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FACULDADE STBNB

BACHARELADO EM TEOLOGIA
ANTIGO TESTAMENTO I
Prof. Domingos Welby
Discente: Marcelo Moraes de Lima

ANTIGO TESTAMENTO
UMA INTRODUÇÃO
(Resumo das páginas 61 a 117)

Recife
2023
5. Os inícios da monarquia
a) Samuel e a realeza de Saul
O autor trata do presente subtítulo, inicialmente mencionando o Primeiro
Livro de Samuel a partir do seu nascimento. Ele é visto como uma figura de
transição e que foi criado no santuário de Silo, conforme citado em 1Sm 1.24-28. O
texto diz que não há um registro claro de seu ministério sacerdotal, mas a palavra de
YHWH foi a ele revelada, sendo reconhecido como um profeta designado por
YHWH.
Há também outro aspecto relacionado a Samuel, ele se encontra incluído
na categoricamente como um juiz menor, porém a tradição destaca dois pontos:
Samuel dá continuidade com os “juízes”, bem como inicia o seu reinado, instituído
por YHWH. Além disso, surge como um "libertador", diante da ameaçadora presença
de inimigos estrangeiros, onde é tomado pelo "espírito de YHWH", os inimigos (1Sm
11.1-13).
A questão da problemática religiosa do seu reinado é bastante afetada em
razão de Saul não se enquadrar nos parâmetros inerentes ao cargo, gerando assim
sérios problemas Samuel e, consequentemente sendo rejeitado por YHWH, de
acordo com os textos de 1Sm 13.11-14; Is 15:10ss. Rendtorff relata que o reinado
de Saul é fortemente dominado pelos problemas citados no parágrafo anterior, e que
sua esfera de influência permanecem incertas. O conteúdo textual citam tão
somente conflitos militares. Não há indicativo algum sobre o exercício do reinado de
Saul, além do contexto militar.
Ainda sobre o seu reinado, sua duração foi de dois anos, conforme
relatada em 1Sm. Foi justamente neste período que ocorreram conflitos com o povo
filisteu. Contudo, após a vitória do rei Saul contra aquele povo, sua derrota
avassaladora foi descrita no Livro de 1Sm 31. Por fim, o reinado de Saul é
considerado um período de transição, motivo pelo qual ele é retratado na
majoritariamente como uma personagem de contraste, ou seja, num pólo ele
representa a tradição dos "juizes" e, de maneira consecutiva assume o antagonismo
profético em relação à nova monarquia.

b) A ascensão de Davi como rei de Judá e Israel


De todos os reis existentes no AT, em nenhum deles possuem tantos
detalhes como em Davi. A partir deste, dois grandes detalhes estão inseridos dois
complexos literários, a saber: na história da ascensão de Davi e a sua sucessão ao
trono.
A trajetória até o trono teve início na corte de Saul, o seu maior rival, que
possuía inveja de Davi, inclusive com forte desejo de matá-lo. Os relatos seguintes,
revelam Davi que é perseguido inocentemente por Saul, mas ainda assim respeita a
vida do seu inimigo.
Nos capítulos de 2 a 4, de 2Sm, é possível observar enorme narrativa que
aconteceram depois da morte de Saul. Na cidade de Hebrom, Davi se torna rei de
Judá (2Sm 2.1-4), já em Maanaim na Transjordânia, Abner, comandante de Saul,
institui como rei de Israel Isbaal, filho de Saul. Em razão do falecimento de Isbaal, os
representantes tribais ofereceram a Davi reinar sobre Israel, culminando assim com
o controle real de Israel e Judá.

c) O reinado de Salomão
Há enorme distinção tradicional entre Salomão e Davi. Em suma, podemos
encontrar essas diferenças em 1Rs 1-11. A imagem de Salomão é vista um rei
promotor da paz, homem sábio, justo e piedoso. Embora esse perfil seja
consideravelmente perturbado logo no início pela conclusão da narrativa sobre a
sucessão ao trono de Davi, incontinenti, é o marco inicial da história de Salomão.
No capítulo seguinte (1Rs 2), a narrativa expõe as ações de Salomão ao
aniquilar todos os seus adversários políticos, não obstante, muitas vezes ele agiu
cruelmente, iniciando pelo seu próprio irmão Adonias.
Salomão expandiu e diferenciou sua administração para atender às suas
maiores necessidades de luxo de sua corte e às construções caras. O país foi
dividido em doze distritos para garantir o abastecimento da corte real. As
construções foram realizadas com trabalho forçado e sem pagamento. O foco
principal foi nas construções em Jerusalém, como o templo e o palácio real. A
construção do templo e do palácio é descrita em detalhes, incluindo a adoção de
modelos cananeus na simbologia religiosa. A obra é concluída com a dedicação do
templo.
Um ponto marcante na pessoa de Salomão está relacionado a sua sabedoria.
Esta é agraciada por Deus, a qual se confirma no relato de 1Rs 3.12. Seu poder
entra em decadência, no final de sua história. O seu reinado foi prejudicado pela
independência de Damasco ao norte e ao sul, um príncipe edomita retoma o
governo sobre sua terra. Ambos fatos ocorrem durante o reinado de Salomão, que
não conseguiu conter aquele território.

6. Israel e Judá no tempo da monarquia


Durante o período da monarquia em Israel e Judá, após a morte de Salomão,
as tradições sofreram mudanças significativas. Os livros dos Reis abordam esse
período, desde o reinado de Roboão até a queda de Jerusalém. Tais livros têm
dados cronológicos de cada rei, avaliação religiosa dos dois reinados. A avaliação
religiosa é importante nessa abordagem, seguindo as exigências do Deuteronômio
quanto à pureza do culto de YHWH e à unicidade do lugar de adoração.
Rendtorff descreve que a estrutura acima possuem algumas descrições
narrativas detalhadas de eventos, como algumas narrativas históricas breves e um
número maior de narrativas proféticas. Essas últimas contêm muitas informações e
referências sobre condições históricas e políticas, mas estão determinadas pelo
interesse específico dessas narrativas. A reconstrução histórica desse período
depende quase exclusivamente das fontes do Antigo Testamento, com referências
cruzadas com as fontes do império assírio a partir de meados do século VIII e com o
império babilônico no final da monarquia.

a) O rompimento do império de Davi e Salomão


A descrição contida no Primeiro Livro dos Reis 12:1-19, é observado vários
eventos que surgiram depois da morte de Salomão. De início, seu filho Roboão, foi a
Siquém, local de sua coroação. Naquele lugar, Roboão foi confrontado com
exigências claras das tribos do norte para aliviar o “pesado jugo" que Salomão havia
exercido sobre aquele povo. Um embate narrativo entre os grupos de conselheiros,
os "velhos" e os "jovens", resultando na errônea escolha de Roboão, acatando o
conselho dos jovens, levando as tribos recusarem fidelidade. Desde então, um
rompimento surge entre as tribos.
Este fato tem como marco o fim de uma época, inclusive em 1Rs 12:10,
retrata a perspectiva da tribo de Judá sobre a "apostasia" de Israel contra a casa de
Davi. Apenas Judá foi fiel à casa de Davi. Em seguida, a notícia da apostasia de
Israel, o livro de 1Rs 2:20a Jeroboão é nomeado rei sobre "todo o Israel". É nessa
entronização que ocorre, pela primeira vez dois reinos totalmente independentes de
Israel e Judá.
b) A coexistência de Israel e Judá
Depois de dois séculos posteriores, até o declínio de Israel, os livros dos Reis
abordam uma estrutura redacional, emoldurando notícias acerca daqueles reis,
inserindo breves informações complementares.
Essas informações sobre aquele reis, deixam escapar pontos básicos,
inerente ao desenvolvimento na política, especialmente no constante sentimento de
guerra entre ambos países, manifestada nas fronteiras. A narrativa bíblica acerca
daquele clima de guerra, termina com a morte de Baasa, rei de Israel (1Rs 15:16).
Nada é dito sobre Omri, contudo o seu filho Acabe viveu em paz com Josafá de
Judá.
Omri ao comprar uma colina, funda uma nova capital e chamou-a de
Shomron. Possivelmente Omri tivesse tomado a exemplo o rei Davi, objetivando
criar uma capital independente. As escavações asseveram que Omri e seu filho
Acabe construíram uma impressionante residência fortificada. Sem sombra de
dúvidas, Omri marcou sua época, pois numa análise avaliativa religiosa, segundo
consta na obra de Rendetorff, que os atos de Omri foram piores do que seus
antecessores. Essa assertiva evidencia-se quando seu filho Acabetomou para si
Jezabel, cujo pai era Etbaal, líder dos sidônios. Sendo assim Acabe serviu a Baal e
prestou adoração. Desta feita, a política interna nos tempos de Acabe, bem como
dos seus filhos foi bastante marcada pelos conflitos entre as religiões de YHWH e
Baal.
O reinado de Acabe é um tema bastante abordado nas narrativas proféticas
em I Reis 17ss. Há conflitos na política religiosa que culminam no confronto entre
Elias e Acabe, e posteriormente, entre Jezabel e Elias. No centro está a grande cena
alocada no Monte Carmelo, que trata da questão de quem é realmente Deus: YHWH
ou Baal. Esse episódio deve ser entendido no contexto da tradição segundo a qual
foi construído na capital Samaria um templo para Baal (IRs 16.32), e Elias até podia
dizer que "os israelitas" destruíram os altares de YHWH e mataram seus profetas.
Porém, a manifestação da superioridade de YHWH no Carmelo não altera em nada
a situação religiosa, e Elias tem que fugir novamente para salvar-se de.
As narrativas proféticas também relatam várias lutas com os arameus, mas
estão menos orientadas para os acontecimentos políticos e militares do que para o
antagonismo entre reis e profetas.
O texto apresenta uma discussão sobre as lutas entre os arameus e os
israelitas na segunda metade do século IX. Embora existam relatos esporádicos
sobre essas batalhas, é difícil reconstruir com precisão todas as relações de poder e
sucessos militares. Entre os relatos encontrados, destacam-se sítios dos arameus
contra a capital Samaria, vitórias dos israelitas, a rendição do rei arameu Ben-
Hadade e guerras ofensivas dos israelitas contra os arameus na Transjordânia.
Também há relatos sobre conquistas dos arameus na Transjordânia e a
aniquilação quase completa das forças israelitas pelos arameus. Posteriormente,
ocorreu a reconquista das cidades israelitas. Apesar da escassez de informações
precisas, é inegável que houve conflitos entre esses povos na época mencionada.
Após a morte de Jeroboão II, cujo momento finaliza o período de estabilidade do
reino do Norte, surge nesse cenário, o profeta Amós denunciando a injustiça social.
Os assírios consolidam seu poder e dominar todo o Oriente, culminando o fim
de pequenos estados, tais como a Síria e Palestina. O livro cita que as notícias do
Antigo Testamento sobre os últimos anos do Reino de Norte são resumidas. Após a
morte de Menaém, seu filho Pecaías caiu vítima de um golpe, e Peca declarou-se rei
em seu lugar, conforme 2Rs 15:23-26. Foi no seu reinado, por volta de 733 que
ocorreu a segunda campanha de Tiglate-Pileser, trazendo sérias consequências
para Israel.
Pileser avançou e conquistou uma série de localidades e regiões, e deportou
seus habitantes para a Assíria. Esta breve notícia resume de um período muito
tenso com sérias consequências para os Reinos de Israel e Judá.
Ezequias, filho e sucessor do rei Acaz, é conhecido por ter realizado uma
reforma no culto, ter liderado uma revolta contra os assírios e ter vencido os filisteus,
de acordo com o livro 2Rs 18,1-8. Contudo, a revolta contra os assírios é o ponto
mais notável. O contexto político em que a revolta ocorreu foi bastante complexo e
pode ser encontrado em fontes assírias. Após a morte do rei assírio Sargão II em
705, houve inúmeros distúrbios no império assírio. O Egito e a Babilônia, que antes
eram submetidos pelos assírios, reconquistaram a independência. Ezequias
aparentemente participou de negociações anti-assírias, como evidenciado pelas
visitas de delegações egípcias e babilônicas a Jerusalém.
A obra de Rendtorff discute as campanhas militares dos reis Senaqueribe,
Ezequias e Manassés no Antigo Testamento. Em 701 a.C., Senaqueribe derrotou
um exército egípcio e conquistou cidades rebeldes dos filisteus. Depois, voltou-se
contra Judá e tomou 46 cidades fortificadas, impondo tributos pesados sobre
Ezequias. A "reforma do culto" de Ezequias, que eliminou lugares altos e símbolos
cúlticos de pedra e madeira, foi determinada pelo livro de Reis e pela composição
Deuteronomista. O sucessor de Ezequias, Manassés, é apresentado como um rei
herético e seu reinado foi considerado como um tempo de apostasia cultuai da
religião legítima de YHWH.
O livro de 2 Reis narra a história do estado de Judá, onde ocorreram
importantes eventos políticos e religiosos. O reinado de Josias é um dos mais
destacados, pois foi durante seu governo que ocorreu uma grande reforma do culto.
Segundo a narrativa, essa reforma foi inspirada pela descoberta do livro da Torá
durante obras de restauração no templo. Esse livro é provavelmente o
Deuteronômio, e a reforma foi realizada de acordo com seus princípios ou dos
movimentos por trás dele. No entanto, a historicidade e/ou o núcleo histórico deste
relato são altamente polêmicos. A reforma de Josias ocorreu em um contexto
político mais amplo, quando o império assírio estava entrando em declínio e Josias
explorou esse vácuo de poder para consolidar e expandir seu próprio domínio. Após
a morte de Josias, Judá foi arrastada para dentro das lutas pelo controle da região,
travadas pelas grandes potências, como a Babilônia e o Egito.

7. Judá a partir do Exílio Babilónico


a) O Exílio Babilónico
O Exílio Babilônico é um período importante na história do Antigo Testamento,
no qual os judeus foram levados cativos para a Babilônia. No entanto, os livros dos
Reis não fornecem uma abordagem precisa daquele período. Na verdade, os relatos
apenas mencionam as deportações e o destino dos exilados em algumas ocasiões.
Por exemplo, 2Rs 24.15s menciona várias vezes a "Babilônia" como destino,
enquanto 25.11 fala apenas da deportação.
Os textos narrativos não oferecem informações sobre o destino dos exilados
ou sobre a situação na própria terra de Judá durante o exílio Babilônico. Uma nova
abordagem narrativa começa apenas com o decreto do rei persa Ciro, do ano 538,
acerca da reconstrução do templo em Jerusalém. Essa reconstrução é uma
importante parte da história do Antigo Testamento, pois permitiu que os judeus
retornassem à sua terra natal e restaurassem sua adoração a Deus.
O período exílico é dependente dos livros de Jeremias, Ezequiel e Isaías, não
fosse bastante, as Lamentações e alguns Salmos possui relatos sobre a situação
religiosa e cultural. Em suma, aquele período de exílio foi de muitas tradições foram
colhidas e relidas.
O texto em questão trata da situação de Israel (ou Judá) após a deportação e
que a partir de 2Reis, conclui-se que a elite foi a principal afetada pela deportação,
enquanto os mais pobres permaneceram na terra para cultivá-la. Há evidências de
intensas relações mútuas entre eles, como as cartas trocadas entre Jeremias e
outros profetas, Tudo isso mostra a complexidade da situação de Israel após a
deportação e a importância de entender as relações entre os diferentes grupos
envolvidos.
O livro de Lamentações apresenta um retrato desolador da cidade de
Jerusalém, que foi destruída e vive em estado de fome e violência. Contudo, há
textos que trazem esperança, tais como a redistribuição da terra e a colheita bem-
sucedida, em que tanto aqueles que ficaram quanto aqueles que saíram dos
esconderijos puderam colher a safra.
A situação dos exilados judaítas na Babilônia foi marcada pelo fato de que
foram assentados juntos pelos babilônios. Eles podiam organizar sua vida
comunitária com liberdade limitada, podendo manter suas tradições. Existem várias
menções aos "anciãos" que procuravam o profeta Ezequiel na qualidade de
representantes da comunidade. Jeremias dirigiu sua carta aos "anciãos do cativeiro".
Quando Jeremias animou os exilados a edificar casas, plantar jardins e fundar
famílias, suas palavras sugeriram que essas atividades eram possíveis e certamente
também realizadas.
Já sobre a vida religiosa dos exilados, o salmista, no capítulo 137 revela a
aflição naquele país estrangeiro ao lembra de sua terra natal. As palavras dos
profetas Ezequiel e Dêutero-Isaías formam um elemento importante entre as
tradições do exílio. Ezequiel fala sempre de novo da reunião e recondução dos
israelitas dispersados entre as nações, cujo objetivo é a purificação, o renascimento
de Israel e finalmente uma nova união das partes separadas de Judá e Israel.
Podemos vislumbrar que o objetivo é a restauração e o renascimento de Jerusalém.
b) Retorno e restauração
O período conhecido por “Exílio Babilónico" finda com a ascensão do rei
persa Ciro, que em meados do século VI conquistou partes do Oriente próximo,
incluindo a Babilônia que estava em declínio. Ciro detinha o maior império na região
do mundo. O decreto de Ciro, que convidava os judeus a voltarem para Jerusalém e
construírem um templo para YHWH, é mencionado em Esdras 1.1-3 e 2 Crônicas
36.22s, e uma outra versão em aramaico é encontrada em Esdras 6.3-5, que inclui
mais detalhes sobre a construção do templo.
Após sua ascensão, ele não somente ordenou a reconstrução do templo em
Jerusalém, mas devolveu as imagens divinas e a restauração de santuários em
diversas partes do seu império. No texto da obra de Rendtorff surge um
questionamento sobre a liderança de quem aconteceu aquele retorno. De acordo
com o livro de Esdras 1:8, os utensílios do templo foram entregues pelo tesoureiro
persa a Sesbazar, designado como príncipe de Judá. No texto em aramaico, contido
em Ed 5:13-16 é citada uma afirmação dos "anciãos" de Jerusalém (vs. 9), segundo
a qual ele não apenas trouxe de volta a Jerusalém os utensílios de templo, mas
também foi designado governador por Ciro, estabelecendo fundamentos no templo.
Nesse ínterim, surge Zorobabel, cujo nome está nos registros dos repatriados
para Jerusalém. Detalhes sobre suas atividades após sua chegada são relatados,
como o início do culto sacrificial em um altar temporário, a celebração da Festa dos
Tabernáculos e outros mais. Zorobabel é frequentemente chamado de "governador
de Judá".
A construção do templo foi um importante evento na história judaica, e a
relação entre as atividades de Sesbazar e Zorobabel tem sido objeto de debate
entre estudiosos. Embora a tradição não forneça uma resposta clara, parece que
Zorobabel ganhou mais destaque do que Sesbazar. Isso é sugerido pelo fato de que
a atividade de Zorobabel é datada no tempo de Ciro em Esdras 4.1-5, enquanto
outros textos o associam ao tempo de Dario, junto com Ageu e Zacarias. No entanto,
o texto de Esdras 5:13-16 revela que Sesbazar pode ter sido o predecessor de
Zorobabel, iniciando a construção do templo, mas não completou o intuito.

c) O tempo de Esdras e Neemias


As fontes literárias bíblicas não mencionam por décadas, sobre a inauguração
do templo. Alguns estudiosos tratam desse período como "obscuro". Essa conclusão
se dá a ausência de informações precisas da estrutura política e administrativa sob a
qual Judá vivia naquele período.
Uma característica comum entre Esdras e Neemias é que eles foram
enviados a Jerusalém como homens provenientes da Diáspora, que intervêm nos
assuntos da cidade com as respectivas autorizações. Isso mostra o vínculo estreito
entre a pátria e a Diáspora onde os judeus sentiam aparentemente uma co-
responsabilidade pelas condições da primeira. Além disso, o fato da atividade deles
ser o único assunto que as fontes existentes relatam sobre o período depois do
tempo de reconstrução do templo confirma o grande significado que lhes foi
atribuído.
Em Ne 8, é relatado que Esdras leu a Torá de Moisés numa liturgia solene.
Majoritariamente, muitos intérpretes creem que aquela Torá é a mesma "lei" que
estava nas mãos de Esdras, conforme mencionado descrito Ed 7:14,25, entretanto,
alguns estudiosos não concordam com essa interpretação.
Segundo esse contexto, a missão de Esdras não era apenas levar a lei a
Jerusalém para proclamá-la ou promulgá-la, mas restaurar a comunidade judaica em
Jerusalém. A partir desse momento, a Torá se tornou a base para a vida religiosa e
civil dos judeus. Independentemente da interpretação, é inegável que a leitura da
Torá de Moisés por Esdras teve um grande impacto naquela comunidade judaica em
Jerusalém. Ela uniu o povo em torno de sua história e tradições, e estabeleceu base
sólida para sua vida religiosa e civil.

d) Israel no fim do período do Antigo Testamento


A história de Israel é um tema central dentro do Antigo Testamento. Neemias,
juntamente com Esdras, apresentam o período de retorno, reconstrução e
consolidação de Israel, após o Exílio Babilônico, que interrompeu a história de Israel.
Este período é fundamental para a compreensão da história de Israel e é
considerado um suplemento da história pré-exílica de Israel. É importante notar que,
após o término das atividades de Neemias, nenhum acontecimento e nenhum nome
estão mencionados explicitamente no Antigo Testamento, o que pode ter
implicações na interpretação da história de Israel nos séculos seguintes. É
interessante observar como a tradição se desenvolveu ao longo do tempo e como a
história de Israel continua a ser estudada e interpretada até os dias de hoje.

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