Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Claudio Buss 1
A ASSEMBLÉIA DE JERUSALÉM
(At 15,1-35)
O texto que estamos para afrontar narra uma das passagens fundamentais da Igreja das
origens. A importância da Assembléia de Jerusalém é devida à sua posição estratégica (se
encontra ao centro dos Atos dos Apóstolos), sobretudo pelo seu conteúdo. No c. 11,19-20
Lucas narra que os dispersos à causa da perseguição em ocasião da morte de Estêvão
“espalharam-se até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a Palavra, senão a judeus.
Havia entre eles, porém, alguns cipriotas e cireneus. Estes, chegando a Antioquia, falaram
também aos gregos, anunciando-lhes a Boa Nova do Senhor Jesus”.
Temos aqui muitas coisas importantes:
1. A primeira quanto à cidade de Antioquia, que aquista sempre um peso maior; a segunda
é que próprio em Antioquia nascem as primeiras comunidades mistas, compostas de judeus e
gregos. Em At 10 Lucas conta a história de Cornélio, um pagão convertido à fé cristã – porém,
este poderia representar uma exceção; em At 11, a expansão da Palavra chega ao ponto em
que nascem comunidades mistas e Antioquia torna-se o centro do fenômeno cristão.
2. O problema que vem discutido em Jerusalém, nasce propriamente em Antioquia, e é
natural que surja em um lugar onde as comunidades mistas tornam-se sempre mais importantes
e que constituem uma articulação fundamental da passagem da Palavra a outros lugares.
Esta grande Assembléia aconteceu em Jerusalém nos anos 48-49 d.C.
a. Nela é debatido o problema da necessidade da imposição dos ritos da lei judaica aos
pagãos recém-convertidos, em particular, a obrigação da circuncisão, sinal de presença ao
povo da Aliança e de submissão a Deus;
b. Depois da primeira evangelização dos pagãos, a questão se apresenta aos representantes
da Igreja é a seguinte: a circuncisão deve ser uma prática obrigatória também para os cristãos
que foram redimidos por Cristo e que já vivem no momento escatológico? * Por parte dos
convertidos do judaísmo, a vida cristã, sem as obrigações da Lei, devia ser considerada
relaxada demais e com o perigo de prejudicar a própria continuidade entre o Antigo e o Novo
Testamento.
• São os judeu-cristãos da Judéia que visitam a Igreja de Antioquia os que fazem estourar o
problema, criticando asperamente o hábito de não impor a circuncisão aos pagãos que se
convertem, de acordo com a atuação dos cipriotas e dos cireneus que fundaram a
comunidade (11,20).
Atos dos Apóstolos – 2020.2 – Faculdade Dehoniana – Prof. P. Claudio Buss 2
principais autoridades, vem escrita uma carta oficial. Enfim, Lucas apresenta uma
assembléia plenária com caráter de pronunciamento de decisões universais vinculantes.
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO:
• v. 10: com a frase “agora, pois”, que tem valor conclusivo, declara que impor as práticas
da Lei aos pagãos seria “provocar” Deus e desafiá-lo. Com isso Pedro afirma que os
preceitos rituais do judaísmo não podem ser impostos aos incircuncisos.
• Lucas constrói um discurso de Pedro com uma linguagem paulina: a justificação se
obtém mediante a fé e não pela Lei.
• O testemunho de Barnabé e Paulo, que relatam os milagre e os prodígios operados por
Deus entre os pagãos, aceitos na Igreja sem a imposição da circuncisão (v. 12), dá crédito
às palavras de Pedro.
A CARTA APOSTÓLICA