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EB70-CI-11.

462

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

CADERNO DE INSTRUÇÃO
PROCEDIMENTOS EM LOCAL
DE ACIDENTE DE TRÂNSITO E ILÍCITOS
OCORRIDOS EM ÁREA MILITAR

1ª Edição
2021
EB70-CI-11.462
EB70-CI-11.462

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES

CADERNO DE INSTRUÇÃO
PROCEDIMENTOS EM LOCAL
DE ACIDENTE DE TRÂNSITO E ILÍCITOS
OCORRIDOS EM ÁREA MILITAR

1ª Edição
2021
EB70-CI-11.462
EB70-CI-11.462

PORTARIA COTER/C Ex Nº 111, DE 5 DE OUTUBRO DE 2021


EB: 64322.015493/2021-65

Aprova o Caderno de Instrução Procedimentos


em Local de Acidentes de Trânsito e Ilícitos
Ocorridos em Área Militar (EB70-CI-11.462),
1ª Edição, 2021, e dá outras providências.

O COMANDANTE DE OPERAÇÕES TERRESTRES, no uso da atri-


buição que lhe conferem os incisos II e XI do art. 10 do Regulamento do Comando
de Operações Terrestres (EB10-R-06.001), aprovado pela Portaria do Comandante
do Exército nº 914, de 24 de junho de 2019, e de acordo com o que estabelece
os Art. 5º, 12º e 44º das Instruções Gerais para as Publicações Padronizadas do
Exército (EB10-IG-01.002), aprovadas pela Portaria do Comandante do Exército
nº 770, de 7 de dezembro de 2011, e alteradas pela Portaria do Comandante do
Exército nº 1.266, de 11 de dezembro de 2013, resolve:

Art. 1º Fica aprovado o Caderno de Instrução Procedimentos em Local


de Acidentes de Trânsito e Ilícitos Ocorridos em Área Militar (EB70-CI-11.462),
1ª Edição, 2021, que com esta baixa.

Art. 2º Esta portaria entrará em vigor e produzirá efeitos a partir


de 1º de novembro de 2021.

Gen Ex MARCO ANTÔNIO FREIRE GOMES


Comandante de Operações Terrestres

(Publicado no Boletim do Exército nº 41, de 15 de outubro de 2021)


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FOLHA REGISTRO DE MODIFICAÇÕES (FRM)

NÚMERO ATO DE PÁGINAS


DATA
DE ORDEM APROVAÇÃO AFETADAS
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ÍNDICE DE ASSUNTOS
Pag

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
1.1 Finalidade …………………………….................………………….…….. 1-1
1.2 Considerações Iniciais ……………………………………...……............ 1-1
1.3 Pressupostos Básicos ……………………………………………............ 1-2

CAPÍTULO II - CONCEITOS JURÍDICOS


2.1 Ato Ilícito ………………………………………...…………………………. 2-1
2.2 Crime Militar ……………………………………………………………...... 2-1
2.3 Flagrante Delito ……………………………………………………………. 2-1
2.4 Prisão …………………………………………………………………....…. 2-2
2.5 Crimes Permanentes ……………………………………………………... 2-2
2.6 Medidas Preliminares …………………………………………………....... 2-2

CAPÍTULO III - PROCEDIMENTOS EM LOCAIS DE ACIDENTES COM


VIATURAS
3.1 Considerações Gerais ......................................................................... 3-1
3.2 Procedimentos em Acidentes com Viatura Militar sem Vítimas ........... 3-2
3.3 Procedimentos em Acidentes com Viatura Militar com Vítimas ........... 3-3

CAPÍTULO IV - PROCEDIMENTOS EM LOCAIS DE ILÍCITOS EM ÁREA


MILITAR
4.1 Considerações Gerais.......................................................................... 4-1
4.2 Crimes Contra a Pessoa (Homicídio ou Tentativa de Homicídio) ........ 4-1
4.3 Autoeliminação (Suicídio) .................................................................... 4-3
4.4 Morte Natural ....................................................................................... 4-5
4.5 Crime Contra o Patrimônio .................................................................. 4-5
4.6 Locais de Incêndio ............................................................................... 4-8
4.7 Locais de Explosão .............................................................................. 4-11
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4.8 Ocorrências com Material Entorpecente .............................................. 4-12
4.9 Ocorrências com Material de Informática ............................................ 4-13

ANEXO A - CHECKLIST PROCEDIMENTOS EM ACIDENTES COM


VIATURAS SEM VÍTIMAS ......................................................................... A-1

ANEXO B - CHECKLIST PROCEDIMENTOS EM ACIDENTES COM


VIATURAS COM VÍTIMAS ........................................................................ B-1

ANEXO C - CHECKLIST PROCEDIMENTOS EM CRIMES CONTRA


A PESSOA ................................................................................................. C-1

ANEXO D - CHECKLIST AUTO ELIMINAÇÃO ......................................... D-1

ANEXO E - CHECKLIST LOCAL DE INCÊNDIO ...................................... E-1

ANEXO F - CHECKLIST CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO .................. F-1

ANEXO G - CHECKLIST LOCAL DE EXPLOSÃO .................................... G-1

ANEXO H - CHECKLIST OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS ENTOR-


PECENTES ................................................................................................ H-1

ANEXO I - CHECKLIST OCORRÊNCIAS COM MATERIAL DE INFOR-


MÁTICA ...................................................................................................... I-1
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO

1.1 FINALIDADE
1.1.1 O presente Caderno de Instrução tem por finalidade orientar os militares
do Exército Brasileiro no que tange aos procedimentos em local de acidente de
trânsito e ilícitos ocorridos em área militar.
1.1.2 O conteúdo tem por objetivo apresentar técnicas, táticas e procedimentos
(TTP) atualizados sobre procedimentos em local de acidente de trânsito e ilícitos
ocorridos em área militar, servindo de base para o adestramento e emprego de
frações do Exército Brasileiro.

1.2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS


1.2.1 O Comandante da Organização Militar é a Autoridade de Polícia Judiciária
Militar da OM. Este, por sua vez, pode delegar seus poderes a um representante
legal (Presidente de um Auto de Prisão em Flagrante Delito, Encarregado de
Inquérito Policial Militar, Encarregado de Diligências - Art 7º CPPM).
1.2.2 O Oficial de Dia é o representante legal do Comandante nos dias e horários
sem expediente, devendo estar em condições de efetuar prisões em flagrante
delito de agentes de fatos criminosos que ocorram durante o serviço.
1.2.3 Os Aspirantes a Oficial são Praças Especiais e, em virtude disso, não devem
ser responsáveis pela lavratura de auto de prisão em flagrante delito.
1.2.4 A preservação de um local de crime e a apuração da infração penal são obri-
gações da Autoridade de Polícia Judiciária Militar ou de os representantes legais.
1.2.5 A correta preservação do local de crime é fundamental para a elucidação da
dinâmica do evento em apuração. Tal medida, se negligenciada, poderá acarretar
prejuízos irreparáveis à investigação decorrente.
1.2.6 O isolamento / proteção de local tem por objetivo manter as evidências na
situação do encontro, tornando assim o local idôneo até a chegada dos peritos.
1.2.7 O dever de preservação do local é de todos os militares, mesmo os não
dotados de poder de polícia judiciária militar, principalmente o primeiro militar que
chega ao Local do Crime, sendo que o mesmo após providenciar o isolamento e a
preservação do local, deverá dar ciência à Autoridade Militar, a qual deverá adotar,
a partir de então, todas as providências criminalísticas consideradas essenciais
para a perpetuação da prova, visando dessa forma impedir que se altere o estado
das coisas a fim de que a Perícia possa buscar, identificar e analisar os elementos

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necessários à elucidação dos fatos e determinação da autoria.
1.2.8 Nas infrações que deixam vestígios, é fundamental a realização dos exames
periciais.
1.2.9 A não preservação do Local do Crime caracteriza a prática de crime de
inobservância da Lei, Regulamento ou Instrução, capitulado no Art. 324 do CPM.
1.2.10 O desfazimento do local não inviabiliza a realização da perícia criminal.
Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão
as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
1.2.11 É de fundamental importância para a validação da prova pericial que a
Autoridade de Polícia Judiciária Militar ou representante legal inicie e acompanhe
o processo de Cadeia de Custódia até o respectivo laudo gerado, sendo que a
responsabilidade de manutenção da idoneidade processual é compartilhada a
todos os agentes envolvidos.

1.3 PRESSUPOSTOS BÁSICOS


1.3.1 LOCAL DE CRIME
- É toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração de delito
e que, portanto, exija as providências da polícia.
1.3.2 CORPO DE DELITO
- É o objeto sujeito ao exame pericial. É o conjunto de vestígios materiais direta-
mente relacionados com o fato delituoso.
1.3.3 PERÍCIA
- É um exame realizado no corpo de delito, ou no conjunto de vestígios materiais
relacionados com o fato, e que, para tanto, exige conhecimentos específicos, téc-
nicos e científicos a fim de comprovar a veracidade de certo fato ou circunstância.
1.3.4 PROVA
- É o conjunto de meios para averiguar a verdade dos fatos, esclarecer qualquer
dúvida sobre um ponto relevante da questão, com objetivo de formar a convicção
do juiz. As provas podem ser: testemunhais, documentais e periciais.
1.3.5 VESTÍGIO
- É todo elemento material encontrado em local de crime que pode ou não estar
interligado aos fatos delituosos.
1.3.6 INDÍCIO
- É todo elemento material encontrado em local de crime que necessariamente
está ligado ao fato delituoso.

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1.3.7 LAUDO PERICIAL
- É um documento formal, escrito, elaborado pelo perito, que relata o resultado do
exame de corpo de delito, na exposição da prova material. Compreende descrição,
exames, pesquisas, investigações e diligências realizadas.
1.3.8 CADEIA DE CUSTÓDIA
- No contexto legal, refere-se à documentação cronológica ou histórico que re-
gistra a sequência de custódia, controle, transferência, análise e disposição de
evidências físicas ou eletrônicas.

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CAPÍTULO II
CONCEITOS JURÍDICOS

2.1 ATO ILÍCITO


2.1.1 Conforme define o Código Civil em seu Art. 186, o ato ilícito é todo aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.
2.1.2 Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.

2.2 CRIME MILITAR


2.2.1 DEFINIÇÃO
2.2.1.1 Em linhas gerais o termo Crime pode ser definido como um fato típico, ou
seja, que está tipificado em lei como crime, e ilícito.
2.2.1.2 Os crimes militares são todos aqueles que estão tipificados no Código
Penal Militar.
2.2.2 QUEM CONCORRE
- Conforme o Art. 9º do CPM, podem cometer crime militar:
a) o militar da ativa;
b) o militar da reserva ou reformado; e
c) o civil.

2.3 FLAGRANTE DELITO


2.3.1 A PRISÃO
- A prisão em flagrante ocorre quando é presenciada ou constatada, a ocorrência
de um ato ilícito, estando o autor em estado de flagrância ou em “flagrante delito”.
2.3.2 OCORRÊNCIA
- Nos termos do Art. 244 do Código de Processo Penal Militar (CPPM), considera-
-se em flagrante delito aquele que:
a) é encontrado cometendo infração penal;
b) acaba de cometê-la;

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c) quando, após a prática da infração penal, seja perseguido dentro de um tempo
bem próximo ao tempo da infração, não importando por quanto tempo dure a
perseguição, desde que não haja solução de continuidade; e
d) quando for encontrado, num prazo compatível com as circunstâncias de cada
caso, com instrumentos, objetos, material ou papéis que façam presumir ser ele
o autor ou partícipe do ato delituoso.

2.4 PRISÃO
2.4.1 A prisão em flagrante poderá ser efetuada em qualquer dia, hora e local
e, se necessário, podendo-se penetrar em qualquer casa em que se encontre
o infrator (Art. 5º, inciso XI da Constituição Federal). Porém, recomenda-se que
seja observado o disposto nos art. 231 a 233 do CPPM e que não haja dúvida
da situação de flagrância.
2.4.2 Na prisão em flagrante, a captura se caracterizará pela simples voz de prisão.

2.5 CRIMES PERMANENTES


- Os crimes permanentes são aqueles cuja consumação se prolonga no tempo
(o sequestro e o cárcere privado, por exemplo), considerar-se-á o agente em
flagrante delito, até que cesse a atividade criminosa.

2.6 MEDIDAS PRELIMINARES


2.6.1 As medidas preliminares devem ser adotadas tão logo se verifique indícios
de prática de infração penal.
2.6.2 AS MEDIDAS PRELIMINARES SÃO (Art.12 do CPPM):
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação
das coisas, enquanto necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator; e
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e das cir-
cunstâncias.

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CAPÍTULO III
PROCEDIMENTOS EM LOCAL DE ACIDENTES COM VIATURA

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS


3.1.1 Todos os militares estão sujeitos a se depararem com um local de acidente
envolvendo uma viatura militar.
- É dever do motorista militar condutor e do Chefe de Viatura realizarem os pro-
cedimentos necessários para preservar a vida, garantir a segurança, a fluidez
do trânsito em caso de acidentes sem vítima, a correta preservação do local em
casos que hajam vítimas e a preservação da imagem da força junto à população
e aos outros órgãos.
3.1.2 FINALIDADES DO CAPÍTULO
a) Proporcionar orientações técnicas acerca das condutas que devem ser adotadas
em um local de acidente com viatura militar (com ou sem vítimas);
b) Mostrar a influência que os corretos procedimentos em um local de acidente
com viatura militar exercem sobre o trabalho pericial e investigativo e, consequen-
temente, na correta imputação de responsabilidade;
c) Descrever os procedimentos corretos que devem ser adotados em local de
acidentes com viatura (com ou sem vítimas); e
d) Contribuir para o desenvolvimento da mentalidade de preservação de locais,
segurança e preservação da imagem da Força.
3.1.3 OBJETIVO
- O objetivo é sistematizar procedimentos, responsabilidades e atribuições que
garantam o desenvolvimento e a execução de ações relacionadas aos procedi-
mentos de acidente com viatura militar e outras atividades correlatas que criem
condições favoráveis para os processos apuratórios e a correta imputação de
responsabilidade.
3.1.4 PRESSUPOSTOS BÁSICOS
- Para que sejam realizados os procedimentos adequados, é necessário conhecer
os seguintes pressupostos básicos:
a) a correta preservação do local de acidente com viatura que envolva vítimas é
fundamental para a elucidação da dinâmica do evento em apuração. Tal medida, se
negligenciada, poderá acarretar prejuízos irreparáveis à investigação decorrente;
b) É dever do condutor, se não houver nenhuma vítima, retirar os veículos da
via, pois bloquear a passagem é uma contravenção média passível de multa,
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conforme Art 178 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB);
c) Conforme a IG 20-20, é obrigatória a realização dos exames periciais em
local de acidente de viatura, mesmo que o local tenha sido desfeito;
d) Mesmo que o perito criminal militar tenha comparecido ao local, não ficam
suprimidas as partes envolvidas no acidente de registrarem o Boletim de Ocor-
rência; e
e) Qualquer militar poderá se deparar com um local de acidente envolvendo
viatura, devendo esse e os envolvidos procederem de forma correta no tocante
aos procedimentos necessários.

3.2 PROCEDIMENTOS EM ACIDENTES COM VIATURA MILITAR SEM VÍTIMAS


- AÇÕES ADOTADAS
a) Estabelecer a segurança da via com a correta sinalização do local;
1) Ligar o pisca-alerta e posicionar o triângulo de sinalização a uma distância
de, no mínimo, 30 metros;
2) Para aumentar a segurança, deve-se observar a velocidade máxima da via,
posicionando o triângulo a uma distância proporcional de um metro para cada
quilômetro por hora;
3) Em caso de chuva ou neblina, essa distância deve ser dobrada. Esses pro-
cedimentos garantirão a segurança dos envolvidos no acidente e, principalmente,
que novos acidentes não ocorram pela falta de sinalização; e
4) Observar a Resolução 36/98 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran)
que define as corretas distâncias de sinalização. Órgãos de apoio podem ser
acionados para prestar os apoios necessários, ligando para 190 (Polícia Militar)
ou 191 (Polícia Rodoviária Federal).
b) Em caso de Incêndio ou derramamento de fluido de veículo: não tentar remo-
ver os veículos, sinalizar o local com prejuízo do tráfego e acionar o Corpo de
Bombeiros, ligando para 193;
c) Em caso de queda de poste de energia elétrica com risco de descargas elétricas
nos veículos: não tentar remover os veículos, sinalizar o local com prejuízo do
tráfego e acionar a companhia de energia elétrica local;
d) Verificar as condições de saúde e a necessidade de atendimento médico dos
envolvidos;
e) Não havendo vítimas, fotografar o local do acidente (fotos dos ângulos do
acidente);
f) Providenciar a retirada dos veículos da via, de forma a garantir a fluidez do

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tráfego. Observar o artigo 178 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB);
g) O motorista e o Chefe de Viatura devem preencher a ficha de acidente da viatura
com atenção ao croqui do local, anotar os dados dos envolvidos e, se possível,
os dados de testemunhas não envolvidas no acidente, registrando as placas dos
veículos envolvidos, nomes, identidades, endereços e contatos telefônicos ou
e-mail de todos;
h) O Chefe de Viatura deve entrar em contato com o responsável da unidade,
informando detalhadamente o fato ocorrido e solicitando a presença dos peritos
criminais militares e o devido apoio no local;
i) Após a chegada dos peritos, as informações detalhadas devem ser passadas
para que sejam iniciados os exames periciais necessários;
j) Após os exames, as partes devem confeccionar o Boletim de Ocorrência;
k) Os envolvidos devem ser avisados que a Unidade do militar envolvido abrirá
um processo administrativo apuratório e que o militar responsável entrará em
contato para informar os procedimentos a serem adotados;
l) Em nenhum momento, a viatura militar deverá ser abandonada ou desguarneci-
da, e na impossibilidade de o veículo seguir rodando em segurança até a OM mais
próxima, deve ser seguido o protocolo da OM para acionamento de guincho; e
m) Em todo o momento, os militares devem resguardar a imagem da força junto
aos envolvidos e a população local.

3.3 PROCEDIMENTOS EM ACIDENTES COM VIATURA MILITAR COM VÍTIMAS


3.3.1 AÇÕES ADOTADAS
a) Estabelecer a segurança da via com a correta sinalização do local:
1) Ligar o pisca-alerta e posicionar o triângulo de sinalização a uma distância
de, no mínimo, 30 metros;
2) Para aumentar a segurança, deve-se observar a velocidade máxima da via,
posicionando o triângulo a uma distância proporcional de um metro para cada
quilômetro por hora;
3) Em caso de chuva ou neblina, essa distância deve ser dobrada. Esses pro-
cedimentos garantirão a segurança dos envolvidos no acidente e, principalmente,
que novos acidentes não ocorram pela falta de sinalização; e
4) Observar a Resolução 36/98 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran)
que define as corretas distâncias de sinalização. Órgãos de apoio podem ser
acionados para prestar os apoios necessários, ligando para 190 (Polícia Militar)
ou 191 (Polícia Rodoviária Federal);

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b) Em caso de Incêndio ou derramamento de fluido de veículo: não tentar remo-
ver os veículos, sinalizar o local com prejuízo do tráfego e acionar o Corpo de
Bombeiros, ligando para 193;
c) Em caso de queda de poste de energia elétrica com risco de descargas elétricas
nos veículos: não tentar remover os veículos, sinalizar o local com prejuízo do
tráfego e acionar a companhia de energia elétrica local;
d) Verificar as condições de saúde e a necessidade de atendimento médico dos
envolvidos. Acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) por
meio do telefone 192 ou o serviço de saúde mais próximo, independentemente
da gravidade. É dever do condutor prestar socorro às vítimas de acidentes, desde
que seja possível fazê-lo sem risco pessoal. Deixar de fazê-lo é crime previsto no
Art 281 do Código Penal Militar;
e) Providenciar a correta preservação do local, com prejuízo da fluidez do tráfego.
Até a chegada da autoridade policial e dos peritos criminais militares. Observar
o Art 339 do Código de Processo Penal Militar;
f) O motorista e o chefe de viatura devem preencher o livro de acidente da viatura
com atenção ao croqui do local, anotar os dados dos envolvidos, as placas dos
veículos envolvidos e os contatos telefônicos ou e-mail;
g) O chefe de viatura deve entrar em contato com o responsável da unidade,
informando detalhadamente o fato ocorrido e solicitando a presença dos peritos
criminais militares e o devido apoio no local;
h) Após a chegada dos peritos, as informações detalhadas devem ser passadas
para que sejam iniciados os exames periciais necessários;
i) Após os exames, as partes devem confeccionar o Boletim de Ocorrência;
j) Os envolvidos devem ser avisados que a Unidade do militar envolvido abrirá um
processo administrativo apuratório e que o militar responsável entrará em contato
para informar os procedimentos a serem adotados;
k) Em nenhum momento, a viatura militar deverá ser abandonada ou desguarneci-
da, e na impossibilidade de o veículo seguir rodando em segurança até OM mais
próxima, deve ser seguido o protocolo da OM para acionamento de guincho; e
l) Em todo o momento, os militares devem resguardar a imagem da força junto
aos envolvidos e a população local.
3.3.2 PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS A SEREM ADOTADOS COM VÍTIMA
a) Fazer contato com a vítima, com todo o cuidado para não a assustar, impedindo
assim movimentos bruscos, principalmente com a cabeça, segurando-a e pres-
sionando a região das orelhas, na posição em que ela estiver - seja de bruços,
de lado, sentada ou na posição anatômica - até a chegada do socorro;

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b) Com o objetivo de verificar o nível de consciência, deve-se manter contato com
a vítima, através de perguntas simples e diretas como: “Você está bem? Qual é
seu nome? O que aconteceu? Você sabe onde está?”;
c) Sempre informar ao acidentado tudo que está sendo feito para ajudá-lo. Dessa
forma, as chances de ele ser receptivo aos cuidados aumentam;
d) Dar atenção à vítima ouvindo às queixas e respondendo às perguntas sem
mentir ou dar informações que causem grande impacto ou discussões, deve-se
mantê-la calma;
e) Verificar se o cinto de segurança está dificultando a respiração do acidentado.
Neste caso, e só neste caso, deve soltá-lo, sem movimentar o corpo da vítima;
f) Caso a vítima tenha uma hemorragia externa, deve-se fazer a compressão do
ferimento, diretamente sobre ele, com uma gaze ou pano limpo. Serão necessárias
luvas estéreis e descartáveis para a proteção, de forma a evitar a contaminação.
Só deve realizar tal procedimento caso se sinta seguro para isso;
g) Caso a vítima já esteja fora do veículo, deve-se procurar um local seguro e que
seja protegido contra frio, sol ou chuva para que a mesma aguarde a chegada
do socorro; e
h) Não se deve fazer com uma vítima de acidente:
1) movimentá-la
2) retirar capacetes de motociclistas;
3) aplicar torniquetes para estancar hemorragias (deve ser feito somente por
profissionais capacitados e, em caráter de exceção, anotando a hora em que foi
realizado); e
4) dar algum líquido para a vítima tomar ou alimentos comida para comer.

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CAPÍTULO IV
PROCEDIMENTOS EM LOCAIS DE ILÍCITOS EM ÁREA MILITAR

4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS


4.1.1 Tomando como base o Art 158 do Código de Processo Penal:
“Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.”

4.1.2 Assim ocorrendo um fato de natureza delituosa, culposa ou acidental,


deve-se preservar e isolar este local de crime. Neste cenário encontrar-se-ão
vestígios que, por meio de uma correta análise e interpretação, será possível a
elucidação do caso.

4.2 CRIMES CONTRA A PESSOA (HOMICÍDIO OU TENTATIVA DE HOMICÍDIO)


4.2.1 DEFINIÇÕES
4.2.1.1 Os crimes de homicídio são os que causam maior repercussão e exigem
uma série de providências da Autoridade Policial. Podem ser de natureza Dolo-
sa, quando o agente quis produzir o efeito, ou Culposa, quando o agente não
desejava produzir o efeito.
a) Em ambos os casos, o Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD) deverá
ser lavrado. Até em situações em que o militar tenha cometido o homicídio em
legítima defesa (para evitar, por exemplo, uma invasão ao quartel) a lavratura do
APFD poderá ser realizada.
b) Porém, nesta situação, aconselha-se a abertura de Inquérito Policial Militar (IPM)
e a consulta ao Ministério Público Militar (MPM) a fim de verificar a possibilidade
de o indiciado responder ao inquérito em liberdade.
4.2.1.2 Quando um homicídio ocorrer em um Próprio Nacional Residencial (PNR)
ocupado, não caberá à Justiça Militar apurar o crime, uma vez que, quando ocu-
pado, o PNR passa a ser de responsabilidade do cessionário, e não da Adminis-
tração Militar. Dessa forma, o crime será de competência da Justiça Comum,
com exceção do homicídio que envolvam dois militares dentro do referido imóvel.
4.2.2 PROCEDIMENTOS BÁSICOS
4.2.2.1 O primeiro militar a se deparar com uma cena de crime de homicídio de-
verá, inicialmente, determinar que o agente da ação delituosa coloque a arma (ou
instrumento do crime) sobre o solo e, em seguida, mantê-lo sob custódia. Assim

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que estiver com a situação sob controle, deverá solicitar apoio dos militares de
serviço e realizará um deslocamento em linha reta até a vítima. Somente um
militar deverá efetuar este deslocamento.
- Os demais, caso existam, devem permanecer atentos ao infrator. Esta medida
visa, também, o início adequado da preservação da cena do crime.
4.2.2.2 Verificar se a vítima apresenta sinais vitais (somente isso). Em caso
positivo, iniciar as medidas básicas de suporte à vida (proteger o ferimento,
estancar a hemorragia e evitar o choque). Em horários de expediente, deverá
solicitar o acionamento imediato da equipe de saúde da Unidade. A vítima é a
MAIOR PRIORIDADE nesse tipo de local. Caso o homicídio ocorra em horários
sem expediente, deverá analisar, rapidamente, se possíveis ações de remoção
da vítima poderão agravar ainda mais o estado de saúde dela. SFC, acionar um
socorro de emergência. Caso verifique que a vítima não apresenta sinais vitais,
retornará pelo mesmo itinerário realizado anteriormente.
- Nessa ocasião, o militar fará uma verificação visual nas adjacências do local do
crime a fim de verificar a existência de outras evidências no local, e deverá agir
conforme o item acima.
4.2.2.3 Não se deve retirar o cadáver do local e nem limpar a cena do crime.
Alguns militares alegam terem lavado uma cena de crime no intuito de não im-
pressionar o restante da tropa. Isso é uma adulteração do local de crime e será
relatado no laudo.
- SFC, deve-se aumentar a área de isolamento, de forma que ninguém tenha
contato visual com a vítima.
4.2.2.4 Não se deve manusear o armamento que efetuou o tiro. Deve-se deixá-lo
sobre o solo da maneira como foi encontrado. Alguns militares realizam os pro-
cedimentos de segurança no armamento para evitar acidentes. Tal medida será
desnecessária se o local estiver isolado (sem a presença de curiosos) e guarnecido
por uma sentinela. A posição dos registros de segurança do armamento é impor-
tante para a caracterização do crime cometido. Deverá providenciar o isolamento
do local do crime. Todos os acessos devem ser interrompidos. Qualquer material
poderá ser utilizado (cordas, bancos, tábuas etc).
- O importante é caracterizar a interdição do local.
4.2.2.5 Caso esteja chovendo, deve-se proteger o cadáver e a cena do crime da
melhor maneira possível (montar uma tenda ou estender uma lona sobre o local,
por exemplo). Não se deve permitir o trânsito de pessoas de maneira desorde-
nada no local de crime. Quando da chegada do médico para atestar o óbito, o
acesso deve ser realizado pelo mesmo itinerário realizado pelo primeiro militar
que chegou na cena do crime.

4-2
EB70-CI-11.462
- O mesmo se aplica ao Comandante da OM, embora seja desaconselhável que
o mesmo adentre na área isolada.
4.2.2.6 A lavratura do APFD do autor da ação delituosa deve ser iniciada caso ele
tenha sido encontrado na cena do crime. Caso não tenha sido identificado, iniciar
a busca pelo aquartelamento, uma vez que o autor ainda estará em situação de
flagrante delito.
4.2.2.7 Não permitir que o autor do delito tome banho ou lave as mãos até a che-
gada dos peritos criminais que deverão colher resíduos de pólvora na epiderme do
mesmo. Tal exame depende da autorização do preso para ser realizado. Realizar
a apreensão das vestes (farda) do autor do crime.
- Este material também pode conter resíduos de pólvora e devem ser periciados.
Não permitir que os familiares da vítima, caso compareçam ao quartel, tenham
acesso à cena do crime. Isso poderá prejudicar a preservação do local e com-
prometer a correta elucidação dos fatos. Solicitar a remoção do corpo da vítima
para o serviço de medicina legal.
4.2.2.8 Os procedimentos descritos anteriormente iniciam com a chegada do pri-
meiro militar na cena do crime, porém, é fundamental que os Oficiais e Sargentos
assumam a condução dos trabalhos com a maior brevidade possível. O Oficial
de Dia é o representante legal do Poder de Polícia do Comandante da OM na
ausência desse.
4.2.2.9 A sequência das ações descritas poderá sofrer pequenas alterações.
Contudo, a execução dos procedimentos, independentemente de uma sequência
rígida, é o mais importante.

4.3 AUTOELIMINAÇÃO (SUICÍDIO)


4.3.1 DEFINIÇÕES
4.3.1.1 O suicídio não se caracteriza como um crime contra a pessoa, mas instigar,
auxiliar ou induzir alguém a cometê-lo corresponde ao tipo penal previsto no Art
207 do CPM se a vítima, de fato, põe fim à sua vida.
- Por outro lado, o militar poderá ser responsabilizado se, ao tentar o suicídio (sem
sucesso), ocasionar danos a outras pessoas ou a instalações do aquartelamento.
4.3.1.2 O perito criminal, até finalizar os exames no local, não poderá afirmar que
a extinção de uma vida foi ocasionada por homicídio, suicídio, acidente ou morte
natural, e dependerá, em muitos casos, de exames laboratoriais complementares.
4.3.1.3 Os suicídios ocorridos no interior de PNR ocupado, da mesma forma como
foi explicado no crime de homicídio, são de competência da Justiça Comum, uma

4-3
EB70-CI-11.462
vez que o imóvel está sob a administração do cessionário e não da Militar.
4.3.2 PROCEDIMENTOS BÁSICOS
a) Deverá proceder conforme especificado no item homicídio. Porém, um local de
suicídio apresenta características particulares e as observações abaixo devem
ser alvo de muita atenção por parte dos militares que irão preservar a cena.
b) A vítima, no intuito de ter sucesso na autoeliminação, poderá se trancar em uma
instalação. Tal iniciativa fará com que o militar que chegue ao local seja impelido,
por exemplo, a arrombar a porta da referida dependência.
1) Se isso ocorrer, a Autoridade Policial e o Perito de Local devem ser informa-
dos. Da mesma forma, é natural que a vítima produza uma carta onde justificará os
motivos de ter retirado a própria vida. Geralmente, tal carta é deixada de maneira
exposta ou são colocadas, por exemplo, em um dos bolsos do uniforme (ou das
vestes). NÃO MANIPULAR TAL MATERIAL.
2) Ao subtrair da cena tal vestígio, o militar estará dificultando os exames
grafotécnicos que poderiam ser realizados no mesmo. Vale ressaltar que o papel
é um excelente suporte para impressões digitais e, dessa forma, o militar (por
curiosidade) irá sobrepor as impressões digitais.
c) O instrumento utilizado para cometer o suicídio deve ser mantido no local (pode
ser uma arma, uma faca, uma corda, um veneno, um remédio de uso controla-
do etc). Tanto o perito de local quanto o Médico Legista analisarão as lesões e
as ligações diretas com o instrumento utilizado, e ajudará na determinação da
dinâmica do evento.
- Em nenhuma hipótese deve-se limpar os ferimentos existentes no cadáver.
Tal atitude, se realizada, poderá dificultar a visualização dos efeitos secundários
do tiro, que permitem que o perito possa avaliar a distância em que foi efetuado
o disparo.
d) Geralmente, nos suicídios perpetrados com arma de fogo, os tiros são reali-
zados com a arma encostada ou a curta distância. Em casos de enforcamento,
uma das formas de asfixia, será necessária, caso a vítima esteja viva, retirá-la
da amarração realizada para prestar-lhe o socorro.
e) Caso seja preciso cortar a corda ou outro material utilizado à guisa de corda,
as amarrações superiores e o pedaço que estava asfixiando a vítima deverão ser
guardados. Isso permitirá que o perito analise a confecção do nó e que possa
avaliar se a vítima estava em suspensão total no momento do enforcamento.
f) É natural neste tipo de morte que a vítima, nos momentos que antecedem a
ação, suba em uma escada ou em uma cadeira e depois a derrube a fim de que
a amarração realizada comece o processo de asfixia.

4-4
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g) O militar deve deixar esses objetos da forma como foram encontrados, salvo se
necessitar usá-los para socorrer a vítima. Caso a vítima esteja sem sinais vitais,
deixá-la em suspensão ou da maneira como a encontrou.

4.4 MORTE NATURAL


4.4.1 DEFINIÇÕES
- A morte natural é decorrente de problemas patológicos da vítima. Poderá ser
decorrente, por exemplo, de um infarto, de uma arritmia cardíaca, de um acidente
cardiovascular (AVC) etc.
4.4.2 PROVIDÊNCIAS
a) Evidentemente, após apurados os fatos, nenhuma pessoa poderá ser respon-
sabilizada pelo acontecido, a não ser que tenha deixado de prestar o socorro
devido à vítima. Diferencia-se do homicídio e do suicídio pelo fato de a vítima não
apresentar lesões aparentes.
b) Da mesma forma, não se encontram os instrumentos que normalmente seriam
utilizados nos homicídios e nos suicídios (armas, facas etc).
c) Contudo, a vítima, quando em estado agonizante, poderá, de maneira invo-
luntária, causar desalinho na instalação que ocupava, aparentando ter ocorrido
uma luta no recinto.
d) De maneira geral, os procedimentos serão executados conforme o que foi
apresentado para os casos de homicídios e suicídios.

4.5 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO


4.5.1 FURTO
4.5.1.1 Definições
4.5.1.1.1 O crime de furto está tipificado nos Art 240 e 241 do Código Penal
Militar. Por se tratar de um crime onde, em diversas ocasiões, torna-se difícil
apontar a autoria do delito, as apurações de tais infrações são, por muitas vezes,
negligenciadas.
a) Evidentemente, todas as medidas preventivas executadas no sentido de incre-
mentar a segurança orgânica das instalações como, por exemplo, um monitora-
mento de vídeo de áreas sensíveis e campanhas de conscientização do público
interno da OM acerca dos cuidados com os pertences particulares são louváveis
e devem ser realizadas.
b) Embora compreenda-se que a apuração deste tipo de infração penal possa ser
trabalhosa e, algumas vezes, infrutífera, a produção de provas materiais (objeti-

4-5
EB70-CI-11.462
vas) e uma investigação eficiente servirão para inibir a ação de futuros infratores,
contribuindo para a diminuição do número de delitos desta natureza.
c) Se no decorrer das apurações o material do furto for recuperado, o mesmo
deverá ser apreendido pela Autoridade Policial, passando a se constituir em peça
do processo administrativo, devendo ser confeccionado um auto de apreensão
e apresentação.
4.5.1.1.2 A restituição do material ocorrerá conforme o Art 191 do CPPM: Art.
191. A restituição poderá ser ordenada pela autoridade policial militar ou pelo juiz,
mediante termo nos autos, desde que:
a) a coisa apreendida não seja irrestituível;
b) não interesse mais ao processo; e
c) não exista dúvida quanto ao direito do reclamante.
4.5.1.1.3 A vítima de furto, muitas vezes, demora a perceber que seu bem material
ou o bem material da União que estava sob sua responsabilidade foi subtraído.
Em virtude disso, a contaminação do local, infelizmente, é frequente.
4.5.1.2 Procedimentos Básicos
a) Ao constatar a falta do material, o militar deverá, imediatamente, acionar o
pessoal de serviço ou o militar mais graduado responsável pela Seção furtada
(Encarregado de Material, Comandante de Subunidade, Oficial de Dia etc).
b) O local deve ser isolado, verificando-se a existência de outros vestígios im-
portantes no local (alicates, chaves de fenda, cadeados rompidos, marcas ou
impressões de calçados, vestígios biológicos que podem ter sido deixados pelo
autor do crime, possíveis locais de acesso do autor do crime etc).
1) Dessa forma, recomenda-se o isolamento de uma área grande que possa
englobar os pontos de acesso possíveis (portas, janelas, telhados etc) e nenhum
material deve ser recolhido.
2) Os vestígios mais importantes de um local de furto são as impressões di-
gitais e a constatação do instrumento utilizado. Por exemplo, para o rompimento
de algum lacre (um alicate utilizado para cortar um cadeado, um pé de cabra,
uma chave de fenda etc).
3) A vítima, ao suspeitar da possibilidade da ocorrência do furto, deve evitar
ao máximo tocar nas superfícies onde estavam guardados os materiais furtados.
b) Caso tenha que abrir um armário ou porta que estejam arrombados para consta-
tar a consumação do furto, deverá fazê-lo com as mãos calçadas (por luvas, sacos
plásticos etc) a fim de evitar a sobreposição de impressões digitais. É importante,
também, que evite realizar tal procedimento da maneira como ele naturalmente
seria executado, agindo na maçaneta da porta, por exemplo.

4-6
EB70-CI-11.462
c) O militar responsável pelo isolamento do local deverá ter especial cuidado com
marcas e impressões de calçados.
1) Muitas vezes, o desenho do solado do calçado do infrator ou deformidades
observadas na sola, visíveis nas marcas e nas impressões, poderão contribuir
decisivamente para a elucidação do fato.
2) Em algumas ocasiões, ao forçar a entrada em alguma dependência, o autor
da infração poderá se ferir deixando no local vestígios biológicos (sangue, por
exemplo). Esse vestígio, além de permitir a identificação por intermédio de exames
genéticos, contribuirá para que o investigador possa procurar por militares que
apresentam ferimentos recentes, incluindo-os na lista de suspeitos.
3) Em relação a cadeados cortados, é possível, caso se encontre uma ferra-
menta de corte na posse de algum suspeito, realizar exames comparativos no corte
efetuado no cadeado encontrado no local (questionado) com o corte produzido
propositalmente em outro cadeado do mesmo modelo e tamanho, utilizando a
ferramenta encontrada na posse do suspeito.
d) Por ocasião da chegada dos peritos criminais, todos os procedimentos exe-
cutados devem ser narrados pelos militares que ficaram responsáveis pelo iso-
lamento no local. A autoridade policial ou seu representante legal deve iniciar os
trabalhos investigativos. Para isso, providenciará a identificação de testemunhas
que possam contribuir para a elucidação do delito.
4.5.2 DANO
4.5.2.1 O crime de Dano está previsto nos Art 259 ao 266 do Código Penal
Militar. São exemplos de crimes de dano:
a) um militar que, em área sob a administração militar, produz danos no carro
de outro militar (arranhar, quebrar para-brisas, incendiar o automóvel etc) por
vingança. Caso o delito praticado tenha relação com as funções militares, será
considerado como crime militar;
b) destruição, inutilização ou deterioração, intencional ou não, de algum material
de emprego militar;
c) a demolição, mesmo que parcial, de alguma edificação militar que foi atingida
por uma viatura conduzida por um motorista imprudente;
d) o sumiço de materiais que, estando sob a responsabilidade de alguém, desapa-
rece, não sendo possível comprovar a destruição, a inutilização ou a deterioração;
e) outros.
4.5.2.2 Um acidente de trânsito que danifica uma viatura militar pode ser enqua-
drado no crime de dano, mesmo que o autor não tenha desejado os efeitos de
maneira dolosa. Contudo, na Legislação civil, não existe a tipificação do dano
culposo.

4-7
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- Desta forma, os procedimentos a serem executados em acidentes de trânsito
sem vítimas foram estabelecidos pelo Comandante da Força no ano de 2010
por intermédio das IG 10-44. Tal assunto é tratado no Capítulo III deste Manual.
4.5.2.3 Procedimentos Básicos
a) O local de crime de dano deve ser isolado, de maneira a evitar o trânsito de
pessoas e para impedir que as mesmas venham a sofrer ferimentos causados
por materiais que possam se desprender de instalações ou materiais danificados.
b) A perícia deve, evidentemente, ser acionada antes do reparo no material ou
da instalação danificada. O perito fará a constatação do dano e indicará a forma
como o mesmo foi perpetrado.
c) Dependendo do caso, somente o técnico daquele equipamento poderá avaliar
a extensão das avarias, também por parecer técnico.
d) Após realizada a perícia, a Unidade poderá, se for o caso, reparar a instalação
ou material danificado.
e) Todos os comprovantes de despesas devem ser anexados aos autos.

4.6 LOCAIS DE INCÊNDIO


4.6.1 Os locais de incêndio, assim como os locais de explosão, apresentam carac-
terísticas que dificultam, por si só, a realização dos trabalhos periciais pertinentes.
Nestes locais, as prioridades são o socorro às vítimas e à contenção dos danos
e, desta forma, as alterações no estado das coisas são naturalmente realizadas,
o que dificulta a atividade forense.
4.6.2 Em um incêndio, por exemplo, as ações de combate ao fogo e sua com-
pleta extinção por intermédio das tarefas de rescaldo acarretam alterações no
local do crime em decorrência da força dos jatos de água utilizados para apagar
as chamas e devido à necessidade de revirar escombros para apagar fogos não
visíveis. Vale destacar que, dependendo da magnitude do incêndio, a edificação
consumida pelo fogo pode simplesmente desabar e, desta forma, sobrepor ma-
teriais sobre as evidências.
- Por questão de segurança, a atividade de colheita e análise de evidências só terá
início após a liberação da área pelos Bombeiros Militares ou outro grupamento
que tenha realizado o combate às chamas.
4.6.3 Os incêndios, na maioria das vezes, eclodem fruto de algum material elé-
trico que foi deixado ligado por períodos prolongados (cafeteira, ventilador etc).
Tal situação pode acarretar, por exemplo, o derretimento do material em apreço
e ocasionar curtos-circuitos elétricos. Em alguns casos, vários equipamentos

4-8
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elétricos são ligados, de forma negligente, em uma mesma tomada.
- Tal medida gera uma sobrecarga da tomada, com consequências como aque-
cimento e desgastes dos fios, choques elétricos, curtos-circuitos, queima de
equipamentos, desperdício de energia e até incêndios.
4.6.4 Vale ressaltar que diversos quartéis estão instalados em edificações antigas
que, por sua vez, foram dimensionadas para um consumo elétrico inferior às de-
mandas atuais. Essas edificações, em muitos casos, podem apresentar quadro
de disjuntores obsoletos e ineficazes que podem não atuar de maneira satisfatória
sobre a rede elétrica. Os incêndios podem ter origem em um ato premeditado.
Algum militar, por motivos diversos, pode desejar incendiar uma instalação a fim
de se beneficiar de tal sinistro. Deve-se evitar o termo “incêndio criminoso” ao
referir-se a um incêndio intencional.
- É importante destacar que incêndios ocasionados por negligência, imprudência
e imperícia, mesmo que de natureza culposa (sem dolo), se incluem na categoria
de incêndios criminosos. Identificar o foco do incêndio irá permitir a avaliação
se a ação delituosa se constituiu em um dano culposo ou doloso. Em algumas
circunstâncias, poderá ter ocorrido um fato imprevisível que não acarretará res-
ponsabilidades penais para nenhuma pessoa.
4.6.5 Os incêndios em viaturas militares, da mesma forma, se apresentam
repletos de complexidades, principalmente quando ocorre uma destruição de
grandes proporções no referido auto. Em função das características de cada tipo
de viatura que abrangem desde viaturas administrativas até viaturas blindadas,
o perito deverá dispor de um conhecimento apurado sobre o funcionamento dos
diversos sistemas automotivos.
- Nesse ponto, o apoio de militares especializados em cada tipo de viatura será
de grande valia para o esclarecimento da verdade.
4.6.6 PROCEDIMENTOS BÁSICOS
a) Em Instalações - A Autoridade Policial ou seu representante deverá:
1) restringir o acesso à área danificada em razão do sinistro. Isso irá ajudar
na preservação do local e evitar que pessoas sejam feridas por partes que se
desprendam das instalações.
2) Determinar o corte de energia elétrica para a instalação afetada caso ainda
não tenha sido realizado.
- De preferência, deverá realizar o corte de energia em uma chave geral da
Unidade a fim de evitar que a caixa de disjuntores da instalação danificada seja
manipulada antes dos exames periciais pertinentes.

4-9
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3) Iniciar o processo de identificação e oitiva das testemunhas a fim de nortear
os trabalhos periciais.
- Embora o perito não possa se prender a provas subjetivas, as informações
repassadas pelos militares que trabalhavam na repartição danificada e os de-
poimentos das pessoas que participaram do combate inicial às chamas poderão
ser valiosos.
b) Poderão ser necessárias avaliações técnicas por Engenheiros Militares para
verificar a situação estrutural da edificação incendiada. Laudos complementares
também poderão ser realizados no sentido de levantar como se encontravam as
instalações elétricas da referida instalação.
c) Não remover materiais do interior da instalação. Tal medida poderá dificultar
a identificação do(s) foco(s) do incêndio por parte do perito. Poderá, da mesma
forma, dificultar a busca e identificação de acelerantes (gasolina, álcool, querosene
etc) que possam ter sido utilizados em um incêndio criminoso.
d) Não remover materiais eletrodomésticos e materiais eletrônicos dos locais em
que foram encontrados após o incêndio, mesmo que estejam danificados, pois
estes materiais podem ter ligação direta com o incêndio.
e) Não remover a fiação da instalação danificada pelo fogo. Identificar se um
curto-circuito foi causa ou efeito de um incêndio requer uma análise minuciosa
dos condutores de eletricidade.
f) O quadro de disjuntores também deve ser preservado caso não tenha sido
danificado por ocasião do combate às chamas. O perito precisará verificar a
amperagem de cada um dos disjuntores e em qual posição cada um deles foi
encontrado por ocasião dos exames periciais (ON, OFF ou DESARMADO).
- Essa última posição poderá indicar um problema na rede elétrica que pode
ter ligação direta com o incêndio.
g) Não remover a(s) vítima(s) fatal(is) até a liberação das mesmas pelos peritos
de local.
h) Em veículos, após o socorro às vítimas, caso existam, os ocupantes da viatura
deverão efetuar o balizamento do trânsito e a contenção do sinistro no caso de
o incêndio ter ocorrido em vias públicas para possibilitar um exame de local nas
melhores condições possíveis.
1) Em princípio, a viatura não deve ser removida do local ou de suas imedia-
ções. Caso seja necessário, removê-la da via para não comprometer a fluidez
do trânsito.
2) Após o exame do local, a viatura deverá ser removida para a Unidade à
qual pertence, e a Autoridade Policial mandará instaurar um parecer técnico por
militares especializados.

4-10
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4.7 LOCAIS DE EXPLOSÃO
4.7.1 DEFINIÇÕES
4.7.1.1 Existem quatro tipos de explosão: explosão química, explosão mecânica,
explosão elétrica e a explosão nuclear.
4.7.1.2 No cotidiano militar e na rotina administrativa das Unidades, as explosões
químicas e mecânicas são as mais prováveis de ocorrerem.
4.7.1.3 As explosões químicas são decorrentes de uma reação química extre-
mamente veloz que ocasiona um aumento exponencial da pressão que, por
sua vez, gera uma potente onda de choque (deslocamento do ar) e a elevação
considerável da temperatura. Podem-se citar, como exemplos, a explosão de um
petardo, de uma granada ou uma mistura ar-combustível (gás confinado em um
ambiente fechado).
4.7.1.4 As explosões mecânicas são decorrentes de um aumento de pressão em
um recipiente confinador. Nesse tipo de explosão, a pressão interna no interior
do referido recipiente faz com que o mesmo se rompa (não é necessária uma
reação química).
- Podem-se citar, como exemplos, a explosão de uma caldeira, a explosão de
uma panela de pressão, a explosão de um botijão de gás exposto a uma fonte
de calor sustentável (incêndio).
4.7.1.5 Diferentemente dos incêndios, onde existe a possibilidade da pessoa se
afastar das chamas antes de ser ferida, as explosões, na maioria das vezes, geram
lesões severas nas pessoas que se encontram nas imediações do epicentro. A
onda de choque e a fragmentação de objetos, que se transformam em estilha-
ços, são responsáveis por graves ferimentos aparentes (feridas contundentes ou
cortocontundentes) ou não (hemorragias internas, por exemplo).
- As explosões causam danos, também, no ambiente circundante.
4.7.1.6 É natural que se irrompam incêndios e danos estruturais em instalações
atingidas por uma explosão, decorrentes do calor e da sobrepressão.
4.7.1.7 As prioridades em um local de explosão, assim como nos locais de incên-
dio, são o socorro às vítimas e à contenção dos danos.
4.7.1.8 Após realizadas as tarefas iniciais (socorro às vítimas e contenção dos
danos), a Autoridade Policial, ou seu representante legal, deve preservar o local
da explosão visando os trabalhos periciais pertinentes.
a) O isolamento do local e a restrição ao acesso de pessoas devem ser medidas
tomadas imediatamente à fase inicial de atendimento ao sinistro.
b) Em relação ao isolamento da área, a Autoridade Policial deve observar as
imediações do local no intuito de identificar os fragmentos oriundos da explosão

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que foram arremessados na maior distância.
c) Os danos observados em instalações adjacentes ao local da explosão também
devem ser preservados (janelas quebradas, estruturas em alvenaria etc).
4.7.2 PROCEDIMENTOS BÁSICOS
a) O local onde ocorreu o fato deve ser isolado, de maneira a evitar o trânsito de
pessoas e para impedir que as mesmas venham sofrer ferimentos causados por
materiais que possam se desprender de instalações ou materiais danificados.
b) Deverá ser priorizado o socorro às vítimas e a segurança do local, ou seja,
primeiramente, deve-se verificar a situação dos feridos, realizando os primeiros
socorros e, SFC, acionar uma equipe médica.
c) Atentar para a segurança da área, verificar se existe outro explosivo exposto.
Após realizado o socorro às vítimas e observada a segurança do local, providen-
ciar o seu isolamento, atentando para a distância referente ao último vestígio
encontrado.
d) As testemunhas, a exemplo do que foi tratado na seção anterior, devem ser
inquiridas com a maior brevidade possível a fim de nortear os trabalhos periciais.
e) A Autoridade Policial deverá identificar o tipo de explosivo empregado, o sistema
de iniciação utilizado, a possível falha ocorrida se os autores possuíam habilita-
ção para o manuseio destes materiais e, se possível, realizar uma reprodução
simulada, para exemplificar o ocorrido.
f) Vale ressaltar que, neste tipo de ocorrência, é dada prioridade para a segurança,
independentemente da perda de alguns vestígios que contribuiriam para elucidar
o fato ocorrido.

4.8 OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS ENTORPECENTES


4.8.1 DEFINIÇÕES
4.8.1.1 Na esfera civil, conforme o Parágrafo 2º do Art 28 da Lei Nr 11.343, de
23 de agosto de 2006, existe uma caracterização para o consumo pessoal, es-
pecificado a seguir:
- Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer con-
sigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: (...) §
2º - Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal, o juiz atenderá
à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em
que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
conduta e aos antecedentes do agente.

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4.8.1.2 Porém, na esfera militar, tal distinção não ocorre, conforme o Art 290 do
CPM: ao ser constatada a posse de entorpecentes por um militar, em lugar su-
jeito ou não à administração militar, o mesmo está incorrendo em crime militar,
devendo ser preso em flagrante.
4.8.1.3 Para efeito de lavratura de APF, a OM deverá providenciar a comprovação
do entorpecente, através de um laudo de constatação preliminar para determinar
a presença da substância proibida e efetivar a prisão.
4.8.1.4 Realizada esta primeira verificação, faz-se necessário o laudo toxicológico
definitivo para a comprovação definitiva da natureza da droga.
4.8.2 PROCEDIMENTOS BÁSICOS
a) Após ser constatada a presença de um material similar a entorpecente, a OM
deverá providenciar a realização do exame preliminar, normalmente realizado em
OMPE, para a lavratura do APF.
b) Identificado o material, a Autoridade Policial deverá realizar uma revista porme-
norizada nos pertences do portador a fim de verificar a existência de mais material.
c) O encarregado do APF deverá, de posse do material apreendido, solicitar o
laudo toxicológico definitivo para o laboratório especializado de sua localidade a
fim de confirmar a ocorrência de um crime militar.

4.9 OCORRÊNCIAS COM MATERIAL DE INFORMÁTICA


4.9.1 DEFINIÇÕES
4.9.1.1 A computação forense pode ser definida como uma coleção e análise de
dados de um computador, rede ou dispositivos de armazenamento de forma que
sejam admitidas em juízo.
4.9.1.2 Dispositivo de armazenamento
- Dispositivo de armazenamento é um dispositivo capaz de gravar (armazenar)
informação (dados), processar informação ou ambos. A gravação de dados pode
ser feita virtualmente, usando qualquer forma de energia. Um dispositivo que
somente guarda informação é chamado mídia de armazenamento.
4.9.1.3 São tipos de dispositivos de armazenamento:
a) dispositivos de armazenamento por meio magnético: discos rígidos;
b) dispositivos de armazenamento por meio óptico: CD-ROW, CD-RWS,
DVDROMS, DVD-RWS;
c) dispositivos de armazenamento por meio eletrônico: SSDs, pen-drive;
d) memória RAM. A memória RAM é um dispositivo de armazenamento temporário
de informações que utiliza tecnologia de armazenamento temporária por meio
4-13
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eletrônico e possui alta volatilidade de dados.
4.9.2 PROCEDIMENTOS BÁSICOS
a) O procedimento de análise do ambiente consiste na segurança das evidências
e da documentação do cenário encontrado. Assegurar que nenhuma pessoa não
autorizada adentre ao cenário de perícia.
b) Proteger as evidências digitais de modo que elas não sejam alteradas, forjadas
ou destruídas.
c) A equipe deverá adotar as seguintes medidas para isolar o equipamento alvo
da perícia:
1) desligar o equipamento, removendo o cabo de força e/ou removendo a
bateria;
2) remover qualquer conexão de rede que permita acessos remotos;
3) identificar e desativar pontos de acesso sem fio; e
4) desativar ou neutralizar qualquer dispositivo de gravação, tais como câ-
meras e microfones.

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ANEXO A
CHECKLIST PROCEDIMENTOS EM ACIDENTES
COM VIATURAS SEM VÍTIMAS

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

1 A segurança e a sinalização da via foram estabelecidas?

A Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar ou Polícia


2
Rodoviária Federal foram acionados para o apoio?

As condições de saúde e a necessidade de atendimento


3
médico dos envolvidos foram verificadas?

4 O local do acidente foi fotografado?

O acidente atrapalha a fluidez do trânsito? Se sim, a


retirada dos veículos da via, de forma a garantir a fluidez,
5
conforme o Art 178 do Código de Trânsito Brasileiro, foi
realizada?

6 A ficha de acidente da viatura foi preenchida?

Os dados como endereço, contatos, testemunhas, envol-


7
vidos, placas e contatos foram coletados?

O chefe de viatura informou o responsável de sua unidade


8
sobre o ocorrido?

9 Os Peritos Criminais Militares foram acionados?

10 O Boletim de Ocorrência foi confeccionado?

Os envolvidos foram informados que a Unidade do militar


envolvido abrirá um processo administrativo apuratório e
11
que o militar responsável entrará em contato para informar
os procedimentos a serem adotados?

A-1
EB70-CI-11.462

A-2
EB70-CI-11.462
ANEXO B
CHECKLIST PROCEDIMENTOS EM ACIDENTES
COM VIATURAS COM VÍTIMAS

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

A segurança e a sinalização da via foram estabele-


1
cidas?

A Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar ou Polícia


2
Rodoviária Federal foram acionados para o apoio?

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)


3
foi acionado?

A correta preservação do local, com prejuízo da fluidez


4
do tráfego, foi executada?

5 O local do acidente foi fotografado?

O chefe de viatura informou o comando de sua uni-


6 dade sobre o ocorrido e solicitando a presença do
responsável?

7 A ficha de acidente da viatura foi preenchida?

Os dados como endereço, contatos, testemunhas,


8
envolvidos, placas e contatos foram coletados?

9 Os Peritos Criminais Militares foram acionados?

10 O Boletim de Ocorrência foi confeccionado?

Os envolvidos foram informados que a Unidade do


militar envolvido abrirá um processo administrativo
11 apuratório e que o militar responsável entrará em
contato para informar os procedimentos a serem
adotados?

B-1
EB70-CI-11.462

B-2
EB70-CI-11.462
ANEXO C
CHECKLIST PROCEDIMENTOS EM CRIMES CONTRA A PESSOA
(Homicídio ou Tentativa de Homicídio)

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

Determinou que o agente da ação delituosa coloque a


1 arma (ou instrumento do crime) sobre o solo e manteve-o
sob sua custódia?

2 Acionou a equipe de perícia?

Solicitou apoio dos militares de serviço e realizou um


3
deslocamento em linha reta até a vítima?

4 Somente um militar efetuou o deslocamento?

5 Os demais permaneceram atentos com o infrator?

6 A cena do crime foi preservada?

7 Foi verificado se a vítima apresenta sinais vitais?

Se a vítima apresentou sinais vitais, foram feitas as medi-


8
das básicas de suporte a vida?

Foi feito o acionamento imediato da equipe de saúde da


9
unidade?

10 A vítima foi a MAIOR PRIORIDADE no local?

Foi acionado um socorro de emergência e foram analisa-


11 das possíveis ações de remoção da vítima para não tornar
mais grave o estado de saúde dela?

Foi feita a verificação visual de outras evidências nas


12
adjacências no local do crime?

Foi evitada a retirada do cadáver do local e a cena do


13
crime não foi limpa?

O local do crime sendo adulterado, o mesmo foi relatado


14
ao perito?

Foi aumentada a área de isolamento o suficiente para que


15
ninguém tivesse contato visual com a vítima?

16 Evitou-se o manuseio do armamento que efetuou o tiro?

Foi deixado sobre o solo da mesma maneira que o en-


17
controu?

18 O local está isolado e guarnecido por uma sentinela?

C-1
EB70-CI-11.462

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

O local do crime foi isolado com todos os acessos blo-


19
queados?

Em caso de chuva, o cadáver e a cena do crime foram


20
protegidos da melhor maneira possível?

Foi evitado o trânsito de pessoas de maneira desordenada


21
no local do crime?

Chegando o médico para atestar o óbito, seguiu o acesso


22 do mesmo itinerário que o primeiro militar quando chegou
na cena do crime?

Caso o comandante da OM esteja presente no local do


23 crime, o mesmo foi instruído que é desaconselhável que
adentre à área isolada?

Caso o autor da ação delituosa tenha sido encontrado na


24
cena do crime, foi feita a lavratura do APFD?

25 Não identificado, foi iniciada a busca pelo aquartelamento?

Foi evitado que o autor do delito lave as mãos ou tome


26
banho?

27 Foi autorizado pelo preso que tal exame seja realizado?

28 O material do mesmo foi recolhido para a perícia?

Foi evitado que o familiar da vítima compareça ao local do


29
crime para que não prejudique a preservação do local?

C-2
EB70-CI-11.462
ANEXO D
CHECKLIST AUTO ELIMINAÇÃO
(Suicídio)

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

1 Acionou a equipe de perícia?

Solicitou apoio dos militares de serviço e realizou um


2
deslocamento em linha reta até a vítima?

3 O local foi preservado?

4 Foi verificado se a vítima apresenta sinais vitais?

Se a vítima apresentou sinais vitais, foram feitas as


5
medidas básicas de suporte a vida?

Se a vítima apresentou sinais vitais, foram feitas as


6
medidas básicas de suporte à vida?

7 A vítima foi a MAIOR PRIORIDADE no local?

Foi acionado um socorro de emergência e foram anali-


8 sadas possíveis ações de remoção da vítima para não
tornar mais grave o estado de saúde dela?

Foi feita a verificação visual de outras evidências nas


9
adjacências no local?

Foi evitada a retirada do cadáver do local e a cena do


10
não foi limpa?

11 O local caso adulterado foi relatado ao perito?

Foi aumentada a área de isolamento o suficiente para


12
que ninguém tivesse contato visual com a vítima?

13 Evitou-se o manuseio do armamento que efetuou o tiro?

Foi deixado sobre o solo da mesma maneira que o


14
encontrou?

15 O local foi isolado e guarnecido por uma sentinela?

O local do crime foi isolado com todos os acessos


16
bloqueados?

Em caso de chuva, o cadáver e a cena foram protegidos


17
da melhor maneira possível?

Foi evitado o trânsito de pessoas de maneira desorde-


18
nada no local?

D-1
EB70-CI-11.462

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

Chegando o médico para atestar o óbito, seguiu o aces-


19 so do mesmo itinerário que o primeiro militar quando
chegou na cena do crime?

Caso o comandante da OM esteja (ou esteve) presente


20 no local, o mesmo foi instruído que é desaconselhável
que adentre à área isolada?

21 O material do mesmo foi recolhido para a perícia?

Foi evitado que o familiar da vítima compareça ao local


22 do crime para que não prejudique a preservação do
local?

Verificou que não foi mexido qualquer material que tenha


23 ligação com o fato, por exemplo: cartas, instrumentos,
objetos, vestimentas?

O militar deixou esses objetos da forma como foram


24 encontrados, salvo se necessitou usá-los para socorrer
a vítima?

D-2
EB70-CI-11.462
ANEXO E
CHECKLIST LOCAL DE INCÊNDIO

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

Foi Restringido o acesso à área danificada em razão do


1
sinistro?

2 A equipe de perícia foi acionada?

3 O local está preservado e isolado?

4 As informações foram passadas para os peritos?

Foi determinado o corte de energia elétrica para a ins-


5
talação afetada?

Foi iniciado o processo de identificação e oitiva das teste-


6
munhas a fim de nortear os trabalhos periciais?

7 Os materiais do interior da instalação foram removidos?

Foram removidos os materiais eletrodomésticos e ma-


teriais eletrônicos dos locais em que foram encontrados
8
após o incêndio, mesmo que estejam danificados, pois
esses materiais podem ter ligação direta com o incêndio?

9 Foi removida a fiação da instalação danificada pelo fogo?

O quadro de disjuntores, caso não tenha sido danificado


10
por ocasião do combate às chamas, foi preservado?

A(s) vítima(s) fatal(is) foram liberadas antes dos peritos


11
chegarem ao local?

Foi feito o balizamento do trânsito, no caso do incêndio


12
ter ocorrido em vias públicas?

O socorro às vítimas e a contenção dos danos, foram


13
priorizadas?

14 Os Bombeiros Militares foram acionados?

O grupamento de combate ao incêndio do Btl foi acio-


15
nado?

E-1
EB70-CI-11.462

E-2
EB70-CI-11.462
ANEXO F
CHECKLIST CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

Foram acionados o pessoal de serviço ou o militar mais


1 graduado responsável pela Seção furtada (Encarregado de
Material, Comandante de Subunidade, Oficial de Dia etc).

2 A equipe de perícia foi acionada?

3 O local está preservado e isolado?

4 As informações foram passadas aos peritos?

Caso o comandante da OM esteja presente no local do


5 crime, o mesmo foi instruído que é desaconselhável que
adentre à área isolada?

Foi iniciado o processo de identificação e oitiva das teste-


6
munhas a fim de nortear os trabalhos periciais?

7 Os materiais do interior da instalação foram removidos?

8 Verificou se os objetos foram mexidos?

Foi evitado ao máximo tocar nas superfícies onde estavam


9
guardados os materiais furtados?

O militar responsável pelo isolamento do local teve especial


10
cuidado com marcas e impressões de calçados?

F-1
EB70-CI-11.462

F-2
EB70-CI-11.462
ANEXO G
CHECKLIST LOCAL DE EXPLOSÃO

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

1 A equipe de perícia foi acionada?

2 O local está preservado e isolado?

3 As informações foram passadas aos peritos?

Caso o comandante da OM esteja presente no local do


4 crime, o mesmo foi instruído que é desaconselhável que
adentre à área isolada?

5 Foi priorizado o socorro às vítimas e a segurança do local?

6 Foi acionada a equipe médica da unidade?

7 Os materiais do interior da instalação foram removidos?

8 Verificou-se a existência de outro explosivo exposto?

Foi acionado um socorro de emergência e foram anali-


9 sadas possíveis ações de remoção da vítima para não
tornar mais grave o estado de saúde dela?

Foi feita a verificação visual de outras evidências nas


10
adjacências no local do crime?

11 Foi evitado o trânsito de pessoas no local?

G-1
EB70-CI-11.462

G-2
EB70-CI-11.462
ANEXO H
CHECKLIST OCORRÊNCIAS COM MATERIAIS ENTORPECENTES

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

A OM providenciou a realização do exame preliminar, nor-


1
malmente realizado em OMPE, para a lavratura do APF?

2 A equipe de perícia foi acionada?

3 O local está preservado e isolado?

Foi confeccionado o Termo de Apreensão e Apresentação


4
do Material?

5 O material apreendido foi entregue aos peritos?

6 Foi feito o APF?

A Autoridade Policial realizou uma revista pormenorizada


7 nos pertences do portador a fim de verificar a existência
de mais material?

O encarregado do APF solicitou o laudo toxicológico defi-


8 nitivo para o laboratório especializado da localidade a fim
de confirmar a ocorrência de um crime militar?

H-1
EB70-CI-11.462

H-2
EB70-CI-11.462
ANEXO I
CHECKLIST OCORRÊNCIAS COM MATERIAL DE INFORMÁTICA

ORDEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE SIM NÃO OBS

1 A equipe de perícia foi acionada?

2 O local está preservado e isolado?

3 As informações foram passadas para os peritos?

4 Foi evitado o trânsito de pessoas no local?

5 Os materiais foram entregues aos peritos?

Foram identificadas as últimas pessoas que estiveram no


6
local e que utilizaram os materiais?

I-1
EB70-CI-11.462

I-2
EB70-CI-11.462

COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES


Brasília, DF, 15 de outubro de 2021
https://portaldopreparo.eb.mil.br

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