics programs. Illinois: Council of Logistics Management, 1998.

32

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