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DA ONCOLOGIA
PEDIÁTRICA
BRASIL, VOLUME 1, Nº1, AGO. 2021
EDITORIAL
Neste ano, o Instituto Desiderata lança o primeiro Panorama de Na classificação por tipo de câncer, o diagnóstico preciso dos casos Outro aspecto importante no cuidado do câncer infantojuvenil é
Oncologia Pediátrica no Brasil, trazendo informações regionais e ainda é um desafio no país, onde 8,1% dos diagnósticos foram clas- o acesso ao tratamento oncológico. Nas regiões Norte e Centro-
estaduais sobre o perfil do câncer infantojuvenil, o acesso ao tra- sificados como neoplasias não especificadas no RCBP. Nos Estados Oeste, observamos o maior deslocamento de usuários em busca de
tamento e o monitoramento da informação no país. Ao reunir, em Unidos, esse valor é inferior a 1%. assistência em estados fora da região de residência. São essas regi-
um mesmo documento, as informações de um país com dimensões ões que também possuem o menor número de serviços habilitados
Em relação ao diagnóstico histopatológico, um importante indica-
continentais como o nosso, temos a oportunidade de refletir sobre o e médicos com habilitação em oncologia pediátrica. São Paulo é o
dor positivo do grau de certeza de um tumor, o cenário nacional é
estágio em que estamos e iluminar onde é preciso atuar para dimi- estado que mais recebe crianças e adolescentes vindas de outros
melhor: 88,9% dos casos do Registro Hospitalar de Câncer tiveram
nuirmos as disparidades regionais a fim de alcançarmos mais chan- estados para o tratamento de câncer: 70,4%.
a confirmação microscópica – sendo o maior percentual na região
ces de cura.
Norte (91,4%) e o menor no Centro-Oeste, (81,5%). Entre os estados, No âmbito nacional, a maioria (75%) das variáveis obrigatórias para
Este Panorama foi construído com o apoio técnico de profissionais o percentual mais baixo foi observado em Goiás (36,7%) e os maiores preenchimento no Registro Hospitalar de Câncer apresentaram com-
da Fundação do Câncer, do Instituto Nacional de Câncer e da Inicia- (100%), em Amapá e Roraima. pletude considerada excelente. Para a variável sobre o estadiamento
tiva Global da Organização Mundial da Saúde para o Câncer Infantil (variável 28b)1, não conseguimos acessar os dados para análise.
na América Latina e Caribe. Também contamos com a colaboração Outro ponto em destaque é o alto índice de tratamento de adolescen-
O Instituto Desiderata acredita que o acesso à informação de quali-
de especialistas da área, que trazem reflexões sobre o cenário atual tes em hospitais não habilitados: 43% dos pacientes entre 15 e 19 anos
dade é fundamental para guiar estratégias em prol do aumento das
e perspectivas futuras sobre o câncer infantojuvenil no Brasil. foram tratados em hospitais sem habilitação em oncologia pediátrica,
chances de cura para crianças e adolescentes brasileiros. Neste sen-
em desalinho com as orientações nacionais e internacionais, que indi-
As análises foram realizadas com os dados mais atuais disponibili- tido, temos o compromisso de elaborar e publicar bienalmente da-
cam o tratamento em centros especializados para esse público.
zados nos sistemas de informação sobre mortalidade, os dados po- dos relativos ao câncer infantojuvenil neste Panorama da Oncologia
pulacionais, dados de estabelecimento de saúde, registros de câncer A mortalidade por câncer segue o mesmo padrão: a maior taxa espe- Pediátrica, com a expectativa de que este seja um instrumento que
de base hospitalar e populacional. As informações analisadas são até cífica é entre os adolescentes (51,1/milhão), seguida de crianças de 0 oriente a formulação de políticas públicas equânimes, visando a me-
o ano de 2019, não refletem o impacto da pandemia de Covid-19, que a 4 anos (46,9/ milhão). Nas faixas etárias de 5 a 9 e 10 a 14, os valores lhores resultados e maiores chances de cura para todas as crianças
só poderá ser mensurado nas próximas edições. são próximos: 37,9 e 37,1 por milhão, respectivamente. e adolescentes brasileiros.
No território brasileiro, existem trinta Registros de Câncer de Base Outro dado que merece destaque é a mortalidade por raça/cor. No Boa leitura!
Populacional (RCBP) ativos e três em fase de implantação. Os dados Brasil, as taxas mais altas são de crianças e adolescentes indígenas:
sistematizados nesses centros subsidiam o planejamento e a avalia- 67,7 por milhão. Na região Norte, a taxa chega a 86,8 óbitos por mi-
ção de programas de prevenção e controle do câncer, e a qualidade lhão. Cabe destacar que a mortalidade geral de câncer infantojuvenil 1
A classificação 28b é usada para sistemas de estadiamento diferentes do TNM e para os casos com
das informações coletadas é fundamental nesse processo. do país no período analisado é de 43,4 por milhão. idade menor ou igual a 18 anos
Equipe editorial: Anna Carolina Cardoso, Carolina Motta, Claudia Bezerra, Michele G. da Costa e Roberta Costa Marques
Colaboradores: Alfredo Scaff, Karina de Cássia Braga Ribeiro e Rejane de Souza Reis.
Projeto gráfico e infografia: Refinaria Design
Instituto Desiderata
http://desiderata.org.br | desiderata@desiderata.org.br
O CÂNCER INFANTOJUVENIL NO BRASIL
POPULAÇÃO INFANTOJUVENIL (0 - 19 ANOS) E ESTIMATIVA ATENDIMENTO INFANTOJUVENIL dez. 2020.
DE INCIDÊNCIA ANUAL DE CÂNCER NAS REGIÕES.
Brasil, 2020
NÚMERO DE SERVIÇOS RAZÃO DE MÉDICOS COBERTURA
Fontes: IBGE, 2021; INCA, 2019.
HABILITADOS EM ONCOLOGISTAS PEDIÁTRICOS DE ATENÇÃO
Estimativa de novos casos ONCOLOGIA PEDIÁTRICA POR 1 MILHÃO DE CRIANÇAS BÁSICA
BRASIL: 8.460 Norte
6.739.990
E ADOLESCENTES
Taxa bruta: 138,44/milhão
630
População Nordeste
infantojuvenil 18.556.439 BRASIL: 75 BRASIL: 5,2/milhão BRASIL: 76,08%
Novos casos 2.190
Nota: não incluso os serviços de hematologia. 89,9% do total de médicos
Centro-Oeste oncologistas pediátricos atendem no SUS.
4.797.707
640 Sudeste
23.195.158
3.690 3
3/milhão
Sul 73,62%
7.867.041 14
SÉRIE TEMPORAL DE MORTALIDADE POR CÂNCER
3,3/milhão
INFANTOJUVENIL, SEGUNDO REGIÕES, BRASIL E 1.310
ESTADOS UNIDOS 87,1%
por 1 milhão de crianças e adolescentes 2000-2019
5
Fontes: IBGE, 2021; Sistema de Informações sobre Mortalidade, 2021;
SEER, National Cancer Institute, 2021.
2,3/milhão
60
72,96% 37
55
7,3/milhão
50
68,9%
45
40
16
35
7,1/milhão
30
25
79,53%
20
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
Fonte: Portaria nº 1399 de 17/12/2019; IBGE, 2021; Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde; Secretaria de Atenção
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste Brasil EUA Primária à Saúde/MS. jun-2021.
TRÊS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTALIDADE INFANTOJUVENIL NO BRASIL MORTALIDADE POR CÂNCER INFANTOJUVENIL ENTRE MENINOS E MENINAS,
(1-19 anos), 2015-2019 por 1 milhão de crianças e adolescentes, 2015-2019.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade, 2021. Fontes: IBGE, 2021; Sistema de Informações sobre Mortalidade, 2021.
39,2
Causas externas de Neoplasias Doenças do
morbidade e mortalidade (tumores) sistema nervoso Meninos
51,1
46,9
PRINCIPAIS TIPOS DE CÂNCER INFANTOJUVENIL REGISTRADOS
37,9 37,1 no Registro de Câncer de Base Populacional 2008-2016 (%)
Fonte: Registro de Câncer de Base Populacional, MS/INCA/Divisão de Vigilância e Análise de Situação, 2021.
46,2
44,2
34,8 35,3
0a4 5a9 10 a 14 15 a 19
SEGUNDO RAÇA/COR
Fontes: CENSO IBGE, 2010; Sistema de Informações sobre Mortalidade, 2021.
Nota: a categoria “Negro” corresponde a somatória de pretos e pardos.
67,6
12,1
45,4 11,3
39,2 43,4 8,3 7,7
Taxa geral de
mortalidade
por câncer
10,5 infantojuvenil
para todos Leucemias e Tumores do Sistema Tumores sólidos Não especificada
os grupos linfomas Nervoso Central
Branca Negra Amarela Indígena Masculino Feminino
ACESSO AO TRATAMENTO
CASOS ATENDIDOS EM HOSPITAIS NÃO HABILITADOS EM ONCOLOGIA DESLOCAMENTO DOS USUÁRIOS DE 0-19 ANOS SEGUNDO REGIÃO
PEDIÁTRICA, SEGUNDO FAIXA ETÁRIA, DE RESIDÊNCIA PARA LOCAL DE TRATAMENTO ONCOLOGICO,
Brasil, 2010 a 2017 (n 41.017) Brasil, 2010 a 2017 (41.017).
Fonte: Integrador RHC, 2021, casos analíticos.
Fonte: Integrador RHC, 2021, casos analíticos.
% Ficam na região
16,3%
PRINCIPAIS RAZÕES PARA NÃO INICIAR O TRATAMENTO 95,8%
no Brasil, 2010-2017.
2,9%
Fonte: Integrador RHC, 2021, casos analíticos sem tratamento anterior.
2,9%
(n=2.818)
83,2% 15%
Nota:
39,5% Sem Informação Existe deslocamento 1,1%
em todas as regiões,
mas na apresentação 99,3%
gráfica optamos
em colocar valores
maiores de 1% para 1,4%
facilitar a visualização.
23,5% Óbito
98,5%
(n= 41.017) 16,6% Outras razões ESTADOS QUE MAIS RECEBEM USUÁRIOS DE
0-19 DE OUTROS ESTADOS PARA TRATAMENTO
Brasil, 2010 a 2017
11,1% Tratamento realizado fora
7% UF n %
SÃO PAULO 1236 70,4
4,8% Doença avançada, falta de
condições clínicas ou DISTRITO FEDERAL 211 12,0
outras doenças associadas
93%
PARANÁ 67 3,8
Não se aplica, pois 2,6% Abandono
iniciaram o tratamento ESPÍRITO SANTO 55 3,1
1,6% Recusa
0,3% Complicações
MONITORAMENTO DA INFORMAÇÃO
DISTRIBUIÇÃO DE REGISTRO DE CÂNCER DE BASE CASOS DE CÂNCER INCOMPLETUDE DE VARIÁVEIS OBRIGATÓRIAS
POPULACIONAL NO BRASIL INFANTOJUVENIL Brasil, 2010 a 2017 (41.017).
Fonte: Integrador RHC, 2021, casos analíticos
Fonte: Registro de Câncer de Base Populacional, MS/INCA/Divisão de Vigilância e Análise de Situação, 2021. REGISTRADOS NOS HOSPITAIS
RCBP ativos: 30 Brasil, 2010-2018.
RCBP em fase se implantação: 3 Fonte: Integrador RHC, 2021, casos analíticos. INFORMAÇÃO CLASSIFICADA COMO EXCELENTE¹
RORAIMA
Em fase de
<5% sem informação em todas as variáveis
implantação 2010
RR
AP Em fase de 5.071
implantação • Sexo
TERESINA • Localização do tumor primário
FORTALEZA 2011 • Tipo histológico
PA BELÉM
AM MANAUS 5.227 • Primeiro tratamento recebido no hospital
MA
CE
Em fase de RN NATAL • Base mais importante do diagnóstico
implantação PI PB JOÃO PESSOA
PALMAS • Data do início do tratamento
PE RECIFE 2012
AC
TO AL ALAGOAS 5.133 • Data do diagnóstico
RONDÔNIA RO SE ARACAJU • Diagnóstico e tratamento anteriores
BA SALVADOR
MATO GROSSO (INTERIOR) • Principal razão para não iniciar o tratamento
MT
CUIABÁ 2013
Associação de Combate DF DISTRITO FEDERAL
ao Câncer de Goiás
GO
5.375
POÇOS DE CALDAS Nota: Não conseguimos os dados sobre o Estadiamento (variável 28b) para análise da incompletude.
MG
BELO HORIZONTE
CAMPO GRANDE MS ES ESPÍRITO SANTO
SP
2014 INFORMAÇÃO CLASSIFICADA COMO RUIM (20 A 50%)
RJ ANGRA DOS REIS 5.340 % “sem informação”
CURITIBA PR SANTOS
DRS BARRETOS
SÃO PAULO
FLORIANÓPOLIS SC CAMPINAS-SMS
2015
JAHU Estado da doença
PORTO ALEGRE RS 5.176 ao final do primeiro 44,9%
tratamento