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EDITORIAL E-mail para contato:

insanitycrusties@gmail.com
Hëy Galerë!
Sobre o formato
Em suas mãos a primeira edição do
zine crust INSANITY CRUSTIES. O Este zine está saindo em papel e
zine nasce devido a falta de zines em PDF, o motivo de sair em PDF se
voltados para cena crust deve ao fato de atingir mais
brasileira, a intensão é ser um pessoas, muitos zines gringos só
espaço para divulgação e difusão temos acesso devido a este
de idéias, grupos, indivíduos e formato, que é gratuito e de fácil
materiais afins relacionados à divulgação, além de não haver
nossa cena, mas não só música e nenhum tipo de limite para cópias,
gigs, tratar também de questões mas também não abro mão do papel e
políticas e libertárias. da distribuição de mão em mão,
elemento importantíssimo dentro da
O nome do zine foi retirado de uma cultura punk e da cultura zineira.
colagem do zine japonês CRUST WAR Em geral gosto de fazer zine a
e é uma pichação que lanço faz mão, escrever e desenhar a mão
alguns anos. livre, recortar tiras de frases,
fazer recortes de imagens e ficar
Nesta primeira edição temos com a mão grudando para fazer
entrevistas com três bandas atuais colagens, mas considerei que como
e atuantes na cena crust, Rancor, iria sair em PDF o formato de
Defy e Distanásia. Algumas texto corrido e de fonte clara e
perguntas foram parecidas para objetiva ficaria mais fácil, tanto
todas, exatamente para termos compreensão, quanto cópia.
pontos de vista diferentes sobre
um mesmo ponto. As entrevistas Este zine é uma produção DIY.
foram bem legais e servem para
termos mais contato com as idéias
de cada uma delas, meus sinceros
agradecimentos a Caleb, Nal, Bal,
AGRADECIMENTOS
Maldito, Falão e Denis Maka por
Rancor, Defy, Distanásia, aos
perderem tempo respondendo
queridos amigos Alex e Bruna –
entrevista, as respostas foram
Wolfgang Distro, Mudinho (RIP)
todas sinceras e interessantes!
Marina Knup, Joaquim, Tato,
Pamela, Iara, Bonga, Katy,
Temos também 3 textos, um do Hakim
Marcelo,
Bey sobre CAOS, um trecho de uma
Josimas,
carta do coletivo ACME sobre
Andreza,
práticas do BLACK BLOCK e um do
Denito,
Foucault sobre fascismo, não
Duka y a
tratanto do fascismo político em
todos que
si, mas do que ocorre no dia-a-
tornam a
dia.
cena um
lugar
Os desenhos dos cabeçalhos das
agradável e
seções são de HUSH (Jeremy Clark).
libertário!
A idéia do zine é ser um espaço
para cena, então, quem quiser
participar, mandar texto, resenha,
entrevista o espaço está aberto.
gritäo
ENTREVISTASENTREVISTASENTREVISTASE

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de tudo, pra mim não é só querer


Entrevista RANCOR tocar um som legal
ou ter as mesmas
Banda anarcopunk, idéias. É o que
baiana, de crustcore penso.
que começou suas
atividades em *Quais são os
novembro de 2008. materiais lançados
Conta com membros e até agora?
ex membros de bandas
como: expurgado, Caleb: Nós ainda não
escato, neurastenia gravamos nada em
e lágrimas de ódio. estúdio, temos uma
A entrevista foi gravação totalmente
ótima e as respostas F.V.M, feita aqui em
diretas e sinceras, casa durante um
coisa que anda em ensaio há algum
falta na cena tempo, e com ela já
anarcopunk! participamos de
algumas coletâneas:
*Quando a banda Ataque ao estado
começou? fascista [iniciativa
de Danilo – ruptura
Nal: A Rancor records], Nuestro
começou em ruído, nuestra arma
novembro/2008, I [coletânea
quando eu e Caleb estávamos anarcopunk q teve uma boa
conversando sobre montar uma banda distribuição em vários locais da
e ele chamou Bal, que já tocava América Latina principalmente],
com ele na Lágrimas de Ódio e são Nuestro ruído nuestra arma II e
amigos há tempos, e eu chamei Destruyendo fronteras, essa última
Maldito, amigo de anos. Eu não com bandas de todo o mundo, todas
tinha aproximação com Bal, e elas em formato digital ou
Maldito não tinha aproximação nem disponíveis em cd-r.
com Bal nem com Caleb. Marcamos o Esperamos, de verdade, gravar logo
ensaio no estúdio e foi amor à para poder continuar espalhando o
primeira vista. O entrosamento rancor por aí, rs...
bateu, sintonia forte, e estamos
até hoje nos aturando. Costumo *Qual a formação inicial e a
sempre dizer que em banda tem que atual?
se ter amizade/sinceridade acima
Bal: Escato, execradores...
Nal: A formação é a mesma até Nal: Escato e Neurastenia (sou
hoje: Nal (guitarra), Bal suspeito pra falar dessas duas..
(bateria), Maldito (vocal) e Caleb hehehehe), Execradores, Discarga
(baixo e voz). Violenta, Rot, Abuso Sonoro...
enfim... são tantas que seria
*Qual foi a proposta política e injusto esquecer de alguma. No
sonora inicial da banda? geral, bandas de amigos e que
tenham afinidades.
Nal: Acredito que cada indivíduo
da banda tem sua particularidade Caleb: Então, tanto bandas de fora
sobre política e som. Mas no como nacionais são uma enormidade
geral, a proposta política é a de nomes, mas acredito que você
anarquista/punk/libertária, e a esteja se referindo em influências
sonora, tudo que está atrelado ao para a rancor, se for isso, com
punk, mas fazemos a linha que certeza as respostas de Bal e Nal
chamam de crustcore. representam o pensamento de todos
nós.
Maldito: A proposta inicial é a
mesma ainda hoje. Focada em *Fora da musica, o que influencia
distribuir pensamentos o som e as letras da banda?
subversivamente apolíticos e
anticlericais, Nal: O dia a dia,
anti-militar, essa politicagem
anti-social etc. que nos cerca, o
sendo a banda uma rancor pelas
ramificação da coisas que
nossa ideologia desprezamos e a
acracista. esperança que nos
Buscando a alimenta em
destruição do alguma mudança,
sistema vigente. seja ela a nível
Com um pessoal, social,
comportamento em qualquer
(in)moral e (in)civilizado. Ou âmbito.
seja, não nos enquadramos nos
moldes sociais. Bal: um tanto de literatura,
Nietzsche e outros...
*Quais bandas são influencia para
voces? Caleb: As experiências que
venceram o tempo e chegaram até
Bal: disrupt, warcollapse, nós, seja através de contos ou
wolfpack... escritos, sobre a teimosia de
[tentar] viver de modo diferente ao
Nal: hardcore em geral, mais na aceito pela maioria, a busca pela
linha puxada ao crust e um autogestão e uma forma de vida o
pouquinho de metaleragem. E um mais livre possível pautada em
punkrock é bom pra relaxar às valores que acreditamos ser
vezes.·. fundamentais e que transmitimos em
nossas letras, o anarquismo de um
Maldito: Disrupt, Agathocles, modo geral. Particularmente posso
Assuck, Mob 47, ENT. Etc. falar do espaço Insurgente, squatt
korrcell, j13 e muitas pessoas q
*E de bandas brasileiras? conheci e tenho conhecido e q são
prova e exemplo vivo de que/do
quanto se vale lutar por algo que local de encontro. Acredito que
acredita; curto bastante as quando não há uma "âncora", a
seguintes leituras também: Onfray, coisa fica solta no ar, sem rumo.
Chomsky, Camus e Kundera, B.
Russell, etc. Bal: Não existe. Existem poucas
bandas, poucos coletivos, as
Maldito: Eu e Caleb dividimos a bandas de fora não tem grande
maioria das letras, nelas são interesse em vir para o nordeste,
encontradas inúmeras influencias, até porque tem pouca gente pra
passando por historia, filosofia, correr atrás, pra fazer com que
acracismo, poesia, romance, haja mais proximidade, não
revoluções sociais, a realidade acredito que sejamos os únicos a
que nos cerca etc. cito alguns passar por isso.
nomes [para mim] como: Makhno,
Bakunin, Proudhon, Stirner, Maldito: A cena anarcopunk por
Nechayev, Volin, , Jaime Cumbeiro, aqui resume-se a poucos
Edgard Rodrigues, Fábio Luz. indivíduos, isso ficou mais
Platão, Sócrates, Kant, Nietzsche, restrito ao pessoal que veio do
Jose Saramago, Charles Baudelaire, MAP, depois tivemos o espaço
Camus, dentre muitos outros, etc. insurgente que infelizmente
Mais todos na banda gostam de ler. fechou, perdemos um ponto de
encontro, de debate, de troca de
material, local de show etc. Agora
tem sido feito pouca coisa, mas
estas, com muita qualidade,
respeito e paixão como merece o
anarcopunk/crust.

Caleb: Realmente não vejo uma


cena, um movimento hoje na nossa
região; temos indivíduos
espalhados, gente que acredita, de
fato e se esforça para fazer com
que o punk não morra... Pelos
contatos que tenho tido, posso te
dizer que tem uma molecada
chegando, alguns anarcopunx,
outros apenas anarquistas, mas
gente com vontade de fazer, sabe?!
Aquele espírito inquieto, querendo
produzir e isso nos motiva a
continuar também. A Bahia é um
estado muito grande, o maior do
Nordeste, então já é difícil para
nós sabermos ao certo tudo que
acontece por aqui, um exemplo
*Como está a cena anarcopunk/crust disso é a falta de proximidade que
na regiao de vcs? eu e Bal tínhamos com Maldito, por
exemplo, antes do início da banda.
Nal: Em Salvador, está morta. Há Depois de um momento de crise
bandas e pessoas, mas não há uma profunda, [o fim do Insurgente,]
"cena". Sem querer ser saudosista, tudo ficou ainda mais difícil e
mas na época do Espaço Insurgente disperso, pois as capitais “são”,
a coisa era movimentada, pois [ao menos a maioria das pessoas vêm
havia um ponto de referência, dessa forma,] o centro de tudo.
Nesses últimos anos têm acontecido (tocadas) por ai, com prazer e
muito mais eventos na região fúria.
metropolitana e no recôncavo
baiano que na capital, e tem o Caleb: São Paulo sempre foi e
lado bom nisso, pois está havendo continua sendo o ‘paraíso’ punk
a descentralização e necessidade brasileiro, o centro de tudo; isso
de muitxs q nunca saíam de sua acaba gerando muita coisa boa, e
cidade [do centro] buscar gigs, muita coisa negativa também, a
info, companheirxs, etc. nos história está aí para comprovar
arredores... isso. Bem, eu tenho ido com uma
Esses últimos dois anos já se freqüência razoável à SP, adoro
apresentaram como promissores, e estar aí, o acesso é enorme, seja
tenho certeza que muita coisa a informação, bandas, materiais,
ainda vai acontecer em torno dessa livros, enfim... é o centro; porém
“nova” movimentação e que ainda eu não gosto da cidade em si [muito
vamos ter gratas surpresas devido cinza, muito barulho], muita gente
a isso. fazendo nada em tudo, quanto mais
pessoas envolvidas [ou achando q
*Vocês estiveram em $ão paulo estão/são envolvidas] em algo,
recentemente, me contem como foi, maior a possibilidade de tumulto,
e quais as impressoes que vcs maior a possibilidade de intriga,
tiram da cena atual de $ão paulo. e vejo isso, [vivi experiências do
tipo] aí; muita língua afiada mas
Nal: Tenho ótim@s amig@s em SP, que infelizmente só fala pelas
mas isso aí é um caos. hehehe. costas, etc.. Mas como todo
Aqui, de fora, às vezes vejo muita lugar, muita gente boa também,
competição de egos, e muita gente gente disposta a olhar para além
que acha que só em SP que tem do próprio umbigo, e enxergar o
punk. Tem que se abrir os olhos e punk, o anarquismo além de suas
mentes, pois muita coisa acontece próprias perspectivas [muitas vezes
fora daí. E isso é ruim, pois não pré-moldadas e preconceituosas].
se cria vínculos. Nossa estadia aí foi tranqüila,
revemos amigxs, aproveitamos o
Maldito: Um verdadeiro mundo de festival de encerramento do
diversidade, a facilidade para impróprio, que também foi muito
promover eventos é grande, produtivo, e com certeza, quanto
material tanto sonoro e literário mais oportunidades aparecerem para
em abundancia. As bandas têm se criar vínculos e compartilhar
melhores condições para lançar esses dois mundos distintos, [a
seus materiais, uma cidade multi- nossa realidade e a de vocês,] mais
cultural. Nos dias que passamos abertos e dispostos estaremos para
por ai foi muito bom, vimos velhos isso.
amigos, fizemos novos, de tamanha
relevância, mantivemos bons
contatos com trocas de boas
experiências. Sabemos também que
SP e suas divergências são
múltiplas. Na Bahia também temos,
mas em SP as proporções são
maiores. São inúmeros grupos e
suas brigas, canalizando suas
revoltas um tanto quanto
equivocadas, etc. Mais apesar de
tudo gostamos muito. E estamos
pronto para outras terapias
movimentação. Como disse acima, a
*Vocês são uma banda que se assume coisa tá solta.
anarcopunk, como vocês analisam a
movimentação anarcopunk em ambito Bal: cada vez mais musical...
mundial e nacional na atualidade.
Caleb: eu concordo com Bal quando
Maldito: A cena punk a nível diz que está “cada vez mais
mundial vejo em uma constante musical”, isso não é só em relação
crescente, um bom exemplo é ao anarcopunk, mas a todos os
Indonésia que sempre nos apresenta grupos que tenho conhecimento;
boas bandas e um fortalecimento da felizmente estamos voltando a ter
cena na Ásia. Ainda temos a cada vez mais zines impressos
América Latina que esta também, encontros e discussões que
efervescente. Sem contar ainda a têm trazido para dentro do
Europa e a América do Norte. Com a movimento, de uma forma geral, uma
internet facilitando essa enormidade de temas vinculados a
avalanche punk. A nível nacional, sociedade, à formas de vida
principalmente no nordeste acima, autossustentáveis, etc. e que por
ainda tem muito a se desenvolver. muito ficaram de fora ou não
E todos os esforços são receberam o enfoque que mereciam
importantes e necessários. Temos por nós... Há muita coisa para se
pouquíssimos registros rever, novos mundos para se
fonográficos, espaços para eventos pensar, idéias a se trabalhar e de
são poucos e praticamente nenhum fato ser consumido pelo desejo de
apoio de loja ou estação de radio. ação e mudança, e infelizmente
De certa parte essas dificuldades temos nos limitado e acomodado em
nos fortalecem. Gostaria de por em apenas repetir passos já dados
pratica um projeto a nível anteriormente ou simplesmente
nacional se possível, ter um dia ficar bem doidão em casa escutando
de sábado onde varias bandas Discharge.
anarcopunks tocassem nas praças
publicas com o intuito de levar *Na opinião de vocês, qual a
informação subversiva fazendo a importância do anarcopunk para o
população refletir. E que esse crust?
evento acontecesse todos os anos.
E isso seria melhor se se tornasse Maldito: O crust é um dos filhos
a nível mundial. Estou sonhando ‘bastard’ do anarcopunk,
muito, mais isso é possível e ideologicamente bebendo na fonte
seria maravilhoso. punk. Sendo o fundo lastro deste.
A importância é vital para ambos.
Nal: Quando se fala em
"movimento", dá a idéia de que a Bal: em minha opinião não existe o
coisa é uniforme. Dentro do crust sem o anarco/punk, o crust
anarcopunk há vários caminhos, depende de uma postura anarco (de
então eu acho mais interessante que adianta atitude sem postura?)
que aquele grupo, aquele
indivíduo, aquela banda, enfim, Nal: O lado "político" da coisa.
haja de acordo com sua realidade
local. Não adianta você pegar *No momento, as pessoas nas cenas
coisas de fora do país, ou até crust, grind, punk de certa forma
mesmo fora do seu estado, se sua estão muito mais ligadas a musica
realidade é outra. Não vai dar do que a posturas contra
certo. Hoje não vejo essa culturais, como vocês analisam
isto?
[pessoas que enxergam o
Bal: punk/crust/grind apenas como
acredito que música] em relação às outras
o som é pessoas que escutam qualquer outro
importante tipo de som... se o punk/crust/
até para grind/ hc vai se limitar apenas à
aproximar as música é melhor que não exista...
pessoas, barulho por barulho não vai nos
fazer com levar a lugar algum... pior é que
que mais ainda tenho que ouvir de certos
pessoas se marmanjos por aí que o HC salvou
envolvam com ele, salvou de que?! De outro
um estilo musical?! É foda...
movimento,
infelizmente *Enquanto anarquistas, como vocês
para a visualizam esta forma de luta nos
maioria o dias de hoje.
som é o
único Bal: Difícil e sem esperança de
objetivo, isso porque existe muita mudança em grande escala. Existe
gente que não se preocupa com o sim, uma possibilidade de mudança
mundo a sua volta, é uma questão das pessoas que vivem à nossa
de adaptação ao meio, cada vez volta (inclusive nossa) acredito
menos pessoas enxergam a podridão que estamos aprendendo muita coisa
do ser humano·. e vivemos de forma muito diferente
em relação ao passado recente,
Nal: Vejo isso como uma coisa isso faz com que passemos a viver
"natural", quando não se vê e nem cada dia de forma mais coerente
se procura possibilidades de com o que nossas letras dizem.
mudanças. Então a parte musical
fica como uma "válvula de escape".

Maldito: Infelizmente sempre


veremos isso, mas cabe ao punk
escrever sua história. “quem
pintaria sobre nós punk´s melhor
do que nós mesmos.” O
fortalecimento e/a identidade só
cabe a nós imprimirmos no seio do
punk.

Caleb: Enquanto essa veia


política, contra-cultural existir,
essa militância que, na minha Nal: Não vejo, sinceramente. Mas
opinião, não pode ser/estar acredito que devemos cotidianizar
desvinculada da música punk e dos o anarquismo, e não ficar somente
grupos punx existir, ainda que nesta idéia de "luta de classes".
levada a sério pela menor parte, O anarquismo é muito mais que
estará valendo a pena fazer uma isso.
banda e se ter grupos musicais, a
partir do momento que deixar Maldito: Ainda um sonho utópico,
existir, é melhor que o mas vejo como o ultimo estagio de
HC/punk/crust/grind/ etc. morra uma sociedade organizada. Onde
também. Porque de verdade, não realmente vai levar dignidade e
vejo diferença nenhuma dess@s humanismo à humanidade. Somos um
germe epidêmico à levar essa
informação para/na sociedade. com relação a religiosidade, não
“todo governo é injusto, e acredito que uma postura
rebelar-se é um dever crucial.” libertária combine com a crença de
que existe uma criatura ou um ser
Caleb: Cara, já foi-se o tempo em superior que tenha poder sobre
que mudanças aconteciam baseadas nossas vidas, não acredito em
em palavras e que discursos destino, carma, ou qualquer uma
bonitos arrastavam multidões. Hoje dessas baboseiras que igrejas,
estão todxs de olhos, ouvidos, centros e outras entidades pregam.
mentes e corações fechados à Tenho absoluta certeza de que deus
qualquer chamada que tenha que não existe.
faze-lxs lutar, todxs céticxs e
sem perspectiva de mudança, Maldito: A religião e o estado
acomodadxs, já tem um modo de mantêm o povo acefálico, sendo
viver e não querem abrir mão dele conduzido como gado. Uma forma da
porque acreditam que está ruim manutenção da ordem vigente. Então
assim, mas seria pior de outra propagamos as idéias acracistas
forma, ou simplesmente que tem buscando a revolta popular. Na
gente em situação mais lamentável; transformação radical da
por isso, cada vez mais, é sociedade.
necessário coerência, assim como
Bal e Nal já falaram, o anarquismo Caleb: Em todos os momentos da
deve ser levado a todas às áreas história a gente vê o troca-troca
de nossas vidas, seja em um de poder, uma hora a Igreja é o
trabalho, em uma escola, Estado, em outro momento o Estado
faculdade, modo de tratar as é a Igreja, quando não conseguem
pessoas, atenção com as dividir o poder, se comem, [é o
brincadeirinhas [carregadas de exemplo da uma conhecida doutrina
preconceito e maldade,] temos que ditatorial que era a favor da
ser honestos conosco mesmo, para abolição da igreja], quando
primeiramente podermos acreditar dividem, comem a todos nós...
em nós mesmos e depois fazer com Ambos julgam estar acima de nós,
que outrxs também acreditem... ambos querem nos controlar, ditar
esse papo de falar bonito e agir o modo como devemos viver, como
como todxs os porcos que tanto nos comportar, agir... Nos usurpam
condenamos já deu, essa é a forma diariamente fisicamente,
de luta que pode gerar mudança em psicologicamente, moralmente e em
pequenas escalas; em grandes todos os sentidos possíveis.
escalas?! Difícil prever... Estão Admitir a necessidade de um, para
todxs muito acostumados ao açoite, mim é o mesmo q admitir a
não serão nossos desejos de necessidade do outro, e o pior de
mudança, anseios e palavras de tudo é que a praga do ser humano
ódio que vão despertar a “grande com todo o passar dos séculos
fera”. ficou tão acostumada a tê-los
sobre suas cabeças que desaprendeu
*Na musica "Somos" vocês dizem a viver em harmonia com quaisquer
"Nós não acreditamos na igreja ou outros humanos ou com quaisquer
qualquer soberano impostor" qual a outras espécies, quando o faz hoje
opinião de vocês em relação a é com medo da punição, seja ela
religiosidade e sua ligação com o através do Estado, [uma multa, uma
estado. prisão – uma aflição física] ou
através da religião/religiosidade
Bal: Enquanto libertário minha [a perda do galardão, do lugar no
ligação com o estado não existe novo mundo celestial – uma aflição
(pelo menos não em minha mente), “espiritual”].
Nal: Eu já fui mais radical em vivencia anarcopunk ativa e
relação à religião. Hoje vejo que constante.
algumas pessoas tem a necessidade
de se "ligar" a algo, seja lá o Bal: em termos de banda mácula,
que for. Entenda que não estou expurgado e o coletivo crust-or-
confirmando/afirmando que "deus" die, dele está saindo a Agnósia
ou algo do tipo existe. Mas quando [novidade!]
isso passa a cegar a pessoa,
quando ela só acredita que o *Agradeço a atenção e a paciência,
"salvador" virá para resolver seus e fica o espaço para dizer o que
problemas e ficar só rezando, aí quiser!
fode tudo. E religião com o
Estado, são duas forças opressoras Nal: Valeu, Gritão. Saia um pouco
que sacaram que juntas dominam aí dessa loucura cinzenta e venha
mais fácil. comer um aracajé e beber uma
cervejinha conosco. Eheheheeh
*Vocês estão envolvidos em outros
projetos, coletivos e/ou outras Maldito: Agradeço muito também a
atividades contra culturais? oportunidade e sempre que formos
solicitados, teremos o prazer em
Nal: Estava de fato envolvido só participar. E o fortalecimento da
com a Rancor, mas agora começamos cena anarcopunk só cabe a nós
uma nova experiência com @s mesmos. Como célula desse corpo
migux@s querid@s cancerígeno chamado punk no seio
da sociedade pela transformação
Caleb: Além da Mácula em que social. Pela postura anarco-core.
grito, já são 3 anos de amor aí www.myspace.com/rancorcrustcore
com a Rancor, e com o blog crust-
or-die (mais sobre o blog na seção Caleb: Gritão, valeu mesmo pelo
de links. n.e.) que felizmente há espaço, pela simpatia de pessoa
pouco passou a ser uma distro, e que você é [gluglu glu]; sempre que
ainda um coletivo também, estamos precisar de algo conte conosco e
expandindo os tentáculos do crust- apareça assim que puder, porque eu
or-die [hehehe] e breve todxs vou fazer o mesmo, se prepare para
teremos novidades a respeito da me atender qualquer dia batendo em
Agnósia. Desde o começo dos anos sua porta. Espero que todxs que
2000 [com maior freqüência a partir tenham acesso ao zine e a
de 2007] eu e Bal temos organizados entrevista sintam-se à vontade
gigs e tocadas por Simões filho, para nos procurar, ameaçar ou
sendo que hoje todos [da rancor, do dialogar. Maldito já deixou o
coletivo, etc.] ajudam de modo myspace da Rancor, então segue:
eficiente fazendo sempre o que Email:
está ao alcance de suas mãos. caleb_lagrimasdeodio@hotmail.com
jmatoscore@gmail.com
Maldito: Eu fazia parte do MAP, andreluizjuliao@hotmail.com
agora não temos nenhum grupo nal.rancor@gmail.com
estabelecido. As coisas que por
aqui estão sendo feitas são BLOG CRUST-OR-DIE
restritamente por algumas bandas, http://crust-or-die.blogspot.com/
grupos e pessoas. E também Contato conosco:
mantendo contato com bandas e A/C Caleb Macedo
pessoas de fora. Mantendo a Caixa postal 121 – Cep 43700-000
Simões Filho - BAHIA

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Entrevista DEFY *Qual a formação inicial e a
atual?
Defy é uma banda de São Paulo
surgida em 2008. Fazem um - A primeira formação contava com
Crustcore com influências de Death o Denito na bateria, Lepre no
Metal e com letras politizadas! A baixo, Juliano na guitarra e eu no
entrevista foi respondida pelo vocal; atualmente, desde fevereiro
vocalista Falão! de 2010, o Fernando está na
guitarra conosco.

*Qual foi a proposta sonora


inicial da banda?

- Era, e é, realmente simples,


tocar crust com bastante
influência de thrash e death
metal; tentando soar da melhor
maneira possível, pois, no final
das contas, somos carroceiros
hehehe;

*Quais bandas são influência para


vocês?

- Bandas crusties em geral, final


dos '80 e início dos '90, e também
as bandas de death e thrash metal
da mesma época; Doom, Disrupt,
Entombed, Warcollapse, Accion
Mutante , State of Fear, Sepultura
[antigo], Hellshock, Bolt Thrower,
*Quando a banda começou?
Dismember;
- Bem, começamos com a banda em
*E de bandas brasileiras?
maio de 2008, mas ela ficou parada
de janeiro até dezembro de 2009, e
- Porra, não poderia deixar de
estamos aê desde então.
mencionar novamente o Sepultura
[antigo], Ratos de Porão
*Quais são os materiais lançados
(conseguiram desbravar o caminho
até agora?
punk-metal de uma forma foda),
Abuso Sonoro;
- Até o momento, lançamos um cd-
demo com 8 sons em fevereiro de
*Fora da música, o que influencia
2010, porém as músicas foram
o som e as letras da banda?
gravadas em agosto de 2008 na
primeira formação da banda; já com
- A questão lírica da banda não se
a nova formação gravamos 2 sons
restringe apenas a outras bandas,
para um split 7" com o Risposta
mas sim, grande parte dos temas, é
(CZ) em 2010 e agora no começo de
tudo aquilo que vivenciamos em
2011 gravamos outros 2 sons para
nosso dia-a-dia, e a nossa
um split 7" com os nossos amigos
impressão sobre os fatos; no
do Terror Revolucionário.
Brasil, não faltam temas para
letras, não é mesmo?! Hehe
relação a trabalho, mas também não
é nada demais, os perrengues
continuam, hahaha mas por não
termos nenhum vício e tals, fora
comprar discos hehe, então rola de
levar a banda 'tranquilamente',
metemos as caras nessa porra, de
uma forma ou de outra, i.e., via
material e/ou instrumentos, toda a
grana que temos e não temos (aí as
dívidas começam ahaha);pois não
rola ficar esperando a boa vontade
das outras pessoas, selos, ou
alguém que queira lhe ajudar de
alguma forma, né?! temos que nos
agilizar, fazemos algo que somos
apaixonados, por isso buscamos,
priorizamos, tudo que é
relacionado a DEFY. E também
buscamos ajudar outras bandas de
amigos que gostariam de vir tocar
na região, ou também em lançar
material deles.

*Vocês realizaram uma mini-tour


recentemente, contem como foi!

- Cara, foi uma experiência muito


foda, foram dois shows, um em
Brasília e outro em Goiânia, ambos
foram indiscritíveis, fudidaços;
o de Goiânia foi numa sala de
estúdio de 3x4 m2, LOTADA, mal
dava pra se mexer, tava um calor
de uns 45*C lá dentro haha e o
rolê foi ainda mais foda,
principalmente, por
compartilharmos a estadia, shows,
rangos e tudo mais com grandes
amigos: Samael, Barbosa, Fellipe
CDC, Adriana, Poney e o resto da
turma; a galera de Brasília nos
conquistou fudido, galera muito
firmeza e unida, fizemos muitos
amigos nos 3 dias que passamos por
lá, realmente espero voltarmos, no
próximo ano, pra lá para tocar e
revê-los todos.

Quais as dificuldades em relação a


trabalho, sobrevivência e afins e
manter uma banda?
*As letras de vocês tratam direta
- Felizmente nenhum membro da e indiretamente de posturas
banda passa por dificuldades em libertárias, como a luta contra a
discriminação, (Todos Iguais). do fascismo no mundo e se algum de
Como vocês veem a questão da vcs já tiveram problemas com lixos
homofobia dentro da cena punk? do genero.

- Infelizmente existe preconceito - É algo para se preocupar SIM,


em toda parte, e não se restringe pois esses movimentos, desde o
apenas aos punks 'toscos'; existem término da segunda guerra,
punks homofóbicos, racistas, continuaram vivos mas escondidos,
machistas e etc.; mas é um absurdo toda a movimentação por detrás dos
ver amigos sofrerem um 'boicote' panos; agora não, há muito
ao demonstrar a sua sexualidade, e financiamento para treinamento,
outros 'amigxs' virarem a cara fortalecimento, criação de
à pessoa e outras posturas ainda partidos de extrema-direita e tudo
mais bizarras. O Punk, em geral, mais; por sorte não tivemos nenhum
ainda está longe de ser algo livre problema com eles, mas soube
de pré-conceitos e violência. recentemente em um show nosso em
São Bernardo, que um skin ficou
olhando e apontando o dedo para
mim, no momento em que tocávamos
"como esses merdas sobrevivem";

*Vocês participaram da coletanea


Vegantifascista - Anti-Especismo,
com a musica Parem a Vivissecção,
vocês são vegetarianos/vegans?
Como vocês veem a luta para se ter
uma vida livre de crueldade
animal?

- Sim, somos todos vegetarianos


sim; essa luta é algo que apoiamos
100%, basta de animais sofrendo e
morrendo por causa da nossa
ignorância. Mas sem discursos
autoritários e pregação; só
tentando viver de uma maneira a
prejudicar o meio-ambiente o
mínimo possível.

*Vocês acreditam que, assim como


na sociedade em geral, há uma
padronização estética e
comportamental dentro da cena
punk?

- Sim, com certeza; é difícil


encontrar pessoas que pensem,
sigam um caminho por si só, que
tenham ideias próprias, fora
aquilo que já lhe vem digerido nas
mais diversas formas; pensem mais,
tenham uma OPINIÃO!!!
Na música "como esses merdas *A banda tem alguma postura
sobrevivem", vcs tratam da praga politica definida? Vocês tem
nazista, como vcs veem a ascensão
outras atividades contraculturais?
(distros, zines e afins) - Como disse no começo da
entrevista, foi a questão sonora
- Não, não temos nenhuma postura que nos motivou a fazer a banda;
política, e também não fazemos mas não nos limitamos a isso, a
parte de nenhum grupo de atividade parte lírica também é muito
contra-cultural; embora não importante, um ponto completa o
fazermos parte,nós incentivamos, e outro; senão não teríamos motivo
gostamos de zines (impressos ou de dizermos que somos uma banda
internet) e outras práticas, crust com influências de death e
divulgações, informações e etc; thrash metal.
pois tudo isso é necessário para a
'cena' num tôdo; *Agradeço pela atenção e a
paciência, e fica o espaço para
*No momento, as pessoas nas cenas dizer o que quiser!
crust, grind, punk de certa forma
estão muito mais ligadas a música - Valeu Gritão, pela conversa e
do que a posturas contra ajuda/espaço na divulgação da
culturais,como vocês analisam banda!! "RECUSE TUDO O QUE FOR
isto? qual a importância das IMPOSTO À VOCÊ - OPONHÃ-SE!!"
letras pra vocês?

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-Começou em meados de 2005, como
Entrevista DISTANÁSIA banda mesmo! mais temos riffs
prontos desde 2004, quando
faziamos um barulho apenas eu e o
Rustuck!

*Quais são os materiais lançados


até agora?

- Apenas a demo de 2006, até temos


material gravado para sair um
split que está enrolado aí a uns 2
anos ou mais .

*Novos materiais em vista?

-Procurando selos para um split


com o Deskarga Etilika de portugal
e fazendo sons novos para uma nova
demo!

*Qual a formação inicial?

Banda Crust de Maringá que faz um - Maka - bateria - Rustuck -


crust com influência de hardcore guitara - Caverinha - baixo e Cb -
anos 80! A entrevista foi vocal
respondida pelo bateirista Denis
Maka! *Sei que vocês tiveram certos
problemas em manter um baixista,
por quais formações a banda passou
*Quando a banda começou? e qual é a atual?
-Depois do Caverinha passaram a nosso descontentamento com o que
Barbara que também toca no vivemos e vemos por aí todos os
Desgraceria, o Hassegawa e agora dias.
estamos com o Junior grande amigo
nosso que agora entrou pra banda! *Eu conheci voces tocando em $P,
me contem quais são suas
impressões desta cena.

-Passamos por ai em 2007 e gostei


bastante, pois ainda não haviamos
tocado para um público bem
específico como tocamos em SP!
Pelo que vi a cena funciona bem,
com bandas, espaços para eventos e
tal, coletivos!

*Como é a cena aí de Maringá?

-Pouca gente interessada....

*Na musica "Liberdade é só ilusão"


vocês tratam da escravidão atual,
como é pra vocês manter uma banda
e ter de lutar pela sobrevivencia,
quais são as dificuldades?
*Qual foi a proposta sonora
inicial da banda e qual a atual? -As dificuldades são todas cara,
viver no terceiro mundo e ter uma
-No começo faziamos um hc banda é pra gerreiro mesmo cara, e
oitentista que muitos diziam isso hoje em dia, agora pras
lembrar o lobotomia, mais tinha bandas punks do começo aqui no
umas pitadas do crust e algumas bra$il ai sim tem que se tirar o
passagens grind no som, de lá pra chapéu!
cá a parada ficou mais crust e é o
som que fazemos hoje em dia, *Vocês têm outras atividades
crustcore. contraculturais? (distros, zines e
afins)
*Quais bandas são influencia pra
de vcs? -Eu (Maka) levo uma distro de
camisetas e patchs e também ajudo
-Anti cimex wolfpack/wolfbrigade, na produção de gigs aqui em
doom, ent, disrupt, napalm death, maringá
riistetyt discharge e por ai vai
*Agradeço a atenção e a paciencia,
*E de bandas brasileiras? e fica o espaço para dizer o que
quiser!
-Social chaos, rot, lobotomia ,
scum noise, disarm, armagedom.. -Abraço aí pra quem tá lendo isso
aqui e esperem que logo têm
Fora da musica, o que influencia o material novo do Distanásia ai na
som e as letras da banda? rua. Valew!
-O nosso dia a dia né mano, a
banda é um jeito de expressar
TEXTOSTEXTOSTEXTOSTEXTOSTEXTOSTEXT

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as estrelas, o Império nunca se


CAOS iniciou, Eros nunca deixou a barba
Hakim Bey crescer.
Não, ouça, o que aconteceu foi o
O CAOS NUNCA MORREU. seguinte: eles mentiram para ti,
Bloco não venderam-te idéias de bem & mal,
lapidado fizeram-te perder a confiança em
primordial, teu próprio corpo & sentir
único vergonha por teus dons de profeta
monstro do caos, inventaram palavras de
venerável desprezo para teu amor molecular,
inerte e te hipnotizaram com distrações, te
espontâneo, entediaram com a civilização &
mais todas suas emoções usurárias.
ultravioleta
do que Não há transformação, nem
qualquer revolução, nem luta, nem caminho;
mitologia já és o monarca de tua própria
(como as pele — tua liberdade inviolável
sombras espera para ser completada apenas
frente à pelo amor de outros monarcas: uma
Babilônia), a original e política de sonho, urgente como o
indiferenciada unidade - do - ser azul do céu.
ainda se irradia serena como as
flâmulas negras dos Assassinos, Para desfazer todos os direitos &
aleatória & perpetuamente hesitações ilusórios da história,
intoxicada. é necessária a economia de uma
O Caos surgiu antes de todos os lendária Idade da Pedra: xamãs ao
princípios de ordem & entropia, invés de padres, bardos ao invés
não é nem um deus nem um verme, de senhores, caçadores ao invés de
seus desejos insensatos circundam policiais, coletores dotados de
& definem todas as coreografias preguiça paleolítica, gentis como
possíveis, todos os éteres & sangue, saindo nus por aí ou
flogistons: suas máscaras são pintados como pássaros,
cristalizações de seu próprio equilibrados na onda da presença
rosto inexistente, como nuvens. explícita, o agora-e-sempre
atemporal.
Tudo na natureza é perfeitamente
real, incluindo a consciência; não Agentes do caos deitam olhares
há absolutamente nada com o que se flamejantes sobre qualquer coisa
preocupar. Não apenas os grilhões ou pessoa capaz de prestar
da Lei foram quebrados; eles nunca testemunho à sua condição, à sua
existiram: demônios nunca vigiaram febre de lux et voluptas. Estou
desperto apenas naquilo que amo & cabeça, tédio sub-reptiliano de
desejo ao ponto do terror: todo o regimes totalitários, censura
resto é apenas mobília coberta, banal & dor inútil.
anestesia cotidiana, merda na
Avatares do caos agem como tribo por uma nostalgia furiosa,
espiões, sabotadores, criminosos escavamos em busca de palavras
do amour fou, nem generosos nem perdidas, bombas imaginárias.
egoístas, acessíveis como
crianças, educados como bárbaros, O último feito possível é aquele
esfolados por obsessões, que define a percepção em si, um
desempregados, sensualmente invisível cordão dourado que nos
tresloucados, lobos angelicais, conecta: dança ilegal nos
espelhos para contemplação, olhos corredores do tribunal. Se eu te
como flores, piratas de todos os beijasse aqui eles chamariam isso
signos & sentidos. de ato de terrorismo: vamos então
levar nossas pistolas para a cama
Cá estamos nos arrastando pelas & acordar a cidade à meia-noite,
rachaduras nos muros da igreja como bandidos bêbados celebrando
estado escola & fábrica, todos os com uma fuzilaria a mensagem do
monólitos paranóides. Cortados da gosto do caos.

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A principal intenção deste


MOTIVAÇÕES DO comunicado é dissipar um pouco da
BLACK BLOCK SOBRE A aura de mistério em tomo do Black
Block e tomar algumas das suas
VIOLÊNCIA DA motivações mais transparentes, uma
vez que nossas máscaras não podem
PROPRIEDADE ser.
ACME

Sustentamos que a destruição de


propriedade não é uma atividade
violenta a menos que ela destrua
vidas ou cause dor no processo.
Por essa definição, a propriedade
privada - principalmente a
propriedade privada corporativa -
é em si própria muito mais
violenta do que qualquer ação
tomada contra ela. A propriedade
privada deveria ser distinguida da
propriedade pessoal. Essa última é
baseada no uso, enquanto
a primeira é baseada no
comércio. A premissa da
propriedade pessoal é
que cada um de nós
possui o que precisa. A
premissa da propriedade
privada é que cada um de
nós possui alguma coisa
que outra pessoa precisa
ou quer. Em uma
sociedade baseada no
direito de propriedade
privada, aqueles que são
capazes de provir mais
aquilo que outros
necessitam ou querem, possui mais legitimidade que circunda o
poder. Por conseqüência, eles direito de propriedade privada. Ao
exercem maior controle sobre a mesmo tempo, exorcizamos o
concepção de necessidades e conjunto de reações violentas e
desejos dos outros, normalmente destrutivas que tem se impregnado
com o interesse de ampliar seus em quase tudo em nossa volta.
próprios ganhos. "Destruindo" a propriedade
Defensores do "livre comércio" privada, convertemos seu limitado
gostariam de ver este processo ir valor de troca em um expandido
até sua conseqüência lógica: uma valor de uso. Uma janela frontal
rede de algumas poucas indústrias toma-se um respiradouro que deixa
monopolistas com máximo controle entrar um pouco de ar fresco na
sobre a vida detodos. Defensores atmosfera opressiva de um
do "comércio justo" gostariam de estabelecimento vanjista (pelo
ver este processo amenizado por menos até a policia decidir atirar
regulações governamentais gás lacrimogêneo a um bloqueio de
destinadasa a impor rua próximo). Uma máquina de
superficialmente padrões vender jornal tornase um
humanitários. instrumento para criar esses
respiradouros ou uma pequena
Como anarquistas, desprezamos barricada para reclamar o espaço
ambas posições. A propriedade público, ou um objetopara se
privada - e o capitalismo, por enxergar mais longe subindo nela.
extensão - é intrinsecamente Uma caçamba de lixo torna-se um
violento e repressivo e não pode obstáculo para uma falange de
ser reformado ou amenizado. Quer o policiais de choque e uma fonte de
poder de todos esteja concentrado luz e calor. Uma fachada de prédio
nas mãos de algumas poucas torna-se um mural de mensagens
corporações dominantes, ou quer para se gravar idéias por um mundo
seja convertido em um aparato melhor, que surgem num momento de
regulatório encarregado de inspiração.
abrandar os desastres destas
últimas, ninguém pode ser tão Após o N30, muitas pessoas jamais
livre ou ter tanto poder sobre sua verão uma vitrine de loja ou um
vida quanto poderia se estivesse martelo do mesmo modo como viam
em uma sociedade não hierárquica. antigamente. Os potenciais usos de
uma paisagem urbana inteira
Quando destruímos uma vitrine, aumentaram mil vezes. O número de
queremos destruir o fino verniz de janelas quebradas perde a
importância em comparação ao fechadas com tábuas (com ainda
número de feitiços quebrados - mais destruição de florestas) e
feitiços lançados pela hegemonia finalmente substituídas, mas o
corporativa para nos embalar no estilhaçamento das visões
esquecimento de todas as estabelecidas quiçá persistirá por
violências cometidas em nome do um bom tempo.
direito de propriedade privada e
de todo potencial de uma sociedade Contra o Capital e o Estado
sem ela. O Coletivo “Revolta Camponesa!”

Janelas quebradas podem ser


ACME

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primeiro golpe em direção aos
INTRODUÇÃO A VIDA poderes constituídos. Mas aqui, no
NÃO FASCISTA interior de nossos muros, o que
Michel Foucault exatamente se passa? Um amálgama
de política revolucionária e anti-
repressiva? Uma guerra levada por
dois frontes - a exploração social
e a repressão psíquica? Uma
escalada da libido modulada pelo
conflito de classes? É possível.
De todo modo, é por esta
interpretação familiar e dualista
que se pretendeu explicar os
acontecimentos destes anos. O
sonho que, entre a Primeira Guerra
Mundial e o acontecimento do
fascismo, teve sob seus encantos
as frações mais utopistas da
Europa - a Alemanha de Wilhem
Reich e a França dos surrealistas
- retornou para abraçar a
realidade mesma: Marx e Freud
esclarecidos pela mesma
incandescência.

Mas é isso mesmo o que se passou?


Era uma retomada do projeto
utópico dos anos trinta, desta
vez, da escada da prática social?
Ou, pelo contrário, houve um
movimento para lutas políticas que
não se conformavam mais ao modelo
prescrito pela tradição marxista?
Durante os anos 1945-1965 (falo da Para uma experiência e uma
Europa) existia uma certa forma tecnologia do desejo que não eram
correta de pensar, um certo estilo mais freudianas? Brandiram-se os
de discurso político, uma certa velhos estandartes, mas o combate
ética do intelectual. Era preciso se deslocou e ganhou novas zonas.
ser unha e carne com Marx, não O Anti-Édipo mostra, pra começar,
deixar seus sonhos vagabundearem a extensão do terreno ocupado.
muito longe de Freud e tratar os Porém, ele faz muito mais. Ele não
sistemas de signos - e se dissipa no denegrimento dos
significantes - com o maior velhos ídolos, mesmo se se diverte
respeito. Tais eram as três muito com Freud. E, sobretudo, nos
condições que tornavam aceitável incita a ir mais longe.
essa singular ocupação que era a Ler o Anti-Édipo como a nova
de escrever e de enunciar uma referência teórica seria um erro
parte da verdade sobre si mesmo e de leitura (vocês sabem, essa
sobre sua época. famosa teoria que se nos costuma
anunciar: essa que vai englobar
Depois, vieram cinco anos breves, tudo, essa que é absolutamente
apaixonados, cinco anos de totalizante e tranqüilizadora,
jubilação e de enigma. Às portas essa, nos afirmam, “que tanto
de nosso mundo, o Vietnã, o precisamos” nesta época de
dispersão e de especialização, 3) Enfim, o inimigo maior, o
onde a “esperança” desapareceu). adversário estratégico (embora a
Não é preciso buscar uma oposição do Anti-Édipo a seus
“filosofia” nesta extraordinária outros inimigos constituam mais um
profusão de novas noções e de engajamento político): o fascismo.
conceitos-surpresa. O Anti-Édipo
não é um Hegel brilhoso. A melhor E não somente o fascismo histórico
maneira, penso, de ler o Anti- de Hitler e de Mussolini - que tão
Édipo é abordá-lo como uma “arte”, bem souberam mobilizar e utilizar
no sentido em que se fala de “arte o desejo das massas -, mas o
erótica”, por exemplo. Apoiando-se fascismo que está em nós todos,
sobre noções aparentemente que martela nossos espíritos e
abstratas de multiplicidades, de nossas condutas cotidianas, o
fluxo, de dispositivos e de fascismo que nos faz amar o poder,
acoplamentos, a análise da relação desejar esta coisa que nos domina
do desejo com a realidade e com a e nos explora.
“máquina” capitalista contribui
para responder a questões Eu diria que o Anti-Édipo (que
concretas. Questões que surgem seus autores me perdoem) é um
menos do porque das coisas do que livro de ética, o primeiro livro
de seu como. Como introduzir o de ética que se escreveu na França
desejo no pensamento, no discurso, depois de muito tempo (é talvez a
na ação? Como o desejo pode e deve razão pela qual seu sucesso não é
desdobrar suas forças na esfera do limitado a um “leitorado”
político e se intensificar no [“lectorat”] particular: ser anti-
processo de reversão da ordem Édipo tornou-se um estilo de vida,
estabelecida? Ars erótica, ars um modo de pensar e de vida). Como
theoretica, ars politica. fazer para não se tornar fascista
mesmo quando (sobretudo quando) se
Daí os três adversários aos quais acredita ser um militante
o Anti-Édipo se encontra revolucionário? Como liberar nosso
confrontado. Três adversários que discurso e nossos atos, nossos
não têm a mesma força, que corações e nossos prazeres do
representam graus diversos de fascismo? Como expulsar o fascismo
ameaça, e que o livro combate por que está incrustado em nosso
meios diferentes. comportamento? Os moralistas
cristãos buscavam os traços da
1) Os ascetas políticos, os carne que estariam alojados nas
militantes sombrios, os redobras da alma. Deleuze e
terroristas da teoria, esses que Guattari, por sua parte, espreitam
gostariam de preservar a ordem os traços mais ínfimos do fascismo
pura da política e do discurso nos corpos. Prestando uma modesta
político. Os burocratas da homenagem a São Francisco de
revolução e os funcionários da Sales, se poderia dizer que o
verdade. Anti-Édipo é uma Introdução à vida
não fascista.
2) Os lastimáveis técnicos do Essa arte de viver contrária a
desejo - os psicanalistas e os todas as formas de fascismo, que
semiólogos que registram cada sejam elas já instaladas ou
signo e cada sintoma, e que próximas de ser, é acompanhada de
gostariam de reduzir a organização um certo número de princípios
múltipla do desejo à lei binária essenciais, que eu resumiria da
da estrutura e da falta. seguinte maneira se eu devesse
fazer desse grande livro um manual
ou um guia da vida cotidiana:
- Não exija da ação política que
- Libere a ação política de toda ela restabeleça os “direitos” do
forma de paranóia unitária e indivíduo, tal como a filosofia os
totalizante; definiu. O indivíduo é o produto
do poder. O que é preciso é
- Faça crescer a ação, o “desindividualizar” pela
pensamento e os desejos por multiplicação, o deslocamento e os
proliferação, justaposição e diversos agenciamentos. O grupo
disjunção, mais do que por não deve ser o laço orgânico que
subdivisão e hierarquização une os indivíduos hierarquizados,
piramidal; mas um constante gerador de
- Libere-se das velhas categorias “desindividualização”;
do Negativo (a lei, o limite, a
castração, a falta, a lacuna), que - Não caia de amores pelo poder.
o pensamento ocidental, por um Se poderia dizer que Deleuze e
longo tempo, sacralizou como forma Guattari amam tão pouco o poder
do poder e modo de acesso à que eles buscaram neutralizar os
realidade. Prefira o que é efeitos de poder ligados a seu
positivo e múltiplo; a diferença à próprio discurso. Por isso os
uniformidade; o fluxo às unidades; jogos e as armadilhas que se
os agenciamentos móveis aos encontram espalhados em todo o
sistemas. Considere que o que é livro, que fazem de sua tradução
produtivo, não é sedentário, mas uma verdadeira façanha. Mas não
nômade; são as armadilhas familiares da
retórica, essas que buscam seduzir
- Não imagine que seja preciso ser o leitor, sem que ele esteja
triste para ser militante, mesmo consciente da manipulação, e que
que a coisa que se combata seja finda por assumir a causa dos
abominável. É a ligação do desejo autores contra sua vontade. As
com a realidade (e não sua fuga, armadilhas do Anti-Édipo são as do
nas formas da representação) que humor: tanto os convites a se
possui uma força revolucionária; deixar expulsar, a despedir-se do
texto batendo a porta. O livro faz
- Não utilize o pensamento para pensar que é apenas o humor e o
dar a uma prática política um jogo aí onde, contudo, alguma
valor de verdade; nem a ação coisa de essencial se passa,
política, para desacreditar um alguma coisa que é da maior
pensamento, como se ele fosse seriedade: a perseguição a todas
apenas pura especulação. Utilize a as formas de fascismo, desde
prática política como um aquelas, colossais, que nos
intensificador do pensamento, e a rodeiam e nos esmagam até aquelas
análise como um multiplicador das formas pequenas que fazem a amena
formas e dos domínios de tirania de nossas vidas
intervenção da ação política; cotidianas.
BIOGRAFIABIOGRAFIABIOGRAFIABIOGRAF

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Enemy Lines como segundo


MAN THE CONVEYORS guitarrista e esta é a formação
final.

A banda foi formada em 2003


em Massachusetts por e LB e o
casal Christina e Eric, começou
como uma piada, fariam uma banda
para ver se Christina aprendia a As influências de Extreme
cantar. (E o resultado nota-se que Noise Terror e Disrupt antigo são
foi maravilhoso!) latentes, por vezes também lembram
State of Fear e Wartorn, crustcore
Em seguida entrou Paul como na tora com duas guitarras e vocal
segundo vocalista e passaram por feminino/masculino!
varios baixistas antes da primeira
gig, dois dias antes desta gig o O nome man the conveyors pode
baixista tem uma infecção de ter várias interpretações, é
garganta, tendo que ser também uma expressão utilizada
rapidamente substituido, em seu para “coiote”, (quem transporta
lugar entra Jeff, irmão de LB, ele imigrantes ilegais(?) do deserto
pega todas as músicas nestes dois mexicano para os Estados Unidos)
dias e assim fazem sua primeira mas, segundo a própria banda, gira
gig. Pouco tempo depois Paul deixa em torno da questão da construção
a banda, porque tinha diversas da nossa posição como mão de obra
outras, e no seu lugar entra Mark, de manutenção do sistema
e é esta a formação principal da capitalista.
banda, os irmãos Jeff e LB, Mark e
o casal Christina e Eric. A A maioria das letras foram
posteriori, temos Matt do Behind feitas por Christina, mas
discutidas, modificadas e
concluidas por todxs da banda,
suas letras são extremamente
críticas e polítizadas, como
“Chauvinistic System”, “Built on
Bodies” e a “Wolf in Sheep's
Clothing” (seria a nossa expressão
Lobo em pele de cordeiro),
dedicada as pessoas da cena que
vestem nossas roupas, ouvem nossa
musica, usam nossos patchs, mas
não possuem nenhum tipo de
posicionamento político ou contra
cultural, vivem e reproduzem os
mesmos preconceitos, como racismo
e homofobia e tem bandas apenas
para alcançar o mainstream.

Em contraposição fizeram a
música, título de um album,
Cheers!, que fala sobre a
necessidade de também termos tempo
para descansar, se divertir e
beber com xs amigxs!

Lançaram os discos Man The


Conveyors - st, em 2005, Upheld by
Fear, em 2007, Cheers! em 2009 e o
split And We Obey... com The Skuds
em 2009.

No começo de 2010 a banda


pára de organizar gigs, mas ainda
toca em eventos que são
convidados, e no final de 2010, a
banda acaba de vez, infelizmente!
LINKSLINKSLINKSLINKSLINKSLINKSLINK

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www.anarcopunk.org
A proposta do site é que este funcione como um
meio de difusão das propostas, idéias, produções,
movimentações, campanhas e expressões anarcopunks em sua diversidade.
Conta com canais de diversos grupos, como MAP-SP, Coletivo Mentes Plurais
e ORG@P-Lima, além disto possui um canal de notícias e um ótimo acervo de
livros e vídeos para baixar!

www. crust-or-die.blogspot.com
O blog já existe faz um tempo e conta com um ótimo
acervo de mp3 de bandas anarcopunks y crusties e de
estilos afins, como sludge, grindcore e RABM, links
diretos e sem complicações, além de disponibilizar
também zines em imagem e/ou PDF e divulgação de
encontros e eventos, agora funciona também como distro
de materiais!

www.profaneexistence.org
O zine PROFANE EXISTENCE existe desde os anos 90 em
papel, e já tem uns bons anos que também existe como
site e funciona como distro, o site possui uma
infinidade de materiais e textos e agora os zines que
saim somente em papel podem ser baixados gratuitamente
em PDF! Tanto o formato dos zines quanto o conteúdo
foram e são de grande influência dentro da cena
anarcopunk/crust.

nogods-nomasters.com
Distro nova e com proposta inovadora. Além de contar
com um interessante acervo de LPs, mais camisetas,
bottons, livros (um bom acervo da crimethic.) e
zines (gringos e em papel, dificil de conseguir por
aqui!), ainda tem a maravilhosa proposta de ajudar
bandas a organizarem tour tanto no bra$il quanto na
europa!

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