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EXCELENTÍSSIMO(a) SENHOR(a) DOUTOR (a) JUIZ(a) DA VARA ÚNICA

DO TRABALHO DE TAQUARATINGA, ESTADO DE SÃO PAULO.

ANA STELA DE SOUZA ALVES, brasileira, casada,


balconista, filha da Sra. Valdivina Mendes de Souza, nascida no dia
04/08/1988, portadora do RG nº. 44.579.827-0 e inscrito no CPF/MF sob o nº.
351.145.168-09, domiciliada na Rua Ailton Paulo de Araújo, nº 176, bairro
Francisco Romano, na cidade de Taquaritinga, Estado do São Paulo, CEP
15900-000, por seus advogados que esta subscreve (mandato incluso), vem à
presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 840 da CLT e 282 do
CPC, propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

pelo rito ordinário, em face da THIAGO YOSHIO MATSUDA - ME, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 10.684.312/0001-15,
situada na Rua Prudente de Moraes, n º 509, bairro Centro, na cidade de
Taquaritinga, no Estado de São Paulo, CEP: 15900-000, pelos seguintes
fundamentos de fato e de direito:
1. DO CONTRATO DE TRABALHO

A Reclamante iniciou suas atividades na Reclamada, na


data de 18 de Setembro de 2013 sendo demitida sem justa causa no dia 16 de
Março de 2016.

A Reclamante para poder chegar ao seu trabalho ela


tem que deixar a sua residência às 8h15min, chegando às 8h30min no seu
local de trabalho. O seu horário de saída era às 18h. Logo, chegava na sua
residência às 18h15min.

Ademais, a Reclamante fazia horários especiais por


conta das festividades de final de ano (natal e ano novo), dentre outras datas
comemorativas.

Pode ser observado na CTPS da Reclamante, que ela


foi registrada com a função de balconista. E de acordo com tal documento a
Reclamante auferiria de um salário de R$ 920,00 por mês.

A Reclamante acabou sofrendo um acidente no percurso


do seu local de trabalho, o qual lhe ocasionou vários constrangimentos.

Ainda, a Reclamante tinha que arcar com os riscos do


empreendimento.

Com isso, restam demonstradas as diversas


irregularidades que permeiam o contrato de trabalho da Reclamante.

2. DAS HORAS EXRAS E REFLEXOS


2.1 DAS HORAS EXTRAS TRABALHADAS EM DIAS NORMAIS
Conforme demonstrado anteriormente, a Reclamante
laborava de segunda-feira a sexta-feira, das 08h30min às 18h00min, com a
seguinte carga horária:

44 horas semanais, conforme previsto no contrato,


somando-se ainda, em caráter não excepcional, as horas extras, feitas
diariamente.

Destarte, observa-se que habitualmente o Reclamante


excedia a jornada legal e não recebia corretamente pelas horas extras, e
sim de forma parcial, pelo que pleiteia o pagamento das horas extras
realizadas durante todo o pacto que faz jus, pautando-se pelos seguintes
parâmetros:

- a jornada legal de 44ª semanais, sendo horas extras as


excedentes da 8ª hora diária de segunda à sexta-feira e aquelas que excedam
a 4ª hora trabalhada no sábado (divisor 220), por toda a extensão do contrato.

- computando, em qualquer dos sistemas adotado, os


minutos que antecedem e sucedem à jornada de trabalho, nos termos do artigo
58, § 1º da CLT e Súmula 366 do Colendo TST;

A horas extras desempenhadas pela Reclamante serão


demonstradas em itens próprios.

2.1.1 DAS HORAS EXTRAS TRABALHADAS AOS SÁBADOS


NORMAIS

Quanto aos sábados faz-se necessário a divisão do tipo


de sábado trabalhado, pois há modificações nos horários.

Desse modo, tem-se que no segundo sábado do mês, a


Reclamante trabalhava da 8:30h às 15:00h, fazendo uma hora e meia de
almoço, perfazendo um total de 1 hora a mais nesses sábados.
Enquanto que, nos demais sábados do mês ela laborava
pelo período das 8:30h às 12:30h.

Portanto, a Reclamante perfazia um total de 1 hora


extras, ao mês, por trabalhar além do previsto em lei nos segundos sábados
dos meses.

2.1.2 DAS HORAS EXTRAS TRABALHADAS NO FINAL DE


ANO

No trabalho realizado no comércio é corriqueiro que o


trabalho se estenda em razão das datas festivas que temos em nosso
calendário no mês de dezembro.

Portanto, não acontecia de maneira diferente com a


Reclamante, que tinha seus horários modificados por cerca de 1 (um) mês
durante os dias de final de ano.

A Reclamante durante o período acima laborava com a


seguinte carga horária:

- durante a semana, trabalhava das 8h30min às 22h,


fazendo nesse intervalo 1h30min de almoço e 1h30min de janta;

- durante os finais de semana, o labor se dava das


8h30min às 17h, realizando, 1h30min de almoço.

Portanto, nessa determinada época a Reclamante fazia


um total de 2h30min extras por dia de labor realizado durante a semana
(segunda a sexta-feira); e, 3h extras durantes os sábados que laborou durante
essa época festiva.

2.1.3 DAS DATAS COMEMORATIVAS DURANTE O ANO


Por se tratar de um serviço desempenhado no comércio
além do período designado acima, a Reclamante tinha que executar horários
diferenciados em dias especiais, como ocorre nos dias das mães, pais e
namorados.

Os horários nessas datas funcionavam da seguinte


maneira:
- dia das mães e dos pais: por se tratar de datas
comemorativas vinculadas ao segundo domingo do mês de maio e agosto,
respectivamente, a Reclamante tinha que exercer a sua função de
balconista/vendedora durante o período das 8h30min às 17h no sábado
antecedente à data comemorativa; e, das 8h30min às 22h na sexta que
antecedia as referidas datas;

- dia dos namorados: como pode ser vislumbrado, nos


anos de 2014 e 2015, tal data caiu durante a semana, o que não inibe a
modificação dos horários. Logo, a Reclamante laborava pelo período das
8h30min até às 22h no dia anterior ao dia dos namorados.

Portanto, nota-se que a Reclamante além das horas


extraordinárias supramencionadas, tem o direito de receber o montante de 27
horas extras trabalhadas nesses dias durante os anos de 2014 e 2015,
conforme tabelas abaixo:

Dia das mães = sempre no segundo domingo do mês de maio. Não trabalhava no dia
comemorativo, laborava só até sábado antecedente, mas com horários especiais.

Sempre realizava 1h30min de almoço e 1h30min de janta, quando ficava até às 22h. Mas
quando, aos sábados, trabalhando até às 17h, realizava 1h30min de almoço.

Anos Data – dia semana Horário Horas extras

2014 09/05 - sexta 08:30 – 22:00 2h30min


2015 08/05 - sexta 08:30 – 22:00 2h30min
TOTAL: 5 horas
Anos Data – dia semana Horário Horas extras
2014 10/05 - sábado 08:30 – 17:00 3h
2015 09/05 - sábado 08:30 – 17:00 3h
TOTAL: 6 horas

Dia dos pais = Sempre no segundo domingo do mês de agosto. . Não trabalhava no dia
comemorativo, laborava só até sábado antecedente, mas com horários especiais.

Sempre realizava 1h30min de almoço e 1h30min de janta, quando ficava até às 22h. Mas
quando, trabalhava até às 17h, realizava 1h30min de almoço.

Anos Data – dia semana Horário Horas extras

2014 08/08 - sexta 08:30 – 22:00 2h30min


2015 07/08 - sexta 08:30 – 22:00 2h30min
TOTAL: 5 horas

Anos Data – dia semana Horário Horas extras


2014 09/08 - sábado 08:30 – 17:00 3h
2015 08/08 – sábado 08:30 – 17:00 3h
TOTAL: 6 horas

Dia dos namorados = 12/06

Nos anos de 2014 e 2015, o dia dos namorados caiu somente durante a semana, sendo
respectivamente, na quinta e sexta – feira. Logo, realizava horário especial tão somente no dia
anterior ao dia comemorativo.
Realizava 1h30min de almoço e 1h30min de janta durante a semana.

Anos Data – dia semana Horário Horas extras

2014 11/06 - quarta 08:30 – 22:00 2h30min


2015 11/06 - quinta 08:30 – 22:00 2h30min
TOTAL: 5 horas

Todas as datas comemorativas Total de horas extras em todas as Total de horas extras:
dos anos de: datas comemorativas:
2014 13 horas e 30 minutos -
2015 13 horas e 30 minutos -
TOTAL: 27 horas extras

2.1.4 DO INTERVALO PREVISTO NO ART. 384 DA CLT


Como o art. 384 da CLT está previsto no âmbito da
proteção ao direito das mulheres, este direito de exercer o intervalo de 15
minutos antes da jornada extraordinária é aplicável, tão somente, às
trabalhadoras do sexo feminino.

O STF no Recurso Extraordinário nº 658.312/SC, com


repercussão geral reconhecida, decidiu que a Constituição Federal de 1988
recepcionou o referido dispositivo, logo, eficaz se faz a aplicação do intervalo
de 15 minutos previsto no artigo 384 da CLT.

Portanto, por analogia ao art. 71, §4º, da CLT, o


descumprimento do previsto no dispositivo mencionado alhures gera ao
pagamento de hora extra, ou seja, gera o pagamento do período
correspondente mais um acréscimo de 50% do valor da hora normal da
trabalhadora.

Corroborando com tal entendimento trago à baila, o


julgado proferido pelo Tribunal Superior do Trabalho:

RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. MULHER.


INTERVALO DE 15 MINUTOS PREVISTO NO ART. 384 DA
CLT. A Corte de origem registrou que "a pretensão da autora
encontra óbice no inciso I do art. 5º da Constituição Federal,
que prevê a igualdade entre homens e mulheres, em direitos
e obrigações", concluindo, posteriormente, que o intervalo
do artigo 384 não alberga "qualquer razoabilidade para
que se faça diferenciação entre homens e mulheres". 2.
Ao julgamento do Recurso Extraordinário (RE)
658312/SC, em 27.11.2014, a matéria, que teve
repercussão geral reconhecida, foi dirimida pelo Supremo
Tribunal Federal, que confirmou o entendimento, há
muito pacificado nesta Corte, de que o art. 384 da CLT foi
recepcionado pela Constituição da República de 1988. 3.
A não observância do intervalo previsto no aludido
preceito consolidado enseja, por aplicação analógica, os
mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT em
relação ao descumprimento do intervalo intrajornada.
Revista de revista conhecido e provido. (TST - RR:
1590009520095010057, Relator: Hugo Carlos Scheuermann,
Data de Julgamento: 08/04/2015, 1ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 17/04/2015). Grifo meu.

Desse modo, tendo em vista a habitualidade da


Reclamante em fazer jornada extraordinária, conforme demonstrado acima, faz
juz a Reclamante ao intervalo de 15 minutos previsto no art. 384 da CLT. E,
diante do seu não cumprimento, a Reclamante tem direito ao pagamento desse
intervalo como hora extraordinária.

2.2 DO TOTAL DAS HORAS EXTRAS HABITUAIS

Desta feita, requer-se o pagamento correto de todas as


horas extras trabalhadas, isto é:

- 1 hora extra diária que excedia sua carga horária


habitual no segundo sábado do mês;

- 2h30min extras por dia, por laborar de segunda a


sexta-feira, durante o mês de dezembro, por conta das festividades de final de
ano;

- 3h extras que realizava em todos os sábados


laborados durante o mês de dezembro, em razão das festividades de final de
ano;

- total de 27 horas extras desempenhadas nos dias


trabalhados em prol de datas comemorativos, como dia das mãe, pais e
namorados, durante os anos de 2014 e 2015;

- 15 minutos de intervalo não realizado, em razão do


previsto no art. 384 da CLT.
Sendo que, em todas essas horas extras realizadas
devem ser aplicado à incidência dos adicionais convencionais ou na ausência
destes o adicional legal e integração no salário da Autora, para efeitos de gerar
reflexos no cálculo de DSR, férias + 1/3, FGTS + multa de 40% e do aviso
prévio.

3. DO ACIDENTE DE TRABALHO

Como pode ser verificado no caso em análise, a


Reclamante sofreu um acidente de trabalho (de moto), no dia 20/02/2016,
quando estava voltando do seu horário de almoço.

Mesmo diante de tal acidente a Reclamada não realizou a


abertura do procedimento CAT.

Logo após o acidente a Reclamante acabou sofrendo um


aborto espontâneo do filho que esperava.

Assim, é claro o dolo do empregador em não abrir o


procedimento do CAT para que assim, pudesse impedir o direito a estabilidade
acidentária que a Reclamante tem direito.

Portanto, é claro que o acidente e o dolo do empregador


em não abrir o procedimento CAT veio acarretar a perda do bebê da
Reclamante, uma vez que a falta desse procedimento fez com que não fosse
realizado, de maneira correta e mais detalhada, uma análise médica da
situação na qual a Reclamante se encontrava, analisando o acidente e suas
consequências sobre o feto, não percebendo do afastamento, do repouso
necessário; ocasionando assim, a morte do seu filho.

3.1 Da lesão
A Reclamante no dia 20/02/2016 quando voltava do seu
horário de almoço sofreu um acidente automobilístico, o qual lhe ocasionou
alguns ferimentos.

Nota-se que como a Reclamante estava voltando do seu


almoço, o referido acidente pode ser enquadrado como um acidente de
trabalho de percurso, vez que ocorreu no trajeto da casa da Reclamante ao seu
local de trabalho.

De acordo com relatório médico expedido pela UPA da


cidade de Taquaritinga, a Reclamante sofreu escoriações no joelho direito,
tendo limitações de movimento.

Tal inoportuno fez com que a parte Autora ficasse afastada


do seu labor por cerca de 10 dias, retornando ao trabalho, então, no dia 01/03.

Entretanto, como pode ser vislumbrado nos documentos


anexados, a Reclamante não poderia ter retornado ao seu trabalho, uma vez
que ainda não se encontrava em plenas condições para o retorno.

Sendo possível tal verificação, uma vez que a Reclamante


no dia 01/03/2016, dia em que retornou ao trabalho, retornou ao UPA no
período da noite, com cólicas e sangramentos, ocasionando a morte do seu
bebê.

Logo, restou demonstrada que a Reclamante sofreu lesões


seríssimas, as quais a tornaram incapacitada de retornar ao trabalho por mais
do que fora especificado no seu atestado médico.

Tanto era verdadeira a incapacidade da Reclamante em


não poder retornar ao seu trabalho, e que seu organismo ainda não havia se
curado, que a Reclamante no dia em que retornou ao serviço teve
sangramentos, sofrendo o aborto no dia 02/03/2016.
3.2 Do dano e do nexo causal

A doutrina civil aplicável ao Direito do Trabalho entende


que para surgir o dever de indenizar deve haver demonstração clara e
inequívoca da ocorrência do dano e do nexo causal entre a conduta do ofensor
e o dano experimentado pela vítima.

Resta verificado o nexo causal, uma vez que o acidente


que a Reclamante sofreu foi no percurso da sua residência ao seu local de
trabalho, durante o expediente. Logo, caracteriza-se acidente de trabalho,
como pode ser vislumbrado no julgado proferido pelo Tribunal Superior do
Trabalho:

RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRAJETO.


ESTABILIDADE PROVISÓRIA. Nos termos do artigo 118 da
Lei nº 8.213/91, o segurado que sofreu acidente do trabalho
tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a
manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
cessação do auxílio doença acidentário, independentemente
de percepção de auxílio acidente. Por sua vez, o artigo 21,
IV, d, do mesmo diploma legal, equipara ao acidente do
trabalho, o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do
local e horário de trabalho, no percurso da residência para o
local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o
meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado. No caso dos autos, restou incontroverso o
acidente de percurso sofrido pelo autor, que o incapacitou
para o trabalho por período superior a 15 dias, tendo
inclusive sido deferido o auxílio doença comum. A ausência
de percepção do auxílio doença acidentário não obsta o
reconhecimento da estabilidade prevista no artigo 118 da
Lei nº 8.213/91, ainda mais quando não emitida a CAT pelo
empregador. Precedentes. Recurso de revista não conhecido .
(TST - RR: 9938420105040251, Relator: Emmanoel Pereira,
Data de Julgamento: 11/02/2015, 5ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 20/02/2015). Grifo meu.
Desse modo, há nexo causal entre o acidente (dano sofrido
pela Reclamante) e o seu trabalho.

Ademais, mesmo que o afastamento da Reclamante foi


inferior ao previsto em lei (15 dias), ficou demonstrado que a mesma não tinha
condições de ter retornado, necessitando de um tempo maior de afastamento,
o que não lhe fora concedido por conta da ausência da abertura do
procedimento CAT, o que inibiu a verificação da dimensão do acidente e dos
danos que lhe foram ocasionados.

Ainda, resta evidente o dano sofrido pela parte Autora, haja


vista que, além dos danos físicos, o acidente ocasionou a Reclamante um dos
maiores sofrimentos que uma mulher pode passar, ela acabou perdendo o seu
tão esperado bebê.

Portanto, é evidente que há nexo causal entre o acidente e


o imensurável dano sofrido pela Reclamante.

3.3 Do dever de indenizar

O Código Civil garante ao ofendido o direito de reparação


pelo dano material ou moral sofrido, in verbis:

Art. 186. Aquele que por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
(grifo nosso)

A garantia de reparação encontra guarida constitucional,


como expressam os incisos V e X do art. 5º, transcreve-se:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;

No caso específico de acidentes de trabalho, o art. 7º,


XXVIII da CF traz a seguinte previsão:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do


empregador, sem excluir a indenização a que este está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; (grifo nosso).

O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região decidiu


assim em caso análogo.

INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE DE TRABALHO E DANO


MORAL. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA. NEXO
CAUSAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. A existência do nexo
causal entre a doença adquirida pela reclamante e a função
exercida na reclamada, lhe dá o direito ao recebimento de
indenização por acidente de trabalho. Dentro do novo panorama
da responsabilidade civil, é possível compreender que o artigo
7º, XXVIII, da Constituição Federal traz um direito mínimo do
trabalhador à indenização por acidente de trabalho, mas
somente no caso de dolo ou culpa. Como visto, no caso, restou
comprovada a culpa da reclamada, pois a atividade que era
desenvolvida pela autora ocasionou o dano à sua saúde.
Quantum deferido na sentença com relação ao valor da
indenização por dano moral deve ser mantido, pois guarda
proporção com o dano causado, com o nível sócio econômico da
reclamante e com o poder econômico da reclamada, cumprindo,
assim, função de também punir o empregador pela ofensa ao
direito personalíssimo da vítima. Sentença que se mantém por
seus próprios e jurídicos fundamentos. (TRT-1 - RO:
00011441820135010481 RJ, Relator: Jorge Orlando Sereno
Ramos, Data de Julgamento: 23/09/2014, Primeira Turma, Data
de Publicação: 30/09/2014).

Considerando a previsão dos arts. 186 e 927 do CC requer


que seja a Reclamado obrigado a reparar o dano, bem como ao pagamento da
indenização compensatória.

Evidente que o descaso da Reclamada para com a


situação da obreira, principalmente em não abrir o CAT, contribuiu de forma
acintosa para a concretização e consolidação do seu dano, perda do bebê.

Agiu com dolo o Empregador ao não abrir o procedimento


do CAT, para assim, evitar uma futura estabilidade da Reclamante. Logo,
claramente tem-se caracterizado o nexo entre a negligência do Reclamado e o
dano sofrido pela parte.

Conclui-se, portanto, que a Reclamante tem direito a


indenização compensatória por ter sido dispensada enquanto auferia da
garantia de emprego por acidente do trabalho previsto na lei trabalhista.
3.4 Do dano moral pela não abertura do CAT

A legislação aduz que a não emissão do CAT


(comunicação de acidente de trabalho) gera para o empregado dano moral,
pois tem grande prejuízo devido a tal ato.

No caso em tela, como já mencionado, pela ausência da


abertura do CAT, a Reclamante não teve uma análise médica mais detalhada
do acidente, vez que nem chegou passar por perito especializado do INSS; o
que acarretou a perda do seu filho.

O ordenamento jurídico brasileiro é claro sobre o dever e


responsabilidade do empregador em tais casos, conforme artigo 22 da
Lei 8.213/91:

Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à


Previdência Social até o1º (primeiro) dia útil seguinte ao da
ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade
competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o
limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente
aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela
Previdência Social.

Ademais, o artigo 169 da CLT aduz:

Art. 169. Será obrigatória a notificação das doenças


profissionais e das produzidas em virtude de condições
especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de
conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do
Trabalho.

Logo se verifica que a responsabilidade da emissão da


CAT é do empregador e tem prazo definido. A fim de sanar quaisquer dúvidas
segue artigo da Lei 8.213/91 que esclarece qual seria o dia do acidente:
Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doença
profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade
laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da
segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o
diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.

Como relatado, não houve emissão de CAT, assim, a


empresa é responsável pela falta de cumprimento da legislação.

Nesse sentido segue julgado:

ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. LEI Nº 8.213/91. NÃO-


EMISSÃO DA CAT PELA EMPRESA. É certo que a
jurisprudência desta Corte, consubstanciada na Orientação
Jurisprudencial nº 230 da SBDI-1, é de que o afastamento do
trabalho por prazo superior a 15 dias e a conseqüente percepção
do auxílio-doença-acidentário constituem pressupostos para o
direito à estabilidade prevista no art. 118 da Lei nº 8213/1991,
assegurada por período de 12 meses, após a cessação do
auxílio-doença. Ocorre que o afastamento da incidência do
precedente em apreço deve-se ao fato de o Regional ter
consignado que a empresa, não obstante tivesse plena
ciência do acidente de trabalho, obstou ao empregado o
direito de adquirir o afastamento formal pelo INSS com a
percepção do auxílio-doença acidentário, requisito previsto
no art. 118 da Lei nº 8.214/91, e com o conseqüente reflexo
na aquisição da estabilidade provisória, quando furtou-se à
entregar a CAT na época própria, apesar das várias licenças
médicas oriundas do acidente, encontrando-se subjacente à
decisão recorrida a aplicação do art. 9º da CLT. Não
compartilho, ainda, com a tese de que a não-comunicação pelo
empregado à entidade sindical do acidente ocorrido implicaria o
afastamento do direito à indenização relativa ao período
estabilitário, uma vez que a ilação que se extrai do art. 22, § 2º,
da Lei nº8.213/91 é de que a obrigação de comunicar o acidente
é da empresa, tendo o legislador atribuído ao trabalhador
apenas a faculdade de fazê-lo. Recurso conhecido e desprovido.
(RR-787.253/2001, Rel. Min. Barros Levenhagen, DJ 16/4/2004).

Total afronta ao ordenamento trabalhista decorre das


ações do Reclamado, pois a não emissão do CAT gerou danos a obreira, pois
não foi possível o recebimento do benefício do auxílio-doença e,
consequentemente, da estabilidade provisória.

ACIDENTE DE PERCURSO. NÃO EMISSÃO DA CAT. DANO


MORAL. CONFIGURAÇÃO. A emissão da CAT é obrigação do
empregador em caso de acidente de trabalho e o não
cumprimento dessa obrigação não pode ocasionar danos ao
trabalhador. Uma vez noticiada quanto à ocorrência de acidente
de percurso, equiparado a acidente de trabalho para fins
previdenciários, cumpria à ré providenciar a emissão da CAT. A
ausência da oportuna emissão daquele documento, por
certo, trouxe danos ao autor, que, em razão do acidente de
trabalho permaneceu afastado do serviço, sem certeza
quanto ao recebimento da remuneração que lhe provia o
sustento, e sem a emissão do documento que lhe
asseguraria o acesso rápido ao benefício previdenciário
substitutivo daquela remuneração, tendo ainda, de atuar junto
à autarquia previdenciária por conta própria, às voltas com os
trâmites e procedimentos que lhe são desconhecidos.
Demonstrada a omissão da ré quanto à emissão da CAT e
despontando como lógico o nexo de causalidade com os danos
daí advindos ao trabalhador, é patente o dever de indenizar.
(TRT-3 - RO: 00601201202503004 0000601-05.2012.5.03.0025,
Relator: Marcelo Lamego Pertence, Setima Turma, Data de
Publicação: 05/07/2013 04/07/2013. DEJT. Página 120. Boletim:
Sim.)

Ainda, salienta-se que mesmo que não haja o afastamento


do trabalhador das atividades a empresa ainda é obrigada a emitir o CAT.
Enfim, a empresa mesmo com o conhecimento do acidente
sofrido pela sua funcionária, não se preocupou, bem como não emitiu a CAT,
gerando a ela um dano moral, psicológico imensurável.

Assim, requer a concessão de indenização por tais danos a


empregada pela não emissão de CAT pelo Reclamado.

3.5 Da nulidade da dispensa

Logo, diante do fato da Reclamante estar protegida pela


estabilidade acidentária prevista no art. 118 da Lei 8.213/91, a sua dispensa é
nula, pois a Reclamante tem direito a manutenção de seu contrato de trabalho
pelo período de 12 meses após a cessação do benefício acidentário,
independentemente da concessão deste.

Portanto, deve ser declarada nula a dispensa da


Reclamante, e em razão da sua impossibilidade de retorno ao trabalho, como
vai ser demonstrado em item próprio, faz jus a Reclamante a uma indenização
compensatória no valor correspondente a todas as verbas trabalhistas que
auferiria durante o período da sua demissão até a data da sentença da
presente ação que reconhecer o acidente de trabalho e a devida estabilidade,
mais o valor correspondente às verbas devidas nos 12 (doze) meses de
estabilidade, período este, previsto em lei.

3.6 Das indenizações derivadas do Acidente de Trabalho sofrido


pela Reclamante

Portanto, faz jus a Reclamante em caso de não


reintegração a indenização compensatória no valor correspondente aos doze
meses de salário correspondente a sua estabilidade, a partir da data da sua
possível reintegração; bem como, a uma indenização por dano moral pela
ausência de abertura do CAT e perda do seu bebê, no montante de R$
20.000,00 (vinte mil reais).
4. DA ESTABILIDADE A GESTANTE.

A legislação trabalhista na busca de proteger a parte


hipossuficiente da relação de emprego prevê normas protecionistas ao
trabalhador.

E, consolidando esse seu caráter protecionista e o escopo


de proteger o mais frágil, foram dispostos diversos artigos de lei que visam uma
proteção maior a mulher trabalhadora.

A referida proteção abrange não somente a legislação


trabalhista, mas também, foi estabelecida em outros dispositivos legais.

Nesse caminho, restou estabelecido no art. 10, II, "b" do


Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal/88
que:

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se


refere o art. 7º, I, da Constituição:

II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa

b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez


até cinco meses após o parto.

No caso em apreço, verifica-se que a Reclamante quando


sofreu o acidente de trabalho já estava gravida de 7 (sete) semanas, todavia,
veio a ter conhecimento de tal situação no dia 26/02/2016, pouco tempo depois
do seu acidente, ou seja, ainda estava no curso do seu período de
afastamento.

Ao retornar ao trabalho, no dia 01/03, a Reclamante


informou a Reclamada que estava esperando um filho, e mesmo diante da
ciência do estado gravídico da Reclamante e da sua fragilidade por conta do
acidente, a Reclamada não tomou nenhuma atitude, mantendo a não abertura
do CAT, bem como, fez com que a Reclamante desempenhasse as mesmas
atividades que desempenhava normalmente, como carregar caixas, ficar o
tempo todo em pé.

Neste mesmo dia, durante a noite a Reclamante passou


mal, tendo que retornar ao UPA da cidade, pois estava tendo cólicas muito
fortes e sangramento.

Mesmo diante da possibilidade de perda do seu bebê não


foi concedida a Reclamante novo atestado médico; e por conta disso, e do
medo de perder seu emprego, retornou ao labor mesmo estando ainda
incapacitada.

No dia 02/03/2016, mesmo após ter tido as cólicas e


sangramentos, por não ter um tempo maior de afastamento, a Reclamante,
ainda mal, retornou ao seu trabalho.

Quando foi, neste mesmo dia, após um dia de serviço a


Reclamante constatou que havia perdido o seu bebê.

Mesmo diante da situação de penúria da Reclamante, a


Reclamada a dispensou sob a argumentação de que, por conta da crise
financeira que açoita o país, ele precisaria fazer corte no quadro de
funcionários.

Contudo, como previsto no artigo supramencionado, o


Reclamado não levou em consideração que a Reclamante encontrava-se
protegida pela estabilidade a gestante, uma vez que esta visa a proteger não
só a saúde do nascituro, como também, a saúde física e mental da mãe, haja
vista que um aborto ocasiona transtornos indescritíveis a uma mãe.

Logo, faz jus a demandante a estabilidade a gestante


prevista no art. 10 da ADCT.
Mas, por conta da impossibilidade de ser reintegrada no
seu trabalho, em razão dos constrangimentos que passou, tem direito a
Reclamante em receber uma indenização compensatória no valor
correspondente a todas as verbas trabalhistas que teria direito da data da sua
demissão até sentença que deferir a referida estabilidade, mais o valor
correspondente a todas as verbas que auferiria nos 5 (cinco) meses de
estabilidade; tempo este, de estabilidade provisória dada a gestante na
legislação vigente.

Entretanto, caso Vossa Excelência, não corrobore com o


entendimento de que a estabilidade descrita acima visa garantir tanto a mãe
quanto ao filho nascido ou não, faz jus a Reclamante ser enquadrada na
estabilidade provisória prevista no artigo 395 da CLT, ou seja, sendo estável
até duas semanas após o aborto não criminoso.

Portanto, diante da impossibilidade da reintegração, faz jus


a Reclamante em receber uma indenização compensatória no valor
correspondente a todas as verbas trabalhistas que teria direito da data da sua
demissão até sentença que deferir a referida estabilidade, mais o valor
correspondente às verbas que auferiria nas duas semanas que são prevista em
lei, como tempo de estabilidade provisória dada à mulher que sofreu aborto não
criminoso.

5. DA DISPENSA DISCRIMINATÓRIA.

A discriminação está presente em todo o lugar, e ela pode


se manifestar de várias formas: seja de forma evidente por meio das violências
que se constata diariamente; bem como, pode ser de forma indireta, camuflada
de um meio legal, mas que, em seu cerne o motivo é inteiramente outro.

Como a discriminação na seara trabalhista pode estar


presente em todas as fases do contrato, o legislador em várias normas
jurídicas preceituou sobre a dispensa discriminatória e suas consequências
para quem a realizasse, tendo como exemplo a Lei 9029/95.
Entretanto, tal legislação não se mostrou suficiente para
inibir tal prática, o que fez com o que, o TST, com o escopo de evitar que a
dispensa imotivada sirva como um meio para a prática de um ato
discriminatório divulgasse uma Súmula coibindo tal prática.

A referida Súmula recebeu o nº de 443, a qual traz em seu


bojo, de modo exemplificativo, uma situação caracterizadora, da demissão
discriminatória:
SÚMULA 443 DO TST - DISPENSA DISCRIMINATÓRIA.
PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA
GRAVE. ESTIGMA OU PRECONCEITO. DIREITO À
REINTEGRAÇÃO- Presume-se discriminatória a despedida de
empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que
suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem
direito à reintegração no emprego.

No caso em tela, podemos verificar que por mais que não


se trate especificamente de doença, a demissão da Reclamante não teve outro
motivo senão o simples fato dela ser mulher, logo, se tratando de uma
dispensa discriminatória.

Tal afirmação é passível de confirmação, uma vez que a


Reclamada realizou a dispensa, tão após, que a Reclamante perdeu o seu
filho.

Desse modo, a Reclamada teve tal atitude visando não ter


que arcar com futuras interrupções no expediente que uma mulher grávida tem
que fazer por conta de exames, dentre outras precauções, haja vista que era
de conhecimento geral que a Reclamante após ter vivenciado o que era ser
mãe, tentaria novamente realizar esse sonho.

Assim, a Reclamada, agindo com frieza, realizou a


dispensa imotivada da Reclamante. E, para justificar tal ato, o empregador
usou como desculpa “que deveria realizar cortes no quadro de funcionário, em
razão da crise que o país estava passando”.

Entretanto, tal justificativa é inverídica, conforme pode ser


verificado na divulgação de contratação feita pelo empregador, via rede social
(Facebook). Reforçando assim, que o verdadeiro motivo da dispensa realizada
em face da Reclamante fora, tão somente, porque ela é mulher; e mais, uma
mulher que procuraria ser mãe em breve.

Diante da referida situação, a Reclamante se sentiu


totalmente desamparada, inferiorizada e humilhada. Sentiu que não passava
de um objeto cujo qual, quando não é mais útil é despejado em uma lixeira.

Tal sentimento de revolta se intensificou quando ficou


sabendo das publicações feitas pelo empregador, para obter novas
contratações no seu quadro de funcionário.

Logo, restou claramente demonstrada que a dispensa


imotivada pelo empregador só foi um meio de camuflar o real motivo, que era a
discriminação da empregada mulher que queria realizar o sonho de ser mãe; o
que, na concepção do empregador poderia lhe ocasionar alguns prejuízos.

Desse modo, como demonstrado alhures, a dispensa é


nula, vez que é pautada por um ato ilícito do empregador.

Ademais, diante de tal nulidade, e da impossibilidade da


reintegração da Reclamante aos quadros de funcionários da empresa, por
conta da humilhação que passou, requer que lhe seja deferido uma
indenização correspondente ao dobro da remuneração do período de
afastamento do seu emprego, devendo ser corrigido monetariamente e
acrescido dos juros legais, conforme aduz o art. 4º, II, da Lei 9.29/95.

6. DO RISCO DO EMPREENDIMENTO.
Conforme estabelece o art. 2º da CLT, “considera-se
empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de
serviço”. Desse modo, é o empregador que deve assumir os riscos do
empreendimento.

Assim, ficam a cargo do empregador, do dono do negócio


os problemas derivados por prejuízos que o negócio acarreta.

No caso em tela, verifica-se que quando a Reclamante


trabalhava para o Reclamado ela era obrigada a comprar os produtos que
viessem a vencer nas gôndolas que fossem de sua responsabilidade, bem
como, era obrigada a arcar se houvesse diferença no preço exposto na
prateleira e o preço registrado no sistema.

Assim, como dito acima, tais acontecimentos ocorriam sem


qualquer culpa da Reclamante, uma vez que ela não tinha o poder de promover
promoções dos produtos que estavam para vencer, bem como, não poderia
oferecer a um cliente a compra de um produto vencido.

Ainda, mesmo com relação à diferença de preço entre a


prateleira e o sistema, a Reclamante também não tem culpa, pois muitas vezes
no decorrer do dia, com a movimentação dos clientes pelas prateleiras quando
iam pegar os produtos, os preços acabavam mudando de lugar; ou ainda, teve
vezes, da Reclamante pegar crianças mudando os preços das prateleiras de
lugar.

Logo, tais inoportunos e prejuízos ao Reclamado não era


realizado de maneira dolosa ou culposa por parte da Reclamante, não
devendo, então, que tais prejuízos fossem descontados do seu salário.

Ademais, a Constituição Federal, no seu art. 7º, VI; e a


CLT, em seu art. 462, são claras em prever como princípio trabalhista a
irredutibilidade salarial, exceto em casos de acordo ou convenção coletiva que
prevejam de maneira diversa.

Por conseguinte, é clara a ilegalidade dos descontos


realizados no salário da Reclamante ao longo do seu contrato de trabalho com
a Reclamado pelos fatos alhures descritos.

Portanto, faz jus a requerente a uma indenização, a título


de danos materiais, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) por conta dos
descontos que foram realizados em seu salário durante o seu contrato de
trabalho com a Reclamada.

7. DA ILEGALIDADE DO DESCONTO DA CONTRIBUIÇÃO


CONFEDERATIVA

A contribuição confederativa tem como fundamento o art.


8º, inciso IV, da Constituição Federal que prevê:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,


observado o seguinte:
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do
sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;

A referida contribuição é descontada pelas empresas dos


seus funcionários com o objetivo de custear o sistema confederativo - do qual
fazem parte os sindicatos, federações e confederações, tanto da categoria
profissional como da econômica.

Todavia, de acordo com a Constituição Federal, em seu


art. 8º, inciso V, ninguém é obrigado a se filiar ou manter-se filiado a qualquer
sindicato.
Posto isto, verifica-se que tal desconto é indevido, uma vez
que esse desconto só deve ser realizado dos trabalhadores que realmente são
filiados, como prevê a Súmula Vinculante nº 40:

Súmula Vinculante nº 40 - A contribuição confederativa de


que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao
sindicato respectivo.

Portanto, não era devido o desconto da referida


contribuição confederativa, devendo a Reclamante ser restituído do valor que
lhe foram descontados indevidamente por conta das contribuições
confederativas.

8. DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT

Não tendo sido pagas as verbas rescisórias


integralmente, na data legalmente prevista no artigo 477 da CLT, deverá a
Reclamada ser condenada no pagamento da multa a que se refere o §8º do
mesmo dispositivo legal, com base na maior remuneração percebida pelo
obreiro.

9. DO FGTS + 40% e DIFERENÇAS

Pelo até aqui exposto, resta claro que a reclamada não


efetuou corretamente os depósitos de FGTS do Reclamante, principalmente
por conta dos reflexos das verbas aqui pleiteadas que foram suprimidas
durante o contrato de trabalho, bem como pela não integralização das horas
extras, adicionais, dentre outros elencados.

Requer seja determinado que a Reclamada apresente


com a defesa os comprovantes de depósitos fundiários, bem como dos recibos
de pagamento de todo o período contratual, sob as penas do artigo 359 do
CPC.

Tendo em vista que a prescrição para verbas do FGTS


é trintenária e, nesse sentido, a Jurisprudência:

FGTS – PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA – É Trintenária a


prescrição do direito de reclamar contra o não-
recolhimento da contribuição do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço, consoante dispõe o Enunciado nº 95
do C. TST. (TRT 12ª R. – RO-V. 6029/2001 –
(01628/2002) Florianópolis – 2ª T. – Rel. Juiz João
Cardoso – J. 05.02.2002)

FGTS – PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA – Desde que


obedecendo o biênio prescricional para ajuizamento da
ação, ou ajuizada esta no transcurso do contrato de
trabalho, é trintenário a prescrição dos títulos do FGTS.
(TRT 19ª R. RO 00001.19.00.8 – Rel. Juiz Severino
Rodrigues – J. 17.01.2002)

Por isso, pleiteia o autor que seja o reclamada


condenado a efetuar o pagamento de todos os reflexos incidentes sobre o
adicional de insalubridade, quais sejam 13º salário, férias, FGTS, INSS e aviso
prévio, cujos valores deverão ser estabelecidos na fase de liquidação de
sentença.

10. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Considerando o Enunciado nº. 338 do Colendo Tribunal


Superior do Trabalho, e tendo em vista que as Reclamadas possui mais do que
10 empregados, requer-se a inversão do ônus da prova, para que a mesma
faça prova de que o Reclamante não efetuou as horas descritas ao longo do
Item “2”, uma vez que é obrigação do empregador possuir controle de horário.

10. DA JUSTIÇA GRATUITA

Instruída com a pertinente declaração de pobreza, já


mencionada no instrumento de mandato, claro se configura a impossibilidade
de o Reclamante arcar com as despesas judiciárias, pelo que requer os
benefícios da justiça gratuita nos termos da Lei nº. 7.115/1983.

11. DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, VÊM REQUERER a Vossa


Excelência:

1. Que sejam julgados procedentes todos os pedidos


requeridos nesta presente ação;

2. Que seja procedida à notificação da Reclamada para


comparecer à audiência que for designada, na pessoa de seu representante
legal, sob pena de assim não fazendo, incorrer nas sanções de revelia e
confissão quanto à matéria de fato, e que seja compelida a juntar aos autos
todos comprovantes de pagamento de salários e cartões de ponto de todo o
período laborado, bem como os outros documentos citados na exordial, sob
pena dos artigos 355 e 359 do Código de Processo Civil;

3. A condenação da Reclamada ao pagamento correto


das horas extras diárias, apresentados no item 2.2, a título de horas extras
trabalhadas devidas, ou seja:
- 1 hora extra diária que excedia sua carga horária
habitual no segundo sábado do mês;

- 2h30min extras por dia, por laborar de segunda a


sexta-feira, durante o mês de dezembro, por conta das festividades de final de
ano;

- 3h extras que realizava em todos os sábados


laborados durante o mês de dezembro, em razão das festividades de final de
ano;

- total de 27 horas extras, no período dos anos de 2014


e 2015, desempenhadas nos dias trabalhados em prol de datas
comemorativos, como dia das mães, pais e namorados;

- 15 minutos de intervalo não realizado, em razão do


previsto no art. 384 da CLT.

Sendo que ocorra a incidência dos adicionais ou na


ausência destes o adicional legal e integração no salário do Autor, para efeitos
de gerar reflexos no cálculo do DSR, férias + 1/3, 13º salário, FGTS + multa de
40% e do aviso prévio; resguarda-se a Reclamada no direito de compensar as
verbas já pagas sob o mesmo título;

3. Seja reconhecido o acidente de trabalho que a


Reclamante sofreu;

4. Com o reconhecimento do acidente do trabalho seja


declarada nula a demissão imotivada em face da Reclamante, e que seja pago
a Reclamante uma indenização compensatória no valor correspondente a
todas as verbas trabalhistas que auferiria durante o período da sua demissão
até a data da sentença da presente ação que reconhecer o acidente de
trabalho e a devida estabilidade, mais o valor correspondente às verbas
devidas de 12 (doze) meses de estabilidade, tempo este, previsto em lei.
5. Seja concedida indenização a título de danos morais,
no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), em virtude da empresa não ter
aberto o CAT e, por conta disso não ter proporcionado o afastamento
adequado, ocasionando a morte do bebê da Reclamante;

6. Seja reconhecida a estabilidade provisória à gestante,


e em consequência de tal reconhecimento, seja concedida a Reclamante uma
indenização compensatória no valor correspondente a todas as verbas
trabalhistas que teria direito da data da sua demissão até sentença que deferir
a referida estabilidade, mais o valor correspondente a todas as verbas que
auferiria nos 5 (cinco) meses de estabilidade, tempo este, de estabilidade
provisória dada a gestante pela legislação vigente;

7. Caso não seja reconhecida a estabilidade provisória a


gestante descrita acima, faz jus a Reclamante ao reconhecimento da
estabilidade provisória prevista no artigo 395 da CLT; bem como, em receber
indenização compensatória no valor correspondente a todas as verbas
trabalhistas que teria direito da data da sua demissão até sentença que deferir
a referida estabilidade, mais o valor correspondente às verbas que auferiria nas
duas semanas que são prevista em lei, como tempo de estabilidade provisória
dada a mulher que sofreu aborto não criminoso;

8. Seja julgado procedente o pedido para que seja


deferido a Reclamante, uma indenização a título de danos morais, no valor
correspondente ao dobro da remuneração do período de afastamento, devendo
ser corrigido monetariamente e acrescido dos juros legais, como prevê o art.
4º, II, da Lei 9.029/95;

9. Seja a Reclamada condenada ao pagamento de uma


indenização a títulos de danos materiais, por conta dos descontos indevidos
realizados pela Reclamada no salário da Reclamante, no valor de R$ 3.000,00
(três mil reais);
11. Seja a Reclamante restituída dos valores que lhe foram
descontados indevidamente por conta das contribuições confederativas.

11. A condenação da Reclamada ao pagamento da


multa do parágrafo 8º do artigo 477 da CLT, com base na maior remuneração
percebida pelo Reclamante;

12. O pagamento correto dos depósitos de FGTS, bem


como todos reflexos, quais sejam, 13º salário, férias, FGTS, INSS e aviso
prévio, principalmente por conta dos reflexos das verbas aqui pleiteadas que
foram suprimidas durante o contrato de trabalho, bem como pela não
integralização das horas extras, adicionais, dentre outros elencados;

13. Inversão do ônus da prova quanto às horas extras


realizadas a teor do Enunciado nº. 338 do Colendo TST;

14. Benefícios da justiça gratuita, requerendo desde já


isenção de eventuais custas, honorários periciais e advocatícios, consoante se
extrai da declaração de hipossuficiência constante no mandato.

Os cálculos serão apresentados oportunamente


em liquidação de Sentença.

1. DOS REQUERIMENTOS FINAIS:

a. ARTIGO 467 da C.L.T:

As verbas que versarem sobre matéria de natureza


salarial deverão ser pagas em primeira audiência, sob pena de pagamento com
multa de 50%;

b. ARTIGO 830 da C.L.T:


Os documentos trazidos aos autos pela
Reclamada com a defesa, deverão preencher o estabelecido no dispositivo
supra mencionado, sob pena de não serem aceitos;

c. DO RECOLHIMENTO E COMPROVAÇÃO DAS


CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

Após o julgamento da presente lide, deverá a


Reclamada comprovar sobre as verbas deferidas, o recolhimento das
contribuições previdenciárias previstas no artigo 32 da Lei nº. 8.212 de 24 de
julho de 1991, bem como, declarar, na forma do inciso IV do mesmo artigo,
"à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, na forma, prazo e
condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos
geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição
previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do
Conselho Curador do FGTS".

Por fim, requer que a Reclamada seja condenada a


arcar com as contribuições previdenciárias devidas pelo Reclamante, uma
vez que, assumiu os riscos de não tê-las feito em época própria, de acordo
com o previsto no §5º, do artigo 33 da Lei nº. 8.212/91, que aduz; "O
desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas
sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso
obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do
recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que
deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta
Lei".

Portanto, por não tê-los feito, oportuna e regularmente


deverá a Reclamada ser condenada a arcar com todos os encargos
previdenciários
d. DO IMPOSTO DE RENDA

A Reclamada deixou de descontar, recolher e declarar o


imposto de renda retido na fonte de acordo com o artigo 7º, inciso I, da Lei nº.
7.713/88, portanto, deverá arcar com os recolhimentos dos referidos valores,
uma vez que assumiu os riscos de não tê-los feito em época oportuna.

“Ex positis” requer-se a Vossa Excelência:

Que a presente ação seja julgada procedente "in


totum", e, por conseqüência, a Reclamada seja condenada a pagar todo o
petitório e demais verbas a serem apuradas em regular liquidação de
Sentença, tudo acrescido de juros e correção monetária, custas processuais
e demais cominações de estilo.

Sejam oficiadas as repartições competentes para as


denúncias de praxe, principalmente a DRT, considerando as infrações
patronais da Reclamada.

Protesta e requer provar o alegado por todos os


meios em direito admitidos, notadamente pelo depoimento pessoal do
representante legal da Reclamada, oitiva das testemunhas, juntada destes e
de outros documentos, provas periciais, vistorias.

2. DAS NOTIFICAÇÕES/INTIMAÇÕES:

Que todas as notificações/intimações, quanto aos atos


processuais, deverão ser feitas únicas e exclusivamente em nome dos
advogados Dr. VITOR MARINATA BERCHIELLI, inscrito na OAB/SP sob o nº.
356.585 e JANAINA BAGATINI, inscrita na OAB/AP sob o nº 374.462,
primeiros procuradores constantes no instrumento de mandato, em
consonância com o disposto no artigo 9º do capítulo das Notificações ou
Intimações da Consolidação das Normas da Corregedoria do Egrégio Tribunal
Regional do Trabalho da 15ª Região, sob pena de nulidade do ato de
comunicação. (Provimento GP-CR n° 01, de 05 de abril de 2006).

Dá-se à causa o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

Nesses termos,
Pede espera deferimento.

Santa Ernestina/SP, aos 04 de maio de 2016.

VITOR MARINATA BERCHIELLI


OAB/SP 356.585

JANAINA BAGATINI

OAB/SP 374.462

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