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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS

MISSÕES
PRÓ-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CÂMPUS DE ERECHIM
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE PSICOLOGIA

Acadêmica: Marieli Moraes Trindade


Disciplina: Intervenções Psicanalíticas
Professora Dra: Mariana Alievi Mari
Resumo do texto: MATERIAIS E INSTRUMENTOS DA PSICOTERAPIA
Inicialmente o texto refere a uma distinção entre psicoterapia e psicanálise,
acentuando o papel da interpretação em relação à psicanálise. Para tanto, se vale dos
conceitos de Bibring (1954), segundo o qual existem cinco tipos de psicoterapia:
sugestiva; ab-reativa; manipulativa; esclarecedora e interpretativa, sendo que estas duas
últimas operam por meio do insight (o que difere tal autor dos demais psicanalistas, para
os quais apenas a interpretação opera pelo insight), sendo as três primeiras utilizadas
como recursos técnicos, não essenciais, enquanto as duas últimas são utilizadas como
recursos terapêuticos (o que traduz, então, a diferença da psicanálise para as
psicoterapias em geral, que se valem da sugestão, da ab-reação e da manipulação como
recursos terapêuticos, ou seja, essenciais).
Quanto aos materiais e instrumentos, o texto conceitua os últimos (instrumentos)
como ferramentas utilizadas pelo analista para operar sobre os primeiros (materiais),
que são as informações fornecidas genuinamente pelo paciente, consciente ou
inconscientemente, sobre seu estado mental ao analista, sem a intenção de influenciar ou
dominar o terapeuta. Em diversos discursos o paciente pode trazer duas espécies de
informações: as conceituadas como “materiais”, relacionadas ao processo terapêutico; e
as “acting out”, que são informações verbais ou não verbais que não se destinam
diretamente a esse processo terapêutico – as quais o analista não deve considerar,
mesmo que possa através delas amparar suas conclusões.
Sendo assim, tarefa do analista reconhecer o que o analisando assume explícita
ou implicitamente quando fala e associar ou dissociar as informações do processo
terapêutico. Para isso, ele se vale de instrumentos classificados em quatro categorias,
quais sejam: 1) instrumentos para influir sobre o paciente; 2) instrumentos para obter
informação; 3) instrumentos para oferecer informação; e 4) parâmetro de Eissler.
No que se refere aos instrumentos para influir sobre o paciente, o texto trata de
três principais: o apoio; a sugestão; e a persuasão.
Quanto ao apoio, trata-se do instrumento mais utilizado pelos psicoterapeutas,
embora seja pouco adequado. Através dele o psicoterapeuta se vale de medidas para
alívio da ansiedade; para reforçar a boa relação com o outro e para ressaltar certos
aspectos da realidade, abrangendo uma cura mais rápida em psicoterapias menores, mas
criando um vínculo, uma dependência perigosa entre o analisando e o terapeuta. Deve
ser utilizado com prudência.
A sugestão é instrumento que busca incutir na mente do paciente uma ideia
(juízo ou afirmação) que passa a operar a partir de dentro para modificar uma conduta
patológica. É subdividida em passiva (aceptividade, segundo Baudouin) e ativa
(sugestibilidade, segundo o mesmo autor). Na passiva o terapeuta apenas induz uma
ideia, sem qualquer participação do analisando, tornando-a menos eficaz. Na ativa, há
uma participação do paciente através da redução de resistências.
Por fim, a persuasão (Dubois) se trata de instrumento com matiz racional mas
com ampla influência sobre as afetividades do paciente, se manifestando através da
argumentação e, em certos casos, da polemização de assuntos com o paciente, de modo
a convencê-lo sobre a modificação de determinada conduta patológica.
Em seguida o texto trata sobre os instrumentos para obter informação, quais
sejam: a) pergunta; b) assinalamento; e c) confrontação – instrumentos que Lowenstein
refere como sendo preparatórios da interpretação, mas que para o autor devem ser
dotados de mais autonomia.
Quanto à pergunta, se volta aos casos em que o analista deseja conhecer algum
dado pertinente ou o significado que o paciente dá a algo que está dizendo, tratando-se
de instrumento que pode ser utilizado isoladamente (somente perguntar), assim como
com outros instrumentos (perguntar e interpretar, por exemplo, ou perguntar e
confrontar ou assinalar, ou mesmo perguntar para fornecer informação), não havendo
regra fixa para a utilização do instrumento, devendo sempre evitar efetuar uma pergunta
com segundas intenções, ou passar ao paciente a percepção de que a pergunta foi feita
com essas intenções subjacentes.
O autor refere que antes de efetuar a pergunta o analista deve considerar o
material fornecido pelo paciente, para verificar se é aconselhável apenas interpretar ou
simplesmente se calar, principalmente para evitar a perturbação da associação livre pelo
próprio paciente.
O assinalamento, outro instrumento para obter informações, consiste em uma
“chamada de atenção” do paciente sobre um determinado ponto, com o objetivo de o
paciente fornecer maiores informações sobre algo que o paciente não percebeu ou que o
próprio analista tenha dúvida sobre o que o paciente quis dizer. Normalmente é efetuado
com expressões como “repare que” ou “note que”, não tendo a intenção de informar
especificamente o paciente, mas fixar a sua atenção em alguma informação que pode ser
relevante, podendo inclusive ser utilizado em substituição à interpretação.
Outro instrumento de obtenção de informação é a confrontação – em que o
analista mostra ao paciente duas informações contrapostas, as quais podem ser verbais
e/ou físicas (conduta e palavra, por exemplo), com a intenção de colocá-lo diante de um
dilema para notar uma contradição. Um ótimo exemplo dado foi o de um fumante que
acendia um cigarro para refletir sobre a necessidade de parar de fumar. A confrontação
com esse fato é útil para fazer o paciente perceber seus automatismos e as razões da
contradição podem indicar a modificação de conduta necessária para superar a
patologia.

Bibliografia:
ETCHEGOYEN, R Horacio. Fundamentos da Técnica Psicanalítica. Ed. Artmed,
2008. Cap. 24.

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