Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEORIAS DE TRADUÇÃO
Batatais
Claretiano
2015
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição
na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito
do autor e da Ação Educacional Claretiana.
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Pós-Graduação
Título: Teorias de Tradução
Versão: dez./2015
Formato: 15x21 cm
Páginas: 196 páginas
SUMÁRIO
Conteúdo Introdutório
1. INTRODUção.................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 9
3. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.......................................................................... 10
Unidade 1 – Tradução: Definição e Tipologia
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 15
2. DEFINIÇÃO BÁSICA DE “TRADUÇÃO”............................................................. 15
3. TIPOS DE TEXTO PARA TRADUÇÃO................................................................. 28
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 31
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 33
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 33
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.......................................................................... 33
Unidade 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 39
2. PALAVRA VERSUS SENTIDO............................................................................. 39
3. TRADUTORES FIÉIS ÀS PALAVRAS................................................................... 44
4. JERÔNIMO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA OS TRADUTORES.......................... 46
5. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 48
6. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 49
7. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 50
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 50
Unidade 3 – Possibilidade de Tradução e a
Intradutibilidade
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 53
2. HÁ QUANTO TEMPO EXISTE O TERMO “TRADUÇÃO”?................................. 53
3. TRADUZIR OU NÃO TRADUZIR?...................................................................... 55
4. TRADUÇÃO DE TEXTOS CULTURALMENTE MARCADOS................................ 62
5. AS NOTAS DO TRADUTOR E A INTRADUTIBILIDADE..................................... 65
6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 75
7. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 76
8. E-REFERÊNCIA................................................................................................... 77
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 77
Unidade 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser
Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 81
2. FLUÊNCIA TEXTUAL, NATURALIDADE E IDIOMATICIDADE........................... 82
3. TO SHOW OFF OR TO KEEP A LOW PROFILE – QUAL DEVE SER A POSIÇÃO DO
TRADUTOR?...................................................................................................... 84
4. TRADUÇÃO ESTRANGEIRIZANTE E A VALORIZAÇÃO DO DIFERENTE........... 90
5. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 105
6. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 106
7. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 107
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 108
Unidade 5 – O Albergue do Longínquo
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 111
2. QUEM FOI ANTOINE BERMAN?...................................................................... 111
3. ANTOINE BERMAN E AS DEFORMAÇÕES....................................................... 114
4. DEFORMAÇÕES E MAIS DEFORMAÇÕES........................................................ 124
5. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 124
6. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 126
7. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 126
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 127
Unidade 6 – Unidade 6 – Procedimentos Técnicos da
Tradução: Embasamento Teórico e Exemplos
Autênticos
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 133
2. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS........................................................................... 134
3. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 173
4. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 174
5. 5. E-REFERÊNCIA.............................................................................................. 175
6. 6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..................................................................... 176
Unidade 7 – Os Tradutores que Fizeram a História
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 179
2. TEÓRICOS DA TRADUÇÃO................................................................................ 179
3. FOOD FOR THOUGHT ...................................................................................... 192
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 193
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 194
6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 195
© Teorias de Tradução
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo
Conhecimento de aspectos básicos da história da tradução.
Conhecimento de correntes teóricas tradicionais e contemporâneas.
Reflexão sobre a prática tradutória. Fundamentação das escolhas
a serem feitas pelo tradutor.
Bibliografia Básica
ARROJO, R. Oficina de tradução: a teoria na prática. São Paulo: Editora Ática, 2000.
BERMAN, A. A prova do estrangeiro: cultura e tradução na Alemanha romântica.
Tradução de Maria Emília Pereira Chanut. Bauru: EDUSC, 2002.
FURLAN, M. Brevíssima história da teoria da tradução no Ocidente: I. Os Romanos. In:
Cadernos de tradução, n. 8. Florianópolis: PGET, 2003.
Bibliografia Complementar
BARBOSA, H. G. Procedimentos técnicos da tradução: uma nova proposta. 2. ed.
Campinas: Pontes, 2004.
BERMAN, A. A tradução e a letra ou o albergue do longínquo. Rio de Janeiro: 7 Letras,
2008.
COPELAND, R. Rhetoric, hermeneutics and translation in the Middle Ages: academic
traditions and vernacular texts. Cambridge: University Press, 1991.
ESTEVES, L. A ética da tradução e seus limites. Rio de Janeiro: Palavra, 1997. v. 4.
PINHO, J. A. O escritor invisível: a tradução tal como é vista pelos tradutores
portugueses. Lisboa: Quidnovi, 2006.
VENUTI, L. The translator’s invisibility. Londres e Nova York: Routldedge, 1995.
7
© Teorias de Tradução
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUção
Seja bem-vindo ao estudo da obra Teorias de Tradução.
Este estudo lhe proporcionará conhecimentos sobre as teorias e
as filosofias de tradução. Para tanto, lhe propiciará uma reflexão
sobre diversas teorias que definiram o ato tradutório, com
suas limitações e indicações, enriquecendo e ampliando suas
possibilidades de práticas futuras.
Assim, o estudo desta obra lhe ajudará a desenvolver
conhecimentos e competências para atuar, de forma ética e
profissional, como um tradutor reflexivo e embasado, fazendo
que organize e amplie seus conhecimentos teóricos, e que eles
influam, positivamente, na sua prática tradutória.
Esperamos que os estudos de Teorias de Tradução atendam
suas expectativas de conhecer e aprofundar seus conhecimentos
sobre as teorias de tradução, os procedimentos técnicos que
surgiram a partir delas e os profissionais que influenciaram a
visão que temos, atualmente, do que vem a ser um tradutor.
Bons estudos!
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta
rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe
um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na
área de conhecimento dos temas tratados na obra Teorias de
Tradução. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos
desta obra:
© Teorias de Tradução 9
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
3. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
TRADWIKI – A ENCICLOPÉDIA DA TRADUÇÃO. Homepage. Disponível em: <http://
www.tradwiki.net.br/P%C3%A1gina_principal>. Acesso em: 4 ago. 2015.
10 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1
Tradução: Definição e Tipologia
Objetivos
• Definir o universo tradutório para compreender os
aspectos relevantes e úteis à prática da profissão.
• Classificar os diferentes tipos de tradução quanto ao
gênero, ao tipo de texto e aos aspectos textuais.
• Distinguir os elementos presentes na prática tradutória
que podem refletir no exercício da profissão.
• Deduzir os elementos atuais e preparar-se para estudar
os elementos que existiram entre os tradutores dos
tempos passados.
Conteúdos
• Definição de “tradução”: o que é e o que não é traduzir.
• Terminologia básica.
• Gêneros e tipos de textos para tradução.
11
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
12 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
Octávio Paz
Nasceu na Cidade do México, em 1914. Cursou estudos de direito na
Universidade Nacional Autônoma do México e estudos especializados de
literatura no México, nos Estados Unidos, em Paris e no Japão (adaptado
de CULTURAPARA, 2010) (imagem disponível em: <http://bertachulvi.files.
wordpress.com/2008/09/octavio-paz.jpg>. Acesso em: 29 maio 2015. Texto
disponível em: <http://www.culturapara.art.br/opoema/octaviopaz/octaviopaz_
db.htm>. Acesso em: 29 maio 2015.
Martinho Lutero
Precursor da Reforma Protestante na Europa, nasceu na Alemanha, no ano de
1483, e fez parte da ordem agostiniana. Em 1507, foi ordenado padre, mas,
devido às suas ideias, que eram contrárias às pregadas pela Igreja Católica, foi
excomungado (adaptado de SUAPESQUISA.COM, 2010) (imagem disponível
em: <http://www.unerj.br/blogbiblioteca/wp-content/uploads/2009/08/martim-
lutero-03.jpg>. Acesso em: 29 maio 2015.Texto disponível em: <http://www.
suapesquisa.com/biografias/lutero/>. Acesso em: 29 maio 2015.
© Teorias de Tradução 13
© Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
1. INTRODUÇÃO
A Unidade 1 da obra Teorias de Tradução tem como
pressuposto refletir sobre a definição de "tradução" e determiná-la,
tendo por base uma significação mais ampla e abrangente. Afinal,
é importante sabermos, exatamente, o que estamos nos propondo
a fazer, não? Além disso, vamos procurar levantar os aspectos e
os processos ligados à tradução – que não são, propriamente,
“traduzir” – e entender suas implicações.
Bons estudos!
© Teorias de Tradução 15
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
16 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
Categorias de tradução
Diversos teóricos e práticos da tradução já estabeleceram
diferentes classificações, procurando organizar a tipologia e a
© Teorias de Tradução 17
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
Tradução intralingual
Tradução na qual a língua de partida e a língua de chegada
são iguais.
Um exemplo desse tipo de tradução seria um livro escrito,
originalmente, em inglês britânico, que, ao ser publicado nos
Estados Unidos, será reescrito em inglês americano. Nesse caso,
não seria apenas uma mudança ortográfica, mas poderiam
haver, também, mudanças lexicais (a troca de termos como
“underground” por “subway”, por exemplo) e gramaticais (a
frase “I have got nothing” alterada para “I have nothing”).
Outro exemplo de tradução intralingual ocorre quando um
tradutor é contratado para reescrever uma determinada obra
para outro público-alvo. Como exemplos fictícios, temos A Bíblia
para crianças ou Machado de Assis para iniciantes. Em ambos
os casos, o texto original é adaptado, mas mantido em língua
portuguesa, ou seja, mesmo se houver um "original" em outra
língua – como é o caso da Bíblia –, o tradutor ou adaptador irá
trabalhar com base no texto em português.
Você já deve ter notado que esse processo de modificação
de um texto para adequá-lo a outro público-alvo também recebe
outros nomes, como, por exemplo, "adaptação", mas, em nosso
estudo, vamos utilizar o termo mais preciso e relacionado ao
fazer tradutório: “tradução intralingual”.
18 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
© Teorias de Tradução 19
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
Tradução intersemiótica
Esse tipo de tradução é aquele que ocorre entre diferentes
sistemas de signos, ou seja, quando o texto de um livro é
transformado em música ou em filme, ainda na mesma língua,
por exemplo. Se uma peça de teatro for transformada em um
filme, também teremos um caso de tradução intersemiótica.
Uma amostra interessante desse tipo de tradução foi o que
aconteceu com a peça teatral de Nia Vardalos, que foi adaptada
para o cinema com o título de My Big Fat Greek Wedding, cuja
versão brasileira recebeu o título de Casamento Grego. Na peça
original, Nia fazia um monólogo, mas, ao passar para o cinema,
muitos dos diálogos foram reproduzidos por outros atores e,
obviamente, diversas falas foram introduzidas, adaptadas ou
suprimidas.
Você deve ter notado que, para fazer uma tradução
intersemiótica, em alguns casos, é preciso ter uma equipe de
profissionais que tenham habilidades diferentes e que dominem
as diversas linguagens envolvidas no processo. Nesse caso,
também, muitas vezes, o processo de tradução é chamado,
popularmente, de “adaptação”, mas, em nossa área de atuação,
utilizamos o termo mais preciso e técnico, que é “tradução
intersemiótica”.
Tradução interlingual
Tradução na qual a língua de partida e a língua de chegada
são diferentes.
Sim, esta é a tradução que todo mundo conhece, ou seja,
esta é a tradução de que vamos falar de agora em diante.
20 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
© Teorias de Tradução 21
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
22 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
© Teorias de Tradução 23
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
24 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
© Teorias de Tradução 25
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
26 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
• Tradução humana.
• Tradução automática ou tradução de máquina.
• Tradução Assistida por Computador (TAC).
É importante que o tradutor entenda a diferença entre os
três tipos apresentados anteriormente. Vejamos cada um deles
especificamente:
• Tradução humana: também conhecida como “tradução
convencional”, pode ser feita com “papel e caneta”,
como defendem alguns puristas, ou em programas de
computador, ditos “processadores de texto”, sendo o
mais conhecido deles o MS Word, da Microsoft, apesar
de existirem diversos outros classificados na mesma
categoria.
• Tradução automática: também é conhecida como
“tradução de máquina”. Nesse caso, o tradutor apenas
introduz um texto em um programa e este faz a tradução
automaticamente. Esse tipo de tradução, embora tenha
sido bastante difundido, até o momento, ainda não
conseguiu alcançar uma boa relação nível de qualidade/
preço do programa. Existem alguns programas de
tradução automática que produzem traduções muito
boas e que são usados nas empresas que atuam, em
geral, com linguagem controlada e em áreas bastantes
específicas. No entanto, tais programas têm preços muito
altos, tornando-os inacessíveis ao tradutor e ao cliente
que não trabalha com linguagem controlada, como no
caso das traduções de previsão do tempo, de horóscopo
ou de listas de materiais e equipamentos, por exemplo,
cuja linguagem costuma ser repetitiva, constante e
passível de controle. Vale salientar que também há
© Teorias de Tradução 27
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
28 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
Textos literários
• Livros (romances, humorísticos, autoajuda, biografias
etc.).
• Histórias em quadrinhos.
• Audiolivros e CD-ROMs de obras literárias.
Textos comerciais
1) Relatórios.
2) Balanços.
3) Folhetos.
4) Embalagens, rótulos e etiquetas.
5) Formulários.
6) Patentes e licenças.
7) Manuais.
8) Instruções e vídeos de treinamento.
9) Rótulos.
10) Catálogos.
11) Listas de preços.
12) Contratos.
13) Documentos jurídicos.
14) Notas fiscais, invoices e faturas.
15) Websites de atividades comerciais.
Textos técnico-científicos
1) Teses e dissertações.
2) Artigos científicos.
© Teorias de Tradução 29
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
Textos gerais
1) Editoriais e artigos jornalísticos.
2) Cartas pessoais, e-mails e mensagens eletrônicas.
3) Currículos.
4) Websites.
Tradução audiovisual
1) Dublagens.
2) Legendagens.
3) Voice-overs.
4) Placas, anúncios, faixas e demais textos incidentais.
30 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
• Interpretação simultânea.
• Interpretação sussurrada.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Com relação ao texto “original”, é INCORRETO afirmar:
a) Alguns autores usam o termo como sinônimo de “texto de partida” ou
“texto a ser traduzido”.
b) A rigor, nada seria original, já que todo texto é fruto de vivências e
experiências reformuladas.
c) É sempre o texto que vai ser traduzido, pois só é possível traduzir tex-
tos que nunca foram traduzidos.
© Teorias de Tradução 31
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) c.
2) V, V, F, V.
3) b.
32 © Teorias de Tradução
UNIDADE 1 – Tradução: Definição e Tipologia
5. CONSIDERAÇÕES
Como foi observado, a Tradução é uma área que pode ser
bastante abrangente, e, como tal, exige muito dos profissionais
que se dedicam a ela.
Ser tradutor é ser pesquisador, um leitor atento e um
ótimo escritor; é ter criatividade e disciplina e saber que é preciso
estudar sempre.
Temos certeza de que você será cada vez melhor, e de
que as próximas unidades desta obra ajudarão em sua evolução
profissional, pois conhecer a história e refletir sobre as teorias que
fundamentam a tradução são dois aspectos que irão diferenciar
um tradutor especialista de uma pessoa que, simplesmente,
traduz, sem reflexão nem conhecimentos científicos.
6. E-REFERÊNCIAS
COLUMBIA ENCYCLOPEDIA. Disponível em: <http://www.encyclopedia.com/>. Acesso
em: 4 ago. 2015.
MARTINS, I. F.; SALGUEIRO, M. A. F. A. Tradução: prática técnica ou ferramenta
transcultural? Cadernos do CNLF, v. 7, n. 12, 2003. Disponível em: <http://www.
filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno12-25.html>. Acesso em: 25 maio 2010.
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ARROJO, R. Oficina de tradução: a teoria na prática. São Paulo: Editora Ática, 2000.
© Teorias de Tradução 33
© Teorias de Tradução
UNIDADE 2
Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de
Partida
Objetivos
• Identificar o contexto histórico dos primórdios da
tradução e os aspectos relevantes e úteis para a prática
tradutória no presente.
• Definir o papel dos pensadores clássicos nas noções
de tradução, fidelidade e precisão que temos nos dias
atuais.
• Distinguir os elementos presentes na prática tradutória
dos autores estudados e suas influências em nossas
noções de fidelidade ao texto de partida.
• Interpretar os elementos reincidentes e recorrentes em
outras épocas da história da tradução.
Conteúdos
• Cícero e Horácio na Antiguidade Clássica.
35
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
• Os primórdios da Tradução.
• Jerônimo e sua contribuição para os tradutores.
36 © Teorias de Tradução
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
© Teorias de Tradução 37
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
38 © Teorias de Tradução
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
1. INTRODUÇÃO
A Unidade 2 tem como pressuposto refletir sobre alguns
pensadores e tradutores que se posicionaram quanto ao tema
“fidelidade”, tendo por base sua postura e suas ideias a respeito
do ato tradutório. Afinal, muitas ideias tidas como "antigas"
continuam presentes nos estudos de tradução até os dias de
hoje. Além disso, vamos procurar estabelecer a influência que
a filosofia de tais pensadores exerce em nosso fazer tradutório
atual.
Bons estudos!
© Teorias de Tradução 39
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
40 © Teorias de Tradução
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
© Teorias de Tradução 41
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
42 © Teorias de Tradução
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
© Teorias de Tradução 43
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
44 © Teorias de Tradução
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
© Teorias de Tradução 45
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
46 © Teorias de Tradução
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
© Teorias de Tradução 47
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
5. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Assinale a alternativa que está INCORRETA.
a) Os targumim representam a tradução do texto bíblico em hebraico
para o aramaico, lançando mão da literalidade em muitos casos, mes-
mo que parafraseando as passagens bíblicas.
b) Em 385, Jerônimo mudou-se para a Terra Santa, fixando-se em Belém,
onde empreendeu sua obra mais polêmica: a tradução do Antigo Tes-
tamento diretamente do hebreu.
c) Na atualidade, a tradução é entendida como uma atividade multifa-
cetada, mas essa noção teve suas sementes plantadas há tempos e
Jerônimo foi, certamente, um dos protagonistas dessa origem.
d) São Jerônimo é considerado o padroeiro dos tradutores, pois ele era
dono de uma das maiores bibliotecas do mundo, que foi queimada
quando Nero incendiou de Roma.
2) Para o verso The old man crossed in the twilight dim de The Bridge Buil-
der (Will Allen Dromgoole), a seguir, assinale qual alternativa optou-se por
uma tradução “palavra por palavras”.
a) O velho homem cruzou na penumbra do crepúsculo.
b) O velho atravessou à luz do crepúsculo.
c) O velho atravessou na penumbra.
d) À luz do crepúsculo então, o velho o atravessou.
48 © Teorias de Tradução
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) d.
2) a.
3) b.
6. CONSIDERAÇÕES
Como você deve ter notado, foram necessários diversos
séculos de evolução filosófica para que a tradução começasse a
ser entendida como uma atividade específica.
Poetas, advogados e religiosos traduziam mesmo sem
se questionarem sobre o nome que tal atividade teria. Cícero,
Horácio e Jerônimo estão entre os marcos da Teoria da Tradução,
pois não fizeram apenas traduções, mas pensaram a respeito do
processo e do produto do ato tradutório. Eles se questionaram
sobre a importância de ser, ou não, fiel ao texto de partida
e refletiram sobre as consequências dessa fidelidade (ou
infidelidade) às palavras do original.
Espero que você também esteja começando a pensar sobre
isto. Veja que cada opção que fazemos em uma tradução deve
ter como um respaldo, por trás de si, uma teoria, um motivo,
© Teorias de Tradução 49
UNIDADE 2 – Ser ou Não Ser... Fiel ao Texto de Partida
uma justificativa que, quem sabe, um dia você terá de dar para
seu cliente, mas que, acima de tudo, todos os dias você terá
que dar a si mesmo. Afinal, traduzir é um ato intelectual, e não
apenas um jogo mecânico de troca de palavras por equivalentes
em outra língua.
7. E-REFERÊNCIAS
LANZETTI, R. Quadro histórico das teorias de tradução. Disponível em: <http://www.
filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno03-14.html>. Acesso em: 25 maio 2015.
RODRIGUES, C. C. Tradução e adaptação: sentidos na história. Estudos lingüísticos, v.
31, 2002. Disponível em: <http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/31/
htm/comunica/CiI27a.htm>. Acesso em: 25 maio 2015.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COPELAND, R. Rhetoric, hermeneutics and translation in the Middle Ages: academic
traditions and vernacular texts. Cambridge: University Press, 1991.
FURLAN, M. Brevíssima história da teoria da tradução no Ocidente: I. Os Romanos. In:
Cadernos de tradução, n. 8. Florianópolis: PGET, 2003.
______. Brevíssima história da teoria da tradução no Ocidente: II. Idade Média. In:
Cadernos de tradução, n. 8. Florianópolis: PGET, 2005.
PINHO, J. M. C. A. Tradutor: em busca de novos rumos. Cadernos de tradução, Pós-
Graduação em Estudos da Tradução, Universidade Federal de Santa Catarina, n. 15.
Brasil, 2005.
YEBRA, V. Traducción: historia y teoría. Madrid: Editorial Gredos, 1994.
50 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3
Possibilidade de Tradução e a
Intradutibilidade
Objetivos
• Identificar o significado do termo "tradução" e compre-
ender suas limitações e consequências.
• Apontar os aspectos ligados à traduzibilidade absoluta.
• Descrever os aspectos ligados à intradutibilidade
absoluta.
• Considerar os pontos favoráveis e contrários à traduzi-
bilidade relativa.
• Interpretar os gêneros textuais e os textos culturalmen-
te marcados.
Conteúdos
• Definição de “tradução”, “tradutibilidade” e
“intradutibilidade”.
• Princípios tradutológicos.
51
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
52 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
1. INTRODUÇÃO
Além do dilema entre fidelidade e liberdade no processo
de tradução, há outros tópicos que costumam ser retomados
nas discussões teóricas sobre tradução. Um deles está
relacionado à possibilidade de tradução (dita “tradutibilidade”)
e, consequentemente, à sua impossibilidade.
Nesta unidade, estudaremos alguns autores que trataram
desse assunto. Inicialmente, faremos uma revisão sobre a origem
do termo "tradução" e, na sequência, abordaremos o dilema da
intradutibilidade, suas consequências e implicações.
© Teorias de Tradução 53
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
54 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 55
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
56 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 57
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
58 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 59
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
60 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 61
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
62 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 63
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
64 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 65
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
66 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 67
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
68 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 69
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
70 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 71
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
72 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
© Teorias de Tradução 73
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
74 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Assinale a alternativa que contém uma afirmação INCORRETA:
a) As principais teorias sobre a impossibilidade de traduzir datam do
século 19.
b) Embora o ato de traduzir seja algo praticamente inerente à comunicação
entre os seres humanos desde os primórdios da humanidade, foi
apenas entre os séculos 15 e 16 que o termo “tradução” começou a
ser aceito e difundido.
c) As posições extremas não encontram respaldo na prática tradutória
real, pois ser adepto da intraduzibilidade absoluta traria consigo,
automaticamente, o desaparecimento da figura do tradutor.
d) O fenômeno da tradução era muito mais importante e habitual para os
romanos do que para os gregos.
© Teorias de Tradução 75
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) a.
2) V, F, F, V.
3) c.
7. CONSIDERAÇÕES
Após estudarmos a tradutibilidade e a intradutibilidade,
acreditamos que você já seja capaz de se posicionar, criticamente,
sobre esse assunto. É importante ter em mente que alguns termos
e expressões precisarão ser mantidos em língua estrangeira
sempre que o tradutor pretender preservar os traços culturais
de um texto.
O fato de o tradutor revelar-se ou não em um texto e a sua
postura diante desse aspecto são tópicos relacionados a outra
grande polêmica da tradução: a invisibilidade do tradutor. Sim,
você acertou. Este é o título de nossa próxima unidade. Então,
vamos a ela!
76 © Teorias de Tradução
UNIDADE 3 – Possibilidade de Tradução e a Intradutibilidade
8. E-REFERÊNCIA
AFONSO, J. S. Comunicação e teoria da tradução. Disponível em: <http://www.
prof2000.pt/users/jsafonso/tese.htm#_Toc528252113>. Acesso em: 26 maio 2015.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, W. C. The translated text as re-textualisation. In: Studies in Translation.
Florianópolis: UFSC, 1992, p. 133-153.
FOLENA, G. Volgarizzare e tradurre. Torino: Unione Tipografico, 1991.
FURLAN, M. Brevíssima história da teoria da tradução no Ocidente: I. Os Romanos. In:
Cadernos de tradução, n. 8. Florianópolis: PGET, 2003.
______. Possibilidade(s) de tradução(ões). Cadernos de tradução, n. 3, Florianópolis:
UFSC, 1998, p. 89-111.
VENUTI, L. The translators invisibility. Londres; Nova York: Routdedge, 1995.
YALOM, I. D. Quando Nietzsche chorou. Tradução de Ivo Korytowski. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2005.
© Teorias de Tradução 77
© Teorias de Tradução
UNIDADE 4
Invisibilidade do Tradutor: Ideal
a ser Alcançado ou Aspecto a ser
Evitado?
Objetivos
• Interpretar o universo tradutório para poder
compreender os aspectos relevantes e úteis à
prática da profissão que se relacionam com o tópico
"invisibilidade".
• Apontar os momentos em que o tradutor pode (e deve)
evidenciar sua presença em um texto traduzido.
• Descrever os momentos em que o tradutor não pode
(nem deve) evidenciar sua presença em um texto
traduzido.
• Distinguir os pontos favoráveis e contrários à
invisibilidade do tradutor.
• Identificar as estratégias de tradução estrangeirizante, a
tradução insuficiente e a tradução domesticadora.
79
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
Conteúdos
• Definição de “visibilidade” e “invisibilidade”.
• Teóricos favoráveis à invisibilidade do tradutor e seus
argumentos.
• Teóricos contrários à invisibilidade do tradutor e seus
argumentos.
• Tradução estrangeirizante, tradução insuficiente e
tradução domesticadora.
80 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
1. INTRODUÇÃO
Até o presente momento, você teve a oportunidade de
estudar alguns pontos polêmicos entre os teóricos da tradução.
Já abordamos a questão da fidelidade ao texto de partida,
que, como você já notou, é um assunto bastante recorrente
desde os tempos de Cícero e Horácio. Também já estudamos
a tradutibilidade e a intradutibilidade e percebemos que há
posturas bem definidas em relação a cada uma delas.
Pois bem. Nesta unidade, vamos abordar mais um assunto
bastante interessante: a invisibilidade do tradutor. Alguns
teóricos consideram que um texto, para ser julgado como bem
traduzido, deve parecer ter sido escrito, originalmente, na língua
de chegada.
Outros estudiosos entendem a invisibilidade como algo
mais concreto, ou seja, para eles, o tradutor invisível é aquele
que não coloca seu nome na ficha catalográfica das obras que
traduz, que passa incógnito ou pouco notado. Há, também, um
terceiro grupo, que aborda a invisibilidade do ponto de vista
político-ideológico. Para esses, o tradutor deve deixar as marcas
culturais do original aflorarem no texto traduzido, e a tradução
deve ser estrangeirizante, respeitando tanto o texto de partida
– uma vez que irá manter a identidade cultural – quanto o leitor
do texto de chegada, por permitir que ele reconheça o elemento
estrangeiro naquilo que lê e que ele adquira conhecimentos de
outras culturas.
Como você já deve ter notado, o assunto que iremos abordar
nesta unidade é multifacetado, e você terá a oportunidade de
refletir sobre ele. Então, mãos à obra!
Bom estudo!
© Teorias de Tradução 81
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
82 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
© Teorias de Tradução 83
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
84 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
© Teorias de Tradução 85
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
86 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
© Teorias de Tradução 87
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
88 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
© Teorias de Tradução 89
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
90 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
A estratégia de domesticação
De acordo com Castro (2007, p. 92), a tradução
domesticadora "é aquela que procura apagar as opacidades
geradas pela diferença entre as duas culturas e línguas em
contato, de forma a tornar a leitura mais fluente e, de certa
forma, facilitá-la".
Já nas primeiras páginas de sua obra de referência no
assunto "invisibilidade", Venuti (1995, p. 1-2) faz as seguintes
afirmações:
“Invisibility” is the term I will use to describe the translator’s
situation and activity in contemporary Anglo-American culture.
It refers to two mutually determining phenomena: one is
an illusionistic effect of discourse, of the translator’s own
manipulation of English; the other is the practice of reading
and evaluating translation that has long prevailed in the United
Kingdom and the United States, among other cultures, both
English and foreign-language. A translated text, whether prose
or poetry, fiction or nonfiction, is judged acceptable by most
publishers, reviewers, and readers when it reads fluently, when
the absence of any linguistic or stylistic peculiarities makes it
© Teorias de Tradução 91
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
92 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
© Teorias de Tradução 93
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
94 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
Consumibilidade
Não é de conhecimento de todos os tradutores, mas o
escritor brasileiro Monteiro Lobato também atuou na área de
Tradução. De acordo com Mendes (2002, p. 23), sua abordagem
da atividade tradutória é embasada nas posturas de Lawrence
Venuti, que considerava "a tradução um meio pelo qual sujeitos
domésticos são formados".
Segundo Venuti (1995, p. 23), as escolhas que o tradutor
faz demonstram "não só o caráter transformador da tradução
como a presença do tradutor".
Conforme explicitado em Freitas (2003, p. 99):
Venuti introduz o conceito da consumibilidade consoante a
sua visão marxista de relações de produção, ou seja, quanto
mais legível, fluente e legítima for a tradução, maior será o seu
prestígio enquanto mercadoria e, portanto, mais consumível ela
será. Soma-se a essa proporção a invisibilidade do tradutor, que
será tanto maior quanto maior for o grau de consumibilidade
do texto. A consumibilidade venutiana é uma imposição do
mercado exigida por revisores, críticos, editoras e leitores. Em
outras palavras, o tradutor tem como limite a aceitação social de
seu trabalho.
© Teorias de Tradução 95
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
96 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
© Teorias de Tradução 97
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
98 © Teorias de Tradução
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
© Teorias de Tradução 99
UNIDADE 4 – Invisibilidade do Tradutor: Ideal a ser Alcançado ou Aspecto a ser Evitado?
Cécile crosses the marshes that appear Cécile crosses the marshes that appear
during the rainy season between during the rainy season between
Mabindu and the Mission, and where Mabindu and the Mission, and where
it is dangerous to venture at this hour it is dangerous to venture at this hour
of the night. That is the time when the of the night. That is the time when the
worst reptiles and the worst demons worst reptiles and the worst demons
gather there! The water laps. The frogs gather there! The water laps. The
are silent. The toads are silent. The ranidae are silent. The bufonidae
cadaver’s rigid limbs intertwine with the are silent. The cadaver’s rigid limbs
widow’s body. A shooting star, and then intertwine with the widow’s corpse.
the long “whoo-whoo” of a nocturnal A shooting star, and then the long
bird. hululement of a nocturnal bird.
5. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Com relação à fluência, naturalidade e idiomaticidade, é INCORRETO
afirmar:
a) Um texto traduzido pode ser idiomático, mas nem por isso terá auto-
maticamente fluência e naturalidade.
b) Para alguns pesquisadores, o tradutor deve estar sempre consciente
de seu papel de mediador não transparente e deve assumir a respon-
sabilidade que demanda tal tarefa.
c) Para muitos teóricos da tradução, tradutores e até mesmo clientes e
leitores, parece intuitivo que uma boa tradução será aquela com flui-
dez, idiomaticidade e naturalidade.
d) Definir o que é uma “boa tradução” é uma tarefa bastante simples e
direta em relação à fluidez e idiomaticidade.
3) To show off or to keep a low profile – afinal, qual deve ser a posição do
tradutor?
a) Como o tradutor ganha proporcionalmente à sua fama, ele deve pro-
curar ser o mais popular possível.
b) Pessoas tímidas jamais serão boas tradutoras.
c) Além do autor da obra, o nome do(s) tradutor(es) também deve figu-
rar na Ficha Catalográfica, e deve ser citado nas referências.
d) A personalidade do tradutor não tem nenhuma relação com a quali-
dade de seu trabalho, já que a tradução é uma atividade mecânica e
impessoal.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) d.
2) a.
3) c.
6. CONSIDERAÇÕES
O conteúdo desta unidade nos levou a refletir sobre alguns
aspectos importantes das teorias de tradução, mas sem que
perdêssemos de vista a importância desses conceitos na prática.
7. E-REFERÊNCIAS
CASTRO, M. S. Tradução, ética e subversão: desafios práticos e teóricos. Rio de Janeiro:
PUC, 2007. (Dissertação de Mestrado). Disponível em: <http://www2.dbd.puc-rio.br/
pergamum/tesesabertas/0510555_07_pretextual.pdf>. Acesso em: 26 maio 2015.
SANTANA, V. D. O silêncio: tradução ideal – da tradução total à tradução impossível.
Cadernos de tradução, v. 1, n. 21, 2008. Disponível em: <www.periodicos.ufsc.br/
index.php/traducao/article/viewFile/8229/7585>. Acesso em: 26 maio 2015.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERMAN, A. A prova do estrangeiro: cultura e tradução na Alemanha romântica –
Herder, Goethe, Schlegel, Novalis Humboldt, Schleiermacher, Hölderlin. Tradução de
Maria Emília Pereira Chanut. Bauru: EDUSC, 2002.
BOHUNOVSKY, R. A. (Im)possibilidade da “invisibilidade” do tradutor e da sua
"fidelidade": por um diálogo entre a teoria e a prática de tradução. In: Caderno de
tradução, n. 8, 2001.
ESTEVES, L. A ética da tradução e seus limites. Rio de Janeiro: Palavra, 1997.
FREITAS, L. F. de F. Tradução e autoria: de Schleiermacher a Venuti. Cadernos de
tradução, v. 1, n. 21, p. 95-107, 2008.
______. Visibilidade problemática em Venuti. Cadernos de tradução, v. 2, n.12, p. 55-
63, 2003.
KARAMCHETI, I. Research in African Literatures. v. 30, v. 3, Aime Cesaire’s Subjective
Geographies: Translating Place and the Difference it Makes, p. 181-197, 1999.
MENDES, D. R. Monteiro Lobato, o tradutor. Monografia apresentada para a obtenção
do grau de Bacharel em Letras: Ênfase em Tradução – Inglês pela Universidade Federal
de Juiz de Fora, Rio de Janeiro, 2002.
PINHO, J. A. O escritor invisível: a tradução tal como é vista pelos tradutores
portugueses. Lisboa: Quidnovi, 2006.
PORTUGAL. Código do direito de autor e dos direitos conexos – lei n. 5.988 do código
de Portugal, de 13 de dezembro de 1973.
VENUTI, L. The translators invisibility. Londres, Nova York: Routdedge, 1995.
WORRALL, F. The cockroach and the rooster: a translation, with preface, of Tchicaya
U Tam’Si’s Les cancrelats. Tese apresentada ao Department of Études françaises para
obtenção do grau de Magisteriate in Arts na Universidade Concordia de Montreal,
Quebec, Canadá. Abril de 2002.
Objetivos
• Interpretar os temas “tradução etnocêntrica”,
“deformação” e “texto traduzido”.
• Identificar os diferentes tipos de deformações, saber
detectá-las nos textos traduzidos e entender suas
implicações na qualidade da tradução.
• Categorizar os elementos bermanianos que devem ser
levados em consideração ao analisar-se uma tradução
ou ao realizá-la.
Conteúdos
• Quem foi Antoine Berman?
• Antoine Berman e as deformações.
• As deformações de um texto traduzido.
• Etnocentrismo e estrangeirismo.
109
UNIDADE 5 – O Albergue do Longínquo
1. INTRODUÇÃO
Na Unidade 4, você teve a oportunidade de conhecer
a definição de “visibilidade” e de “invisibilidade”, os teóricos
favoráveis e contrários à invisibilidade do tradutor e seus
argumentos, bem como a tradução estrangeirizante, a tradução
insuficiente e a tradução domesticadora.
Com tais conhecimentos, iniciaremos o estudo da Unidade
5 com uma pequena introdução sobre quem foi Antoine Berman
e sobre as deformações de um texto traduzido. Aprenderemos,
também, sobre o etnocentrismo e o estrangeirismo.
Bom estudo!
5. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Segundo as informações que você recebeu nesta unidade, assinale a al-
ternativa que apresenta informações que NÃO ESTÃO RELACIONADAS a
Berman:
a) Antoine Berman recebeu o título de doutor em linguística e atuou
como tradutor de textos literários alemães e latino-americanos.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) c.
2) a.
3) a.
6. CONSIDERAÇÕES
Estrangeirizar ou domesticar? Este é apenas um dos
muitos dilemas que o tradutor terá de enfrentar em sua jornada
profissional.
A resposta não está pronta nem é única para todos os casos
e situações, pois um mesmo texto pode tomar rumos diferentes
dependendo de quem irá lê-lo ou ouvi-lo e dependendo, também,
do momento em que ele é traduzido, de qual a finalidade da
tradução, de quem está traduzindo, entre outras variantes. Sim,
nossa conclusão desta unidade é de que tudo vai depender de
uma série de fatores.
Então, o tradutor pode fazer “qualquer coisa”? É claro que
não, ele deve agir segundo seus princípios filosóficos, linguísticos,
teóricos e, até mesmo, pessoais, e terá de levar em conta esse
posicionamento a cada nova escolha, a cada frase e a cada
novo texto. Complicado? Talvez, mas fascinante e revigorante,
pois trabalhar com tradução significa nunca ter rotina, estar
sempre precisando tomar decisões e saber argumentar, quando
questionado, sobre o porquê de se ter sido tomada essa ou
aquela decisão.
7. E-REFERÊNCIAS
BATTISTI, P. A. S. S. O. A crítica de tradução em Antoine Berman: reflexo de uma
concepção anti-etnocentrica da tradução. Campinas: Instituto de Estudos da
Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, 2000. (Dissertação de Mestrado).
Disponível em: <http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000199299>. Acesso
em: 27 maio 2015.
BERNIERI, S. R. As deformações na tradução dos coloquialismos em The Color Purple.
Disponível em: <http://simoneraquel.files.wordpress.com/2009/04/monografia-final-
simone-13042009.doc>. Acesso em: 27 maio 2015.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERMAN, A. A tradução e a letra ou o albergue longínquo. Rio de Janeiro: 7 Letras,
2008.
______. La traduction et la lettre ou l’auberge du lointain. Paris: Seuil, 1999.
______. Pour une critique des traductions: John Donne. Paris: Gallimard, 1995.
Objetivos
• Interpretar os procedimentos técnicos disponíveis
no universo tradutório para poder compreender os
aspectos relevantes e úteis à prática da profissão e
relacionados ao tópico.
• Identificar os exemplos autênticos de cada categoria
para interiorizar seus conceitos.
• Classificar os procedimentos técnicos de tradução em
situações reais.
• Distinguir os pontos favoráveis e contrários ao uso de
cada procedimento técnico de tradução.
• Constatar os melhores momentos e as melhores
situações de cada um dos procedimentos técnicos de
tradução estudados.
129
UNIDADE 6 – Procedimentos Técnicos da Tradução: Embasamento Teórico e Exemplos
Autênticos
Conteúdos
• Definição de “procedimentos técnicos de tradução” e as
diferentes classificações e categorizações.
• Teóricos mais influentes no assunto.
• Exemplos autênticos e sua conceituação.
• Situações em que cada procedimento técnico de
tradução.
Mia Couto
Escritor moçambicano, filho de um casal português que emigrou para
Moçambique em meados do século 20, é extremamente conhecido na
Europa e começou a ser valorizado, também, em terras brasileiras quando
teve alguns de seus livros publicados pela Companhia das Letras na última
década. Não deixe de conhecer as obras desse autor de renome internacional,
traduzidas para diversos idiomas e escritas, originalmente, em um português
que, em muitos casos, mereceria algumas traduções intralinguais, para que
pudéssemos sorver o máximo de sua genialidade, uma vez que ele tenta recriar
a língua portuguesa com uma influência moçambicana utilizando o léxico de
várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana
(imagem disponível em: <http://tacansado.files.wordpress.com/2008/10/mia_
couto.jpg>. Acesso em: 28 maio 2015.
1. INTRODUÇÃO
As teorias de tradução, em geral, são as correntes filosóficas
que orientaram a prática dos tradutores em diferentes épocas da
humanidade. Entretanto, mesmo nos dias atuais, encontramos
clientes e leitores (e até mesmo tradutores) que ainda seguem
princípios teóricos já desacreditados ou desaconselhados há
décadas (ou há séculos, em alguns casos).
Os procedimentos técnicos da tradução, segundo Barbosa
(2004, p. 80), “são propostos como uma tentativa de responder
à pergunta ‘como traduzir?’”. De acordo com a pesquisadora,
os trabalhos pioneiros nessa área são de Vinay e Darbelnet –
publicados em uma obra conjunta, em 1977 – e "os trabalhos
subseqüentes [...] ou se reportam diretamente a esse trabalho,
ou fazem uma reformulação do mesmo" (BARBOSA, 2004, p. 80).
Em geral, os autores que estudaram o assunto depois
de Vinay e Darbelnet optaram por alterar um pouco suas
classificações, por eliminar algumas categorias que consideravam
desnecessárias e/ou por acrescentar categorias que estivessem
faltando, segundo sua óptica.
Nesta unidade, utilizaremos como base a categorização
desenvolvida por Heloísa Barbosa (2004) e também
acrescentaremos alguns procedimentos que consideramos
necessários e que haviam sido excluídos pela professora.
Dada nossa formação em Linguística de Corpus, não
poderíamos aceitar que fossem apresentados, nesta unidade,
exemplos inventados ou reproduzidos de fontes não autênticas.
Assim, a grande maioria dos exemplos que ilustrarão cada uma
das categorias foi retirada do site Compara.
2. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS
A seguir, abordaremos cada um dos procedimentos técnicos
em mais detalhes. Por ser um dos mais simples, e intuitivos,
começaremos pelo procedimento de tradução "palavra por
palavra", também conhecido pela variante "palavra a palavra".
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução “palavra por palavra” é aquele em que o texto traduzido
possui, em uma ordem sintática bastante parecida, se não igual,
as mesmas categorias que o texto de partida.
A seguir, veremos alguns exemplos no Quadro 1:
Tradução literal
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução literal é aquele em que se mantém uma fidelidade
semântica estrita às ideias expressas no texto de partida, mas
adequando a morfossintaxe da língua de chegada para que o
texto fique fluente.
A seguir, no Quadro 4, veremos alguns exemplos:
Transposição
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução por transposição consiste na mudança da categoria
gramatical do texto original para o texto traduzido.
A seguir, no Quadro 9, veremos alguns exemplos:
Modulação
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução por modulação consiste em reproduzir a mensagem
na língua de chegada sob um ponto de vista diferente daquele
expresso no texto de partida. Conforme veremos no Quadro 12.
Literalmente, o ditado em português seria traduzido para "A estrada para o inferno
é pavimentada com boas intenções". Ao analisarmos o provérbio equivalente,
percebemos, aqui também, a presença de uma mudança no foco. Tais mudanças
talvez possam ser explicadas pelos aspectos religiosos de cada povo e por outros
aspectos culturais.
Fonte: Provérbios populares, autor desconhecido.
Equivalência
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução por equivalência consiste em substituir um segmento
de texto da língua de partida por outro na língua de chegada,
que não o traduz literalmente, mas que é equivalente em termos
de funcionalidade linguística.
A seguir, o Quadro 16 traz um exemplo de tradução por
equivalência.
Compensação
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução por compensação consiste em substituir um recurso
estilístico que se encontra em um ponto do texto de partida para
outro recurso de efeito equivalente ou pelo mesmo recurso em
outro ponto do texto traduzido.
A seguir, no Quadro 27, veremos alguns exemplos:
Reconstrução de períodos
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução com reconstrução de períodos consiste em redividir
ou reagrupar os períodos e as orações do original ao fazer a sua
tradução.
Vejamos, a seguir, no Quadro 29, alguns exemplos que
tratam da tradução com a reconstrução de períodos.
Melhorias
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução com melhorias consiste na não repetição, na tradução,
dos erros ou equívocos cometidos no texto original.
Em nossa experiência de mais de quinze anos traduzindo
textos das áreas médica e odontológica, podemos afirmar com
segurança que os erros podem ocorrer tanto em originais em
português quanto em originais em inglês.
Transferência
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução por transferência consiste em introduzir material
textual da língua de partida no texto traduzido.
A transferência pode ser concretizada, por exemplo, na
forma de estrangeirismos, ou seja, transcrever para a tradução
os vocábulos ou as expressões que sejam desconhecidos dos
leitores.
O estrangeirismo que fica conhecido do público-alvo,
adaptando-se à morfologia e à fonologia da língua de chegada,
é conhecido como “empréstimo”. No Quadro 35, observe um
exemplo de transferência no excerto a seguir:
Transliteração
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução por transliteração consiste em substituir uma convenção
gráfica por outra. Suponhamos que haja, em um texto, uma
saudação em japonês (“おめでとうございます”).
O tradutor pode optar por traduzi-la para o português
(“Parabéns”) ou por fazer a transliteração para “Omedetou
Gozaimasu” dependendo do público-alvo a que se destina a
tradução.
Aclimatização
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução por aclimatização consiste no processo pelo qual os
empréstimos são adaptados à língua de chegada.
No caso a seguir, Quadro 36, observamos que o tradutor
manteve o nome da personagem, mas optou por aclimatizar sua
grafia para que o texto ficasse mais adaptado à transcrição e à
sonoridade inglesas.
*Note 59
Guerreiros de fogo, “warriors of fire”,
the Portuguese.
Fonte: PBJA1T2 José de Alencar 1865 1886 Iracema, the honey lips: a legend of
Iracema. Excerto disponível em: Brasil. Tradução de Lady Isabel Burton.
<http://www.bibvirt.futuro.usp.br/ Londres: Bickers, 1886, p. 1-17.
textos/autores/josedealencar/iracema/
iracema.html>. Acesso em: 6 dez. 1999.
Digitalizado pela Biblioteca Virtual do
Estudante Brasileiro a partir da 24ª ed.,
São Paulo: Ática, 1991. Digitalização
revista pela equipa do COMPARA com
base em: Alencar, José de. Iracema: lenda
do Ceará. São Paulo: Editora Núcleo,
1993, p. 17-24.
Explicação
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução por explicação ocorre quando há a necessidade de
eliminar os estrangeirismos para facilitar a compreensão.
Decalque
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza
a tradução por decalque consiste em traduzir, literalmente,
sintagmas ou tipos frasais da língua de partida para a língua de
chegada.
Vejamos, no Quadro 41, alguns exemplos:
Adaptação
O procedimento técnico pelo qual o tradutor realiza a
tradução por adaptação representa o limite mais extremo
da liberdade de tradução: aplica-se em casos nos quais toda
a situação a que se refere o texto de partida não poderia ser
entendida pelos falantes da língua de chegada por falta de
conhecimento compartilhado. Nesse caso, o tradutor recria a
situação lançando mão de uma situação similar ou equivalente.
As piadas que são contadas em certos programas e seriados
de televisão (os chamados sitcoms), por exemplo, muitas vezes
são alvos de adaptação.
Se um jogador de beisebol for citado, por exemplo, o
tradutor pode trocar seu nome pelo de um jogador de futebol
tão conhecido na cultura de chegada quanto o outro esportista
na cultura de partida.
Há anos, foi exibida no Brasil uma série em que o
personagem principal era natural do Texas. Como a imagem
clássica que o povo estadunidense tem de um texano se
refere ao ambiente rural, à personalidade alegre e ao sotaque
carregado, na tradução brasileira da série, optou-se por adaptar
o personagem, que passou a ser originário de Minas Gerais.
Evidentemente, essa escolha deve ter levado à necessidade
de diversas outras adaptações no desenrolar da história. Por
3. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Todas as alternativas a seguir apresentam procedimentos técnicos da
tradução citados nesta unidade, EXCETO?
a) Palavra por palavra, tradução por modulação.
b) Tradução por transposição, tradução por omissão.
c) Tradução etnocêntrica, tradução domesticadora.
d) Tradução literal, tradução por equivalência.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) c.
2) b.
3) d.
4. CONSIDERAÇÕES
Você deve ter notado que conhecer os procedimentos
técnicos de tradução ajuda o tradutor a entender melhor os
processos cognitivos que ocorrem quando um profissional precisa
5. E-REFERÊNCIA
COMPARA. Corpus paralelo bidirecional de português e inglês. Disponível em: <http://
www.linguateca.pt/COMPARA/compara_pt.html>. Acesso em: 2 mar. 2010.
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BARBOSA, H. G. Procedimentos técnicos da tradução: uma nova proposta. 2. ed.
Campinas: Pontes, 2004.
Objetivos
• Identificar os diversos profissionais, teóricos e
tradutores que tiveram influência sobre a evolução da
Tradução como disciplina.
• Distinguir os autores mais influentes da tradução.
• Interpretar as principais publicações dos autores mais
influentes da tradução.
• Interpretar, criticamente, a importância de estudar a
trajetória acadêmica de determinados autores para
entender os caminhos futuros que poderão ser trilhados.
Conteúdos
• Pesquisadores e autores relevantes.
• Tradutores que também se dedicaram às teorias de
tradução.
177
UNIDADE 7 – Tradutores que Fizeram a História
1. INTRODUÇÃO
Nesta unidade, conheceremos uma pequena relação de
autores, alguns citados no decorrer desta obra e outros sobre os
quais ainda nem sequer falamos.
Evidentemente, com uma proposta tão arrojada, não há
a possibilidade de esgotarmos o assunto e, muito menos, de
falarmos tudo sobre determinados autores; nem abordarmos
em profundidade todos os nomes dignos de citação.
Desse modo, deixaremos, aqui, uma série de sementes
prontas para germinar no momento em que você, aluno-
pesquisador, resolver adquirir mais conhecimentos sobre eles.
Assim, um título mais adequado para esta unidade seria:
"Alguns tradutores que fizeram história".
Bom estudo!
2. TEÓRICOS DA TRADUÇÃO
Vejamos, a seguir, alguns autores importantes das teorias
de tradução.
Rosemary Arrojo
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Embora diversos autores tenham feito compilações sobre os procedimentos
técnicos de tradução, a obra Procedimentos técnicos da tradução, de Heloísa
Gonçalves Barbosa, além de possuir uma leitura fácil e um preço acessível,
faz uma revisão bastante abrangente de diferentes classificações dos
procedimentos técnicos (omissão, equivalência, modulação, entre outros)
propondo suas atualizações e a inclusão de algumas classes, como, por
exemplo, a paráfrase e o rótulo tradutório.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Susan Bassnett
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Embora a Prof. Bassnett ocupe atualmente um cargo administrativo de grande
destaque (Pro-Vice-Chancellor da University of Warwick), ela continua atuante
como pesquisadora e autora de diversos trabalhos científicos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Antoine Berman
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A professora Lenita trabalha, atualmente, com Tradução e Ética, assuntos
cada vez mais atuais em um mundo no qual a internet diminui distâncias e
estreita laços.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Mauri Furlan
.
Figura 6 Mauri Furlan.
John Milton
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Note que La machine à traduire foi publicado em 1964, sendo, portanto, um
dos primeiros trabalhos a abordar o tema da tradução automática.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Embora o professor Pinho tenha escrito O escritor invisível com base nas
pesquisas feitas em solo lusitano, é interessante notar que grande parte do
que ele detectou se aplica à realidade da tradução no Brasil.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Lawrence Venuti
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Estabeleça a correlação entre os tradutores e suas respectivas publicações:
( ) John Milton a. Reflections on Translation.
( ) Rosemary Arrojo b. Adapting to the Times: adaptation
as a form of translation in different
periods in Brazil.
( ) Lawrence Venuti c. Oficina de tradução.
( ) Susan Bassnett d. Translation Changes Everything.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) b – c – d – a
2) c – d – b – a
3) b – c – a – d
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da Unidade 7. Temos a certeza de
que você pensará em como a vida e a obra de todos esses
autores, nacionais e estrangeiros, alguns antigos e outros
contemporâneos, podem influenciar sua carreira.
Note que os caminhos são variados e as escolhas também,
mas todos têm em comum a vontade de conhecer cada vez mais,
de estudar e de aprimorar-se em seu campo de trabalho.
Para isso, a leitura é uma excelente fonte de informações.
Os vídeos e arquivos de imagem também trazem conceitos
interessantes.
6. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 1 Rosemary Arrojo. Disponível em: <http://isg.urv.es/publicity/doctorate/
photos/RosemaryArrojo.jpg>. Acesso em: 29 maio 2015.
Figura 2 Heloísa Gonçalves Barbosa. Disponível em: <http://www.letras.ufrj.br/get/
images/foto_heloisa_barbosa.jpg>. Acesso em: 29 maio 2015.
Figura 4 Antoine Berman. Disponível em: < http://dedaluseditores.com.ar/wp-
content/uploads/2014/09/berman.jpg>. Acesso em: 7 ago. 2015.
Figura 5 Lenita Esteves. Disponível em: <http://www.lenitaesteves.pro.br/>. Acesso
em: 2 mar. 2010.
Figura 6 Mauri Furlan. Disponível em:< http://i1.rgstatic.net/i/
profile/9c960522a0ac1d14ed_l_ce5b5.jpg>.
Figura 7 Valentín García Yebra. Disponível em: <http://www.culturaclasica.com/files/
valentin_garcia_yebra.jpg>. Acesso em: 29 maio 2015.
Figura 8 John Milton. Disponível em:< http://dlm.fflch.usp.br/sites/dlm.fflch.usp.br/
files/imagepicker/7/thumbs/john_milton.jpg>. Acesso em: 7 ago. 2015.
Figura 9 Jorge Manuel Costa Almeida Pinho. Disponível em:<http://www.ovarnews.
pt/jorge-almeida-e-pinho-apresenta-o-livro-a-traducao-para-edicao/>. Acesso em: 7
ago. 2015.
Figura 10 Lawrence Venuti. Disponível em: <http://www.temple.edu/temple_times/
march07/images/venuti3.jpg>. Acesso em: 2 mar. 2010.
Sites pesquisados
ARROJO, R. Currículo na Plataforma Lattes. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.
br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4783925E8 >. Acesso em: 24 jul. 2015.