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SENAC - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL

CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

JULIO C., ARYANA A., LARA S., LUCAS C., LEILIANE C., JOZIANE
S., ANA C., KAREN C., RICKELMY P.

PRIMEIROS SOCORROS:
Como identificar e proceder em uma situação de Obstrução das
Vias Aéreas por Corpo Estranho

IPATINGA - MG

2023
JULIO C., ARYANA A., LARA S., LUCAS C., LEILIANE C., JOZIANE S.,
ANA C., KAREN C., RICKELMY P.

Primeiros Socorros: Como identificar e proceder em uma


situação de Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho

Projeto Integrador apresentado ao curso Técnico de


Enfermagem do SENAC - Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial de Ipatinga (MG) como
requisito das unidades curriculares do Projeto
Integrador.

Orientador: Prof.º Leonardo S. de Figueiredo

IPATINGA – MG

2023
“Quem, de três milênios,
Não é capaz de se dar conta
Vive na ignorância, na sombra,
À mercê dos dias, do tempo.”

Johann Wolfgang von Goethe


Atribuição de tarefas e responsabilidades no trabalho em equipe
O trabalho foi realizado por uma equipe de nove indivíduos. Júlio C.
desempenhou o papel de organizador e editor do trabalho, além do desenvolvimento
em geral. Rickelmy P. foi responsável pelo resumo e introdução do trabalho, enquanto
Lara foi corresponsável da seção de Conceito, Ana C. foi corresponsável pela seção
de Quadro Clínico e Manejo em adultos responsivos e conscientes. Além disso, Ana,
Lara e Rickelmy também participaram da coleta de dados epidemiológicos, que foram
interpretados por Júlio. Lucas C. e Leiliane contribuíram com a seção de Técnicas e
Manejo em adultos não responsivos e inconscientes, com Leiliane também
participando da revisão do texto. Aryana A. foi corresponsável pela seção de Manejo
em crianças com mais de um ano, além de ter participado da revisão do texto,
enquanto Joziane S. foi corresponsável pela seção de Manejo em crianças com mais
de um ano e responsável pela seção de Profilaxia em um caso de OVACE. Karen
contribuiu com a seção de Manejo em gestantes e obesos, e Karen foi responsável
pela conclusão do trabalho.
Cada membro da equipe teve uma contribuição específica e importante para a
realização do trabalho. A distribuição de tarefas foi realizada com o objetivo de otimizar
o tempo e as habilidades de cada um, e a revisão final do texto foi realizada por todos
os membros da equipe, o que garantiu uma maior qualidade e consistência do
trabalho.

X X X

Ana Carolina Lima de Souza Aryana Assis Silva Joziane Santos Ferreira

X X X

Júlio César Souza Lima Lara Souza Gandra Leiliane C. M. de S. Neves

X X X

Lucas Cordeiro de Oliveira Rickelmy Pires de Figueredo Karen C. de O. Ferreira

Prof.º Leonardo S. de Figueiredo


Resumo
Nosso trabalho é sobre OVACE, a Obstrução das Vias Aéreas por Corpo
Estranho, como ela funciona, acontece e em quais graus, além de apresentarmos
informações sobre como prevenir e reagir a esse evento potencialmente fatal. Além
disso, abordamos as condutas de um profissional de saúde e como reconhecer seus
sinais e sintomas, aprofundando e detalhando as técnicas de primeiros-socorros para
que, de um profissional a um leigo, saibam como agir em casos de OVACE. Também
realizamos um balanço epidemiológico, com base nos dados do DATASUS de
quantas pessoas evoluíram a óbito por conta dessa condição, no brasil.

PALAVRAS-CHAVES: OVACE, Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho, prevenção,
primeiros-socorros, sinais e sintomas, profissional de saúde, leigo, epidemiologia, DATASUS, óbito,
Brasil.

Abstract
Our work is about Foreign Body Airway Obstruction (FBAO), how it works,
occurs, and in what degrees, as well as presenting information on how to prevent and
react to this potentially fatal event. In addition, we address the conduct of a healthcare
professional and how to recognize its signs and symptoms, delving into and detailing
first aid techniques so that from a professional to a layperson, they know how to act in
cases of FBAO. We also conducted an epidemiological balance based on DATASUS
data on how many people have died due to this condition in Brazil.

KEYWORDS: FBAO, Foreign Body Airway Obstruction, prevention, first aid, signs and
symptoms, healthcare professional, layperson, epidemiology, DATASUS, death, Brazil.
Lista de Ilustrações e Tabelas

ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - A epiglote se estende da laringe em direção à faringe. ........................................... 10


Figura 2 - Observe que, durante a deglutição, a epiglote impede que o alimento siga para o
sistema respiratório. Quando isso ocorre, engasgamo-nos. ...................................................... 20
Figura 3 - Passo a passo em uma manobra de Heimlich. ........................................................ 31
Figura 4 - Realização da técnica de tapotagem ....................................................................... 33
Figura 5 - Realização da técnica de rolamento de 90º............................................................. 34
Figura 6 - Utilização do LifeVac ............................................................................................. 35
Figura 7 - Passo 1: a tapotagem Passo 2: as compressões ....................................................... 37
Figura 8 - Realização de uma RCP em bebês < de 01 ano ...................................................... 38
Figura 9 - Compressão torácica em criança maior de um ano, consciente e responsiva. ........ 39
Figura 10 - Realização de uma RCP em criança inconsciente e não responsiva. ................... 40
Figura 11 - Passo a passo de uma compressão torácica em um adulto responsivo e cociente.
.................................................................................................................................................. 41
Figura 12- Manobra adaptada para adultos inconscientes. ...................................................... 42
Figura 13 - Manobra adaptada para obesos ou gestantes. ....................................................... 43
Figura 14 - Auto manobra ....................................................................................................... 45

TABELAS

Tabela 1 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por região. .......................................... 14


Tabela 2 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por faixa etária. .................................. 14
Tabela 3 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por sexo. ............................................. 15
Tabela 4 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por cor/etnia. ...................................... 15
Tabela 5 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por local de ocorrência. ...................... 16
Tabela 6 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por variáveis do CID. ......................... 17
Tabela 7 - Localização do corpo estranho com seus sinais e sintomas ................................... 22
Tabela 8 - Relação de atendimento em relação a faixa etária.................................................. 36
Sumário
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 8
2 PRIMEIROS SOCORROS AO LONGO DA HISTÓRIA ...................................................................... 8
3 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO ........................................................ 9
3.1 CONCEITO .................................................................................................................................. 9
3.2 EPIDEMIOLOGIA ....................................................................................................................... 12
3.2.1 Metodologia ......................................................................................................................... 12
3.2.2 Resultados........................................................................................................................... 13
3.3 QUADRO CLÍNICO .................................................................................................................... 17
3.3.1 Reconhecimento.................................................................................................................. 18
3.3.2 Causas ................................................................................................................................ 19
3.3.3 Sinais e Sintomas ................................................................................................................ 20
3.3.4 Diagnostico .......................................................................................................................... 22
3.4 CONDUTA DA ENFERMAGEM ................................................................................................. 23
3.4.1 Aspectos Legais do Socorro ................................................................................................ 23
3.4.2 Fases do Socorro ................................................................................................................ 25
3.4.3 Prontuário ............................................................................................................................ 29
3.5 TÉCNICAS ................................................................................................................................. 30
3.5.0.1 OVACE Parcial .................................................................................................................30
3.5.1 Manobra de Helmich ........................................................................................................... 31
3.5.2 Remoção manual ................................................................................................................ 32
3.5.3 Técnica de tapotagem ......................................................................................................... 33
3.5.4 Rolamento de 90º ................................................................................................................ 34
3.5.5 Aspiração..............................................................................................................................34
3.5.6 LifeVac ................................................................................................................................ 35
3.6 MANEJOS .................................................................................................................................. 36
3.6.1 Manejo 01 - Recém-nascido, Neonato e Lactente: Responsivos e Consciente .................. 37
3.6.2 Manejo 01.1 - Recém-nascidos, Neonato e Lactente: Inconsciente e Não Responsivas .... 38
3.6.3 Manejo 02 – Crianças: Consciente e Responsiva ............................................................... 39
3.6.4 Manejo 02.1 – Crianças: Inconsciente e Não Responsiva .................................................. 40
3.6.5 Manejo 03 – Adulto: Consciente e Responsivo ................................................................... 41
3.6.6 Manejo 03.1 – Adulto: Inconsciente e Não Responsivo ...................................................... 42
3.6.7 Manejo 04 – Adulto Obeso ou Gestante: Consciente Responsivo ...................................... 43
3.6.8 Manejo 04.1 – Adulto Obeso ou gestante – Inconsciente e Não Responsivo ..................... 44
3.6.9 Manejo 05 - Auto manobra de desobstrução – Consciente e Responsivo .......................... 44
3.7 CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS ................................................................................................ 45
3.7.1 Complicações ...................................................................................................................... 46
3.8 PROFILAXIA .............................................................................................................................. 46
4 CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 49
Glossário ............................................................................................................................................. 52
8

1 INTRODUÇÃO
A OVACE é um termo técnico para a obstrução das vias aéreas por corpo
estranho, que ocorre quando um objeto é aspirado e fica preso na laringe ou traqueia,
impedindo a passagem do ar. Antigamente, muitas pessoas morriam por falta de
conhecimento sobre como lidar com OVACE e seus sintomas, mas em 1974 o médico
americano Henry Heimlich desenvolveu uma manobra simples e rápida para
desobstruir as vias aéreas. Essa manobra, conhecida como manobra de Heimlich, é
hoje amplamente usada em casos de OVACE e ajudou a reduzir significativamente o
número de óbitos por engasgo.
A OVACE pode ser classificada em dois níveis: parcial ou total, e pode ocorrer
tanto em pessoas conscientes como inconscientes. É importante saber reconhecer os
níveis de OVACE para tomar as medidas adequadas. Se você não souber fazer a
manobra de Heimlich corretamente, não tente desobstruir as vias aéreas da vítima
sozinho, pois isso pode agravar a situação. Nesse caso, ligue imediatamente para a
emergência, que poderá te auxiliar no processo da manobra. É fundamental que a
população esteja consciente da importância dos primeiros-socorros em casos de
OVACE, a fim de prevenir fatalidades e garantir a segurança das pessoas em
situações de emergência.

2 PRIMEIROS SOCORROS AO LONGO DA HISTÓRIA

Os primeiros socorros são uma das formas mais antigas de cuidados médicos,
e suas origens remontam à antiguidade. Desde os tempos mais primitivos, as pessoas
utilizavam técnicas rudimentares para tratar ferimentos e doenças. No entanto, com o
passar do tempo, essas técnicas foram se aprimorando e se tornando mais eficientes.
Em tempos remotos, “quando os homens saíam para caçar e as mulheres
ficavam em casa com os filhos, muitas vezes os homens retornavam feridos, e os
cuidados eram prestados de acordo com o conhecimento e recursos disponíveis”,
(Gonçalves, 2014).
Com o advento de guerras e conflitos armados, a necessidade de atendimento
médico adequado se tornou ainda mais evidente. “Em 1099, uma organização
chamada Ordem de São João foi criada por cavaleiros religiosos com treinamento em
cuidados médicos para tratar especificamente de feridos no campo de batalha”
9

(LifeSaver, 2023). E “[...] embora esses cavaleiros fossem leigos, eles receberam
treinamento formal para prestar primeiros socorros”, (LifeSaver, 2023).
No século XIX, com o avanço da medicina, houve uma maior preocupação em
desenvolver técnicas de primeiros socorros mais eficientes. “Em 1859, o suíço Henry
Dunant1 fundou a Cruz Vermelha Internacional, uma organização que se tornou
referência mundial na prestação de socorro em situações de emergência” (CICV,
2016).
Hoje em dia, os primeiros socorros são uma parte fundamental da sociedade,
permitindo que pessoas sejam salvas e tenham uma chance maior de recuperação
em caso de acidentes e emergências médicas. “As técnicas de primeiros socorros
foram aprimoradas e padronizadas, permitindo que pessoas comuns possam prestar
ajuda em situações de emergência” (Ministério da Saúde, Brasil, 2020).
É importante ressaltar que os primeiros socorros são cruciais para evitar
complicações e salvar vidas, mas devem ser prestados por pessoas capacitadas. “A
situação de emergência exige socorro imediato, como em casos de ferimentos com
sangramento volumoso ou crises convulsivas, enquanto a urgência pode aguardar a
chegada da equipe médica [...]”, (Gonçalves, 2014). Os primeiros socorros não
substituem o atendimento médico especializado, mas são fundamentais para manter
os sinais vitais e diminuir o sofrimento da vítima.
Aprender as técnicas de primeiros socorros pode salvar vidas e é importante
que a população esteja sempre preparada para agir em caso de necessidade. Além
disso, o conhecimento em primeiros socorros também pode ajudar a prevenir
acidentes e lesões, já que muitas situações podem ser evitadas com medidas simples
de segurança.

3 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO

3.1 CONCEITO

A obstrução das vias aéreas por corpo estranho (OVACE) é uma condição
crítica que pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade ou condição
física. É importante que a população esteja consciente dos riscos e saiba como agir

1
Henry Dunant (1828-1910), foi um empresário e filantropo suíço que teve um trabalho humanitário e
compromisso com os direitos dos feridos e doentes em tempos de conflito, tornou-se uma figura importante na
história da ajuda humanitária.
10

em caso de emergência. Segundo Varella e Jardim (2019), a OVACE “[...] ocorre


quando o caminho normal do ar é obstruído por pedaços de alimentos, balas,
pequenos objetos levados à boca etc.”. O engasgo, que é frequentemente confundido
com OVACE, “é uma manifestação do organismo que tem por objetivo retirar algum
objeto ou alimento que esteja presente na laringe, bloqueando a passagem de ar”
(Sardinha, s.d.).
Guilherme (1996) explica que na nossa boca ocorrem dois processos vitais
para a sobrevivência: a respiração e a deglutição. “A cada respiração, o ar desce pela
cavidade nasal, indo para a faringe, laringe e traqueia, atingindo finalmente os
pulmões”. Já durante “a deglutição, a língua se move para cima e para trás, a laringe
sobe, a epiglote veda a entrada para a traqueia e o palato mole separa a cavidade
nasal da faringe”.

Figura 1 - A epiglote se estende da laringe em direção à faringe.

Cavidade
Nasal

Fonte: https://escolakids.uol.com.br/ciencias/epiglote.htm
Acessado em: 16 de fevereiro de 2023

Nesse sentido, a epiglote é uma estrutura crucial do sistema respiratório


humano, pois age “como uma espécie de válvula que se fecha durante a deglutição e
se abre para permitir o fluxo de ar durante a respiração. Desse modo, impede
a passagem de ar durante a deglutição e que alimentos entrem na via respiratória
durante a respiração”, (Varella, 2021). Sem ela, o risco de engasgos e outras
complicações respiratórias aumenta consideravelmente.
A OVACE pode ser desencadeada por uma variedade de fatores, sendo os
mais comuns a aspiração de alimentos ou objetos pequenos, queda da base da língua
em casos de desmaios ou convulsões e a aspiração de vômito ou secreções,
conforme apontado por Vinícios (2021). De acordo com o site SANARmed (2019),
11

independentemente da causa, “é fundamental que a obstrução seja identificada e


tratada rapidamente para evitar complicações mais graves, como a parada
cardiorrespiratória (PCR)”.
Segundo o site SANARmed (2021) a OVACE é um acidente grave e súbito,
classificado de acordo com sua etiologia, gravidade e pela responsividade da vítima:

Etiologia

A OVACE pode ocorrer devido a diversas causas, que geralmente são


agrupadas em duas categorias principais:
• CAUSAS INTRÍNSECAS: referem-se a fatores anatômicos ou condições
médicas do próprio paciente, como a obstrução das vias aéreas por queda da
base da língua, em um trauma.
• CAUSAS EXTRÍNSECAS: estão relacionadas a objetos ou substâncias
inaladas ou ingeridas pelo paciente, como aspiração de corpos estranhos,
alimentos e outros.

Gravidade

A gravidade é determinada principalmente pelo grau de obstrução da via


afetada, geralmente ela é classificada em dois tipos:
• LEVE (grau de obstrução parcial da via): existe passagem de ar, ainda que
dificultosa e a vítima é capaz de tossir. Enquanto houver uma troca gasosa
satisfatória, a vítima se manterá consciente.
• GRAVE (grau de obstrução total da via): nesse caso, não há passagem de ar
e os sinais incluem a incapacidade de respirar, tossir e falar, com evolução para
cianose de lábios e extremidades, resultado da ausência de trocas gasosas e
hipóxia tecidual periférica.

Responsividade

Um fator crítico para o atendimento adequado de uma vítima de OVACE é o


seu nível de consciência, que pode ser dividido em dois graus distintos:
• CONSCIENTE: Nesse caso, a vítima apresenta agitação, angústia e
ansiedade, demonstrando a necessidade de uma intervenção imediata para
alívio dos sintomas.
12

• INCONSCIENTE: Quando o quadro de hipoxemia avança, a vítima perde a


consciência e se torna irresponsiva, o que requer um atendimento emergencial
para a recuperação de suas funções vitais.

3.2 EPIDEMIOLOGIA

A OVACE, é uma condição médica grave e que representa um problema


significativo de saúde pública, especialmente entre a população infantil e idosa. De
acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (1996). No Brasil, “ela (a OVACE) é
a terceira maior causa de acidentes seguidos por morte em crianças e lactentes,
sendo responsável por cerca de 40% dos acidentes domésticos envolvendo
crianças[...]”.
De acordo com dados do DATASUS, a asfixia é uma causa significativa de
óbitos no Brasil, com prevalência em crianças com até 4 anos e idosos acima de 50
anos. Em relação ao sexo, o sexo masculino apresenta maior incidência de óbitos por
asfixia. A região Sudeste do país tem a maior taxa de incidência de óbitos por asfixia,
seguida pelas regiões Nordeste e Sul. Além disso, a maioria dos casos ocorre em
indivíduos brancos e pardos.
Em relação ao local de ocorrência, os hospitais foram identificados como o local
mais comum de óbitos por asfixia, seguido pelo domicílio e outros locais de
estabelecimento de saúde. A via pública representa apenas uma pequena parcela dos
casos registrados.
Esses dados evidenciam a necessidade de políticas públicas efetivas que
possam prevenir a ocorrência de óbitos por asfixia no país, como campanhas de
conscientização e treinamento de primeiros socorros. Para complementar essas
ações, intervenções que visam melhorar as condições de habitação e saúde,
especialmente em áreas urbanas e periurbanas, podem reduzir significativamente a
incidência de mortes por asfixia. A conscientização e ações preventivas podem salvar
vidas e diminuir o impacto dessa problemática na saúde pública brasileira.

3.2.1 Metodologia
O estudo realizado teve abordagem qualitativa, descritiva e retrospectiva, e
utilizou como fonte de dados os registros de óbitos por OVACE em diferentes regiões
do Brasil. Para coletar os dados, foram investigados os registros disponíveis no banco
13

de dados do Sistema Único de Saúde, o DATASUS, referentes ao período de 1996 a


2020.
Os dados do DATASUS são registrados no Sistema de Informações
Hospitalares do SUS (SIH/SUS), sob responsabilidade do Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) e Departamento de Regulação, Avaliação e
Controle (DRAC), utilizando o sistema Guia de Internação Hospitalar (GIH). Esse
sistema é utilizado para registrar todos os atendimentos provenientes de internações
hospitalares financiadas pelo SUS.
A busca pelos dados de óbitos por OVACE foi realizada utilizando os
diagnósticos das causas dos óbitos, conforme a Revisão da Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10), que incluem
sufocação e estrangulamento acidental na cama (W75), outros enforcamento e
estrangulamento acidental (W76), inalação e ingestão de alimentos causando
obstrução do trato respiratório (W79) e inalação e ingestão de outros objetos
causando obstrução do trato respiratório (W80).
As variáveis investigadas no estudo foram região, sexo, etnia, faixa etária, local
de óbito e classificação segundo o CID. Foram incluídos no estudo apenas os casos
registrados e disponíveis no banco de dados do DATASUS de óbitos por OVACE que
ocorreram no Brasil.

3.2.2 Resultados
Foi identificado um total de 15.461 casos de óbitos por asfixia ocorridos no
Brasil no período de 1996 a 2020, resultando em uma média anual de 644,2 casos. A
região Sudeste apresentou a maior taxa de incidência, representando 42% dos casos
registrados, seguida pelas regiões Nordeste e Sul, com 21% e 20% dos casos
registrados, respectivamente. A região Centro-Oeste teve taxas de incidência
semelhante, com 11% dos casos, já região Norte teve a menor taxa de incidência,
com apenas 6% dos casos registrados, (Tabela 1).
14

Tabela 1 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por região.

REGIÃO Nº DE CASOS MÉDIA ANUAL PORCENTAGEM


NORTE 900 37,5 6%
NORDESTE 3.245 135,2 21%
SUDESTE 6.536 272,3 42%
SUL 3.159 131,6 20%
CENTRO – OESTE 1.621 67,5 11%
Fonte: dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Acessado em: 22 de fevereiro de 2023

A análise dos dados sugere que crianças com até 4 anos e idosos com mais
de 50 anos são os grupos mais afetados, representando 38% e 34% dos casos
registrados, respectivamente. Jovens entre 5 e 14 anos têm a menor taxa de
incidência, com apenas 5% dos casos registrados. Adultos entre 15 e 50 anos
representam o terceiro principal acometido com 22% do número de casos, (Tabela 2).

Tabela 2 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por faixa etária.

FAIXA ETÁRIA Nº DE CASOS MÉDIA ANUAL PORCENTAGEM


CRIANÇA ATÉ 4
5.907 246,1 38%
ANOS
JOVEM DE 05 A 14
801 33,3 5%
ANOS
ADULTO DE 15 A 50
3.416 142,3 22%
ANOS
IDOSO > 50 ANOS 5.280 220 34%
NÃO
57 2,3 1%
IDENTIFICADOS
Fonte: dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Acessado em: 22 de fevereiro de 2023

Em relação ao sexo, observou-se que os homens apresentaram maior


incidência de óbitos por asfixia, representando 65% do total de casos, enquanto as
mulheres representaram 35%, (Tabela 3).
15

Tabela 3 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por sexo.

SEXO Nº DE CASOS MÉDIA ANUAL PORCENTAGEM


MASCULINO 10.063 419,2 65%
FEMININO 5.398 224,9 35%
Fonte: dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Acessado em: 22 de fevereiro de 2023.

A análise dos dados sobre a cor/etnia das vítimas de OVACE mostra que a
maioria dos casos ocorre em indivíduos brancos (50%) e pardos (33%). As vítimas
pretas representam uma proporção menor de casos (4%), enquanto as vítimas
indígenas e amarelas representam proporções ainda menores (1%). Além disso, em
11% dos casos a cor/etnia não foi identificada.
No entanto, é importante ressaltar que a análise da relação entre cor/etnia e
OVACE deve ser feita com cautela e considerando outros fatores de risco, como por
exemplo as condições sociais e econômicas dos grupos mais vulneráveis, como as
populações negra e indígena, uma vez que esses grupos têm maior exposição a
condições precárias de habitação e saúde, (Tabela 4).

Tabela 4 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por cor/etnia.

COR/ETNIA Nº DE CASOS MÉDIA ANUAL PORCENTAGEM


BRANCA 7.739 322,4 50%
PRETA 691 28,7 4%
PARDA 5.108 212,8 33%
INDIGENA 132 5,5 1%
AMARELA 80 3,3 1%
NÃO IDENTIFICADO 1.711 71,2 11%
Fonte: dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Acessado em: 22 de fevereiro de 2023

Em relação ao local de ocorrência, podemos observar que o local mais comum


de óbitos por asfixia no Brasil são os hospitais, com 44% do total de casos registrados
no período analisado. Em seguida, temos o domicílio, com 36%, e outros locais de
estabelecimento de saúde, com 7%. A via pública representa apenas 4% dos casos,
16

enquanto outros locais e casos não identificados correspondem a 8% e 1%,


respectivamente, (Tabela 5).

Tabela 5 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por local de ocorrência.

LOCAL DE
Nº DE CASOS MÉDIA ANUAL PORCENTAGEM
OCORRÊNCIA
HOSPITAL 6.861 285,8 44%
OUTRO LOCAL DE
ESTABELICIMENTO 1.147 47,7 7%
DE SAÚDE
DOMICÍLIO 5.477 228,2 36%
VIA PÚBLICA 554 23 4%
OUTROS 1.280 53,3 8%
NÃO IDENTIFICADO 142 5,9 1%
Fonte: dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Acessado em: 22 de fevereiro de 2023

Já quanto a causa os dados mostram que a inalação ou ingestão de alimentos


é a principal causa de obstrução das vias respiratórias, correspondendo a 64% de
todos os casos registrados. Seguido por inalação ou ingestão de outros objetos que
causam obstrução das vias respiratórias (21%), outros tipos de enforcamento e
estrangulamento acidental (9%) e estrangulamento acidental na cama (6%), (Tabela
6).
17

Tabela 6 - Índice de incidência de OVACE no brasil, por variáveis do CID.

VARIÁVEL CID Nº DE CASOS MÉDIA ANUAL PORCENTAGEM


W75 - SUFOCAÇÃO E
ESTRANGULAMENTO 977 40,7 6%
ACID. NA CAMA
W76 – OUTROS
ENFORCAMENTO E
1.357 56,5 9%
ESTRANGULAMENTO
ACID.
W79 - INALAÇÃO
INGEST. ALIMENT.
9.930 413,7 64%
CAUS. OBSTR. TRAT.
RESP.
W80 – INALAÇ.
INGEST. OUTR. OBJ.
3.197 133,2 21%
CAUS. OBSTR. TRAT.
RESP.
Fonte: dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Acessado em: 22 de fevereiro de 2023

É importante lembrar que esses dados são específicos para o período e


condições analisadas.

3.3 QUADRO CLÍNICO

O site SANARmed (2021) destaca que a OVACE é uma condição médica de


emergência que pode levar à morte se não for tratada prontamente. A apresentação
clínica varia de sintomas leves, como tosse ou dificuldade para respirar, a graves,
como uma PCR, a testemunha do evento pode ajudar a identificar rapidamente o
problema e realizar o manejo necessário para a desobstrução das vias aéreas.
Crianças pequenas e idosos são mais suscetíveis a engasgos, e o tipo e a
localização do objeto aspirado podem afetar a apresentação clínica, com objetos
maiores ou localizados em áreas críticas, como a traqueia, levando a sintomas mais
graves. SANARmed (2021), também evidencia que nem sempre é óbvio o
18

reconhecimento de uma OVACE, especialmente em casos em que a apresentação


clínica é pouco exuberante, sem uma sintomatologia clássica.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2019) enfatiza que “é fundamental que
os profissionais de saúde considerem a OVACE em qualquer paciente com sintomas
sugestivos e uma história de engasgo anterior”. No que o site SANARmed (2021)
complementa, dizendo que “o atraso no diagnóstico e tratamento pode levar a
complicações graves, como danos permanentes às vias aéreas ou morte”.

3.3.1 Reconhecimento
O reconhecimento precoce da obstrução de vias aéreas é crucial para a
prestação de um atendimento eficaz em situações de emergência. A obstrução das
vias aéreas pode variar de uma obstrução parcial, que pode ser resolvida com tosse,
a uma obstrução total, que pode rapidamente evoluir para uma parada respiratória e,
consequentemente, uma parada cardíaca.
Segundo Vinícios (2021), o socorrista deve estar sempre alerta para os sinais
de obstrução das vias aéreas. A obstrução parcial pode ser identificada pela presença
de sibilos entre as tosses, mas com boa troca gasosa. Nesses casos, é importante
“[...] encorajar a vítima a continuar tossindo para expelir o corpo estranho, sem
interferir nos esforços respiratórios”. Já a obstrução total é caracterizada por tosse
ineficaz e fraca, ruídos respiratórios estridentes ou gementes, dificuldade respiratória
acentuada e, possivelmente, cianose.
Vinícios (2021) se aprofunda dizendo que “em adultos, a obstrução por corpo
estranho deve ser suspeitada em vítimas que subitamente param de respirar,
tornando-se cianóticas e inconscientes, sem razão aparente”. No caso de crianças ele
conclui que, “a obstrução das vias aéreas pode ser suspeitada em casos de
dificuldade respiratória súbita acompanhada de tosse, respiração ruidosa, chiado e
náusea. Se a obstrução se tornar completa, a dificuldade respiratória se agravará,
levando à cianose e perda de consciência”.
Conforme Vinícios (2021) ressalta, a obstrução total das vias aéreas pode
ocorrer em qualquer momento, mesmo durante a alimentação. Portanto, é
fundamental estar atento a sinais como a incapacidade de falar ou tossir, agarrar o
pescoço2, cianose e esforço respiratório exagerado. “A pronta ação é urgente,
preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. [...], (Pois) a obstrução de

2
Sinal universal de sufocamento.
19

vias aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá à perda de consciência e,


rapidamente, a morte.”
Em caso de vítima inconsciente Vinícios (2021) nos aponta que se deve
suspeitar de uma parada cardiorrespiratória por infarto, acidente vascular ou hipóxia
secundária à obstrução das vias aéreas. O manejo de desobstrução de vias aéreas
deve ser feito imediatamente, caso a obstrução seja evidente, “quando um adulto for
encontrado inconsciente por causa desconhecida, [...] ele será avaliado pensando-se
em parada cardiopulmonar, deixando para fazer o manejo de desobstrução de vias
aéreas apenas se o fato se evidenciar”. Em crianças, deve-se suspeitar
imediatamente de obstrução das vias aéreas.

3.3.2 Causas
Em lactantes e crianças:

Conforme Vinícios (2021), “a aspiração de leite regurgitado e pequenos objetos


são causas comuns de obstrução em lactentes e crianças pequenas”. Alimentos,
como balas e chicletes, também podem causar obstruções em crianças.
Causas infecciosas, como epiglotite, também podem levar à obstrução das vias
aéreas em crianças. “A epiglotite é uma inflamação da epiglote, que é uma pequena
cartilagem que cobre a traqueia durante a deglutição. A obstrução causada pela
epiglotite pode ocorrer rapidamente e pode levar a complicações graves se não for
tratada imediatamente”, (Shah, 2023). Portanto, é importante procurar ajuda médica
imediatamente se houver suspeita de epiglotite em uma criança.

Em adultos:

“Embora a perda de consciência seja uma das causas mais frequentes de


obstrução das vias aéreas, como já mencionado, corpos estranhos também podem
levar a obstruções que podem levar à perda de consciência e a uma PCR”, (Vinícios,
2021).
Conforme Vinícios (2021), a obstrução das vias aéreas em pessoas
conscientes é mais comum durante as refeições, quando os alimentos podem ficar
presos na garganta e causar engasgos. A carne é uma das causas mais comuns de
obstrução, mas outras substâncias, como próteses dentárias deslocadas, fragmentos
dentários, chicletes e balas, também podem levar a obstruções.
20

Figura 2 - Observe que, durante a deglutição, a epiglote impede que o alimento siga para o sistema respiratório.
Quando isso ocorre, engasgamo-nos.

Fonte: https://escolakids.uol.com.br/ciencias/epiglote.htm. Acessado em: 16 de fevereiro de 2023

Segundo Vinícios (2021), também há obstrução das vias aéreas pelo conteúdo
regurgitado do estômago pode ocorrer durante a PCR ou durante as manobras de
RCP. Pessoas com nível de consciência alterado, como aquelas com intoxicação por
álcool ou drogas, também podem estar em risco de obstrução das vias aéreas pela
aspiração de material vomitado.

3.3.3 Sinais e Sintomas


Por Grau de Obstrução:

A obstrução parcial das vias aéreas é uma condição que pode apresentar
diversos sinais e sintomas preocupantes, mesmo que não apresente risco iminente a
vida da vítima suas manifestações clínicas não devem ser ignoradas. Os principais
sinais e sintomas podem incluir:
• Agitação: A dificuldade para respirar pode causar agitação e inquietação na
vítima.
• Ansiedade: A falta de ar pode causar ansiedade e medo na vítima.
• Disfonia: Um distúrbio na voz, que pode ser causado pela obstrução das
cordas vocais responsáveis pela voz.
• Dispneia: A obstrução parcial pode causar dificuldade para respirar, com a
respiração tornando-se mais rápida e superficial.
• Hemoptise: A eliminação de sangue pelo trato respiratório, devido a uma
hemorragia, provocado pelo corpo estranho.
• Levantamento das mãos a garganta: Gesto que indica que a pessoa está
com dificuldade para respirar ou engasgada.
21

• Palidez: A falta de oxigênio pode fazer com que a pele fique pálida.
• Respiração estertora: A obstrução parcial das vias aéreas pode fazer com
que a respiração da vítima fique ruidosa.
• Rubor facial: A pele do rosto fica vermelha ou corada devido ao aumento do
fluxo sanguíneo para os vasos sanguíneos na face.
• Sibilação: Respiração com um som semelhante a um chiado ou assobio.
• Tosse: A tosse é um mecanismo de defesa do corpo para tentar expelir o objeto
que está causando a obstrução.
De acordo com Santos et. al (2021), é importante ressaltar que, mesmo em
uma OVACE parcial, a obstrução das vias aéreas pode evoluir rapidamente para uma
obstrução completa, levando a complicações graves ou à morte. Portanto, é essencial
procurar ajuda médica imediatamente ao suspeitar de uma OVACE, mesmo que os
sintomas sejam leves ou moderados. Os sinais e sintomas de uma OVACE completa
incluem:
• Afasia: A vítima não consegue falar nem tossir.
• Agitação: A vítima pode ficar agitada, em pânico ou desorientada devido à falta
de ar.
• Apneia: A vítima não consegue respirar ou produzir sons respiratórios.
• Cianose: A pele e as mucosas ficam azuladas devido à falta de oxigênio.
• Colapso: A vítima pode cair no chão ou ficar sem movimentos.
• Convulsões: A falta de oxigênio pode levar a convulsões.
• Hemoptise: A eliminação de sangue pelo trato respiratório, devido a uma
hemorragia, provocado pelo corpo estranho.
• Levantamento das mãos a garganta: Gesto que indica que a pessoa está
com dificuldade para respirar ou engasgada.
• Sincope: Se a obstrução não for tratada, a vítima pode perder a consciência.
Em resumo, é crucial estar atento aos sinais e sintomas de obstrução das vias
aéreas independente de seu grau, pois eles podem indicar uma situação de risco que
requer atenção imediata. Portanto, é fundamental buscar ajuda médica prontamente
e estar preparado para realizar manobras de desobstrução de vias aéreas em caso
de emergência.
22

Por Local de Obstrução:

É fundamental estar ciente dos sintomas específicos que podem ocorrer com
base na localização do corpo estranho, (Tabela 7).
Tabela 7 - Localização do corpo estranho com seus sinais e sintomas

LOCAL SINAIS E SINTOMAS


O corpo estranho causa dificuldade respiratória, estridor
LARINGE
inspiratório e tiragem intercostal
O corpo estranho induz o estridor tanto inspiratório quanto
TRAQUEIA
expiratório e dificuldade respiratória.
Após a síndrome de penetração, pode-se permanecer por um
BRÔNQUIOS
período de tempo variável assintomático
Fonte: Lemes (s.d.) apud Maggiolo M, et al. (2015). Acessado em: 12 de outubro de 2022
Disponível em: https://conic-semesp.org.br/anais/files/2019/1000002998.pdf

Com base nesses sintomas, os profissionais de saúde podem orientar a


avaliação e o tratamento adequados para evitar complicações graves. Em casos
suspeitos de corpo estranho no sistema respiratório, é importante procurar
atendimento médico imediatamente. Portanto, “o conhecimento sobre a localização
do corpo estranho e seus sintomas associados é crucial para um diagnóstico e
tratamento precoces e efetivos”, (Lemes, s.d.).

3.3.4 Diagnostico
A avaliação diagnóstica precisa e o tratamento adequado são essenciais para
garantir um desfecho favorável para o paciente. De acordo com Gonçalves et al
(2011), o passo mais importante no diagnóstico de OVACE é levantar a hipótese
diagnóstica e realizar a broncoscopia, considerada o procedimento padrão-ouro para
o diagnóstico e tratamento da OVACE. “A broncoscopia deve ser realizada em todos
os casos de suspeita de ACE3. As taxas de sucesso na extração de corpos estranhos
são acima de 98%”. Além disso, a radiografia de tórax pode ser útil no diagnóstico de
OVACE, identificando sinais de obstrução como hiperinsuflação, atelectasia,
pneumotórax e outras alterações.
Embora o diagnóstico de ACE possa ser facilmente confirmado através de
radiografias simples no caso de objetos radiopacos, a maioria dos corpos estranhos
aspirados não possuem essa característica; “[...] aproximadamente 20% das

3
Aspiração por Corpo Estranho.
23

radiografias em pacientes com ACE confirmada são normais. Portanto, uma


radiografia normal não exclui a presença de corpo estranho”, (Gonçalves et al,2011).
É importante ressaltar a importância do diagnóstico precoce da OVACE, pois o
retardo no seu reconhecimento e tratamento pode incorrer em sequela definitiva ou
dano fatal. Gonçalves et al. (2011) aponta que “é comum o diagnóstico tardio de ACE
em pacientes com doenças respiratórias recorrentes”. Por isso, em casos de suspeita
de OVACE, é necessário avaliar o paciente de forma criteriosa, utilizando uma
combinação de métodos, somados ao seu histórico, para estabelecer um diagnóstico
preciso e determinar o tratamento adequado.

3.4 CONDUTA DA ENFERMAGEM

3.4.1 Aspectos Legais do Socorro


De acordo com o Código Penal (Brasil, 1940), como cidadãos, temos o dever
de prestar assistência a pessoas que se encontram em situações de risco,
principalmente quando se trata de crianças, pessoas inválidas ou feridas. Essa
responsabilidade é respaldada pela Lei nº 2.848, que estabelece que a omissão de
socorro é um crime, atribuição evidenciada no artigo 135:
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesse caso, o socorro da autoridade pública:
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se a omissão resulta lesão corporal
de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte. (Brasil, 1940)
É importante ressaltar que “o fato de chamar o socorro especializado, nos
casos em que a pessoa não possui um treinamento específico ou não se sente
confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro”, (Soares,
2013). Portanto, é fundamental que todos estejamos atentos e dispostos a ajudar
nossos semelhantes em momentos de necessidade, contribuindo para a construção
de uma sociedade mais solidária e humana.

Direito de recusa do atendimento

É importante que os prestadores de socorro estejam cientes de que a vítima


tem o direito de recusar o atendimento, principalmente quando ela está consciente e
com clareza de pensamento. Isso pode ocorrer por diversas razões, como crenças
religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro, (Soares, 2013).
24

Nessas situações, o prestador de socorro deve respeitar a decisão da vítima e


não pode forçá-la a receber os primeiros socorros. Em vez disso, deve “certificar-se
de que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima,
enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo”, (Soares, 2013).
No entanto, se a vítima estiver impedida de falar em decorrência do acidente,
o prestador de socorro deve prestar atenção aos sinais que ela possa estar dando. Se
a vítima recusar o atendimento por meio de gestos como negar com a cabeça ou
empurrar a mão do socorrista, por exemplo, é necessário respeitar a sua vontade,
(Soares, 2013).

Como agir diante da recusa do atendimento

O prestador de socorro não deve discutir com a vítima ou questionar as suas


razões, especialmente se elas estiverem baseadas em crenças religiosas. Além disso,
não deve tocar na vítima, pois isso pode ser considerado uma violação dos seus
direitos, (Soares, 2013).
Uma abordagem adequada é conversar com a vítima, informando que o
socorrista possui treinamento em primeiros socorros, que respeita o direito dela de
recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que for necessário. É
importante também arrolar testemunhas de que a vítima recusou o atendimento para
documentar a situação, (Soares, 2013).

Recusa do atendimento por crianças

No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe
ou pelo responsável legal. No entanto, se a criança for retirada do local do acidente
antes da chegada do socorro especializado, o prestador de socorro deve, se possível,
arrolar testemunhas que comprovem o fato, (Soares, 2013).

Consentimento para o atendimento de primeiros socorros

O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal ou


implícito. O consentimento formal é “[...] quando a vítima verbaliza ou sinaliza que
concorda com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal
e ter informado à vítima de que possui treinamento em primeiros socorros”, (Soares,
2013).
Já o consentimento implícito se aplica “[...] quando a vítima esteja inconsciente,
confusa ou gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar
25

consentindo com o atendimento. Neste caso, a legislação infere que a vítima daria o
consentimento, caso tivesse condições de expressar [...]”, (Soares, 2013).
O consentimento implícito pode ser utilizado em situações envolvendo menores
desacompanhados dos seus pais ou responsáveis legais. Nesses casos, a legislação
presume que os pais ou responsáveis teriam dado o consentimento para o
atendimento caso estivessem presentes no local, (Soares, 2013).

3.4.2 Fases do Socorro


1- AVALIAÇÃO DA CENA

No local do acidente, a primeira medida é avaliar possíveis riscos que possam


ameaçar a segurança do prestador dos primeiros socorros. Caso haja algum perigo
eminente, é necessário aguardar a chegada de profissionais especializados. Nessa
etapa, é importante identificar a possível causa do acidente, bem como a sua
gravidade, juntamente com quaisquer outras informações úteis que possam ser
necessárias para a notificação adequada do incidente, (Soares, 2013). Soares (2013),
também nos aponta que, deve-se seguir 4 etapas na fase de avaliação da cena, a fim
de se isolar os riscos e poder promover um socorro efetivo até a chegada de
profissionais:
1. Segurança: É necessário verificar se a cena é segura para poder ser
abordada, e assim procurar tornar o ambiente adequado para o atendimento
prévio. Por exemplo, no caso de engasgo em um restaurante, deve-se procurar
improvisar um espaço de maneira a realizar o manejo adequado.
2. Cinemática: Verificar como se deu o acidente ou mal sofrido pela vítima,
perguntando a ela, se estiver plenamente consciente, ou a pessoas próximas
que testemunharam o ocorrido.
3. Bioproteção: Deve-se procurar maneiras de evitar possíveis infecções através
do contato direto com o sangue das vítimas, usando luvas cirúrgicas se
possível, em situações adversas não se deve abortar os procedimentos por
falta de instrumentos. No caso de uma OVACE não há risco direto para a
biossegurança do socorrista.
4. Apoio: Deve-se procurar auxílio de pessoas próximas da cena, no sentido de
ajudar a dar o espaço necessário para o atendimento prévio, chamar
imediatamente o socorro especializado, procurando manter a ordem e a calma
entre as outras pessoas etc. No caso de não haver pessoas por perto isso deve
26

ser feito com o máximo de agilidade e tranquilidade, pela própria pessoa que
presta o socorro inicial.

2- SOLICITAÇÃO DE AUXÍLIO

Ao se deparar com uma situação de emergência médica é fundamental agir


rapidamente para garantir a segurança da vítima. Além de conhecer as técnicas de
primeiros socorros, é crucial saber quando chamar o socorro especializado.
Nesse sentido, é importante pedir ajuda a outra pessoa para que ela possa
chamar o serviço de emergência médica e informar todas as informações relevantes,
como a provável causa do acidente, a gravidade das lesões, e quaisquer outras
informações que possam ser úteis para os profissionais de saúde, (Soares, 2013).
Essas informações podem ser obtidas durante a fase de avaliação do ambiente,
quando é possível identificar os riscos existentes e tomar medidas preventivas para
evitar acidentes, (Soares, 2013). Por exemplo, em um ambiente com crianças
pequenas, é importante manter objetos pequenos e potencialmente perigosos fora do
alcance delas.
O conhecimento e a prática das técnicas de primeiros socorros podem ser
cruciais para salvar vidas e minimizar o impacto de acidentes. No entanto, é
importante lembrar que, em caso de emergência médica, o serviço especializado deve
ser acionado o mais rápido possível para garantir um atendimento adequado e
eficiente.

3- ATENDIMENTO

Ao prestar os primeiros socorros, é fundamental ter em mente o que fazer e o


que não fazer para garantir a eficácia do atendimento. É importante manter a calma e
o autocontrole para que a vítima se sinta segura e confiante no processo de socorro,
(Soares, 2013).
Além disso, é essencial evitar mentir para a vítima, pois isso pode aumentar a
ansiedade e o medo, prejudicando o tratamento e o estado emocional do paciente. É
importante ser sincero e transparente sobre o que está acontecendo e como será feito
o atendimento, (Soares, 2013).

4- EXAME PRIMÁRIO

Segundo Soares (2013), o exame primário tem como objetivo identificar e tratar
as lesões que apresentam risco de vida imediato e é realizado logo após o contato
com a vítima. O exame primário consiste em verificar:
27

• Se a vítima está consciente: que envolve observar se ela está acordada e


responsiva. Isso pode ser feito por meio de estímulos verbais, como perguntar
se ela está bem, ou por meio de estímulos físicos, como sacudir suavemente
os ombros.
• Se a vítima apresenta pulso: que é essencial para determinar se a vítima está
em parada cardiorrespiratória. Para isso, é possível verificar a frequência
cardíaca no pescoço ou no pulso.
• Qual o nível de obstrução das vias: que pode ser causado por alimentos,
objetos ou outros materiais. O nível de obstrução determinara o procedimento
a ser seguir.
• Se a vítima está respirando: que pode ser observada pela movimentação do
tórax ou pela presença de ruídos respiratórios. Se a vítima não estiver
respirando, é necessário iniciar o manejo adequado imediatamente.
Este exame deve ser feito em 2 minutos ou menos.

5- EXAME SECUNDÁRIO

De acordo com Soares (2013), o exame secundário é mais detalhado e visa


identificar lesões menos graves que possam ter sido ignoradas durante o exame
primário. Nessa fase, é possível obter informações mais precisas sobre o estado geral
da vítima e realizar o tratamento adequado. Consiste na verificação do:

Nível de consciência

Usa-se então, tanto o socorrista leigo, quanto o profissional de socorro, um


parâmetro para se medir e avaliar o nível de consciência da vítima chamado A.V.D.I
(Alerta, Voz, Dor e Inconsciência):
1. ALERTA: Quando a pessoa que presta o socorro nota que, ao tocar a vítima,
esta reage de uma forma instantânea e espontânea ao sinal do socorrista,
numa situação de trauma ou clínica, está se encontra na fase de alerta, ou fase
A. Isto significa que a vítima ainda tem em suas funções corporais e atividade
neurológica ativas, ou seja, o cérebro que sob risco, ainda está sendo suprido
de oxigênio e funcionando.
2. VOZ: Nota-se que, quando a vítima passa a não responder a estímulos
sonoros, como por exemplo ser chamada pelo nome, esta encontra-se na fase
V, ou seja, está num processo de perda de consciência, uma vez que a audição
é um dos últimos sentidos a se perder antes do cérebro ficar inconsciente.
28

3. DOR: Não havendo resposta aos estímulos sonoros, a vítima tem de ser
submetida ao teste da chamada fase D, isto é para perceber se a pessoa ainda
sente dores, o que indicaria um leve estado de consciência, o socorrista realiza
um movimento com uma das mãos fechadas friccionando-a na região da junção
de seus dedos, na região central do tórax da vítima. Esta, por sua vez, tentando
inibir o movimento do socorrista ou mesmo gesticulando ou demonstrando com
expressões faciais que o friccionar de seu tórax a incomoda, indica que ainda
sente dores. Caso não haja nenhum tipo de reação da vítima ao estímulo, deve-
se considerar a etapa seguinte.
4. INCONSCIÊNCIA: Nessa fase, a pessoa vitimada encontra-se totalmente
inconsciente, ou seja, não está havendo atividade cerebral em seu organismo.
Percebendo-se a inconsciência quando ela não reagiu a nenhum dos três
estímulos anteriores (alerta, voz e dor), o que é muito preocupante, uma vez
que o cérebro começa a ter danos irreversíveis a partir de 6 minutos sem
receber oxigênio.

Sinais vitais

• Respiração: é a medida da frequência respiratória, ou seja, o número de


respirações por minuto. A respiração pode ser observada pela movimentação
do tórax ou do abdômen. A frequência respiratória normal varia de 12 a 20
mrm/mim.
• Pulso: é a medida da frequência cardíaca, ou seja, o número de batimentos do
coração por minuto. O pulso pode ser aferido em diferentes locais, como no
pulso, no pescoço ou na virilha. A frequência cardíaca normal varia de 60 a 100
bpm/mim.
• Temperatura corporal: é a medida da temperatura do corpo, que pode ser
aferida na boca, axila, ouvido ou reto. A temperatura normal varia entre 36,5°C
e 37,5°C.
• Pressão arterial: é a medida da força exercida pelo sangue nas paredes das
artérias, que pode ser aferida com um aparelho chamado esfigmomanômetro.
A pressão arterial normal varia entre 120/80 mmHg e 140/90 mmHg.
É preciso, após a avaliação e devido preparo da cena, analisar a condição da
vítima de acidente ou mal clínico, para que se adote o procedimento adequado, de
acordo com o que a situação exige. Todos esses procedimentos devem ser efetuados
29

com o máximo de agilidade e exatidão possíveis, uma vez que o tempo é um fator
crucial para determinar ou não a sobrevivência, ou mesmo a recuperação sem
sequelas de uma vítima.

6 - O QUE NÃO FAZER

Em situações de acidente, é comum que as pessoas sejam tomadas pelo


pânico e fiquem sem saber como agir. No entanto, é importante ter em mente que
certas atitudes podem ser decisivas para salvar a vida de uma pessoa. Com Base em
Soares (2013), alguns exemplos de oque não fazer são:
• Abandonar a vítima de acidente: Quando você presenciar um acidente, é
importante permanecer no local e prestar assistência à vítima até que os
socorristas cheguem. Abandonar a vítima pode agravar seu estado de saúde e
colocar sua vida em risco.
• Omitir socorro sob pretexto de não testemunhar: É seu dever como cidadão
prestar socorro em uma situação de emergência, independentemente de ser
testemunha do acidente ou não. Omissão de socorro é crime e pode resultar
em punições legais.
• Tumultuar o local do acidente: Ao presenciar um acidente, mantenha a calma
e evite tumultuar o local. Não tire fotos ou vídeos do acidente, não crie
aglomeração desnecessária e não interfira no trabalho dos socorristas e
autoridades competentes.
• Deixar de colaborar com as autoridades competentes: É importante
colaborar com as autoridades competentes, fornecendo informações precisas
sobre o acidente e prestando assistência caso necessário. Não se recuse a
prestar informações ou atrapalhe o trabalho das autoridades.

3.4.3 Prontuário
Para garantir um atendimento de qualidade e registro preciso do histórico
médico do paciente, é fundamental que a documentação do procedimento de
desobstrução das vias aéreas seja feita corretamente. Segundo Filho & Schull (1996),
para isso devem ser registrados no prontuário do paciente:
• Data e horário do procedimento;
• Atitudes do paciente antes da obstrução;
• Tempo aproximado que levou para a desobstrução das vias aéreas;
30

• Tipo e tamanho do objeto removido;


• Sinais vitais do paciente após o procedimento;
• Complicações, se ocorreram, e atitudes de enfermagem tomadas;
• Tolerância do paciente ao procedimento.
Além disso, é importante incluir no prontuário a identificação do paciente,
informações sobre a obstrução das vias aéreas, detalhes das técnicas utilizadas para
desobstrução, medicações ou equipamentos utilizados, observações sobre a
condição respiratória do paciente e outras informações relevantes para a saúde do
paciente, como histórico médico prévio ou alergias, (Filho & Schull,1996).
A documentação adequada é importante “tanto para avaliar a evolução da
doença, como para defesa do profissional de saúde [...]” (Isabel, 2008), em caso de
litígios legais ou processos judiciais. Por isso, é importante que todos os detalhes
sejam registrados de forma clara e precisa no prontuário do paciente.

3.5 TÉCNICAS

3.5.0.1 OVACE Parcial


A obstrução leve das vias aéreas é uma situação que pode acontecer em
qualquer momento e com qualquer pessoa. É importante saber como agir diante
dessa situação para evitar que ela se agrave. Primeiramente, é essencial acalmar o
paciente e orientá-lo a realizar tosses vigorosas para tentar expelir o objeto obstrutivo.
Caso seja possível, é importante monitorar a oxigenação do paciente e, se necessário,
suplementar com oxigênio, (Araújo, 2019).
É importante ressaltar que, em casos de obstrução leve, “não se deve colocar
a mão na boca do paciente enquanto ele estiver nervoso”, pois isso pode agravar a
situação. É preciso agir com cautela e sempre manter a calma para ajudar o paciente
da melhor forma possível, (Araújo, 2019).
“Caso a obstrução seja causada por espinha de peixe, é possível retirar o objeto
com uma pinça”, (Araújo, 2019), mas é preciso ter cuidado para não o empurrar mais
para dentro da garganta. Por isso, é recomendado que se busque ajuda médica
sempre que possível.
Em suma, em casos de obstrução leve das vias aéreas, é fundamental manter
a calma e agir com cuidado e eficiência para ajudar o paciente.
31

3.5.1 Manobra de Helmich

Figura 3 - Passo a passo em uma manobra de Heimlich.

Fonte: https://vitat.com.br/manobra-de-heimlich/ Acessado em: 18 de fevereiro de 2023

A manobra de Heimlich, também conhecida como compressão abdominal, é


uma técnica de primeiros socorros utilizada para ajudar alguém que está engasgado
com um objeto preso em sua via aérea. Parafraseando Heimlich (1974), a manobra
tem como objetivo aplicar então “[...] uma compressão súbita e vigorosa dos pulmões
(que) aumentará a pressão do ar dentro da traqueia e da laringe e assim ejetará o
bolo ofensivo como a rolha de uma garrafa de champanhe”. Para realizar a manobra
em uma pessoa consciente, siga estes passos:
1. Fique atrás da pessoa e incline-a para frente. Coloque seus braços em torno
da cintura dela.
2. Feche uma das mãos em punho e coloque-a com o polegar voltado para
dentro da parte superior do abdômen da pessoa, logo abaixo das costelas e acima do
umbigo, na região chamada apêndice xifoide.
3. Segure seu punho com a outra mão e pressione rapidamente para dentro e
para cima, como se estivesse tentando levantar a pessoa.
4. Repita as compressões no abdômen até que o objeto seja expelido e a
pessoa possa respirar normalmente. Se a pessoa estiver inconsciente, deite-a de
costas e aplique compressões torácicas, alternando com as compressões abdominais,
até que o objeto seja expelido ou até que a ajuda médica chegue.
É importante realizar a Manobra de Heimlich logo nos primeiros sinais de
obstrução completa das vias aéreas. “Não se deve hesitar quanto a realização das
manobras por receio de causar danos internos, a asfixia obstrutiva gera hipóxia, o que
pode levar a consequências graves como a parada cardiorrespiratória e a morte”,
32

(Honorato et al, 2020). Conforme Honorato et al (2020), “após a realização da


manobra, a vítima deve ser examinada por um profissional de saúde, haja vista que
pode ter ocorrido algum dano interno durante realização do procedimento, como lesão
ou fratura do arco costal ou lesão de órgão interno”.

Henry Heimlich

A manobra de Heimlich foi desenvolvida pelo médico americano Henry Heimlich


em 1974, como uma técnica para ajudar pessoas que estão engasgadas com objetos
presos em sua via aérea. Na época, Heimlich era diretor do Departamento de Cirurgia
Torácica do Hospital Judaico de Cincinnati, em Ohio. Heimlich criou a técnica depois
de ler sobre um estudo que mostrava que muitas pessoas morriam engasgadas com
alimentos e outros objetos que bloqueavam suas vias respiratórias, e que os métodos
tradicionais de desobstrução de vias aéreas, como bater nas costas da pessoa ou
empurrar seu diafragma, nem sempre eram eficazes. Heimlich começou a testar
diferentes técnicas em modelos de manequins e em cães, até que desenvolveu a
manobra que leva seu nome. A técnica tornou-se amplamente utilizada em todo o
mundo como uma técnica de primeiros socorros para ajudar pessoas que estão
engasgadas. Desde então, a manobra de Heimlich tem salvado muitas vidas e foi
adotada em todo o mundo como um procedimento padrão de primeiros socorros para
desobstrução de vias aéreas, (FebraBom, 2018).

3.5.2 Remoção manual


Durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode visualizar corpos
estranhos e, se possível, removê-los manualmente. No entanto, é importante ressaltar
que a remoção manual só deve ser feita se o corpo estranho for visível e acessível.
Tentar remover um objeto que não pode ser visto pode piorar a situação, empurrando
o objeto ainda mais para dentro e aumentando a obstrução, (Vinícios, 2021).
A remoção manual ou extração digital, “consiste em abrir a boca da vítima
utilizando a manobra de tração da mandíbula ou a de elevação do mento e retirar o
corpo estranho com o indicador ‘em gancho’ [...]”, ou em pinça (indicador e médio),.
“Em recém-nascido e lactente, utilizar o dedo mínimo em virtude das dimensões
reduzidas das vias aéreas”, (Vinícios, 2021).
É importante ter cuidado ao inserir os dedos na boca da vítima, especialmente
em crianças e lactentes, para evitar empurrar o objeto para dentro ou causar mais
33

danos às vias aéreas. “Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver visível;
se não, está contraindicada a procura do material com os dedos”, (Vinícios, 2021).

Figura 4 – Realização de uma remoção manual.

Fonte: https://images.slideplayer.com.br/40/11122090/slides/slide_15.jpg. Acessado em: 10 de abril 2023

3.5.3 Técnica de tapotagem


A tapotagem é uma técnica de primeiros socorros utilizada para tentar
desobstruir as vias aéreas em caso de engasgamento. Para realizar a tapotagem, “[...]
deve colocar sua mão em forma de concha, ou seja, os dedos em adução,
promovendo movimento de flexo-extensão do punho entre a região omoplatas, pelo
menos quatro ou cinco vezes de maneira rítmica e alternada”, (Vinícios, 2021).

Figura 5 - Realização da técnica de tapotagem

Fonte: https://hmasp.eb.mil.br/index.php/parcerias-4/369-servico-de-fisioterapia-do-hmasp. Acessado em: 18


de fevereiro 2023
34

Ao realizar a técnica de tapotagem em crianças menores de um ano, é


importante que o profissional de saúde siga corretamente as instruções de
posicionamento da vítima. O uso do decúbito ventral na região do antebraço, com a
cabeça apoiada em uma das mãos do profissional, pode ajudar a estabilizar a criança
durante o procedimento. Além disso, o uso de dois dedos na região facial,
posicionando-os mais baixos que a região do tronco da vítima, pode proporcionar
maior segurança durante a aplicação das tapotagens entre as regiões escapulares. O
profissional também pode utilizar a região femoral como apoio para as mãos durante
o procedimento. Seguindo corretamente essas orientações, o profissional poderá
realizar a técnica de tapotagem de forma segura e eficaz em crianças, (Vinícios, 2021).
A tapotagem é uma técnica útil e pode ser essencial em situações de emergência para
salvar vidas.

3.5.4 Rolamento de 90º


A manobra de rolamento de 90º “consiste em lateralizar a vítima em monobloco,
trazendo-a do decúbito dorsal para o lateral, com o intuito de remover secreções e
sangue das vias aéreas superiores”. É importante ressaltar que, se a vítima já estiver
imobilizada com colar cervical e tábua, a manobra deve ser realizada com cuidado e
mediante a lateralização da própria tábua. Além disso, é fundamental manter o
controle cervical manual durante a realização da manobra, especialmente em casos
de suspeita de lesão na coluna vertebral, (Vinícios, 2021).

Figura 6 - Realização da técnica de rolamento de 90º

Fonte: https://wandersonmonteiro.wordpress.com/2017/04/06/%E2%AD%95-tecnica-de-rolamento-de-90o-
vitimas-em-decubito-dorsal/. Acessado em: 18 de fevereiro de 2023
35

3.5.5 Aspiração
Mediante um caso de OVACE por substâncias com aspecto mais fluido, como
sangue ou secreções, a aspiração é uma das medidas possíveis e “[...] pode ser
realizada ainda na cena do acidente, mediante uso de aspiradores portáteis, ou no
interior da ambulância, pelo uso de aspiradores fixos”, que devem ser capazes de
promover vácuos e fluxo adequado para a sucção efetiva da faringe. (Vinícios, 2021).

3.5.6 LifeVac
O LifeVac é um dispositivo aprovado pela ANVISA que pode ser utilizado em
casos de engasgamento, seu funcionamento é simples “ele suga o que está preso na
garganta de volta à boca. O dispositivo permite que qualquer pessoa, sem treinamento
prévio, possa socorrer alguém que esteja sufocando em poucos passos”, (Moreira,
2019).
Figura 7 - Utilização do LifeVac

Fonte: https://www.lifevac.com.br/. Acessado em: 18 feveiro de 2023

É importante lembrar que a primeira ação a ser tomada é perguntar à vítima


se ela está se engasgando e, caso consiga responder ou tossir, encorajá-la a tossir
para ajudar no desengasgo. Caso o objeto ainda esteja impedindo a respiração da
vítima, o LifeVac pode ser utilizado. Para utilizá-lo, pegue a máscara de acordo com
o tamanho da vítima, insira-a no dispositivo com um movimento de torção, posicione-
a sobre o nariz e a boca da vítima com a mão formando um "C" para vedar
completamente a área e pressione o cabo para baixo para comprimir a unidade. Puxe
o cabo rapidamente para cima, ao mesmo tempo que mantém a máscara firmemente
no lugar. Repita o processo até que o corpo estranho seja removido, (LifeVac, 2022).
36

O LifeVac pode ser usado, quando o socorrista tem conhecimento de primeiros


socorros, em conjunto com a manobra de Helmich obter resultados ainda mais
efetivos. Caso a vítima ainda não esteja respirando espontaneamente, interrompa a
manobra e utilize o LifeVac, (LifeVac, 2022).

3.6 MANEJOS

Existem diferentes abordagens para desobstruir as vias aéreas, as quais


variam de acordo com a natureza da obstrução e a idade da vítima. É importante
considerar a idade da pessoa afetada ao aplicar as manobras (Tabela 8), já que cada
faixa etária tem particularidades anatômicas e fisiológicas que exigem técnicas
específicas para garantir uma desobstrução adequada.
Portanto, é crucial estar bem informado sobre os procedimentos a serem
adotados em cada situação, visando sempre à segurança e saúde da pessoa
engasgada, no estudo de Lima et al (2018) “EDUCAÇÃO EM SAÚDE: Multiplicando
Informações em Suporte Básico de Vida”, o atendimento de alguém engasgando se
ramificam em cinco manejos, que variam de acordo com o estado de consciência da
vítima.

Tabela 8 - Relação de atendimento em relação a faixa etária.

Relação à pessoa atendida Relação à faixa etária


Recém-nascido 0 min a 04 h
Neonato 04 h a 28 dias
Lactante 28 dias a 01 ano
Criança 01 ano a 08 anos
Adulto ≥ a 08 anos
Adaptado de EDUCAÇÃO EM SAÚDE: Multiplicando Informações em Suporte Básico de Vida Disponível
em: //efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/http://joinville.ifsc.edu.br/~bibliotecajoi/arquivos/pi/enfermagem2018
/200688.pdf Acessado em: 18 de fevereiro de 2023
37

3.6.1 Manejo 01 - Recém-nascido, Neonato e Lactente:


Responsivos e Consciente
Em caso de engasgo em um recém-nascido, neonato ou lactente com menos de 01
ano de idade, é importante agir rapidamente para remover o objeto estranho das vias
aéreas.
Figura 8 - Passo 1: a tapotagem Passo 2: as compressões

Fonte: https://hemocord.com.br/como-socorrer-seu-bebe-se-ele-engasgar/.

Acessado em: 19 de fevereiro de 2023

• Se o objeto estiver visível na boca, é possível tentar a remoção com cuidado


usando o dedo mínimo.
• Acione imediatamente o serviço de emergência médica (192/193) enquanto
segue as outras instruções;
• Caso o objeto esteja preso nas vias aéreas e o bebê esteja apresentando
obstrução parcial e ainda esteja consciente, pode ser necessário realizar a
manobra de tapotagem e compressões torácicas.
• Realizar 05 tapotagens na região tóraco-dorsal (entre os ossos da escápula
mantendo a cabeça sempre mais baixa que o tronco) e 05 compressões
torácicas (massagem cardíaca) na linha abaixo do mamilo no centro do tórax,
as compressões torácicas são uma forma de massagem cardíaca que podem
ajudar a desalojar o objeto estranho das vias aéreas.
• Para realizar as compressões, coloque o bebê deitado de costas em uma
superfície firme, como uma mesa ou o chão, e use dois dedos para pressionar
levemente o centro do tórax, na linha abaixo do mamilo.
38

• Essas manobras só devem ser realizadas em caso de obstrução parcial e


quando o bebê ainda está consciente.

3.6.2 Manejo 01.1 - Recém-nascidos, Neonato e Lactente:


Inconsciente e Não Responsivas
Se você se deparar com um Recém-Nascido, Neonato ou Lactente (< de 01
ano) com OVACE inconsciente e não responsivo, siga as seguintes instruções:

Figura 9 - Realização de uma RCP em bebês < de 01 ano

Fonte: https://www.dechoker.com/blogs/news/choking-in-babies-kids-5-first-aid-tips-for-parents. Acessado em:


19 de fevereiro de 2023

• Acione imediatamente o serviço de emergência médica (192/193) enquanto


segue as outras instruções;
• Coloque o bebê em uma superfície plana e firme de costas;
• Checar sua responsividade, estimulando-a.
• Checar a respiração, observando se ela está ausente ou alterada, como em
casos de gasping, respiração lenta e irregular.
• Entrar com o protocolo de RCP, que consiste em realizar 30 compressões
torácicas seguidas de 2 ventilações com dispositivo para ventilar.
• Comprimir o tórax com os 2 dedos abaixo da linha mamilar, cerca de 4 cm de
profundidade, e dosar a força aplicada.
• Avaliar a pessoa a cada 2 minutos, checando o pulso carotídeo e braquial.
• Se não houver dispositivo para ventilar, comprimir o tórax por 2 minutos
contínuos.
39

• Continue a sequência de RCP até que o socorro médico chegue ou o bebê


apresente sinais de retorno de circulação espontânea.

3.6.3 Manejo 02 – Crianças: Consciente e Responsiva


É importante lembrar que a diferença de tamanho entre o adulto e a criança
requer que o socorrista se posicione atrás da criança. A técnica eleva o diafragma e
aumenta a pressão da via aérea forçando o ar dos pulmões, agindo como uma tosse
artificial para expelir o corpo estranho.
Figura 10 - Compressão torácica em criança maior de um ano, consciente e responsiva.

Fonte: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Manobras-de-Desengasgo. Acessado em: 21 de fevereiro de 2023

• Fechar uma das mãos e posicionar o dedo mínimo na cicatriz umbilical, com o
polegar voltado para o abdome;
• Colocar a outra mão sobre a primeira;
• Aplicar compressões rápidas e efetivas, movimentando para trás e para cima,
simulando a letra jota, dosando a força;
• Realizar as manobras até a saída do corpo estranho ou até a criança tornar-se
não inconsciente ou não responsiva;
• Importante que a criança seja avaliada pelo médico para descobrir a causa da
obstrução e oferecer oxigênio se necessário;
• Caso a criança torne-se não responsiva e desmaie durante a manobra, segurar
e apoiar sua perna entre as pernas da criança, segurando para que ela não
caia e bata a cabeça, preferencialmente no chão.
40

3.6.4 Manejo 02.1 – Crianças: Inconsciente e Não


Responsiva
Essas são algumas medidas que devem ser tomadas em caso de engasgo em
crianças inconscientes e não responsivas:
Figura 11 - Realização de uma RCP em criança inconsciente e não responsiva.

Fonte: https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/16346/mod_resource/content/1/un03/top01p02.html.
Acessado em: 21 de fevereiro de 2023

• Estimule a criança chamando-a e tocando-a pelos ombros para tentar fazê-la


tossir e expelir o objeto que está causando o engasgo.
• Cheque a responsividade da criança. Se ela estiver inconsciente, comece
imediatamente a RCP.
• Acione o serviço de emergência (192/193) imediatamente.
• Posicione a criança sobre uma superfície rígida e plana, preferencialmente no
chão, e inicie as compressões torácicas 30x2 com um atendente e 15x2 com
dois atendentes, com uma das mãos no centro do peito na linha mamilar.
• Se você não tiver um dispositivo para ventilar a criança, continue fazendo as
compressões torácicas por cerca de 02 minutos contínuos.
• Cheque o pulso da criança no braço ou na perna para determinar se ela está
tendo uma parada cardíaca.
• Mantenha as compressões no tórax a uma profundidade de cerca de 5 cm e
dosando a força aplicada.
• Abra as vias aéreas inclinando a cabeça e elevando o mento (queixo).
• Realize uma varredura da cavidade oral para remover o objeto se estiver
visível, com o dedo indicador e médio em forma de pinça e gancho, sem realizar
retirada de corpo estranho às cegas.
41

• Realize a ventilação caso você tenha um dispositivo para isso.


• Se o objeto for expelido ou ocorrer a passagem de ar (expansão torácica e
respiração espontânea), pare de aplicar a manobra de compressão torácica.
• Se a criança continuar engasgada, repita todo o ciclo de RCP.
• É importante que a criança seja avaliada por um médico para descobrir a causa
do engasgo e oferecer oxigênio se necessário.

3.6.5 Manejo 03 – Adulto: Consciente e Responsivo


Essas são algumas medidas que devem ser tomadas em caso de engasgo em
adultos:
Figura 12 - Passo a passo de uma compressão torácica em um adulto responsivo e cociente.

Fonte: https://www.clinicamarcosandrade.com/post/a-manobra-de-heimlich-salva-vidas-em-caso-de-engasgo.
Acessado em: 21 de fevereiro de 2023
• Peça à pessoa que fique em pé e que incline-se ligeiramente para frente. Isso
ajuda a facilitar a remoção do corpo estranho.
• Posicione-se atrás dela.
• Feche uma das mãos em forma de punho e posicione-a com o dedo mínimo na
cicatriz umbilical, mantendo o polegar voltado para o abdome, colocando a
outra mão sobre esta.
• realize as manobras de Heimlich rápidas e efetivas na região indicada, fazendo
movimentos para trás e para cima, simulando a letra jota.
• aplicando as compressões torácicas por cerca de 02 minutos contínuos,
comprimindo por cerca de 05 cm, dosando a força aplicada.
• Realize as manobras até a saída do corpo estranho, ou até o adulto tornar-se
inconsciente e irresponsivo.
• É importante que o adulto seja avaliado por um médico para descobrir a causa
do engasgo e oferecer oxigênio se necessário.
42

3.6.6 Manejo 03.1 – Adulto: Inconsciente e Não


Responsivo
Caso você se depare com um adulto inconsciente e não responsivo com
suspeita de OVACE, siga os seguintes passos:

Figura 13- Manobra adaptada para adultos inconscientes.

Fonte: https://palestrasaude.com.br/palestra-gratuita-de-primeiros-socorros/. Acessado em: 21 de fevereiro de


2023

• Chame o serviço de emergência (192 ou 193) imediatamente.


• Posicione a pessoa de costas sobre uma superfície firme e plana.
• Incline a cabeça da pessoa para trás e levante o queixo para abrir as vias
aéreas. Se houver algum objeto visível na boca, remova-o imediatamente,
usando os dedos indicador e médio em forma de pinça.
• Se a pessoa não estiver respirando, realize a manobra de desobstrução das
vias aéreas. Em adultos, a manobra deve ser realizada com as mãos,
posicionadas na metade inferior do esterno. Pressione com força na direção do
tórax, em direção ao diafragma, até que o objeto seja expelido.
• Se a manobra de desobstrução não funcionar e a pessoa continuar sem
respirar, inicie a ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Posicione as mãos no
centro do peito da pessoa, sobre o esterno, e pressione firmemente. O ritmo
das compressões deve ser de 30 compressões para 2 ventilações.
• Continue a RCP até que a pessoa recupere a respiração normal, ou até a
chegada da equipe médica de emergência.
• Se a pessoa recuperar a respiração, coloque-a em posição lateral de
segurança, inclinando a cabeça para trás para manter as vias aéreas abertas.
43

• Certifique-se de que a pessoa seja avaliada por um profissional de saúde para


determinar a causa da obstrução e para receber cuidados adicionais, se
necessário.

3.6.7 Manejo 04 – Adulto Obeso ou Gestante: Consciente


Responsivo
O procedimento para OVACE em gestantes ou obesos é semelhante ao
procedimento em adultos. No entanto, algumas modificações são necessárias para
garantir a segurança e eficácia da manobra.

Figura 14 - Manobra adaptada para obesos ou gestantes.

Fonte: https://www.sanarmed.com/obstrucao-de-vias-aereas-por-corpo-estranholigas. Acessado em: 21 de


fevereiro de 2023

• Peça à pessoa que fique em pé ou sentada e incline-se ligeiramente para


frente. Isso ajuda a facilitar a remoção do corpo estranho.
• Fique atrás da pessoa e coloque seus braços embaixo das axilas dela.
• Feche uma mão em um punho e coloque-a contra a porção média do esterno,
evitando as bordas das costelas e o processo xifoide
• Coloque a outra mão sobre a primeira mão e aplique pressão rápida e forte
para dentro e para cima, para expulsar o objeto estranho das vias respiratórias.
• Repita a manobra de Heimlich adaptada até que o objeto seja expelido ou até
que a pessoa comece a respirar normalmente, ou até a pessoa ficar
inconsciente.
44

• Se o objeto for expelido com sucesso, encoraje a pessoa a procurar


atendimento médico para garantir que não haja danos às vias aéreas ou outras
complicações.

3.6.8 Manejo 04.1 – Adulto Obeso ou gestante –


Inconsciente e Não Responsivo
Já em gestantes ou obesos inconscientes os procedimentos são:
• Verifique se a vítima está inconsciente e não responde a estímulos.
• Peça ajuda e chame uma ambulância imediatamente (192/193).
• Inicie a RCP realizando as compressões torácicas.
• Para gestantes, coloque a vítima de lado, de preferência sobre o lado esquerdo,
para evitar a compressão da veia cava inferior. Isso ajuda a garantir a
circulação sanguínea adequada para a placenta e para o feto.
• Para obesos, realize as compressões torácicas com mais força e pressão, pois
a gordura pode dificultar a penetração do ar.
• Localize o ponto correto para as compressões torácicas, posicionando suas
mãos no esterno, cerca de 2 dedos abaixo da linha das mamas.
• Faça as compressões torácicas de forma contínua, com uma frequência de 100
a 120 por minuto, até a chegada dos profissionais de saúde.
• Caso seja possível, verifique a presença de um objeto obstruindo as vias
aéreas da vítima. Se o objeto for visualizado e removido com segurança,
interrompa as compressões torácicas e observe se a vítima volta a respirar
normalmente. Se a vítima permanecer inconsciente e sem respiração, retome
a RCP até que a ajuda médica chegue.

3.6.9 Manejo 05 - Auto manobra de desobstrução –


Consciente e Responsivo
A manobra de desobstrução das vias aéreas, pode ser realizada por uma
pessoa em si mesma quando estiver sozinha e engasgada.
O passo a passo para realizar a auto manobra de desobstrução das vias aéreas
é o seguinte:

• Fique em pé e incline o tronco para frente.


45

• Coloque uma das mãos fechadas, com o polegar para dentro, na altura do
abdômen, um pouco acima do umbigo.
• Agarre com a outra mão o punho da mão que está na altura do abdômen.
• Faça pressão para dentro e para cima, com força, em direção ao tórax. A ideia
é criar uma pressão para que o objeto obstrutivo seja expelido.
• Utilize uma superfície rígida, como uma de cadeira, onde possa apoiar a mão
e com o peso do corpo realizar a compressão.
• Repita os movimentos até que o objeto seja expelido.
• Procurar atendimento médico para garantir que não haja danos às vias aéreas
ou outras complicações.

Figura 15 - Auto manobra

Fonte: https://questcpr.com/staying-alive-choking/. Acessado em: 21 de fevereiro de 2023

É importante lembrar que a manobra de desobstrução das vias aéreas deve ser
realizada somente em casos de OVACE completa.

3.7 CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS

Durante a realização de compressões torácicas, “se a vítima vomitar, é


importante que a boca seja limpa rapidamente com os dedos ou um pano para evitar
a aspiração do vômito para os pulmões”. No entanto, é importante notar que a
realização de “[...] compressões torácicas deve ser interrompida enquanto a boca da
vítima está sendo limpa”, (Filho & Schull,1996).
46

Além disso, “se as suas manobras não estiverem sendo eficazes, é importante
chamar imediatamente uma equipe de emergência médica e seguir as instruções do
atendente enquanto aguarda a chegada dos profissionais de saúde”, (Varella &
Jardim). A continuação das manobras sem sucesso pode indicar que algo está errado
com a técnica e pode até mesmo piorar a situação da vítima.

3.7.1 Complicações
Segundo Filho & Schull (1996), se não for tratado imediatamente a OVACE
pode levar a complicações graves, como:
• Lesão nas vias aéreas: Quando o objeto que está obstruindo as vias aéreas
é removido, pode haver danos nas vias respiratórias, como rasgos ou
hematomas, que podem dificultar a respiração no futuro.
• Asfixia: A falta de oxigênio pode levar a danos cerebrais e parada cardíaca,
que podem ser fatais.
• Infecção: Se a obstrução não for removida imediatamente ou por completo,
pode ocorrer infecção nos pulmões e vias respiratórias.
• Lesão cerebral: A falta de oxigênio para o cérebro pode levar a danos
cerebrais irreversíveis, que podem afetar a função cerebral e as habilidades
motoras.
• Parada cardíaca: A falta de oxigênio pode levar a uma parada cardíaca, o que
pode ser fatal se não for tratada imediatamente.
A remoção rápida e segura do objeto que está obstruindo as vias respiratórias
é a chave para prevenir complicações e salvar vidas.

3.8 PROFILAXIA

A OVACE ocorre quando um objeto estranho se aloja nas vias respiratórias,


obstruindo a passagem do ar para os pulmões. Esse tipo de situação é mais comum
em crianças pequenas, mas também pode ocorrer em adultos, principalmente em
idosos. É importante conhecer as medidas de prevenção para evitar que isso
aconteça. Conforme o SaveKids (2020), algumas dessas medidas são:
• Supervisão constante de crianças: crianças pequenas têm uma grande
curiosidade e colocam tudo na boca. Por isso, é importante supervisioná-las o
tempo todo, especialmente durante as refeições e durante brincadeiras com
objetos pequenos.
47

• Evite dar alimentos que possam causar engasgos: alimentos como uvas
inteiras, pipoca, nozes, sementes e pedaços grandes de carne podem causar
engasgos em crianças e idosos com facilidade. É importante evitar oferecê-los
ou cortá-los em pedaços menores para reduzir o risco de OVACE.
• Evitar Conversar enquanto come: falar durante as refeições aumenta o risco
de engasgos, já que a fala interfere no processo de mastigação e deglutição.
Ensine a criança a comer sentada e com a boca fechada. Isso ajudará a
prevenir que a criança tente falar e comer ao mesmo tempo.
• Aprenda a técnica de primeiros socorros para OVACE: se você tem
crianças pequenas ou idosos em casa, é importante aprender técnicas de
primeiros socorros, uma vez que a má conduta durante uma situação de
emergência pode ser fatal.
• Não correr ou brincar enquanto come: é importante evitar correr ou brincar
enquanto come, pois isso aumenta o risco de engasgos. Sentar-se e mastigar
devagar para ajudara na digestão e reduzira o risco de OVACE.
• Mantenha objetos pequenos longe do alcance de crianças: é importante
manter objetos pequenos, como moedas, brinquedos pequenos e botões, fora
do alcance de crianças pequenas. Esses objetos podem facilmente ser
engolidos e causar engasgos.
• Ter os devidos cuidados para com o local onde o bebê irá dormir: para
garantir a segurança do sono dos bebês, é importante utilizar berços
certificados pelo Inmetro com grades de proteção fixas e distância entre elas
menor do que 6cm, colchão firme preso ao berço sem embalagem plástica e
sem a presença de brinquedos, travesseiros, cobertores e protetores. Além
disso, é recomendado que os bebês durmam de barriga para cima e adultos
evitem dormir com bebês, mas caso optem por dividir a cama, devem remover
objetos macios e evitar o uso de bebidas.
• Evite comer e beber enquanto dirige: comer e beber enquanto dirige
aumenta o risco de engasgos, o que pode ser especialmente perigoso
enquanto se está ao volante. É importante evitar essa prática para reduzir o
risco de OVACE.
Ao seguir essas medidas de prevenção, é possível reduzir significativamente o
risco de OVACE e garantir a segurança das pessoas. No entanto, é importante lembrar
48

que mesmo com todas as precauções, acidentes podem acontecer. Por isso, é
importante conhecer a técnica de primeiros socorros para OVACE e agir rapidamente
em caso de emergência.

4 CONCLUSÃO
Tendo em vista os aspectos observados, concluiu-se que a OVACE (Obstrução
das vias aéreas por corpos estranhos) seria a oclusão parcial (leve) ou total (grave)
das vias respiratórias, que, consequentemente, comprometeria o ciclo respiratório do
indivíduo. Se essa obstrução se tornar completo, ocorre agravamento da dificuldade
respiratórias, cianose, e perda da consciência. Em pouco tempo o oxigênio disponível
nos pulmões será utilizado, e, como a obstrução de vias aéreas impede a renovação
de ar, ocorrerá à perda de consciência, e, rapidamente, à morte.
O cuidado preventivo de OVACE tem como público-alvo as crianças, por serem
uma das principais vítimas de morte por aspiração de corpos estranhos, pela
curiosidade e reflexos de levar tudo à boca por desconhecer os riscos, e nos idosos,
que muitas das vezes ocorre de um processo mastigatório ineficiente pelo uso de
próteses dentárias inadequada e de pedaços de fragmentos soltos da mesma.
A primeira atitude a ser tomada do local do acidente é avaliar os riscos, e, se
houver algum perigo eminente, solicitar e aguardar a chegada de socorro
especializado. Logo, o treinamento em primeiros socorros torna se fundamental
nesses casos, uma vez que, uma pessoa devidamente capacitada adquire dentre as
técnicas de primeiros socorros, as características de encarar lucidamente e com
tranquilidade as situações adversas de um acidente, onde pessoas não treinadas
perdem o controle emocional, colaborando assim, para um aumento de risco tanto
para as vítimas, quanto para ela própria. Saber o reconhecimento precoce da
obstrução de vias aéreas é indispensável para o sucesso no atendimento.
49

REFERÊNCIAS
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em 16 de Outubro de 2022, disponível em
https://reme.org.br/artigo/detalhes/1364#:~:text=Os%20acidentes%2C%20de%20aspira%C3
%A7%C3%A3o%20de,asfixia%2C%20causando%20hip%C3%B3xia%20na%20crian%C3%A
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São Paulo, SP, Brasil: Saraiva. Acesso em 17 de Fevereiro de 2023

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50

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51

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52

Glossário

A
Abdome: Parte inferior do tronco situado entre o tórax, do qual está separado pelo
diafragma, e a pequena bacia. A cavidade do abdome (cavidade abdominal)
contém a maior parte do aparelho digestório, do aparelho urinário e dos órgãos
genitais internos.
Adução: (1) Movimento pelo qual um membro ou um seguimento de membro é
aproximado do eixo mediano do corpo. (2) Ação de trazer, conduzir.
Afasia: Alteração ou perda da capacidade de expressar-se por meio da voz, da escrita
ou por sinalização, ou impossibilidade de compreender a linguagem falada ou
escrita, em decorrência de uma disfunção dos centros celebrais.
Agitação: Todo e qualquer aumento da atividade motora que evolui
desordenadamente. Pode estar associada a uma excitação mental.
Angústia: Estado de mal-estar geral, físico e psíquico que se manifesta por distúrbios
neovegetativos: rubor ou palidez, suores ou secura das mucosas, taquicardia ou
bradicardia, palpitação e nos casos estremos, angor espasmos digestivos,
tremores etc.
Ansiedade: Sensação de mal-estar psíquico caraterizado pelo temor de um perigo
eminente real ou imaginário
Antebraço: Parte do membro superior compreendida entre o cúbito e o punho..
Apneia: Parada temporária da respiração.
Arco: Designação genérica de estrutura curva.
Asfixia: Condição causada pelo aporte insuficiente de oxigênio.
Atelectasia: Condição em que os pulmões de um feto permanecem colados após o
parto; ou quando o pulmão entra em colapso e fica sem ar.

B
Braquial: Relativo ao braço.
Broncoscopia: Procedimento em que o especialista utiliza um tubo iluminado para
olhar dentro dos tubos respiratórios grandes e com o qual pode detectar certas
doenças e retirar amostras para exames.

C
Carótida: Principal artéria do pescoço.
Cianose: Coloração azulada da pele, resultante da má oxigenação do sangue.
Cinemática: Ramo da mecânica que estuda os movimentos.
Colapso: Retração anormal das paredes de um órgão.
53

Colar Cervical: Funciona como imobilizador da coluna cervical, usado como


imobilização provisória em emergências e no pós-operatório de algumas
patologias cervicais.
Coluna Vertebral: Um dos elementos estruturais do corpo mais importantes, constitui
o eixo em torno do qual se ordenam outras partes essenciais do corpo.
Convulsão: Paroxismos de contrações e relaxamentos involuntários musculares.
Corpo Estranho: Todo material encontrado no corpo e que normalmente ali não
deveria estar.
Costal: Que é relativo à costela.
Cruz Vermelha Internacional: É uma organização humanitária global fundada em
1863 por Henry Dunant. Seu objetivo é proteger a vida e a dignidade das vítimas
de conflitos armados e outras situações de violência, bem como prestar
assistência humanitária em todo o mundo.

D
Decúbito Dorsal: Posição na qual o paciente fica com a região lombar e torácica
posterior encostada na mesa do exame.
Decúbito Lateral: Posição na qual o paciente está de lado na mesa do exame; pode
ser lateral esquerdo ou direito.
Decúbito Ventral: Posição na qual o paciente fica com o abdome encostado na mesa
do exame.
Dedo Médio: Terceiro dedo em relação ao polegar.
Dedo Mínimo: Quinto dedo em relação ao polegar, também conhecido como
mindinho.
Dedo Indicador: Fica entre o polegar e o dedo médio, o segundo em relação ao
polegar.
Deglutição: Ato de engolir o bolo alimentar, fazendo com que o mesmo chegue até o
estômago.
Diafragma: Musculo que separa o tórax do abdômen, imprescindível tanto no
processo respiratório como no circulatório.
Digital: Referente aos dedos.
Disfonia: Dificuldade de falar.
Dispneia: Dificuldade de respirar.

E
Engasgo: Entrada de uma pequena porção de alimento ou liquido na traqueia
provocando sensação súbita de sufocação e intenso desconforto respiratório,
54

podendo ser acompanhado de tosse. O engasgo com alimentos é comum e pode


levar à morte por asfixia; a atenção deve ser redobrada em crianças.
Epidemiologia: Estudo da distribuição e dos determinantes dos estados e eventos
relacionados à saúde.
Epiglote: Lâmina situada no limite posterior da cavidade bucal e que tem função de
válvula, impedindo a migração da alimentos ou de outros corpos estranhos para
traqueia.
Epiglotite: Inflamação da epiglote.
Escápula: Osso triangular localizado na região posterior do tórax.
Estertor: Ruído respiratório que não se ouve à auscultação no estado de saúde, ruído
respiratório agonizante.
Etiologia: Estudo das causas da doença.

F
Faringe: Tubo musculomembranoso que se estende da base do crânio ao esôfago.
Femoral: Relativo ao fêmur ou à coxa.
Fricção: Ação de atritar o corpo, parcial ou totalmente, sob as formas de massagem
ou de aplicação de medicamento de ação local.

G
Garganta: Espaço compreendido entre o palatino e a entrada do esôfago. Em sentido
amplo, compreende a laringe, a faringe, o grupo de músculos que intervêm na
deglutição, os arcos palatinos e a base da língua.
Gasping: Também conhecida como respiração agônica, é o padrão respiratório
caracterizado por uma respiração ineficaz, com movimentos de curta duração,
ruidosos e espasmódicos

H
Hemoptise: Hemorragia da membrana mucosa do pulmão; expectoração de sangue.
Hiperinsuflação: pulmão está muito insuflado (distendido), pode ser relacionado a
uma inspiração profunda, biotipo ou doença pulmonar obstrutiva crônica, como
enfisema.
Hipoxia: diminuição do teor de oxigênio do sangue, podendo causar alterações do
padrão respiratório e da coloração da pele até alterações do nível de
consciência.

L
Laringe: Conduto aerífero interposto entre faringe, acima, e a traqueia, abaixo,
localizada na parte mediana e anterior do pescoço.
55

Lesão: Qualquer modificação de uma estrutura orgânica diferente de uma afecção ou


de uma doença, sendo dela a causa ou a consequência letal que provoca a
morte.

M
Mandíbula: Osso que constitui sozinho todo esqueleto da maxila inferior.
Mento: Porção inferior e média da face, saliente, e que se localiza abaixo do lábio
inferior.
Movimento de flexo-extensão: É um movimento angular que ocorre em articulações
em que um osso é dobrado em direção a outro (flexão) e depois estendido
novamente à sua posição inicial (extensão).

N
Náusea: Vontade de vomitar, seguida ou não de vômito.

O
Omoplata: Osso largo, delgado e triangular que forma a parte posterior do ombro;
escápula.
Orofaringe: Parte mediana da boca e da faringe que é limitada pelo véu palatino.

P
Palidez: (1) Quem não tem cor; descorado, lívido. (2) de uma cor amarelada doentia;
habitualmente usa-se com referencia ao aspecto da pele.
PCR: Parada cardiorrespiratória.
Pneumotórax: Entrada de ar na cavidade pleural, tornando a pressão neste local
positiva e causando distúrbios da dinâmica respiratória.

Q
Quadro Clínico: O conjunto das manifestações mórbidas objetivas e subjetivas
apresentadas por um doente.

R
Radiografia: Exame que usa radiação ionizante para colher imagens de áreas
internas do organismo.
RCP: Reanimação cardiorrespiratória.
Regurgitação: Volta de um líquido em sentido contrário, como o vômito sem esforço
que se verifica nos lactantes.
Rubor: Palavra latina que significa “vermelhidão”, sendo um dos sinais de inflamação.
56

S
Sibilo: Um assobio agudo durante a respiração.
Síncope: Perda súbita da consciência, desmaio, que geralmente é breve,
apresentando um estado de morte aparente devido à cessação momentânea das
funções cerebrais.
Sintomatologia: Estudo dos sintomas e do seu conjunto.

T
Tomografia: Exame bem detalhado por meio de raios X, em que se pode ter uma
idéia tridimensional do corpo humano.
Tórax: Parte do corpo em que se encontram importantes órgãos como a traqueia, os
pulmões, os pulmões, o coração e o esôfago.
Tosse: Reflexo fisiológico (de defesa) complexo e que pode também ser reproduzido
voluntariamente. Consiste em uma inspiração profunda com fechamento da
glote, seguida de uma expiração brusca, sacudida e barulhenta, destinada a
expulsar das vias respiratórias toda substância que irrita ou que entrava a
respiração.
Traqueia: Tubo cartilaginoso e membranoso que se estende da laringe aos brônquios
principais.
Tronco: Torso; compreende o pescoço, o tórax e a abdome

V
Virilha: Região localizada nos dois lados do corpo na união da face anterior da coxa
e da parede anterior do abdome.

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