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Devney Maxwell é minha melhor amiga desde que tínhamos seis

anos, mas ela não faz ideia de que estou apaixonado por ela.

Mesmo quando estou na estrada jogando beisebol profissional, ela


é minha casa – a única que já conheci. Mas quando volto para
Sugarloaf para cuidar da fazenda da família, descubro que ela está
tentando se convencer a viver com o homem errado... e fico
desesperado.

Basta um único perfeito beijo para mudar tudo.

Tenho seis meses para me acertar com Devney, para convencê-la a


deixar esta cidade e transformar aquele beijo no ‘para sempre’.

Pretendo fazer exatamente isso enquanto passo meus dias


treinando o time de beisebol de seu sobrinho, consertando a
fazenda e a amando com tudo o que tenho. Por fim, parece que
nosso relacionamento está seguro e encontraremos uma maneira de
fazê-lo funcionar.

Então a tragédia acontece... mudando sua vida para sempre. Ela é


necessária aqui mais do que nunca, mas, quanto a mim, não tenho
como ficar.

Eu sei que ela é a única para mim, mas posso ter que deixá-la ir...
À Melissa Erickson, obrigada por ser uma amiga incrível e
sempre me fazer rir. No entanto, Sean não é seu. Eu dedico isso
na verdade como uma prova de que ele não é. Assim, no caso de
você estar confusa, isso sou eu esclarecendo.
Sean

— Pra mim já deu! — Devney dá uma risadinha antes de


cobrir a boca.

Passamos as últimas quatro horas em seu celeiro, rindo,


bebendo, conversando sobre a vida... eu tinha esquecido o
quanto amo estar com ela.

— Mais uma bebida — eu insisto.

— Não. Eu tenho que encontrar Oliver amanhã.

Eu reviro meus olhos. Eu não sei o que diabos ela vê nele.


Ele é o oposto do tipo de cara de que ela precisa. Devney é forte
e desafiadora e, ainda assim, ela tem muitos pontos fracos, os
quais ela não deixa que as pessoas os vejam. Gosto de como ela
quer fazer todo mundo em torno dela feliz, mesmo em detrimento
de suas próprias vontades. Ele não vê isso, ou conhece o coração
dela. Oliver é apenas... agradável.

Isso é o melhor que eu posso dizer sobre ele. Ele. É.


Agradável.

Ela não precisa de alguém agradável. Ela precisa de alguém


para instigá-la e despertar sua faísca e fogo. Há muito tempo,
isso foi uma chama dentro dela. Eu não pensei que haveria uma
chance de ser extinto, mas então, cerca de nove anos atrás,
apagou.

Não sei por que ou o que aconteceu, mas ela mudou.

Ninguém permanece o mesmo, eu sei disso. Inferno, eu não


sou nem perto o mesmo homem que eu era antes da noite do
acidente que mudou minha vida, mas Devney não tem nenhum
segredo obscuro. Ela me conta tudo, e eu guardo minha história.

Oliver, porém, não conhece os segredos dela.

— Como está nosso amigo perfeitamente legal, Oliver? — Eu


pergunto. Estou apenas à beira de estar bêbado o suficiente para
não me importar se estou sendo um idiota.

Normalmente, eu disfarço. Os sentimentos que fervem são


capazes de ficar sob controle, mas esta noite, eu simplesmente
não me importo.

— Ele vai me pedir em casamento.

Meus olhos levantam, e eu me vejo olhando para sua íris


colorida, odiando as palavras que saíram dos lábios que tenho
sonhado em beijar.

Ela não pode se casar com ele.

Não quando... não quando as mentiras que estivemos


contando um ao outro durante todo esse tempo ainda estão entre
nós.

Eu tenho que parar com isso. — Dev...


— É bom, no entanto. Ele é... ele é muito bom para mim,
Sean. Oliver vai cuidar de mim, vai estar aqui, e ele não vai me
forçar a nada. Você deveria estar feliz e não olhar para mim
assim.

— Assim como?

Ela enfia uma mecha de cabelo castanho atrás da orelha e


dá de ombros. — Como se eu tivesse chutado você na cara. Sabe,
você estava assim no dia em que Debbie Sue tentou beijar você.

— Bem, Debbie Sue também beijou dois dos meus irmãos.

— Ela estava em uma missão para impressionar os irmãos


Arrowood.

Nós dois rimos. — Sim, ela estava.

Devney se vira, inclinando sua cabeça sobre o sofá e


dobrando seu corpo em direção a mim. — Não é diferente das
garotas com quem você fica agora. Como vocês as chamam?
Vadias do Homeplate?

Eu reviro meus olhos. — Você não tem ideia do meu tipo.

— Certo. Ohhh... — Devney levanta a cabeça com um


sorriso — isso é certo, eles as chamam de Ratazanas do Taco! Ou
talvez Visitas das Chuteiras? — Ela bate no queixo. — Vadias do
Strikeout? Putas do Homerun?

— Caçadoras de chuteiras. — Dou a ela um dos muitos


nomes que eles têm para as meninas que querem foder com um
jogador de beisebol.
— Não tão engraçado como o meu. E o que você quer dizer
com não tenho ideia do seu tipo?

Ela não tem ideia de que eu não sou o cara que estou lá
fora, tentando apenas acumular mulheres, mulheres que não
são... ela.

Devney é a garota que continuo procurando, embora ela


esteja bem na minha frente.

Meus irmãos me irritam, e eles estão certos, mas nunca


poderemos ter algo. Não por causa das promessas que fiz de ficar
solteiro e nunca me casar. É que eu nunca poderia me casar com
Devney. Ela não seria capaz de lidar com o fato de que eu nunca
estaria aqui. Eu viajo muito, treino muito, trabalho bastante
porque, senão... eu vou ser cortado da liga.

O único sonho que já tive foi jogar bola. Lidei com o abuso
de meu pai, a dor de perder minha mãe e a preocupação
constante com meus irmãos porque sempre tive beisebol na
minha vida.

Eu não poderia desistir. Por ninguém.

E Devney precisaria de mim. Ela não vai me amar pela


metade, que é exatamente o que minha vida é. Sou casado com o
meu trabalho e ela seria minha amante.

— Nada, ignore isso — eu digo e, em seguida, pego minha


cerveja. Eu não posso ir para esse caminho com ela. Eu já tive o
suficiente de destroços na minha vida e por essa amizade vale a
pena tomar um caminho diferente.
— Não, eu quero saber.

— Eu não acho que você queira.

Ela cutuca meu peito. — Sim, me diga.

Meus lábios se abrem e as palavras param. Se eu as liberar,


não haverá como voltar atrás.

Pego o copo dela, encho de novo e devolvo a ela. — Basta


beber mais e podemos voltar a tirar sarro dos meus irmãos ou
podemos conversar sobre por que você ainda mora em Sugarloaf
quando sonhava em partir.

Isso geralmente resolve tudo.

O que nos prendia era o desejo de mais. Devney seria uma


arquiteta, eu raramente a encontrava sem lápis e caderno de
desenho, sempre rabiscando edifícios, casas e qualquer outro
tipo de estrutura.

Então, quando ela voltou da faculdade, tudo aquilo parou.

— Sean, — ela lamenta — eu já estou tão bêbada. Oliver


odeia quando eu bebo porque fico muito imprevisível. Ele gosta
que eu sempre me comporte, que seja sempre correta, então ele
nunca precisa se preocupar comigo.

Eu rio. — Então, Oliver não conhece você.

— Oliver sabe quem eu sou agora.

— Bem, é uma coisa boa eu saber quem você é em sua alma.


Nós dois levantamos nossos copos, brindamos e depois
bebemos. — Eu irei lamentar sobre isso de manhã — Devney
reclama quando sua cabeça cai para trás.

Não tanto quanto eu vou.

— Bem, me conte sobre Oliver e seus planos de lhe pedir em


casamento. — Eu trago a conversa de volta para onde eu quero.

Seus olhos se fixam nos meus e ela dá de ombros. — Não


sei o que dizer, a não ser que ele mencionou que era hora de
avançarmos as coisas. Ele me ama e é bom para mim. Ele é esse
tipo estável de cara, sabe?

— Parece os ingredientes de um casamento perfeito.

— Nem comece. Eu não julgo seus relacionamentos – bem,


não que você tenha algum.

Eu sorrio. — Certíssima.

Devney revira os olhos e suspira. — Não brinque com essa


merda comigo, Sean Arrowood. Eu te conheço melhor que isso.
Você quer uma esposa e filhos. Você sempre quis. O problema
que você tem, é que você é estúpido.

— Estúpido?

Ela concorda. — Sim. E-S-T-Ú-P-I-D-O e burro.

— Significam a mesma coisa.

— Exijo pontuação extra no final.


Deus, eu amo o seu lado inteligente, destemido e relaxado.
E ela só é assim comigo. Ou, pelo menos, é o que eu gostaria de
pensar.

Os últimos dez anos foram difíceis para nossa amizade. Nós


dois fomos para a faculdade, eu tinha o beisebol e ela estava
estudando. Nós nos víamos nos intervalos, mas depois do
acidente que mudou a trajetória da minha vida, fiquei no Maine
e raramente nos víamos.

Porém, quando eu tinha sequência de jogos em Nova York,


Devney veio todas as vezes. Se eu estivesse na Filadélfia, ela
encontrava um jeito de me encontrar, e eu a levei de avião para
Tampa algumas vezes.

Agora, porém, estarei muito mais perto dela, e sei que esses
sentimentos não irão embora, eles ficarão mais fortes.

Sim, acho que sou realmente estúpido.

— Bem, eu posso ser estúpido, mas pelo menos não estou


me estabelecendo.

Ela se senta, batendo a mão na almofada do sofá. —


Estabelecendo?

— Sim. Você pode amar Oliver, mas ele não a deixa louca.

Devney muda de volta. — Você está me deixando louca


agora.

— Bom.
— Você é irritante!

Eu do de ombros. — Você me ama.

— Ajuda que você seja gostoso. — Devney cobre


rapidamente a mão sobre sua boca. — Eu não quis dizer dessa
forma.

Eu sorrio e me inclino em direção a ela. — Você acha que


eu sou gostoso?

— Eu acho você medíocre. Deus conhece o seu harém de...


sei lá como você as chama... Elas provavelmente acham que você
é.

Por muito tempo lutei contra dizer a ela qualquer coisa


sobre como me sinto. Como essas mulheres não têm rosto e não
significam nada para mim. Sempre foi ela. Sempre é uma morena
quem eu procuro, na esperança de encontrar apenas um pedaço
de algo como ela, em que eu possa me agarrar, mas nunca disse
isso.

Então eu me pergunto se talvez este não seja o momento


perfeito. Oliver vai lhe pedir em casamento. Oliver vai se casar
com ela, e eu não terei nada a dizer sobre isso porque eu nunca
vou contar a ela.

Além disso, ela está bêbada.

Talvez ela não se lembre disso.

— Talvez sim, mas não estou perguntando a elas. Além


disso, todas as garotas que me atraem se parecem com você.
Devney ri enquanto balança a cabeça. — Bem, deve ser
difícil beijar sua melhor amiga, certo?

E nesse momento, eu sei o que vou fazer. Não importa se é


estúpido ou errado. Não me importo mais com o namorado dela
ou como esse momento sem dúvida mudará tudo entre nós,
porque ela vai se casar com ele quando ele pedir. Devney não vai
vacilar. Ela se agarrará ao seguro e eu não sou isso, mas eu a
amo.

Eu me inclino mais perto e seus olhos estudam meus


movimentos. Com a mão tremendo, eu seguro seu rosto e escovo
o meu polegar contra sua pele macia. Tudo congela ao nosso
redor enquanto eu sinto o calor que emana dela. Nossas
respirações se misturam conforme a distância diminui. — Não
sei, mas gostaria de ver se é difícil beijar você.

Eu espero, dando a ela uma última chance de me afastar,


mas em vez disso, sua língua se move contra seus lábios rosados,
que é o convite que eu preciso.

Eu me inclino, meus lábios tocam os dela, e eu sei que


minha vida não apenas acabou de mudar, ela foi completamente
transformada.
Devney

— Você está bem? — Oliver pergunta enquanto remexo a


comida no meu prato.

— Estou bem.

Eu não estou bem. Na verdade, estou uma bagunça. Já se


passaram quatro dias evitando suas ligações. Quatro dias
repetindo aquele beijo uma e outra vez em minha mente. Não há
nenhum sentido nisso.

Sean Arrowood me beijou. Ele me beijou e eu gostei.

Muito.

— Você parece um pouco distraída.

Eu coloco um sorriso no rosto e empurro toda a minha


confusão de lado. É nossa noite de encontro mensal e eu deveria
estar feliz. Oliver veio ao escritório com flores e um sorriso tão
caloroso que poderia ter derretido gelo. Ele é seguro e é bom para
mim. Eu sei disso, e ainda... eu me sinto horrível.

Ele merece saber.


— Oliver, — eu digo com cuidado. — Eu... — Eu beijei Sean.
— Eu… não tenho certeza do que dizer. — Eu beijei Sean e sou
uma pessoa horrível.

— Apenas fale comigo, Dev. Não há nada que você não possa
me dizer.

Eu coloco o garfo para baixo e solto algumas respirações


pesadas. Eu já vivo com segredos, e eles apodrecem, comendo
pouco a pouco a minha alma. Não aguento manter mais um.
Enquanto ele pode pensar que não há nada que não podemos
dizer, há algumas coisas que ninguém quer ouvir.

Ainda assim, não vou fazer isso com ele. Não vou concordar
com algo a mais quando tudo é mentira.

Eu cometi um erro.

Eu estraguei tudo e tenho que admitir.

— Na outra noite, quando eu estava com Sean. — Eu faço


uma longa pausa, odiando que vou machucá-lo. Ele não merece,
mas, mais do que tudo, ele merece a verdade. — Estávamos
bebendo muito.

Oliver sorri e balança a cabeça. — Se bem me lembro, você


pagou por isso no dia seguinte.

Tenho pago por isso desde quando aconteceu.

— Sim, mas tem mais... — Deus, eu quero vomitar. —


Estávamos muito bêbados. Nós dois estávamos, bem, deveríamos
ter parado de beber muito mais cedo. Eu preciso te dizer isso
porque eu te amo. Eu realmente amo. Eu te amo e amo o que
temos.

— Devney, você... vocês dormiram juntos?

Eu recuo, os olhos arregalados em choque. Por que diabos


ele deu um salto assim tão rápido?

— Não, — eu digo rapidamente. — Não, não dormimos. Mas


nós... bem, nós nos beijamos.

Oliver se recosta, ajeitando o guardanapo no colo. —


Entendo. Não é como você normalmente faz ao dizer oi ou adeus?
— Eu balancei minha cabeça.

— Não.

Ele engole e então toma um gole de vinho. — Não estou


surpreso.

Bem, eu estou. — Por que você diz isso?

— Aconteceu mais alguma coisa? — Ele pergunta com um


aceno de cabeça. — Presumo que você esteja me contando porque
há mais coisas.

— Não, eu juro. Ele foi estúpido, e eu não falei com ele desde
então, mas eu queria te dizer. Eu sinto muito. Eu te amo. Eu me
odeio por ferir você e destruir o que nós temos. Eu desejo poder
voltar no tempo e dizer não a ele. Eu sinto muito, Oliver.

Oliver, o homem mais doce do mundo, que nunca, nenhuma


vez me pressionou ou me forçou a fazer algo que eu não queria,
o cara que juntou novamente meus pedaços quando eu estava
quebrada e ninguém mais sabia, ele vai me odiar. E a parte mais
triste é que ele tem todo o direito.

Limpo a lágrima que fica nos meus cílios. Não há desculpa


para a escolha que fiz.

— Você o ama?

Meu estômago embrulha. Sim. Não. Eu não sei. O que sinto


por ele é turvo. — Eu já o amava por um longo tempo, mas eu
não o amo da mesma maneira que eu amo você.

— Estou perguntando se você está apaixonada por ele. Não


se você ama Sean do jeito que sempre amou. — Há uma tensão
em sua voz que nunca ouvi antes. Eu odeio estar quebrando sua
confiança e seu coração.

— Eu sei o que você está perguntando, e eu nunca pensei


nele em qualquer outra forma que não... Sean.

— E como é isso?

Meu coração está batendo forte. Parece que tudo está


desmoronando ao meu redor, e não sei como fazer parar. Eu
descanso minha mão no meu pescoço, brincando com o colar que
Sean me deu quando eu tinha dezesseis anos. E por alguma
razão, aquele movimento inconsciente me diz a verdade.

— Ele é meu melhor amigo.

Oliver concorda. — E isso é tudo que eu sempre quis ser


para você. — E isso não é menos do que ele merece. Eu o observo,
engolindo em seco, mas seu rosto é uma máscara que não
consigo ler. — Você sabe o que isso significa para nós, certo?

Uma lágrima cai pela minha bochecha e eu aceno.

— Eu nos quebrei.

— Não é o beijo. Eu poderia superar o beijo — ele diz com


uma risada. — Quão triste é isso? Estou aqui, dizendo à mulher
que planejei pedir em casamento na próxima semana que eu
poderia perdoá-la por beijar outro homem.

Abro a boca rapidamente para tentar dizer algo, qualquer


coisa para tornar isso melhor. — Ollie.

— Eu não posso fazer isso comigo mesmo, no entanto. Eu


não posso te amar quando você ama outro homem. Se eu pedisse
para você escolher entre nós, você o escolheria.

Negar isso é tudo que eu quero fazer, mas iria ser uma
mentira. Posso não amar Sean do jeito que ele pensa que amo,
mas eu o amo o suficiente para saber que se Oliver me fizesse
escolher, eu nunca deixaria Sean sair da minha vida.

O que nos deixa neste impasse.

Ollie pousa a mão na mesa, com a palma para cima.

— Pegue minha mão, Devney. — Eu coloco minha mão na


sua. — Não vou mentir e dizer que não estou ferido. Sua amizade
com Sean sempre foi difícil para mim, principalmente porque não
a entendo. No entanto, eu aceitei. Amo você e quero me casar com
você, mas também não posso me casar com ele, entendeu?
Eu aceno. — Eu nunca pediria isso.

— Mas você fez. Você o ama, mesmo que você nunca tenha
se permitido sentir. Talvez não até agora. A amizade que você tem
com ele é inquebrável, e eu estou sempre competindo pelo
primeiro lugar em seu coração... que pertence a ele.

Sean é sempre o homem contra o qual meço as pessoas. Ele


é o cara que procuro quando estou sofrendo ou sozinha. Não sei
por que tento fingir o contrário. — Eu queria que fosse você —
confesso, deixando as lágrimas derramarem. — Eu queria que
fôssemos nós.

— Eu também queria. — A voz de Oliver se quebra no final.


— Eu sabia que estava lutando uma batalha perdida.

Deus, como eu sou horrível. — Você acredita, que eu não


sabia?

Seus lábios se transformam em um sorriso triste enquanto


seu polegar esfrega o topo da minha mão. — Eu sabia que você
estava apaixonada por ele desde a primeira vez que o conheci. Eu
sabia que ambos estavam apaixonados, e eu rezei para que eu
pudesse fazer você me amar.

Meu lábio treme. — Eu te amo.

— Eu sei.

— Você sabe?

Oliver balança a cabeça, mas afasta a mão, me deixando


desolada. — Mas agora, você viu outra coisa, e eu não tenho
chance. Então, vou fazer o que é certo para nós dois e ir embora
enquanto ainda podemos ser amigos.

— Ollie...

Ele se levanta, colocando o guardanapo sobre a mesa e dá


a volta para o meu lado. Seus lábios pressionam contra o topo da
minha cabeça.

— Eu quero que você seja feliz. Eu quero que você se cure e


encontre um caminho através de todos os seus problemas.

Meu coração está batendo forte no meu peito enquanto


Oliver se afasta.

Eu apenas perdi o melhor homem que eu já namorei. E os


erros continuam se acumulando.

— Então, você contou ao Oliver? — Sydney pergunta


enquanto eu sento ao lado de sua cama. Ela teve algumas
contrações falsas e Declan se recusa a deixá-la sair da cama a
não ser para fazer xixi.

O que ela aparentemente faz com frequência.

— E ele terminou comigo.


Eu abro a pasta, pronta para mudar de assunto sobre o meu
desastre de vida pessoal, mas Sydney não está pronta.

— Ele terminou com você?

Eu suspiro e fecho o arquivo. — Sim, e eu não o culpo por


isso. Oliver deveria estar com alguém que o ama loucamente. Não
alguém que não está disposta a dar seu coração a ele.

— Por que você não está disposta?

— Eu estou.

A cabeça de Syd salta para trás. — Isso resume tudo. É por


causa de algo no seu passado? Algo que você está tentando
manter escondido, mas isso está a sugando? Ou talvez porque
você tem medo de alguma coisa?

— Não estou disposta agora porque minha chefe está


fazendo muitas perguntas — eu digo defensivamente.

Sydney puxa os papéis da minha mão e lança-os para o


outro lado da cama. — Você sabe que não sou uma pessoa
paciente. Eu gosto de saber as coisas e ajudar as pessoas. Você
tem algo com o qual você está chateada que não envolve enfiar a
língua na boca de Sean. Me diga.

Existem algumas verdades que não podem ser ditas, esta é


uma.

Então, eu digo outra coisa que faz parte da história. — É por


isso que fiquei longe por tanto tempo.
— Você quer dizer longe de Sugarloaf depois da faculdade?

— Sim, eu... amei alguém quando estava no Colorado. Eu o


amava muito, mas nunca contei a ninguém. — Ela sorri e espera
que eu continue. — Nunca deveríamos ter ficado juntos, por isso
não falo sobre isso. Christopher era mais velho e tinha uma
posição de autoridade. De qualquer forma, as últimas poucas
semanas têm sido difíceis, porque ele esteve muito em minha
mente, e agora tem Sean, é como se eu não soubesse mais quem
eu sou.

Os lábios de Sydney se contraem em uma linha tensa. — Eu


não posso te dizer quem você é, só você pode fazer isso. O que
posso dizer é que você é corajosa, linda, inteligente e uma amiga
maravilhosa. Você não precisava contar a Oliver sobre o beijo, foi
uma noite de bebedeira pela qual ninguém iria culpá-la, mas você
contou. Você enfrenta seus erros de frente. Você lida com as
consequências, e isso é algo de que deve se orgulhar.

Oh, como ela está errada. Não há como enfrentar meus


erros, eu corri. No minuto em que pude, escapei da faculdade em
que estava e de tudo que o cercava. Eu corri de tudo, e estou
fazendo isso agora com Sean.

— Eu gostaria que isso fosse verdade. Ainda não respondi


às ligações ou mensagens de texto de Sean.

— Você precisa falar com ele. Confie em mim. Isso não vai
embora, e é melhor saber onde as coisas estão antes dele voltar
para a cidade e ficar na sua frente.
Meu telefone apita com uma mensagem.

— Falando no diabo — eu digo, empurrando meu telefone


sem ler.

— Por que você não vai para casa? Declan continua


andando pela porta e estou ficando um pouco cansada. Obrigada
por trazer isso para mim. — Sua mão bate na pasta.

— Você tem certeza?

— Positivo. Estou aqui se você precisar de mim.

Eu aperto a mão da minha amiga e, em seguida, vou para


fora para o corredor onde, certeza absoluta, Declan está fazendo
um buraco no chão.

— Você está bem? — Eu pergunto.

— Não. Isso é uma loucura. Estou nervoso, frenético e com


medo de sair de casa para buscar comida. Ela faz um barulho e
eu estou correndo. — Ele passa as mãos pelos cabelos.

Eu sorrio para meu amigo de longa data, gostando de


alguma forma de sua miséria. — Esta é a recompensa por ser
uma ferramenta tão útil nos últimos meses.

— Eu tenho esse sentimento que vou receber essa


recompensa por um longo tempo.

— Sim, eu acho que você vai. Vejo você mais tarde.

Eu começo a descer as escadas, mas Declan chama meu


nome. Quando eu olho para trás, ele parece hesitar em dizer algo.
— Eu prometi a ele que não me envolveria — Dec começa, e eu
fico tensa.

— Ele disse a você.

Declan acena com a cabeça. — Eu conheço Sean, e ele não


faz nada sem pensar bem. Eu sei que vocês dois têm uma história
e não querem complicar as coisas, mas vale a pena, às vezes
complicações tornam-se milagres. — Ele olha para trás em
direção ao quarto onde Sydney está. — E acredite em mim, você
quer os milagres.

— Sean e eu vamos descobrir — digo a ele, sem querer


entrar no assunto.

— Tenho certeza que você vai.

— Me ligue se vocês precisarem de alguma coisa — eu digo


e saio correndo da casa.

Assim que entro no carro, pego meu telefone e vejo a


mensagem.

Sean: Dev, nós precisamos conversar. Eu estarei em


Sugarloaf na próxima semana, e evitar um ao outro não vai
funcionar. Me ligue.

Meus dedos pairam sobre as teclas porque, embora eu


afirme que o beijo foi um erro de embriaguez, não foi. Mas, e se
foi um erro para ele? Eu não sei se eu sou forte o suficiente para
ouvir isso. Então, novamente, pode ser exatamente a resposta
certa.
Em vez de enviar uma mensagem de texto para ele,
pressiono o botão de chamada. Agora não é hora de ser uma
cagona. Declan está certo, isso é complicado, mas eu preciso de
Sean na minha vida. Sempre precisei, e não posso continuar a
afastá-lo.

— Ei. — A voz profunda de Sean enche meus ouvidos,


enviando um ronco até meu estômago.

— Ei. Desculpe eu não responder ou ligar, mas...

— Mas nós meio que cruzamos os limites na outra noite. —


Eu acho que estamos indo direito ao ponto.

Eu suspiro enquanto olho para fora da janela. — Sim, nós


cruzamos.

— Sinto muito, Dev. Eu não sei o que deu em mim. Eu


nunca deveria ter beijado você. Foi um erro. Um horrível que eu
me arrependo muito.

Essas quatro palavras apenas quebraram meu coração. Eu


fecho os meus olhos para parar as emoções que estão me
roubando o fôlego e então as deixo ir. Foi uma noite em que
bebemos demais e as coisas saíram do controle.

— É, foi — eu confirmo.

Sean fica em silêncio por um segundo antes de dizer: — Isso


não vai acontecer de novo.

Há uma tensão em sua voz, e eu sei que tenho que dizer algo
para salvar isso. — Estávamos bêbados e... há muita coisa
acontecendo para nós dois. Você é meu melhor amigo e não quero
perder isso.

— Você nunca vai me perder — diz ele com promessa.

— Bom. Então, está tudo bem, vamos fingir que nunca


aconteceu e voltar a ser como as coisas sempre foram.

Sean ri, mas parece forçado. — Parece bom para mim.

Parece um inferno para mim, mas que outra escolha eu


tenho? Dizer a ele que eu quero algo mais quando ele claramente
acha que foi um ‘erro horrível’? Não. Isso seria estúpido e
imprudente. Sem mencionar, eu não posso deixar Sugarloaf. Há
coisas aqui que são importantes para mim, mais do que meu
próprio coração. Eu tenho que ser inteligente e pensar no que é
importante.

Eu olho para o relógio e suspiro. — Eu tenho que ir. Estou


indo jantar na casa do meu irmão e tenho que acordar às quatro
da manhã para ver o jogo de beisebol de Austin amanhã e...

E estou mentindo porque não posso falar com você agora.

— Tão cedo?

— Sim. Seu jogo é cedo. Você se lembra de como são esses


torneios.

Mesmo se não houver um, Austin terá algo relacionado ao


beisebol.
— Sim, eu me lembro. Outro dia conversei com seu irmão
sobre como trabalhar com as crianças individualmente. Vai ser
bom ajudar e não ficar preso na fazenda, mexendo os polegares
ou tentando aprender sobre as malditas vacas.

Eu sorrio, sabendo que Austin vai adorar. Não há nada


como treinar com seu ídolo. Ele adora Sean, principalmente
porque ele é um jogador de beisebol famoso, que é o que ele
espera ser um dia.

— Tenho certeza que as crianças de Sugarloaf ficarão felizes.

— Pelo menos alguém vai falar sobre eu estar de volta.

Fico em silêncio porque fiquei muito animada quando


descobri que ele estaria de volta por seis meses. Eu mal podia
esperar para passar um tempo com ele e ter meu melhor amigo
por perto. Eu tenho Sydney e Ellie, mas não é a mesma coisa.

Elas não são Sean.

Elas não sabem sobre toda a merda que eu tenho que lidar,
com a minha mãe ou com o desejo que eu poderia estar fazendo
algo diferente com a minha vida.

Desde que Sydney me deu um aumento, estou um pouco


mais perto dessa liberdade. Isso ajuda porque quanto mais cedo
eu puder sair da casa dos meus pais, melhor. Não suporto estar
sob o domínio deles, mas com os empréstimos estudantis que
acumulei depois que minhas bolsas foram canceladas, não fui
capaz de sair.
Todo aquele tempo e dinheiro desperdiçados. Sou formada
em arquitetura e, graças às minhas péssimas decisões em relação
aos homens, não tenho chance de usar meu diploma.

— Okay. Estamos bem? — Sean pergunta depois que eu não


digo nada.

— Estamos bem.

Além de querer saber se beijar você de novo será como


naquela noite. Oh, e Oliver e eu terminamos.

— Vejo você em uma semana — ele diz.

A vibração no meu estômago torna difícil manter o meu tom,


mas eu controlo. — Mal posso esperar.

Sim, os próximos seis meses serão um teste, e oro para não


falhar.
Devney

— Eu tenho uma nova contagem regressiva na minha


cabeça.

Três dias até o dia S.

Sean Day.

Três dias antes, tenho que fingir que não revivi aquele beijo
estúpido e não percebi que estou apaixonada pelo meu melhor
amigo.

Super divertido.

Eu me levanto, me olho no espelho e desço as escadas. Meus


pais estão na sala, lendo algum artigo no jornal. Mamãe levanta
os olhos. — Onde você está indo tão cedo?

— Para os estábulos.

Ela bufa — Você não é uma filha obediente. Agora você de


repente se preocupa com os animais aqui. Por que lhe convém?

Eu engulo a resposta ácida que quero lançar para ela.

Minha mãe já foi uma mulher muito amorosa e doce. Nós


passávamos horas no jardim, plantando e colhendo legumes. Ela
me levava para os estábulos e me deixava ficar com os cavalos.
Esse sempre foi o lugar que eu desejei estar.

Ela tem uma forte crença nos valores e fez o possível para
serem atribuídos a mim.

Por anos, parecia que eu havia superado suas esperanças.

Até que eu não fiz mais.

— Lily, — papai diz suavemente. — Ela não está fazendo


nada de errado. Ela está ajudando nos fins de semana.

Eu sorrio para meu pai, que tem uma cabeça cheia de


cabelos cinza, e está um pouco mais redondo do que ele gosta de
acreditar. Ele não me olha como se eu fosse um fracasso, e eu o
amo ainda mais por isso.

— Isso nos faz muito bem durante a semana, quando ela


está trabalhando em um emprego que está abaixo dela.

— Eu gosto de trabalhar para Sydney.

Ela coloca a mão na capa do livro que estava lendo. — A


fazenda da sua família precisa de ajuda. Seu irmão pelo menos
vem e trabalha nas máquinas. Teríamos fechado as coisas, mas
você nos encorajou a continuar quando decidiu voltar para casa
depois da faculdade.

Sim, é tudo minha culpa. Eu sou aquela que destruí tudo


para ela. — Eu não incentivei isso, mãe. Eu disse que eu estaria
aqui e se você e papai não quisessem se livrar dos animais, eu
gostaria de ajudar.
— Mas você não ajuda — ela rebate.

Não, eu faço tudo que posso para ficar bem longe de sua
censura.

Papai coloca a mão na dela. — Não vamos culpar ninguém,


por favor. — Ele acena com a cabeça em direção à porta e eu
aproveito minha deixa.

— Voltarei mais tarde.

Minha mãe move sua mão livre como se ela não pudesse ser
incomodada, e eu vou em direção ao celeiro.

Minha família é meio eclética no que oferecemos na fazenda.


Temos de tudo um pouco e atendemos o que as pessoas
precisam. Temos gado porque em Sugarloaf é principalmente
uma cidade leiteira, mas também temos cavalos, cabras, galinhas
e ovelhas.

Nós não apenas vendemos os animais, mas também


ajudamos os agricultores locais a comprar e a realocar os animais
que eles já não podem manter por qualquer razão.

No entanto, o cavalo que está na minha frente é todo meu.


— Ei, Simba — eu grito para meu lindo e castrado cor de aveia,
que adoro há dez anos.

Ele levanta o focinho e segue em direção à maçã que tenho


na mão.

— Meu bom menino. Quer dar um passeio?


Ele pega a comida e balança a cabeça como se realmente
concordasse.

Eu o selo e partimos para os campos abertos. Eu amo


quando posso deixá-lo correr livre. Ele está ficando mais velho e
não anda tão rápido quanto antes, mas eu dou a ele as rédeas e
o deixo ir.

Eu sorrio enquanto o vento sopra em meu cabelo, o sol bate


em meu rosto e o ar fresco enche meus pulmões. A liberdade que
sinto enquanto Simba e eu cavalgamos pelo campo é
indescritível. Por este breve momento, posso ser quem eu sou.
Não há como forçar um sorriso ou pressão para tornar minha
vida melhor. Apenas... eu.

Eu sou a garota que desistiu de tudo e que nunca poderá


recuperar.

Sou a mulher que está tentando encontrar seu caminho em


um mar de incertezas.

Eu também sou a pessoa que está trabalhando para se


perdoar. E eu vou. Eu devo.

Quando eu chego no final do campo, atravesso o riacho e


ando em direção a propriedade do meu irmão.

Depois de cruzar sua linha de cercas, eu me dirijo para onde


meu irmão, Jasper, normalmente está trabalhando. Amarro
Simba, acariciando seu pescoço e beijando seu focinho,
agradecida porque fomos capazes de passar algum tempo juntos,
e então eu vou em busca da única pessoa neste mundo que
nunca me fez sentir mal sobre mim mesma. Sabia que o
encontraria aqui mexendo em algum trator de aparência mais
velha.

Eu limpo minha garganta. — Olá, irmão.

Jasper desliza por debaixo do motor. — Esta é uma


surpresa.

Eu digo a única palavra que nos une. — Mãe.

— Não precisa dizer mais nada.

Minha mãe trata meu irmão muito melhor do que me trata,


mas ainda assim... não é ótimo.

— Em que você está trabalhando? — Eu pergunto.

— Estou tentando consertar isso para Connor. Ele diz que


consertou duas vezes, mas...

— Connor não é propenso para a mecânica.

Ele ri. — Não, não tenho certeza do que diabos ele


consertou, mas vou fazer funcionar o suficiente para que ele
venda.

Eu me inclino meu quadril contra a bancada que está cheia


com ferramentas. — Claro que você vai.

— Então, por que a mamãe estava pegando no seu pé dessa


vez?

— Quem sabe, porém, um dia espero não ser uma decepção.


Jasper sempre me entendeu. Não importa que há sete anos
de diferença entre nós, porque, quando éramos crianças, éramos
inseparáveis. Conforme crescemos, nós nos desviamos um
pouco, sem saber como navegar com ele virando um adulto,
trabalhando em tempo integral e se casando com Hazel,
enquanto eu era uma criança. Mas ele tem sido gentil quando
minha mãe tem sido tudo menos isso, ele nunca me afastou. Em
vez disso, ele é grato pelo relacionamento que estabelecemos.

— Não dê ouvidos a ela. Ela é apenas... ela. Teve sorte em


encontrar um lugar para morar?

— Não, eu só tenho que ser paciente. — Tenho dinheiro


suficiente para alugar algum lugar, mas o ponto em questão é
para onde me mudar. Não quero sair de Sugarloaf. Quero estar
perto do meu irmão e não há exatamente uma infinidade de
opções de moradia.

— Você já conversou com o Sean? — Jasper pergunta.

Minha garganta fica seca com a menção de seu nome. —


Sobre?

— Sobre morar com ele por seis meses. Quer dizer, Connor
e Ellie se mudaram para a nova casa, Declan está morando com
Sydney e Sean está na cidade. Você poderia facilmente ficar
naquela pequena casa em que Dec morou.

Não havia chance de eu ficar na casa grande, não depois


daquele beijo. No entanto, eu não tinha considerado morar na
pequena casa. Eu poderia fazer isso totalmente. Claro, precisaria
de um terreno para colocá-lo, e sei que minha mãe teria um
ataque de nervos se eu perguntar. Deus me livre que ela tenha
que fazer quaisquer mudanças para mim.

Eu sempre poderia perguntar a Jasper, mas... isso pode


fazer ela ficar com raiva dele, então melhor não fazer isso.

— Eu irei pensar sobre isso. Obrigada pela ideia.

Ele sorri. — Estou cheio delas.

— Você está cheio de alguma coisa, com certeza.

— Hazel concordaria com você.

— Ei, você decidiu contratar outro mecânico?

Jasper se endireita e dá de ombros. — Eu não tenho certeza


do que fazer. Trazer outro funcionário para a empresa significa
que preciso de mais trabalho.

— Jasper, você tem muito trabalho. Na verdade, você tem


trabalho demais.

Venho o encorajando a expandir por um ano. Ele poderia


fazer muito mais se conseguisse trazer alguma ajuda. Com todo
o dinheiro que ele gasta no beisebol de Austin, sei que ele precisa
de ajuda financeira.

— Seu plano de negócios é interessante.

— Também é detalhado e as projeções foram muito


conservadoras.
Ele limpa a graxa das suas mãos e olha para mim.

— Você acha que eu iria fazer mais do que você colocou


naquele gráfico?

Eu concordo. — Eu acho.

— Você sabe que eu te amo?

— Sim. Como você não poderia me amar?

Seu sorriso é largo e faz com que a pele ao redor dos olhos
enrugue.

— Meu ponto é que você é muito inteligente para seu próprio


bem.
Se eu fizer isso, eu precisaria da sua ajuda.

— Você nem precisa perguntar. Se você fizer isso, estarei


aqui a cada passo desse caminho.

Jasper me puxa contra o peito, o cheiro de gasolina, óleo e


madeira me preenche quando abraço meu irmão.

— Bom. Agora, vá buscar alguns clientes e contrate algumas


pessoas.

Eu rio e o empurro de volta. — Eu não disse que gerenciaria


seu negócio.

— Sério? Eu juro que ouvi isso.

— Você precisa verificar sua audição.

— E você precisa de uma vida fora desta família.


Esta é uma conversa que não estou pronta para ter. Eu olho
para a casa, sabendo que esse é o único assunto que o irá
distrair. — Hazel e Austin estão em casa?

Jasper acena com a cabeça. — Eles estão. Tenho certeza que


eles ficarão felizes em ver você. Me dê essa chave inglesa aí, por
favor?

Há seis chaves inglesa na mesa, então escolho apenas uma.


Eu me agacho, beijo meu irmão na bochecha e procuro minha
cunhada e meu sobrinho.

Antes que eu possa chegar à porta dos fundos, um pacote


de nove anos cheio de energia sai voando pela porta.

— Tia Devney! — Ele grita e se lança contra mim.

Eu o pego – por pouco – e rio enquanto ele envolve seus


braços em volta da minha cintura.

Eu amo esse menino. Eu o amo mais do que qualquer coisa


no mundo, e eu sou muito grata pelo tempo que eu consigo
passar com ele.

— Olhe para você, você cresceu nos últimos dias. — Eu o


aperto um pouco mais forte.

— É porque mamãe está me alimentando com vegetais


nojentos. Ela diz que eles vão me ajudar a jogar beisebol melhor.

E Austin fará qualquer coisa que torne isso uma realidade.


— Pelo menos está funcionando.
Ele me solta e sorri quando vê algo atrás de mim. — Você
trouxe o Simba?

— Eu o trouxe.

— Podemos voltar e pegar meu cavalo com vovó e papai?

Prefiro comer unhas do que voltar para casa, mas por


Austin, eu faria isso. — Talvez. Você tem prática hoje?

Ele geme. — Sim. Mas posso faltar!

Não há uma chance no inferno que isso esteja acontecendo.


Hazel e Jasper toleram um monte de coisa, mas a quantidade de
dinheiro que eles gastam em suas aulas particulares, equipes
especiais, e em seus materiais, significa que ele não está
permitido a faltar.

— Eu duvido que você realmente queira fazer isso. Será que


você quer explicar ao seu treinador ou Sean quando ele chegar
aqui que você faltou?

Austin chuta uma pedra. — Eu acho que não, mas podemos


montar em breve?

— É claro, nós vamos pedir a seus pais e marcar um dia.

— Sean virá para Sugarloaf em breve? Hadley estava


contando a todos na escola como seu famoso tio estava vindo
para a cidade e como ele é legal. E então ela estava falando sem
parar sobre sua estúpida casa na árvore e como seu tio está
comprando um cavalo para ela. Eu tenho um cavalo! Não sei por
que ela acha que nos importamos. Ela é apenas uma garota.
Eu mordo minha língua e tento não sorrir. Ele é como um
típico menino na fase do ‘meninas-são-estúpidas.’ — Ela é uma
menina, mas sua mãe e eu também somos.

— Sim, mas você não é Hadley. — Ele zomba do nome dela.

Eu me agacho, pegando suas mãos. — Austin, você gostava


de Hadley na semana passada.

— Sim, mas agora vou ter que ouvi-la falar o tempo todo.

Desta vez, o sorriso não fica escondido. — Ela é sua amiga,


não é?

— Às vezes.

— Bem, ela está animada assim como você que Sean está
vindo para ser seu treinador. Você não acha que ela pode estar
da mesma maneira?

Ele revira os olhos e geme. — Eu acho.

— Certo. Bem, ele estará aqui em breve, e então vocês dois


podem falar sobre como ele é legal. Basta lembrar que eu o
conheci quando ele não era tão legal.

— Ele sempre foi legal.

Não há como estourar sua bolha. E contar a ele as histórias


de quando éramos mais jovens irá provavelmente, apenas
aumentar o seu status em vez de mostrar que ele é um mero
mortal como o resto de nós. Para quem sabe quantos meninos há
com sonhos de grandes ligas, ele é um Deus.
— De qualquer forma, você terá muitas coisas para se
animar quando Sean chegar e trabalhar com sua equipe.

Há um brilho que cai sobre os olhos de Austin quando ele


sorri.

— Isso será o melhor. Estou tão feliz que você o conhece!

— Eu também.

Há muitas razões pelas quais estou feliz por conhecer Sean


Arrowood, não apenas porque ele faz Austin sorrir daquele jeito.
São anos de amizade e confiança, mas agora não tenho ideia.

Três dias até que eu possa descobrir.

Austin e eu nos viramos para entrar no momento em que


Hazel abre a porta. — Ei, você.

— Ei, desculpe por aparecer sem avisar.

Ela revira os olhos. — Como se você não fosse bem-vinda?


Porém, eu estava vindo aqui fora porque algo apareceu na porta
da frente e eu acho que você pode querer.

— Para mim?

Ela concorda. — Sim.

— Aqui?

Eu nunca envio nada para a casa do meu irmão. — Sim,


acho que é uma surpresa.
Nesse momento, uma figura alta sai da casa e meus três
dias se tornam zero.
Sean

Não tenho certeza se essa foi a minha melhor ideia, mas é


muito tarde para voltar atrás agora.

Quando cheguei à casa de Devney e seus pais disseram que


ela foi cavalgar e que provavelmente estava aqui, não consegui
ficar longe dela nem mais um minuto.

Olhando para ela agora, tudo na minha cabeça fica uma


bagunça novamente. Por vários dias, eu me perguntava e
pensava sobre ela, desejando que eu pudesse estar aqui para
tentar descobrir o que fazer. Sentir falta de Devney não foi nada
para o que eu poderia ter me preparado.

Anos ouvindo pessoas nos dizerem que éramos mais do que


amigos, pensando que todos eles eram ridículos, apenas para
perceber agora que era uma besteira completa.

No entanto, ela tem Oliver. O cara legal.

Aquele que está aqui por ela, que cuida dela quando eu...
bem, não posso. Mesmo assim, quero vê-la. Eu a terei de
qualquer maneira que eu puder.

Lá está ela, cabelo castanho escuro em uma trança e os


olhos castanhos mais bonitos que eu já vi estão olhando para
mim. Seus lábios se abrem e eu posso ver a pesada subida e
descida de seu peito.

— Você chegou cedo — Devney diz enquanto me observa


observá-la.

— Eu cheguei.

— Sean! — Austin quebra o momento enquanto se dirige


para mim.

— Ei, cara. — Nos cumprimentamos como todos os caras


fazem e ele fica praticamente quicando na minha frente.

— Isso é tão legal. Tão legal. Eu não posso acreditar que


você está aqui... Mãe! Mãe! Você vê quem está aqui?

Hazel ri e toca meu ombro. — Eu vejo. Ele é real. Quem


poderia imaginar isso?

As crianças são a melhor parte do meu trabalho. Sempre fiz


questão de assinar bolas e autógrafos e tento ser um modelo para
elas. Embora eu possa não ter tido uma figura paterna em minha
vida, tive ótimos treinadores. Foram os homens que me
ensinaram a crescer e a encontrar humildade nesse mundo tão
difícil.

Sou um cara normal que simplesmente joga beisebol.

Mas para essas crianças, sou um herói. Alguém que eles


desejam ser, mas que infelizmente não é garantido.
Devney vem em nossa direção e, de repente, não tenho
certeza do que fazer. Eu a abraço? Devo confessar que a quero e
peço para que ela se livre do idiota com quem está? Não, isso
seria injusto e egoísta. Eu preciso fazer o que sempre fiz. Eu a
puxo para perto e beijo o topo de sua cabeça.

— É bom ver você — ela diz, a cabeça contra o meu peito.

— Digo o mesmo.

— Você é tão baixa, tia Devney — Austin comenta. — Ela é,


certo?

— Eu não sou baixinha. — E cedo demais, ela está fora dos


meus braços e parada ali, olhando para Austin, tentando parecer
zangada. Austin inclina a cabeça e eu o imito.

— Eu acho que ela é.

Ele assente. — Eu concordo.

— Ótimo, agora eu tenho vocês dois se unindo contra mim?

— Nós falamos a verdade, Shrimpy — eu digo, sabendo que


ela vai ficar chateada.

— Eu vou te matar! — ela grita e depois corre em minha


direção.

Eu corro para a esquerda e ela vai para a direita. Austin ri


e nos persegue enquanto eu corro em círculos, tentando me
afastar deles.
Não há uma chance no inferno de ela me pegar. Após
algumas rodadas, eu paro e viro o jogo, eu corro e avanço sobre
ela. — Sean — ela avisa.

— Você deve correr, Dev.

— Não faça isso.

Se eu a pegar, o jogo começa. Ela ri e dá a volta, levantando


Austin em seus braços, o carregando contra seu quadril
enquanto ele grita.

— Estou chegando mais perto.

Ela para de correr e cai no chão. Sem pensar, eu a cubro


com meu corpo e todos nós rolamos na grama. Austin se move
para o lado e pula nas minhas costas quando eu começo a fazer
cócegas em Devney.

— Desista! — Eu digo com um tom de zombaria.

— Nunca!

Não há nada que ela odeie mais do que sentir cócegas. —


Diga tio!

Devney ri tanto que lágrimas estão saindo de seus olhos


enquanto eu continuo meu ataque. — Tio! — Ela grita.

Eu amo isso, não importa o que aconteça, ceder não faz


parte do seu vocabulário.

Eu entendo isso como sua versão de uma trégua, e nós três


deitamos no chão, de frente para o céu. Não consigo me lembrar
da última vez que me diverti assim. Cada vez que vi Connor,
passei um tempo com Hadley, mas ela geralmente me força a
fazer uma festa do chá ou a brincar com bonecas na casa da
árvore que meu irmão construiu.

Nada divertido.

— Eu te odeio — Devney diz depois de alguns momentos de


silêncio.

— Você vai superar isso. Você sempre supera.

Eu me viro para olhar para ela e ela faz o mesmo. Há um


sorriso fácil em seus lábios. Me preocupei que quando
estivéssemos juntos novamente, seria estranho. Essa é a última
coisa que eu queria.

Só houve uma vez em que não nos falamos, e foi na quinta


série, quando ela disse a Marley Jenkins que eu gostava dela. Eu
não falei com ela, e ela me perseguiu por semanas.

— Então eu superei porque ela começou a gostar de Jacob


e a irritá-lo.

Devney sorri, sabendo exatamente do que estou falando.

— Eu também comecei a persegui-lo.

— Você é um mundo de problemas, Devney Maxwell. Um


mundo inteiro.

Austin se senta. — Você vai vir ao meu treino esta noite?


Eu esqueci que o garoto estava aqui. Jesus, como é fácil se
perder em seus olhos.

Eu enfrento Austin. — Será que você gostaria que eu fosse?

— Claro!

— Então, eu estarei lá.

Austin dá um pulo. — Eu tenho que ir dizer ao papai!

E agora, é apenas Devney e eu. Ela enfia o cabelo solto que


caiu de sua trança atrás da orelha e se apoia no braço.

— Você não tem ideia do quanto ele gosta de você.

— Eu acho que é uma coisa da família Maxwell. Todos vocês


são atraídos pelo meu inegável charme.

— Oh, por favor. — Ela sorri. — A única coisa inegável sobre


você é como você se acha encantador. Alerta de spoiler: você não
é.

— Eu sempre fui capaz de dizer quando você está mentindo.


E parece que você estava mentindo antes.

— Sobre o que eu menti?

— Você me disse que não podia falar ao telefone porque


Austin tinha um jogo.

Seus olhos se arregalam e ela solta uma risada nervosa.

— Eu quis dizer prática.


— Você quis, eh?

Acho que há mais nisso, então eu pressiono um pouco.

— Claro.

Eu sorrio para ela. — Não foi sobre o beijo?

Devney solta um longo suspiro. — Não, Sean, não foi.


Estamos ambos de acordo em que foi um erro e nós não
falaríamos mais sobre isso.

Acho que sou o mentiroso agora. Ainda assim, eu preciso


jogar com calma. — Certo. Nós fizemos.

— Por que você está aqui mais cedo?

— Eu precisava ver você. — As palavras escapam da minha


boca com tanta facilidade. Há uma nova tensão em seu corpo que
me faz desejar ter pensado antes de falar. — A última vez que
estivemos juntos, as coisas ficaram complicadas. Eu não quero
bagunçar as coisas com você, Dev.

Ela se levanta, tirando a grama da calça jeans. — Nada está


bagunçado. Estamos bem. Estávamos bêbados. Vou apenas
colocar isso na longa lista de coisas que precisamos nos redimir.

Existem muito mais coisas que eu gostaria de adicionar à


essa lista. Como tomá-la em meus braços e beijá-la até que ela
não consiga mais pensar. Eu a deitaria na grama, sentindo cada
contorno do seu corpo, usando minhas mãos, lábios, língua...
— Sean? — Devney balança as mãos na frente dos meus
olhos. — Você está aí?

— Sim, me desculpe... estou cansado do voo.

Devney estende sua mão, e eu a pago, lutando contra a


pulsação de energia elétrica que acontece com seu toque. Eu
levanto, me elevando sobre ela, não conseguindo me parar a puxo
mais próximo, a necessidade de sentir a conexão que sempre
compartilhamos. Seus braços enrolam em torno de mim, cabeça
enfiada sob o meu queixo.

— Há apenas duas coisas que vai fazer esses seis meses


suportáveis.

— Quais são elas? — Ela pergunta, olhando nos meus olhos.


Seu sorriso suave me faz acreditar que vamos ficar bem.

— Você e passar algum tempo com meus dois irmãos. Mas


você é o número um, Dev. Você sempre é meu número um.

Ela desvia o olhar e dá um passo para trás. — Eu posso


contar com você, certo? — É a frase que usamos desde que
éramos crianças.

— Sempre.

Eu só rezo para não a decepcionar.


Devney

— Ele é absolutamente perfeito — digo segurando um


Deacon James Arrowood – também conhecido como DJ – em
meus braços.

— Eu já o amo muito. — Sydney sorri, deitada na cama após


o nascimento mais fácil da história.

Eu juro, foi como se ela mandasse ele obedecer, e ele


obedeceu. Em vez de horas de trabalho de parto, Sydney acordou,
disse a Declan que estava na hora, eles foram para o hospital e
cinco horas depois, ele estava aqui. Depois de como sua gravidez
foi difícil, acho que esse foi um acontecimento bem-vindo.

— Claro que você ama. Ele é lindo. — Eu o balanço


ligeiramente, amando o quão inocente e doce ele parece. — Onde
está Declan? — Eu pergunto.

— Ele foi com os irmãos ao cemitério.

Alguns podem não entender a importância disso, mas


Sydney e eu entendemos. A mãe deles era uma mulher formidável
que eles amavam, assim como nós também. Quando ela morreu,
nada poderia iluminar a escuridão que se infiltrou naquela casa.
— Estou feliz por eles estarem juntos novamente. Bem,
quase.

Syd acena com a cabeça. — Tem sido difícil para eles e,


embora eu ache que o pai deles era um bastardo, forçar eles a
voltar, foi uma coisa boa.

— Bem... — eu digo suavemente balançando Deacon.

— Eu sei de pelo menos duas coisas boas que aconteceram


desde que eles voltaram.

— Ellie está desesperada para ter o bebê.

— Eu posso imaginar. Ela estava desconfortável quando a


vi na última semana.

Sydney boceja e então estremece. — Estou tão dolorida, e é


tão... estranho, não ter mais pressão.

— A pressão está em meus braços, hein?

Eu amo bebês. Eles são tão perfeitos e tão puros. Nada os


ferem ou os estressam. Eles simplesmente são, e isso é magnífico.
Um dia, eu quero ter isso. Eu anseio por isso, mais do que
qualquer um pode entender.

Uma vez esteve ao meu alcance, mas depois se foi com a


mesma rapidez.

Mesmo assim, adoraria criar um filho algum dia.


Deacon se contorce um pouco, e eu o seguro mais perto,
lembrando quanto Austin amava ser segurado com força. Ele se
agitava até que alguém o fizesse imóvel em seu casulo.

— Dev?

— Sim?

— Você vai me dizer qualquer coisa sobre o que está


acontecendo com Sean? Tenho sido paciente, mas você está me
matando. Já se passaram duas semanas desde que você me disse
que ele a beijou.

Eu suspiro, me movendo para a beira de sua cama. — Não


foi nada. Ele disse que foi um erro e, bem, ele está certo. Então,
estamos seguindo em frente.

Sydney me encara por um momento. — Não é fácil apenas


seguir em frente. Não quando você percebe que está apaixonada
por ele.

— Eu não estou apaixonada por ele.

Ao menos, eu não estou disposta a estar. Eu não posso estar


me apaixonando por meu melhor amigo. Não funciona desta
forma. Não quando ele tem sido a melhor parte da minha vida
desde a segunda série.

— Olha, não vou chamá-la de mentirosa, mas você não está


exatamente sendo honesta.

— Você tem um bebê para ser mãe agora, Syd, você não
precisa fazer isso comigo.
Ela ri uma vez e depois suspira. — Eu não sou sua mãe, ou,
pelo menos, eu estou tentando não ser. Estou apenas dizendo
que amá-lo, mais do que como um amigo, é do conhecimento
comum de todos, exceto de vocês dois. Ele estará aqui pelos
próximos cinco meses e meio, em seguida, quem sabe o que vai
acontecer?

— Exatamente! — Eu digo em um grito-sussurro. — Ele está


indo embora e, se bem me lembro, alguém não queria se envolver
com um certo Arrowood pelo mesmo motivo. E... — Eu friso —
...tenho zero chances de estar grávida do bebê de Sean. Então,
depois de cinco meses e meio de... encontros... ou seja lá o que
for, isso só termina comigo com um coração partido em Sugarloaf
e um Arrowood na Flórida. Não, obrigada.

— Talvez esse seja o caso, mas e se não for? E se ele for o


cara certo e você está o deixando ir?

— E se? Não posso jogar esses jogos, Syd. Eu não sou mais
criança. Tenho responsabilidades e desejos. Quero me casar, ter
filhos, ter uma vida... — DJ começa a se agitar e eu o coloco de
volta nos braços de sua mãe. — Eu te amo e sei que o que você
está dizendo vem da bondade do seu coração. Eu realmente
entendo. Mas Sean é meu melhor amigo. Sair dessa linha
destruiria não só meu coração, mas também minha alma. Se não
desse certo, nunca poderíamos ser amigos novamente. Nós
estávamos bêbados e nos beijamos, mas em poucos meses, ele
vai voltar para a sua vida, e eu para a minha.
Os olhos de Sydney olham para seu filho e depois de volta
para mim. — Sim, eu pensei nisso também. Boa sorte, minha
amiga.

E ela está errada, e tenho certeza de que também estou.

Eu entro em casa, com o uniforme de batalha, pronta para


qualquer guerra que minha mãe está prestes a começar. Nunca
tenho certeza de como vou desapontá-la, mas sempre acontece.

— Aí está você — diz a voz aquecida do papai vinda do sofá.


— Tudo bem?

— Sim, está tudo ótimo. Sydney teve o bebê.

— Isso é ótimo. Tenho certeza que a família está feliz. Sean


está de volta agora?

Me sento no sofá ao lado dele, colocando minha cabeça em


seu ombro. — Ele está.

— Tenho certeza de que isso significa que o veremos muito?

Entre Jasper e Sean, muitos meninos não ousariam se


aproximar de mim. Jasper era ruim, mas Sean era um pesadelo.
Apenas um olhar dele faria qualquer cara correr na outra direção.
Ele era inconveniente e irritante, mas Sean dizia que qualquer
cara que não estava disposto a empurrá-lo para longe, não valia
a pena gastar meu tempo.

Meu pai concordou com isso, o que fez Sean conquistar o


coração do meu pai. — Eu não sei. Ele vai trabalhar com Austin
e algumas outras crianças locais no time, e fazer algumas coisas
na fazenda com as vacas, e estou ocupada, então...

— Então, vamos vê-lo quando essas coisas não estiverem


acontecendo. — Papai ri. — Aquele menino não pode ficar longe,
Shrimpy. Você é simplesmente irresistível.

— Sim — minha mãe diz maliciosamente ao entrar na sala.


— Homens, meninos, todas as criaturas simplesmente não
conseguem resistir, não é?

Baixei a guarda e agora devo pagar por isso. — Acho que


não, mãe.

— Não era isso que eu estava falando, e todos nós sabemos


disso, — papai a corrige. — Sem falar que quando Sean estava
por perto, Devney sorria mais.

— Sim, nós todos precisamos de um pouco disso, eu acho.

Em outras palavras, ela realmente não se importa.

A campainha toca, encerrando essa conversa esclarecedora


antes que fique feia. Quando abro a porta, meu coração quase
para. — Oliver?

— Dev. — Ele sorri calorosamente. — Como vai você?


Eu olho para meus pais e saio para a varanda com Oliver.
Eu não quero que eles ouçam nada disso. — Estou bem, você?

— Eu estou bem.

— Eu não esperava ver você — eu digo enquanto nos


movemos para a cadeira de balanço no canto da varanda longe
da entrada.

Oliver parece diferente. Mesmo que tenham se passado


apenas duas semanas, algo mudou nele. Como se ele estivesse...
mais leve.

A culpa me atinge enquanto me pergunto se o


relacionamento foi o que o oprimiu. Eu sei que não sou uma
pessoa fácil de amar. Sou teimosa, fechada e não confiável por
natureza. Oliver me convidou para um encontro todos os dias por
quase quatro meses até que eu concordei em sair em um
encontro com ele. Ele foi persistente e me cansou.

Eu o amava da única maneira que eu podia, mas isso não


era suficiente. Eu o deixei em lugares muito especiais do meu
coração, mas nunca era profundo o suficiente para ele ter a
capacidade de realmente me machucar.

Alguém antes dele me ensinou isso.

Nós dois nos sentamos e ele suspira. — Eu queria devolver


algumas de suas coisas que você deixou na minha casa, mas
também queria que você soubesse de uma coisa.

— Oh?
— Um mês atrás, uma oportunidade dentro da empresa do
meu pai foi oferecida para mim. Eu estava relutante em aceitar.

— Por minha causa?

Ele sorri e acena com a cabeça. — Eu sabia que você não


deixaria Sugarloaf e não iria perguntar porque sabia a resposta.

Deus, que vadia eu fui. — Isso é... tão errado.

— Errado?

— Sim, Ollie, era errado que você queria passar sua vida
comigo, mas não poderia me pedir para me mudar com você. Eu
nunca deveria ter feito você se sentir dessa maneira. Não é justo
com você. Eu sinto muito que por minha causa você estava
relutante em aceitar um emprego que iria ajudar em sua carreira.

— Pare. Por favor. Eu realmente não queria o emprego e


acho que usei nosso relacionamento como motivo para recusá-lo.
Eu sabia que meu pai nunca iria me forçar a escolher, mas agora
que não estamos juntos, eu meio que perdi a negociação com ele.
Eu não sou tão honroso como você gostaria de pensar que sou.

É e aí que ele está errado.

— Não, eu acho que você é.

Ele ri. — Bem, pelo menos um de nós acha isso.

— Mesmo assim, devo muito a você.

— Eu estou indo assumir o trabalho em Wyoming.


— Tão longe? — Eu digo as palavras em uma respiração.

— Ele comprou uma quantidade terrível de terras e quer


expandir nosso negócio de gado. É uma jogada inteligente e, se
eu for, administrarei a fazenda.

Ele estava certo, eu não teria ido. Eu nunca iria tão longe.
Minha família está aqui e preciso estar perto por motivos
egoístas. Eles podem ser difíceis, mas me ajudaram quando eu
estava perdida.

— É uma boa oportunidade para você.

Oliver pega minha mão. — Eu acho que será bom para nós
dois. Se eu for embora, não precisaremos nos preocupar em nos
encontrarmos ou com qualquer outro constrangimento.

A parte triste é que não me sinto estranha perto dele. Não


me sinto triste ou magoada. Foi uma amizade que sempre existiu
entre nós. O meu único arrependimento é que o deixei pensar
que uma vida juntos poderia ser mais. Agora, vou lhe dar todo o
conforto que puder.

— Talvez você esteja certo. Não sei como me sentiria se te


visse com outra pessoa.

— Eu não posso ficar quando eu sei que Sean está aqui,


Dev. Eu posso deixar você livre, porque eu amo você o suficiente
para querer que você seja feliz, mas eu não posso ver isso.

Eu olho em seus profundos olhos azuis e vejo a dor neles.


— Nós não estamos...
— Talvez não agora. Talvez não nos próximos seis meses,
mas algum dia vocês dois estarão, e eu não posso estar aqui.
Então, eu vim dizer adeus.

— É errado dizer que odeio isso?

Oliver ri. — É errado dizer que eu estou contente que você


odeia?

Eu sorrio. — Não.

— Então não estamos errados.

Ficamos de pé e ele me puxa para um abraço gostoso. Eu


vou sentir falta dele. Oliver tem sido bom para mim. Não havia
segredos ou mentiras. Nada de encontros marcados, ou
quaisquer beijos roubados que eu não permitisse.

Ele me amou abertamente. Ele me amou pelo que eu era.

E agora eu tenho que deixá-lo ir embora para sempre.

Eu fico na ponta dos pés e pressiono meus lábios nos dele.


— Obrigada, Ollie.

Meu corpo é puxado para frente em um abraço apertado.

Enquanto nos soltamos, eu me viro e Sean está subindo a


garagem. Suas mãos estão nos bolsos, o cabelo castanho claro
caindo levemente em seus olhos. Ele tem um sorriso fácil, mas
posso ver a tensão em torno de seus olhos enquanto ele sobe as
escadas.

— Oliver — diz Sean, estendendo a mão.


Oliver, sempre um cavalheiro, retribui o gesto e pigarreia. —
Sean, cuide dela.

Sem outra palavra, ele se afasta, me deixando com Sean,


que tem um milhão de perguntas em seus olhos.
Sean

— Devney?

Eu preciso saber o que foi isso. Será que ela disse a ele?

— Oliver está indo para Wyoming.

Eu não deveria estar feliz com isso. Não, eu deveria estar


triste porque Devney parece que está prestes a desmaiar. Seus
olhos cor de café estão suaves e brilhantes. Quando ela chora, eu
fico louco. Não há nada que parta meu coração mais do que isso.

— Você disse a ele?

Ela concorda. — Eu disse a ele antes de você voltar, na


verdade. Então nós terminamos.

— Porra. — Eu gemo. — Eu deveria ter...

— Deveria ter o quê?

Não há como responder a isso, porque não sei o que deveria


ter feito, na verdade. Se isso nunca tivesse acontecido, ela ainda
estaria com ele, e eu estaria mentindo se dissesse que não estou
feliz com esse resultado.
Por semanas, tentei me convencer de que seríamos
estúpidos em tentar um relacionamento. Ainda não tenho certeza
se é inteligente, mas cada vez que me convenço do contrário,
estou de volta aqui – na frente dela.

Vim aqui agora porque precisava dela. De pé com meus


irmãos no túmulo da minha mãe no outro dia, ouvindo eles
contarem a ela sobre suas vidas, me senti vazio. Não havia nada
para dizer a ela.

Declan, quem foi mais firme em evitar casamento, filhos e


raízes em Sugarloaf, comprou a porra de uma fazenda e começou
sua família. Connor, que provavelmente passou pelo pior de todos
nós e teve mais dificuldade em voltar para cá, está casado e sua
esposa está prestes a ter outro filho.

Lá estava eu. Sem filho, sem mulher e me sentindo como se


estivesse me debatendo, o que não faz sentido. Sou eu o que tem
tudo.

Eu tenho a carreira que cada criança sonha em ter. Um


apartamento ridículo na cobertura. Um carro pelo que outros
homens babam. Mas tudo isso parecia estúpido, pois eles
contaram a ela sobre seus tesouros.

Agora estou aqui, olhando para ela, me perguntando se eu


tive algo infinitamente mais valioso por todos esses anos e não
consegui ver.

— Não sei, pelo menos me desculpar com ele.


— Ele não estava com raiva — diz ela, em voz baixa. — Ele
nem ficou surpreso.

Bem, com certeza estou. — Ele não ficou?

— Não, Oliver aceitou graciosamente, muito mais do que


deveria, e então me deixou ir.

Eu dou um passo mais perto. — E como você está lidando


com tudo isso?

Seus olhos castanhos encontram os meus, procurando,


sondando bem dentro de mim até que minha pele fique tensa. —
Estou bem. Estou triste porque Oliver realmente me amava e eu
o machuquei.

Ela não me disse uma vez que o amava, no entanto. Eu


podia e queria perguntar a ela sobre isso, mas isso não ajudaria
essa conversa. Devo a Oliver muito mais do que um pedido de
desculpas. Ele era meu amigo também, mesmo que fosse apenas
porque ele estava namorando Devney, mas ainda assim. Ele
confiou em mim e eu quebrei sua confiança.

— Então, por que ele está indo para o Wyoming?

— Por que você acha?

— Porque eu estou aqui e ele pensa...

Devney encolhe os ombros e vai até a cadeira de balanço. —


Sim, acho que ele não quer ver o que nunca vai acontecer entre
nós.
Não perco a ênfase na palavra nunca. — Certo.

Ela se senta e começa a se mover para frente e para trás


enquanto eu me sento ao lado dela. Depois de alguns segundos
de silêncio amigável, ela se estica e pega a minha mão. Temos
sido sempre carinhosos, mas desta vez, o sentimento é diferente,
mais íntimo, mais como um casal.

— Por que você veio? Foi a visita ao túmulo de sua mãe?

Como ela me conhece tão bem. — Sim.

— Você não foi desde que enterrou seu pai, não é?

A vergonha me enche. A perda de minha mãe foi difícil para


todos nós. Não posso dizer que um dos meus irmãos tenha
piorado ou melhorado. Todos nós sofremos. Todos nós sentimos
a ausência dela e isso nos separou. Elizabeth Arrowood era a
mulher mais linda e perfeita do mundo.

E eu sinto mais falta dela quando estou aqui.

— Qual é a verdade sobre uma flecha? — A voz de Devney é


suave e persuasiva.

Eu olho para ela, sentindo uma imensidade de emoções. Eu


não quero responder. Não quero dizer as palavras que minha mãe
me forçou cada vez que eu estava na entrada.

Devney aperta minha mão. — Está tudo bem, Sean. Você


pode contar comigo.
As palavras que falamos um ao outro tantas vezes ao longo
dos anos fazem minha garganta fechar. Estar de volta aqui é uma
maldita agonia.

Não por causa de meu pai, mas por tudo que perdi.

Eu fecho meus olhos, deixando seu conforto me dar força


para dizer o que eu não digo em quase duas décadas. — Só
porque você não acertou o olho de boi, não significa que as outras
flechadas não vão acertar.

— Nem sempre ganhamos, Sean. Às vezes perdemos. Às


vezes não acertamos o alvo, mas pelo menos tentamos, certo? —
Devney pergunta.

Acho que ela pode precisar da resposta mais do que eu.


Agora, eu tenho um pouco mais de cinco meses para decidir se a
flechada que dei algumas semanas atrás foi um erro ou não. Nós
temos tempo para chegar ao fundo dos sentimentos que temos e
aqueles que foram ignorados ao longo dos anos.

— Você está perguntando para mim ou para você mesma?


— Eu pergunto.

Quando ela tenta puxar sua mão para trás, eu a seguro


mais apertado, não estou disposto a deixá-la fora do meu gancho.
— Você perdeu também, Dev. Você lutou para se levantar. Eu
não sei o que você está escondendo de mim, mas eu desejo que
você pudesse me dizer.

— Eu não estou escondendo. — Ela levanta, e eu sigo. Ela


está mentindo.
— Então o que está acontecendo? Por que você está tão
distante?

— Eu não estou distante, Sean. Mas nas últimas semanas,


um monte de merda aconteceu. Eu terminei com meu namorado,
um cara novo começou a trabalhar no escritório, Sydney teve seu
bebê, Ellie vai ter o dela...

— E eu beijei você.

Ela esfrega as mãos nos olhos e se recusa a olhar para mim.


— Sim, também tem isso.

— Por que você deixou Oliver ir embora?

Devney se vira, olhos perfurando os meus. — Você acha que


um dia eu quero ser 'aquela' garota? Você acha que eu começaria
meu casamento com um homem quando fiz algo, como traí-lo?

— Não.

— Então por que você está perguntando?

Eu me movo em direção a ela, e ela recua. Meu coração bate


mais forte quanto mais perto eu chego dela. Nas últimas duas
semanas, me repreendi, e prometi e fiz de tudo para não me sentir
assim. Não a queria porque ela não estava livre. Agora ela está.
Preciso saber se aquele beijo não foi nada mais do que a mentira
que venho dizendo a mim mesmo ou se meu coração sabe mais
do que minha cabeça.

— Porque eu acho que se fosse apenas um erro de


embriaguez, você teria lutado por ele.
— Sean, não.

— Não o quê?

Há tantas coisas que ela pode estar tentando dizer. Não me


beije. Não diga nada que possa se arrepender depois. Não quebre
meu coração. Então eu preciso saber o que ela está me pedindo.

— Não faça algo que não podemos voltar atrás.

— Eu não vou — eu prometo a ela e a puxo em meus braços.


Dou a ela um momento para ter certeza de que ela entende que
esse beijo não será um erro de embriaguez. Não vai ser algo que
se pode apagar ou algo a se desculpar. Isso vai ser porque eu
quero beijá-la mais do que quero respirar.

Suas mãos se apoiam no meu peito, cílios longos se


espalham sobre suas bochechas, e então, lentamente, ela levanta
o olhar para mim. Eu vejo o calor, a admiração e o medo
persistindo ali. Eu não quero viver mais com vergonha por não
fazer a coisa certa.

Por não tê-la beijado antes. E não vou esperar mais.


Devney

Oh Deus.

Oh Deus, oh Deus, oh Deus.

A ladainha está se repetindo em minha cabeça. Ele está me


beijando. De verdade, sem bebida, sem desculpas, sem mentiras
para contar a nós mesmos amanhã, ele está me beijando!

E é tudo.

Seus lábios são suaves e persuasivos. Cada respiração


passando entre nós parece uma conversa.

Você me quer? Sim.

Isso está realmente acontecendo? Sim.

Devemos parar? Sim.

Mas eu não quero. Eu não consigo parar. Eu queria isso a


cada segundo nas últimas duas semanas. Agora que sinto seu
calor e força, não quero que acabe nunca.

Prova que sou uma total idiota.

Minhas mãos sobem em seu peito e em sua mandíbula. Os


pêlos ásperos picam a pele sensível quando me movo para o
pescoço. Eu entrelaço meus dedos em seu cabelo macio, amando
a maneira como eles escorregam por ele sem resistência, e então
ele geme.

Ele me move contra a lateral da casa onde ninguém pode


nos ver através das janelas. Os braços dele me seguram com
firmeza e eu pressiono mais perto de seu peito.

Tudo em minha mente está centrado nele. Eu queria tanto


isso, não pensei em mais nada, e agora estamos nos beijando
novamente. É como se o mundo que sempre conheci tivesse
virado de cabeça para baixo. Este é o Sean.

Sean.

Ele não deveria me beijar. Definitivamente, não devo querer


que ele faça muito mais.

E então, como gelo despejado em minha cabeça depois de


um dia muito quente, eu lembro que Sean não vai ficar em
Sugarloaf. Sean vai voltar para sua vida extravagante e eu vou
ficar aqui.

Eu viro minha cabeça e então ele dá um passo para trás. —


Não podemos fazer isso — digo uma vez que consigo recuperar o
fôlego. Eu posso sentir seu olhar em mim, então meu olhar
encontra o dele.

— Devney, a última coisa no mundo que eu quero é ferir


você.
Oh, como ele está errado. — Você é o único homem no
mundo que pode me destruir.

Ele passa os dedos pelo cabelo e começa a andar. Eu o


conheço muito bem. No momento, ele está descobrindo todas as
maneiras de conseguir o que deseja. Ele está formando um plano,
criando estratégias, e analisando os resultados, tentando atacar
da melhor maneira.

Porém o resultado final será sempre o mesmo.

Ele pode pensar que há um milhão de razões que ele pode


me dar para ir embora, mas há uma para eu ficar a qual ele
nunca poderá competir.

— Por quê? — Sean pergunta enquanto se move pelo chão


de madeira.

— Porque você conhece todo o meu coração e minha alma.


Eu dei para você mais de mim do que eu já dei a qualquer outra
pessoa. Você conhece todas as minhas defesas, Sean, e se você
quisesse usá-las, eu não seria capaz de impedir.

— Isso significa apenas que podemos fazer as coisas


funcionarem.

— Oh, por favor. Pare com isso. Eu conheço você e seu


coração romântico, mas também sei que você estava naquele
túmulo com seus irmãos e viu o que você não tinha.
Os olhos de Sean se erguem para os meus, a consciência
piscando entre nós. Ele pode me conhecer, mas eu também o
conheço.

— Não foi por isso que eu beijei você.

— Não, você não é cruel. Você está preocupado, passando


por um monte de coisas, e eu sou confortável, que é algo que
sempre serei.

Ele se aproxima e para. — Eu sinto algo por você, Devney.

— E eu também, mas somos amigos há quase vinte anos e


nunca sentimos nada até agora, por quê? Não faz sentido.

Eu puxo minha jaqueta um pouco mais apertada enquanto


o ar frio chicoteia ao nosso redor.

— Talvez não, mas isso não significa que não seja real.

— Não, mas não significa que seja certo.

Sua respiração é forçada a sair pelos lábios. — Entendo.

Eu estou contente que ele entenda, porque eu não tenho


nenhuma ideia do que eu estou dizendo. Eu também sinto algo –
medo. Tenho medo de me apaixonar perdidamente por ele e
acabar quebrada no chão quando ele for embora, o que ele fará.
E não é uma questão de se, mas quando ele vai. Toda a sua vida
é beisebol e a minha não.
Minhas inseguranças estão muito além do que ele poderia
tentar adivinhar. Não posso viver uma vida com alguém que quer
o bolo inteiro pra si, quando eu também quero comê-lo.

— Nossa situação não mudaria — acrescento.

— Não, não mudaria.

— Eu não quero sair desta cidade.

Ele passa a mão pelo cabelo castanho espesso. — E eu não


vou voltar. Mesmo se eu quisesse, o que não é meu desejo, sou
obrigado por contrato a ficar na Flórida.

— Certo. E... isso nos deixa aqui.

— Em um impasse, ao que parece.

O início e o fim de um relacionamento que nunca foi


destinado a acontecer.

— Eu te amo, Sean. Eu realmente amo, então, por favor,


não vamos fazer isso e bagunçar a amizade que compartilhamos,
ok?

Ele suspira e me puxa contra o peito. — Ok, Shrimpy.


Vamos continuar do jeito que estamos e vou fazer o meu melhor
para não te beijar.

Eu rio. — Tenho certeza de que você encontrará uma


maneira de gerenciar.
Os braços de Sean caem afastados, e eu me afasto. —
Podemos pelo menos sair juntos? Estou naquela... casa... e estou
sozinho.

— Você mora sozinho na Flórida!

— Isso é diferente.

— Como assim?

Ele encolhe os ombros. — Eu não gosto de ninguém lá, e


acontece que gosto de você.

— Sim, sim. Vou levar um filme de terror amanhã, e


podemos fazer piada do quão ruim é.

O sorriso que surge em seu rosto é tão lindo. — Perfeito. É


um encontro.

Amigos. Nós somos amigos. Amigos não namoram. — Certo.

— Diga olá para seus pais — diz Sean enquanto desce as


escadas.

Eu o vejo ir e me pergunto como vamos encontrar nosso


equilíbrio novamente. Cada vez que ele me beija, um pouco da
minha determinação derrete. Tem sido assim por muito tempo
desde que eu senti essa intensidade com um homem.

E eu sei onde isso me levou.

Assim que volto para dentro, meus pais estão na cozinha na


mesa pequena.
— Está tudo bem com Oliver? — Papai pergunta.

— Sim. Ele está... ele apenas está se mudando.

Os olhos da minha mãe encontram os meus. — Ele está o


quê? Você vai? Ele propôs?

Oh, isso vai acabar como um monte de tijolos. Minha mãe


acha que Oliver é o sol e as estrelas. Ele era sua única esperança
de se livrar de mim. — Oliver e eu terminamos, mãe.

— Desculpe?

— Algumas semanas atrás, terminamos as coisas. Foi muito


amigável e somos melhores como amigos.

Papai muda um pouco. — Ele machucou você?

— Claro que não — mamãe fala rapidamente. — Todos nós


sabemos quem é a culpada aqui. Esta foi sua chance, Devney. A
primeira vez que você encontrou felicidade desde... desde todos
os erros que você cometeu.

— Oliver e eu não estávamos felizes.

Ela joga as mãos para cima. — O que você acha que é a


vida? Arco-íris e unicórnios? Tire sua cabeça das nuvens,
garotinha! Não há muitos homens como Oliver Parkerson.

Não, não há. E Oliver merece uma mulher que vai cair a
seus pés. Alguém que não sonhe com um beijo e tem um friozinho
na barriga por outro homem. Eu não sou esse tipo de garota. Sou
eu que penso nele como um copo de leite quente – estabelecido,
estável e confiável.

Isso era atraente, e eu teria ficado feliz com ele, se não


tivesse provado de um gole de outra bebida. Uma bebida que
enviou fogo através de minhas veias e uma dor no meu peito.
Uma que era semelhante a outra bebida que eu provei antes, só
que quase destruiu minha vida.

Papai se inclina para frente, de frente para minha mãe. —


Ela não é mais uma menina. Devney cometeu erros, mas também
não somos santos. É hora de esquecer isso.

— Erros? É isso que estamos chamando agora suas


escolhas? — Minha mãe se levanta. — Sim, cometi erros também,
mas não fui eu que dormi com meu professor casado e tive que
lidar com as consequências disso.

Finalmente. Finalmente, ela disse as palavras malditas.

— Sim, eu dormi com meu professor casado, mãe. Que puta


vergonhosa eu sou, certo? Não que ele se aproveitou de uma
garota de dezenove anos, mentiu para mim, me usou e depois me
descartou, certo? Foi minha culpa. Tinha que ser eu porque sou
uma vergonha completa aos seus olhos.

— Eu te ensinei melhor que isso! — Ela grita enquanto vira


as costas.

— Eu era jovem! Eu acreditei nele, e fui eu quem foi ferida


por tudo isso!
— Lily — papai diz, mas ela lhe dá aquele olhar.

— Não sou eu que estou errada aqui. Fiz o meu melhor por
ela! Todas as dores de cabeça que esta família suportou porque
ela não pode ser a garota que eu criei.

Ela deve estar com dores no pescoço por ter que olhar tão
longe do pedestal em que está empoleirada. — Eu sou aquela
garota. Acredito em todos os valores e crenças que sempre tive.
Eu o amava, e eu pensei que ele gostava de mim. Ele mentiu para
mim sobre ser casado. Ele jurou que sairia da universidade e se
casaria comigo. Tudo isso me destruiu, mas o pior foi como você
me tratou desde então. Não estava orgulhosa do que fiz. Fiquei
mortificada e envergonhada, mas você passou os últimos seis
anos, desde que terminei a faculdade, me fazendo reviver tudo
isso. Eu transferi de faculdade. Me mudei para longe dele e dos
meus erros. Por que você não pode simplesmente ver o meu lado?

— Você age como se nós pudéssemos apenas superar e


seguir em frente.

— O que no inferno você teve que superar?

— As mentiras! — Ela grita.

Certo. O fato de que quando ela entra na igreja aos


domingos, ela tem que fingir que sou a criança perfeita. Deus me
livre.

— Você acha que as mulheres que você tem por perto não
tem esqueletos em seus armários? O perdão e a aceitação não
estão incluídos nos sermões que você ouve nas manhãs de
domingo, enquanto todos vocês se sentam e discutem as
maneiras de salvar a cidade?

Minha mãe bufa e desvia o olhar.

Papai balança a cabeça. — Isso tem que parar.

Os olhos da mamãe encontram os meus. — Se você quer


perdão, tem que reparar seus erros, o que claramente você não
fez. Você acabou de culpar o seu professor pela situação, como
se você não estivesse envolvida.

— Eu não culpo apenas a ele! Eu apenas digo a realidade.


Eu era uma adolescente abrigada que estava desesperada pelo
meu primeiro namorado e ele prestou atenção em mim, me fez
pensar que eu era especial!

— Você sempre foi especial, Devney — ela diz com uma


pitada de tristeza. — Nós todos sabíamos disso, mas você estava
tão envolvida nos meninos Arrowood e correndo por aí com eles
que você não namorava.

A menina de olhos de corça que deixou Sugarloaf aos


dezessete anos não tinha ideia do mundo. Eu estava tão
acostumada nas coisas sendo apenas de um jeito e, em seguida,
eu estava em uma vida totalmente diferente da qual eu tinha.
Ninguém para me dizer o que eu podia ou não fazer. Eu me senti
livre e viva. Opções que nunca pareceram possíveis estavam
diante de mim e um homem que nunca teria olhado para mim na
Pensilvânia estava me enchendo de atenção. Christopher era
encantador além da conta e eu era ingênua demais.
— Nós nunca vamos concordar sobre isso, mãe. Você nunca
vai parar de me ver como a prostituta dessa situação, e eu nunca
vou te perdoar por não me compreender.

Ela se vira, limpando o seu rosto. — Eu não acho que você


é uma prostituta. — Eu ouço sua voz falhar.

— Bem, você com certeza me faz sentir como uma.

Ela balança a cabeça, os ombros caídos enquanto sua voz


atravessa a sala. — Independentemente dele ser casado ou não,
você estava dormindo com um professor. Você sabia que isso era
errado.

Quando ela se vira, vejo a tristeza substituída por desgosto


e qualquer chance de uma conversa em que possamos ter
encontrado um terreno em comum se foi. Ela continua: — Um
homem que tinha quase a idade do seu pai. Isso estava errado.
Você sabia, ele sabia, e a faculdade também. Não consigo nem
imaginar se você tivesse ido para uma universidade local.

— Sim, então a vergonha teria sido pública — eu digo com


uma risada.

— Foi público o suficiente. — Mamãe esfrega os olhos e


suspira. — Você poderia ter um novo começo com Oliver. Ele é
um bom homem, que foi capaz de ignorar suas transgressões e
amá-la. Agora o quê? Você vai ficar nesta casa até morrer e
continuar a desperdiçar sua vida toda?

Penso no estado atual das coisas, e elas não estão ótimas,


mas não estou desperdiçando nada. Tenho um bom trabalho
onde ajudo pessoas, amigos que me apoiam e minha família, a
quem amo, principalmente meu sobrinho. As coisas não estão
perfeitas, mas minha mãe continua piorando as coisas. Eu estou
tão cansada.

Eu não consigo lidar com nada disso.

— Eu entendo que você se sinta assim, e eu estou indo


embora.

Papai dá um passo em minha direção.

— Indo aonde?

— Longe daqui, onde claramente não sou querida.

Os olhos de papai voam entre mamãe e eu.

— O que você está dizendo?

— Eu prefiro ficar sem-teto e dormir no meu carro do que


passar por isso novamente. Lamento ter desapontado você. — Eu
olho para minha mãe, que se mantém de costas para mim. —
Lamento que a dor que você sofreu tenha sido tão grande, mas
você não foi aquela que passou por tudo aquilo, mas que diabos
eu sei, né? Eu estou indo.

Eu vou para o meu quarto, com lágrimas escorrendo pelo


meu rosto enquanto eu empacoto tudo que posso, e então dou o
fora daqui.
Devney

— Qual é a única verdade sobre uma flecha? — Me pergunto


enquanto me sento no fim da entrada de automóveis para a casa
de Sean.

Sentada aqui por dez minutos, tentando parar com as


lágrimas, mas elas não param. Durante anos, reprimi meu
passado, o forcei a ficar escondido, mas agora está tudo em
aberto. Eu amei um mentiroso. Um mentiroso estúpido, traidor e
casado. A pior parte foi que eu tive que deixar a escola depois que
fui colocada no conselho disciplinar, e nada aconteceu para ele.
Sua esposa provavelmente nunca descobriu, seu trabalho não foi
arruinado. Eu nunca disse a ninguém além da minha família, e
eu sei, que aparecendo na porta de Sean, eu não vou ser capaz
de mentir para ele.

Eu penso em sua mãe e o que ela pensaria. A verdade? Eu


não sei mais a verdade. Posso não ser um irmão Arrowood, mas
tinha minhas próprias palavras.

— Eu não preciso de uma flecha como você — digo a Sean


enquanto estou de pé na garupa de sua bicicleta.
— Diga ou eu vou derrubar você.

Eu reviro meus olhos. Ele não ousaria porque eu chutaria sua


bunda. Eu não me importo se eu sou uma garota, eu não tenho
medo dele. — Você faz isso e você morre.

— Por que você é sempre tão chata?

— Porque você odeia.

— Eu vou pegar os pinos se você não disser, e minha mãe


não vai te dar nenhum biscoito.

Ele pode simplesmente fazer isso, não me importo, mas eu


adoro os biscoitos que a Sra. A. faz. Ela coloca gotas extras de
chocolate.

— Tudo bem, — eu lamento. — Esqueça a última flecha,


porque apenas a próxima flechada conta.

— Foi tão difícil?

— Não, mas não sei por que você quer que eu diga como você
e seus irmãos fazem.

— Porque você é minha melhor amiga, Devney.

— E você é o meu. E você sempre será.

Sean olha para mim por cima do ombro.

— Bom. Nós nunca olhamos para trás.


Como eu gostaria que fosse esse o caso. Éramos muito
jovens para saber que o passado define o futuro. Toda ação tem
uma reação, e uma vez que o movimento se inicia, eles não são
fáceis de parar. Eu nunca vou ser capaz de esquecer esse
relacionamento totalmente.

Agora tenho que encontrar uma maneira de seguir em frente


e esquecer o último erro.

Quando eu estaciono o carro, Sean está saindo da pequena


casa de fazenda branca. A casa que faz parecer que toda a
fazenda se construiu em torno dela.

— O que há de errado? — Sua voz está cheia de


preocupação.

Corro em direção a ele, as lágrimas caindo com mais força


do que antes. Seus braços fortes me envolvem enquanto ele me
puxa com força contra ele. Agora, eu me sinto tão segura e ainda
tão vulnerável. Não quero contar a ele sobre Christopher. Não
quero dizer o nome dele, mas Sean é meu lugar seguro. Ele não
vai agir como minha família agiu, e tenho que confiar nele. Não,
eu quero confiar nele.

— Preciso de um lugar para ficar — digo a ele primeiro. —


Eu saí de casa, e não tenho para onde ir.

— Você sempre tem um lugar para ir, você sabe disso.

Eu sabia que ele não iria me rejeitar. Sim, Sean e eu


estamos um pouco no ar e eu não queria me impor, mas... eu
posso contar com ele. Sempre.
— Obrigada.

— O que aconteceu? — Ele pega minha mala e depois enfia


os dedos de sua mão livre através da minha enquanto nós
caminhamos até as escadas.

— Minha mãe e eu tivemos uma grande briga. Muito foi dito.


Coisas que não podem ser retiradas e... Eu simplesmente não
posso ficar mais lá.

— Você vai ficar comigo.

Eu solto um suspiro trêmulo. Talvez isso seja estúpido. Eu


deveria voltar para casa ou ver se Jasper me deixa ficar algumas
noites. Não posso ficar lá por muito tempo, mas uma ou duas
noites seria ótimo. Droga.

— Sean... — começo a dizer, mas ele levanta a mão.

— Não, não. Você pode argumentar sobre por que isso é uma
má ideia depois de parar de chorar. Por enquanto, vamos colocar
suas coisas para dentro. Há três quartos vazios e eu tenho
cerveja. Éramos amigos muito, muito antes de nos beijarmos,
então vamos colocar todas as outras merdas de lado e ser Devney
e Sean que sempre fomos.

Não tenho certeza se tenho forças para explicar a ele por que
não há como simplesmente deixar isso de lado, mas preciso do
meu melhor amigo. Sean era realmente a única pessoa para
quem eu queria correr, e preciso de um amigo.

— Cerveja é bom — digo enquanto me decido a ficar.


Entramos, largamos a mala na entrada e seguimos para a
sala de estar. Conheço esta casa tão bem quanto conheço a
minha, mas está tão diferente. Ellie e Connor fizeram um monte
de reformas, e a desgraça e melancolia que tinha vivido aqui está
desaparecida. A pintura é nova, os armários e o piso foram
reformados em uma bela cor de madeira escura e as cores claras
deixam tudo em tons mais suaves. Não foi apenas uma coisa que
eles fizeram, eles refizeram tudo.

— Vou pegar a cerveja, fique à vontade.

Eu tomo um assento, olhando ao redor, me forçando a não


reviver o argumento com a minha mãe. Por muito tempo, eu a
ouvi vomitar ódio contra mim, como se eu não fosse uma garota
de dezenove anos sem autoestima, procurando ser mais do que
apenas a melhor amiga.

Não tenho vontade de dividir o fardo com ninguém, nem


mesmo com Sean, porque parece que fracassei. Por tanto tempo,
eu era considerada inteligente e forte, mas eu provei que eu não
sou. Eu queria esquecer isso, fingir que nunca aconteceu, mas
minha mãe não deixaria isso acontecer. Eu sei que não foi minha
culpa de várias maneiras. Posso racionalizar isso, mas não
consigo evitar de me sentir uma idiota.

Sean entra na sala e me entrega uma garrafa.

— Relaxe e conversaremos.
Eu sigo o primeiro comando, me jogando no sofá novo,
esfregando minha mão contra o tecido macio. — Eu não quero
falar.

— Que pena.

Eu rolo meus olhos e tomo um longo gole da minha bebida.


Parte de mim tem medo de contar a ele. Não porque ele vai falar
merda sobre eu namorar um homem casado, mas porque eu
nunca disse a ele. Todo esse tempo, guardei os anos de minhas
experiências na faculdade para mim.

Quando conversamos, era sobre coisas superficiais. Festas.


Amigos. Exames. Nunca relacionamentos. Mesmo que eu não
soubesse que Christopher era casado, eu sabia que começar um
relacionamento com meu professor era errado. Mas me afastar
dele parecia tão impossível.

Ele era de outro mundo. Inteligente, sofisticado e ousado. O


feitiço que ele lançou em mim foi intenso e inquebrável. Eu queria
estar sob seu feitiço. Eu precisava ouvir cada encantamento e me
sentir encantada.

Eu fui uma idiota.

Não era mágica, era loucura.

— Sean, há coisas... coisas que você não sabe. Coisas das


quais não me orgulho, e minha mãe gosta de jogar na minha cara
o tempo todo.
Ele se inclina para trás, o braço estendido sobre o encosto
do sofá. — E você acha que eu faria isso?

Eu olho para cima em seus olhos verdes e agito minha


cabeça. — Não.

— Então por que o segredo, Shrimpy?

— Porque toda garota os têm.

Ele sorri e sua mão roça minha nuca. — Você pode contar
comigo, Devney. Eu não vou deixar você cair. Eu nunca deixei, e
eu não planejo deixar isso acontecer agora. Portanto, confie em
mim e me deixe estar aqui para ajudá-la.

Uma lágrima se forma e eu aceno. Aqui vamos nós. — No


meu segundo ano de faculdade, comecei a namorar alguém. Ele
era mais velho... e definitivamente estava fora dos limites. Mas
havia essa conexão, e nenhum de nós foi capaz de ficar longe,
embora soubéssemos que não deveríamos.

— Ele era seu professor. — Sean adivinha.

— Sim, e durou o ano inteiro. Nós estávamos – eu estava –


apaixonada.

— E ele partiu seu coração.

Brinco com o papel na garrafa, sem conseguir olhar para


ele.

— Eu descobri que ele era casado. Eu fui tão estúpida. Eu


era a outra mulher e nem era realmente uma mulher. Eu era
jovem, estúpida e disposta a fazer tudo o que ele pedisse. Eu sou
uma puta, assim como minha mãe diz que eu sou, certo?

Depois que eu soube que ele era casado, tudo terminou


instantaneamente. Mas me consumi. Eu me perguntei se não
foram noites que ela ficou esperando por ele. Ela sabia sobre
mim? Ele se importou que ele estragou tudo para mim?

Eu me odeio por não o questionar quando ele veio para cima


de mim com desculpas para desmarcar planos que tínhamos
juntos. Era tão fácil aceitar sua palavra como a verdade. Além
disso, como eu saberia que ele estava mentindo? Ele era adulto,
tinha uma vida, um trabalho exigente e tudo sempre fazia
sentido. Mas Jessica Wilkens merecia mais do que seu marido
fodendo suas alunas.

Sean se mexe e sinto seu dedo sob meu queixo, o levantando


para olhar para ele. Suas íris verde-esmeralda salpicadas com
ouro e contornado com o preto mais espesso me observando. —
Você sabia o tempo todo?

— Não.

— Você procurou por esse homem?

— Não.

Seu polegar roça meu queixo. — E quando você descobriu,


você acabou tudo?

— Sim.
Eu corri. Não me permiti voltar para aquela época, e não
vou, mas aquela vergonha era tão intensa que não conseguia
pensar direito.

Eu chorei e fiquei tão horrorizada pelo nível de engano de


Christopher para mim que me deixou doente. Meses de mentiras
e desconfiança estiveram em torno de mim, e eu não vi.

Claro, retrospectiva é excelente. Eu olhei para trás para


todos os pequenos sinais, querendo me dar um tapa por ser tão
ingênua. Eu estava com muita raiva e desapontada comigo
mesma. Então, quando fui pedir ajuda à minha família, me
deparei com mais dos mesmos sentimentos.

Mas os olhos de Sean não estão cheios de nenhuma dessas


emoções.

Não, ele está olhando para mim com outra coisa.

— Por que você não me contou?

— O que eu ia dizer? Ei, amigo, eu estava dormindo com o


meu professor casado e fui expulsa da faculdade. E claro, foi tudo
minha culpa e estou completamente envergonhada de mim
mesma.

Ele solta um suspiro pesado. — Como diabos foi sua culpa?


Ele se aproveitou de você. Ele usou sua posição de autoridade
para conseguir o que queria. Você não tem nada do que se
envergonhar. Nada. Você está me ouvindo?
Uma lágrima cai e Sean a enxuga. Por muito tempo, eu
queria que alguém dissesse isso para mim. Tentei ver as coisas
de ângulos diferentes, mas todos os caminhos levavam de volta a
minha estupidez, e a culpa.

Eu sabia que qualquer relacionamento pessoal com meu


professor estava errado.

Eu sabia que poderia perder minha bolsa e ser expulsa da


faculdade.

Não havia um benefício de ter um relacionamento com ele.

— Não chore. Você sabe que eu não aguento as lágrimas.


Eu fico todo nervoso e surto. Então, estou implorando. Sem.
Lágrimas

Eu sorrio e tento não rir enquanto as lágrimas continuam


caindo. — Isso é típico de um cara.

— Sim. Definitivamente sou um.

Eu faço o que posso para parar de chorar, mas há uma


sensação de alívio em meu coração que é inútil.

— Eu queria falar com você, mas tem sido difícil para nós,
Sean.

Ele se inclina um pouco para trás e toma um gole de sua


bebida. — Como?

Nossa amizade mudou muito. Senti falta do meu melhor


amigo, mas ele se foi e, de certa forma, eu também. Se eu tivesse
ligado para ele, ele teria vindo. Não teria importado que ele estava
na faculdade, em Maine, sua bunda estaria em um avião para o
Colorado e provavelmente para ensinar algumas lições a
Christopher. No entanto, nossa dinâmica mudou quando ambos
saímos de Sugarloaf. Nenhum de nós pode negar, se desejamos
que seja verdade ou não.

— Quando nós dois fomos para a faculdade, sabíamos que


as coisas seriam diferentes, mas eu não estava preparada para o
quão diferentes seriam.

— Nós estávamos cada um de um lado do país.

— Sim, em vez de algumas fazendas.

Meu coração dói com o quanto eu senti falta dele.

— Depois que o caso começou, era como se em algum lugar


no fundo da minha mente eu soubesse o quão errada estava. Se
eu lhe dissesse, você poderia ter dito que era, e eu não queria
ouvir isso.

Sean concorda. — Sim, eu teria.

— Eu não queria desapontar você, Sean. Foi a primeira vez


que eu não tinha você para me proteger e olhar para as escolhas
que fiz.

— Dev...

— Não, por favor, me deixe terminar — eu imploro.


— Eu tinha o equivalente a cinco irmãos que não deixavam
ninguém chegar perto de mim. Entre Jasper, você e seus irmãos,
eu não tive chance de um cara nesta cidade sequer tentar falar
comigo. Todos vocês deixaram qualquer cara com medo de se
aproximar, você tem ideia de como vocês, idiotas, são
aterrorizantes? — Ele sorri e eu quero dar um tapa nele.

— Certo, então eu tive a primeira amostra de como era


namorar. Então eu estava nesse novo lugar, sem guarda-costas,
e um homem que era ótimo com as palavras. Eu era fraca e
estúpida e... Deus, estou estragando tudo. Eu estou tentando
dizer que eu não quero que você pense que eu não era boa o
suficiente.

Não sei se alguma coisa que eu disse faz sentido, mas


quando penso naquela época, me odeio. A garota que eu era não
era quem eu queria ser. Sean me colocou em um pedestal e há
uma parte de mim que queria permanecer lá. Dizer a ele não
mudaria nada.

Os dedos de Sean se enredam nos meus. — Eu queria que


você encontrasse alguém que fosse bom o suficiente para você.

— Eu entendo isso e acredito em você, mas não acreditei por


mim mesma.

— Eu odeio que você não tenha confiado em mim com isso,


Dev.

— Eu também.

— Por que ele?


Quantas vezes eu me perguntei isso? Cem. Um milhão.
Talvez mais. A única coisa que consigo pensar é uma resposta
que ele não vai gostar.

— Eu acho que é porque eu não aprendi durante o ensino


médio como eliminar os idiotas.

— Novidade. Eles eram todos idiotas.

— Incluindo você? — Eu pergunto com uma sobrancelha


levantada.

— Especialmente eu.

Ele pode falar toda essa merda em outro lugar. Eu sei


melhor que isso. Sean sempre foi um cara bom. Quando ele era
criança, ele não estava perseguindo garotas. Ele sempre estava
no campo ou comigo.

— De qualquer forma, ele sabia o que dizer e como procurar


garotas ingênuas e estúpidas. Aprendi depois de ser expulsa da
faculdade que não era a primeira garota com quem ele foi
inapropriado.

Sean solta um suspiro pesado enquanto seus dedos


apertam a garrafa de vidro. — Se você me disser o nome dele,
ficarei feliz em matá-lo.

Eu inclino minha cabeça em seu ombro com um sorriso. —


Eu te amo por isso. — Eu suspiro. — O ponto é, minha mãe pensa
que esse é algum defeito que eu tenho. Ela passou os últimos
nove anos me lembrando disso.
Ele se inclina para trás no sofá, me puxando com ele. Eu
me aninho contra seu peito, coloco minhas pernas sob minha
bunda e relaxo. As batidas longas e constantes de seu coração
enchem meus ouvidos, e seu cheiro almiscarado me acalma.

Sean está em casa. Ele é o conforto e a luz do sol que rompe


as nuvens. Ele é o riso na chuva e a certeza em um mar de
incertezas.

Eu nunca tive que me perguntar onde estou com ele.

— Sua mãe está com raiva de si mesma e ela nunca foi boa
em lidar com isso.

— Não, mas estou cansada de ouvir isso.

— Me desculpe por não ter estado aqui para você. — Eu


levanto minha cabeça para encontrar seus olhos.

— Você está aqui agora. — Ele pressiona seus lábios na


minha testa.

— E mesmo quando eu for embora, estarei sempre aqui para


ajudá-la.

Se nada mais, este tempo juntos vai me dar uma amizade


que estou desesperadamente sentindo falta. E por isso... estou
agradecida.
Devney

— Vamos lá, Austin! — Eu grito, batendo palmas enquanto


ele se levanta para rebater.

— Sean com certeza atrai uma multidão — diz Hazel


enquanto bate no meu ombro.

Tenho tentado me concentrar em qualquer coisa, menos


nele. É como se houvesse algum anúncio para mulheres solteiras
e desesperadas comparecerem ao jogo da liga de inverno dos
meninos de nove anos.

— Quem diria que o beisebol infantil seria tão popular essa


temporada?

O sarcasmo está espesso na minha voz. — É realmente


nojento.

— O quê?

— Isso! — Aponto para as cinco mulheres com cabelos


arrumados, maquiagem feita e seios à mostra.

Hazel ri. — Ele parece estar lidando bem com isso. Além
disso, ele voltou há um mês e elas mantiveram distância.
Eu olho de volta para o bando de donas de casa
desesperadas, e ele está dando a elas um daqueles sorrisos
deslumbrantes. É exatamente por isso que eu nunca poderia
pensar em namorar com ele. É parte do seu trabalho ser
encantador. E ele é excelente nisso, eu nunca seria capaz de lidar
com isso sabendo que esta é a forma como ele iria passar noites
longe de mim.

— Sim, ele se deleita com isso.

— Eu não iria tão longe. Eu não o vi fazer nada como flertar


ou encorajar ninguém. Estou dizendo que ele as rejeita melhor
do que Jasper ou qualquer outro homem provavelmente faria.

Eu reviro meus olhos. — Desesperada, Denise é a de longe


a mais agressiva.
Eu a vejo envolver seus dedos ao redor do metal de cerca,
levantando um pé no ar enquanto ela ri.

Hazel se mexe para ver melhor. — Sério? Eu achei que Sara,


a psicopata era a pior. Ela continua puxando a camisa para baixo
para revelar mais.

Eu rio. — E quanto a Karen, grudenta? Ela realmente parece


estar exagerando.

Nós duas concordamos com a cabeça lentamente enquanto


a grudenta empurra Denise de lado para se aproximar mais. —
Elas acham que ele voltou para Sugarloaf para se casar como os
outros irmãos?

— Talvez.
— Não achei que ele tivesse qualquer interesse em se
estabelecer — ela diz com indiferença. Mas eu conheço minha
cunhada, e não há inocência em sua pergunta. — Quer dizer, eu
não sei nada sobre ele além do que você me disse. Ele
simplesmente não teve muitos relacionamentos, não é?

— Não, Sean sempre foi casado com o trabalho.

— Você acha que há algo que poderia mudar isso?

Agora eu fico olhando para ela com um sorriso malicioso.

— Você está tentando me perguntar algo?

— Obviamente. — Hazel dá um tapa no meu braço de


brincadeira. — Você me contou sobre o beijo e agora está
morando com ele...

— Faz apenas duas semanas. Duas. Não estou morando


com ele, estou apenas... analisando minhas opções e tentando
descobrir um plano.

— Ele beijou você de novo?

Eu realmente não quero responder a isso.

Eu volto para onde Austin está prestes a bater e me


concentro lá.

Hazel ri. — Pode ignorar, Dev, mas você respondeu sem


responder.

— Sim, ele me beijou novamente. Uma noite quando ele


apareceu na minha porta, mas não significou nada. Também foi
a última vez que seus lábios tocaram os meus. Entendeu? — Eu
empurro minha cabeça em direção às meninas. — De jeito
nenhum eu quero atirar meu chapéu naquele aro.

— Sim, você quer. Se eu não fosse casada, estaria bem ao


lado delas, e você poderia me chamar de Hazel vadia porque eu
não me importaria.

Eu rio baixinho e balanço minha cabeça. — Você é insana.

— Sim, mas você também. Você tem sentimentos por ele, e


pelo jeito que ele continua olhando para você, eu diria que eles
são recíprocos.

Não preciso contar a Hazel todos os motivos pelos quais


deixar meus sentimentos fazerem as escolhas é uma coisa ruim,
mas talvez ela precise do lembrete. — A última vez que deixei meu
coração liderar o caminho, ele acabou quebrado.

— Há algo de bom que veio dessa experiência, Devney.

— Sim, mas também muita dor.

Ela pega minha mão na dela. — Não deixe o passado ditar


seu futuro. Se você e Sean só podem se divertir um pouco, se
divirta. Você vai fazer trinta este ano e não se permitiu viver. Não
estou falando sobre seu relacionamento morno com Oliver ou o
que aconteceu quando você estava na faculdade.

Ela está certa, mas eu tenho meus motivos e nós duas


sabemos disso. Gosto de segurança e consistência. Eu quero
saber que, no final do dia, a minha pequena vida não vai ser uma
agitação e as coisas serão como deveriam ser.

— Oliver era seguro.

Não seria o mesmo com Sean. Sua vida não é dele. Ele vive
e morre de acordo com sua agenda. E eu entendo. É assim que
ele ganha a vida.

— Sim, e seguro pode ser entediante. Você tem tempo


limitado para se divertir um pouco.

— E quando ele for embora? — Eu pergunto a Hazel.

— Você o deixa ir.

— Bem desse jeito?

Ela dá com ombros. — Parece fácil, certo?

— Sean me beijou e olha o que aconteceu. Oliver foi para


Wyoming, estou morando na casa de Sean porque minha mãe e
eu finalmente resolvemos tudo e não tenho nenhum plano.
Nenhum. O que diabos eu vou fazer, Hazel?

— Você vai sobreviver, e eu rezo que você tenha um pouco


de aventura fazendo isso.

O som da bola contra o taco de metal faz com que nossas


cabeças se virem enquanto Austin faz sua jogada. Ficamos de pé,
torcendo e gritando enquanto ele chega em segurança ao terceiro
lugar e a equipe sai correndo.

Austin entrou na corrida para vencer o jogo.


Eles o cercam, saltando, e não posso deixar de sorrir. Ele é
um garoto tão bom, tão afetuoso e feliz quando está jogando
beisebol que fica claro que este é o seu lugar.

Assim que a celebração termina, Hazel e eu vamos até onde


Jasper, Sean e Austin estão.

— Bem, olhe para você, meu doce e maravilhoso menino! —


Hazel diz enquanto bagunça o cabelo dele.

— Mãe!

— O quê? Eu não te beijei. — Austin geme e abaixa a cabeça.

— Você está me envergonhando. — Ele olha para Sean e eu


rio.

— Então, você não quer que Sean nos veja beijando e


abraçando você?

Seus olhos ampliam com medo e eu mordo a parte superior


do meu lábio para não rir.

— Um dia, — interrompe Sean — você vai esperar que as


garotas o abracem e o beijem depois que você tiver vencido um
jogo.

— Não tão cedo — Hazel avisa.

— Certo. Não até você ter, tipo, trinta.

Eu não posso resistir à vontade de provocar Sean depois


disso. — Por sinal é o que e você está completando em... doze
dias?
Sean me encara e depois encolhe os ombros. — E você está
bem atrás de mim.

— Umm, estou nove meses atrás de você, querido.

Ele ri. — Sim, mas está chegando mais cedo do que você
pensa.

— Vou fazer dez anos! — Austin entra na conversa. — E


então eu estarei na liga mais velha.

— Sabe, você provavelmente poderia estar nessa liga agora


mesmo, — Sean encoraja. — Eu acho que seu nível de habilidade
é muito mais alto do que qualquer uma das crianças da equipe
de hoje, e talvez até melhor do que alguns no próximo nível.

Austin parece que vai desmaiar com o elogio. — De verdade?

— De verdade.

Jasper coloca as mãos nos ombros de Austin. — Tudo isso


leva tempo e paciência, Austin. Nós queremos que você desfrute
de sua infância também; Beisebol é ótimo, mas não são muitas
pessoas que conseguem ir para grandes ligas como o Sean.

Sean sorri e acena com a cabeça. — Ele tem razão. A escola


vem primeiro, mas se você continuar treinando e jogando do jeito
que está, posso ver você fazendo isso por muito tempo.

Eu me pergunto se Sean vê o quanto Austin é como ele era


quando era mais jovem. Ele joga desde os seis anos. Durante todo
o ano, ele estava jogando ou falando sobre beisebol. Ele entrou
em todas as ligas que podia, treinou o tempo todo e me fez
aprender a arremessar para que ele pudesse praticar rebatidas
sempre que quisesse, já que sua mãe se recusou a lhe comprar
uma gaiola de rebatidas. Juro que ele dormia com a luva na
maioria das noites, o que eu sei que Austin faz.

— Sabe, enquanto estou aqui, vou ver um amigo que mora


perto neste fim de semana. Adoraria se você e alguns amigos
viessem comigo — ele afirma.

— Você quer que eu e meus amigos saiamos com você? —


Austin pergunta com os olhos arregalados.

Tenho a sensação de que esse amigo também joga beisebol.

— Claro que sim. Provavelmente até jogaríamos bola um


pouco. — Ele olha para Jasper e Hazel, que sorriem e acenam
com a cabeça. — Está tudo bem por nós.

— Talvez sua tia Devney possa ir também? — Sean


acrescenta.

— Oh. Eu não sei...

Hazel se aproxima. — Isso seria ótimo, Sean. Eu sei que você


é próximo de Devney e tudo, mas nós nos sentimos mais
confortáveis se ela for junto. Você não se importa, Dev? — Eu vou
matar minha cunhada. Ela não se importa se eu for, ela só quer
me forçar a passar mais tempo com Sean.

— Eu vou procurar apartamentos, ou algo assim.

— Por quê? — Sean pergunta. — Você vai ficar comigo, por


que você iria sair?
— Porque você está aqui por apenas cinco meses, e... bem,
porque...

Os olhos de Jasper estreitam um pouco. — Você está


morando com ele na casa principal?

— Não! Vou ficar na casa dele até encontrar minha própria


casa, mas não vou morar com ninguém — digo exasperada. Esta
é apenas uma pequena porção do inferno que suportei com os
homens da minha vida quando estava no colégio. Eles são tão
intrometidos e acham que preciso de proteção. No entanto, agora
parece que meu irmão quer incluir Sean nisso.

— Tudo bem, mas você vai ficar lá... sozinha?

Eu suspiro e rezo para os deuses para me darem força. —


Jasper, eu sou uma mulher adulta e eu não estou sozinha.

— Não, em vez disso você vai ficar em uma casa com um


homem adulto.

Sean suspira um pouco e fala. — Veja. Ele vê.

— Vê o quê?

— Que eu sou uma ameaça. Você poderia se apaixonar por


mim.

Eu reviro meus olhos e olho para meu irmão. — Então é


uma coisa boa que você está prestes a se oferecer gentilmente
para dormir na casinha enquanto procuro um lugar para morar.

Sean quase engasga com a bebida. — Eu estou?


— Sim, você é tão doce por oferecer isso, e eu aprecio você
ser um bom amigo. Eu sei que meu irmão e meu pai não
poderiam estar mais felizes com o quão gentil você é. Claro, eu
pedi para ficar na casinha, mas você simplesmente não consegue
suportar a ideia.

— Eu sou um verdadeiro cavalheiro.

Eu sorrio. — Sim, você é. Vê, Jasper? Está tudo bem. Estou


apenas ficando em casa – sozinha. Não precisa se preocupar.

Jasper olha para Sean e depois de volta para mim. — Certo.


Nenhum problema.
Sean

— Como diabos você morava nesta coisa? — Eu pergunto


enquanto Declan me entrega as chaves com um sorriso.

— Oh, é divertido.

— Divertido minha bunda.

Isso... não vai durar. Não há uma chance no inferno de eu


estar deixando a única oportunidade de estar perto dela passar.
Se ela quiser fingimentos, é isso que ela vai conseguir.

— E por que exatamente você está hospedado aqui?

Eu largo a bolsa na cama e tento me virar sem bater em


nada e falho. — Devney vai ficar na casa principal.

— E você não pode ficar com ela?

Declan se inclina contra o balcão, os braços sobre o peito


enquanto espera por uma resposta. — O irmão dela não ficou
muito feliz quando descobriu que ela estava dormindo aqui, então
ela disse a ele que eu ficaria aqui.

— Então, você acabou de fazer o que ela pediu? Bem desse


jeito?
— Isso mesmo.

Seu sorriso é brilhante enquanto ele ri. — Eu sabia disso!


Eu sabia.

— Você não sabia de nada.

— O inferno que eu não sabia. Você finalmente tirou a


cabeça da bunda e percebeu que está apaixonado por ela. —
Jesus. Ele é louco.

— Ninguém disse nada sobre estar apaixonado. Eu a beijei,


duas vezes. Isso é tudo. Nós nos beijamos. Não houve
declarações, nem nada. Eu não sei o que sinto, ok?

— Agora você a beijou de novo, e eu vou assumir que vocês


estavam sóbrios dessa vez. Então, como foi o beijo sóbrio?

Esse segundo beijo foi... eu realmente não tenho palavras


para descrever isso. Ela estava tão perfeita em meus braços.
Parecia que tudo o que eu negava estava certo. Seus lábios se
encaixam nos meus como se fossem feitos para mim. Havia
paixão, ternura e necessidade fluindo entre nós. Eu estava tão
preocupado que da próxima vez que nos beijássemos seria quase
familiar. Definitivamente, esse não foi o caso.

Eu poderia ter beijado ela o dia todo. Eu queria.

E agora, sabendo que Oliver não existe mais e ela está tão
perto de mim, estou determinado a compartilhar mais com ela, o
que é absolutamente estúpido.

— Foi um beijo.
Ele ri. — Foi muito mais do que isso, meu irmão.

Fodido Declan e todas as suas porcarias de conhecimento.


— Estou feliz que você tenha descoberto tudo.

— Cara, se fosse apenas um beijo, você não estaria aqui


nessa coisa. Você iria estar lá, abraçado sobre o sofá com sua
melhor amiga.

Eu me viro para olhar para ele. — Estou dando a ela espaço


para resolver seus problemas.

— Oh, é assim que você chama agora?

— Declan, vou bater em você se você não calar a boca.

Ele ri e se dirige para a porta. — Sim, você pode tentar.

— Não é você que tem uma esposa e um bebê para cuidar?

— Sim, mas isso é muito mais divertido.

Eu gemo. — Vamos falar sobre você e o bebê. Como estão


as coisas?

Parece que Declan quer dizer algo mais sobre Devney, mas
ele não diz, o que significa que não vou deixar Syd viúva hoje.

— É uma loucura, Sean. Como se todo medo que tenho,


está envolto naquele pequeno corpo. Eu faria qualquer coisa,
lutaria contra qualquer um, mataria dragões por ele e lutaria
contra todos os meus instintos se isso tornasse sua vida melhor.
Eu me preocupo com tudo. Se ele faz um novo som, eu o observo
para ter certeza de que está bem. E nem me fale sobre essa coisa
toda com a respiração. Eu juro, eu passo a maior parte da noite
colocando o dedo sob o nariz dele, pra saber se realmente está
dormindo.

Eu bato nas suas costas com um sorriso. — Você é o pai


dele.

— Eu sou, e é assustador pra caralho!

O tempo todo eu sabia que ele seria um ótimo pai. Ele tem
sido um bom irmão. Sempre disposto a proteger nós três e fico
feliz que ele esteja feliz. Ele lutou contra isso por tanto tempo, se
afastou de tudo o que precisava, se isso significasse que
poderíamos ter uma vida melhor.

Meu irmão às vezes é um idiota, mas seu coração está


sempre no lugar certo.

— E as coisas com Syd?

— Eu gostaria de ter palavras para descrever o que sinto por


ela. É como se meu coração tivesse encontrado o caminho de
volta ao meu peito. Eu me preocupo com tudo com ela também.
Ela mal dorme, trabalha porque não consegue se conter, e eu
sinto que tenho algum tipo de TEPT depois do inferno que ela
passou. Sydney é tudo para mim, ambos são. Eu sei que me faz
soar como uma boceta, mas eu estou lhe dizendo que amá-la tem
sido uma dádiva para mim. É como se todas as partes mortas e
apodrecidas da minha alma tivessem vida novamente.

Eu sorrio, gostando muito mais desse lado do meu irmão


rabugento. — Quem diria que você tinha alma de poeta?
Ele bufa. — Eu não iria tão longe.

— Eu não disse que era uma boa poesia.

— Eu vou lhe mostrar a poesia, vamos lá fora assim eu


posso mostrar a você como bombear a água, se não congelar, e
também como esvaziar o vaso sanitário químico.

— Espere, eu tenho que esvaziar o banheiro?

Ele esfrega as mãos e me dá um sorriso maníaco. — Oh,


sim, é melhor Devney valer a pena por tudo isso, irmão. Você está
na merda agora.

Não há dúvida de que ela vale a pena, ela vale. Eu apenas


não sei como nós vamos suportar a possível queda se isso não
funcionar.

Essa estúpida caixa sobre rodas é mais fria do que a bunda


de um macaco. Eu saio da cama, e levo os cobertores junto
comigo, aumentando o volume do aquecedor. Não há muito
espaço ou muita conveniência aqui, eu vou ter que encontrar
uma maneira de voltar para a casa principal rápido.

Eu coloco uma calça de moletom e faço uma pequena mala


para que eu possa tomar um banho. Não há nenhuma chance de
eu estar tentando fazer isso aqui. Declan me mostrou todas as
coisas que eu preciso para tornar a casa habitável. Eu o ouvi,
mas eu não estava no clima ontem à noite para ir lá fora para
reabastecer o gerador, e eu também esqueci de virar as bobinas
que previne as coisas do congelamento.

Então, não vou ter nenhuma água, muito menos água


quente. Eu pego minha jaqueta e vou em direção a casa principal.

— Dev? — Sem resposta.

O carro dela ainda está na frente, então sei que ela está
aqui.

— Devney? — Tento de novo, sem querer assustá-la.

Talvez ela ainda esteja dormindo. Honestamente,


provavelmente seria o melhor.

A porta do quarto dela está fechada, então eu abro a porta


com cuidado para ver se ela está dormindo, mas está vazio.

— Devney? — Eu chamo outra vez, mas não há ainda


nenhuma resposta. Eu abro as portas dos outros dois quartos,
mas não há nenhum sinal dela. Que diabos? Ela começou a
correr de repente?

Tanto faz. Preciso pegar algo no meu quarto. Desço e


quando abro a porta, a encontro aninhada na cama, o cabelo
espalhado sobre o travesseiro em que dormi, e meu coração dá
um salto.

Ela é tão bonita.


E ela está aqui, no meu quarto, deitada nos lençóis que eu
dormi antes dela chutar minha bunda para fora da casa. Eu entro
em silêncio, não querendo acordá-la, e me inclino, pressionando
meus lábios em seus cabelos, inalando seu perfume floral.

Me sentindo um pouco assustador a olhando dormir, decido


sair. Então quando estou saindo ouço sua voz. — Sean?

Merda. — Ei, eu chamei, mas você não respondeu.

— O que você está fazendo aqui? — Ela se senta, deixando


o lençol cair ao redor de seus quadris e me dando uma vista
deliciosa de seus mamilos através da camiseta.

— Uh, eu estou... eu preciso tomar banho e não há água


quente naquela coisa que você me forçou a usar como meu
alojamento.

Seus olhos se arregalam um pouco. — Oh, Eu não fiz...


sério? Sem água? — Eu concordo. — Sim, então, eu vou precisar
usar minha casa.

Ela pega o lábio inferior entre os dentes. — Certo.

— Não brinque de se desculpar agora, Shrimpy. Não quando


você me levou até aquele canto tão perfeitamente.

— Tanto faz. Nós dois sabemos que morar juntos não é a


melhor ideia.

Eu espreito seu peito mais uma vez, incapaz de me conter.

— E por que isso?


— Porque você continua me olhando assim... bem... desse
jeito!

— E que jeito é esse? — Eu a empurro.

— Como se você quisesse subir nesta cama comigo.

Ela não tem ideia de como ela está certa.

— E isso seria ruim?

Os olhos de Devney se arregalam. — Sim! Sim, isso seria


ruim.

— Mas, você já está na minha cama.

Seus olhos castanhos olham ao redor enquanto ela desliza


para fora da cama, e eu estou fodido. Ela está usando um par
dos shorts mais curto que eu já vi. Nem tenho certeza se são
shorts, parecem uma calcinha. Ela se vira para pegar algo e me
pergunto se meus joelhos vão ceder. Nas costas está escrito: beije
isso.

Oh, querida, apenas diga a palavra.

Ela geme quando não consegue encontrar o que está


procurando, e vejo aquelas pernas longas e tonificadas fazerem
seu caminho em minha direção. Eu imagino cada inseto
desagradável, peixe e cheiro desagradável tentando não me
envergonhar na frente dela.

— Eu posso me mudar para aquela coisa.

— Sem chance.
— Por que não?

— Porque eu não estou deixando você dormir naquele lugar


quando estou aqui. Ou você vem ficar lá comigo ou você fica aqui.

Devney morde o lábio inferior. — Eu vou achar um lugar


rápido.

— Não. Você vai ficar aqui por quanto tempo você quiser.

Sua mão repousa em seu quadril. — Você só está aqui pelos


próximos cinco meses.

— E?

— E então você vai embora.

— Ok. Você pode ficar nesta casa até descobrirmos algo.


Declan e Connor nunca empurrariam você para fora, e Jacob
precisará da supervisão de um adulto quando ele estiver aqui.
Tudo vai dar certo.

Ela corre os dedos pelos longos cabelos castanhos, os


capturando e se curvando para trás de forma que seus seios se
projetem na minha direção.

Pelo amor de Deus.

Limpo minha garganta e recuo, não há como parar minha


ereção neste momento. — Eu preciso daquele banho agora.

— Vou fazer o café da manhã.


Eu aceno e começo a sair do quarto, mas depois eu paro. —
Ei, Dev?

— Sim?

Eu me viro, deixando meu olhar vagar pelo corpo dela mais


uma vez antes que minha boca estrague a vista. — Vista algumas
roupas, a menos que você esteja tentando me matar. Se estiver,
então, você está tendo sucesso.

Eu a vejo corar de surpresa em seus olhos antes que ela


olhe para baixo. — Oh meu Deus! — Suas mãos cobrem seu peito,
e eu estou fora da porta antes de terminar sendo um estupido
completo.

Eu tomo um banho rápido, entrando no chuveiro no minuto


que a água está ligada, esperando que o frio ajude, mas não
ajuda.

Na verdade, isso torna pior, porque lá, no meu chuveiro,


estão todas as coisas de Devney. Seu shampoo floral e sabonete
líquido de baunilha. Como um tolo, eu levo ao meu nariz,
inalando o cheiro mais forte, querendo saber se o seu cheiro dura
até a noite.

O que então me leva a querer fazer muito mais com ela.

Isso é uma bagunça do caralho. Um mês aqui, e eu a estou


cobiçando desse jeito, que nem mesmo o frio do chuveiro está
acalmando a fúria do meu tesão. Eu estou muito pior do que
estava tentando me convencer. Não apenas amo Devney, mas
também a quero. E eu preciso dela. Tenho que saber se o que
estou sentindo é recíproco, mesmo que remotamente.

Claro, ela me beijou. Sim, ela realmente parecia gostar, mas


ela estava excitada? É por isso que ela me chutou para aquela
cabana?

Há apenas um jeito de descobrir. E começa agora.


Devney

Dormir naquela cama foi o erro de uma vida inteira, mas eu


estava solitária. Tudo que eu queria era me sentir próxima a ele,
e então eu fui e consegui ser pega pelo homem que eu estou
tentando evitar.

Porém, sou uma mulher forte e determinada. Não vou ceder


às artimanhas masculinas que ameaçam me enfraquecer. Não
cometerei o mesmo erro novamente, Sean e eu voltaremos para a
zona de amizade. Isso é tudo que irá acontecer.

Viro as panquecas mais uma vez antes de colocá-las no


prato e me virar para ir para a área de jantar.

Em vez de ser capaz de continuar me movendo, sou uma


estátua. Meus ossos são de granito, e meu coração parou.

Sean está parado... pingando... molhado.

Os riachos de água descem por seu peito em câmera lenta,


deslizam sobre os planos e contornos de seu corpo muito, muito
tonificado, e então se prendem à toalha pendurada em sua
cintura.
Meus olhos traçam o caminho que cada gota faz, desejando
que meus dedos estivessem em sua pele, sentindo o caminho
para baixo.

Seu estrondo profundo quebra meu olhar, e quando eu pego


seus olhos, vejo a travessura. — Você me ouviu?

Ele falou?

— Não. Desculpe, eu estava... pensando.

— Sobre?

Seu corpo. — Comida.

— Bom, já que foi isso que eu perguntei... estamos com


sorte.

Não há dúvidas quanto ao humor em sua voz. Ele sabe


muito bem o que está fazendo e que eu definitivamente não
estava pensando em comida. Preciso controlar esta situação e
nos colocar de volta em um terreno seguro.

Apenas, não consigo parar de assistir a cascata de água em


sua pele. — Você está planejando tomar café da manhã em uma
toalha? — Eu pergunto, minha garganta parecendo um pouco
mais apertada com a última palavra.

— Eu geralmente tomo café da manhã nu.

— Nu?

Sean sorri. — Achei que era um bom compromisso. — Sim,


que príncipe ele é.
Eu fecho meus olhos, solto um suspiro e me concentro. Eu
posso fazer isso.

Ele está tentando me abalar, me fazer dizer o quanto eu o


quero, ou talvez até mesmo ficar tentada a fazer algo estúpido em
vez de apenas pensar sobre isso. Eu me lembro de como sou forte
e que não estou atraída por este homem. Isso é uma mentira!
Estou muito atraída por ele, mas não estou interessada. Sim,
porque o interesse leva ao desejo, e o desejo leva a escolhas
erradas e escolhas ruins levam a arrependimentos para toda a
vida, dos quais já tenho em abundância.

Sean Arrowood não será um pesar, porque ele não será


outra coisa além de um amigo.

— Você pode comer pelado se preferir. Esta é a sua casa e


tudo mais.

— Você me quer nu?

Meus olhos se erguem para os dele.

— Eu não disse isso. Eu apenas disse que é sua casa.

— Eu ouvi: Sean, fique nu.

— Você precisa verificar sua audição. — E eu preciso de


uma lobotomia.

— Vou colocar isso na minha agenda. — Sean se senta à


mesa, eu coloco o prato e volto correndo para a cozinha para
pegar o bacon.
Minha pele formiga enquanto eu descanso ambas as mãos
sobre o balcão. Esse é o Sean. Esse é o cara que nunca
demonstrou interesse por mim antes. Nós dormimos na mesma
cama uma centena de vezes, e eu nunca imaginei ele nu.

Agora, entretanto... Deus, agora, não posso fazer nada além


de imaginar. Se aquela toalha escorregasse um pouco, não
haveria mais surpresas. Há uma pulsação em meu núcleo
quando minha mente começa a imaginar o que poderia ter
acontecido se eu tivesse me aproximado, pressionado minha mão
contra seu peito duro e deixado o calor de seu corpo me envolver.

Eu aperto minhas mãos contra o granito, tentando me


segurar enquanto me sinto escorregando.

Então eu sinto uma mão pressionando minhas costas.

— Devney. — A voz de Sean é profunda e rouca.

Eu não respondo enquanto meu pulso dispara.

— Você está bem?

Não. Definitivamente não estou bem. Na verdade, estou do


outro lado de estar bem, e eu não me lembro de como se parece.

Sua mão sobe pelas minhas costas e aperta quando ele


alcança meu ombro.

— Estou bem.

— Você não está.


Eu tenho que parar com isso. Precisamos criar novos
limites, aqueles que eu não sabia que precisaríamos, mas isso
não está funcionando. Preciso de um lugar para ficar, pelo menos
por mais um pouco, então não posso ir embora ainda.

Eu olho para ele, sentindo um puxão para ele tão profundo


que faz minha cabeça flutuar. Abro os lábios para dizer tudo, mas
não sai nada.

Há algo em seus olhos. A borda escura é mais larga e há


uma fome queimando entre nós, ficando mais quente.

Eu limpo minha garganta. — Eu tenho bacon.

Seus lábios se espalharam lentamente em um sorriso. —


Sim?

— Sim. Bacon. Eu fiz um pouco.

— Bom. Eu gosto de bacon.

Ele se aproxima, só que não posso ir a lugar nenhum porque


minhas costas estão contra o balcão. Sean se inclina, sua mão
repousa ao meu lado, e a outra serpenteia até o prato que está
atrás de mim.

— Sean — eu digo como um aviso.

Mas ele arranca um pedaço de bacon e o coloca na boca. —


Mmm. — Ele geme e meu estômago embrulha. — É bom.
Eu pisco rapidamente, tentando com todas as minhas
forças não pensar sobre ele fazendo esses sons ao fazer outra...
coisa. — Você deveria se vestir.

Ele olha para a toalha novamente e depois para mim. —


Estou deixando você desconfortável?

Se ele quer dizer, eu querendo fazer coisas não amigáveis


com ele, então sim. Mas não há nenhuma chance no inferno que
eu vou dizer isso, apesar de tudo. Sean vai se divertir demais com
isso.

— Nem um pouco.

Por duas semanas, consegui evitar todas as coisas sexuais,


mas agora, quero rasgar essa toalha dele e fundir meus lábios
aos dele. Ele se inclina para perto, o cheiro de bacon ainda em
seus lábios, me fazendo querer prová-lo – o bacon, não ele.

— Sabe, seu olho fica nervoso quando você mente. Bem


aqui. — Seu polegar roça o canto do meu olho esquerdo e me
forço a não me mover.

Os lábios de Sean abrem um sorriso fácil enquanto ele pega


outro pedaço de gordura.

— Dê um passo para trás para que eu possa levar a comida,


e então você pode continuar comendo na mesa.

Ele ri uma vez, dando uma mordida. — Eu te dou duas


semanas.

— Duas semanas?
— Sim. — Ele me dá um tapinha no nariz com o bacon. —
Duas semanas até você finalmente admitir que quer pular sobre
mim e não é mais capaz de resistir.

Oh, ele é um idiota. Posso querer pular nele, mas tenho


muito mais autocontrole do que ele pensa. — Você está com
tesão.

Ele dá um passo mais perto, o calor de seu corpo me


puxando para um casulo muito perigoso. — Você não quer saber
os termos?

Eu rio com sarcasmo. — Por favor, não preciso saber porque


pretendo vencer de qualquer maneira.

— Eu vou dizer a você de qualquer maneira, apenas para


que você não possa se queixar sobre os resultados. Se você for
capaz de durar duas semanas, então eu vou ficar na pequena
casa e você será bem-vinda para ficar aqui até quando você
quiser.

— E se você ganhar?

— Bem, se você acabar perdendo, farei exatamente o que


quero – nu. Bem pelado, querida.

Tento não deixar que isso entrar em minha cabeça. Sean


basicamente admitiu que quer fazer sexo comigo. Isso realmente
não deveria me surpreender, desde que ele é um cara – um cara
muito gostoso, e nós nos beijamos duas vezes, mas ainda assim.
Depois de voltar à sermos apenas amigos, temos sido nós
novamente. Devney Maxwell e Sean Arrowood. A garota estranha
que era um pouco moleca, um pouco chique e muito desajeitada
e o atleta que toda garota tentava beijar. Isso... poderia ser uma
maldita catástrofe. Eu não estou pronta para isso ainda. Beijar é
uma coisa, mas sexo – com Sean é um nível totalmente diferente
de algo para o qual não estou pronta.

— Eu não vou perder.

Ele sorri. — Se você diz, mas depois de termos feito um sexo


fantástico e alucinante, eu estou me mudando de volta para cá...
onde pretendo ter mais daquele sexo de que acabei de falar. E
você e eu passaremos o resto do meu tempo aqui como um casal.
Vamos descobrir o que é isso e o que precisamos fazer a respeito.

— Eu não preciso fazer nada.

— Bem, eu quero. Então, você é a única que precisa se


segurar durante duas semanas. — Eu solto uma respiração
pesada e levanto meu queixo.

— Combinado.

Sean dá um passo para trás. — Quer selar o acordo com um


beijo?

Eu olho para ele, mas estou ligeiramente impressionada


com a sua astúcia. Eu me inclino para frente como se fosse beijá-
lo. Nossas bocas se movem cada vez mais perto, e então eu dou
um pequeno sorriso, virando minha cabeça no último segundo.
— Boa tentativa, Arrowood.
Seus lábios tocam minha bochecha e posso sentir seu
sorriso. — Você não vai durar nem quatro dias.

— Desafio aceito.

Sean não parece nem um pouco preocupado. Ele se vira e


começa a andar em direção a sala de jantar, então para, e em
seguida, deixar cair a toalha, me dando uma visão da sua bunda.

Eu vou perder.
Sean

Hadley salta para cima e para baixo enquanto esperamos


para seu presente ser entregue. Ela estava com um cavalo que
Declan pegou da família de Devney, mas este é o que estávamos
esperando.

— Papai, posso pôr o nome que eu quero?

Connor suspira. — Claro que você pode.

— Estou tão animada. Eu amo meu cavalo agora, mas isso


vai dar a ele um amigo e você poderá vir cavalgar comigo e será
muito divertido. Eu pensei em tantos nomes. Eu estava pensando
se eu o batizasse com o nome do tio Declan, se ele adoraria. Você
acha que ele iria adorar?

— Ele é definitivamente um bunda de cavalo — eu digo


baixinho.

— Isso com toda certeza — Connor concorda antes de se


virar para Hadley. — Querida, você pode nomeá-lo como quiser.

Meu irmão caçula sendo pai ainda é algo que não consigo
superar. Hadley é o seu mundo e estou realmente feliz por ele.
Ele parece ter tudo. Dois filhos incríveis e a vida que eu sempre
soube que ele se encaixaria, mesmo quando ele não sabia.
Aqui estou eu, ainda tentando descobrir minha merda.

— Você já se perguntou como é que acabou morando em


Sugarloaf com cavalos e uma fazenda? — Eu pergunto.

— Não até um pouco tempo atrás. E eu sei exatamente


como.

— Ellie.

Ele concorda.

— E eu! — Hadley interrompe.

— Claro. — Connor se abaixa e pega sua filha. — E sua


irmã.

Hadley ri e envolve os braços em volta do seu pescoço. —


Este tem sido o melhor mês de todos. Eu tenho uma irmã e um
cavalo novo!

— Qual você gosta mais? — Eu pergunto.

Ela inclina a cabeça para o lado. — Eu acho que o cavalo.


Bethanne chora muito. E ela sempre tem coisas saindo da boca.

— Eu entendo, pequena. Eu tenho dois irmãos mais novos,


e cada vez que um deles nasceu, eu desejei que fosse um cavalo
em seu lugar.

Connor revira os olhos. — Os irmãos mais novos tornam as


coisas interessantes.
Me aproximo do ouvido dela e sussurro: — Mas os irmãos
mais velhos podem obrigá-los a fazer coisas.

Seu rosto se ilumina e ela sussurra de volta. — Como o quê?

— Todos os tipos de tarefas, e geralmente você pode culpá-


los pela bagunça.

Connor bufa. — Nem pense nisso.

Dou uma piscadela para ela e ela sorri. — Eu gosto de você,


tio Sean.

— Eu gosto mais de você.

— Mas o tio Declan me deu um cavalo.

Ela tem os irmãos Arrowood enrolados em seu pequeno


dedo. Entre a humilde mansão que seu pai construiu para ela
que se disfarça como uma casa na árvore, os cavalos que Declan
deu para ela e o quadriciclo que eu dei a ela no Natal, ela está
irreparável para sempre. Deus sabe que quando Jacob estiver
aqui, ele vai querer superar a todos nós. Ela provavelmente vai
ganhar um barco.

— Bem, ele é muito legal, mas se não fosse por mim, ele não
teria o melhor cavalo de todos os tempos, então isso meio que
significa que eu também dei o cavalo para você.

Hadley ergue os olhos para Connor e depois de volta para


mim.
— Eu acho que você está certo. Devney e Austin estão
vindo?

Eu concordo. — Sim, ela foi buscar Austin e vai passar


algum tempo com sua mãe. Depois que comermos e os cavalos
estiverem estabelecidos, eles estarão aqui para que nós possamos
ir em um passeio.

Ela grita e envolve seus braços em volta de mim. — Você é


o melhor.

E eu venci Declan. Veja, isso é o que acontece quando você


tem um bebê e não pode estar aqui quando sua sobrinha recebe
o presente. Bem feito para ele.

— Se certifique de dizer isso ao tio Declan.

Ela sorri. — Eu vou! Onde está seu amigo? Eu estou tão


animada.

Zach Hennington ligou cerca de vinte minutos atrás para


me avisar que ele está perto. Tem sido uns malditos quinze anos
desde que eu o vi. Eu estava em um acampamento de verão e os
universitários foram nossos mentores. Zach foi designado para
meu grupo e imediatamente nos demos bem.

Embora ele fosse seis anos mais velho, nos tornamos amigos
e, quando o acampamento acabou, Zach e eu mantivemos
contato. Quando eu estava pronto pra escolher uma faculdade,
ele me ajudou escolher a melhor, a que iria me dar uma chance
com as grandes ligas. E então, quando ele foi chamado, eu estava
torcendo por ele. Depois que uma lesão no ombro destruiu sua
carreira, ele voltou para casa, mas parece feliz.

— Ele deve chegar a qualquer minuto.

Hadley observa a estrada e grita quando vê algo.

— Posso ir próximo à cerca? — Connor concorda.

Enquanto ela corre, Connor e eu preguiçosamente vamos


atrás dela. — Como está Ellie?

— Bem. Ela está exausta, mas bem. Agradeço que Devney


tenha ido até lá para que eu pudesse estar aqui com Hadley.

Eu sorrio. — Tenho certeza que ela está feliz por estar lá.

— Qual a razão desse sorriso?

— Estou feliz por você, Connor. Você está vivendo um


sonho! Você tem uma casa, filhas, uma esposa e tudo mais. Além
disso, você está começando um negócio de segurança, quero
dizer, tudo isso são coisas boas.

Quando cheguei aqui, há dois meses, meu irmão ligou para


perguntar se eu poderia investir em uma empresa que ele estava
pensando em abrir. Um de seus amigos é dono de uma empresa
de segurança e estava procurando expandir para segurança com
tecnologia, que é o que Connor fazia quando era um SEAL. Então,
ele pode trabalhar em casa, e estar com sua esposa e filhas, e ele
já tem um contrato. Declan, Jacob e eu colocamos dinheiro e
somos parceiros silenciosos. Embora, provavelmente não haverá
muito silêncio entre nós quatro.
— Sim, houve muitas mudanças desde o ano passado.
Estou fazendo o melhor que posso, mas há dias que sinto que
não consigo acompanhar.

Eu olho para Hadley, que está em cima da cerca, acenando


para nós. — Por ela vale a pena, certo?

Connor ri. — Você não tem ideia. Hadley e Bethanne são


tudo.

— Sabe, adorei que você tenha nomeado ela em homenagem


à mamãe.

— Bem, foi mais ou menos isso. Foi para mãe de Ellie e para
a nossa. Estou feliz porque fomos capazes de homenagear as
duas. — Ele solta um longo suspiro e sei onde está sua mente.

— Você sabe que elas ficariam orgulhosas. Principalmente


a mamãe. Ela teria adorado ver você com a vida que você
construiu aqui. E acho que a mãe de Ellie também estaria. Você
faz a filha dela muito feliz.

— Obrigado, cara. Um dia essa culpa irá embora. Eu apenas


continuo esperando isso acontecer. Ellie não culpa qualquer um
de nós, mas há essa parte de mim que se pergunta se ela não
pensa sobre como perdeu sua família pelo acidente que papai
causou.

Eu sei o que ele quer dizer. Me perguntei várias vezes se


Ellie nos vê e nos associa à morte de seus pais. Espero que não.
— Eu não sei se a culpa vai durar, mas vamos encontrar uma
maneira de conviver com ela.
Connor concorda. — Nesse meio tempo, continuamos. A
propósito, como vão as coisas com você e Devney? Eu ouvi uma
história...

Eu paro e olho para ele. — Que história?

— Oh, que você continua colocando a língua na boca dela.

É verdade. — Eu gostaria de colocar muito mais lá.

Ele ri e então começamos a andar novamente.

— Você deveria dizer a ela como se sente.

— Eu tenho feito isso.

— E o que você disse a ela?

Eu suspiro. — Eu disse a ela que eu quero mais, e ela está


relutante.

— Por quê? — ele pergunta como se eu tivesse uma pista.

— Eu não sei, cara. Ela diz que isso irá nos mudar, e vai
mudar. Ela diz que não pode me perder, o que ela não vai.

Ele levanta a mão. — Você não pode prometer isso. Se vocês


terminarem mal, existe essa chance.

Ele tem razão. Se eu me permitir amá-la e então


terminarmos as coisas, não sei como voltaríamos a ser o que
sempre fomos.

— Talvez estejamos sentindo tudo isso porque estou de volta


e ela está aqui, sabe? E se isso for alguma penitência pelo
passado? Se eu deixar isso para trás agora, podemos voltar ao
normal e não bagunçar o que temos.

— Sean, você é o melhor de nós. Você realmente é, mas você


é um idiota quando se trata de Devney. Você mentiu pra si
mesmo por tanto tempo, que eu duvido que você saiba o que
sente.

Eu não menti para mim mesmo. Eles têm essa crença de


que, o que sentimos esteve lá o tempo todo, mas não estava. Eu
sempre amei Devney, mas não foi até ela me dizer que Oliver
estava planejando a pedir em casamento que eu percebi que eu
estava apaixonado por ela.

Tudo que eu vi foi ela em um vestido branco, parada no


altar, mas não era a mão de Oliver que ela estava segurando –
era a minha.

Eu sabia, naquele instante, que eu sentia algo por ela que


eu mesmo não compreendia.

— O que eu sei é que quero ver o que é isso.

— E se você vê que quer uma vida com ela? — Eu olho a


estrada, rezando para que o carro chegue para que eu possa
acabar com essa conversa.

Ele me cutuca com o braço.

— Então, eu tenho que encontrar uma maneira de fazê-la ir


para a Flórida comigo. Ao contrário de você e Declan, não há
nenhuma possibilidade de eu ficar em Sugarloaf.
E esse é realmente o grande obstáculo. Devney não quer ir
embora. Não sei o porquê ou o que a está mantendo aqui, mas
isso será uma coisa que vamos descobrir.

— Sabe, o engraçado é que nem Declan nem eu também


queríamos, mas quando você encontra aquela para você, isso faz
com que coisas que eram impossíveis de repente pareçam
alcançáveis. — Ele pode estar certo, mas eu não tenho os mesmos
luxos que eles têm.

— Talvez sim, mas ninguém está dizendo que Devney é a


garota certa para mim.

Connor bufa baixinho. — E, ainda assim, você não está


dizendo que ela não é.

Eu deixo a conversa cair sobre nós, quando finalmente eu


vejo a sujeira subindo pela estrada. Nós dois caminhamos em
silêncio em direção a Hadley, que está saltando para cima e para
baixo. A caminhonete para e Zach e outro cara, que suponho que
seja seu irmão, surgem.

— Zach Hennington — eu digo com minha mão estendida.

— Deus, faz uma eternidade.

— Com certeza, mas você está ótimo – velho, mas bem.

Ele revira os olhos. — Se bem me lembro, você não está


muito atrás de mim.

— Eu vou fazer trinta este ano, e você o quê? Cinquenta


agora?
O cara ao lado dele ri. — Eu gostei desse cara.

Zach sorri. — Tenho certeza que você gostou. Este é meu


irmão, Wyatt.

Eu aperto sua mão. — Prazer em conhecê-lo.

— Prazer cara, ouvi dizer que é um jogador incrível?

— Eu gostaria de pensar que sou. Aprendi muito brincando


com seu irmão. Ele era um arremessador incrível e me mostrou
como funcionava.

Zach ri. — O ensinei um monte de coisa boas.

— Como está seu braço? — Ele gira o ombro e dá de ombros.

— Está tudo bem. Estou honestamente superando tudo.


Tive minha chance, não deu certo e agora estou de volta em casa
e as coisas estão bem.

— Isso é bom. Você já se casou? Família? Filhos?

O sorriso que Zach dá é o mesmo sorriso que meus irmãos


idiotas usam. — Sim, na verdade, durante estes últimos meses,
as coisas mudaram para mim, e eu estou com a garota por quem
eu era apaixonado desde sempre.

O nome dela era algo parecido com o de Devney... estou


tentando lembrar...

— Presley — Wyatt diz. — Eles estavam juntos quando


ainda estavam no útero e eles acabaram de acertar as coisas.
Meu irmão bate a mão no meu ombro e ri. — Parece que é
coisa de jogador, hein? — Connor estende a mão para cada um
deles. — Eu sou o irmão mais novo dele, Connor. Minha filha é
quem você está fazendo a criança mais feliz do mundo.

A referida criança não aguenta mais e está se aproximando


cada vez mais do trailer do cavalo.

— Você está pronta para ver seu cavalo? — Zach pergunta.

— Sim! — Ela corre em minha direção, envolvendo os braços


em volta da minha cintura. — Eu te amo, tio Sean. — Eu a abraço
de volta, sorrindo porque mesmo que Declan tenha comprado o
cavalo, eu sou o herói que conseguiu ele pra ela.

— Eu também te amo!

— Certo, está tudo pronto? — Eu pergunto enquanto


estamos preparados para o passeio.

Devney vem ao meu lado em seu cavalo e Austin a segue


logo atrás. — Estamos.

Ele se senta um pouco mais alto e acena com a cabeça.

— Também estou pronta! — Hadley praticamente salta.


Zach está montando o novo cavalo para nos mostrar seu
temperamento antes de Hadley montá-lo. Connor vai ficar com
Wyatt, eu vou garantir que Hadley fique feliz. A melhor parte é
que não estou a cavalo – estou no quadriciclo. Tem sido muito
tempo desde que eu montei, e não há nenhuma maneira que
minha primeira vez de volta na sela seja na frente de Devney.

Eu estou tentando cortejá-la, o que iria ser impossível de


fazer se estiver ocupado caindo de um cavalo.

— Tem certeza de que não se importa em ficar mais tempo


aqui? Eu sei que você tem uma longa viagem de volta. — Eu
pergunto a Zach enquanto ele se levanta na sela.

— Você está de brincadeira? Este é o meu trabalho. Além


disso, ajudei os filhos de Presley quando eles estavam
aprendendo a montar. Estou feliz em fazer, já que você está com
muito medo de subir em um cavalo.

Devney ri. — Ele é um medroso.

— Se você disse, querida — ele disse isso lentamente e me


dá um sorriso malicioso.

Devney sorri e se vira para ele. — Teremos que perdoá-lo.


Mas, estou curiosa, você disse que ajudou a ensinar os filhos da
sua namorada a cavalgar?

Zach sorri. — Eu fiz.

— Como você me ensinou, tia — Austin diz enquanto sorri


para Devney.
— E eu adorei cada minuto.

— Aposto que posso cavalgar melhor do que você. — Hadley


diz para Austin, e eu reviro meus olhos.

— Não, pode não.

— Sim, eu posso!

— Tudo bem, vocês dois, — Dev diz exasperada. — Vocês


dois cavalgam muito bem e estamos muito animados para fazer
isso juntos. Se alguém não estiver empolgado, pode andar no
quadriciclo com Sean, que está com medo. Vocês querem ser um
medroso como ele?

Eu olho para ela. — Engraçadinha.

Ela dá de ombros.

— Sean não está com medo. — Austin defende. — Ele é um


jogador de bola profissional e um receptor que tem de se
preocupar com arremessos vindo para ele tão rápido que poderia
quebrar sua mão.

Eu sorrio com seu óbvio respeito por minha masculinidade.


— Sim. Concordo com o que ele disse.

Devney balança a cabeça. — De qualquer forma, isso vai ser


muito mais divertido, se nós não brigarmos.

As crianças se acalmam e nós partimos. O passeio é bom, e


estou muito feliz por não ter meu traseiro no cavalo. Devney,
Zach, Austin e Hadley cavalgam na minha frente por todo
caminho até chegar ao riacho.

No caminho de volta, passamos por um edifício antigo que


ainda me assombra, e eu me permito parar o quadriciclo.

Eles seguem em frente, mas eu me sinto como se tivesse


sido transportado no tempo. Nesse prédio escondi um carro.

Um Camaro vermelho de 1973 que quase destruiu minha


vida.

Uma vida que tentei viver e um passado que lutei para


esquecer.

Mas está tudo lá, esperando para me mostrar que os


segredos podem ser enterrados ou descobertos.

— Sean! — Eu ouço a voz de Devney enquanto ela cavalga


em minha direção. Eu pego o acelerador e sigo em sua direção.
— Você está bem?

— Estou bem — digo com um sorriso.

Ela me olha com curiosidade. — Tem certeza?

Esta é uma história que pretendo contar a ela, mas não


agora e não aqui. — Eu estou bem. As crianças estão bem?

— Eles são piores do que nós naquela idade.

Eu ri. — Você sabe o que dizem sobre a linha tênue entre


amor e ódio.
Devney revira os olhos. — Nós todos sabemos que você
sempre me amou.

— Eu também queria dar um soco na sua garganta várias


vezes na semana. Você sempre foi tão competitiva. Era irritante.

Ela me dá um sorriso torto. — Sim, irritante porque você


sempre perdia. Ei, Sean?

— Sim?

— Desafio você!

Ela começa a correr antes mesmo de terminar de lançar o


desafio, e mais uma vez, estou perseguindo a garota que sempre
foi muito rápida para pegar.
Devney

Eu voo pelo ar frio, deixando queimar meu rosto e meus


pulmões. Eu amo o inverno. O cheiro de neve e o frescor que paira
no ar.

Minha coisa favorita no mundo é montar Simba enquanto


os flocos esvoaçam ao meu redor. O solo sendo coberto com as
promessas de terra intocada. É lindo e esperançoso.

Ouço o quadriciclo vindo atrás de mim e me inclino para o


galope. — Vamos, Simba — eu o incentivo. Estou chegando perto
de onde deixei Zach e as crianças, mas ouço o motor do
quadriciclo ficando mais alto atrás de mim.

Droga. Eu não posso perder. Sean é um perdedor muito


chato, mas é um vencedor ainda pior. Jamais esquecerei isso e
tenho certeza de que ele encontrará uma maneira de me fazer
pagar.

Assim quando estou chegando onde Zach e as crianças


estão, eu empurro Simba apenas um pouco mais rápido, e eu
passo por eles voando, um sorriso no meu rosto e risos no ar
atrás de mim.
Eu dou a volta e as crianças estão rindo. — Você o venceu,
tia Dev.

— Claro que sim.

— Aposto que posso vencer você! — Hadley provoca Austin.

— De jeito nenhum. Eu sou um cavaleiro melhor. Tive um


cavalo a minha vida toda e você é uma menina. — Austin zomba
da última palavra como se fosse uma maldição.

Oh, esses dois vão se apaixonar perdidamente ou vão se


matar.

Hadley se recusa a deixar o insulto passar. — Você é um


garoto estúpido e não sabe como eu sou boa em um cavalo. Eu
sou a melhor que existe, certo Tio Sean? Você acha que eu
consigo cavalgar melhor do que Austin, não é? Todas as meninas
são melhores do que os meninos.

Eu olho para Sean, que parece estar lutando uma batalha


particular. — Sean, o que você acha? As meninas são melhores
do que os meninos?

— Umm.

— Não responda isso, amigo — Zach avisa.

Sean começa a falar de novo e então para. — Acho que


devíamos voltar, certo?

— Mas está tão legal. E meu cavalo está tão feliz. — Hadley
diz com um beicinho.
Não está legal, está congelante aqui fora.

Eu limpo minha garganta. — Eu gostaria que pudéssemos


ficar, mas Austin tem seu grande torneio amanhã e não podemos
ficar fora muito tarde, sem mencionar que nossos dedos podem
cair com esse frio. — Sean treinará com Jasper amanhã. Bem,
ele está ajudando, ou seja, lá como eles estão chamando isso.

— Que jogo? — Zach pergunta.

— Eu jogo beisebol como Sean. Eu também sou um


receptor.

— Sério? Logan joga também, mas ele é um arremessador.


Como eu era.

— Quantos anos ele tem?

— Ele tem quase onze anos e tem uma habilidade real.

Eu sorrio. — Austin é o mesmo com habilidade. Ele fará dez


anos em alguns meses, mas esta liga é composta apenas por
crianças de 12 anos, e ele foi elevado para jogar com eles.

Sean vai até meu cavalo e dá um tapinha no pescoço de


Simba. — Ele tem um talento real, mesmo nesta idade.

— Parece familiar, hein? — Zach pergunta.

Deus. Meninos e seu beisebol. Minha infância inteira


parecia girar em torno de Sean e dos jogos que estavam
acontecendo. Se eu queria estar perto dele, era o sacrifício que
precisava fazer. Ninguém poderia saber que isso o levaria a esta
vida. — Me lembro muito bem de ter que ficar perto do campo às
vezes se eu queria ver você. Era divertido, porque adorava ver
você jogar.

— Eu amava ter você lá — ele admite. — Por muito tempo,


pensei que você fosse meu amuleto da sorte. Não sei dizer
quantas vezes desejei que você estivesse no estádio nas noites em
que nada estava dando certo. Se eu pudesse apenas ter visto
você...

Meu coração dispara enquanto olhamos um para o outro.


Ele está dizendo coisas que ainda não entendo. Como esse pode
ser o mesmo garoto que costumava me dizer que eu era burra?
Agora ele está dizendo que desejou que eu estivesse lá quando ele
estava tendo um dia ruim. É como dois mundos colidindo e
deixando tudo desequilibrado.

Quando meu mundo desmoronou, eu o queria ali comigo,


então pelo menos eu entendo seu sentimento.

Zach olha para Sean e depois para mim.

— Vocês estão... juntos?

— Não.

— Em breve. — Sean diz ao mesmo tempo.

Zach ri. — Bem, isso esclarece tudo.

Sean move a mão para cima e para baixo no pescoço de


Simba, o tempo todo me observando. — Veja, eu a beijei, e isso a
assustou. Devney quer que as coisas continuem como estão, mas
há muito pouca chance disso acontecer, já que decidi que
faremos de novo em breve.

Eu suspiro. — Sério? Você é um idiota. Sim, nós nos


beijamos, mas eu não senti nada, e ele não aguenta isso.

— Nada, hein?

Eu cruzo meus braços sobre o peito e sento na sela. — Não.

— Então, qual foi a segunda vez que você tentou subir em


mim como uma árvore?

A cabeça de Zach se vira para mim.

Eu vou matá-lo. — Eu não tentei escalar você como uma


árvore! Eu estava tentando tirar você de cima de mim.

— Agarrando meu cabelo e segurando meus lábios nos


seus?

Eu olho para onde Hadley e Austin estão passeando com


seus cavalos e então olho para ele, mantendo minha voz baixa.
— Você é um porco e está delirando.

— Eu gostaria de ter gravado isso, assim vocês poderiam ver


o que eu vejo. — Zach diz sobre sua respiração.

Bem, eu tenho certeza que não, mas não posso dizer nada.
Não preciso ver isso.

— Só para que Sean pudesse ver que eu não tenho


sentimentos por ele, eu não quero beijá-lo novamente, e eu não
tenho nenhuma intenção de ter algo há mais do que amizade
entre nós. E eu tenho mais uma semana para provar isso.

Uma semana tentando não desejar empurrá-lo contra a


parede, e montá-lo como um cavalo e fazer coisas sujas com ele.
Tem sido uma tortura absoluta até agora, e não ajuda que Sean
ande pelado pela casa sempre que pode. Mas eu tenho me
segurado. E eu posso continuar fazendo isso.

Talvez.

Sean olha para ele com uma sobrancelha levantada


enquanto diz: — Veja. Ela está cheia de merda. Vou dar uma
olhada nas crianças, Shrimpy. Você continue se alimentando das
besteiras que está criando.

Eu olho para ele enquanto ele se afasta assobiando. Um


idiota tão lindo e irresistível.

Eu suspiro e volto para Zach. — Me desculpe por isso.

Ele ri. — Não se desculpe. Você me lembra um pouco de


mim e Presley.

— Essa é a garota que você mencionou antes?

Ele concorda. — Cerca de dezessete anos atrás, eu me


afastei dela. Isso... foi o maior erro que já cometi. Nós estávamos
juntos desde o colegial e ainda assim apaixonados um pelo o
outro, parecia que não havia nada que poderia nos quebrar. Ela
era minha melhor amiga.
— Soa como Declan e Sydney, — eu pondero. Os olhos de
Zach se estreitam um pouco. — Desculpe, Declan é irmão de
Sean e eles eram namorados na escola... etc, etc

Zach ri baixinho. — Você parece meu irmão.

— Ele parece um cara legal.

— Ele é, mas ele se sente assim quando falamos sobre mim


e Presley. É uma história tão antiga quanto o tempo, hein? Duas
pessoas que se entendem e precisam colocar a cabeça no lugar.

Eu olho para Sean. — Sim, e às vezes eles não colocam.

— As histórias trágicas terminam assim.

— Esta é uma história trágica?

— Depende da sua perspectiva — responde Zach.

Ótimo. Eu realmente não preciso de outra versão de


relacionamentos que deram errado entre amigos, mesmo que isso
acabe bem, a parte do meio não. Isso é o que me impede de enfiar
minha língua em sua garganta novamente. Prefiro lidar com um
anseio de uma vida inteira do que com a dor de agir sobre ele.

— Me conte a perspectiva sobre você e sua melhor amiga.

Zach acena com a cabeça uma vez. — Bem, primeiro, eu nos


quebrei. — Isso é tudo que temo.

— Entendo.
— Mas nada que seja quebrado está além do reparo. Tudo
que você precisa é de um vínculo, amor e muita paciência. Ela
me ensinou isso. Nós tivemos de passar dezessete anos
descobrindo tudo isso antes que pudéssemos ser tudo o que
somos agora. Não há nada neste mundo que eu não faria por ela
– por nós. Você vê, isso é a amizade. No centro de tudo isso, ela
é, e sempre foi a minha melhor amiga.

A maneira como ele fala dela me dá um vislumbre de


esperança de que a amizade que Sean e eu construímos seja forte
o suficiente para resistir a qualquer tempestade.

— E você acha que a amizade é o suficiente?

Zach sorri, e seu olhar se move em direção a Sean enquanto


ele faz o seu caminho de volta para nós. — Eu acho que sem isso,
não há uma chance no inferno de você ser mais. Ele te ama, não
importa quais falhas você pensa que tem. Inferno, se eu fosse
adivinhar, eu iria dizer que ele ama você mais por causa delas.

Isso resume quase completamente o que sinto por Sean. Ele


pode ser temperamental, estúpido e teimoso, mas eu o amo até
os confins da Terra. Já passamos por momentos de felicidade e
alguns dias sombrios. Não sei se isso significa que podemos ser
mais do que apenas amigos. Essa é a grande questão.

Ainda assim, ele apostou que eu não aguentaria duas


semanas, e não há nenhuma chance de eu ganhar. A cada dia é
cada vez mais difícil resistir à atração por ele. Eu quero ele. Não
como sempre quis, há algo muito mais profundo e significativo.
Não tenho muito tempo para descobrir, e é isso que me assusta.
Se for apenas atração, isso pode ser resolvido. No entanto, se
houver mais, eu não sei se deixar ele ir vai ser totalmente
possível.

Tempo é o que eu preciso. Mais uma semana é o que tenho


antes que nossa aposta acabe e ele volte a ser nada mais.

— Bem, não importa o quê, nós temos outra semana onde


eu vou ser apenas sua melhor amiga, nada mais.

Sua risada preenche o ar frio. — As mentiras que contamos


a nós mesmos.

— Que mentiras? — Sean pergunta quando para ao nosso


lado.

— Apenas conversando com Devney sobre sentimentos.

Sean sorri, travessura dançando naqueles olhos verdes. —


Não se preocupe, Zach. Ela pode tentar negar para si mesma,
mas sempre fui capaz de ver através dela. Ela tem sentimentos
por mim, ela só não está pronta para aceitá-los.

— Bom dia, raio de Sol.

Eu pulo, me virando para encontrar Sean parado na porta


da cozinha – sem camisa.
— Qual é a sua aversão a roupas?

Ele sorri. — Eu não tenho uma. Eu só sei que te deixa


nervosa quando estou usando menos roupa.

Tem sido dois dias desde que Zach esteve aqui, e desde
então, Sean fez de sua missão me deixar louca. Noite passada,
ele disse que precisava lavar roupa, que significava tirar tudo o
que ele estava vestindo com exceção da sua cueca.

Eu realmente esperava que, agora, eu parasse de babar


sobre seu corpo incrível, mas parece que quanto mais eu vejo,
mais eu quero.

O que realmente vai tornar os próximos cinco dias de


resistência a ele – duros.

Trocadilho pretendido.

— Eu não estou nervosa — eu nego e termino de fazer meu


sanduíche.

— Não?

— Não.

Eu ouço seus passos se aproximando, e meu corpo fica


rígido. — Nem mesmo quando eu faço isso?

Suas mãos se movem do meu pulso até meus braços,


deixando arrepios em seu rastro. Um arrepio percorre meu corpo
e sua risada baixa está bem no meu ouvido. Cada parte de mim
quer se virar em seus braços, beijá-lo até perder os sentidos e se
perder em seu toque.

Há algo seriamente errado comigo. Eu não quero isso.

Não. Não. Não. Eu quero que ele dê um passo para trás e


volte a ser meu amigo idiota sarcástico por quem eu não tinha
sentimentos.

Sem essa coisa, de sem camisa. É assim que tem que ser.
Porém fui abatida por um abdômen.

Em vez de afundar em seu toque, endireito minhas costas e


me lembro da aposta.

Não vou ceder com apenas cinco dias restantes.

— Com licença — eu digo com tanto distanciamento quanto


posso. — Acredito que precisamos de regras adicionais em
relação a essa sua aposta.

O calor de sua respiração desliza contra meu pescoço,


causando arrepios nos cabelos. — Que regras?

Eu me viro, empurrando seu peito para ganhar algum


espaço. — Nada disso. Você não pode simplesmente vir atrás de
mim e começar a me tocar. Não é justo.

Os lábios de Sean se transformam em um sorriso atrevido.


— Eu nunca disse que jogaria justo.

— Não vamos brigar!


— Não, querida, nós não vamos... mas você está. Você está
lutando contra isso, contra mim e contra tudo que poderíamos
ser.

Eu bufo e balanço minha cabeça. — Não, estou lutando por


nossa amizade.

— E estou lutando por mais.

Isto é impossível. Não posso fazer isso com ele porque vai
acabar em desastre e já estou farta disso.

— Você não sabe se podemos ser mais. Isso pode ser... o fim
de nós. Pode ser o prego em nosso caixão, e prefiro nunca passar
por isso.

Ele dá um passo para trás, passando os dedos pelos


cabelos. — Não sei disso mais do que você sabe, mas também
não terei medo.

Eu rio uma vez. — Você nunca amou uma mulher o


suficiente para conhecer o medo de perdê-las.

A raiva faiscou em seus olhos. — Você acha que eu não sei


o que é perder?

— Não foi isso que eu disse. Você perdeu pessoas que você
ama, mas é diferente quando você entrega seu coração. Perder
sua mãe não é a mesma coisa, e você sabe disso.

— Não, mas eu sei o que é não ter a coragem para tentar se


sentir assim. Quando você me disse que Oliver ia pedi-la em
casamento, pensei que ia enlouquecer. Era como se todas as
coisas na minha vida das quais eu tinha tanta certeza de repente
não fossem as mesmas. Eu vi tudo, Dev. Eu assisti nossas vidas
inteiras se desenrolarem como um filme. — Ele se aproxima. —
Você estava lá, em um vestido branco, no braço do seu pai, mas
não era eu no final daquele maldito corredor. Não, era Oliver, e
eu não poderia deixar isso acontecer.

— Por que não? — A mão de Sean se levanta, afastando a


mecha de cabelo que caiu do meu rabo de cavalo.

— Porque deveria ser eu esperando por você. Deveria ser eu


em uma praia, parado ali com o oceano atrás de mim enquanto
você caminha em minha direção.

Meus olhos se arregalam. — Por que estamos na praia?

Ele se inclina, pressiona um beijo suave na minha bochecha


enquanto meu corpo inteiro formiga. — Porque esse é o seu
sonho, certo? É o que você me disse há muito tempo e nunca
esqueci. Não há regras nisso porque não estou brincando com
você e usarei todos os meios necessários para conquistar seu
coração.

— E se meu coração não estiver pronto?

— Então eu esperarei por você, Devney. Vou esperar até


você perceber que não se trata de uma aposta ou qualquer outra
coisa além de pertencermos um ao outro. Eu quero nós e você e
tudo o que vem com isso. Quero te dar um beijo de boa noite,
acordar com você ao meu lado, e te amar do jeito que você merece.
Então, vou esperar seu coração estar pronto porque o meu está
pronto para nós dois.

Sean vira, me deixando aqui de pé, tentando encontrar


qualquer coisa que eu pudesse para negar que ele simplesmente
roubou meu coração do meu peito, e eu nunca mais vou obtê-lo
de volta.
Devney

— Então, o que você está dizendo é que ele tem sentimentos


por você, você tem sentimentos por ele, mas você não vai sair com
ele? — Sydney pergunta enquanto ela olha para mim. Eu vim
aqui para pedir conselhos e organizar meus pensamentos porque
eles estão confusos como o inferno.

— Estou dizendo que Sean quer mais.

— E você não quer?

— Eu não sei. Por um lado, sim. Ele é o melhor cara no


mundo.

— E o outro?

Eu suspiro. — O outro é que sabemos que não duraremos


com a distância. Tenho medo de que sua fama seja um problema
e eu vou ficar com um ciúme louco.

Ela olha o Deacon no cercadinho e, em seguida, se senta ao


meu lado no sofá. — Você está com medo e é uma idiota.

— Eu não estou sendo idiota. Há muito em jogo aqui.

— Sim, existe muito em jogo — ela concorda. — Também há


muito em jogo se você não se arriscar.
Eu gemo e jogo minha cabeça para trás. — Eu preciso de
uma vida maldita! Eu preciso de algo! Qualquer coisa diferente
disso. Sinto sua falta no trabalho porque é calmo e não consigo
nem escapar dessa maldita montanha-russa na minha cabeça.

Ela dá de ombros. — Não há como escapar do inferno


Arrowood. Eu asseguro. Eu tentei por anos e acabei grávida e
casada.

— Podemos conversar sobre outra coisa?

— De jeito nenhum, você não vai sair dessa. Me diga uma


coisa, por que você está aqui?

Meus olhos se estreitam e eu a estudo por um segundo. —


Você me pediu para trazer alguns arquivos.

— Não em minha casa, aqui. Quero dizer em Sugarloaf. Por


que você ainda está aqui? Você é inteligente, bonita e se formou
em arquitetura. Tenho certeza que você poderia encontrar um
emprego em qualquer lugar. Em vez disso, você é minha super
qualificada gerente de escritório. Eu não entendo.

Ela não entenderia isso, e não é algo que pretendo explicar


porque minhas razões são apenas minhas. — Eu não quero falar
sobre isso.

A mão de Sydney toca a minha. — Eu nunca julgaria você.

É engraçado, eu me lembro da minha mãe dizendo as


mesmas palavras quando liguei para ela. Eu não queria lhe dizer
a verdade, mas ela continuou dizendo o quanto ela me amava e
não faria nenhum julgamento. Isso foi exatamente o que ela fez e
ainda faz.

— Olha, muito tempo atrás, eu fiz algumas escolhas


estúpidas e confiei em alguém que não deveria. Mudou muito
sobre mim e o que eu quero.

— O que você quer, Dev?

Há tanta compreensão em sua voz que eu quero lhe dizer


todos os meus segredos e finalmente desabafar, mas não há
nenhuma maneira que eu possa fazer isso.

Muitas vidas estão em jogo.

Muitas pessoas ficariam magoadas se eu falasse em voz


alta.

— Eu quero ser feliz — eu digo com honestidade. — Eu


quero seguir em frente e ter uma vida como você fez.

— Que significa?

Penso em como ela costumava ser quebrada e como, depois


de apenas alguns meses, ela está mais feliz do que nunca. Sydney
tem tudo o que ela poderia desejar. — Eu quero ser amada.

Ela aperta minha mão. — Então deixe Sean te amar.

— E se isso for apenas um erro?

— Então você vai sobreviver. Ele irá embora e provavelmente


só visitará quando estiver vendo suas sobrinhas e sobrinhos. Vai
ser uma merda, mas você aguenta. Realmente não será muito
diferente de antes de ele voltar, certo?

Meu coração começa a doer com a imagem que ela acabou


de pintar. Sean vindo aqui e eu tentando me esconder dele para
não doer. Eu não quero isso.

— Exceto que eu saberei como foi deixá-lo entrar do jeito


que você deixou Declan entrar.

Sydney se inclina para trás, mordendo o lábio inferior.

— Eu sei que é difícil. Acredite em mim, eu entendo. Eu


também sei que não importa em quais caminhos infernais nos
perdemos, fui encontrada pelo homem que deveria caminhar ao
meu lado. A vida é difícil e o amor não é fácil. É terrível às vezes.
— Ela ri baixinho. — É medo e excitação em uma bola de emoções
que eu juro que pode rolar você.

— Você está realmente me convencendo a isso — eu digo


com sarcasmo.

Ela dá de ombros. — É também o desejo mais humano. Você


e Sean já se amam. Isso não mudará. Eu realmente acredito que,
não importa o que aconteça, se vocês namorassem, você ainda
manteria um relacionamento com ele. Vocês dois são... mais do
que Declan e eu éramos.

Minhas sobrancelhas levantam em surpresa. — O quê?

— Sim, Declan e eu éramos namorados na escola. Nós


sempre fomos um casal, nunca amigos como vocês. Então,
quando nós terminamos, nós perdemos. Você e Sean são mais
fortes do que isso. Vocês teriam desafios ao tentar se tornar algo
juntos, mas separados, vocês ainda seriam as mesmas pessoas.
E esse é o pior caso, Dev. Há toda uma possibilidade de uma vida
bonita e feliz se vocês fizerem funcionar. Haveria feriados, tempo
para a família e nada seria tão unido quanto aqueles meninos,
então estaríamos sempre por perto. Eu acho que você está indo
para o caminho onde você pintou esse quadro terrível para evitar
de aceitar que você já sabe que é uma inevitável conclusão.

Tudo isso é tão confuso. — Eu simplesmente não entendo


por que isso tem que mudar.

— Me deixe perguntar uma coisa, vamos apenas dizer que


vocês não seguem com isso e nunca se arriscam, vocês realmente
acham que a amizade vai ser a mesma? Você e Oliver acabaram,
você está morando com Sean... Bem, você está meio que
‘morando’ com ele. E agora, há essa... coisa entre vocês.

No meu coração, eu sei que ela está certa. Quando ele for
embora, eu não serei a mesma e nem a nossa amizade. Eu sei
como é sentir seus lábios nos meus e ouvir os sons que ele faz
quando agarro seu cabelo. Nada disso pode ser apagado.

— Ele torna isso difícil de pensar. Quando ele está por perto,
eu luto comigo de uma maneira que não fazia em anos. Esse
sentimento, a inquietação e incerteza, é o que me faz querer
correr.

Sydney exala lentamente. — Você não me disse muito sobre


o seu passado, e isso não é um problema, mas eu estou
assumindo que houve um cara e deu errado. Porém seja lá o que
aconteceu antes, não é o que está acontecendo agora.

— Eu sei disso.

— Você sabe?

Eu quero dizer que sim. Punir Sean pelo que Christopher


fez não é justo, mas são os sentimentos que me aterrorizam. Eu
poderia me apaixonar por Sean de uma forma que me deixaria
totalmente destruída se não desse certo.

— Eu sei qual é o final desta história, Syd.

Ela revira os olhos. — Você deveria ter listado psíquica em


seu currículo, teria realmente ajudado com os casos.

— Idiota.

— Estou falando sério, você não sabe de nada. Nada.


Nenhum de nós sabe quando se trata de amor ou
relacionamentos. Olhe para Declan. Ele é o maior idiota de todos
eles. Ele sabia o que iria acontecer. Ele sabia que nós nunca
poderíamos funcionar. Ele não sabia de nada.

Eu rio porque ela está cem por cento certa. — Ele sabia que
te amava o suficiente para não querer te machucar.

— E não era essa a maior piada de todas? Eu o amo o


suficiente para curar suas partes quebradas. Sean e você não
estão quebrados, Dev. Você já está trabalhando com uma
vantagem. Não há um passado tórrido para atrapalhar. Nada
além de uma chance. Então a pegue, porque, se você não fizer
isso, você está indo para ser a mulher na parte de trás da igreja,
observando o homem que você ama se casar com outra. E isso
seria o pior final para uma história que você poderia ter alterado.

— Qual filme você quer assistir esta noite? — Sean pergunta


enquanto se joga no sofá.

— Eu quero algo que me faça rir, ao contrário de todo


sangue que você me fez suportar ultimamente.

Ele joga algumas pipocas na boca e, em seguida, sorri. —


Medrosa.

— Eu não sou medrosa.

— Aposto que você teve um pesadelo na noite passada.

Eu olho para ele, em parte porque ele está certo e em parte


porque o homem estúpido está, mais uma vez, sem roupas e
sentado muito perto.

— O único pesadelo que estou tendo é você agora.

— Querida, eu sou um sonho molhado. — Eu juro por Deus.

— Você é um terror.

— Você diz terror e eu digo angelical.


— Se você é um anjo, então sou uma santa.

Sean sorri. — E sabemos que isso não é possível.

— Oh, por favor! — Eu rio. — Eu sou muito mais santa do


que você. Tenho ido à igreja todos os domingos desde... bem,
sempre.

Sean se recosta no sofá, jogando os calcanhares na poltrona


sem se importar com o mundo. — As mulheres gritam aos céus
quando estão comigo. Quer ver Deus, Dev?

Meu queixo cai enquanto eu olho para ele. — Você é um


completo idiota!

— O quê?

O que? Eu juro que os homens são tão estúpidos. Eu bato


em seu peito. — Primeiro, você está me contando sobre as outras
mulheres com quem dormiu, o que nunca é uma boa ideia
quando você está tentando cortejar uma garota. Em segundo
lugar, — baixo minha voz para imitar sua — 'Quer ver Deus,
Dev?' Isso foi uma cantada? Ou você é realmente um idiota com
um ego super inflado?

Sean se move para frente tão rápido que eu recuo por


reflexo. — Primeiro, eu não estava te contando sobre nada. Eu
estava apenas brincando, mas se você está curiosa para saber se
estou exagerando, fico mais do que feliz em mostrar. Em segundo
lugar, não sou um idiota e você sabe disso. Na verdade, sou
bastante desejável.
Quando ele termina de falar, estou quase deitada e ele está
definitivamente em cima de mim.

Meu coração está batendo tão forte que pode machucar, e


cada respiração parece que pode ser a última. O calor de seu
corpo e o cheiro de sua colônia estão fazendo cada célula do meu
corpo ganhar vida com desejo.

— Sean — eu digo tanto como um aviso quanto como um


apelo.

— O que você quer, Devney? — Seu olhar vai para os meus


lábios e depois de volta para os meus olhos.

Eu quero que ele me beije. Deus, de novo não.

Eu balanço minha cabeça.

— Você quer meus lábios?

Sim. Eu mantenho minha boca fechada, sem vontade de


dizer nada que possa levar a um erro.

— Diga as palavras — ele insiste. — Me diga que você me


quer.

A tontura é tão forte que minha mente e meu coração estão


em guerra um com o outro. Eu quero ele. Ele me quer. Deveria
ser uma coisa tão simples e, no entanto, ainda há algo me
segurando.

— E-eu não... eu não sei.

— Feche os olhos — ele comanda.


Eu os fecho e meus outros sentidos se intensificam. — O
que agora? — Eu pergunto com minhas mãos coladas no sofá.
Eu não posso tocá-lo. Se o fizer, sei exatamente o que vou dizer.

— Sinta. — Sua voz é baixa e persuasiva.

Segundos passam, a ansiedade do que está por vir


crescendo dentro de mim. As emoções se acumulam como tijolos
a cada tique-taque do relógio.

Então, bem quando estou prestes a abrir meus olhos,


porque eu não aguento mais, eu sinto os lábios dele apenas
roçando nos meus. O beijo é tão suave, tão leve, que eu estou
quase com medo que não seja real, mas ele é. Ele paira lá, nossas
respirações se misturando, crescendo mais rápido conforme a dor
dentro de mim se aprofunda.

Eu anseio por ele.

Eu quero isso, e nós e qualquer coisa que possamos ser.

Eu preciso de seus lábios no meus mais do que eu preciso


de qualquer outra coisa.

É loucura e irresponsável permitir isso, mas sei que não vou


parar. Eu não posso.

— Nos sinta — ele insiste. — Me sinta.

Meus dedos levantam por vontade própria e as pontas dos


meus dedos tocam a pele esticada de suas costas.
— Sim. — A voz de Sean é suave. — Desse jeito. Me sinta,
Devney. — Minhas costas arqueiam, precisando do contato de
seu peito, que ele mantém afastado. Eu corro minhas mãos por
sua espinha lentamente, tentando memorizar a perfeição. Seus
lábios se movem para o meu pescoço, beijando e sugando
suavemente a pele sensível.

— Sean — eu digo suavemente.

— Diga as palavras. Diga o que você precisa de mim. O que


você quiser, querida, eu te darei.

Não permito que minha cabeça funcione. Eu apenas sinto e


digo a ele exatamente o que quero. — Me beije.

Ele traz seus lábios de volta aos meus, não há suavidade


desta vez. Ele me beija como um homem louco e faminto. Nossas
bocas se movem juntas e ele finalmente deixa seu peso cair sobre
mim. Não há mais ternura no meu toque enquanto minhas unhas
marcam suas costas, tentando puxá-lo com mais força.

Tudo neste momento está certo. Ele. Nós. O fato de que nós
estamos fazendo isso.

Eu deixo minhas mãos vagarem por seu corpo, sentindo o


quão forte ele é enquanto me deleito com o fato de que isso está
acontecendo. Sean e eu estamos nos beijando novamente. Em vez
de me dar as milhões de razões pelas quais eu não deveria, eu
mergulho mais fundo no momento.

— Deus, você é tão linda — ele diz antes de voltar a me


silenciar com seus lábios.
Ouvir essas palavras dele faz algo para mim. Ele nunca
mentiu para mim. Nós sempre dissemos um ao outro as partes
feias porque não estávamos preocupados que o outro iria fugir.
Então, quando ele diz isso, eu sei que é o que ele quer dizer.

Ele se afasta, os olhos brilhando de desejo enquanto ele luta


para recuperar o fôlego. Ele se inclina para baixo, a testa tocando
a minha.

— Por que você parou? — Eu pergunto.

— Porque se eu não fizesse, você estaria nua e eu estaria


dentro de você.

Não tenho certeza se é porque eu estou mais excitada do


que eu já estive em minha vida, mas eu não vejo um problema
nisso.

Eu seguro sua bochecha na palma da minha mão,


apreciando que ele se afastou, sabendo que eu provavelmente iria
me arrepender. — Obrigada.

Seus olhos encontram os meus enquanto ele tenta sorrir. —


Não me agradeça. Ainda estou deitado em cima de você com uma
ereção furiosa, seus lábios estão inchados e eu nunca quis nada
mais do que isso.

— Sean... você diz isso, mas...

— Não, você não entende, é você, Devney. É você e eu, e eu


não sei porque me levou tanto tempo pra ver isso, mas nós
deveríamos estar juntos. Em algum lugar ao longo do caminho,
nós nos tornamos algo mais um para o outro.

Afasto a mecha de cabelo que caiu em seu rosto. — Eu estou


assustada. Eu não quero perder você.

Ele me beija suavemente e então rola para o lado, me


puxando para que fiquemos de frente um para o outro no sofá.
Minhas mãos descansam em seu peito enquanto seu polegar roça
meu quadril.

— Eu não quero perder você também, mas eu não posso


fingir que eu quero ser apenas amigo. Pela primeira vez, nenhum
de nós estamos com outras pessoas. Não há complicações ou
razões para evitar isso.

Oh, como ele está errado. — Há uma infinidade de razões.

— Como o quê?

— Você mora em Tampa e eu moro aqui. Você é rico, e estou


vivendo na casa da sua família, porque eu não tenho dinheiro
suficiente para obter o meu próprio lugar. Você tem um trabalho
que adora e eu... bem, eu sou grata que eu tenho um trabalho
em tudo. Você é famoso e eu sou a garota de cidade pequena que
nunca seria capaz de lidar com sua vida.

Ele solta um suspiro profundo.

— Ok, vamos por partes. Vivemos separados. Bem, você


pode se mudar e morar comigo, que anula a segunda questão
sobre morar na fazenda da minha família. Quanto ao trabalho,
se você vier para Tampa, lá tem uma abundância de lugares que
poderia trabalhar como uma arquiteta. Na verdade, um amigo de
Declan, Milo, dirige uma empresa imobiliária com seu irmão, e
eu tenho certeza que você iria ser uma bem-vinda à sua equipe.
E para o último da sua lista... você é uma garota de cidade
pequena que tem um cara de cidade pequena que quer ajudá-la
com isso.

Eu gemo, minha cabeça caindo para frente para descansar


em seu peito. Eu deveria saber que ele encontraria uma maneira
de me fazer parecer louca. — Não podemos ser mais.

— Nós já somos. — Ele enfia seu polegar sob meu queixo e


inclina meu rosto em direção ao dele. — Eu estou apenas
esperando por você para ver isso. Não há como voltar a ser o que
já fomos. Há duas opções a nossa frente. Podemos nos dar o que
queremos ou podemos caminhar para longe, e eu não posso fazer
isso.

— E se não depender de você?

— Depende de nós dois. Agora, vamos assistir ao filme antes


que eu comece a beijar você de novo.

Ele manobra nossos corpos de forma que ele está me


acariciando em vez de nos encararmos.

Eu olho por cima do ombro para ele. — Você sabe que isso
não significa que perdi a aposta. Você me beijou.
Sean ri no meu ouvido. — Bem. De qualquer forma, estou
ganhando tudo – seu coração, seu corpo e as palavras. Do
contrário, nossa amizade não é o que sempre pensei que fosse.

Não sei o que diabos ele quer dizer com isso. Nossa amizade
sempre foi forte. Se não durmo com ele, não é por falta de desejo,
mas por uma abundância de autopreservação. Idiota arrogante.
— Então, você está dizendo que ou eu dou o que você quer ou
não somos amigos?

Ele beija meu pescoço e depois se acomoda com o braço me


segurando com força. — Não, querida. Só estou dizendo que
quero mais e acho que você também. Nossa amizade nunca vai
mudar.

E eu sei que ele está falando a verdade. Há uma liberdade


nisso.

Em não ter que se perguntar se isso é um jogo ou se ele só


quer tirar vantagem de mim.

É confiança.

E a confiança é tudo.

No entanto, se quebrar, pode destruir além do reparo, e


quando eu não puder mais esconder todos os meus segredos, não
tenho certeza se ele vai me perdoar.
Sean

— Como você convenceu Ellie a namorar você?

Cerveja expira fora da boca de Connor enquanto ele me


encara. — Desculpa, o quê?

— Eu acho que você teve que fazer algum truque mental


SEAL-Jedi ou algo assim. Ninguém namoraria de bom grado um
perdedor como você, então o que você fez?

Ele revira os olhos. — Eu fui um bom cara. Eu estava lá


para ela. Eu não a convenci a fazer qualquer coisa, ela me amou
instantaneamente.

— Oh, claro, eu acredito nisso.

— Acredite no que quiser, você é o único que está solteiro,


cobiçando sua melhor amiga, enquanto eu sou casado e tenho
duas filhas.

— Eu não estou cobiçando.

— Claro que não — Connor diz com uma risada.

Estou muito além da cobiça. Estou morrendo, porra. Esta


manhã, Devney fez o café da manhã com minha velha camisa da
faculdade que mal chegava à parte inferior de sua bunda. A
calcinha – ou shorts como ela disse – não fez nada para esconder
isso também. Me encostei no balcão, observando, rezando para
que ela se levantasse um pouco mais para que pudesse ver mais.

Eu não consigo o suficiente. Eu não posso ficar longe. Eu


dormi naquela pequena casa, fazendo tudo que podia para me
impedir de ir para a cama com ela. Não que eu iria, mas eu penso
sobre isso.

Eu a quero, mas ela está lutando comigo, e deve haver um


motivo.

— Estou fazendo o melhor que posso.

Ele inclina a cabeça para o lado. — E como isso está indo?

— Fodidamente horrível.

Connor ri e então se recosta na cadeira. — Sabe, eu me


lembro como foi difícil, sem trocadilhos, quando Ellie e eu
estávamos sob o mesmo teto. Eu a queria tanto, mas ela estava
com dor e não havia nenhuma maneira que eu estava indo para
ser 'aquele' cara.

— Então, que cara você foi?

— Do tipo paciente. Aquele que lidou com isso, sabendo que


quando ela estivesse pronta, ela mudaria de ideia.

Eu balanço minha cabeça e suspiro. — Eu não sei o que


Devney está esperando ou o que irá fazer ela mudar de ideia.

Connor dá de ombros. — Isso importa?


— Olha isso, esse é o bando de idiotas mais triste que eu já
vi. — Declan diz enquanto sobe as escadas.

— Seja legal — Sydney repreende. — É bom ver vocês. Feliz


aniversário, Sean.

Esta noite é a porra do meu jantar de trigésimo aniversário,


mas meu aniversário na verdade, não é até amanhã. Meus irmãos
e eu não passamos um aniversário juntos assim em anos. Nós
teríamos mantido a tradição que já temos, que é enviar uma
mensagem ou ignorar completamente, mas as mulheres em
nossas vidas não iriam permitir isso.

Sydney, Ellie e até mesmo Devney exigiram que agíssemos


como irmãos, que é o que pensávamos estar fazendo o tempo
todo. Quando dissemos isso a elas, Sydney mencionou a mamãe.

Foi um golpe baixo e doeu.

Agora estamos aqui, forçando um pouco de tempo com a


família antes da grande noite.

— Obrigado, Bean — eu digo enquanto beijo sua bochecha


e então olho para um Deacon muito contente em seus braços. —
É bom ver você. E você, homenzinho, é apenas o Arrowood mais
sortudo vivo. — Eu toco sua bochecha e sorrio.

— Ele é um menino tão bom — diz Syd.

— Nada como o pai dele, então.

— Definitivamente não — Declan concorda. — Graças a


Deus.
Todos nós rimos, e ela puxa o cobertor um pouco mais
apertado. — Por falar em Deus, não se esqueça que a ceia de
Natal será em nossa casa este ano e o café da manhã será na
casa do Connor.

O Natal está chegando, mas depois da briga que Declan e


Connor tiveram sobre isso outro dia, me faz pensar no que Syd
fez para conseguir o que ela queria. — Você tem certeza? Eu
pensei que Ellie estava oferecendo o jantar — eu digo, sabendo
que isso vai fazer a cabeça da minha cunhada explodir.

— Cuidado, Arrowood. Cuidado.

— Sério, você está tentando me matar? — Dec pergunta. —


Só preciso de um pouco de entretenimento.

Ela aponta para nós três. — Vou ver Ellie e Devney, vocês
não fiquem aqui fora muito tempo ou irão ficar doentes.

— Sim, mãe — eu digo sarcasticamente.

Syd sai e Connor entrega uma cerveja a Declan. — Ajuda


com o frio.

Ele ri e abre. — E ajuda a ficar perto de vocês, idiotas.

Mesmo que nosso pai fosse alcoólatra e nos espancasse


muito, nos forçamos a aprender a nos conter. Nós bebemos, mas
nunca ficamos bêbados. Nós brigamos, mas nunca foi
fisicamente, e amamos, mas nunca o suficiente para nos
machucar. Porém esse último parece ser um conceito que falhou.
Declan e Connor amam suas esposas além do ponto de
sanidade.

— Sean aqui quer saber como fazer Devney desistir.

— Sim? — Dec pergunta. — Desistir do quê?

— Seu coração — eu digo sem pausa.

Eu espero que os comentários espertos voem. Afinal de


contas, esses são meus irmãos e estão designados a zombar de
mim.

— Boa resposta — Connor diz com um aceno de cabeça.

— O quê?

Declan concorda também. — Ele tem razão. É a única


resposta que teria garantido o nosso apoio. Nós amamos Devney,
e já que você não tem intenção de ficar aqui, seríamos nós dois
que teríamos que lidar com as consequências dessa merda. Se
vocês falharem, nós teremos que estar aqui, vê-la sofrendo e
confortá-la. Para ficarem juntos, a única opção é ela ir com você.

— Não vamos falhar.

Connor fala. — Vocês discutiram alguma coisa sobre isso?

— Na verdade, não. Eu sei que ela não quer tentar um


relacionamento a distância.

— Será que você perguntou se ir com você é uma opção?

— Não é.
Por alguma estranha razão, Devney não vai deixar
Sugarloaf. Eu não entendo. Eu realmente nunca entendi isso. Ela
estava feliz ou parecia estar, então por que ela ficou não era da
minha conta. Agora, porém, tenho que forçá-la.

A família dela a trata como uma merda, então não podem


ser eles. Se isso é medo de outro homem a machucar, então eu
tenho uma quantidade limitada de tempo para provar que eu sou
diferente.

Os olhos de Declan estreitam um pouco enquanto ele pensa.


Ele é um empresário e vê as coisas de maneira muito diferente
do que o resto de nós. Connor sempre foi muito obstinado. Ele
encontrou o que queria e foi atrás. Quando ele me chamou pra
dizer que ele foi aceito na Base de Demolição Subaquática, eu
não estava surpreso. O dia em que ele se alistou, ele disse que
tinha planejado em ser um SEAL, e assim ele fez. Jacob é livre de
espírito e artístico, e por isso que ele se destaca como um ator.
Cada um de nós tem seus pontos fortes e juntos somos uma
unidade mais forte.

— O que você está pensando? — Connor pergunta depois de


um minuto.

— Apenas que de todas as pessoas que eu pensei que


sairiam de Sugarloaf, Devney estava no topo da lista. Ela era mais
inteligente do que todos e tinha uma direção. Quando ela
conseguiu entrar para aquela faculdade no Colorado, acho que
ninguém ficou surpreso.

— Definitivamente eu não estava — digo a Dec.


— Certo. É por isso que eu estou confuso.

— Ela tem o irmão e o sobrinho — digo como uma espécie


de explicação. — Ela e Jasper sempre foram próximos. Inferno,
ele a seguiu para o Colorado em um período durante a faculdade
e morou lá. — Agora que penso nisso, ele estava lá na mesma
época em que toda a merda aconteceu com o professor dela.

— Sim, mas... ficar aqui por Jasper? Por favor. Nós quatro
sabemos sobre ser próximos de irmãos, e eu não ficaria perto de
nenhum de vocês, filhos da puta — disse Connor.

— E, no entanto, aqui estamos nós três agora — eu aponto.

Declan e Connor dão de ombros. Talvez haja algum outro


cara que Denvey não está me dizendo, e é por isso que ela ainda
está aqui. Embora isso faça ainda menos sentido porque ela
estava com Oliver.

— Talvez o pai dela não esteja bem. Ela sempre foi muito
próxima a ele. — Declan diz.

Pode ser isso. Por mais que ela odeie sua mãe, seu pai é o
seu ponto fraco. Se há algo acontecendo com ele e ninguém sabe,
isso explicaria tudo.

— Eu não sei, talvez.

— Ela falou com eles desde que saiu de casa? — Connor


pergunta.

Eu balancei minha cabeça. — Ela comentou sobre isso, mas


eu não acho que ela fez.
— Essa é uma decisão difícil.

Nós três não temos direito para julgar alguém por cortar o
contato com os pais. Saímos há nove anos sem olhar para trás
com nosso pai. Claro, ele era um bêbado que batia em nós.

— Você acha que papai teria se desculpado se algum de nós


tivesse dado a ele a chance?

Connor ri. — Não é muito provável. Ele sentiu que bater em


nós era uma forma de nos ensinar a ser homens. Você se lembra
quando ele bateu em Jacob com uma vara?

Eu aperto meu queixo enquanto a raiva rola por mim. —


Sim.

— Sim, tudo porque ele chorou quando quebrou o braço.


Então, nosso querido e velho papai pensou em pegar uma porra
de uma vara e bater nele para: 'Dar a ele um verdadeiro motivo
para chorar'. Ele sentiu que éramos fracos e suas surras eram
uma forma de nos fortalecer.

Cada vez era uma fatia de algo diferente, então puro ódio
contra o homem jorrava mais. Não havia bondade nele. Não
depois que a mamãe morreu, pelo menos. Foi como se ela tivesse
tirado toda a bondade que viveu nele e enterrou com ela.

— Ele era um pedaço de merda.

Eu aceno e empurro a cerveja. — E é por isso que acho que


ele não sentiu nenhum remorso. Se o fizesse, teria muitas
oportunidades de entrar em contato com qualquer um de nós.
Em vez disso, ele nos fodeu nos forçando a voltar aqui.

— Até agora, todos nós nos saímos bem. — Connor diz. —


Eu encontrei Ellie, e Syd e Dec finalmente resolveram suas
merdas. Olhe para você, Sean finalmente está admitindo seus
sentimentos por Devney. Eu não estou dizendo que concordo com
os métodos, mas se não tivéssemos voltado aqui, nossas vidas
iriam estar em rumos diferentes.

Declan ri. — Sim, você estaria morando no meu sofá,


tentando descobrir o que fazer depois que saiu da Marinha.

Ele sorri e levanta sua cerveja. — Isso eu faria.

— Ou comigo, vivendo na praia.

— Outra possibilidade promissora.

Eu reviro meus olhos. — Mas olhe para você agora.

— Sim! Eu não estou ansiando por uma garota, e esperando


que meu irmão possa me dar algum truque mental escondido na
manga que eu possa usar para conquistá-la. Em vez disso, estou
com a garota.

Meu dedo médio levanta em sua direção. Declan interfere.

— Eu também, irmão.

— Sim, todos vocês estão aproveitando a vida.


— Bem, seja o que for que a esteja segurando, você tem que
descobrir e fazer o que puder para ajudá-la. — Connor finalmente
oferece alguns conselhos que valem a pena.

— Rapazes! — Ellie grita. — É hora de comer!

Connor coloca a mão no meu ombro enquanto se levanta.


— Vamos entrar para que possamos ver você cair em chamas.

Quem sabe, talvez eu precise começar um fogo e fazê-la


queimar. É hora de acender o fósforo, e lhe dizendo a verdade
sobre meu passado e esperar que ela me conte sobre tudo que a
está segurando. Nós podemos deixar o passado se tornar cinzas
e formar o nosso futuro se ela vai apenas tentar.
Devney

O jantar foi divertido. Foi ótimo estar com os caras e minhas


amigas, nós apenas aproveitamos uns aos outros. E depois tinha
os bebês. Deus, eles são tão bonitos.

Eu segurei Bethanne ou Deacon em meus braços o tempo


todo. Adorei como eles se encaixam tão confortavelmente em
meus braços, fazendo seus barulhos doces de bebê. Cada minuto
mais precioso que o anterior. Um dia... Um dia, eu terei isso.

Um dia, eu vou segurar uma criança, protegê-la, aconchegá-


la e inalar esse suave aroma até que eu tenha guardado na
memória.

— Você está bem? — A voz profunda de Sean pergunta da


porta do meu quarto. — Eu chamei o seu nome, mas você não
respondeu.

— Sim. Desculpe. Eu estava... sonhando acordada, eu acho.


— Eu pego o pijama que eu ia vestir e jogo sobre a cama. De jeito
nenhum vou me despir agora.

— O que está em sua mente?

Eu dou um sorriso relutante. — Nós.


— É o mesmo para mim.

Eu olho para Sean, perguntando se o sentimento que ambos


temos é uma figura de nossa imaginação ou a coisa real. Uma
parte de mim sabe que é real. Cada noite, me encontro tentando
me aproximar mais dele. Não do jeito normal de melhor amigo
que sempre fomos, mas profundo. Quando nós conversamos
sobre as crianças no passeio a cavalo, ele me observou de uma
maneira que eu nunca tinha visto antes.

Então, quando assistimos ao filme, nos sentamos um pouco


mais perto. Cada vez que estamos juntos, algo me puxa mais
perto dele, fazendo eu querer mais e mais. Esses últimos meses
me mostraram que Sean é mais. Ele é... tudo. Ele é o cara que
faz tudo parecer certo.

— E o que você está pensando? — Eu pergunto.

Ele se aproxima. — Que é meu aniversário e tenho um


desejo.

Meu coração começa a disparar e minha respiração fica


mais pesada.

— Sim?

Sean acena com a cabeça enquanto dá outro passo mais


perto. — Você sabe o que é?

As palavras não saem, então eu balanço minha cabeça.


— Você, Devney. Eu desejei por você. Queria que você
parasse de lutar e me deixasse te amar. Eu gostaria que você
visse o quanto eu te quero, em todos os sentidos.

Eu fecho meus olhos, sentindo a picada de lágrimas e dor


em meu coração. Eu não posso fazer isso com ele. Ele vai me
amar e eu vou me apaixonar desesperadamente por ele. E em
quatro meses, ele irá embora e eu estarei aqui.

Ele nunca vai entender.

Terei de contar a ele a verdade sobre o que me faz ficar aqui,


e literalmente não posso.

É um segredo que eu tenho de levar para a minha sepultura.


— Eu gostaria que pudéssemos ser algo, eu só irei nos machucar.

— Por quê?

Eu olho em seus olhos verde-esmeralda, aqueles que me


viram através de quase tudo, e odeio que eu não possa
compartilhar isso. — Eu não posso ir com você.

— Me diga o porquê.

Sua mão roça minha bochecha, a segurando enquanto seu


polegar faz um arco lento. — Não é meu segredo para contar.

— Você acha que é a única com segredos, Dev? Você sabe


por que eu fui embora há anos atrás e jurei nunca pisar nesta
cidade de novo?
Eu solto uma respiração profunda, minha mão
descansando em seu peito. — Seu pai.

— Não foi apenas meu pai.

— Não?

Seus olhos se fecham e eu sinto a dor irradiando de seu


corpo. — Não.

Nunca fui estúpida ou ingênua o suficiente para pensar que


ele não tem segredos. Todos nós temos, eu sou o pior tipo, mas
tinha aquela… esperança... que talvez Sean não tivesse nenhum.
Que ele revelou tudo para mim, e que eram apenas meus pecados
que precisavam ser confessados.

Obviamente, não é esse o caso.

— Não temos que fazer isso hoje à noite — eu digo. — É seu


aniversário em duas horas e eu tenho um presente para você.

Ele sorri suavemente, mas há uma sensação de


determinação em seus olhos quando ele olha para mim.

— Eu guardei por muito tempo, apenas conversando com


meus irmãos sobre isso, e mesmo assim, não discutimos muito.
Veja, a questão é que eu quero uma vida com você. Eu quero ser
o ombro em que você chora, como você sempre foi o meu, mas eu
tenho me segurado. — Eu me concentro na minha respiração,
mas ela vacila quando a cabeça dele repousa contra a minha. —
Chega, Devney.
Eu fico neste casulo de calor de segurança enquanto nós
dois nos apoiamos um no outro. Aqui, quando somos apenas nós
dois, é quase como se o mundo ao nosso redor não pudesse
quebrar o relacionamento que estamos construindo. É fácil
acreditar que todas as preocupações são superficiais, e eu quero
ficar junto desse jeito.

Quando uma tempestade acontecia, Sean corria para minha


casa, escalava minha janela e se deitava ao meu lado, segurando
minha mão enquanto o medo do trovão me sacudia
profundamente. Eu odiava tempestades e temia que ele
atravessasse os campos enquanto havia uma chance de se
machucar, mas ele sabia que eu tinha mais medo de que ele não
viesse, então ele nunca faltou.

Agora parece que a tempestade não está lá fora. Ela parece


estar nesta sala.

Eu levanto minha cabeça. — Você sabe que nada que você


diga vai mudar como me sinto sobre você.

Ele ri uma vez. — Espero que não seja o caso.

— Por quê?

— Porque eu quero que você me ame. Não como seu melhor


amigo, mas como algo mais. Não sei o que aconteceu naquela
noite em que nos beijamos, mas me mudou. Mudou a maneira
como vejo você e o que quero da vida. Não é luxúria. Não é algo
passageiro. É você e eu. Você pode contar comigo Devney, e eu
não vou deixar você ir nunca.
— Oh, Deus — eu digo enquanto minha cabeça cai em seu
peito. — Você diz coisas assim para mim, e eu não sei como lidar
com isso. Você é meu melhor amigo. Você é o cara que sempre
esteve lá, e se eu perder você...

— Então me ame.

Meu coração começa a bater tão forte que sei que ele deve
ouvir. — O quê?

— Se você não quer me perder, apenas me ame.

— Eu te amo.

Ele puxa meu cabelo para trás e sorri. — Você nunca vai me
perder, não importa o que aconteça. Bem, você não vai se você
ainda me quiser depois de tudo isso. Eu quero te contar tudo e
deixar você escolher. Não quero esperar alguns dias, semanas ou
meses para você descobrir tudo isso e ficar desapontada.

Eu olho para cima, um pouco de medo me preenchendo


porque ele parece muito preocupado. — Porque você pensaria
isso? Fiquei desapontada quando descobri que foi você quem
comeu o último cupcake na minha festa de aniversário quando
eu tinha nove anos.

Ele sorri. — Isso é pior do que roubar o último bolinho.

— Você tem certeza? Eu realmente amo cupcakes.

A tensão de Sean drena apenas um pouco. — Tenho certeza.

— Ok.
Ele me solta e se senta na cama. — Isso aconteceu na noite
em que Connor se formou.

— Eu estava no Colorado.

Sean concorda. — Eu sei. Você ficou lá naquele ano. Foi


nosso segundo ano de faculdade.

Sim. Naquele ano, fiquei longe de todos. — Tudo que me


lembro dessa época foi quando você me ligou.

— Eu estava tão fodido.

— Eu lembro. Eu não sei se eu já ouvi você tão zangado.

Sean me ligou um dia após a formatura do irmão, e achei


que ele ficaria feliz e me contaria sobre toda a diversão que os
quatro tiveram, mas a conversa não foi nada disso. Ele estava...
tão fora de si. Eu não tinha certeza do que fazer com isso, eu só
sabia que seu pai devia ter recebido muito mal a notícia da
partida de Connor para a Marinha.

Ele segura minha mão, entrelaçando nossos dedos. —


Aquela noite foi a mais descontrolada que eu já vivi. Meu pai ficou
bêbado, como sempre. Ele estava chateado com nós, como
sempre. Mas desta vez, ele entrou em um carro, o meu carro.

— Seu carro?

Sua respiração é longa e constante. — Ele matou duas


pessoas naquela noite. Ele empurrou eles para fora da estrada
enquanto eu e meus irmãos estávamos atrás dele. Ele destruiu
uma família.
— Sean...

— Não, veja, ele nem mesmo destruiu a minha — ele


continua. — Foi a família das pessoas que ele matou que
suportou a dor de tudo. Os Arrowoods já estavam fodidos demais.
Mas aquela família, eles não mereciam nada disso. Ele pegou
meu carro, os matou e ameaçou colocar a culpa em nós quatro
se não mantivéssemos a boca fechada. As pessoas na cidade
conheciam meu carro...

Minha outra mão voa para meus lábios. Todo mundo


conhecia o carro de Sean. Era barulhento, meninos e seus
estúpidos amortecedores. Ele também achava muito legal dirigir
como um idiota.

— Então, ele disse que ele iria culpar você? Eu não


compreendo...

— Depois que ele os matou, ele saiu da cena, e não havia


qualquer coisa que pudéssemos fazer. Eles estavam mortos, e nós
precisávamos impedi-lo de continuar dirigindo. Nós quatro
deixamos a local para tentar encontrá-lo, e quando o fizemos, ele
estava em casa, já desmaiado. Na manhã seguinte, dissemos que
ele precisava se entregar, ele nos ameaçou e... Eu teria perdido
tudo. Todos nós teríamos. Se ele tivesse nos culpado de alguma
forma, nós nunca teríamos... Eu não posso dar desculpas.
Estávamos errados e deveríamos ter revidado, mas quando eu
digo que nós quatro ficamos horrorizados, você nem consegue
entender.
— Mas aquela família — eu digo e instantaneamente quero
retirar as palavras.

— Eles nos perdoaram.

Meus olhos encontram os dele. — Como é?

— É aqui que minha história fica pior, foram os pais de Ellie.

Eu fico de pé, a mão apertando meu estômago de horror.


Ellie tem falado sobre a perda dos seus pais e como foi terrível.
Foi o que colocou sua vida em um curso diferente e a levou a um
marido abusivo.

— Por favor, me diga que isso é algum tipo de piada. Que


você está fodendo comigo ou algo assim...

— Não é uma piada. É por isso que nós quatro saímos e


nunca mais voltamos. Nunca mais falamos com meu pai.

— Eu voltei e verifiquei ele! Fui com Sydney ao túmulo de


sua mãe e trouxe ovos para ele ou ajudei com as vacas. Eu não
sabia que ele tinha feito isso! Eu pensei que... Eu não sei, eu
pensei que você gostaria que eu verificasse se ele estava, pelo
menos bem, mas... Deus, ele matou os pais de Ellie!

Sean se levanta. — Você não sabia.

Uma lágrima cai de meus cílios, deslizando contra minha


pele. — Por que você não me contou?

Ele limpa a umidade sob meus olhos. — Porque eu tinha


vergonha. Eu o odiava. Odiava que fomos fracos. Odiava ter tanto
medo do que ele faria e de como seria. Eu não poderia te dizer,
Dev. Mas agora, agora que eu quero um futuro com você, agora
que eu estou me apaixonando por você...

Maldito seja. Eu agarro seu pulso, o puxando para longe. —


Pare de me dizer que você está se apaixonando por mim.

— Pare de fingir que não está sentindo o mesmo. — Eu solto


uma respiração instável, me contorcendo, tentando me afastar,
mas ele me agarra, me puxando para seu peito. — Me diga que
estou errado.

— Você está... — Ele não está errado.

Ele não está errado.

Estou muito ferrada. — Eu estou o que?

As palavras estão bem ali. Elas estão tão perto que posso
sentir o gosto. Eu poderia contar tudo a ele, confessar que meus
sentimentos por ele são tão fortes que dá medo. Se eu fosse
corajosa como ele, admitiria isso e tudo mais. Mas não sou
corajosa. Eu sou uma mentirosa assustada.

Sean levanta meu queixo, me forçando a olhar para aqueles


olhos verdes. — Eu direi para você, e então, se você sentir o
mesmo, você não precisa falar, apenas me beije. Ok?

Meu coração está batendo forte. Abro a boca, mas ele coloca
o dedo sobre ela, me fazendo calar.

— Apenas me beije se eu for o único para você, porque,


Devney, você é a única para mim.
Sean

Eu espero que ela se mova. Eu tento não contrair um


músculo enquanto rezo para que ela não me empurre, me
afastando dela.

Eu sei que ela está com medo. Eu vejo em seus olhos cor de
café, mas vou protegê-la. Vou fazer de tudo para que ela veja que
não vou decepcioná-la.

Seu peito sobe e desce conforme ela se aproxima.

Ela fica na ponta dos pés, os olhos nunca deixando os meus,


e toca seus lábios nos meus.

Todo o peso do passado desaparece e a esperança começa a


se espalhar. Temos muito que lidar, mas agora, nada disso
importa. A única coisa que existe somos nós.

Meus braços apertam enquanto eu assumo o beijo. Eu


preciso dela. Eu preciso dela para me curar, para viver de novo.
Porque eu tenho estado apenas metade vivo.

— Devney. — Suspiro o nome dela e a beijo com mais força.


Seus dedos se enredam no meu cabelo, apertando um
pouco, mas isso só me excita mais. Nossas línguas deslizam uma
contra a outra em uma batalha de vontades.

Eu nunca quis uma mulher tanto quanto a quero agora.

Começamos a nos mover para trás em direção à cama.

Suas pernas batem, interrompendo nosso avanço, então eu


me curvo para frente e caímos.

Ela ri, e o som faz algo em meu coração. Devney está em


meus braços e na minha cama. É algo em que tenho pensado por
algum tempo, mas que tento não pensar. Isso era algo que eu não
queria considerar porque ela estava fora dos limites.

Eu fui um tolo por deixar tanto tempo entre nós.

Eu corro minha mão contra sua pele macia. — Você é tão


bonita.

— Você me faz sentir assim quando olha para mim.

Eu odeio a pessoa que a fez pensar o contrário. — Você


sempre foi de tirar o fôlego. — Eu seguro seu rosto, olhando para
aqueles olhos que me mantêm cativo. — Sempre.

— Me beije. Por favor.

E eu faço.

Meus lábios encontram os dela, e nós nos perdemos um no


outro. Me mantenho distante e ela se levanta para me alcançar,
me beijando tanto quanto eu a estou beijando.
Eu quero tocá-la, senti-la, quero tanto estar dentro dela que
eu tenho que lutar para manter o controle.

Ela não merece um cara que mal se segura, eu preciso que


isso seja bom para ela.

Me movendo rapidamente, mudo nossas posições para que


ela me monte. Seu sorriso cresce quando ela olha para mim.

— Por que você está sorrindo? — Eu pergunto.

— Porque é você, e estamos realmente fazendo isso.

— Sim, nós estamos. E se você quer desistir, ou acha que


vai se arrepender disso, eu estou implorando para fazer isso
agora. Antes que eu te veja, te toque e te prove.

Meu peito sobe e desce um pouco mais forte.

— E se você se arrepender?

— Não existe a porra de uma chance.

Ela se inclina para baixo, seu cabelo castanho criando um


véu ao nosso redor. — Você tem certeza?

— Positivo.

Devney me beija, e agradeço a Deus por isso. Eu não quero


falar sobre desistir ou arrependimentos. Eu quero paixão e
minhas roupas saindo do caminho.

Como se pudesse ler minha mente, ela se senta novamente


e tira a camisa.
— Tira o sutiã — digo a ela.

Suas mãos tremem um pouco e seu lábio inferior está


aninhado entre os dentes, mas ela o faz. O sutiã cai longe, e eu a
vejo pela primeira vez.

Jesus.

Uau.

Sim.

Porra.

Eu só posso pensar em uma rajada de palavras enquanto


olho para ela. Quantas vezes eu imaginei isso? Minha fantasia
não era nem um pouco parecida com a realidade.

Ela puxa o cabelo castanho para o lado, me permitindo uma


visão completa. — Você é deslumbrante. — Eu levanto minhas
mãos, os dedos roçando a parte inferior de seus seios. — Um
homem pode morrer só de olhar para você.

— Sean...

— Não — eu digo sem espaço para repreensão. — Você é o


que os homens fantasiam. O que eles fecham os olhos e desejam.
— Meus dedos circulam os mamilos e seus olhos se fecham. —
Eu nunca vou ver nada neste mundo mais bonito do que você.

Suas mãos seguram meu pulso, os trazendo para cima. —


Me toque.
Eu seguro ambos os seios, os amassando, memorizando o
peso deles. Eu quero mais.

— Se aproxime de mim, querida, e me deixe beijar você.

As mãos de Devney pousam em cada lado do meu pescoço,


os globos pesados balançam na minha frente. Eu levo um aos
meus lábios, lambendo ao redor do mamilo e o sacudindo com a
minha língua. O gemido que vem dela é baixo e gutural. Eu faço
o mesmo com o outro antes de levá-lo em minha boca e chupar
com força. Eu continuo com diferentes pressões e movimentos, e
quando suas costas se curvam, eu chupo com mais força e a viro
de costas.

Estou faminto por mais. Eu quero provar sua pele, gravar


seu perfume em minha memória. Mais do que tudo, pretendo
fazê-la gritar.

Eu puxo o short que ela estava usando, o jogo do outro lado


do quarto e rasgo minha camisa.

Ela observa, a língua deslizando pelo lábio enquanto


consegue se saciar.

— Gosta do que está vendo?

Ela cora apenas um pouco. — Você sabe que é gostoso. Nem


mesmo finja que não.

Sim, eu já ouvi isso antes, mas por algum motivo, nunca dei
muito crédito a isso. Sou rico, famoso e uma conquista para a
maioria das garotas, mas ela não vê isso. Inferno, eu não acho
que ela sequer percebe o tanto de dinheiro que eu tenho, ou o
montante do último contrato. Não, em vez disso, ela tentou me
fazer concordar em deixá-la pagar aluguel por morar aqui. Ela
comprou seus próprios mantimentos, mesmo quando já abasteci
a casa, e ela nunca menciona meu trabalho.

Para Devney, não sou um cheque de pagamento ou uma


carona grátis. Eu sou mais do que isso, e a opinião dela significa
tudo.

— Não importa o que as outras pessoas pensam. Eu quero


saber o que você vê.

Ela se desloca para o lado, então ficamos de frente um para


o outro enquanto seus dedos se movem para o meu peito.

— Bem, eu vejo o menino que resgatou meu cachorro


quando ele caiu no poço e eu estava com muito medo de cair.
Vejo o menino que me deixou dirigir seu carro esporte vermelho
quando seus irmãos nem mesmo podiam sentar nele. Eu vejo o
homem que estava sentado no treino de beisebol do meu sobrinho
há dois dias, deixando as crianças persegui-lo por horas sem
empurrar ninguém para longe. Eu vejo o homem que quero. Eu
vejo o homem que, por algum motivo, me quer. E você é o único
para mim.

Eu não consigo respirar, porra. Eu seguro seu rosto e trago


sua boca para a minha. Se eu pudesse me derramar nela agora,
eu faria.
Eu faria qualquer coisa para fazê-la feliz e vou amá-la tanto
que ela não terá escolha a não ser partir comigo no final disso.

Não haverá uma maneira de ela ir embora, não se eu puder


mostrar o que ela significa para mim.

Ela está deitada de costas, e os meus lábios movem pelo


pescoço, beijando mais para baixo, para onde eu realmente quero
chegar. Eu levo alguns segundos extras para adorar seus seios e,
em seguida, me movo mais para baixo. À medida que a ansiedade
cresce entre nós, sua respiração fica mais difícil.

Eu removo sua calcinha e quase explodo. Ela está nua,


completamente exposta e vulnerável a mim e, ainda assim, eu me
sinto tão indefeso.

— Eu vou fazer você gritar, querida — advirto antes de jogar


suas pernas sobre meus ombros e provar o paraíso.

Seus dedos agarram meu cabelo enquanto a deixo louca.


Cada técnica que eu já tentei, eu faço agora. Meu único foco é lhe
dar tanto prazer quanto eu puder. Minha língua sacode seu
clitóris, e então chupo e lambo mais e mais até que ela está se
contorcendo contra o meu rosto.

— Eu não posso... — Ela ofega.

Eu vou mais forte, fazendo isso de novo e de novo. Eu coloco


seu clitóris em minha boca, mordendo apenas o suficiente para
seus dedos apertarem em torno dos fios do meu cabelo que ela
está segurando.
Ela está perto. Eu posso sentir isso.

Eu trabalho mais duro, inserindo um dedo em seu calor, a


fodendo com meu dedo enquanto eu movo meu rosto, lambendo
e chupando.

Seus músculos se contraem e ela solta um grito ao perder o


controle. Eu não paro, querendo fazer durar para ela, e então eu
sinto seu corpo se liberando.

Beijando meu caminho de volta em seu corpo, Devney


estremece. — Você parece um anjo depois de gozar.

Ela ri baixinho. — Você é um Deus por fazer isso acontecer.

— Eu te disse.

Devney revira os olhos e os cobre com o braço. — Oh, pelo


amor de tudo que é sagrado.

— Você que diz, querida.

Ela levanta as mãos e toca meu rosto. Eu me inclino, a


beijando suavemente, a persuadindo a voltar ao que estamos
fazendo aqui.

Seus dedos deslizam pelo meu corpo enquanto sua língua


se enreda na minha. Meu abdômen aperta enquanto suas unhas
se movem contra a pele e ela puxa minha cueca boxer para baixo.
— Eu quero ver você, Sean.
Eu levanto, puxando minha cueca e a jogando. Meu pau
está alto e orgulhoso para ela. Uma leve preocupação em seu
olhos faz meu ego masculino vomitar.

Ela estende a mão em minha direção, os dedos me


agarrando por apenas um momento antes de bombear para cima
e para baixo. Eu fecho meus olhos. Nada nunca foi parecido com
a sensação dela me tocando desse jeito.

— Devney. — Eu digo o nome dela como uma oração.

— Eu quero você. — Sua voz é rouca e cheia de desejo.

— Eu quero você. Eu preciso de você.

— Então me tenha.

Eu lentamente me movo para baixo para que eu possa beijá-


la. Desta vez, é macio e doce. Nós nos beijamos como se
tivéssemos todo o tempo do mundo, e temos. Eu quero que ela
saiba que isso não é apenas uma foda para mim. Ela significa
alguma coisa – isso significa alguma coisa.

— Merda. Eu preciso de uma camisinha — eu digo e me


inclino em direção à minha mesa de cabeceira, rezando para que
a caixa esteja lá e um dos meus irmãos idiotas não as tenha
levado. Eu encontro uma e a seguro para cima. — Vamos precisar
de mais.

Ela sorri. — Sim, nós vamos.


Eu a rolo para cima. Nossos olhos permanecem conectados
enquanto eu me guio para dentro dela. Ela me observa com
confiança enquanto eu afundo mais.

Nunca me senti tão bem.

Em todos os anos, nunca estive tão conectado com alguém


assim.

Suas pernas me envolvem e suas mãos seguram meus


bíceps enquanto empurro mais fundo, não parando até que eu
esteja totalmente dentro.

— Isso é tão bom.

Eu concordo. — Você não tem ideia.

Ela passa a ponta do dedo pela minha bochecha. — Faça


amor comigo, Sean. Me faça sua.

— Você sempre foi minha, querida, e sempre será.

E então eu me movo, e minha capacidade de falar se foi.


Devney

O som do seu batimento cardíaco em meu ouvido é o mesmo


e, ainda assim, é diferente. É como se houvesse um novo ritmo e
tudo o que conheci não é mais verdade.

Sean Arrowood e eu estamos juntos. Tipo, juntos-juntos.


Somos um casal, eu acho. Nós não conversamos exatamente
sobre isso ou mencionamos nada desde que fizemos amor. Deus,
até mesmo pensar nas palavras – fazer amor – em relação a Sean
não parece real. Mas quando estávamos fazendo, no entanto,
parecia certo e perfeito.

— O que você está pensando? — Ele pergunta enquanto sua


mão traça minha espinha.

— Que isso é surreal.

— Você se arrependeu?

Eu não ouvi medo em sua voz, mas senti a tensão no seu


corpo. Eu levanto minha cabeça, descansando meu queixo na
minha mão. — De modo nenhum. Você?

— Sem chance.

— Bom.
Ele sorri. — Bom.

— Ainda assim, você não acha que é estranho? — Sua mão


se imobiliza e eu sinto seu encolher de ombros.

— Sim e não. Se você perguntasse aos meus irmãos, eles


diriam que essa foi uma conclusão precipitada. Não o sexo hoje
à noite, — acrescenta ele rapidamente — mas que ficaríamos
juntos. Eles sabem que estou apaixonado por você há muito mais
tempo do que eu.

As palavras que saem tão facilmente de sua boca parecem


uma marreta me atingindo. — Você me ama?

Sean se levanta um pouco, me levantando com ele. — Eu


sempre te amei, Dev.

— Não, eu sei disso — eu digo, dando um tapa nele com


minha mão. — Entendi. Estou dizendo que você me ama. Você
está apaixonado por mim?

— Você não sente nada além de amor fraternal por mim?

Eu recuo um pouco. — Claro que não. Eu te amo. Eu


sempre te amei.

E então me ocorre.

Sempre o amei de uma maneira diferente de como amava


Declan, Jacob ou Connor. Sempre mais do que amei alguém que
era apenas um amigo. Havia uma pontada ou uma sensação
mesquinha que me incomodava quando ele falava sobre uma
garota de quem gostava. Eu ficava com ciúmes, mas em seguida,
esquecia como se fosse bobo para mim pensar que ela iria tirá-lo
de mim.

Nunca considerei a possibilidade de ser outra coisa senão


amizade. Se eu tivesse, teria que admitir que o queria.

Meus olhos encontram os dele e eu solto um suspiro suave.


— Eu te amo.

Sean passa o polegar em meus lábios. — Diga de novo.

— Eu te amo. Amo você como algo mais do que um irmão


ou amigo. Acho que sempre te amei.

Ele traz seus lábios aos meus para o beijo mais doce e terno
que já tive.

— Venha se aconchegar comigo — Sean incentiva. — Eu


preciso te abraçar.

Nós nos acomodamos e eu estou bem acomodada ao seu


lado, ambos de frente um para o outro. — Isso é legal.

— Isso está certo.

Minhas bochechas irão doer de tanto que estou sorrindo


esta noite. Eu olho para o relógio e vejo que horas são. — Sean?

— Sim?

— Feliz Aniversário.

Ele olha para mim com tanto afeto que eu poderia chorar.
— Você é o melhor presente que já ganhei.
Eu rio mais uma vez. — Melhor do que o bastão que dei a
você?

Economizei por meses para conseguir esse bastão que ele


queria. Era de alumínio e tinha alguma coisa especial ou algo
assim. Ele falava sobre isso sem parar, mas não havia nenhuma
maneira de seu pai conseguir isso para ele, então eu fiz. O olhar
em seu rosto quando ele abriu valeu a pena cada segundo que
passei fazendo tarefas extras.

— Você é definitivamente melhor do que qualquer bastão de


beisebol do mundo.

— Hmm — eu digo e movo meus dedos para cima em seu


peito. — Eu fico feliz em saber que o equipamento de beisebol não
faz mais isso por você.

— Não, mas aposto que você gostaria de ver meu


equipamento.

— Oh, sim?

Ele balança as sobrancelhas com um sorriso. —


Definitivamente.

— Eu juro, você pode acabar com qualquer conversa suja.

— É uma habilidade.

— Uma que você aperfeiçoou bem.

— Eu gostaria de aprimorar outra coisa.


Eu reviro meus olhos e bato suavemente em seu peito. —
Devíamos descansar um pouco.

— Descansar não era o que eu tinha em mente.

Eu suspiro, pensando sobre o quão exausta estarei


amanhã. Para o aniversário dele, vamos comemorar em grande
estilo. E pelo estilo eu quero dizer que eu estou indo ensinar a ele
sobre as vacas. Estamos levantando às cinco da manhã e saindo
para levar o gado para outro pasto. Seus lavradores se saíram
muito bem com as coisas, mas Sean precisa saber o suficiente
para orientá-los.

— Sim, bem, vamos cavalgar por horas, movendo as vacas,


e eu preciso ter certeza de que você entenda o por que tudo isso
é importante.

Ele ri. — Eu não me importo.

— E esse é o problema. Você precisa ajudar seus irmãos


com isso. Connor tem se saído muito bem concertando as coisas,
bem... tentando consertar coisas. E fazendo a fazenda agradável
para você e Jacob para vender. Declan tem financiado maior
parte.

— Eu fiz também!

Eu suspiro. — Eu disse quase tudo. Meu ponto é: Você tem


essa tarefa com as vacas, e você tem um pouco menos de quatro
meses para descobrir.
Eu não deixo esse número fixar na minha cabeça. Eu me
forço a não me concentrar no tempo que resta, porque ele está
aqui agora.

— Bem. — Ele me puxa apenas um pouco mais apertado. —


Eu preciso de um copo de água. Você está com fome? — Meu
estômago ronca, e eu solto a minha cabeça em seu peito. — Acho
que isso reponde a pergunta.

Sean sai correndo e eu agarro as cobertas contra meu peito


enquanto vejo sua bunda quase perfeita marchar para fora da
sala sem qualquer modéstia.

— Pegue salgadinhos! — Eu grito. — E biscoitos! Talvez um


bolo que trouxemos também!

Minha cabeça cai no travesseiro e eu suspiro.

Isso tudo é real? Tem que ser porque há uma dor muito
nítida em minhas extremidades inferiores, e minha pele tem a
pequena sensação de formigamento que você só tem depois de
um sexo realmente fantástico. E foi maravilhoso. Não há uma
possibilidade no inferno que a minha mente iria criar sensações
tão vivas. Toco meus lábios, me lembrando das palavras que ele
disse, desejando poder memorizá-las.

Ele falou da minha beleza, como ele se importava comigo,


como ele queria mais e precisava de mim.

Depois de mais alguns segundos, eu me viro para vê-lo


parado na porta, se inclinando casualmente – completamente nu
– apenas me olhando.
— O quê? — Eu pergunto, me sentindo constrangida.

— Você.

— Eu?

Ele balança a cabeça e se aproxima. — Você estava


pensando em nós, não estava?

O calor que preenche minhas bochechas é o suficiente para


me fazer pensar se meu rosto está pegando fogo. — Por que
pergunta isso?

— Porque você tinha um olhar suave e continuava sorrindo.


— Sean coloca a tigela na mesa e depois sobe na cama, puxando
o lençol de cima de mim. — Você estava pensando em nós e no
que compartilhamos, não estava?

Seus olhos percorrem meu corpo e eu aceno. — Eu estava.

— E você está feliz.

— Eu estou.

Ele se inclina para baixo, seus lábios pairando sobre os


meus. — Eu também estou.

Eu corro meus dedos por seu cabelo castanho espesso e


olho em seus olhos verdes. — Bom.

— Você continua com fome?

— Não por comida.


Ele sorri como se soubesse que essa seria a resposta. — Eu
também.

Há algo pesado e quente ao meu redor. Eu rolo minha


cabeça para o lado, em busca de frescor, mas não posso ir a lugar
nenhum.

— Onde você pensa que está indo? — Uma voz masculina


muito profunda que conheço muito bem pergunta.

Tudo isso foi real.

Sim, nenhum sonho. Apenas um inferno de uma noite


incrível. — Oi.

Seu nariz pressiona meu cabelo. — Bom dia. Acho que


poderia me acostumar a acordar assim.

Meu braço envolve sua cintura e eu gemo enquanto sua mão


vagueia pelas minhas costas. — Eu também.

— Eu sei que você queria acordar cedo para sair, mas eu


prefiro isso.

Eu rio — Você é um fazendeiro terrível.

— Isso é porque eu não sou um fazendeiro.

— Que bom que você é bom no beisebol.


— Não tenho certeza de como você me convenceu a
trabalhar hoje. — Eu levanto minha cabeça para olhar em seus
olhos.

— O que você faria normalmente hoje?

Ele enfia as duas mãos atrás de sua cabeça e suspira. — Eu


acordaria muito mais tarde do que isso, ligaria na ESPN, eu
pegaria o meu café e, em seguida, iria para uma corrida.

— Uma corrida? No inverno?

— É Flórida, querida, não temos um inverno de verdade.

Certo, ele tem razão.

— Então o quê?

— Banho, encontrar alguns dos caras para almoçar, que é


mais ou menos na hora que você costuma me ligar.

Todos os anos, ligo para ele no minuto exato em que nasceu.


Tem sido nossa coisa desde que éramos crianças, e não importa
o que está acontecendo em nossas vidas, nós nunca nos
esquecemos.

— Bem, este ano, eu não preciso ligar para você.

Ele sorri. — Não, você não precisa.

— Em vez disso, eu posso beijar você às 1:08.

— Estou ansioso por isso.

— Estou feliz.
Eu me inclino mais perto e o beijo. — Agora, eu tenho um
presente para você e então precisamos ir para o pasto.

Sean sorri, e há um brilho diabólico em seus olhos. — Um


presente?

— Feche os olhos. — Então ele faz.

Eu escorrego para fora da cama, pego o item de debaixo


dela, em seguida, coloco em seu colo antes de sentar ao lado dele.
— Ok, abra os olhos.

Lá está um bastão de alumínio, com marcas de arranhões


por anos de uso, a fita em torno da base que ele colocou pra
ajudar na aderência está desgastada e suas iniciais S.A.
esculpidas na parte de baixo. Ele o encara, o virando enquanto
balança a cabeça.

— Dev?

— Há muito tempo, uma garota conheceu um menino e lhe


deu um bastão. Aquele menino se tornou um homem forte e
maravilhoso, e em algum momento do caminho, ela se apaixonou
por ele. Quando ele foi para a faculdade, ele não levou o bastão
com ele, mas ela levou.

— Você guardou isso?

Eu limpo a lágrimas que se formam e confirmo. — Na última


noite que passamos juntos antes de sairmos, eu o vi no canto do
seu quarto. Não me lembro a última vez que você tinha realmente
usado desde que você teve tantos deles, mas você o manteve lá.
— Eu aponto para a área.

— Não consegui me livrar dele.

— Por quê?

Ele se aproxima, seu polegar desliza contra minha


bochecha. — Eu acho que você sabe o porquê.

E eu sei. Era mais do que um presente para ele. Foi o


primeiro presente que eu o dei. E ele adorou a ideia por trás disso
e o quanto significou para mim, dar a ele algo do fundo do meu
coração. Significou algo para nós dois – um sinal de amor e
afeição. Talvez todo esse tempo eu esperava por isso. Talvez
estivéssemos lutando contra algo e simplesmente não fosse o
momento certo.

— E é por isso que eu peguei.

— Você manteve isso por nove anos.

— Ele era seu — digo a título de explicação, esperando que


ele entenda.

Sean pressiona seus lábios nos meus.

— Eu segurei você por vinte anos e, Dev, eu nunca vou


deixar você ir.

Nós nos beijamos de novo, ele se joga em cima de mim, seu


peso me protegendo do frio. Eu o seguro enquanto o beijo se
aprofunda.
Eu podia ver que isso era meu novo normal. A imagem do
futuro se torna mais clara. Sean e eu vivendo assim, rindo e nos
tornando algo mais do que eu jamais sonhei. Mas o que acontece
quando a imagem desaparece ou se desfaz à medida que nossas
vidas se complicam? Eu me preocupo que isso não vá durar. Há
coisas que não estou pronta para compartilhar com ele, e depois
de tudo que ele me disse, não sei se vamos suportar que meu
segredo seja revelado.
Sean

— Ok, então você está dizendo que eu preciso conseguir um


novo capataz? — Eu pergunto a Zach enquanto conversamos
sobre toda a porcaria que Devney apontou para mim na fazenda
outro dia.

Há problemas com as cercas, por isso perdemos gado. As


vacas não estão sendo movidas adequadamente, e ele viu alguns
problemas na área de ordenha.

Eu juro, vacas do caralho.

Isso não é algo que nenhum de nós quatro queria. Nunca.


Eu não sonhava em assumir a fazenda do meu pai. Não, eu
queria queimá-la.

Desde que dois de nós quatro decidiram manter sua parte


da terra, nós poderíamos muito bem fazer o melhor com as partes
que pretendemos vender. Ninguém vai entrar aqui e pegar um
lote menor e com vacas abaixo do padrão.

— Estou dizendo que você tem problemas. Além disso, se


lembre que tenho um rancho de cavalos, não uma fazenda de
gado leiteiro. As informações que estou dando a você são apenas
conhecimentos agrícolas. — O sotaque sulista de Zach fica mais
forte no final. — Se você tem esses tipos de problemas, então é a
cabeça do capataz que precisa sair. Wyatt dirige a fazenda de
Presley há anos, e se ele tivesse metade dessa merda, ele estaria
sem trabalho agora.

— Então, o capataz faz o quê?

Zach ri. — Sean, você irá perder sua cabeça, amigo.

— Não me diga. Devney me levou para ver a fazenda há dois


dias, e ainda não sei por onde começar.

— Eu começaria casando com ela, e em seguida consertaria


a fazenda. — Eu rio — Não é tão fácil.

— O inferno que não é.

— Se é, porque você não se casou com Presley? — Eu


pergunto, jogando de volta em seu rosto.

Ele solta um suspiro pesado. — Não é por falta de tentativa.

Eu rio, o imaginando implorando da mesma maneira


estúpida que eu fazia para que ela se abrisse. Mulheres, todas
elas são uma dor na bunda, mas eu não mudaria nada de
nenhuma maneira.

— Bem, eu vou deixar você saber se ficar mais fácil.

— Justo.

— Vamos falar da fazenda já que ela é mais fácil de corrigir...


Pela próxima hora, Zach e eu fazemos uma lista de coisas
que ele faria em meu lugar. É uma longa lista, e eu não tenho
certeza se eu posso fazer a metade, mas vou tentar. A primeira
coisa é conseguir um novo capataz, então preciso contratar uma
ajuda extra e conversar com os distribuidores.

Precisamos reduzir custos, consertar a fazenda e produzir


mais... parece um inferno absoluto.

Eu faço uma caminhada para a casa do meu irmão e o


encontro saindo do celeiro.

— Ei.

— Ei. — Connor sorri. — O que está acontecendo?

Conto tudo que aprendi e ele concorda, sem fazer nenhum


comentário até que eu termine.

— Soa como um monte de trabalho.

— Sim, e você que quer isso, me diga por quê. — Connor se


senta em um fardo de feno e gesticula para que eu faça o mesmo.

— Essa fazenda pode ser cheia de merdas horríveis para nós


quatro, mas não precisa ser o legado dessa terra.

— Significado?

— O que significa que Declan e eu criamos nossas próprias


famílias em Sugarloaf, e esperamos que você e Jacob sigam o
exemplo. Nós podemos fazer melhor do que nosso pai. Podemos
fazer esse lugar prosperar, não porque precisamos do dinheiro,
mas porque eu acho que nós quatro precisamos disso. E eu acho
que é o que a mamãe gostaria.

Eu me dou alguns segundos para deixar isso cair antes de


reagir. Esta terra guarda muitas memórias, a maioria ruins, mas
ele está certo sobre a mamãe. Ela gostaria de mais para nós.
Mesmo que tenhamos sofrido aqui, foi bom.

Houve amor.

E houve perdão.

— É isso que você quer? — Eu pergunto ao meu irmão.

— Eu não sei. Há um ano que venho tentando descobrir o


que quero fazer a respeito deste lugar. Não preciso da fazenda
funcionando para viver. Eu tenho uma hipoteca muito boa, o
terreno não me custou nada, e eu tenho minha empresa que já
está indo bem. O trabalho de Ellie é ótimo, não é sobre o
financeiro, mas então eu penso em Hadley, Bethanne e Deacon.
Eu quero que eles tenham algo quando nós não estivermos mais
aqui.

— Vai dar muito trabalho, Connor. Não é algo que eu posso


fazer em um dia. Isso vai levar muito tempo e esforço. Não é só
despedir e contratar pessoas que irá resolver todos os problemas
em três meses e meio.

Ele concorda. — Eu sei. E você não pode ficar aqui. Eu


entendo.

— Você entende?
O que me preocupa é que eles vão tentar me prender aqui
de alguma forma. Eu quero vender minhas terras. Eu tenho zero,
porra nenhum desejo de ficar em Sugarloaf. Minha vida está na
Flórida. Meu trabalho é lá, e mesmo que eu quisesse ficar, eu não
teria a grandeza de fazer isso como Connor e Declan o fizeram.

— Claro que eu entendo. — Ele se levanta. — Eu não estou


pedindo para você ficar aqui e se tornar um agricultor leiteiro.
Estou apenas pedindo que você faça o que você se ofereceu para
fazer. Eu peguei a primeira mão e tive que renovar tudo, o que
ainda estou fazendo. Declan está lidando com a parte de venda e
imobiliário, você tem as vacas, e Jacob irá cuidar de qualquer
coisa extra.

— Relaxe, idiota. Estou apenas me certificando de que


ninguém tenha grandes ideias sobre eu me mudando para cá.

Connor solta uma risada baixa. — Eu não estou contando


com isso. Embora, se realmente acontecesse, poderíamos todos
nos matar.

— É possível.

— Declan já está me irritando pra caralho e constantemente


perguntando sobre a abertura, e se estou reinvestindo no meu
negócio corretamente.

Não posso dizer que não estou gostando que ele o irrite. —
Bom.

Ele se vira para mim. — Parceiros silenciosos que não


sabem ficar calados. Vocês dois.
— Ei, eu não disse uma palavra. — Eu levanto minhas
mãos.

— Não, mas você enviou um e-mail.

Sim, e foi tão divertido, já que era um esforço coordenado


depois que Declan conversou com ele. Às vezes, o único
entretenimento que temos é escolher o elo mais fraco. Jacob não
está aqui, portanto, é Connor.

— Eu estava apenas perguntando sobre o status do meu


investimento.

— O inferno que você estava. Você me enviou um e-mail


descrevendo as coisas que eu preciso pensar, incluindo sobre dar
a você e Declan um cargo maior em uma empresa que você disse
que iria ser um parceiro silencioso!

Eu encolho os ombros. — É um negócio, não uma


fraternidade.

Connor desvia o olhar, murmurando baixinho. — Ellie disse


que você e Devney estão juntos agora, como vai isso?

— Não é da sua conta.

Ele levanta uma sobrancelha. — Sério? Tipo, você só se


importa com os limites da minha vida?

— Touché.

— Devney e eu estamos juntos, estamos descobrindo coisas


e estou feliz.
— Estou feliz por você, de verdade. Devney é uma boa
pessoa e sempre esteve lá para nós. Não estrague tudo.

— Por que você é a autoridade das mulheres?

Connor ri. — Tenho um casamento feliz e duas filhas. Eu


diria que estou ganhando no quesito mulheres.

— Talvez, mas este fim de semana, eu tenho grandes planos


para nós...

— E o que poderia ser isso?

Meu sorriso é largo, eu tive que mexer em uns pauzinhos


para tornar isso possível. — Você descobrirá mais tarde, mas
vamos apenas dizer que sua coroa está prestes a ser arrancada
da sua cabeça.

— Onde estamos indo? — Devney pergunta enquanto


seguro a mão dela no carro. Estamos indo para o aeroporto de
Allentown. Eu apenas não estou dizendo isso a ela.

— Não se preocupe com isso.

— Você está sendo vago.

— Estou sendo romântico.

Ela ri. — Oh, bem, você está indo muito bem então.
— Sarcasmo não é bem-vindo neste carro.

Devney se inclina e beija minha bochecha. — Peço


desculpas, seu romântico, eu nunca estive deste lado dos seus
encantos e não tinha certeza do que era.

— Uh-huh. Continue falando merda, você vai se


surpreender com o meu jeito sobre como cortejar a minha garota.

Ela puxa o vestido um pouco para baixo e muda de posição.

— É assim então? Sabe, você me disse para usar um vestido


e trazer algo confortável para depois, mas nada mais. Não sou
boa com surpresas.

É exatamente por isso que eu não disse nada a ela. É


divertido fazê-la adivinhar. Liguei para Sydney há alguns dias
para obter algumas informações. Dev e eu somos melhores
amigos, mas há coisas que os pintinhos só contam aos outros
pintinhos. Então, eu precisava ser furtivo. Claro Syd, estava mais
do que disposta a me ajudar.

Agora é hora de impressioná-la.

Tenho a sensação de que ninguém com quem ela saiu parou


para pensar nela, apenas nela.

Eu pretendo mudar isso.

— Bem, eu sou bom em fazer surpresas. — Eu digo sem me


sentir nem um pouco culpado.
Entramos no aeroporto e ela olha em volta. — O quê? Por
que estamos aqui?

— Paciência, querida. — Posso sentir seus olhos em mim


enquanto estaciono e deslizo para fora do carro para poder abrir
a porta para ela.

— Pronta?

Ela olha para mim com um milhão de perguntas em seus


olhos castanhos. — O que você está fazendo, Arrowood?

Eu estendo minha mão livre. — Já errei meu alvo tantas


vezes antes, mas finalmente acertei meu alvo com você, Devney.
Me deixe dar a você minhas conquistas.

Seu sorriso é lento quando ela coloca sua mão na minha.

O frio cortante nos atravessa enquanto corremos para o


prédio.

— Sr. Arrowood. — O homem atrás do balcão se aproxima.


— Eu sou Thomas e serei seu piloto.

— Prazer em conhecê-lo, esta é Devney Maxwell, minha


namorada.

Seus olhos encontram os meus enquanto eu casualmente


dou a ela o título que não tínhamos combinado ainda. Ela se
inclina para o meu lado e eu a seguro com força. Não precisamos
dizer nada, o momento é audível o suficiente para nós dois.
— Prazer em conhecê-los. Seu avião estará pronto quando
vocês estiverem.

— Estamos prontos.

Devney olha para mim. — Onde estamos indo?

— Para o jantar.

— Em um avião? — Seu tom aumenta em alarme.

— Sim e não. Vamos, o tempo está passando.

Ela balança a cabeça, e me segue.

Subimos a bordo e seu queixo cai. Há um sofá do lado


direito onde podemos apenas sentar ou ficar em frente um do
outro com uma mesa entre nós.

— Estamos comendo em um avião?

Eu ri. — Não, estaremos em nosso destino antes da hora de


comer.

Ela olha para mim e me dá um sorriso que faz meu coração


parar.

— Onde eu sento?

A resposta no meu rosto seria inapropriada? Provavelmente.


— Perto de mim. — Eu digo e a puxo para o sofá.

— Sean, isso... isso é demais.


Estou certo de que parece dessa maneira para ela, mas na
minha vida, não é. Eu ganho milhões de dólares por temporada,
tenho amigos que ganham o mesmo, e as vezes fazemos merdas
impulsivas como essa. O beisebol deu muitos privilégios e
trabalhei muito pra não abusar deles. Eu não dirijo meu carro
como um idiota. Não uso meu nome para conseguir coisas que
outros não conseguem. Depois de cada jogo, eu autografo uma
bola para uma criança que eu vejo, porque é isso que devemos
fazer.

Eu jogo por eles.

Sem meus fãs, eu não seria nada, e eu não esqueço disso.

Esta noite, decidi que, para ela, eu queria ser extravagante.


Devney namorou um cara na faculdade que nunca saiu com ela.
E então ela estava com o Oliver, cuja ideia de encontro era o bar
de Sugarloaf. Ela deveria ter o mundo a seus pés, e se eu puder
ser o homem que dará isso a ela, eu o farei.

Eu seguro seu rosto, movendo meu polegar suavemente


sobre seus lábios. — Este é um favor de um amigo. É o avião dele,
ele me devia, e eu peguei. O problema é que, mesmo que ele não
tivesse pago, não há nada neste mundo que eu não faça para te
deixar feliz. Eu quero fazer você sorrir, lhe dar coisas, te mostrar
afeição, e mimá-la. Não porque você pede, mas porque você não
pede. Com você não estou preocupado se você me ama pelo meu
dinheiro ou porque jogo bola. Na verdade, eu acho que você
preferiria que eu não tivesse nenhuma dessas coisas.
Sua bochecha se aquece sob meu toque. — Eu odeio que
você seja rico e famoso, mas eu te amo.

— E eu te amo. Então, você vai ter que aceitar que eu tenho


apenas três meses para torná-la tão perdidamente apaixonada
por mim que você vai para Flórida comigo. Vou usar todos os
recursos que tenho, então esteja pronta Devney, porque eu vou
vencer.

Não importa o custo, não posso perder.


Devney

— Você me trouxe para Nova Orleans para jantar?

Eu olho para fora da janela enquanto passamos através da


French Quarter em um Sedan preto elegante.

Deus, ele está realmente jogando alto.

— Há um restaurante aqui que tem os melhores frutos do


mar que eu já comi. Meu amigo é o dono, por isso estamos indo
comer lá, e em seguida você terá o melhor beignet1 que esta
cidade tem a oferecer.

Eu vejo as luzes e as pessoas passando. É incrível, e a


cidade está viva de uma maneira que eu sempre sonhei em poder
ver. Nova Orleans é uma cidade que sempre me fascinou por
nenhum outro motivo, além de parecer mágica.

— É tão bonito.

— É um lugar divertido. Há muita história e cultura nessas


ruas.

1 Bolinho de chuva típico de New Orleans. Um donut frito geralmente polvilhado com açúcar de
confeiteiro.
Eu aperto sua mão. — Obrigada. Obrigada por se importar
e pensar em algo assim. É um pouco... demais... mas significa o
mundo para mim.

Ele sorri e me puxa para perto. Seus lábios tocam os meus,


e eu derreto para ele. Um toque é tudo o que eu preciso para
esquecer o mundo ao meu redor. Sean rouba cada respiração do
meu corpo, mas só me permite respirar mais fundo. É uma
loucura o quanto eu me apaixonei por ele em tão pouco tempo.
Uma vez que começou, foi fácil e inevitável.

— Eu disse a você que eu era bom com surpresas. — Ele diz


antes de inclinar-se para trás.

Sim, sim, sim, ele disse e ele estava certo. Ainda assim eu
não vou admitir, apesar de tudo.

— Então, jantar?

— E depois a sobremesa.

— Será que vamos voltar esta noite? — Não fiz uma mala,
porque não sabia que poderia precisar dela.

— Sim, assim que terminarmos, chamaremos o piloto e


voltaremos.

— Bom, porque temos o torneio de Austin na próxima


semana, e ele está esperando você no treino amanhã.

— Eu sei. Falei com Jasper ontem sobre o time. Eles estão


realmente melhorando. Estou ansioso para o torneio.
— Eu também. Ele é tão fofo quando joga.

Ele sorri. — Não há nada mais forte do que o amor de um


menino pelo jogo. Especialmente quando ele é bom.

— Eu lembro.

— De qualquer forma, este torneio é um grande negócio e


eu não perderia sua prática por nada no mundo. Eu sei o quanto
essas crianças anseiam por jogar com olheiros, e nessa liga, isso
é o mais importante.

Eu amo que ele se importe tanto. Adoro que ele pense em


Austin e nas crianças daquela equipe como se fossem dele. Ele
foi tão adorável na prática quando começou a correr com eles,
mostrando todos os seus movimentos.

O carro para em frente a um prédio antigo que tem as


esculturas mais intrincadas na frente. Quando saímos e o ar
quente nos atinge, fico feliz por ter usado este vestido. De volta à
Pensilvânia, senti frio, mas aqui a noite é quase sutil. As pessoas
estão fora com apenas uma jaqueta leve, em vez do completo
uniforme de neve que usaríamos se estivéssemos em casa.

— Este lugar é lindo. — Eu digo, apreciando a vista. Meu


salto fica preso em uma rachadura na rua, mas Sean me segura
estável. Há tanto para absorver de uma vez que fico sem fôlego.
Os edifícios são pintados em cores vibrantes com plantas verdes
penduradas nas varandas. As luzes de néon fazem tudo parecer
vivo e quente. Há música por toda parte, trombetas e buzinas
enquanto as pessoas dançam e riem nas calçadas.
Não é nada como em casa.

— É uma das minhas cidades favoritas.

Eu posso ver porquê.

— Sabe, sempre adorei a ideia do sul. As pessoas parecem


mais legais, o ritmo de vida é mais lento e está sempre quente.
Eu não sei, talvez apenas eu poderia me ver curtindo essa versão
do inverno, em vez da merda com a qual lidamos.

Os olhos de Sean dançam de alegria. — Você gosta do clima


mais leve? — Oh, por favor. Ele não está me enganando com isso.
Sempre adorei o verão.

— Você sabe que sim.

— A Flórida é quente. — Sua mão sobe para o meu pescoço,


brincando com o cabelo nas costas. — É ensolarado, nós temos
o Mickey, e um monte de outras muitas atrações de qualidade.

— Tipo insetos?

Ele ri. — Eu estava pensando sobre mim...

Sim, ele é uma coisa muito atraente que me faria querer ir,
mas há motivos pelos quais a minha saída de Sugarloaf não vai
acontecer.

— Você também tem crocodilos. — Ele revira os olhos.

— Eu ainda não vi nenhum vagando pelo complexo. Temos


um condomínio fechado.
— Você está mentindo. Aquelas malditas coisas estão por
toda parte.

— Eu protegerei você. Nenhum crocodilo chega perto de


mim. Eu sou um repelente.

Eu quero me concentrar nisso e não na conversa profunda


que sei que está por vir, então eu rio. — Bom. Pelo menos não
tenho que me preocupar com você sendo comido.

Sean abre a porta e imediatamente alguém corre para a


frente com os braços abertos e o sorriso enorme. — Sean!

Dou um passo para o lado enquanto Sean e o homem se


abraçam. — François, que bom ver você.

— Você também, meu amigo. — Seu sotaque parisiense é


forte.

— François, esta linda mulher – que é boa demais para mim


– é Devney.

Eu estendo minha mão para o cumprimentar, mas ele a leva


aos lábios e beija minhas juntas. — É tão bom conhecê-la.

— Digo o mesmo.

— François e eu nos conhecemos há alguns anos quando


ele era... — Sean se detém, mas François intervém.

— Namorei um de seus companheiros de equipe que era um


amante horrível.

Eu rio. — Entendo.
Sean balança a cabeça. — De qualquer forma, quando ele
abriu este lugar, vim apoiá-lo. Você está prestes a descobrir por
que essa é a melhor comida de toda Nova Orleans.

François limpa a garganta. — De todo o mundo, meu amigo.

— Eu mencionei o quão humilde ele é?

Eu rio — Eu estou ansiosa para o jantar, mais do que


nunca.

— Fabuleux! Venha.

Nós o seguimos até uma pequena mesa que fica bem em


frente à janela, nos dando uma visão para a rua, e ele serve uma
taça de vinho para nós dois, e então somos só nós.

— O que você acha? — Sean pergunta.

— É lindo e ele é hilário.

— Ele é um cara ótimo. Mas chega de falar sobre ele e tudo


mais. — Sean levanta a taça. — Esta noite é sobre nós.

Eu faço o mesmo, e os delicados vidros tilintam. — Para nós.

Nós dois tomamos um gole, ainda olhando um para o outro


por cima das bordas. Ele me olha como se eu fosse toda sua razão
para respirar. Aqui estamos sentados em um pequeno
restaurante depois de voar em um jato particular. Nada parece
real, mas se for um sonho, realmente espero nunca acordar.
— Aqui, dê uma mordida.

Eu fecho meus lábios em torno da massa frita e gemo de


alegria. — Uau.

— Eu avisei.

— É incrível.

— Você tem um pouco de açúcar — Sean diz, mas quando


eu levanto minha mão, ele a abaixa.

— Eu limpo.

Ele traz seus lábios aos meus em um beijo doce que não tem
nada a ver com a sobremesa.

Depois de um minuto, eu me afasto com um sorriso. — Eu


acho que você já limpou.

— Eu tenho que ser minucioso. — O jantar foi ótimo,


conversamos sobre seus planos com o beisebol, alguns de seus
amigos e o quanto gosto de trabalhar para Sydney. Eu podia ver
as perguntas em seus olhos, mas felizmente, ele não me
pressionou. A noite foi nada menos que mágica.

— Antes de voltarmos para o aeroporto, eu queria caminhar


um pouco.
Algumas pessoas estão paradas, sussurrando e olhando
para Sean.

— Isso é normal? — Eu pergunto.

— O quê?

Eu empurro minha cabeça em direção à multidão.

— Eles estão todos olhando. — Ele dá de ombros.

— Sim. Você se acostuma depois de um tempo. Eu sou


jovem, já estive nos jornais, e aparentemente, sou um partido
muito elegível.

Oh meu Deus.

— Só porque você é gostoso?

— Você tem que parar de me elogiar, Shrimpy. Se não o fizer


eu irei violentar você bem na frente de todas essas pessoas, e
estaremos nos jornais.

Eu o afasto, sem saber se ele está brincando. — Pare.

— Eu acho você irresistível quando você me diz o quão


gostoso eu sou.

— Eu não disse que você é gostoso. — Ele inclina a cabeça


para o lado.

— Não? Porque se bem me lembro, você disse: ‘Só porque


você é gostoso?’

— Era uma pergunta.


— Eu não ouvi isso.

Eu realmente o amo, apesar de seu ego ser do tamanho do


Texas.

— Você é um total idiota.

— Mas um bem gostoso. Diga. — Ele me cutuca.

— Você é ok.

— Ok? Acho que você pode fazer melhor do que isso. — Ele
se aproxima de mim, o sorriso travesso firmemente em seus
lábios. — Não me faça devorá-la aqui na rua, querida.

— Tudo bem. Você é muito atraente. — Dou um passo para


trás, sabendo que não fará diferença.

— Melhor, mas não exatamente onde eu quero.

Tento recuar, mas ele é mais rápido e me agarra nos braços.


Ele me segura perto e minhas mãos descansam em seus ombros.

— Você é perfeito. — O humor de Sean desaparece enquanto


suas mãos serpenteiam pelas minhas costas.

— Não, você é. Você é perfeita para mim, e agora todos o


verão.

E então ele me beija, bem ali no meio da rua, sem se


importar que as pessoas estejam assistindo.
Devney

— Deus, como posso estar tão exausta e ainda funcionar?


— Syd pergunta enquanto ela sai de seu escritório. — Estou tão
farta desta merda de pós-parto

— Já se passaram quase três meses.

— Três meses de merda total! — Ela diz enquanto pega uma


pasta da minha mesa. — Estou pronta para voltar ao trabalho e
dormir a noite toda.

Ela é maluca. A maioria das mães quer mais tempo em casa,


mas ela está implorando para voltar ao trabalho.

— Você sabe que há algo de errado com você, certo?

— Sim, aparentemente eu estou perdendo alguma parte do


meu cérebro que diz descanse e aconchegue seu bebê. Declan me
diz isso todos os dias. — Syd suspira e afunda ao meu lado.

— Como está indo a carga de trabalho? Troy está lidando


bem com isso?

Troy é o advogado substituto que está cuidando dos casos


que ela não pôde adiar. Ele raramente está no escritório, pois ele
vive a quase uma hora de distância, e ele parece legal, não pede
muito, e continua a dizer o quanto eu estou ajudando.

— Ele está lidando bem.

— Eu vi que ele ganhou o caso contra o Sr. Dreyfus.

— Eu sei que a Senhora Dreyfus estava muito feliz.

Eles estão no final dos seus oitenta anos, e cerca de um ano


atrás, ela decidiu que ela queria o divórcio. E foi estranho desde
que os Dreyfus parecia ser o casal mais fofo e feliz de Sugarloaf,
mas aparentemente, ele não era um marido fiel. Depois do seu
namorico, e só Deus sabe o que exatamente ele foi capaz de fazer
com a Senhora Hutcher, que também é casada, a Senhora
Dreyfus quis sair desse casamento. Então ela veio para Sydney,
que tentou muito fazer com que eles se reconciliassem. Quando
isso não teve sucesso, Syd cuidou do caso de divórcio. A Senhora
Dreyfus agora está feliz com o Senhor Hutcher. Foi um grande
drama em Sugarloaf.

— Eu ainda me sinto como se tivesse arruinado o Natal ou


o Coelhinho da Páscoa.

— Por quê?

— Porque eles eram o casal mais fofo que davam barras de


chocolate de tamanho integral no Halloween, e ela assava biscoito
para o seu aniversário, e ele era o velhinho doce que ensinou
metade dessa maldita cidade como mudar um pneu. Eles eram
supostamente para morrer juntos, não... namorar com os
vizinhos.
Eu sorrio para o desespero óbvio de Syd. — Você fez bem
para senhora Dreyfus.

— E se ela se casar com o velho Hutcher? Eles iram apenas


trocar seus nomes? Oh, Deus.

Ela joga o braço sobre os olhos. — Não consigo pensar sobre


isso.

— É perturbador.

— Muito.

— Bem, como uma das suas melhores amigas, eu a proíbo


de dormir com meu namorado ou com o marido de Ellie.

Os olhos de Sydney se arregalam. — Pare! Isso não é apenas


uma centena de maneiras de foder com tudo, mas também é
nojento. Eles são... ewww!

Eu ri. — Bem, é o mesmo para eles.

— Pelo menos nenhuma de nós mudaria nossos nomes —


ela continua.

— Sim, isso torna tudo melhor.

Nós duas estouramos em risadas. — Eu precisava disso. Ei,


como foi o seu grande encontro?

— Foi bom. Quer dizer, muito bom. Você sabe quando é tão
bom que você começa a se preocupar?
Ela ri e balança a cabeça. — Na verdade, não. Não desse
jeito, pelo menos. Vamos lembrar de como o último ano foi para
mim.

— Mas olhe para você agora.

— Sim, depois que quase morri!

— Ninguém disse que homens são muito inteligentes. — Eu


a lembro.

— Verdade, mas eu posso te dar um conselho?

Eu concordo.

— Não pense demais. Vocês têm algo que pode parecer bom
demais para ser verdade, mas se parece desse jeito é porque é o
certo.

Os últimos três meses foram como um turbilhão. Quer


dizer, apenas esta semana ele literalmente me levou em um jato
particular, para jantar em uma cidade que eu sonhei em visitar
e tem sido perfeito em todos os sentidos.

Meu telefone toca, e eu olho para baixo e vejo o número. —


É meu pai.

Syd coloca a mão no meu pulso. — Você deveria atendê-lo.

Então ela se levanta e entra em seu escritório.

Ela sabe que não falei com ele ou com minha mãe desde que
saí de casa, mas essa é a primeira vez que ela me dá sua opinião
sobre o que devo fazer. Minha mãe pode ser horrível, mas ela nem
sempre foi dessa maneira. Já vi uma família desmoronar e não
quero que seja assim com ela também.

— Olá, papai — Eu respondo, me sentindo nervosa.

— Oi, Devney. Já faz muito tempo que não ouço sua voz.

Não tenho ideia de por que ele está ligando, mas ele
estendeu a mão, então eu deveria lhe dar uma chance. Além
disso, eu sinto falta dele. — Eu sei. Sinto muito não ter ligado
antes.

Ele suspira. — Todos nós temos sido teimosos. — Isso é


muito verdade.

— Como estão você e a mamãe?

— Estamos indo bem. E você?

— Eu estou bem.

Papai fica em silêncio por um minuto. — Você está com


Sean?

Eu sei que meu irmão já contou a ele onde eu estava.

— Eu estou, mas você sabia disso, não é?

— Sim, Jasper me disse no dia em que você partiu. Estou


feliz que você tenha um lugar seguro para ficar.

Eu me inclino para trás na minha cadeira e suspiro. —


Papai, você sabe que Sean não me deixaria ficar sem teto. Ou
Jasper. Ou Sydney.
Ele ri. — Acho que sim. Eu não iria deixar você estar aí fora
e não perguntar por aí onde você estava.

— Eu sei. Você ligou apenas para se atualizar?

— Não, eu liguei porque gostaria que você e sua mãe se


sentassem e conversassem sobre isso. Eu amo vocês duas, e isso
está me destruindo, querida. Eu sei que vocês têm muitas coisas
no passado, mas isso tem que parar.

Não deve ter sido fácil para ele dizer tudo isso. Passamos
por muita coisa como família, e papai teve alguns sustos de saúde
nos últimos anos. Ele só quer que sua família se cure e volte a
ser como era antes. Só não sei se isso é possível. Minha mãe é
quem tem problemas. Não eu. Eu me perdoei por meus erros. Ela
ainda está segurando isso e tornando impossível seguir em
frente. Ainda assim, por ele, farei o que ele pedir.

— Tudo bem, papai. Sean e eu podemos passar em casa


neste fim de semana depois do torneio de Austin.

Eu posso ouvir o longo suspiro através da linha. —


Obrigado, minha doce menina.

— Não me agradeça ainda — eu digo com uma pequena


risada.

— Você e Sean...

— Estamos juntos? — Eu pergunto, sabendo que é o que ele


está insinuando. — Sim, nós estamos.

— Já era hora do garoto tirar a cabeça da bunda.


— Papai!

— O quê? Você é a melhor garota do mundo, Devney Jane


Maxwell. Eu sempre esperei que vocês dois achassem o seu
caminho juntos.

Bem, agora já ouvi tudo. — Você é a décima pessoa a me


dizer isso.

— O que mostra para você há quanto tempo estamos


esperando.

Eu sorrio. — Eu vou estar aí sábado à tarde.

— Tudo bem.

— Eu te amo, papai.

— Eu te amo mais.

Quando eu desligo o telefone, eu me sinto um pouco mais


leve do que eu não fazia em um longo tempo. Tudo vai ficar bem.
De alguma forma, vamos encontrar um caminho. Se eu puder
consertar isso com minha mãe, talvez não me sinta tão culpada
por ir para a Flórida com Sean. Talvez eu possa começar a viver
minha própria vida e não ter que continuar tentando compensar
o passado. Posso ter um futuro com o homem por quem estou
completamente apaixonada. Mas primeiro, eu preciso conseguir
o seu presente de Natal.
— Vai dar um pouco de trabalho para ficar do jeito que você
quer.

Eu olho para o carro, o mesmo que ele tinha quando éramos


crianças.

— Mas você pode fazer isso? — Jasper quase parece


ofendido com a pergunta.

— Claro que eu posso, mas você não está me dando muito


tempo...

— Eu preciso disso.

— Por que diabos você quer este carro? Quer dizer, é lindo.
Realmente é. Eu não posso acreditar o quão legal este Camaro é.

— Porque Sean precisa ter o presente perfeito.


Especialmente depois da viagem que ele acabou de me levar.

Tem que ser esse carro. Não é da mesma cor, mas é a mesma
marca e modelo do que Sean costumava dirigir.

Jasper resmunga um pouco enquanto passa a mão sobre o


capô.

— Um avião particular. O cara está fazendo o resto de nós


parecer ruim.

Eu ri. — Hazel não tem reclamações sobre você.

— Eu não iria tão longe, Shrimpy. Sou apenas domesticado


e ela não quer começar de novo.
— Você é meio canalha.

Ele balança a cabeça. — Você é um pé no saco.

— Isso é verdade, mas você vai consertar isso para mim? Se


certificar de que ficará perfeito?

Jasper deixa escapar um longo suspiro. — Eu vou. As coisas


que faço pela minha irmãzinha.

Eu dou a ele um grande aperto e sorrio. — Você é o melhor


irmão mais velho do mundo.

— Eu sei. Agora, me deixe conseguir um preço justo.

Nós falamos com o proprietário, que é um senhor muito


mais velho, que manteve o carro por um longo tempo e quase não
o usa. Ele abaixou o preço tanto que Jasper quase engasgou. E
embora eu tenha acabado de gastar todo o dinheiro do meu
apartamento, estou além de feliz.

Sean precisa se curar e eu quero ser seu bálsamo.

— Você vai me seguir de volta no meu carro, ok? — Jasper


diz enquanto pega as chaves do carro novo de Sean.

— Combinado.

A viagem dura cerca de duas horas, estou curtindo as


músicas do meu irmão, adorando que não importa a idade dele,
ele sempre amará rock clássico. Os CDs do Zepplin, Guns &
Roses e Warrant ainda estão no console porque meu irmão se
recusa a usar seu telefone para transmitir música, não que seu
carro não esteja atualizado o suficiente para isso. Ele ainda dirige
o carro que comprou quando Austin nasceu. É antigo, confiável
e como ele diz... está pago.

Paramos na parte de trás, onde fica sua loja, e ele coloca o


carro no elevador para carro. — Como foi o caminho até aqui,
bom?

— Foi uma boa viagem, nada fumaçou ou fez muitos ruídos


estranhos. Na verdade, é um crime o que você quer fazer com
esse carro.

— Ele foi muito bom, preciso superar

Ele concorda. — E você ser bonita e sorrir muito não ajuda?

Eu bato em seu braço. — Não.

— Ok.

— Seja qual for o motivo, ele vai ficar muito feliz!

Jasper ri e então me cutuca. — É melhor ele estar! Você


acabou de comprar ao homem um presente dos deuses
mecânicos.

Ele é tão estúpido. Meninos e seus carros. — Sean é sempre


grato.

— É melhor ele estar.

— Falou meu irmão mais velho.


Jasper sorri e se inclina contra a bancada com os braços
sobre o peito. — Você está feliz, Dev? — Eu concordo.

— Você sabe que se alguma coisa der errado, você sempre


terá um lugar aqui.

Eu o amo. — Eu sei.

— Não há nada que não faríamos por você.

Eu ando em direção a ele, coloco minha mão em seu braço.


— Eu sei.

Jasper sempre esteve lá para mim. Eu o amo, e confio nele,


e como ele fica ranzinza sobre homens em minha vida, eu sei que
ele ama Sean. Ainda assim, ele nunca foi tão... protetor antes.

— Por que você não ficou desta maneira quando eu estava


namorando Oliver?

— Porque eu sabia que Oliver não duraria para sempre.

Eu me afasto com aquilo. — O quê?

— Ele era bom e tudo, mas ele não era certo para você.
Ainda assim, ele era inofensivo.

— E você acha que Sean vai me machucar?

— Porra, não — Jasper diz com uma risada. — Eu acho que


ele cortaria o braço antes de fazer isso, mas ele vai pegar seu
coração e...
Não preciso dele para terminar essa frase. Não mentimos
um para o outro e está escrito na parede o que acontecerá quando
Sean for embora.

— E eu?

Seu ombro sobe e depois desce sutilmente. — Ele é o cara,


não é?

— Eu acho que ele é. — Eu balancei minha cabeça.

— Não, eu sei que ele é.

— O que isso significa para você?

Meu coração dói com a ideia de Sean ir sem mim. Estar


longe dele depois de saber o que é tê-lo, é impossível.

— Isso significa que eu o amo e não posso viver sem ele. —


Os olhos de Jasper se enchem de compreensão enquanto ele me
encara.

— Você deveria ir com ele, Devney. Você deveria se abrir e


contar tudo a ele.

Meu peito aperta com a ideia de fazer isso. — Você acha que
eu deveria lhe dizer a história toda?

Ele concorda. — Se você o ama, você dá a ele todos os seus


fardos, irmã. Você carrega tudo sozinha, é hora de se permitir ser
feliz. O ame e vá para a Flórida, onde você pode começar do zero.

— Mas, e tudo aqui?


— Estaremos sempre aqui. Não vamos a lugar nenhum, mas
você, Dev deveria ir a lugares. Você merece a felicidade, o amor e
uma vida.

O meu lábio inferior treme e eu encaro meu irmão. — Eu


vou sentir muita falta de você, Hazel e Austin. — Ele me puxa
para mais perto.

— Nós vamos sentir sua falta também, mas agora nós temos
uma desculpa para ir para a Flórida, certo?

Eu aceno, lhe dando um último aperto. Jasper sempre


esteve aqui para mim. Crescemos muito próximos e mantivemos
esse relacionamento. Eu odeio a ideia de não estar perto dele,
Hazel e Austin. Não há nada melhor no mundo do que ser uma
tia. Eu consegui curti-lo, ser sua amiga, enquanto seus pais
faziam as coisas difíceis.

— Eu não quero contar a Austin.

Jasper me libera, seus ombros caindo um pouco. — Ele não


vai aceitar isso bem. Você é a melhor amiga dele.

— Eu sei.

Seus olhos castanhos se enchem de calor e compaixão. —


Ainda assim, você deve ir. Você merece sua própria família. Uma
onde você pode amar um homem que é bom pra você e criar uma
criança que vai ver como você é incrível.

Uma lágrima cai pela minha bochecha. — Obrigada, Jasper.


Ele pisca — Não mencione isso. Agora, vamos começar a
trabalhar nesse carro.
Devney

— Querido, estou em casa! — Eu grito enquanto abro a


porta.

— Isso é algo com que eu poderia me acostumar. Você


voltando para casa e para mim todos os dias. — O rosto
sorridente de Sean me cumprimenta quando entro na casa.

— Penso exatamente igual.

Seus braços envolvem minha cintura e ele me puxa para


perto.

— Teve um bom dia?

— Sim, Syd estava no escritório hoje, e eu recebi um


telefonema interessante, e depois peguei uma pizza.

— Um telefonema? — Sean pergunta.

— Meu pai.

— E?

Eu brinco com um dos botões na frente de sua Henley. —


Ele quer que a gente vá conversar com minha mãe.

— O que sua mãe quer?


Eu encolho os ombros. — Paz mundial.

Sean solta uma risada gutural. — Sim, eu não acredito


nisso.

— Não sei, mas papai perguntou, e nunca fui boa em dizer


não a ele.

Seu polegar esfrega a área na parte inferior das minhas


costas. — Eu farei o que você quiser. Se você gostaria de falar
com ela, então você deveria.

— Alguém nessa terra gostaria de falar com ela? Não. Mas


eu acho que isso já durou tempo suficiente, e se nós estamos
mantendo nosso namoro, eu gostaria de ter a bênção dos meus
pais.

No passeio da casa de Jasper, eu pensei um monte sobre a


conversa e o que tudo isso significa. Minha mãe e eu
costumávamos ser próximas. Ela acreditou em mim e eu quebrei
sua confiança. Eu cometi erros, mas para ela foram
imperdoáveis. Estou cansada de tentar tornar a vida mais fácil
para todos. Os erros foram cometidos, o estrago foi feito e todos
nós encontramos maneiras de seguir em frente com nossas vidas,
o que ela precisa fazer também.

— Há muito tempo eu vivi sem dizer o que queria. Há tantas


coisas que eu gostaria de ter dito ao meu pai. Eu sei que não teria
mudado nada, mas poderia ter feito eu me sentir melhor sobre as
escolhas que eu fiz. Eu estou contente que você vai dizer o que
precisa ser dito.
Minha mão sobe para sua bochecha. — Eu te amo, Sean
Arrowood. Você e seus irmãos fizeram coisas lindas. Você fez tudo
certo. Eu sei que você gostaria de ter dito algo, mas ele nunca
teria ouvido você.

— Eu também te amo. Eu sei disso. Então, eu vivo para


deixar minha mãe orgulhosa.

— Ela estaria muito orgulhosa. Eu sei disso nas


profundezas da minha alma.

Tudo o que ela sempre quis foi que eles estivessem próximos
um do outros e fossem gentis com os outros.

Ele me dá um beijo e depois sorri. — Acho que ela também


ficaria, e é por isso que acho que você deveria se reconciliar com
a sua. A vida é muito curta e o arrependimento é o fardo para o
sobrevivente. Eu odiaria ver qualquer coisa acontecer com sua
mãe e você acabar tendo que carregar isso ou vice-versa.

Eu concordo com ele. — Você está certo.

Sean sorri. — Diga isso de novo.

— Provavelmente não.

— Por quê? É fácil, basta dizer, ‘Sean, você está certo...


como sempre.’

— Sean, você é um idiota. — Eu respondo.

— Não está totalmente correta, mas eu vou deixar passar


dessa vez.
Eu reviro meus olhos. — Que generoso da sua parte.

— Agora, aproveitando que você está de bom humor, vamos


falar sobre o futuro, já que você tocou no assunto.

Meu coração acelera, e eu dou um passo para trás, mas ele


agarra meu pulso antes que eu possa ir muito longe.

— Não faça isso, não se afaste.

— Eu não estou fazendo nada.

— Você está. — Ele inclina a cabeça para o lado e me


observa. — Eu conheço você, Dev. Eu entendo que tudo isso é
assustador para você e eu sei que você ficou nesta cidade por
algum motivo. No entanto, as coisas estão mudando e não posso
fazer o que meus irmãos fizeram e ficar aqui. Eu faria se pudesse.

— Eu sei disso, e não estou pedindo isso a você.

— Então, o que você quer? Você quer fazer isso funcionar a


longa distância? Eu faço, se essa é a única maneira que eu posso
ter você, mas depois de saber como é acordar ao seu lado...

Sua voz fica mais baixa, e ele se aproxima um centímetro.

— Ser capaz de te puxar mais perto e enterrar meu rosto em


seu pescoço a noite ou fazer amor com você pela manhã, não é
algo que eu quero ficar sem. Eu quero ficar junto no jantar e sair
em encontros. Eu quero ser capaz de ir para casa pra você, mas
eu não posso fazer isso se você estiver aqui.
Eu quero todas essas coisas também, mas também sei que
quando a temporada estiver a todo vapor, ele nunca estará em
casa. Antes de dizer a Sean onde está meu coração, preciso de
todas as informações.

— E durante a temporada? O que eu vou fazer?

Sean me puxa para o sofá e nós dois nos sentamos.

— O que você quer fazer?

Eu suspiro e entrelaço nossos dedos, precisando me sentir


ligada a ele. — Eu preciso trabalhar.

— Bem, se estamos juntos, você realmente não precisa


trabalhar.

— Eu nunca vou ficar bem com isso — eu digo rapidamente.


— Sempre me sustentei e não estou começando nosso
relacionamento comigo tirando nada de você.

— Devney — Sean diz suavemente — Você não está tirando


nada de mim, estou dando.

— E isso é ótimo, mas eu não posso ser uma namorada


troféu. E eu não vou.

Ele sorri. — Tudo bem. Farei o que puder para encontrar o


emprego que você deseja.

Agora, mudando para outro ponto, e eu sei que ele vai


discutir.
— Durante a temporada, gostaria de vir aqui o máximo que
puder. Eu quero ver meus amigos e minha família. Não quero
ficar presa na Flórida, onde não conheço ninguém.

— Ok... eu gostaria que você fosse a alguns jogos também.


— Eu concordo. Isso não é realmente uma concessão.

— Feito. — Essa vai ser a parte que Sean vai insistir, mas
eu tenho que fazer isso. — Mas não quero contar a ninguém sobre
isso até três semanas antes de você partir.

Eu o amo e tenho toda a intenção de ir. Nós somos reais. Eu


sei, sem dúvida, que ele é o cara certo para mim. Nunca me senti
assim por ninguém. Sempre houve essa sensação na parte de
trás da minha mente que dizia que não era certo e que não era o
momento para nós. Ainda assim, eu preciso de tempo. Eu preciso
ter certeza. Não quero tomar uma decisão precipitada e esse novo
relacionamento com ele ainda é muito fresco.

— O quê? — Ele recua. — Você está brincando comigo?

— Não — eu digo enquanto aperto minhas mãos com mais


força. — Me ouça, nós temos sido um casal pelo quê? A poucas
semanas? Um mês?

— E nós somos amigos há uma eternidade.

— Sim, mas isso é diferente, e você sabe. Quero que


namoremos sem que todos nos deem conselhos indesejados. Eu
te amo. Quero estar com você mais do que tudo, e é por isso que
precisamos deste tempo juntos, sem qualquer pressão adicional
de nossos amigos ou familiares.
Sean é meu para sempre e quero que continue assim.

— Não preciso dos próximos três meses para saber que nada
vai mudar. — Sua voz é segura e não há dúvida em seus olhos.

— Eu sei o que quero, Sean, mas não acho que tomar uma
decisão tão transformadora de vida quando estamos
extremamente felizes seja uma boa escolha. Vamos brigar porque
você é um idiota. E você vai ficar com raiva de mim porque posso
ser uma desleixada. Agora estamos no momento perfeito. Contar
a eles só vai acrescentar mais... coisas. Eu não quero mais coisas.
Eu só quero você e o que nós estamos fazendo agora.

— Você quer brigar? — Sean pergunta com um sorriso.

Ele é um idiota. — Não, meu ponto é que iremos. Eu sei que


quero ir com você. Eu sei que é isso que você quer. Mas é muito
cedo para fazer uma escolha como me mudar para a Flórida com
você. Então, vamos apenas agir como se nós não tivéssemos
decidido ainda, Ok?

Ele suspira. — Então você sabe que isso é o que você quer?
Eu sei que isso é o que eu quero, mas estamos apenas mantendo
em segredo.

— Basicamente, sim.

— Parece idiota.

Eu preciso fazer com que isso faça sentido. — Passei os


últimos dez anos ouvindo como minhas decisões precipitadas
causaram a decaída da minha vida. Temo que esta possa ser uma
daquelas escolhas novamente. Não precisamos nos preocupar em
tomar uma decisão agora.

— Não, mas... — Eu levanto minha mão.

— Tudo que estou pedindo é para passar as próximas nove


semanas morando juntos e resolvendo nossa vida. Então, três
semanas antes de partir, anunciaremos nossa decisão juntos.
Prefiro manter isso para nós mesmos por um tempo. Se nada
mudar, ninguém se machucará.

Sean se inclina para trás me puxando com ele, então estou


descansando sobre seu peito. — Tudo bem. Nós não vamos fazer
nada oficial até então, mas nós iremos discutir sobre como as
coisas vão ser quando você vier comigo. O que significa, que não
importa o que aconteça, não posso viver sem você, Ok?

Eu sorrio e me aconchego mais perto. — Eu posso lidar com


isso.

— Bom, porque eu não posso viver sem você. Então se


concentre nas minhas qualidades maravilhosas e perdoe minhas
fraquezas.

Eu rio e olho para aqueles lindos olhos verdes.

— Vou tentar.

— Bom, agora tente não me beijar.

Sem chance.
Sean

— Tudo bem, Austin, quero que você mude seu peso para
frente e para trás e esteja pronto para aparecer a qualquer
momento.

Ele acena com a cabeça rapidamente e depois se posiciona.

— Estou pronto.

— Quando eu jogar essa bola, quero que você apareça e


jogue para a segunda. A jogada deve ser baixa e precisa.

Quando seus olhos castanhos se fixam nos meus, não há


nada além de determinação neles. — Eu entendi.

Me viro para o corredor, lhe dando um aceno de cabeça para


indicar que ele tem que decolar no momento que a bola deixa o
meu lado, e em seguida, verifico a posição entre a segunda e
terceira base.

Todo mundo está pronto.

Eu levanto minha perna e solto o lance.

Austin é rápido quando agarra a bola, que eu joguei ampla


de propósito, e quando ele a atira para a segunda base, voa de
sua mão como uma bala. Acaba ficando um pouco baixo e o
corredor está seguro.

— Eu não sei o que aconteceu! — Ele grita. — Eu joguei


exatamente como você disse.

Pobre criança. — Está tudo bem. Faremos até que funcione.


Eu sei que jogar desta forma é novo, só precisamos da sua
memória muscular para entrar em ação.

Eu odeio a maneira como ele olha para longe, mas então


ouço a respiração deixar o seu nariz e ele volta a sua posição de
agachamento. Essa é a atitude que tive quando criança. Eu
trabalhava e trabalhava até não aguentar muito mais. Minhas
pernas ficavam doloridas e meu braço pegava fogo, mas eu não
me importava.

— Você sabia que, quando eu tinha sua idade, eu fazia essa


posição para ler ou até mesmo no jantar?

Austin sorri. — Eu também! Mamãe grita comigo para me


sentar à mesa, mas eu sei que eu preciso estar pronto para as
bolas sobre meus pés.

— É a vida de um apanhador. Também causa problemas


nos joelhos e dores nas articulações. Se certifique de colocar gelo
e esfregá-los, ok?

Ele balança a cabeça. — Nem sempre lembro.


— Se certifique de fazer, eu sei que parece estúpido e você é
jovem, então você acha que não é grande coisa, mas quando você
chegar à minha idade, é uma merda.

Eu sou um dos apanhadores mais jovens na liga, e eu não


sei como diabos eu vou me sentir em dez anos. Eu faço muita
massagem, terapia com gelo, raspagem, escavação – inferno,
qualquer coisa que eles possam fazer para me dar alívio. Após o
primeiro ano na liga principal, eu me lembro que um dia depois
de uma cabeçada dupla eu mal suportei o dia seguinte.

É difícil para nossos corpos, e se eu fosse mais inteligente


quando criança, talvez não fosse tão difícil agora.

— Então, gelo nos meus joelhos?

— Sim, e alongamento. Isso vai te dar muito mais força mais


tarde.

— O que você disser, Sean. Eu vou fazer isso. Eu só quero


jogar bola para sempre.

Esta é a parte do meu trabalho que adoro. Olhando para as


crianças que um dia vão me substituir. Eu penso em como eu
admirava meus ídolos, que agora são as pessoas que me dão
conselhos sobre como permanecer no jogo. É um tipo estranho
de irmandade, mas que eu prezo muito.

Se não fosse pelos grandes que vieram antes de mim, eu não


estaria aqui hoje.

— Tudo bem, você está pronto para tentar novamente?


— Vamos fazer isso. — Durante a próxima hora,
continuamos nisso.

Repassamos repetidamente até ele se sentir confortável.


Como apanhador, quero proteger seus joelhos e ombros, essas
são as duas lesões mais comuns, e a maneira como ele estava
jogando antes pode causar lágrimas ou tensão. A maneira como
eu o tinha corrigido foi um pouco estranho, mas isso vai diminuir
a carga sobre seus músculos.

Finalmente, ele lança um foguete que atinge o alvo


perfeitamente.

— Eu consegui! — A alegria de Austin é impressionante.

— Você foi incrível. Foi um lançamento perfeito.

Seus quatro companheiros de equipe que ficaram para fazer


os treinos correm até ele, dando tapinhas nas costas e rindo. Os
meninos comemoram enquanto eu olho em volta, os pais estão
batendo palmas e começando a descer da arquibancada, mas eu
continuo olhando até ver um sorriso que faz meu coração parar.

Devney tem um sorriso no rosto enquanto caminha em


minha direção.

— Deus, você é linda — eu digo quando ela está diante de


mim.

— Você é tendencioso.

— Talvez sim, mas isso não torna menos verdade.


Sua cabeça balança enquanto ela olha para o sobrinho.

— Eu disse a Jasper que o levaria para casa há uma hora,


mas não queria afastá-lo.

— Estou feliz que você não fez. Ele foi muito bem e eu queria
que ele conseguisse isso antes do torneio em alguns dias.

Devney sorri enquanto Austin e os outros garotos


perseguem uns aos outros pelas bases.

— Bem, você é um herói por ensinar a ele, Sean Arrowood.

— Então, você é meu prêmio?

Ela ri baixinho. — Você acha que merece um?

— Não é o que todos os heróis merecem?

— Talvez.

— Se estamos fazendo solicitações, então eu quero você.

Devney se inclina, beijando minha bochecha. — Você já me


tem.

Graças a Deus por milagres. — E esta noite, eu realmente


planejo ter você.

— Eu gosto do som disso.

Oh e eu também. Eu vou tê-la de muitas maneiras.

— Vamos levar Austin para casa, assim eu posso ter o meu


prêmio?
— Combinado.

Colocamos Austin no carro e fomos para a casa dele. Nós


três falamos sobre o torneio, e que temos de sair às cinco da
manhã, porque é a duas horas de distância.

— Você vai cavalgar conosco, tia Devney?

Ela olha para mim e eu dou de ombros. — Nós podemos, se


você tiver tempo.

— Sim! Vamos abrir um espaço. Podemos deixar a mamãe


em casa se precisarmos.

Eu ri. — Cara, nunca deixe sua mãe para trás. Ela é quem
traz comida e planeja as coisas. Se você vai deixar alguém para
trás, nunca deveria ser ela.

Ele acena enfaticamente e então inclina a cabeça.

— Quem deixaríamos, então?

— Sua tia. Sempre a deixe.

— Ei! — Ela dá um tapa no meu peito. — Nunca me deixe.


Eu sou essencial.

— Sério? — Eu me oponho. — O que você traz para o time?

Devney se senta um pouco mais reta. — Bem, eu sou boa


em uma crise, então você não precisa se preocupar com o que
fazer. Eu tenho a capacidade de construir coisas, por isso, se a
sobrevivência é um problema, eu posso fazer um abrigo. Depois,
há o fato de que sou muito engraçada, o que ajuda a passar o
tempo.

Eu olho de volta para Austin. — Acredita em alguma parte


disso?

— Não na parte de ser engraçada.

Seu queixo cai. — Vocês são maus.

— Querida, estamos pedindo para você nos convencer


porque nós deveríamos levá-la, não por que você seria boa se o
apocalipse acontecesse.

— E por que nós deveríamos levar você? — Ela pergunta


com os braços cruzados sobre o peito.

— Porque ele é Sean Arrowood! O maior apanhador de todos


os tempos! — Austin a informa com muito entusiasmo.

— Exatamente.

— E para que serve isso se nós estamos falando sobre valor


em uma situação de emergência? Ele vai pegar as bolas de neve
que voam em nossa direção?

Austin ri. — Não!

— Bem, não estou convencida do por que ele não deveria ser
deixado para trás. Ele tem muito poucas habilidades, e eu sei
disso por causa do número de vezes que tive que salvá-lo quando
éramos crianças. Ele definitivamente não é engraçado. Não me
lembro a última vez que ele me fez rir, a menos que você conte as
vezes que eu ri dele. Sabemos que ele não pode planejar porque
disse que precisava que sua mãe empacotasse lanches para ele,
e você consegue adivinhar quem faz isso por ele agora? — Seus
olhos levantam e ela aponta para si mesma. — Quero dizer, se
estamos falando sobre alguém que devemos deixar para trás, é
muito claro quem é a escolha.

Eu amo essa mulher. Eu amo seu humor, seu coração e o


quão duro ela está tentando me ver no fundo do rio neste
momento. Austin balança a cabeça como se a ideia fosse
inconcebível, o que para um apaixonado pelo beisebol aos nove
anos, é.

— Não posso deixá-lo para trás, tia Devney.

— E por que não?

Seus olhos se arregalam enquanto sua voz diminui.

— Porque ele é Sean Arrowood.

— Eu sei, mas eu voto nele fora do carro.

— Você não tem direito a voto — eu a informo.

— E por que não?

Eu sorrio para ela enquanto estaciono o carro. — Porque eu


nunca iria deixar você em qualquer lugar. Eu ficaria para trás se
isso significasse que você teria um lugar.

— Bem, agora você arruinou minha luta. Como posso


pensar em te deixar quando você diz coisas doces como essa?
Pisco e me viro para Austin. — E é por isso que você nunca
me deixaria. Eu sou encantador.

Eles se acabam de rir. Devney revira os olhos.

— Vá para dentro, amigo. Verei você no início da manhã de


sábado.

— Amo você, tia.

— Amo você mais.

— Obrigado, Sean. Eu vejo você amanhã no treino.

Eu dou um soco nele. — Até amanhã cara.

Ele corre para onde Hazel está parada na porta, esperando


por ele.

Acenamos para ela, e então Austin dá um aceno


entusiasmado de volta.

— Ele realmente admira você — Devney diz enquanto


observamos Hazel deslizar a bolsa de equipamentos de Austin
dos seus ombros.

— Austin é um ótimo garoto, com muita habilidade. Se ele


persistir, estou lhe dizendo, ele realmente tem potencial.

Ela pende a cabeça para trás, a inclinando para que ela


possa olhar para mim.

— Eu espero que ele encontre o que faça ele feliz. Se for


beisebol, então que seja, mas espero que ele encontre uma paixão
na escola também. Eu me preocupo que ele vai ser um dos caras
que tem dificuldades. Isso vai destruí-lo. — Ela está falando sobre
Isaac Withers. Joguei bola na faculdade com ele e ele tinha tudo...
talento, disciplina e ambição, mas ele nunca conseguiu passar
pelas ligas menores. Eles ganham quase nada, viajam muito,
treinam bastante e nunca veem suas famílias. Isso custou muito
a ele, e ele tirou sua própria vida há um ano.

Devney foi. Ela estava lá, segurando minha mão quando eu


lutava com a perda. Issac tinha acabado de casar e tinha um bebê
a caminho.

Eu pego a mão dela na minha. — Ele tem muito tempo para


descobrir o que ele realmente quer, e ele tem pessoas que gostam
dele e o guiarão.

— Espero que sim.

— Mesmo que ele não jogue bola para sempre, os esportes


são uma grande parte da vida de uma criança, e ele nunca vai
esquecer como é estar no campo. Ainda assim, eu nunca o
encorajaria se não achasse que ele não conseguiria.

Ela me dá um sorriso triste. — Eu espero que não


precisemos ter essa conversa em alguns anos.

Em alguns anos. As palavras vibram em minha cabeça e eu


tento não dar muita importância a isso. Nós somos amigos há
tanto tempo que isso poderia significar qualquer coisa, mas eu
realmente espero mais. Eu quero o resto de nossas vidas para ser
dessa maneira. Vou desistir de tudo se isso significar que eu
ficarei com ela.

Minha maior preocupação é que ela mude de ideia no último


minuto. Ela vai querer ficar aqui, e por isso eu estou fazendo
planos alternativos em minha cabeça. Eu não disse isso a ela,
mas se for a única opção, então estou me aposentando do
beisebol. Tenho dinheiro mais do que suficiente para vivermos o
resto de nossas vidas sem ter que nos preocupar. Sim, vai ter
enormes penalidades que eu vou ter que pagar de volta e não vai
ser a vida que eu prometi, mas se Devney escolher não ir comigo,
então eu não vou ter nenhuma outra escolha.

Isso não é o que eu quero, e seria a escolha mais estúpida


que eu fiz, mas eu não posso perder ela.

Eu beijo o topo de sua mão. — Eu também espero que não.

— Agora — Devney atrai a palavra — sobre aquele prêmio...


Devney

Nunca algo foi tão bom.

— Sean — Eu gemo enquanto sua língua desliza contra meu


clitóris novamente.

Ele faz de novo, e tudo fica tenso e formigando. Eu poderia


acordar assim todos os dias e eu nunca iria reclamar.

Algumas horas atrás, nós fizemos amor. Foi suave, doce e


me encheu de tanta felicidade que eu poderia explodir. Nós
adormecemos nos braços um do outro, e o que eu achava que era
um sonho erótico, acabou por ser Sean espalhando minhas
pernas e me levando ao clímax no meu sono.

Não há luz no quarto além das lascas do luar que entram


pela janela. Não consigo vê-lo, mas o sinto em todos os lugares.

— Por favor, baby, eu não aguento muito mais — digo entre


respirações pesadas.

— Vamos ver se isso é verdade.

Meus olhos se fecham e me concentro no imenso prazer.


Sean me leva mais alto, de modo que eu posso ver o pico, mas
em seguida, ele para, beijando o interior da minha coxa. Eu me
forço a não reclamar desde que a última vez que fiz, ele me fez
esperar mais.

Eu não quero esperar.

Felizmente, ele não o faz. Ele volta lambendo com mais


força, sua língua fazendo círculos que conduzem a construção
mais rápido do que fez antes. É como um trem correndo em
minha direção tão rápido que não será capaz de parar antes de
me atropelar.

Meu coração dispara, e todos os músculos do meu corpo


ficam duros. Tudo parece desconfortável e inquieto antes que seu
dedo deslize profundamente em mim e eu desmorone.

Eu grito seu nome, arqueando as costas na cama enquanto


sou varrida pelo prazer mais intenso que já senti.

E então ele está em cima de mim, deslizando para dentro de


mim, empurrando em um ritmo que é duro e implacável. Eu amo
isso. Amo seu poder, sua força e a maneira feroz como ele está se
entregando a mim.

E eu o recebo, querendo que ele me dê tudo o que ele é.

— Sean! — Eu grito enquanto ele bate com mais força.

— Eu te amo.

— Eu te amo.

— Deus, eu preciso de você. — Ele grunhe.

— Você me tem.
Sean agarra meus quadris e inclina meu corpo para que ele
possa chegar mais fundo. Meus dedos agarram seus ombros,
precisando segurar porque sinto que estou desmoronando. É
muito. A pressão, selvagem e caótica, começa a crescer
novamente.

— Não posso fazer isso de novo. — Minha voz está tensa


enquanto luto contra outro orgasmo. Meu corpo já está muito
gasto. Isso vai me matar.

Ele empurra seus quadris para frente com mais força


enquanto seu dedo encontra meu clitóris. — Sim, você pode.

O cheiro almiscarado de nosso ato sexual enche o quarto e


ele empurra com mais força. — Por favor, é demais.

— Nunca é o suficiente, Devney. Nunca. Eu preciso de você.


Se entregue a mim, e me deixe pegá-la.

A necessidade profunda em sua voz me faz renunciar ao


meu controle tênue, e ele aumenta a pressão e começa a se mover
novamente.

Um.

Dois.

Mais três movimentos de seus quadris, e eu saio do meu


corpo. Eu caio em pedaços, incapaz de me segurar a realidade
por mais tempo. Minha cabeça balança de um lado para o outro,
minhas unhas cavando e marcando a carne em suas costas,
precisando dele para me segurar nesse mundo.
Sean grita quando chega em sua própria liberação, e então
ele cai em cima de mim, nos deixando como uma confusão de
braços e pernas e respirações pesadas.

— Aquilo foi... — Eu digo enquanto respiro.

— Sim.

— Sim?

— Isso foi. — A cabeça de Sean se vira para mim enquanto


sua mão encontra o caminho para o emaranhado de cabelo na
minha nuca.

— Eu não posso deixar você ir, Devney.

Eu aninho em seu peito enquanto seus braços me apertam.

— Eu não quero que você me deixe.

— Isso é bom.

— Nós precisamos dormir — eu digo.

— Nós temos que encontrar Jasper em duas horas.

Ele solta um suspiro profundo, nos colocando sob os


cobertores pesados.

— Está nevando há horas. Não há nenhuma chance de que


acontecerá.

Eu olho pela janela, vendo os flocos caindo.


— Eu amo neve – contanto que eu esteja dentro de casa e
perto do fogo.

Sean ri. — Eu me lembro.

— Você acha que será cancelado?

— O boletim meteorológico diz doze a vinte e cinco


centímetros de neve. Eles deveriam cancelar.

Eu aceno, o calor tirando qualquer vigília do meu corpo. —


Bom.

Seus lábios pressionam contra o topo da minha cabeça.

— Durma. Vamos acordar em duas horas e ter certeza.

Dormir é bom.

Meus olhos fecham, e eu caio no sono com um sorriso em


meus lábios enquanto imagino o resto da minha vida com este
homem.

Meus olhos abrem, e está claro no quarto.

— Merda! — Eu tento me mover, mas os braços de Sean


estão presos em torno de mim.
— Dormimos até tarde! — Ele me solta e se move para
esfregar os olhos. — Achei que tivéssemos dito que estava
cancelado.

Estendo a mão para encontrar meu telefone, mas não está


na mesinha de cabeceira. Droga. Deixei na minha bolsa.

— Você disse que deveria ser cancelado. — Pego o cobertor


da cama e o envolvo em volta de mim. Está muito frio aqui.

Corro para encontrar meu telefone, apenas para ver que


tenho cinco chamadas perdidas e seis mensagens de texto. Eu as
abro e leio as duas primeiras.

Jasper: Ei, Austin está perguntando se você vem?

Jasper: Se você não puder, tudo bem, é só me avisar.

Então eu vejo a próxima mensagem da minha cunhada.

Hazel: Estamos pegando a estrada, nos diga se você estiver


viajando com o Sean, já que você não apareceu esta manhã.

Hazel: Por favor, nos deixe saber que você está bem. Nós
estamos chegando no torneio agora.

E meu coração está partido. Eu teria ido lá. Eu deveria


estar, e não estou.

Jasper: Isso não é típico de você, e espero que você esteja


bem. Estamos aqui e o primeiro jogo está começando, mas as
estradas estão muito ruins, então não venha a menos que tenha
tração nas quatro rodas. Eu cuido de Austin.
Meus olhos se encheram de lágrimas ao ver a última
mensagem.

Austin: Acho que você não vem.

— Ei. — A voz de Sean me faz olhar para cima. — Você está


chorando? — No segundo que ele me alcança, ele está me
puxando em seus braços. — Está tudo bem.

— Não, não está. Nunca perdi um torneio. Nunca. Eu estive


em cada um, e ele estava tão animado para jogar para você.

Sean esfrega minhas costas e depois se afasta um pouco. —


Podemos ir agora. Não são nem oito. Faremos pelo menos dois
jogos.

— Jasper disse que as estradas estão ruins.

— Podemos pegar a caminhonete de Connor. Ele colocou


pneus de neve nela ontem.

Eu libero um suspiro, guerreando se devemos ir ou não.

— Tem certeza?

— Sim. Vamos nos preparar, vou ligar para meu irmão e


pegar a caminhonete dele, vamos lá. Não decepcionaremos
Austin, e eu queria estar lá para apoiá-lo também. Juro que
configurei um alarme, mas nós iremos e vamos ver o máximo que
pudermos. Ok?

Eu concordo. — Ok.

Ele me beija e depois me solta.


— Você entra no chuveiro e eu cuidarei de todo o resto.

Isso significa tudo para mim. Que no meio de uma nevasca,


ele sabe que o que eu quero mesmo é ir embora. Austin é tudo
para mim, e eu preciso estar lá para ele. Quero que ele saiba que,
não importa o que aconteça, sempre estarei com ele.

Assim como Sean também.

Eu pego meu telefone e mando uma mensagem para Jasper.

Eu: Estamos indo. Nós dormimos muito, mas diga a Austin


que estamos a caminho!
Sean

Como chegamos a este torneio inteiros, eu não sei dizer.


Mesmo com freios, lixamento e sal as estradas estavam
escorregadias. Eu quis voltar pelo menos duas vezes, mas me
lembrei da expressão de desespero no rosto de Devney e as
lágrimas em seus olhos, e eu não pude me forçar a fazer isso.

Graças a Deus temos a caminhonete de Connor e tive a sorte


de ficar atrás de um limpador de neve na estrada.

Voltar para casa vai ser outra história. Nós dois saímos e
entramos.

— Você conseguiu! — Hazel diz enquanto puxa Devney para


um abraço.

— Quase não chegamos a tempo — eu digo, minhas mãos


ainda tremendo um pouco.

— Eu sei, eu não posso acreditar que eles não cancelaram,


mas houve apenas dois meninos que não vieram. Apenas dois, de
todas as equipes. É o último torneio antes do Natal, por isso eu
acho que eles estavam determinados a jogar.

Sim, porque eles sabiam para quem eles estariam jogando


hoje. Nas arquibancadas que separam os campos de bola estão
os olheiros. Eles estão com seus tablets e telefones, fazendo
anotações e fazendo tudo o que fazem.

Eu me recordo de tudo muito bem. Me lembro também


implorando por caronas para os jogos e os torneios que eu sabia
que tinha avaliações.

Devney pega minha mão na dela. — Desculpe, dormimos até


mais tarde.

Hazel olha para nossos dedos entrelaçados e sorri. —


Entendo.

— É minha culpa — eu tento suavizar sobre qualquer


constrangimento. — Devo ter esquecido de ligar o alarme.

— E meu telefone estava na sala de estar — Dev diz antes


que eu possa dizer mais.

— É difícil ouvir o telefone quando tem outras coisas em sua


mente.

O sorriso de Hazel diz tudo isso.

— E ela é muito barulhenta quando ela está ocupada — eu


continuo. Devney dá um tapa no meu peito. — Sean!

— Eu não disse isso na frente do seu irmão.

Hazel inclina a cabeça com um sorriso.

— E eu não faria se eu fosse você. Eu odiaria ver seu rosto


bonito machucado ou meu marido jogado na prisão.
Eu rio e puxo Devney para o meu lado. — Ela vale qualquer
dor que eu tenha que suportar.

— Awww — diz Hazel com as mãos cruzadas na frente dela.


— Vocês são tão bonitos. Estou tão feliz por vocês estarem juntos
e neste estado de felicidade. Na verdade, já estava na hora.

O número de vezes que teremos que ouvir isso será


descomunal.

— Bem, eu a amo. Sempre gostei, e agora só preciso


convencê-la de que a vida fora de Sugarloaf vale a pena.

Os olhos de Hazel se arregalam quando ela olha para


Devney.

— Você está pensando em ir embora?

— Estou pensando no meu futuro e como será, você


entende, certo?

Ela sorri. — Claro que eu faço. É hora de você encontrar seu


próprio caminho. Jasper e eu sempre quisemos que você tivesse
um futuro. Eu sei o que te manteve aqui, e te amo muito por isso,
mas... eu quero que você viva sua vida.

Não tenho a menor ideia do que elas estão falando, mas me


sinto estranho em pé aqui. — Vou verificar a equipe.

Ambas concordam.

Muito bem, então. Eu me esgueiro e desço para o banco de


reservas.
— Ei — Jasper diz, batendo palmas.

— Ei, desculpe por termos perdido vocês esta manhã. Nos


atrasamos.

— Minha irmã sempre foi preguiçosa pela manhã. Estou


acostumado a isso. Mas ainda bem que vocês conseguiram, pois
o tempo não está de brincadeira.

Eu estremeço um pouco. — Tivemos alguns momentos


difíceis.

— Imaginei.

— Nós provavelmente deveríamos conseguir um hotel perto


daqui — eu sugiro.

Não há nenhuma maneira no inferno de estarmos dirigindo


de volta se as estradas vão estar assim.

Jasper dá de ombros. — A neve deve parar na próxima hora


ou algo assim, e se colocaram sal nas estradas, iremos ficar bem.
Porém estaremos presos aqui no mínimo pelas próximas sete
horas.

Isso é verdade. — Precisamos ficar atentos.

— Sean! — Austin me vê e abre caminho. — Você está aqui!

— Estamos. Desculpe o atraso, mas tivemos que pegar a


caminhonete do meu irmão.

— É legal. Eu sabia que tia Devney não faltaria.


Eu sorrio com sua confiança absoluta nela. — Não, ela teria
caminhado se precisasse.

— Ela está sempre nos meus jogos.

— Ela é seu amuleto da sorte?

Ele franze os lábios. — Acho que não.

— Todos os jogadores têm algo que lhes traz sorte. Você tem
que descobrir qual é o seu e sempre tê-lo perto de você.

Seus olhos se arregalam. — Qual é o seu?

Eu coloco a mão no bolso de trás e tiro uma foto. — Isso tem


estado comigo em todos os jogos, treinos, torneios e testes.

Austin pega a foto muito usada e olha para ela. — Quem


são?

— Essa — digo ao apontar para a primeira pessoa na foto —


é minha mãe. Ela morreu quando eu tinha mais ou menos a sua
idade. Esta pessoa — aponto para o garoto à esquerda da minha
mãe — é meu irmão Declan, e estou ao lado dele. — Eu mudo
para as outras pessoas. — Esse é Jacob, que é ator.

— Seu irmão é o novo super-herói, não é?

— Ele é.

Jacob foi escalado para um papel no ano passado que


mudou sua vida. Ele passou de protagonista em alguns filmes de
baixo orçamento para ser um novo fenômeno de bilheteria, e seu
produtor, Noah Frazier, diz que está indo para ser o papel de uma
vida. Ele é o protagonista dos mais novos filmes de ação de super-
heróis que vão envolver pelo menos quinze filmes. Todos os heróis
vão se entrelaçar, e o primeiro filme, que foi lançado quatro meses
atrás, está seguindo para ser a maior bilheteria do ano.

— Isso é tão legal. Toda a sua família é! Você tem um irmão


que era um SEAL e aparentemente um grande herói porque
Hadley nunca se calou sobre ele. Você é um jogador de beisebol
famoso. Seu outro irmão é dono de toda Nova York, e então o
outro é um super-herói!

Eu rio porque, para um menino de nove anos, seria assim.


— Bem, eles são muito legais, mas você vê aquela pessoa ali?

Austin olha por cima do ombro, olhando mais de perto. —


Essa é a minha pessoa de boa sorte. Ela é a razão porque eu
carrego esta foto.

Austin aperta os olhos e então seus olhos brilham com


consciência. — Essa é a tia Devney!

— Isso mesmo. Estávamos todos juntos naquele dia, e essa


foto é de todas as pessoas que eu mais amo. Eles estão sempre
lá para mim, me fazem jogar mais duro, então eu os deixo
orgulhosos e eles me dão força quando eu preciso. Então, eles
são meu item da sorte, e mesmo que eu não possa tê-los
fisicamente no jogo, eles estão sempre comigo.

Ele olha para Jasper e, em seguida para mim. — Meus pais


e a tia Devney são meus.

— Temos sorte de ter pessoas assim, certo?


Sua cabeça balança para cima e para baixo.

— Mamãe, papai e tia Devney estão sempre lá. Eles me


amam mais do que qualquer coisa.

Jasper põe a mão no ombro de Austin. — Sua avó e avô


também.

— Mas eles não vêm aos meus jogos como vocês.

— Verdade — Jasper cede quando os companheiros de


equipe de Austin chamam seu nome. Depois que ele está fora de
alcance, Jasper se vira para mim. — Obrigado por isso.

— Pelo quê?

— Por dar a ele algo para se agarrar. Você conhece os prós


e os contras disso enquanto estou apenas tateando. Construí
carros quando tinha a idade dele, esportes nunca foi minha praia.
Devney provavelmente sabe mais sobre isso do que Hazel e eu
juntos.

Dev odiava esportes quando criança. Tenho certeza de que


alguma parte dela ainda odeia, mas ela sempre esteve comigo e
teve que aprender ou ficaria entediada.

— Estou muito feliz por estar aqui para as crianças. Sei


como é difícil ter grandes sonhos na idade deles. Se há alguma
coisa que eu possa fazer para ajudar, eu quero fazer isso.

— O truque que você ensinou a ele com o braço, ele o faz


todos os dias. Ele me fez limpar uma parte do celeiro para que
pudesse colocar um arremessador de volta lá, ele faz exatamente
o que você disse a ele, e ele está nisso há pelo menos uma hora
por dia.

Esse é o tipo de espírito que o levará a lugares. — Ele tem


uma ótima chance de jogar a longo prazo, se persistir.

— Você pode dizer isso na idade dele?

— Ele está jogando em um nível muito mais alto do que


deveria. Eu sei que é difícil de entender, mas a maioria das
crianças não consegue arremessar como ele ou acertar a bola tão
longe. Ele tem habilidades e habilidades naturais. Se ele
aperfeiçoar, ele irá longe.

Jasper sorri e depois me dá um tapinha nas costas. — Você


é um bom homem, Sean. Obrigado.

— Fico feliz em ajudar.

— No entanto, se você machucar minha irmã, vou quebrar


seus joelhos.

Tenho vontade de rir, mas não duvido por um segundo que


ele não cumprisse a ameaça. Se Deus tivesse dado uma filha para
minha mãe, meus irmãos e eu a teríamos protegido, ameaçado
qualquer homem que se aproximasse dela e teríamos feito muito
pior se eles a machucassem. Devney era uma espécie de nossa
irmã enquanto crescia, e eu entendo o que ele está dizendo. Ele
ama a irmã, já a viu ser machucada por um homem antes e não
quer vê-la passar por isso novamente.

Minhas costas se endireitam e eu o olho nos olhos.


— Eu a amo. Eu nunca vou machucá-la intencionalmente,
e se por alguma estupidez eu fizer algo para partir o coração dela,
você não terá que me encontrar para cumprir sua promessa.

Jasper acena com a cabeça uma vez. — Como eu disse, você


é um bom homem e espero que isso nunca aconteça.

— Eu também. Ela é tudo para mim.

Ele olha para onde Hazel e Devney estão sentadas. — Ela


me deu o mundo e eu devo tudo a ela.

Me viro para ele, tentando decifrar se ele está falando sobre


Devney ou Hazel, mas antes eu possa perguntar, o jogo está
começando e o beisebol se torna o nosso foco.
Devney

Estamos indo em direção ao hotel depois de uma grande


discussão sobre as condições das estradas. Não está tão ruim,
mas o meu namorado não quer dar chances, mesmo que todos,
exceto ele, quisessem ir para casa. Ele ligou para um lugar e
conseguiu dois quartos, insistindo que passássemos a noite.

— Eu sei que você está chateada, mas não é o fim do mundo.

— Eu nunca disse que era — eu respondo com meus braços


cruzados. — Nós deveríamos ir hoje à noite para a casa dos meus
pais e falar com eles. São apenas duas, as estradas estão limpas
e vamos para um hotel sem motivo.

Ele suspira, passando a mão pelo rosto.

— Por que ir lá é tão importante?

Porque eu queria falar mais do que apenas com meus pais.

É hora de contar a Sean tudo sobre meu passado. Ele


merece saber, e eu estou finalmente pronta para dizer a ele.

— Porque eu queria falar com você antes de irmos para lá.

— Então, por que você não pode fazer isso agora? Somos
apenas nós, querida.
— É apenas... eu não posso fazê-lo em um hotel, ou no
carro.

— Por que não?

— Eu realmente não tenho um grande motivo, mas... eu


quero que estejamos sozinhos e em nossa casa. Onde as paredes
não foram derrubadas.

— Você está começando a me assustar. Do que se trata?

Não vai ser assim que vou lhe contar tudo, mas eu preciso
deixá-lo saber a verdade de alguma forma.

— Você me perguntou há um tempo o que eu não estava lhe


contando.

— Certo.

— A questão é, eu confio em você. Eu sempre confiei, mas


eu não confio em mim. Eu não era capaz de dizer certas coisas
porque eu estava muito assustada para falar, mas eu amo você
de uma maneira que eu não sabia que era possível. Eu quero
falar sobre toda a parte do meu passado. Eu simplesmente não
posso fazer isso em um hotel.

Sean segura minha mão. — É realmente tão importante que


façamos isso esta noite?

— É, mas estou com medo — confesso.

Ele suspira e encosta no posto de gasolina. — Com medo de


mim?
— Não! Não, não de você.

— Então o quê? — ele pergunta depois que eu fico quieta


por alguns segundos. Como é que eu explico para ele do que eu
tenho medo? Não é que eu ache que ele não vai entender, porque
ele vai. Ele não vai me culpar por nada disso. O que Christopher
fez comigo foi horrível e ninguém me culpa por isso – bem,
ninguém além da minha mãe.

Ainda assim, guardei esse segredo, fiz o meu talismã para o


passado, e lutei para impedir que qualquer pessoa descobrisse
sobre isso.

Eu olho em seus olhos, que estão cheios de preocupação.

— Devney...

— Estou com medo de dizer as palavras.

O carro de Jasper para ao nosso lado, e Sean pragueja


baixinho. A janela desce e a voz do meu irmão quebra o silêncio.

— Vocês estão bem?

— Estamos bem. Você se sente confortável ao dirigir de


volta, ou quer ficar no hotel?

— As estradas parecem estar bem. Prefiro voltar. Os cavalos


precisam ser alimentados e eu tenho que verificar a lona que
colocamos no telhado do celeiro.

Sean olha para a estrada e depois para trás.


— Tudo bem. Devney também quer voltar. Ela estava
planejando ver seus pais.

— Bem, isso é motivo suficiente para ficar por aqui — ele


brinca.

Eu me inclino. — É sobre tudo, Jas. Está na hora.

Algumas semanas atrás, ele disse que estava na hora e ele


está certo. Sean é a primeira pessoa que amei o suficiente para
querer contar. Nunca me ocorreu contar a Oliver, o que me
mostrou o quanto Sean significa para mim.

Sean olha de Jasper de volta para mim. — Hora?

Jasper sorri. — Não é uma coisa ruim. Estou feliz que ela
finalmente vai se abrir com você.

— Bem, acho que também estou. — Sean balança a cabeça.

Eu odeio que nós estamos sendo deliberadamente obtusos,


mas eu não estava mentindo quando eu disse que não poderia
fazê-lo agora. Há coisas que você diz a alguém em um carro e há
coisas que não diz. Isso se enquadra na última categoria.

— Ok. — Jasper limpa sua garganta. — Nós vamos parar


para comer algo, mas vamos ligar para vocês quando chegarmos
em casa.

— Parece bom. — Sean abre a janela e acenamos para eles


enquanto voltamos para a estrada.
— Vamos voltar para nossa casa primeiro para conversar e
depois ir para os seus pais.

— Tudo bem.

A viagem de volta é tensa e silenciosa. O foco de Sean está


na estrada e o meu em meus sentimentos. Uma hora parece um
dia inteiro, e eu tenho um nó do tamanho do Texas em meu
estômago que cresce mais a cada quilômetro que nos
aproximamos.

Por tantos anos, evitei me sentir assim em relação a Sean,


e foi tão estúpido da minha parte. Eu deveria ter visto como ele é
incrível e como somos perfeitos um para o outro. Eu o amo muito
mais do que eu jamais imaginei ser possível.

Chegamos à entrada Sean estaciona o carro.

Ele olha para a placa, as mãos firmemente no volante.

— Qual é a única verdade sobre uma flecha? — Eu digo,


porque sei que é o que ambos precisamos ouvir e odiar mesmo
tempo.

— Só porque você não acerta no alvo, não significa que as


outras flechadas não contam.

Há um tom áspero em sua voz, que soa um pouco como


pavor. Eu o coloquei lá, mas sou eu quem está apavorada mais
do que ele jamais poderia imaginar.

Sean se vira para mim, seus olhos cheios de perguntas.


— Qual é a única verdade sobre uma flecha, Dev? — Deus,
como minha verdade é adequada. Minha mão levanta para limpar
as linhas de preocupação entre suas sobrancelhas.

— Esqueça a última flecha, porque apenas a próxima


flechada conta.

— O que quer que esteja em seu passado é apenas isso... a


última flecha.

Como eu gostaria que isso fosse verdade. — Sean...

— Não, eu só preciso dizer isso antes de você me dizer o que


quer que seja.

Ele faz uma pausa e eu aceno.

— Eu te amo. Seja lá o que você tenha a dizer para mim não


mudará isso. Eu sei que há mais na história do seu ex. Você não
iria viver a maneira que você fez se não houvesse. Não posso
prometer que não vou ficar bravo, mas não com você – por você.
Compreende?

Meu coração está batendo forte e uma lágrima cai pela


minha bochecha. Ele diz isso, mas será que ele ainda vai sentir
dessa maneira depois que eu disser a ele? Ele ainda vai me amar?
Deus, eu espero que sim porque se perdê-lo será impossível viver.

Aqui estou, pela primeira vez, apaixonada pela pessoa certa


na hora certa, e os segredos que guardei podem mudar a maneira
como ele vê as coisas. Eu menti para ele por tanto tempo.

— Espero que você queira dizer isso.


Ele se inclina e beija meus lábios suavemente.

— Você pode contar comigo, Devney. Sempre foi assim e


sempre será.

É como se ele tivesse algum código em meu coração. Ele


disca para tudo que eu preciso e é capaz de dar para mim.

— Vamos entrar e conversar. — Quando estamos perto de


estacionar o carro, meu telefone toca. Eu olho para baixo e vejo
o número da minha mãe. Eu não posso fazer isso agora. Se eu
falar com ela, eu nunca vou superar essa parte com Sean e é
importante que falemos primeiro.

— Quem é?

— Minha mãe.

Eu me movo para colocar meu telefone na minha bolsa, mas


a campainha toca novamente.

— É o número do meu pai desta vez — digo a Sean.

— Atenda.

— Eu ligo para eles mais tarde.

Eu silencio o telefone, e saímos do carro, mas em seguida,


o telefone de Sean toca.

Nós dois olhamos um para o outro enquanto caminhamos


pela neve e chegamos à varanda. Ele olha para baixo.

— É o seu pai.
— Por que eles ligariam para você?

— Eu não faço ideia. Eu vou atender.

— Ok. — É claramente importante, se a minha mãe me ligou


e meu pai está ligando para ele.

Ele passa o dedo no telefone para atender.

— Olá? — Eu vejo enquanto ele se move em direção à porta.

— Sim. Certo. — Ele para de se mover e suas costas ficam


retas.

— Onde? — Eu me aproximo dele, tentando ouvir, mas Sean


caminha para o outro lado da varanda.

— Quanto tempo? — O medo começa a invadir meu corpo


enquanto ele se afasta de mim e evita ativamente olhar em minha
direção.

— Estamos a caminho.

— Sean? — Minha voz está trêmula. — O que aconteceu?

Quando Sean gira para olhar para mim, há uma tristeza em


seus olhos, e eu sei que algo aconteceu. Algo que tem ele
aterrorizado. Meu corpo treme e não tem nada a ver com o frio.

— Aconteceu um acidente.
Devney

Não me lembro como cheguei aqui. Só que Sean dirigia e


nenhum de nós falou. Eu podia senti-lo olhando para mim, senti
o gosto da preocupação na cabine da caminhonete, mas não
estava ciente de qualquer outra coisa. Nada além da passagem
do tempo.

Sessenta e três minutos desde que ele disse as palavras que


me deixaram entorpecida e apavorada.

— Houve um acidente.

Eu ouço isso repetidamente na minha cabeça e tento


envolver minha mente em torno do resto.

— Quem?

— Jasper. O carro bateu no gelo e capotou várias vezes.


Temos que ir.

— Eles estão bem?

— Eu não sei. Entre no carro, nós estaremos lá o mais rápido


possível.

E aqui estamos.
— Você é a Sra. Maxwell? — O policial pergunta quando
entramos na sala.

— Sim.

— Eu sou o delegado Reston. Eu estava na cena do acidente.


— Meu coração começa a saltar enquanto eu o olho e a mão de
Sean pressiona minhas costas.

— O que você pode nos contar?

O policial olha para Sean por um segundo e diz: — O carro


bateu no gelo negro, o motorista perdeu o controle e os danos são
extensos. A passageira foi ejetada do veículo, nós a encontramos
a cerca de três metros do carro.

Oh meu Deus. Minha mão voa para minha boca quando


sinto meus joelhos dobrarem.

— E quanto ao menino? — Eu pergunto, minha voz falhando


no final.

— Ele estava consciente quando o encontramos. Nós fomos


capazes de tirá-lo, o tempo todo falando e o mantendo calmo. Ele
sofreu uma lesão e está atualmente em cirurgia, mas não foi fatal.

Estou apenas ligeiramente ciente de que os braços de Sean


em volta de mim são as únicas coisas que me mantém de pé.

— E quanto a Jasper, o motorista?

— Tanto o motorista quanto a passageira estavam... eles


estavam em estado crítico quando chegaram. O motorista estava
preso, e tivemos que cortar o carro para retirá-lo. Eu não sei mais
do que isso. — Sean me puxa contra o peito.

— Entendo, mas o menino estava bem?

— Sim, Sr. Arrowood, eu estava falando com ele quando o


tiramos do carro. — Lágrimas caem e eu me inclino contra Sean,
precisando de sua força mais do que nunca. — O acidente
poderia ter acontecido horas antes de outro motorista o encontrar
e ser capaz de pedir ajuda, mas nós fizemos tudo o que podíamos.

Sean esfrega minhas costas, minha cabeça começando a


ficar confusa e incapaz de pensar mais.

— Obrigado.

— Se precisar de alguma coisa — o oficial deixa o


comunicado em aberto.

— Nós agradecemos.

Ele sai, e Sean me guia até o sofá ao lado da sala e se agacha


na minha frente. — Não poderia ter sido horas, Dev, porque
tínhamos acabado de chegar em casa.

Eu concordo. — Certo.

— É uma coisa boa. Seja positiva.

— Certo.

O dedo de Sean enxuga uma lágrima. — Vou verificar se há


alguma atualização. Eu te amo.
— Eu te amo.

Eu não consigo pensar. Parece que tudo é demais. Meu


irmão e minha cunhada estão lutando por suas vidas e eu não
posso fazer nada. Eu daria qualquer coisa para isso ser um sonho
ruim. Eu me sento, me sentindo tão sozinha em meu terror. Eu
não posso perdê-los. Eles significam tudo para mim e tenho
muitas coisas a dizer a eles.

A sala de espera está fria e silenciosa. Há uma televisão no


canto, mas não tenho ideia do que está acontecendo. Eu fecho
meus olhos e faço algo que não faço há muito tempo, eu oro.

Deus, se você está ouvindo, por favor ajude minha família.


Por favor, não os tire de mim. Eu sei que te decepcionei. Eu não
tenho feito o que eu deveria, mas se você pode apenas me dar isso,
eu juro que eu vou fazer melhor. Você tem que salvá-los. Eles são
os melhor de nós. Jasper precisa estar lá para ver Austin crescer.
Hazel precisa abraçá-lo mais. Por favor. Por favor. Eu lhe peço, não
deixe eles morrerem. Não porque eu não quis ficar no hotel. Não
porque eu sou egoísta.

— Querida. — Sean segura minha mão e faço o possível para


me concentrar nele. — Você está tremendo.

Eu não tinha percebido. Eu não sinto nada, além de medo.


Eu não posso perdê-los. Eu não posso... viver com isso.

— As enfermeiras disseram alguma coisa?

— Não. Apenas o que sabemos. Cirurgia e nenhuma


atualização ainda. Os médicos sairão assim que puderem.
Ele me puxa para o seu lado, esfregando a mão para cima e
para baixo no meu braço, tentando me aquecer.

— Eu fiz isso — digo as palavras que têm sido minhas


companheiras nas últimas horas.

— O quê?

Meu estômago revira a bile sobe na minha garganta. — Eu


nos fiz dirigir. Você queria ficar a noite, e eu não quis. Eu queria
conversar, eu fui egoísta.

— Devney, não.

— Sim. Se algo acontecer com eles...

Ele se move de modo que ele está de cócoras na minha


frente. — Você não fez isso. Foi o gelo. As estradas pareciam bem
e seu irmão e eu julgamos mal. Não coloque essa culpa em você.

Não vejo como posso fazer isso. Eu me sinto responsável.


Jasper teria nos seguido de volta ao hotel, mas eu não queria,
então ele disse que estava tudo bem em dirigir.

Sean afasta o cabelo que caiu no meu rosto. — Não importa


o que aconteça, não foi sua culpa, e quando eles saírem disso,
eles vão te dizer o mesmo.

Eu gostaria de ter seu nível de fé.

— Devney! — A voz da minha mãe é alta quando ela entra.


— Você soube de alguma coisa?

Eu balancei minha cabeça.


— Nada ainda. Eles estão todos em cirurgia. Os ferimentos
de Austin não são fatais, mas os de Jasper e Hazel, sim. Fora
isso, estamos apenas esperando.

— Oh, como isso pode acontecer? — Ela flutua ao redor da


sala, a energia nervosa rolando sobre ela em ondas. — Por quê?
Por que isso está acontecendo?

Eu fico de pé e a puxo com força. Não consigo imaginar o


que ela deve estar sentindo. Não importa os problemas que
temos, não quero que ela sofra. — Me desculpe, mamãe. Nós
apenas temos que ser fortes.

Ela enxuga os olhos. — Eu sei, querida. Me desculpe. Eu só


que… eles nunca deveriam ter ido naquele torneio idiota.
Beisebol! — Suas mãos voam no ar. — Tudo por causa do
beisebol. Eu juro, eu poderia gritar. Ele é meu filho. Ele está...
eles são meus... não posso perdê-los por causa de um jogo!

Eu também, mas a necessidade de defender Jasper


aumenta em mim. — Jasper e todos os outros sentiram que as
estradas estavam bem.

Ela afunda na cadeira. — Se isso fosse verdade, não


estaríamos aqui.

— Eu sei.

Sean me dá um sorriso suave e depois olha para minha mãe.

— Sra. Maxwell, você precisa de alguma coisa? Você está


com sede?
— Meu doce homem, nada. Eu só preciso que meu filho,
minha filha e meu neto estejam bem. Isso é tudo.

— Vou pegar um pouco de chá para vocês, então vocês duas


podem sentar. — A voz dele é apaziguadora, mas funciona. —
Isso deve ser incrivelmente difícil para vocês.

Mamãe se move ao meu lado e pega minha mão na dela. —


Eles vão ficar bem, não vão?

Eu olho para cima, as lágrimas borrando seu rosto. — Eles


têm que ficar.

Um momento de compreensão passa entre nós e as brigas,


farpas e raiva desaparecem. Ela é minha mãe novamente. A
mulher que me segurou quando eu estava com medo, lia histórias
para mim todas as noites e me ajudou a aprender a amar.

— Mãe...

Ela me puxa contra o peito. — Shh, vai ficar tudo bem,


Devney. Vai ficar tudo bem. Somos fortes e vamos superar isso.
Eles vão precisar de ajuda, mas nós podemos cuidar disso.

Minha mãe me segura quando eu caio em pedaços. Eu choro


pelo meu irmão, sua esposa e Austin. Eu penso sobre a longa
estrada à frente deles e o quanto preciso deles. Eles são minha
família e eles me salvaram quando eu estava quebrada.

Apesar de tudo que aconteceu, Hazel e Jasper foram quem


me mantiveram junto. Seu amor, compreensão e amizade são o
motivo de eu ficar em Sugarloaf. Devo a eles mais do que jamais
poderia pagar.

Sean retorna com uma xícara de café para mim e chá para
minha mãe. Mais alguns minutos se passam e meu pai entra.

— Alguma novidade?

Todos nós balançamos nossas cabeças.

— Nada ainda.

Papai vem para mim, beija o topo da minha cabeça, então


ele senta, assim ele pode segurar a minha mãe, e nós falamos
sobre o acidente. Sean transmite as informações de maneira clara
e com muito mais autoridade do que eu jamais poderia. Eu
estaria no chão em lágrimas se não fosse pelo seu braço apertado
em volta de mim.

— Vai ficar tudo bem — ele me diz novamente.

— Você não sabe disso.

Ele levanta meu queixo para que seus olhos perfurem os


meus. — Não importa o que aconteça, vai ficar tudo bem. Eu
estarei bem aqui e vou amar você durante cada momento.

Meus lábios se abrem para contar a ele o segredo que tenho


guardado. Ele precisa saber, agora mais do que nunca.

Quando estou prestes a contar a ele, minha mãe agarra


minha perna enquanto se levanta. Eu me viro para ver o que
chamou sua atenção e então estamos todos de pé quando um
cirurgião entra na sala.

Nós quatro esperamos, prendendo a respiração coletiva


enquanto ele se aproximava. — Vocês são a família Maxwell?

— Somos nós. — Diz meu pai, dando um passo à frente.

— Eu sou o Dr. Eacker — diz o cirurgião. — Eu operei


Austin. Em primeiro lugar, quero dizer que a cirurgia correu bem.
Seus ferimentos não eram críticos, mas precisávamos definir a
fratura em sua perna imediatamente. Exigiu pinos, mas poderia
ter sido muito pior. Ele vai precisar de reabilitação, mas espero
uma recuperação total. Seus outros ferimentos foram leves.
Existem alguns cortes e contusões, mas ele teve sorte. Vocês
poderão vê-lo quando ele acordar.

Eu poderia cair de joelhos em gratidão. — Graças a Deus.

— Alguma notícia sobre meu filho ou nora? — Mamãe


pergunta.

— Quando verifiquei pela última vez, eles ainda estavam em


cirurgia. Vou ver se consigo obter alguma atualização.

Meu pai puxa minha mãe e eu para um abraço. Posso sentir


uma leve mudança no clima, o alívio percorre a sala. Austin ficará
bem.

Ele vai se recuperar, e agora só precisamos ouvir boas


notícias sobre Jasper e Hazel.
Os minutos passam, e ninguém sai. Eu observo a porta, me
sentindo ansiosa, meu estômago apertado. O gosto metálico em
minha boca aumenta junto com meu medo.

Vinte minutos se passam. Trinta minutos.

Em seguida, uma hora e ainda nenhuma notícia.

— Por que está demorando tanto? — Eu pergunto a


ninguém.

— Tenho certeza de que eles estão trabalhando e não podem


nos atualizar. — Diz papai enquanto verifica a porta novamente.

Mamãe segura minha mão na dela. — Nenhuma notícia é


boa notícia.

Talvez, ou está prestes a ser uma notícia horrível. De


qualquer forma, minha mente vai viajar por um milhão de
caminhos de e se. Cada vez que começo a virar, tento me
concentrar no fato de que Austin está bem, e talvez isso signifique
que não levou muito para que seu carro fosse encontrado. Eu sei
que cada minuto é importante, e eu tenho esperança de que o
tempo estava ao nosso lado.

Meu pai caminha em círculos enquanto eu me encolho a


cada segundo que passa. Há algo reconfortante em ver o ponteiro
pular a cada segundo.

A cada sessenta segundos, ele se moverá.

A cada sessenta minutos, o ponteiro pequeno seguirá.


É a única coisa de concreto nesta sala agora.

Não temos ideia de quão grave foram os ferimentos do meu


irmão ou cunhada ou se eles vão sobreviver. Não sabemos se eles
estão brigando ou desistindo, mas tenho que acreditar, por
Austin, que eles nunca vão parar de tentar. Eles o amam mais do
que suas próprias vidas.

O grande ponteiro se move novamente e eu conto... um...


dois... três...

Quando chega aos cinquenta e seis, dois cirurgiões entram


na sala de espera. Seus olhos estão abaixados, o cansaço
claramente definido em seus ombros caídos, e o pavor toma conta
de mim com tanta força que não consigo suportar.

Seus olhos encontram os nossos, gotas de suor em suas


testas, e ambos parecem abatidos.

Tudo parece acontecer em câmera lenta. Eles ficam em


frente a nós, cabeças balançando para trás e para frente, e um
dos médicos apoia a mão no ombro do meu pai. Eu vejo as pernas
da minha mãe fraquejarem, e meu pai a puxa para si quando um
soluço se quebra. Observo os lábios do médico tremerem um
pouco, e seu pesar enche cada molécula da sala.

Posso ouvir o som da porta automática abrindo e fechando


enquanto as pessoas saem. Tudo isso se grava em minha mente.

Cada detalhe se torna mais claro conforme meu mundo se


ajusta.
— Nós tentamos — diz o primeiro médico. — Eles estavam
em péssimas condições e fizemos tudo o que podíamos.

O próximo tenta consolar minha mãe.

— A perda de sangue foi muito grande e o dano no baço de


Jasper foi muito extenso para ser reparado. O dano cerebral que
Hazel sofreu durante a ejeção foi grave.

Meu pai continua a desmoronar quando eu sento, incapaz


de mover ou falar.

Os soluços de mamãe são silenciados contra seu peito


enquanto ela se agarra a ele.

O pior aconteceu. Meu irmão está morto.

Minha cunhada está morta. Eles foram embora.

E então, a única coisa que poderia me tirar disso vem


correndo.

— Austin! — Eu grito.

Sean está de pé, tentando me alcançar enquanto corro para


fora da sala. — Devney, pare.

— Ele precisa de mim! — Eu digo enquanto as lágrimas que


eu pensei que tinham secado voltam com força total.

— Ele precisa que eu esteja lá. Ele não pode ficar sozinho.
Ele não pode acordar sozinho!

Ele pega meu rosto em suas mãos. — Ok. Nós iremos, mas...
— Não, ele não pode. Ele tem que ouvir isso de nós. Ele vai
ficar tão assustado. — As lágrimas caem como chuva.

— Tudo bem, apenas respire, querida. Eu prometo,


estaremos lá.

— Oh, Deus! — Eu choro tanto que mal posso respirar


enquanto Sean me puxa contra ele.

Meu irmão era um grande homem, um dos meus melhores


amigos, e agora ele se foi. Nunca mais vou falar com minha
cunhada, mas há muitas coisas que eu gostaria de dizer. Eu
fecho meus olhos, permitindo que a tristeza caia sobre mim.

— Calma, amor, estou bem aqui. — Murmura Sean em meu


ouvido.

Eu me agarro a ele como se ele fosse tudo que me mantém


inteira.

— Eu preciso de você.

— Você me tem.

Meus olhos continuam a jorrar com lágrimas que caem


antes que eu possa detê-las. Limpo outro conjunto e viro para o
médico.

— Eu preciso de ver Austin.

— Devney. — Mamãe me chama. — Por favor.

Eu reprimo toda a emoção que está ameaçando me dominar


e me forço a permanecer forte. Austin precisa de mim. Ele tem
que ouvir isso, e ele tem que saber que ele tem pessoas ao seu
redor, que serão fortes para ele. Ele é apenas um menino que está
prestes a descobrir que perdeu seus pais.

Jasper, Hazel e eu discutimos a possibilidade, como a


maioria dos pais fazem quando faz seu testamento.

Agora sou sua guardiã.

— Tem que ser eu, mãe.

Lágrimas caem pelo seu rosto e ela concorda. Ambas


sabemos por quê.

— Claro, ele deve acordar muito em breve — diz o médico.

Meu coração está batendo forte e minha garganta está


fechando. Eu não sei como eu vou dizer as palavras para ele. Isso
nunca deveria acontecer, mas aconteceu, e eu tenho que manter
minha promessa a meu irmão.

Sean me puxa de volta para ele, me mantendo em seu calor.

— O que você precisar, Devney, estou aqui.

Ele diz sem saber que toda a minha vida mudou em apenas
algumas horas. Eu tenho que fazer ele entender que eu não estou
mais livre. Austin é tudo que importa.

— Sean...

— Você não precisa dizer nada.


— Eu preciso. Eu tenho que explicar. Quando Jasper e
Hazel redigiram seu testamento, eles me nomearam como a única
guardiã de Austin se algo acontecesse com eles.

Ele solta um suspiro e toca meu queixo.

— Eu percebi. Eu também sou o guardião para Hadley e


Bethanne. Eu entendo o que isso significa.

— Não. — Eu suspiro e recuo. — Você não entende. Você vê,


mas você não entende. — O pânico está crescendo dentro de mim
enquanto a enormidade da situação cai em alta definição
colorida. — Você não consegue entender porque não sabe o por
que eles me escolheram.

— Claro que eu sei. Você é tia dele.

Eu olho em seus olhos verdes, minha visão turva enquanto


as lágrimas e a verdade derramam. — Eu sou sua mãe biológica.
Devney

Ele não disse uma palavra desde que contei a verdade,


alguns minutos atrás. Logo depois que eu disse, o médico nos
conduziu de volta ao quarto de Austin. Agora, estamos parados
na porta, ouvindo o bip das máquinas e observando o garotinho
de aparência frágil dormindo na cama.

A perna de Austin está envolta em uma cinta elevada. A


recuperação será difícil, mas farei todo o possível para tornar isso
mais fácil para ele.

Primeiro, tenho que partir seu coração e rezar para que meu
amor seja forte o suficiente para ajudar a curá-lo.

— Você vai entrar? — Sean pergunta, o tom de sua voz me


faz encolher um pouco.

Havia um milhão de maneiras melhores de como hoje


poderia ter terminado. Meu irmão poderia ter ficado no hotel,
vivo, e as peças teriam caído da maneira certa ao contar a Sean
sobre o meu... meu filho.

Mas isso não aconteceu. Em vez disso, posso ter estragado


tudo.
Eu olho para ele, seus cílios grossos emoldurando aqueles
incríveis olhos verde-esmeralda que estão distantes.

— Eu não quis dizer isso...

— Agora não. Não quando ele precisa de você. — Nós


voltamos para onde Austin se encontra.

— Precisamos conversar, no entanto.

Ele concorda.

— E nós vamos, mas agora, existem coisas mais


importantes do que você e eu resolvendo nossos problemas.

Eu sei que o machuquei. Posso sentir a tensão crescendo


entre nós. Eu tenho mantido isso dele por dez anos, e eu só
espero que ele entenda uma vez que ele saiba toda história.

Primeiro, preciso lidar com a situação em questão.

— Ele deve acordar logo. — A enfermeira diz baixinho


enquanto se aproxima.

— Se você quiser ficar ao seu lado, pode o ajudar ao ver um


rosto familiar.

A mão de Sean toca minhas costas e eu o deixo me guiar


para dentro do quarto. Como a despedida do mar, ficamos um
em cada lado dele. Meu peito dói quando olho para o pequeno
menino que amo mais do que minha própria vida.

— Ele não merece nada disso. Ele deveria estar montando


seu cavalo na neve, jogando a bola com seu pai e planejando
maneiras de se meter em problemas — diz Sean enquanto
empurra o cabelo de Austin para trás.

— Não, ele não merece nada disso.

Sua felicidade e sua chance de uma boa vida são as razões


que eu suportei tudo isso. O que eu poderia lhe dar aos vinte
anos não se compara a vida que Jasper e Hazel lhe
proporcionaram. Eles eram capazes de sustentá-lo e criá-lo da
maneira que eu queria que ele fosse criado.

Nunca houve discórdia ou infelicidade para ele. Austin era


amado e cuidado em todos os sentidos.

Eu tive sorte que perder meu filho significava ganhar um


sobrinho que Hazel e Jasper amavam como seu próprio filho. Eles
queriam que eu o amasse. Eles me imploraram para voltar a
Sugarloaf, ser tia dele e vê-lo crescer.

Por mais difícil que tenha sido, eu consegui, e foi o maior


presente que eles já me deram.

— Austin — chamo seu nome com toda a ternura que


possuo. — Está tudo bem, menino. — Eu corro minhas mãos por
seu cabelo e, em seguida, acaricio seu doce rosto.

Por mais que eu queria ver seus olhos, não quero. Quando
ele acordar, ele vai ter perguntas, e as respostas não são o que
eu quero dar.

Não há maneira fácil de dar notícias assim a alguém. Isso


deve ser feito com muito cuidado.
Eu olho para Sean e seu olhar encontra o meu. — Ele não
sabe e não podemos dizer a ele.

Ele respira pelo nariz e depois olha para baixo.

— Eu não diria nada. Estou aqui apenas para apoiar.

Eu me pergunto o quanto um coração pode se partir antes


de simplesmente desistir. Vou sofrer mais perdas do que posso
suportar hoje.

— Sinto muito, Sean. — Antes que seja tarde demais e tudo


fique muito turvo, eu digo.

— Eu sei.

— Você sabe? — Sean concorda.

— Você sabe que eu amo você? — Eu pergunto, com minha


voz falhando.

Ele estende a mão para onde minha mão repousa no ombro


de Austin e torce nossos dedos.

— Eu também sei disso.

Espero que seja o suficiente. Eu preciso dele, e esses


próximos meses serão um teste que nenhum de nós está pronto.
Nenhum casal que está começando a vida juntos deveria passar
por uma tragédia como essa. Somos fortes, mas não tenho ideia
se somos fortes o suficiente.

Temos muito a trabalhar.


Austin se move um pouco e nossos dois olhares se voltam
para seu rosto. Ele solta um pequeno gemido e eu pego sua mão
na minha. — Está tudo bem, amigo.

Depois de mais alguns segundos, ele abre os olhos, e o


marrom com reflexos amarelos encontra os meus. — Tia?

Lágrimas correm pelo meu rosto enquanto sou engolida pelo


alívio de vê-lo acordado.

— Oi, doce menino.

Eu levo sua mãozinha aos meus lábios. Ele está bem. Eu sei
que tudo ao nosso redor está ruim, mas neste segundo, eu me
permito sentir um pouco de alegria por Austin não ter partido
também.

Ele olha para Sean. — Ei, homenzinho.

O sorriso de Austin ao ver Sean fez meu peito apertar.

— Onde estão mamãe e papai?

Sean toca o topo de sua cabeça. — Do que você lembra?

Ele olha em volta. — Eu estava no meu telefone e então... —


Austin suspira e eu aperto sua mão com mais força.

— Está tudo bem, Austin.

— O acidente. Estávamos voando. Eu lembro... me lembro


de papai gritando e depois houve gritos. — O corpo de Austin
começa a tremer.
— Shhh — tento acalmá-lo. — Você não precisa dizer nada,
apenas respire.

— Mamãe? Papai?

Uma lágrima cai no meu rosto, e eu uso cada fragmento de


força que tenho para me manter inteira.

— O acidente foi grave. Sinto muito, Austin. Eu sinto muito.


Eles tentaram, mas eles...

— Não! — Ele grita enquanto tenta arrancar sua mão do


meu aperto. — Não! Eu preciso vê-los! Papai estava bem. Ele
estava falando comigo.

Um soluço sai de sua garganta e eu quero gritar e chorar,


mas seguro sua mão com mais força.

— E ele lutou muito. — Eu limpo as lágrimas que continuam


a cair.

— Eu sei que isso é difícil. — Sean fala através de suas


próprias lágrimas. — Eu sei como você deseja fazer tudo isso
parar, e nós desejamos que isso fosse possível. Seus pais amavam
muito você.

Austin chora mais forte, seus dedos agarram os meus com


mais força.

— Sei que você está sofrendo e não há problema em chorar


e ficar com raiva. — Digo a ele.
— Eu estou aqui. Sean está aqui. Nana e Pop estão aqui.
Nós amamos muito você, e iremos fazer tudo que pudermos

Ele não diz nada enquanto soluça, virando a cabeça de um


lado para o outro. — Papai estava falando... ele disse que iria ficar
tudo bem...

— Ele queria que ficasse tudo bem. — Responde Sean.

— Ele disse que eu tinha que lutar. Eu tinha que ser forte.
Ele disse que assim que a ajuda chegasse, estaríamos bem. Por
quê? Por que ele não está bem?

Meu queixo treme e me sinto tão vazia.

— Eu não sei. Eu não sei, e eu queria que ele pudesse estar


bem. Eu queria que ele estivesse de pé com a gente agora, lhe
dizendo que ele estava bem.

Meu irmão deve ter lutado até o fim. Ele nunca iria permitir
que Austin se sentisse sozinho ou com medo se ele pudesse
ajudá-lo. Eu imagino meu irmão e Austin presos no carro
amassado, sem conseguir se mover, mas ele diz a ele como ele é
corajoso e para permanecer forte. Jasper teria dito ou feito
qualquer coisa para impedir Austin de perder a esperança.

Austin chora e então agarra sua perna.

— Você está com dor? — Sean pergunta.

Ele acena com a cabeça e eu aperto o botão da enfermeira.


Ela vem rapidamente com medicamentos para dor depois de
explicar o que está errado.
— Em alguns segundos, isso vai ajudar com a dor. — Seus
olhos encontram os nossos, simpatia clara em seu rosto. Não
importa a dor física que ele sinta, a emocional é muito maior.

Beijo o topo da cabeça de Austin e murmuro em seu ouvido


sobre o quão forte ele é e como vamos superar isso.

Ele chora. Eu choro.

E então, depois de mais alguns minutos, seus olhos se


fecham e ele adormece.

Sean caminha em direção à janela, sua mão enxugando o


rosto enquanto olha para fora.

— Esse garoto nunca mais vai ser o mesmo. — Ele diz sem
se virar para mim.

— Não, nenhum de nós vai.

— Perdi minha mãe na idade dele, e isso alterou o curso da


minha vida. Tudo muda quando você perde um dos pais. Tudo.

Tudo vai mudar para todos nós. Eu movo em direção a ele,


com a necessidade de tocá-lo, de segurá-lo e de sentir o conforto
que ele dá, mas antes que eu possa chegar a ele, há uma batida
na porta.

Viramos para ver meus pais lá.

— Ele já acordou? — Papai pergunta.

— Sim. Nós contamos a ele.


As mãos da mamãe cobrem sua boca, mas ainda posso ouvir
seu choro abafado.

— Gostaríamos de nos sentar com ele. — Explica papai.

— Claro.

Sean e eu andamos para fora do quarto porque nós sabemos


não há nada que possamos fazer dentro daquele quarto, desde
que Austin está dormindo. Posso sentir a tensão rolando lá
dentro e meu namorado muito afetuoso parece está a quilômetros
de distância. Eu sei que ele está ferido, e ele tem o direito de estar.
Mas eu fiz o que precisava ser feito, a fim de proteger a minha
família e agora eu tenho que fazer isso novamente.
Sean

Eu toco nela? Seguro sua mão? Será que ela me quer perto
dela? Eu me faço um milhão de perguntas enquanto nós fazemos
nosso caminho de volta para a sala de espera. Até uma hora
atrás, essas não eram coisas sobre as quais eu me perguntava.
Eu simplesmente sabia.

Eu a conhecia. Eu nos conhecia.

E agora, nada faz sentido.

— Eu sou sua mãe biológica.

Ela não pode ser sua mãe. Não é verdade... Jasper e Hazel...

Encontramos uma sala vazia e nos sentamos.

Seus olhos castanhos, que são semelhantes aos de Austin,


olham de volta para mim. Eu nunca percebi antes. Eu não estava
procurando por semelhanças sutis na forma ou na cor dos seus
olhos. Quando estávamos lá, comecei a procurar por mais coisas
que não notei antes. Seu nariz é quase do mesmo formato e a cor
de cabelo deles é bem próxima.
— Por favor. — A voz de Devney está implorando. — Diga
algo. Sei que você está chateado. Eu sei que tudo isso é um
choque e eu...

— Ele é seu filho? — Eu pergunto, apenas no caso de eu ter


entendido errado.

— Sim.

Ela se levanta e dá um passo em minha direção, olhos


implorando para eu entender.

— Ele é meu filho biológico, mas não, porque ele não é meu
filho. Ele era filho de Jasper e Hazel.

— Entendo.

A dor me enche. Chame isso de egoísmo. Chame isso de


ridículo, mas está lá. A mulher que amo, para quem contei meus
segredos, não fez o mesmo. Ela não confiou em mim e estou ferido
pra caralho. Não há um segredo no mundo que ela poderia ter
me contado que me faria amá-la menos, nem mesmo isso. Mas
ela não me disse até que não tivesse outra escolha.

Tenho uma sensação de traição que não tenho o direito de


sentir.

Devney se aproxima ainda mais.

— Eu sinto muito. É sobre isso que eu queria falar hoje à


noite. Eu tinha um plano para explicar. Eu sei que eu escondi
isso de você, e muitas vezes eu só queria falar com você, mas para
proteger a todos, eu não podia.
— Eu te contei tudo. — Minha voz está um pouco mais tensa
do que eu gostaria. Eu estou com raiva, mas não pela razão que
ela provavelmente pensa. É mais que eu tinha esta crença de que
uma vez que eu contasse a ela sobre o acidente, não teria
nenhum segredo entre nós. Nada foi como eu pensei.

— Eu sei. Eu deveria ter contado, mas eu tinha que falar


com Jasper primeiro. Não era apenas sobre mim ou você. Eu
nunca quis que você descobrisse dessa maneira.

A dor em seus olhos é demais para suportar. Ainda assim,


preciso ouvir. Eu mantenho minha voz calma e pego sua mão na
minha. Eu não sei se eu estou tentando confortá-la ou eu mesmo,
mas eu a conheço há mais de vinte anos, e eu a amo até as
profundezas da minha alma. Eu não posso assistir seu choro,
não quando eu a vejo tentando ser corajosa.

— Estou apenas confuso, Dev. Como você pôde carregar um


bebê por nove meses e nunca me dizer? Como você pôde esconder
isso de mim?

— Não foi fácil. Na verdade, foi a coisa mais difícil que já fiz.
Houve tantas noites em que peguei o telefone para ligar para você.
Eu só consegui conectar a chamada uma vez, mas eu estava tão
chateada que me acovardei e acabei contando outra mentira do
porque eu estava tão quebrada. Você lembra?

Eu penso, tentando me lembrar de uma época em que ela


estava uma bagunça há dez anos.
— Foi quando você disse que queria que eu fugisse com
você?

Ela concorda. — Eu implorei. Eu estava muito além de


quebrada. Eu só queria alguém que fizesse eu me sentir melhor
e liguei para você.

Porra. Eu fui como um escape para ela naquela época. Achei


que ela só estava com saudades de casa e me lembro de tentar
acalmá-la. — Eu não sabia...

— Não era para ser. Foi naquela noite que eu decidi dar ele
para o meu irmão. Eu estava... eu não sei, eu simplesmente não
conseguia lidar com as emoções.

E por ela, eu tenho que lidar com as minhas agora. Ela está
quebrando, em um mar de dor e incerteza, e não serei a razão
dela cair ainda mais. Eu a quero mais do que qualquer coisa
neste mundo, e quero que ela confie em mim. — Você vai me
contar tudo?

Lágrimas caem pelo seu rosto enquanto ela corre para meus
braços. Eu a seguro com força, beijando o topo de sua cabeça e
inalando tudo o que é Devney.

Não sei quanto tempo ficamos assim, mas quando ela se


afasta, sei que não foi o suficiente.

Ela pega minhas mãos e respira fundo.

— Quando eu estava com Christopher, nós tínhamos


algumas regras. Nós só ficávamos no meu apartamento ou em
um hotel, nós não íamos a qualquer lugar juntos, o que fazia
sentido no momento desde que a nossa relação era proibida. Mas
depois de cerca de sete meses, as coisas estavam... diferentes. Eu
não tinha permissão para ligar em determinados dias ou ele iria
romper os planos comigo no último minuto. Foram apenas
pequenas coisas que me deixaram desconfortável. Em seguida,
ele mudou seu número de telefone sem motivo, e havia uma
sensação estranha no meu intestino que não aliviava de forma
nenhuma. Então, eu o segui, e foi quando a vi. A esposa dele. Ela
estava parada na porta, sorrindo para ele, e ele a agarrou pela
cintura e a beijou da mesma forma que fazia quando me via.

A raiva queima através de mim quando imagino Devney


sentada em seu carro assistindo essa cena. Uma jovem inocente
e ingênua o suficiente para pensar que um relacionamento com
seu professor poderia funcionar. Então ela teve que ver em
primeira mão o quão nojentos alguns homens podem ser.

— Continue. — Eu insisto.

— Eu estava... bem, eu estava arrasada. Todo esse tempo


que eu pensei que ele me amava era uma mentira. Cada toque
parecia sujo. Cada beijo foi manchado pelo fato de que ele estava
traindo sua esposa e que eu era a amante. Eu queria morrer,
Sean. Eu queria... eu pensei sobre isso... eu não poderia lidar
com aquela situação. Ele apareceu na manhã seguinte, e eu disse
a ele que eu sabia tudo. Ele estava mais do que furioso por eu o
ter seguido. — Ela ri um pouco. — Sim, com raiva de mim por
segui-lo, mas não do fato de que ele mentiu para todos. Me
lembro de pensar que a coisa toda era uma loucura. Nós
brigamos feio, e eu gritei sobre cada mentira que ele já me contou.
Ele dizia que eu estava louca e que não estava entendendo, mas
eu sabia.

— Ele não merecia você, Devney.

— Não importava. Eu o amava e por alguns momentos,


mesmo depois que descobri tudo, eu esperava que talvez ele fosse
me escolher. Essa é a parte mais doente disso tudo. Eu estava
tão dependente de amá-lo que queria separar uma família,
mesmo que apenas por alguns momentos. Eu chorei e ameacei
me matar. — Ela olha para mim, os lábios tremendo e os olhos
brilhando. Meu estômago se revira com a ideia dela ter pensando
sobre isso.

— Você era jovem.

— Eu era estúpida e egoísta e tinha idade suficiente para


entender melhor a situação. Mas não importava, porque ele
nunca jogaria fora sua carreira por uma peça secundária, e acho
que, o tempo todo, eu sabia disso.

Eu nunca quis tanto voltar no tempo. Meu passado e as


coisas que suportei foram horríveis e pertencem ao passado, mas
agora, eu gostaria de fazer a coisa certa por ela. Eu deveria estar
lá. Eu deveria saber quando ela estava distante e não queria falar.
Como seu melhor amigo, eu deveria ter visto os sinais de que algo
estava errado.

— De qualquer forma, três dias depois que tínhamos


acabado, eu descobri que estava grávida.
Eu quero confortá-la, mas ela se afasta.

— Eu não acho que você pode nem mesmo começar a


entender o nível de dor que eu sentia. Meus hormônios estavam
loucos, eu estava com medo, com raiva e tudo mais. Eu estava
além de quebrada naquele ponto. Então, na noite em que fiz o
teste, pedi para ele vir porque era urgente. Nada poderia ter me
preparado para sua resposta. Ele me disse que minhas opções
eram criar o bebê como eu quisesse sem sua ajuda ou ele pagaria
por um aborto.

Se eu pensei que estava com raiva antes, este é um nível


totalmente novo. Eu queria matá-lo. Eu queria quebrar seus
braços e sufocá-lo até deixá-lo sem vida.

Fazer isso com qualquer garota é nojento, mas com ela... era
injusto. Devney é tudo de bonito neste mundo, e como um
homem, ele deveria ter estado lá para ela.

— Dev...

— Não, me deixe terminar, por favor. — Ela implora. — Eu


não poderia fazer isso. Não porque eu não pensei sobre aquilo
antes. Não porque eu queria um filho, mas porque eu não queria
um, não com ele e não daquela forma. Dois dias depois que
descobri que estava grávida, Jasper e Hazel perderam seu sexto
bebê. Seis vezes eles tinham tentado se tornar pais e falharam, e
lá estava eu, apenas com vinte anos grávida do meu professor
casado, cuja a criança ele não queria. Meu irmão estava chorando
para mim. Ele estava tão perturbado por estar falhando com ela
novamente. Era aquele nível de emoção que eu esperava de
Christopher. Ele deveria estar chorando porque me quebrou, mas
ele estava com sua esposa. — Devney enxuga suas lágrimas e
solta outra respiração profunda. — Hazel estava na escola de
enfermagem no Colorado, e eu ia pedir a ela que me levasse à
clínica para interromper a gravidez. Em vez de...

Eu fico olhando para ela, me perguntando se ela tem ideia


de como ela é altruísta.

— Você deu a eles seu filho.

Um soluço profundo escapa de seus lábios, e eu seguro seu


rosto em minhas mãos.

— Oh, querida.

— Eu não dei a eles meu filho. Eu dei a eles o filho deles.


Um pequeno menino com olhos marrons que precisava de pais
para amá-lo. Foi o dia mais doloroso e lindo da minha vida. Hazel
estava na sala, segurando minha mão enquanto as lágrimas
escorriam pelos nossos rostos por motivos diferentes. Lá estava
minha cunhada, tentando não ficar feliz porque ela sabia que eu
estava morrendo por dentro. Ela me abraçou, me agradeceu, me
disse como eu era altruísta. Aquela era escolha certa, mas eu me
senti tão... errada. Mas eu amava Austin. Eu o amava muito e o
entreguei porque sabia que não poderia dar a ele mais do que
eles. Nós concordamos que eu ficaria no Colorado, então transferi
para uma nova faculdade para terminar minha graduação e todos
nós voltamos com Austin como o meu sobrinho e um segredo que
apenas seis pessoas sabiam.
A respiração vem do meu peito forte e rápida.

— Jesus. Não sei o que dizer. Por que você não me contou
antes disso?

— Porque eu estava tão envergonhada. Sempre pensei que


era uma garota durona que nunca permitiria que um homem me
machucasse, e então vi minha fraqueza. Eu não queria que você
me visse assim nunca.

— Querida, eu nunca faria isso.

— Eu não acreditei em mim mesma. Eu nunca quis ver


censura em seus olhos. Mesmo que você diga que não faria, eu
não confiei nisso.

— Você não confiou em mim.

— Eu queria poder dizer que é não verdade e que eu confiei,


mas... eu não o fiz. Quando o tempo começou a passar, quando
nós falávamos ao telefone eu não conseguia me forçar a dizer.
Então, o tempo passou e se tornou um segredo que não podia ser
relevado. Austin estava crescendo e eu precisava protegê-lo.

Eu passo minhas mãos pelo meu rosto. — Eu só queria que


você não tivesse mentido ou escondido de mim.

— Eu não queria mentir, mas a verdade é que sou a mãe


biológica de Austin. E este segredo tem assombrado a mim e
minha família por um tempo. — Ela olha para a cadeira que sua
mãe ocupou antes.

— Sua mãe?
— Sim. Ela estava tão dividida sobre isso, mas Jasper e
Hazel precisavam de Austin, e eu precisava deles.

— É por isso que vocês brigam tanto?

Ela bufa e dá de ombros. — Foi um grande pecado para ela.


Ela queria que eu o mantivesse e assumisse a responsabilidade.
O fato de eu ter considerado um aborto era imperdoável aos olhos
dela.

— E Austin não sabe de nada?

— Não. Jasper, Hazel e eu concordamos que seria


exatamente o que sou, sua tia. Eu tenho o visto crescer, e amo
estar ao seu lado de uma forma que a maioria das pessoas que
desistem de seus filhos nunca poderia fazer. Foi a coisa mais
difícil e importante que pude fazer. Daquele dia em diante, decidi
considerá-lo meu sobrinho. Eu nunca, nem uma vez, me permiti
dizer filho. Foi a melhor coisa para o meu próprio bem-estar e
para Austin.

— E agora?

Ela é sua mãe, mas Austin não sabe. Ela é sua mãe e agora
enfrenta a necessidade de passar por uma situação inteiramente
nova.

Sua cabeça se inclina para baixo enquanto ela esfrega o


polegar na minha mão.

— Eu não sei. Quando Austin tinha três meses, eles criaram


um testamento. Um que explicava o que eles queriam que
acontecesse. Eles querem que Austin fique sob meus cuidados, e
devo criá-lo da maneira que achar melhor, embora esteja sozinha
e sem saber o que isso significa.

— Você não está sozinha.

Ela ri uma vez. — Estou completamente sozinha, Sean.

Eu sei que ela está se afogando na tristeza, mas é a coisa


mais distante da verdade. — Estou aqui.

Os olhos de Devney encontram os meus.

— Você sempre esteve, mas isso é diferente.

— Por quê? Por que você está fazendo com que seja
diferente?

— Esta é uma situação inteiramente nova. Nós não temos


nenhuma ideia do que está acontecendo, além de mim tendo que
criar uma criança. E você não pode me dizer que isso não muda
tudo! — Devney solta algumas respirações curtas.

Passo os dedos pelo cabelo e dou um passo para trás.

— Não preciso dizer isso.

Sua cabeça balança para frente e para trás enquanto ela


olha para mim. — Você quer ter um filho instantaneamente em
sua vida? Não só isso, mas você pode entender que eu não
poderia deixar Sugarloaf agora?

— Eu não sei. Só sei que não posso perder você.


Essa é a única parte disso que não posso permitir. Não
posso voltar para a Flórida e viver como se não soubesse como é
amá-la. Nenhuma outra mulher irá preencher o vazio que ela
deixou. Devney é perfeita para mim. Eu sou perfeito para ela e
perdê-la não é uma opção. Vou encontrar uma maneira, eu
preciso encontrar uma...

Ela enxuga uma lágrima.

— As coisas mudaram para nós. Em um instante, tudo se


tornou uma nova vida. Eu não posso ignorar isso, e você não pode
fingir que vai fazer o mesmo.

— Eu posso tirar um tempo longe.

— E arruinar sua carreira? Vamos, Sean. Não posso deixar


você fazer isso, assim como você não pode me pedir para mudar
minha situação.

— Então é isso? — Eu pergunto, sentindo o pânico


crescendo dentro de mim. — Você está desistindo agora? Quando
ainda temos alguns meses para encontrar uma solução?

— Eu estou sendo realista. Eu... eu não sei.

Eu seguro suas mãos nas minhas, e trago ao meu peito.

— Nada precisa ser decidido agora, Dev. Me prometa que


nós vamos esperar até as três últimas semanas antes da minha
partida.
Me agarro a essa lasca de esperança. Se ela concordar com
isso, significa, que eu tenho algum tempo para arrumar um
plano.

— Não sei o que vai mudar nesse período...

— Talvez nada, talvez tudo. Tudo que eu sei é que eu te amo,


e não importa o que aconteça com o nosso relacionamento, eu
quero estar pra você aqui agora. Você vai me deixar?

Eu espero, meu coração batendo forte e minha respiração


saindo em rajadas curtas.

— Contanto que você prometa que, não importa qual seja o


resultado final, você o aceitará.

— Eu irei aceitar.

Eu minto através de meus dentes porque há apenas um


resultado final aceitável, o qual eu e ela acabamos juntos. Digo o
que ela precisa ouvir e prometo encontrar uma maneira de fazer
as coisas do meu jeito.

Eu não vou perdê-la. Nem agora, nem nunca.


Sean

Meu coração está vazio. Isso é tudo que posso dizer


enquanto estou sentado aqui na entrada, sabendo que irei para
uma casa vazia.

Tive que deixar Devney no hospital para poder voltar para


casa, pegar algumas coisas e levar de volta. Agora, estou olhando
para a placa acima, odiando o nome e este lugar.

Eu voltei porque tinha que voltar. Eu irei embora porque


não tenho uma escolha e eu irei novamente me arrepender do dia
em que pus os pés de volta em Sugarloaf.

— Foda-se a flecha. Foda-se dizer a verdade! — Eu agarro o


volante, a raiva pulsando em mim. — Aqui está a verdade, mãe.
Vou perder a única pessoa que vale a pena amar por causa dessa
porcaria de vida que o seu marido de merda criou para os seus
meninos. — Descendo até a garagem, quase bato nos dois carros
estacionados perto da casa.

Meus malditos irmãos intrometidos.

Sem vontade de lidar com nenhum deles, abro a porta do


carro e passo por eles.
— Sean, pare! — Declan chama por mim, e eu me viro para
ele.

— Ei, sério o que está acontecendo?

Eu me viro para olhar para os dois. As coisas estão


horríveis. As coisas não poderiam estar piores depois de serem
tão incrivelmente boas. — Tudo está desmoronando!

— Viemos para verificar você e Devney. Sydney estava no


telefone com ela, e eu senti que você pode precisar de um amigo.

— E agora você é um amigo? — Eu pergunto com ácido em


minha voz.

— Eu gostaria de me considerar mais, já que sou a porra do


seu irmão. — Declan cruza os braços sobre o peito e espera.

— Eu estou chateado.

— Nós podemos ver isso.

— Estou chateado pra caralho! Não, foda-se isso! Eu estou...


eu não estou lidando com mais essa porra!

Connor se aproxima.

— Vou assumir que há mais do que Jasper e Hazel


morrendo. Está parecendo que um trem o atingiu, então é melhor
falar com a gente, nos deixe ser seu saco de pancada e alivie essa
raiva que está ao redor da sua cabeça.
Quando diabos meu irmão mais novo ficou assim? Se eu
não estivesse tão perto de perder a porra da minha mente,
poderia ficar impressionado.

Não tenho certeza sobre o que dizer. Eu não sei o que


Devney disse, e eu não posso trai-la. Então, eu vou explicar os
fatos e deixar de fora toda a parte do segredo.

— Devney vai ser a guardiã legal de Austin. E nós


tínhamos... planos.

— Que planos? — Dec pergunta enquanto se senta. Se foi a


atitude idiota e toda a preocupação apareceu.

— Nós estávamos combinando de ir para Flórida juntos.


Pelo menos, esse era o objetivo. Ela e eu estávamos felizes. Tão
fodidamente felizes que era como se o mundo inteiro fizesse
sentido, e agora, nada faz.

— Nada é tão sombrio, irmão.

Eu olho para Declan e suspiro. — Não é? Que escolha ela


tem? Ela não pode dizer, desculpe criança, eu sei que sua vida
está aqui, família, amigos e os restos mortais de seus pais, mas
eu amo esse cara aqui, então estamos nos mudando.

Connor concorda. — Você tem que pensar no que é melhor


para ele agora.

— Eu sei disso.

— Eu não estou dizendo que você não sabe, Sean. Não


interprete mal o que estou dizendo. — Connor põe a mão no meu
ombro. — Eu sinto empatia por você. Quando Ellie... bem,
quando as coisas aconteceram, foi o mesmo problema para mim.
De repente, eu tinha uma garotinha pela qual era responsável.
Hadley precisava de um herói, e Austin também.

Aí está o problema. — Eu não sou a porra de um herói!

Declan balança a cabeça. — O inferno que você não é. Você


é mais herói do que qualquer um de nós – bem, talvez não mais
do que o verdadeiro herói de guerra aqui, mas ainda assim. Você
sabe quantas crianças admiram você? Especialmente para uma
criança como Austin. Você está nos pôsteres nas paredes e nos
cartões que eles trocam.

Talvez seja o caso, mas também sou o cara que não quer
nada mais do que embrulhar Devney e levá-la embora. Esse não
é o homem que ele precisa respeitar.

— Eu não estou... — Eu começo, mais não consigo dizer. A


verdade é que, sim, eu quero levá-la e mantê-la só para mim, mas
eu nunca faria isso se isso significa ter que machucar ela ou
Austin. A última coisa que quero no mundo é causar alguma dor
no coração deles. Eu quero ser sua salvação, não sua destruição.

— Você não está...? — Dec pede.

— Eu não tenho certeza do que fazer.

Connor solta um suspiro pesado.


— Você faz o melhor que pode. Você dá estabilidade e uma
válvula de escape àquela criança. Você ama Devney apesar de
tudo.

Eles estão perdendo o ponto. Eu posso fazer tudo isso, mas


o final ainda será o mesmo. Não consigo reescrever a história.
Nós todos podemos ver a forma como isso vai terminar, e não é
nenhum ‘felizes para sempre’ aqui. É uma tragédia do caralho.

— E então eu vou embora? Como isso faz sentido? Eu a amo.


Ela me ama. Eu me apaixono pelo garoto que não fez nada de
errado e então entro em um avião e volto para a Flórida? Isso
torna as coisas melhores?

Meus dois irmãos olham para mim e depois um para o


outro. Declan é o primeiro a falar.

— Você sabe, não há nada dizendo que ela não irá até o
final. Você tem o que? Pouco menos de três meses para ser o
homem que ela e Austin precisam.

Meus dedos apertam a ponte do meu nariz, e o peso que


repousa sobre meus ombros fica mais pesado.

— Fico feliz que vocês dois tenham fé em mim porque eu


não sou tão confiante. Eu amo Devney e os próximos três meses
irão tornar mais difícil ir embora. E você não pode me convencer
de que ela vai me escolher ao invés do bem-estar de Austin.

Declan bufa. — E você pediria isso a ela?

— Deus, não!
— Exatamente! Portanto, não me diga que de repente você
está ciente do que ela fará. Você não é um leitor de mentes, você
é um cara, e muito burro nisso.

Eu me viro e então Connor começa.

— Escute, eu pensei que tinha todas as respostas com Ellie.


Eu tinha certeza do que aconteceria e do que faria se isso
acontecesse, mas a verdade é que não sabemos de nada. Declan
definitivamente não sabe nada. — Eu concordo com isso.

— Meu ponto é que, agora, vocês estão passando por uma


coisa enorme. Seu irmão e sua cunhada morreram, ela agora é a
guardiã de um menino de nove anos que com certeza ficará
chateado por perder seus pais e irá se sentir culpado pra caralho
porque ele viveu quando eles não o fizeram.

— Culpa?

Connor ri uma vez. — Você não se lembra de como nos


sentimos quando mamãe morreu?

Declan faz um gemido baixo e, em seguida, começa a andar


ao redor.

— Tínhamos tanta certeza de que a matamos.

Tento me lembrar daquela época, mas é como andar em um


nevoeiro. Há muito da minha infância que eu lutei para esquecer.
Quem no inferno quer se lembrar de perder a mãe e em seguida
ser espancado pelo pai? Ninguém.
As únicas memórias que me permiti foram as da mamãe. O
jeito que ela cheirava a maçãs e canela. Como ela sempre tinha
flores frescas na mesa, e a maneira como sua voz ficava um pouco
mais suave quando ela sorria.

— Eu não me lembro disso. — Eu admito.

— Bem, eu lembro. — Declan diz com uma ponta de tristeza.


— Eu estava convencido de que era algo que fizemos. Porque os
anjos não têm câncer. Eles não ficam doente, e papai sempre nos
chamava de pequenos demônios antes dele realmente acreditar
nisso. Eu pensei que nós tínhamos feito aquilo. Nós éramos
maus, então éramos a razão que a deixou doente.

Eu me inclino para trás enquanto me lembro de algumas


coisas. — Não foi nossa culpa.

Dec se senta ao meu lado.

— Não me diga! Eu sei disso agora, mas aos onze anos, eu


não conseguia entender isso. Imagine como Austin se sentirá. Era
do torneio dele que eles estavam voltando para casa. Ele vai se
sentir culpado e vai precisar de alguém que possa entender esse
sentimento.

— Além disso. — Connor começa. — Devney está uma


bagunça agora. Ela não apenas perdeu seu irmão, mas toda sua
vida acabou de mudar. Você não deve levar a sério tudo que ela
vai dizer nas próximas semanas. A deixe trabalhar o que ela está
sentindo, e então vocês podem fazer um plano.
Ele tem razão. Eu sei, mas pelo jeito que ela falava no
hospital, ficou bem claro que ela já decidiu que esse é o fim. O
medo pode fazer você pensar e dizer coisas, mas ela não é do tipo
que muda de ideia depois que se decide. Essa é a parte que me
preocupa tanto.
Devney

— Para onde você vai levá-lo?

Mamãe pergunta enquanto esperamos do lado de fora do


quarto de Austin.

— O que você quer dizer?

— Você vai levá-lo de volta para a casa dele ou para a de


Sean?

Eu não cheguei tão longe. Sydney veio mais cedo e tinha


toda a papelada que tive que assinar, me dando custódia total de
Austin. Fiquei ali sentada, olhando para ele, tentando ler tudo
através das minhas lágrimas, e depois escrevi meu nome na
linha. Um ato tão banal e pronto. Aqui estou eu, uma mãe para
o filho de quem desisti.

Continuo esperando que tudo isso faça sentido, mas não


faz.

Austin está indo para viver comigo, mas eu não tenho uma
casa. Vou ter que ser sua mãe ou melhor, sua tia que na verdade
é sua mãe, só que ele não sabe disso. Por que tudo tem que ser
tão malditamente complicado?
— Bem? — Mamãe pressiona.

— Eu não sei.

— Devney, você tem que tomar essas decisões.

Eu solto uma respiração pesada e esfrego minhas têmporas.

— Eu sei. Eu queria ver a papelada antes para entender o


que Jasper ou Hazel queriam, mas tudo o que dizia era que eu
faria as melhores escolhas e eles não tinham pedidos. Então, não
sei para onde ele vai querer ir. Se ele quiser voltar para sua casa,
eu irei me mudar para lá. Se ele quiser ir para a casa de Sean e
não ficar cercado por todas as coisas deles, eu farei isso.

Ela olha para a janela onde as persianas mal estão abertas.

— Ele precisa de estabilidade.

— Estou ciente.

— Ele pode vir conosco. Eu sei porque você é a escolhida,


mas seu pai e eu podemos dar mais a ele.

Eu não estou fazendo isso. — Mãe. Pare.

Seus olhos encontram os meus. — Sou a única pensando


nele.

— Eu também.

— Ele deveria ir para casa dele. — Ela diz como um último


golpe.
Normalmente, eu iria discutir até que uma de nós cedesse,
mas não tenho energia para isso. Nenhuma de nós tem.

Mamãe segura minha mão na dela. — Sinto muito, Devney.


Eu não quero gritar com você. É que estou perdendo o controle.
Já se passaram quatro dias desde que perdi meu filho e me sinto
tão fora de controle. — Suas lágrimas caem, e a dor em sua voz
me quebra.

— Sinto muito, mãe.

— Eu só... eu quero ajudar. Tenho que fazer algo ou vou


enlouquecer. Dói muito e tudo está fora do meu controle. Não
consigo consertar isso e...

Eu aperto suas mãos só um pouco.

— Eu sei. Você está ajudando estando aqui. Austin precisa


de você, de mim e de todos em sua vida. Tenho que levar as coisas
dia após dia e fazer o que for melhor para ele. Eu também estou
lutando.

Ela libera minhas mãos. — Ele sorriu quando mencionei que


Sean viria esta tarde.

Meu coração dispara ao som de seu nome. Nos vimos todos


os dias. Ele vem ao hospital todas as manhãs, nos traz comida,
fica um pouco e depois vai fazer alguma coisa ou algo assim.
Depois do jantar, ele geralmente volta com um saco de coisas de
que posso precisar antes que ele e Austin conversem sobre
beisebol.
Não quero nada mais do que correr para seus braços e tê-lo
me segurando, mas continuo me afastando um pouco a cada vez.

Nada vai mudar.

Precisamos parar de nos enganar achando que teremos


qualquer coisa além desses seis meses. Ele está indo para a
Flórida e eu vou criar Austin em Sugarloaf.

— Sean é bom para ele.

— E para você?

Eu concordo. — Extremamente.

Mamãe fica quieta por um momento, e então sua voz muda


um pouco. — Eu sei que tenho sido dura com você. Tornei as
coisas difíceis e, por isso, nunca vou me perdoar, mas tenho que
dizer que se você deixar escapar o que tem, você é uma idiota.

— Eu não quero deixar isso passar.

Seu olhar encontra o meu e eu vejo a tensão em sua


mandíbula.

— Então não faça isso.

— Não é tão simples assim.

— É aí que você está errada. É simples assim. Você o ama e


ele ama você. Ele está sentado em um hospital com seu sobrinho
todos os dias. Ele está trazendo livros para ele, conversando com
ele sobre esportes e dando para aquele garotinho uma sensação
de normalidade. Ele está fazendo tudo isso e também cuidando
de você.

Eu me afasto. — Cuidando de mim? — Minha mãe revira os


olhos.

— Sério, Devney, você não tem ideia. Quantos homens ricos


e famosos você acha que se comportariam como ele? Inferno,
quantos homens em geral? Retire os outros adjetivos. Não
muitos. Sean Arrowood sempre foi sua rocha, não a jogue no rio.

— Eu não vou.

— Então deixe ele cuidar de você. Permita que Sean lhe


mostre o tipo de marido que ele seria. Esta é a oportunidade
perfeita para abaixar e correr, mas tudo que vi é um homem que
quer ajudar. Você não tem ideia de como é difícil ser pai, mas
escolher fazer isso sozinho... bem, eu não posso imaginar. É por
isso que fui tão dura com você. Eu estava errada. Eu pensei que
se você tivesse criado Austin, teria sido mais gentil com você.

Ela diz isso, mas suas ações mostram algo diferente. Mas
agora, eu não estou no clima para argumentar com ela. É mais
fácil deixar quieto e rezar para que esta... versão mais gentil de
minha mãe veio para ficar.

— E ainda assim, aqui estou eu, criando Austin sozinha. É


irônico, não é?

Os olhos de minha mãe estão cheios de lágrimas.


— Não, é triste, e depois de tudo que você passou para
tentar dar a ele uma vida melhor... isso é injusto. E, no entanto,
não posso deixar de me perguntar se não era assim que deveria
ser.

— Eu o criando?

Ela acena com a cabeça e bufa. — Eu sei que é terrível, mas


não posso deixar de me perguntar se esse não era o plano.

Se ela estiver mesmo remotamente considerando que eu


deveria cuidar de Austin e é por isso que meu irmão e minha
cunhada estão mortos, posso gritar.

— Mãe...

— Não, escute, eu acho que desistir de Austin foi a escolha


certa – a única escolha. Você não estava pronta, e Hazel e Jasper
precisavam de um filho para amar. Era esse o plano. Foi
impossível, difícil e correto. Mas também é o fato que você estará
lá para ele agora. Você e Sean podem ajudar ele de uma forma
que seu pai e eu não seríamos capazes.

— Não deveríamos ter que fazer isso. Isso nunca deveria ter
acontecido.

Ela acena com a cabeça e olha para trás através das


cortinas.

— Eu não deveria ter que enterrar meu filho. — Mamãe se


vira para mim sorrindo suavemente. — E eu estou contente que
você não tem que saber como é passar por isso também. Confie
no seu coração, Devney.

Ela beija minha bochecha e sai em direção ao posto de


enfermagem. Eu me levanto, atordoada e incapaz de me mover
porque acabamos de ter uma conversa que não terminou com
uma discussão e ela defendeu Sean.

Eu sei que ele é bom para mim, e ele sempre foi.

Nunca tive que me preocupar quando ele estava por perto


porque Sean simplesmente... é bom.

Isso não significa que as coisas serão possíveis para nós


agora. Mais do que nunca, preciso aproveitar esse momento para
pensar no futuro. Não podemos tomar decisões de mudança de
vida quando nada em nossas vidas é seguro.

A enfermeira aparece. — Ele está bem. Vamos deixar tudo


pronto para sua alta amanhã.

— Obrigada.

A trepidação enche meu estômago e sinto uma sensação de


mal estar na garganta. Amanhã temos que ir para casa e começar
esta nova jornada, e não sei como percorrer. Austin e eu temos
um relacionamento incrível porque meu lugar na vida dele
sempre foi claro para ele. Eu era sua tia. Eu era divertida, levava-
o a lugares, comprava coisas para ele e era um conforto. Agora,
sou mãe.
Jasper sempre brincou dizendo que eu consegui a parte boa
do negócio, e eu consegui. Eu fiz parte da vida dele da melhor
maneira. A dinâmica tem que mudar, e eu gostaria de ter ele para
me dizer o que fazer.

Mas agora ele se foi e eu tenho que descobrir por mim


mesma. Não sou mais uma garotinha, e eles confiaram em mim
para criá-lo se eles não pudessem.

Abro a porta e Austin ergue os olhos. — Você está se


sentindo bem? — Eu pergunto.

— Isso dói.

— E vai doer.

Seus olhos se enchem de lágrimas. — Eu sinto falta deles.

— Eu também. — Eu digo enquanto seguro seu rosto na


palma da minha mão. — Eu sinto muito a falta deles.

— O médico disse que posso ir para casa amanhã.

— Sim, você... você sabe para onde gostaria de ir? — Minha


voz treme. — Eu posso me mudar para a sua casa para que você
não tenha que sair.

Ele balança a cabeça rapidamente. — Eu não quero ir para


lá.

— Por que não?

Austin enxuga o rosto. — Porque eles não estão lá.


Oh, meu coração não pode quebrar muito mais. — Você
quer ir para a casa de Sean?

Ele se vira para mim, olhos lacrimejantes de esperança pela


primeira vez desde que acordou da cirurgia.

— Podemos?

— Claro que vocês podem. — A voz de Sean enche o quarto


com autoridade. Eu me viro para encará-lo enquanto ele vem em
nossa direção. — Se estiver tudo bem com sua tia.

Os olhos de Austin brilham. — Eu realmente prefiro ir para


a casa dele.

Também acho que essa seria a resposta se eu perguntasse


a ele há duas semanas. Ainda assim, eu ouço as palavras de
minha mãe na minha cabeça sobre confiar em meu coração.

— Tudo bem, mas vamos ter que voltar para casa em algum
momento. — Como quando Sean voltar para a Flórida.

— Eu sei.

Sean pousa a mão no meu ombro e aperta. — Vamos


descobrir juntos.

Tento não me permitir sentir as emoções, mas são


impossíveis de ignorar, então inclino minha cabeça contra seu
peito e deixo sua força me preencher.

Ele me pegou e não me deixou cair.


Eu aliso minha mão pelo meu vestido preto e limpo abaixo
dos meus olhos novamente. Rímel à prova d’agua minha bunda.
O número de lágrimas que chorei poderia encher o oceano.

— Eu nunca vou ver meus pais novamente. — Austin diz


enquanto olha para os caixões colocados nos buracos.

Passar por isso é demais. Eu não posso tirar sua dor. Tudo
o que posso fazer é segurar sua mão e tentar ajudá-lo a passar
por isso. Na última noite, ele caiu no sono nos meus braços,
molhando minha camisa quando ele chorava pelo meu irmão. Eu
não pude fazer nada além de segurá-lo e chorar ao seu lado. Em
algum momento Sean entrou, mudou Austin e me carregou para
nossa cama.

Nós todos sabíamos que hoje iria ser difícil, mas isso tem
sido uma agonia. Eu afasto o cabelo castanho escuro de Austin.

— Eles amavam você. Muito.

Ele concorda. — Eu só os quero de volta, mas eles se foram.

— Eu sei que é difícil agora, mas nunca nos permitiremos


esquecer como eles foram maravilhosos. Ok? Vamos sempre nos
lembrar de como nos divertimos juntos e o quão sortudos somos
por amá-los e por sermos amados por eles.
Austin funga. — Não quero voltar para casa, mas estou
preocupado com os animais.

Sean se agacha para que fiquem cara a cara. — Você quer


trazer o seu cavalo para o nosso celeiro? Ele estaria com Hadley,
e poderíamos ficar de olho nele?

— Sim. Eu preciso que ele saiba que não está sozinho.

Há tanta dor em cada sílaba que está implícito em sua


mensagem. Ele se sente sozinho.

Eu vou dizer algo, mas Sean é mais rápido.

— Ninguém está sozinho nisso, amigo. Você tem sua tia


Devney, seus avós, Hadley, eu e meus irmãos. Estamos todos
aqui por você, certo?

Austin olha para mim com lágrimas não derramadas.

— Podemos ir para casa agora?

— Sim, com certeza podemos.

Austin não queria usar suas muletas, então Sean se propôs


a ser suas pernas pelo dia. Eu juro, quando eu acho que não
posso amar esse homem mais do que amo, ele faz algo como
levantar Austin em seus braços para carregá-lo.

— Você gostaria de passar lá em casa hoje? — Mamãe


pergunta quando chegamos ao carro.

— Não, obrigado, vovó.


— Tudo bem, mas você virá me ver em breve? — Seus olhos
estão cansados e seu nariz está vermelho. Esse foi um dia difícil
para ela. Jasper era o mais velho dela e agora ele se foi. Eu
respondo por ele.

— Estaremos em casa no Natal, mãe. Como sempre.

Eu vejo seus lábios tremerem enquanto ela balança a


cabeça, se encolhendo nos braços do meu pai.

— Então nos veremos. — Ele responde.

Enquanto dirigimos para a casa de Austin, Sean segura


minha mão enquanto ele e Austin conversam um pouco sobre
beisebol. Durante todo o dia, ele encontrou uma maneira de ser
minha âncora. Sua mão estava na minha, seu braço estava em
volta de mim, ou a palma da mão estava pressionada na parte
inferior das minhas costas. Eu nunca tive que me preocupar,
porque ele estava bem ali. Assim que estacionamos, ele aperta
suavemente e se vira para Austin.

— Que tal verificarmos os cavalos e pegarmos mais algumas


coisas?

Austin olha pela janela e suspira. — Ok.

— Dev, você pode ir buscar o que Austin precisa para mais


alguns dias enquanto eu o levo para o estábulo?

Eu sorrio, grata que ele vai mantê-lo fora do caminho para


que eu possa obter o que preciso.
Os meninos avançam para o celeiro e eu entro na casa. É
engraçado como uma casa é um lar pelas pessoas que habitam
nela. Onde vivemos é definido por aqueles que compartilhamos o
espaço, e agora esse lugar está vazio. Jasper e Hazel se foram,
levando o calor e o amor que vivia aqui com eles.

Eu ando pela casa, agarrando pratos que foram deixados no


balcão, colocando no armário. Há poucas coisas deixadas fora do
lugar, correspondência no suporte, a mochila de Austin antes das
férias de inverno começar no cubículo.

Eu a agarro, puxo para meu peito, e então afundo no chão.


Tantas coisas que nunca considerei. Ele tem a escola, e eu não
tenho ideia de quando eles irão voltar. Eu não sei o nome da sua
professora ou como entrar em contato com ela.

A parede em frente de mim tem uma foto da família dele.


Minha cunhada está sorrindo, e juro que parece que ela pode me
ver.

— Não estou preparada para isso. — Digo a ela. — Eu sei


que você pensou que eu era a pessoa certa, mas eu o dei para
você. Eu não planejei ter que fazer isso, Hazel, e você não me
preparou. Meu papel era claro e... o que eu faço agora? Eu digo a
ele quem eu sou? Você o preparou para se ele descobrisse? Não
era para isso acontecer.

Mas aconteceu.

Austin é a única coisa que me manteve aqui, e agora, cabe


a mim fazer o certo por ele.
Eu olho nos olhos de Jasper, esperando que se ele possa me
ouvir, ele acredite nisso.

— Eu farei tudo que eu puder para deixar vocês dois


orgulhosos. Eu sei que você pensou que eu era mais forte do que
eu já fui, mas Austin nunca vai duvidar se ele foi amado.

Depois de outro momento, eu me levanto e vou para o


quarto dele para pegar algumas roupas e coisas que ele vai
precisar para a próxima semana. Eu não tenho certeza por
quanto tempo nós dois iremos ficar com Sean. Mas ele não parece
com pressa de se livrar de nós.

Eu jogo duas sacolas cheias de várias roupas no carro e vou


para o celeiro.

— Você acredita no céu? — Austin pergunta.

Eu paro, tentando não bisbilhotar, mas ao mesmo tempo,


não querendo quebrar com aquele momento.

— Eu acredito. Acho que minha mãe está lá.

— Você acha que ela conhece minha mãe e meu pai?

Minha mão agarra minha garganta enquanto espero por sua


resposta.

— Sabe, — diz Sean com uma elevação em sua voz — eu


acho que minha mãe os encontrou, já que ela conhecia seu pai.
Aposto que ela está os ajudando com o quanto eles sentem sua
falta.
Austin fica quieto por um segundo.

— Por que ela sente sua falta?

— Tenho certeza que sim. Mas acho que nossas mães podem
nos assistir e se certificar de que estamos bem. Provavelmente há
momentos em que elas estão aqui conosco, mesmo que não
possamos vê-las.

— Eu aposto que as nossas mães estão aqui agora.

— Sim? Por que você diz isso?

— Porque elas tiveram certeza que nós temos a Tia Devney


aqui com nós. — Uma lágrima escorre pela minha bochecha.

— Ela é ótima, e eu acho que você está certo. Elas sabiam


que, quando elas se foram, nós precisaríamos de alguém para
nos amar.

Eu me inclino contra a parede do celeiro e luto contra o


ataque de lágrimas. Eles não têm ideia do quanto eu os amo.
Quanto eu quero fazer a coisa certa por eles, e como estou
aterrorizada com medo de perdê-los.

— Sabe, Austin, acho que nossas mães sabiam que


precisaríamos um do outro também. — Diz Sean, sua voz é suave
e cheia de emoção. — Veja, quando perdi minha mãe, fiquei muito
triste, mas tinha meus irmãos. Declan, Jacob e Connor me
ajudaram quando eu estava triste ou quando as coisas estavam
ruins.

— E a tia Devney?
— Ela, com certeza, também ajudou. Ela sempre estava por
perto quando eu precisava, assim como ela sempre estará por
perto para você. Assim como eu sempre estarei por perto para
você. Se você precisar falar, chorar ou jogar bola porque está com
tanta raiva que não consegue aguentar, eu estou aqui. Sou seu
amigo, e amigos sempre ficam juntos. Vai ter dias que vai doer e
outros em que não vai ser tão ruim. Mas nunca tenha medo de
falar comigo ou com sua tia se precisar, ok?

— Estou feliz que você seja meu amigo. — Sean ri.

— Estou feliz também.

E estou tão apaixonada por este homem que não tenho ideia
do que vou fazer quando ele for embora.
Sean

— Você vai comer? — Eu pergunto a Austin enquanto ele se


senta no sofá.

— Eu não estou com fome.

Eu olho para a tigela de espaguete.

— Isso é uma pena. Eu cozinhei e sou um mestre neste


prato.

Ele desvia o olhar da televisão. — O que é isso?

— Espaguete.

— Até eu posso fazer macarrão.

Eu dou de ombros. — Ouça, minhas habilidades são


massas, sanduíches e nuggets de frango.

Austin sorri. — Eu gosto de nuggets de frango.

— Vou fazer isso amanhã.

Devney está trabalhando pela primeira vez desde o acidente.


Fui inflexível para que ela começasse a voltar ao normal – para
os dois. Faz uma semana que estamos abatidos, e trabalhando
seus sentimentos e evitando qualquer coisa pesada.
Austin está se curando. Cada parte dele está machucada, e
estou fazendo o meu melhor para estar aqui para ele.

Trago uma tigela e me jogo ao lado dele. — Então, o que você


está assistindo?

— Eu não sei.

Eu olho para a tela e vejo um monte de caras trabalhando


em carros. Meu coração se parte porque tenho certeza que isso
era algo que ele fazia com seu pai.

— Se importa se eu assistir?

— Não.

Eu agito o espaguete e dou uma mordida enquanto o


mecânico arranca o assento da parte de trás, e o joga longe.

— O que ele vai fazer agora?

— Eles vão reconstruir o carro inteiro. Eles desmontam tudo


e fazem com que tenha todos os dispositivos possíveis.

— Legal. Eu tinha uns truques no meu carro uma vez. —


Ele olha para mim. — Sério?

— Sim. Era bonito. Tinha tudo que queria, e era a minha


coisa favorita que eu já comprei.

Austin concorda. — Eu ia comprar meu primeiro carro e


papai disse que consertaria.

— Aposto que teria sido divertido fazer isso com ele.


— Sim.

Dou outra mordida e Austin olha para mim. — Quer um


pouco?

Ele pega a outra tigela e come um pouco. Nós sentamos em


silêncio enquanto observamos o show. Depois de alguns minutos,
terminamos o almoço e ele coloca a tigela vazia na mesa. O show
continua e eu tenho que admitir, é muito legal. Eu não sou muito
um cara de carros, nada como Jasper era, mas as coisas que eles
estão fazendo com o carro são uma loucura.

— Você acha que eles vão colocar o laptop no console? —


Eu pergunto.

— Eles sempre fazem as coisas mais legais.

Ele não está errado.

Assim que o show termina, discutimos algumas de nossas


partes favoritas. É divertido falar com ele e ver seu ânimo
melhorar um pouco.

— Gostaria que você pudesse ver o episódio em que


colocaram uma tela de projetor no porta-malas.

Eu ri. — Por que todos nós precisamos disso no carro, certo?

— Papai disse que faria isso para que pudéssemos assistir


a um filme em qualquer lugar que quiséssemos. Ele usava para
levar a mamãe para o campo e olhar as estrelas.
— Eu não os conhecia muito bem porque ele era muito mais
velho do que eu, mas eles pareciam muito felizes.

Ele acena com a cabeça uma vez. — Eles eram. Eles riam
muito e dançavam o tempo todo. Era nojento.

Eu o cutuco suavemente. — É o que os caras fazem quando


amam uma garota.

O humor cai um pouco quando ele olha para baixo.

— Você me ouviu ontem à noite?

Cada noite, Austin nos acorda gritando. Seus pesadelos são


horríveis, é sempre o mesmo sonho todas as vezes. Essa é a
primeira vez que ele fala comigo sobre isso.

— Eu ouvi, mas... não há julgamento aqui. Tive pesadelos


durante anos depois que minha mãe morreu.

— Tia Devney disse isso.

Claro que ela fez. — Ela adora saber coisas que eu nunca
disse a ninguém. — Eu aceno e dou a ele um pequeno sorriso. —
Eu tentei impedi-los. Eu pensei que se eu pudesse dormir mais
tarde ou mais cedo ou dormir com algo que eu amava, isso iria
parar, mas não parou. Não imediatamente.

— Estou vendo o acidente.

— Sim?
— Os sons estão muito altos e acho que está acontecendo
de novo. — Esse garoto precisa de uma pausa. Eu odeio que ele
esteja lidando com tanto em uma idade tão jovem.

— Quero garantir a você que está tudo bem e o acidente não


está acontecendo, mas você sabe disso. O que talvez você precise
ouvir é que isso vai parar. Um dia, você não terá esses sonhos e
não se sentirá triste. Eu sei que parece que nunca vai acontecer,
mas o tempo realmente cura as coisas. Você vai andar
novamente, você vai ter uma nova rotina e as coisas vão se
tornar... diferentes, mas constantes. Nós vamos estar aqui para
ajudar você.

— Mas você vai partir logo.

Meu estômago cai, e o novo território que eu achei que


poderia percorrer se torna cheio de obstáculos e eu não posso
evitar.

— A temporada começa logo e tenho treino, mas isso faz


parte do jogo.

— Para onde nós vamos?

— Você e sua tia são bem-vindos para ficar aqui. Ninguém


vai expulsar vocês quando eu sair. Para não mencionar... — Eu
realmente quero que vocês dois venham comigo... — ...nós ainda
temos tempo.

Austin move a perna um pouco, estremecendo ao fazê-lo. —


Eu acho.
— Nós vamos descobrir algo. Estou com sua tia há vinte
anos e ela ainda não conseguiu se livrar de mim, não se preocupe.

Digo o que podem ter sido minhas últimas palavras famosas


porque cada indicação externa diz que ela me quer, mas cada
sinal de alerta na minha cabeça está soando.

Ele sorri e pega o controle remoto.

— Devemos assistir a outro episódio? — Eu me forço a


devolver o sorriso.

— Sim, vamos fazer isso.

— Você ainda está planejando vir na manhã de Natal? —


Ellie pergunta enquanto coloca um bolo na mesa.

— O inferno se eu sei.

Ela revira os olhos. — Eu não estava perguntando a você. —


Ela se vira para Devney.

Dev dá de ombros.

— Esse era o plano, mas agora com Austin e meus pais


realmente precisando estar em torno dele, eu não tenho certeza.

— Entendi. Você não precisa estar aqui em um horário


definido, mas se puder, adoraríamos ter você.
Viemos aqui para tirar Austin de casa um pouco e forçá-lo
a ficar perto de alguém além de nós. Desde o acidente, ele não
voltou para a escola e como as férias de Natal começam amanhã,
Devney não queria forçar.

Hadley trouxe seu trabalho para casa e assumiu a


responsabilidade de ensiná-lo tudo o que ele perdeu.

Minha sobrinha é a distração perfeita para ele.

— Obrigada, vamos definitivamente pensar sobre isso. —


Devney diz suavemente.

Connor entra na sala. — Ele parece bem. Ele está usando


as muletas agora?

— Sim. Ele está chegando lá.

— Quebramos ossos suficientes para saber que é preciso


tempo e paciência que nenhuma criança tem para se curar.

Ele não poderia estar mais certo. Declan quebrou o braço


quando éramos crianças e eu quebrei quase todos os dedos das
mãos porque fui um idiota muitas vezes por trás do prato.

— Sim, Austin precisa se curar, e todos nós sabemos.

— Todos nós precisamos. — Devney diz calmamente.

Minha mão envolve a dela e dá um aperto. — Eu sei,


querida.

— Sinto muito. — Ela puxa a mão para trás e ajusta a


camisa. — Eu não deveria ser assim. Hoje foi... esquisito. Eu não
sei. É como se estivesse me atingindo de uma vez. É quase Natal
e... Eu tenho que fazer todas essas coisas. Não temos uma árvore
ou presentes para colocar debaixo dela. Eu preciso fazer tudo
isso.

Mal sabe ela que eu já tenho alguns presentes especiais.


Antes que eu possa dizer qualquer coisa, minha cunhada
assume. Ellie se senta ao lado dela. — Eu posso ajudar. Com
qualquer coisa que você precisar. Connor vai buscar uma árvore
para você e eu posso mandá-lo fazer compras, se quiser. Ele pode
fazer tudo isso enquanto lidamos com as outras coisas.

— Uhh — murmura Connor. — Hã?

— Sim, Connor, você pode ir. Você é bom em fazer compras


e fazer tudo isso. — Acrescento, como o irmão prestativo que sou.

— Que diabos está fazendo? Ela é sua namorada.

— E sua esposa quer que você ajude.

— Eu quero que você cale a boca. — Ele diz baixinho. Ellie


o olha com uma sobrancelha levantada.

— Você está dizendo que não vai ajudar seu irmão e


Devney?

— Claro que não! — Ele diz tão rápido que é cômico.

— Então por que você está reclamando?

Eu sento aqui, um sorriso de comedor de merda estampado


em meu rosto. — Sim, Connor, por que você está reclamando?
Ele coloca a mão nas costas da minha cadeira antes de me
dar um tapinha quando elas desviam o olhar. — Ai!

— O que há de errado, Sean? Você machucou o dedo do pé?

— Vou esboçar algo.

Devney revira os olhos e desvia o olhar. — Idiotas.

— Eles realmente são. — Ellie diz sem uma pausa.

— Sim, bem, vocês duas são as idiotas que se apaixonaram


por nós, então o que isso faz de vocês? — Connor pergunta.

Devney responde primeiro. — Idiotas maiores.

— Pelo menos elas sabem disso. — Digo a ele.

— Verdade. Se elas estivessem em negação, eu ficaria


preocupado.

Elas voltam à conversa e eu sigo meu irmão para fora. — Eu


realmente sou um idiota — eu digo enquanto o ar frio nos atinge.

— Por quê?

— Eu não pensei em uma árvore ou em fazer o Natal... eu


estive tão preocupado com Devney e Austin que isso escorregou
da minha mente.

Ele me dá um tapinha no ombro. — Bem, você tem tipo...


três dias, é melhor fazer eles valerem a pena.
Sean

— E quanto a esta? — Eu pergunto, apontando para uma


bela árvore gorda na nova fileira que tínhamos que verificar.

Devney inclina a cabeça, olhando para ela, e então dá de


ombros. — Não sei, não parece nossa árvore.

— Qual é a sensação da nossa árvore?

— Não sei, mas não é isso.

Eu juro que ela está tentando me matar. Não apenas


estivemos no frio congelante por uma hora, mas ela também não
tem ideia de que tipo de árvore ela gosta.

— Dev, é uma árvore.

Austin ri de sua posição muito confortável no pátio. Nós


colocamos o trailer na parte de trás e o fizemos parecer com uma
cama. Sua perna está segura e ele está enrolado em cobertores.

— Austin, não é a árvore a coisa mais importante? — Ele


olha para mim e depois volta para ela.

— Certo?
— Vê? — Eu grito. — A criança não se importa. Esta árvore
parece boa?

Ele encolhe os ombros. — Eu acho. — Devney dá um tapa


no meu peito.

— Viu? Ele não gosta dessa. Ele está apenas tentando ser
legal. Agora, vamos andar e encontrar a árvore perfeita.

— A árvore perfeita será a da nossa sala de estar. — Ela


bufa.

— Isso importa.

— Importante é eu manter todos os meus dedos! — Dev


revira os olhos. — Dramático.

Vou dar a ela o dramático. — Querida, faltam dois dias para


o Natal e todas as árvores perfeitas foram cortadas três semanas
atrás. Agora, temos uma árvore perfeitamente adequada aqui, e
como ainda tenho sensibilidade suficiente em minhas mãos para
cortá-la, devemos pegá-la.

Ela caminha mais para o quadriciclo e sobe nele. — Não é a


certa.

Eu gemo, olhando para o céu. — Você está me matando.

— Você vai superar isso.

Eu solto um suspiro, soltando fumaça ao meu redor,


bloqueando meu rosto de sua visão enquanto me resigno ao fato
de que vou ficar aqui o tempo que ela quiser, porque é isso que
os idiotas fazem pela garota que amam. Eles passam horas em
uma fazenda procurando árvores de natal porque ela precisa ter
certeza que Austin tenha a árvore que ela precisa que ele tenha.

A realidade é que não vou discutir isso.

Eu sento no quadriciclo em frente a ela e eu juro eu posso


ver seu sorriso atrás de mim. Adorável monstrinho.

Nós andamos por mais dez minutos até que ela toca meu
ombro. Eu estaciono e tento limpar o meu nariz, mais isso
realmente dói. Eu me pergunto se meleca pode congelar. Se sim,
a minha congelou.

— Sim, meu amor? — Eu pergunto com uma boa camada


de sarcasmo.

— Essa aqui.

Ela aponta para uma árvore que está um pouco inclinada


para a esquerda.

— Essa é a árvore perfeita?

Não tem como ela realmente querer essa árvore. — Sim.

Ok, parece que existe uma maneira. — Dev, aquela árvore


está inclinada.

— Eu sei! — Ela sorri e pula de felicidade. — É um pouco


torta e ninguém iria querer ela, é por isso que temos que pegá-la.

Eu estou... não tenho certeza do que dizer. — Como você


acha que vamos conseguir colocá-la de pé?
— Não sei, mas ela precisa de um lar.

— E nós vamos lhe dar um?

Ela concorda. — O que você acha, Austin?

— É torta.

— Sim. — Eu concordo com ele. — Ela é. E você sabe que


árvores precisam de enfeites e luzes e não podem ser tortas.

Ele ri. — Tia Devney, acho que devemos pegar uma que não
caia.

Garoto inteligente. — Veja, até ele entende.

Ela acena com a mão e arrasta a ponta dos dedos sobre os


galhos. — É uma árvore forte. Tem boas raízes.

— Tem um tronco ruim.

Eu a amo, mas estou tão perdido. Estamos procurando a


árvore perfeita, e ela quer levar uma para casa que terei que
chamar Connor para manter em pé e segurar, porque não tenho
a menor ideia de como fazer isso.

— Eu quero. — Ela diz sem se desculpar.

Sabe, eu estou com muito frio para me importar o suficiente


para discutir. Estou congelando, minhas bolas encolheram no
meu estômago e temos um garoto ferido andando por aí enquanto
sua tia louca procura por uma árvore.

Ela quer essa aqui, então ela terá.


Depois de soprar meus dedos por uns bons dois minutos,
eu ligo a motosserra e derrubo a árvore ruim. Nós embrulhamos
uma lona em torno dos ramos e em seguida, amarramos o tronco
na parte de trás para que possamos transportá-la para casa.

Quando chegamos em casa, eu ajudo Austin a entrar e ligo


a lareira enquanto Devney faz chocolate quente.

Agora, devo enfrentar a árvore.

Eu tento. Eu realmente quero. Eu coloco a árvore no


suporte, onde ela permanece por três segundos inteiros antes de
tombar para a esquerda. Isso acontece mais três vezes enquanto
Austin ri sem parar. Pelo menos posso oferecer entretenimento a
ele.

— Talvez se cortarmos um pouco mais do fundo, funcione?


— Devney oferece seus conselhos inúteis.

— Querida, podemos cortar a metade se você quiser.

Ela suspira e fica parada com os braços cruzados sobre o


peito, apenas observando.

— Talvez possamos construir um suporte especial contra


inclinações.

— É claro! — Eu digo irritado. Eu não sou bom em construir.


Não posso construir um suporte especial. Ela está prestes a ter a
próxima melhor opção de todas... minha versão de uma posição
perfeita.
Eu sigo para o celeiro e pego uma lata com água e trago.
Devney se acomodou no sofá ao lado de Austin, e eles me olham
com uma mistura de humor e medo.

Eu coloco o balde no canto e empurro a árvore lá dentro.


Está encostado na parede, com o lado curvado para fora.

— Isso é o melhor que você vai conseguir. — Digo a ela.

Devney se levanta, com um sorriso em seus lábios enquanto


ela envolve suas mãos em volta do meu braço.

— Eu amo isso.

— Você ama?

— Sim. Está perfeito. Ela está lá, erguida, a árvore perfeita.

Meus olhos encontram os dela, me perguntando se ela


sofreu uma lavagem cerebral por alienígenas, mas eu apenas vejo
o amor. Ela realmente acha que está ótimo.

— Podemos decorar? — Austin pergunta.

— Claro, vamos apenas decorar a parte da frente. — Devney


beija minha bochecha e então se move para as caixas de
decorações, algumas das quais vieram do sótão e outras vieram
da casa de Austin.

Ela levanta a tampa de uma das caixas que pegamos da


casa de Jasper e Hazel e entrega o enfeite para Austin.

Os olhos dele se enchem de lágrimas, mas há um leve


sorriso em seus lábios. — Eu fiz esse.
Ela concorda. — Eu lembro.

Encontro um espaço entre eles e me espremo para ver o


enfeite que ele está segurando. As contusões e arranhões
começaram a cicatrizar e desaparecer. Ele se parece mais com o
menino que era antes do acidente, há duas semanas. — Posso
ver? — Ele me entrega, e eu examino a foto dele, Jasper, Hazel e
Devney no meio com um amassado papel verde em torno deles.
— É mais o menos como a foto que eu tenho, hein?

— Você acha que eu posso ficar com isso como você faz? —
Seus olhos castanhos se arregalam e seus lábios se abrem. —
Como aquele que Sean tem para seu amuleto de boa sorte?

Ela concorda.

Eu pego a foto da minha carteira que mantenho sempre


comigo. Onde tem as pessoas mais importantes da minha vida.

— Veja, você está sempre comigo, sempre.

Ela deixa o cabelo cair na frente do rosto, me protegendo de


ver o que tenho certeza que são lágrimas. — Isso é tão fofo.

Austin faz um barulho de engasgo. — Não é doce, é sorte.

— Bem, eu acho que é os dois. — Ela diz rindo e levantando


seu olhar para nós. — Você quer manter essa foto?

Austin faz uma pausa, olha para a árvore e balança a


cabeça. — Não, não essa.

— Por que não? — Eu pergunto.


— Está faltando pessoas.

Nós dois olhamos para ele. É o grupo de pessoas que


importa.

— Quem está faltando na foto? — Dev o questiona.

— Sean.

Naquele momento, eu sei que Devney não é a única que eu


não posso ficar sem, são os dois.

Ontem nós fizemos compras de último minuto e eu fiquei


ocupado planejando a verdadeira surpresa para Devney. Agora,
eu quero desfrutar da nossa primeira manhã de Natal juntos.

Eu rolo e envolvo meu corpo em torno de Devney, a puxando


para mais perto. O relógio indica quatro da manhã. Preciso me
levantar e ter certeza de que o último dos presentes está embaixo
da árvore, e que a árvore ainda está de pé depois que trabalhei a
noite toda.

No início da noite passada, eu a carreguei para a cama


depois que ela adormeceu na cama de Austin ao colocá-lo para
dormir. O pobre garoto teve os piores pesadelos nas últimas três
noites. Ele geme em seu sono, e Devney está fora de si, pois
parece estar piorando. No entanto, me permitiu trabalhar sem
medo de que ela percebesse que eu tinha partido.

Ela se aninha de volta, esfregando sua bunda contra meu


pau, e eu tenho que lutar contra o desejo de fazer amor com ela.

Tenho sido paciente. E seguindo os conselhos dos meus


irmãos, tenho deixando ela mostrar o caminho, mas sinto falta
dela. Preciso estar dentro dela novamente, dar a ela todos os
motivos para continuarmos juntos, e eu tenho medo que ela
continue escapando.

— Sean. — Sua voz está sonolenta, mas a rouquidão me faz


endurecer. — Feliz Natal.

— Feliz Natal, querida.

Ela se vira com as mãos no meu peito e se inclina para me


beijar.

— Eu te amo.

Essa é a única coisa que sei que não mudou. Ela me olha
com mais amor a cada dia. Eu posso ver como isso é difícil para
ela. Talvez a coisa certa a fazer seja tirar o estresse adicional
sobre decidir e deixá-la ir. Mas eu não posso. Eu já vivi uma vida
sem ela, e eu não vou desistir agora.

Durante anos, cumpri a promessa de ficar sozinho e, agora


que a quebrei, não há como voltar atrás.

Ela encheu meu mundo com cores que nunca vi antes e tons
suaves que são do que eu quero estar cercado.
— Eu te amo. — Digo a ela.

— Faça amor comigo. — Devney implora, suas mãos


descendo pelo meu peito. — Por favor, eu preciso de você.

Eu pego seu rosto em minhas mãos e a beijo suavemente.


Nossas línguas se movem juntas em um ritmo perfeito, pegando
e dando quando a outra muda. Minhas mãos deslizam por sua
pele lisa, traçando cada curva, guardando cada uma na memória.
Eu amo como ela se sente. A maneira como seu corpo se encaixa
com o meu tão facilmente. Beijo sua garganta enquanto ela
levanta para me dar mais acesso. Ela tem gosto de sol e cheiro
de baunilha. Se movendo de volta aos seus lábios, eu capturo um
gemido que escapa quando seguro seus seios.

— Você me deixa louco. — Digo a ela. — Eu quero você a


cada momento de cada dia.

Seus dedos deslizam pelo meu cabelo antes de se enrolarem


em punhos para que ela possa puxar meu rosto para trás e olhar
para mim.

— Você não tem ideia do quanto eu te quero.

— Me mostre.

Devney me empurra de volta e eu vou com facilidade, a


deixando assumir a liderança. Suas pernas montam em mim e
seu calor se instala contra meu pau. Seus lábios vêm aos meus
enquanto suas mãos se movem contra meu peito. Ela se abaixa
lentamente, beijando seu caminho pelo meu corpo e deslizando
minha cueca para que ela possa envolver sua mão no meu pau.
— Eu amo cada parte de você. — Sua voz é suave como seda.
— Eu amo como você me faz sentir. Como você olha para mim.
Tudo com você é melhor.

Meus dedos se movem através de seus fios sedosos cor de


chocolate, e apertam seu couro cabeludo.

— Tudo que eu quero é te dar tudo.

Ela sorri. — E eu quero dar a você também. Agora fique


quieto e não acorde Austin.

Sua cabeça abaixa, os olhos fixos nos meus enquanto ela


me leva em sua boca. Sua língua quente e úmida desliza sobre
mim, e eu tenho que reprimir um gemido. Ela balança para cima
e para baixo, usando a mão junto com a boca. Sua língua se
movendo ao mesmo tempo ao longo da parte de baixo me faz
agarrar os lençóis. Deus, ela é incrível.

Eu preciso dela. Eu preciso fazer algo antes de perder a


porra da minha cabeça.

Eu agarro seus quadris, a puxando em direção ao meu rosto


e rasgo sua calcinha. Ela geme em volta do meu pau, enviando
pulsação elétricas pelo meu corpo.

Para evitar gozar muito cedo, penso em outra coisa e não


nas incríveis sensações de sua boca.

Minha solução é puxar sua vagina perto de mim, inalando


seu almiscarado perfume e como se transformou no que ela é.

— Eu vou fazer você gozar. — Eu adverti.


Minha língua desliza contra sua abertura e, em seguida até
seu clitóris. Eu a seguro firme, onde eu a quero, não permitindo
que ela mova seus quadris enquanto eu a enlouqueço. Com sua
boca envolvida em torno de meu pau, ela geme e afunda ainda
mais. Eu me concentro na dela, não nas intensas sensações
pulsando através de mim cada vez que eu bato a parte traseira
de sua garganta.

Se torna uma batalha de quem vai levar o outro à beira do


precipício mais rápido, e eu trabalho muito para vencer.

Não que haja perdedores aqui.

Ainda assim, eu quero que ela goze. Eu quero prová-la


enquanto eu a levo à borda.

Devney tenta mover seus quadris para longe, e eu a seguro


ainda mais forte, sacudindo e chupando até que ela levante a
cabeça e desmorone.

Eu continuo com ela, levando tudo o que ela dá enquanto


suas pernas cedem e ela descansa contra a minha perna.

Então eu a viro, olhando para seus olhos castanhos e


saciados. — Nós não terminamos.

Ela sorri. — Espero que não.

Suas pernas se abrem e eu afundo em seu calor.

Ficamos conectados, olhos, corações e eu juro que ela é a


dona da minha alma. Se foi a luta frenética que tivemos, e eu
movo em um ritmo constante, não querendo que essa conexão se
quebre. Bem aqui, ela é minha tanto quanto eu sou dela. Nossos
segredos foram descobertos e quero que ela saiba que farei tudo
o que ela precisar.

Eu vou lutar.

Eu vou me render.

Eu farei qualquer coisa para não perdê-la.

— Não posso perder você. — Ela diz, enquanto as lágrimas


enchem seus lindos olhos.

— Você não vai.

Sua mão roça a barba por fazer na minha bochecha.

— Eu te amo muito, Sean.

Eu fecho meus olhos e empurro mais fundo. Precisando que


ela me sinta, sinta como somos parte um do outro.

— Você não vai me perder. — Eu farei as palavras se


tornarem verdade.

Ela levanta a cabeça, me beijando suavemente, e aquele


toque é demais. Eu não consigo me conter. Todo meu controle
desaparece, e eu gozo mais forte do que já fiz antes.

Depois de longos minutos, ficamos deitados emaranhados,


ofegantes e abraçados.

Este é o primeiro Natal em dez anos em que não me sinto


indiferente a respeito do feriado. Passei as duas últimas semanas
recebendo presentes, pagando minha cunhada para embrulhá-
los e trabalhando para tornar este feriado perfeito para Austin e
Devney.

Eu realmente espero que ela ame o que eu comprei.

— Vamos ter certeza de que tudo está pronto. — Devney diz


quando ela começa a levantar.

Eu a sigo. Colocando meu short e agarrando sua bunda


enquanto ela passa por mim em seu robe.

Chegamos à sala de estar e ela engasga. — Sean, você fez


isso?

Quando ela foi para a cama na noite passada, a árvore


estava minimamente decorada por causa de nossas tentativas na
outra noite e, embora tentássemos deixar a sala de estar um
pouco mais festiva, não havia muito o que fazer com o que
tínhamos.

Então, recrutei algumas pessoas para ajudar.

Eu a coloco ao meu lado, olhando para o Winter Wonderland


na nossa frente. — Eu tive ajuda.

Agora, a sala de estar está repleta de decorações. As meias


estão penduradas na frente da lareira, há luzes ao redor das
janelas, poinsétias vermelhas nas mesinhas e a árvore agora está
de pé, graças a Connor.

— A árvore! — Ela se engasga. — Como você...


— Connor.

Ela sorri. — Ele construiu isso?

— A contragosto, mas sim. Ele trabalhou nisso e trouxe


ontem à noite. Todos os meus irmãos ajudaram a fazer isso pra
você.

— Você está tornando isso incrivelmente difícil para mim. —


Eu me viro para que ela esteja em meus braços e seguro seu
rosto.

— Esse é o objetivo final. Eu disse a você que eu não a


deixaria sem lutar. Eu disse a você que eu faria isso para que a
única opção fosse eu.

— E o que acontece se eu não puder ir embora?

Eu esfrego meu polegar contra sua suave pele. — Então,


fazemos um novo plano, mas de qualquer forma, teremos muitas
manhãs de Natal.

Ela fica na ponta dos pés e nossos lábios se encontram. —


Eu sabia que você era um problema na primeira vez que nos
conhecemos.

— Bem, felizmente, você correu para o problema.

— E olhe para mim agora.

Eu dou outro beijo nela. — Pega por um homem que não


tem intenção de deixar você ir.

— Talvez eu goste de ser pega.


— Talvez eu goste de pegar você.

— Talvez fomos feitos para pegar um ao outro.

Eu sorrio para ela. — Estou feliz que finalmente o fizemos.

— Eu também.

— Feliz Natal, meu amor.

Ela encosta a cabeça no meu peito. — Você é o melhor


presente de Natal que já ganhei.
Devney

— Aqui, abra este! — Eu digo a Austin enquanto ele sorri


sem tristeza pela primeira vez.

Ele agarra o presente e o abre. — Uau!

A alegria em sua voz me dá esperança de um caminho


melhor à nossa frente. — Você me deu uma luva nova.

Eu olho Sean com um sorriso.

— Não apenas qualquer luva. Nós mandamos fazer essa


especialmente para você.

— Você fez?

Sean concorda e, em seguida, a pega então, para mostrar a


ele.

— Veja aqui, este é um acolchoamento extra que o ajudará


a recuperar a bola da luva mais rápido. E isto...

Ele aponta para alguma outra área.

— É onde você pode ajustar para os próximos anos.

— Isso é tão legal!


Os dois falam um pouco mais sobre a luva ridiculamente
cara, e eu me inclino no sofá com meu café. Esta manhã tem sido
incrível. Eu acordei nos braços de Sean, fizemos amor, levantei
para ver a melhor surpresa, e estou aconchegada na sala com a
lareira. Claro, eu sinto falta do meu irmão e Hazel, mas eu estou
tentando me permitir um pouco de felicidade. Austin é meu filho.
Independentemente do fato que ele sempre foi meu sobrinho. E
nesse momento que eu penso que... talvez minha mãe esteja
certa. Austin e eu estamos tendo nossa primeira manhã de Natal,
quando acordamos como uma família.

Há um senso de certo que me preenche, mas também há


culpa porque meu irmão se foi e é por isso que estou passando
por isso.

— Tia Devney?

Eu levanto os olhos da minha caneca. — Sim?

— Você está bem?

Esse garoto é a coisa mais doce. — Estou bem, só estava


pensando no presente que comprei para Sean e que quero dar em
seguida.

— Oh! — Austin se anima.

Eu me levanto e vou até a janela, verificando se o presente


chegou. Jasper estava trabalhando nisso nas últimas semanas e,
felizmente, alguns de seus amigos entraram em ação assim que
o perdemos. Eu tinha me esquecido disso até que eles ligaram
duas noites atrás para dizer que estava pronto.
Na noite anterior, seus irmãos se esforçaram para ter
certeza de que chegaria aqui sem que Sean soubesse. Eu
mergulho embaixo da árvore, tomando cuidado para não tocá-la
muito, caso o suporte caseiro não aguente. Pego o pequeno
pacote e o nervosismo me bate. Conseguir presentes para ele
sempre foi tão fácil, mas eu agonizei pensando no que dar a ele
desta vez.

Procurando por horas para ver se havia algo que diria todas
as coisas que eu quero dizer.

Eu te amo.

Você significa o mundo para mim.

Não sei o que vou fazer quando você for embora.

Claro, nada parecia adequado, então optei por algo que


pensei que poderia curar outra coisa.

— O que é isso? — Sean pergunta.

— Abra.

Ele puxa o embrulho e olha para ele.

— Uma chave?

Deus, espero que isso não saia pela culatra.

— Sim, e por favor saiba que se você odiar, eu não ficarei


chateada. Eu apenas... bem, eu pensei que talvez você queria
algo... bem, como eu disse, se você não gostar, você não vai estar
me ofendendo.
Estou divagando, mas eu não me importo. Eu quero que ele
saiba que eu realmente não ficarei chateada.

— Ok... — Ele puxa a palavra.

Eu pego sua mão e o levo em direção à janela. Lá está um


Chevy Camaro 1973 preto.

— Não é o mesmo. Eu não queria consertar o que você tinha


porquê... eu não achei que você gostaria disso. Mas este... — olho
para ele — ...estava em ótima forma quando o encontramos. Um
senhor a poucas horas de distância tinha em sua garagem.
Jasper quase chorou quando fomos buscá-lo. O cara de quem
compramos só queria que alguém o amasse como ele fez. Fizemos
algumas mudanças na mecânica dele porque não estava muito
legal. Nenhum projeto ou laptop porque, bem... você sabe. —
Tento brincar no final enquanto meu corpo formiga em
antecipação à sua reação.

Ele continua encarando o carro. Sem falar ou piscar ou


nenhum movimento, eu mordo meu lábio inferior. Eu não tenho
nenhuma ideia se ele está feliz ou se quer quebrar alguma coisa.
Eu olho para Austin, que está tão nervoso quando eu, mas ele
não tem ideia do porquê.

— Eu queria que você tivesse algo que foi tirado de você. —


Eu explico, esperando que ele não esteja chateado. Depois de
mais um minuto de silêncio, eu começo a quebrar.

— Sean? Me desculpe. Eu não deveria... eu apenas...

— Pare. — Sua voz é suave, mas severa.


Meu coração dispara e luto contra a vontade de chorar. Eu
fui estúpida. Eu deveria ter adivinhado, mas quando falei com
Connor, Jacob e Declan, todos eles acharam que era uma ótima
ideia. Ele não era o carro antigo, era um novo. Mais foi como se
eu pagasse uma coisa horrível do passado e trouxesse de volta
para ele. Não sei por que simplesmente não peguei o cartão de
beisebol idiota que teria risco zero.

Nada em nosso relacionamento jamais foi realizado com


segurança, e eu queria que nosso primeiro, e possivelmente
único, Natal fosse especial.

O ar sai do meu peito e dou um passo para trás. A mão de


Sean se lança e agarra a minha, entrelaçando nossos dedos.

— Não estou chateado. — Diz ele, ainda olhando para o


carro. — Eu estou.... atordoado. Ninguém mais entenderia o que
isso significa, mas você entende.

Meus olhos encontram os dele, as íris verdes estão cheias


de lágrimas não derramadas. — Isso deveria fazer você sorrir.

Sua cabeça balança lentamente e ele se vira para me


encarar completamente.

— Estou sorrindo por debaixo de todas as camadas do que


você vê agora... Eu simplesmente não posso, porque eu não sei
como me controlar.

— Você está feliz? — Sean me puxa com força, apertando e


beijando o topo da minha cabeça.
— Você não tem ideia.

— Podemos dar a ela nosso presente agora? — Austin grita.

Ele me solta, mas se inclina e me dá um beijo doce antes de


dizer — Obrigado, Devney. Apenas... obrigado.

Alívio por não ter estragado tudo inunda minhas veias, e eu


sorrio.

— Agora, — a voz de Sean muda de volta para a leveza a que


estou acostumada — este é um grande presente. Então, você
precisa se sentar.

— Sério? Eu tenho que me sentar?

Ambos concordam.

— Não queremos que você caia. — Explica Austin.

— Que atencioso. — Austin continua como se eu não


falasse.

— Nós conversamos muito sobre isso. Sean queria comprar


outra coisa para você, mas realmente senti que este era o melhor
presente.

Sean assume a conversa. — Você não é tão fácil de comprar


presente, querida. Houve muitas pistas que você estava dando.

Eu rio uma vez e pego meu café. — Sério? Acho que a lista
que dei foi bem fácil.
Olham um para o outro e sorriem. — Quem precisa de uma
lista?

Oh meu Deus. Isso vai ser um show de merda.

— Sim, quem compra presente de Natal de uma lista ao


tentar dar à outra pessoa o que ela quer? Oh, eu sei, Papai Noel?
— Eu tomo um gole da bondosa cafeína.

Austin revira os olhos.

— Sério, tia Devney, eu não tenho seis anos. Eu sei que o


Papai Noel não é real.

Eu engasgo com meu café. — Desculpe. Eu não sabia... —


Sean ri antes de nos trazer de volta ao assunto.

— De qualquer forma, estávamos agonizando sobre o que


comprar, mas no final decidimos que tínhamos que arrasar ou
simplesmente renunciar ao Natal.

— Bem, agora estou intrigada. — Eu me sento um pouco e


coloco a caneca na mesa. — O que é isso? Um avião? Um barco?
Oh, talvez seja o novo videogame que eu queria.

Austin revira os olhos. — Um avião?

— Bem, uma garota pode sonhar.

Eles riem. — Bem, um avião está envolvido.

Eu olho para os dois. — O que vocês dois fizeram?


Sean pega Austin e o carrega para mim. — Dê a ela,
homenzinho.

Austin estende um envelope. — Aqui.

Meu coração bate um pouco mais forte quando o tiro dele.


Não tenho ideia do que possa ser, mas os dois parecem
extremamente animados.

Eu levanto a aba selada, movendo lentamente e extraindo


sua óbvia antecipação. — Eu me pergunto o que é.

Austin suspira. — Abra!

Eu rio e faço o que ele diz. Há um cartão com o Mickey na


frente.

Quando o abro, ele tem três ingressos de parque para a


Disney no interior.

— Estamos indo para Flórida! — Austin grita e agarra


minhas mãos. — Nós estamos indo para a Disney e, em seguida,
a Universal e então vamos ver a praia!

Ele parece que poderia explodir de sua pele. — Isso é


demais.

Sean balança a cabeça. — Todos nós poderíamos usar um


pouco de sol. Você não acha?

Eu olho para o chão gelado e coberto de neve e sorrio. —


Acho que sim.
— Bom. — Sean diz e então me puxa para ficar de pé. —
Faça as malas, partimos hoje à noite.

— O quê? — Eu grito. — Esta noite?

Austin ri. — Sean e eu fizemos nossas malas há dois dias.

— E se eu disser não?

Sean e Austin trocam olhares. — Você? Dizer não para nós


dois? Somos irresistíveis.

Oh, agora eu já ouvi tudo. — Sim, veremos sobre isso.

— Tarde demais para discutir, nosso voo sai às nove da


noite e vamos direto para o aeroporto depois de irmos para
Connor.

Eu me levanto e lhe dou um beijo. — Obrigada.

— Não há necessidade de me agradecer, querida. Não há


nada que eu não faria para ver você sorrir.

— Isso é tão romântico. — Diz Ellie enquanto junta as mãos


contra o peito. — Connor e eu não fomos a lugar nenhum. Nem
mesmo tivemos uma lua de mel.

Eu olho para Ellie com uma sobrancelha levantada.


— Você estava grávida.

— Não significa que eu não queria viajar.

Eu rio e coloco outro biscoito em minha boca.

Syd dá de ombros. — Eu também não consegui. Mas nos


casamos na prefeitura sem ninguém saber disso. E, na verdade,
eu já estava inchada e desconfortável.

— Bem, isso não é uma lua de mel. — Eu as lembro.

É uma viagem. Férias com segundas intenções, mas... não


vou olhar os dentes de cavalo dado.

— Poderia ser...

Eu olho para Syd. — Não é. Isso...

— É Natal. — Ellie me cutuca. — Coisas mágicas acontecem


nesta época do ano. Eu sei que você está lutando contra isso,
mas você pode honestamente dizer que não quer encontrar uma
maneira de fazer funcionar?

De todas as pessoas nessa cidade, eu pensei que ela


iria ficar do meu lado.

— Você tem uma filha que tem mais ou menos a mesma


idade de Austin. Como você lidaria com isso?

Ellie levanta Bethanne em seus braços um pouco mais alto


e dá um tapinha em sua bunda. — Eu seguiria meu coração.

Sim, é muito fácil de fazer.


— Meu coração não dá estabilidade a Austin. — Eu digo a
ela.

— Ele também precisa de amor. — Acrescenta ela.

— Eu o amo. — A mão de Syd repousa no meu braço.

— Ninguém está dizendo que você não ama. Você também


ama Sean, e Sean ama Austin. Não há nenhuma cadeira
quebrada. Não estou dizendo a você para se mudar, eu estou
apenas dizendo para pensar no que está a perder se não fizer.

Eu me inclino para trás, pegando outro biscoito e enchendo


minha boca com ele. Tudo isso é tão difícil. Sinto como se
estivesse sacrificando a segurança de Austin só para ser feliz de
novo.

Ele pode nunca saber que sou sua mãe biológica, e eu


aceitei isso, mas nunca quero que ele questione minha devoção
por ele.

Ellie pigarreou. — De qualquer forma, vamos conversar


sobre isso. Não há necessidade de nos precipitarmos.

A porta da varanda se abre. — Bem, se este não é o grupo


de mulheres mais bonitas, já reunido.

— Jacob! — Syd grita e corre para a frente.

— Você conseguiu! Eu estava tão preocupada.

— Por favor, você não precisa se preocupar comigo, eu sou


um super-herói.
Eu fico de pé. — Ou um super idiota.

Ele sorri. — Isso também. — O voo de Jacob atrasou e não


tínhamos certeza se ele conseguiria, mas estou feliz que ele está
aqui. Ele me puxa contra seu peito e aperta.

— Eu sinto muito sobre seu irmão, Shrimpy. Eu não


conhecia Jasper muito bem, mas o que eu sabia, eu respeitava.

Eu lhe seguro um pouco mais apertado.

— Obrigada, Jacob.

— A qualquer hora.

Ele me solta e puxa cada uma das outras garotas para um


abraço. Esse Natal agora está completo. Todos os irmãos estão
juntos e a família sob o mesmo teto. Eu sei que não é minha
família, mas eles sempre se sentiram assim. Nossas vidas foram
interligadas em uma idade jovem e como eles são tão próximos
em idade, parecia uma matilha.

Eu sinto falta da minha matilha.

— Agora, eu quero ver minhas sobrinhas e sobrinhos,


mimá-los até estragá-los e ter certeza de que sou o favorito.

E algumas coisas nunca mudam.


Sean

— Então, vocês estarão na Flórida, mas eu ainda tenho que


dormir na porra do pequeno galpão na floresta?

Declan ri e levanta sua garrafa para mim. — Agora é um rito


de passagem.

— Que porra é essa?

— Você deveria ser um cara grande, forte e super-herói,


cara! Você não consegue viver em uma caixa com muito pouco
calor? — Eu pergunto.

Jacob se vira para mim. — Você não vai estar em casa!

— Isso não significa que eu quero você invadindo meu


espaço.

Ele bufa e pede ajuda a Connor, mas ele apenas dá de


ombros.

— Sério isso? Nem mesmo você ficará do meu lado... espere!


— Jacob bate palmas. — Connor nunca teve que dormir lá.

— Eu também tive de reparar a casa principal, que estava


uma centena de vezes pior quando eu cheguei aqui. Então, sim,
o luxo que vocês idiotas estão desfrutando é graças a mim.
Connor tem razão. — Tanto faz, isso é uma besteira.

— Fique bravo, irmão, mas você não vai ficar com Sydney e
eu. — Dec acrescenta apenas para cavar a faca um pouco mais
fundo.

— Tenho um recém-nascido e uma esposa cujo humor


muda muito rapidamente. — Diz Connor com um sorriso.

— E eu apenas não quero você na casa. — Eu realmente não


tenho nenhuma outra boa razão do que irritá-lo.

Jacob se joga no sofá. — Eu odeio todos vocês.

Ellie entra na sala segurando Bethanne. — Vocês meninos


estão vindo ajudar com o jantar ou simplesmente vão deixar as
mulheres fazerem tudo sozinhas?

— Eu me ofereci para ajudar, mas Connor disse que você


não precisava de nada. — Eu falo primeiro.

Se um olhar pudesse matar, meu irmão me teria fatiado


como filé de peixe.

— Bem. — Ela olha para ele. — Você pode terminar de


cozinhar para nós.

Ele se levanta e a beija na bochecha.

— Você sabe que eu nunca diria isso. — Ela sorri para ele.

— Sim, mas você ainda vai ajudar.


Eles compartilham um olhar que faz meu coração doer pra
caralho. Eles amam o outro tanto que nada poderia ficar entre
eles, não a distância, tempo, outras pessoas, ou um obstáculo.
Eles se amam o suficiente para descobrir como a coisa devem ser,
mesmo quando eles parecem insuperáveis.

Eu me sinto assim. Eu lutaria com cem homens se isso fosse


necessário para manter Devney.

Ellie toca meu braço. — O que há de errado?

— Nada. — Eu balanço minha cabeça, tentando não pensar


nas possibilidades do futuro.

— Sean, vamos lá, fale comigo. Eu sou sua irmã.

— Ganhei algumas desde o ano passado.

Ela ri. — Sim, você definitivamente ganhou. Eu gostaria de


pensar que você está animado com isso.

— Definitivamente.

Eu amo as duas. Ellie é o complemento perfeito para Connor


e Syd sempre foi o contrapeso de Declan.

— Então, fale comigo. — Ela encoraja.

— Sim, nos conte todos os seus sentimentos para que


possamos consertá-los. — Jacob interrompe.

— Veja você. — Ela aponta para ele. — Eu também tenho


que falar com você sobre uma coisa.
— Oh, por favor, fale com Jacob. — eu insisto.

Ela sorri para mim e depois se vira para ele. Eu realmente


gosto da minha nova cunhada.

— Há um novo garoto na escola que está passando por um


momento difícil. Seu pai era um SEAL que foi morto em combate.

Jacob olha para mim. Ele não precisa dizer isso, eu sei o
que ele está pensando... é o que temíamos que acontecesse com
Connor. Cada vez que o telefone tocava enquanto ele estava em
uma missão, uma parte de mim queria vomitar. Nós três
odiávamos o medo que sentíamos.

— Sinto muito por ouvir isso.

Ellie pega sua mão. — Eu sei que você é muito bom com
seus fãs e por coincidência ele o é maior de todos. Sua mãe pegou
o emprego de orientação no conselho da escola, e quando ela
descobriu que eu era uma Arrowood, ela perguntou se talvez você
pudesse conhecer Sebastian. Eu não prometi nada.

Jacob levanta a outra mão. — Não diga mais. O que você


quiser que eu faça, eu farei. Ficaria feliz em ajudar uma criança
cujo pai é um herói.

Ela se levanta e beija sua bochecha.

— Você é um bom homem, Jacob Arrowood.

Ele a puxa para um abraço. — Melhor do que esses idiotas


combinados.
— Sim, certo. — Devney diz enquanto ela entra na sala.

— Você é um encantador com uma língua de prata, mas não


está enganando ninguém.

Eu jogo meu braço sobre seus ombros, a trazendo para mais


perto de mim. Bem onde eu a quero. — Deus, eu te amo.

Ela sorri de volta para mim. — Eu também te amo.

— E... Eu vou vomitar. — Jacob faz um barulho de engasgo.

— Espere, Jacob. Um dia, você vai encontrar uma garota


que vai bater em sua bunda, e eu não posso esperar para ver
isso. — Ellie diz antes de concordar com Devney.

— E quando isso acontecer, — digo, sem tirar meu olhar de


Devney. — Espero que você tenha metade da sorte que eu tive.

Ela descansa a cabeça no meu ombro e oro para poder


segurá-la perto o suficiente e mantê-la.

— Este é o melhor dia depois do Natal! — Austin diz, e eu


gostaria de poder ver o parque através de seus olhos.

Quando criança, não havia férias em família ou mesmo a


mera ideia de vir para a Disney. Nossas viagens eram no pasto
para acampar, o que era bom para nós, mas quando saí de
Sugarloaf, queria fazer tudo.

Um dia depois de me mudar para a Flórida, vim para a


Disney pela primeira vez.

— Estou feliz que você esteja animado. — Eu digo enquanto


toco o topo de sua cabeça.

— Você é o melhor, Sean.

— Eu, com certeza, sou.

Ele sorri. — Posso ir até a loja?

Devney concorda. — Só não vá muito longe, ok?

Austin, que se tornou um profissional na cadeira de rodas


que eu aluguei para a viagem, roda sem dar nem mesmo uma
resposta. Desde que chegamos aqui, ele tem sido o garoto
flutuante que conheci alguns meses atrás. Ele está sorrindo,
falando sem parar, e há o sentimento de excitação que estava
ausente antes.

— Obrigada — Devney diz enquanto ela o observa.

— Por?

— Tudo isso. — Seu sorriso vale a pena cada centavo gasto.

— Você não tem que me agradecer.


— Eu acho que sim. Mesmo que isso seja tudo...
extravagante. — A voz de Devney é suave enquanto ela olha ao
redor.

— Não, é Natal. Eu queria que tivéssemos tudo o que


quiséssemos.

Ela se move em minha direção. — Tudo que eu queria era


nós.

— Você tem isso.

Eu posso ver a hesitação em seus olhos. — E sobre a perna


dele? Quero dizer, vai ser uma merda.

— Está tudo bem, querida. Conversei com sua equipe de


fisioterapia e ele conhece seus limites. Pegamos a cadeira de
rodas e assim começamos os passeios sem ter que esperar!

Liguei para os médicos antes de agendar isso para ter


certeza de que ele poderia fazer uma viagem e foi como balançar
um doce na frente de um diabético. Ele disse que enquanto
Austin usasse muletas ou uma cadeira de rodas, ele estaria bem.

As montanhas-russas são proibidas, mas qualquer outra


coisa deve estar bem. Felizmente, o garoto nem gosta de
montanhas-russas, então não há nada que ele esteja perdendo.

Além disso, Austin sabe o que é mais fácil para curar seu
corpo, então mais rápido ele estará de volta ao campo. Para uma
criança que só quer jogar bola, dizer a ele para pegar leve pode
ser uma opção a considerar. Ou eles vão rápido demais ou o
tratam como um bebê. Austin parece estar no último, o que é
uma coisa boa. Você pode forçar alguém a começar a fazer algo,
mas tentar pará-lo costuma ser um desafio.

— Eu sei, e é ótimo, mas... eu não sei. Estaríamos bem com


um voo normal ou um quarto normal, e não precisávamos de
todas essas... vantagens.

Eu encolho os ombros enquanto puxo seus quadris para os


meus. — Eu prefiro estragar você.

— Eu sei o que você está fazendo.

— E o que é isso?

Ela levanta uma sobrancelha. — Você está tentando fazer


com que eu ame a Flórida tanto quanto amo você, então irei
concordar em me mudar.

Ela estaria certa. — Está funcionando?

— Estou aqui há menos de vinte e quatro horas.

— Mas esse tempo não tem sido espetacular?

Devney brinca com a corda do meu moletom. — Você é


espetacular.

— Isso nós já sabíamos.

Sua risada é sem graça. — Você é uma bagunça.

— Sim, bem... é o que mantém as coisas interessantes.


Austin volta assim que eles começam a abrir os portões.
Devney se move para empurrar sua cadeira para que ele possa
colocar todo o seu foco em olhar ao redor. Nenhum de nós perde
a maneira como seus olhos se iluminam, e é essa expressão que
faz tudo isso valer a pena.

Não estamos estressados com nada e podemos apenas


aproveitar o nosso tempo. Quando voltarmos, os problemas ainda
estarão lá e ainda teremos que lidar com eles, mas por enquanto,
nada disso importa.

— Isso é tão legal! Mamãe adoraria ir no.... — Austin fica


pensativo, o entusiasmo em sua voz desaparecendo.

Devney coloca as mãos em seus ombros, e eu abaixo então


posso estar no nível dos seus olhos. Eu me lembro dessa
sensação. Quando você queria ter sua mãe lá, mas ela se foi. Eu
tenho essa pausa tantas vezes que eu gostaria de gritar, chorar,
ou socar alguém. Ela deveria ter estado lá quando eu tirei um A
em um teste. Eu queria seu sorriso quando eu acertasse uma
jogada. Ela morreu, no entanto, e eu não a terei novamente.

— Sua mãe adoraria ir no quê?

— Não importa.

Eu espero até Austin olhar para mim.

— Sim. Sempre importa, você não pode deixar a memória


dela ir embora. O que vai ajudar você a superar isso é se lembrar
dela, do que ela dizia e do que fazia. É difícil, e haverá dias em
que lembrar dói tanto que você vai querer esquecer, mas ela te
amava e gostaria que você pensasse nela.

Devney dá a volta e beija o topo da cabeça de Austin. — Não,


nunca vamos esquecê-los Austin. Eu não irei. Jasper teria
adorado ver tudo isso. Ele amava carros, construir coisas e sua
família. Imagine todas as coisas que ele diria se pudesse ver
aquele castelo.

Os olhos de Austin se erguem para ela. — Ele se perguntaria


se eles usaram as ferramentas certas.

Nós dois rimos e Devney pega sua mão. — Sim, e ele


perguntaria se eles pré-construíram alguma coisa.

— Ele era estranho. — Austin diz com seus pensamentos a


um milhão de quilômetros de distância.

— Ele era, mas eu o amava muito.

Austin olha para ela. — Eu também. Sinto saudades deles,


tia Devney.

— Eu também sinto falta deles.

Ele joga os braços ao redor dela e ela dá um beijo em cada


uma de suas bochechas.

— Eu te amo de todo o coração. — Ela diz a ele.

— Eu também te amo. — Ele olha para mim. — Eu também


te amo, Sean.
Minha garganta fica apertada quando a emoção começa a
sufocar. Ele é parte dela. Ele é seu filho, e amá-la significa amá-
lo também. Eu não sei o que aconteceu, mas não há uma dúvida
na minha mente sobre como eu me sinto sobre Austin. Eu quero
estar perto, e não apenas ser parte da vida dela, mas da dele.
Haverá sacrifícios, mas eu irei fazer cada um deles se significar
que eu posso ficar com eles.

Eu o puxo para um abraço, desejando poder dizer tudo que


está em meu coração. Em vez disso, digo a única coisa que
significa tudo para mim. — Você pode contar comigo, Austin.
Sempre.

— O que isso significa?

Eu ouço Devney soluçar e vejo as lágrimas caindo em seu


rosto enquanto ela explica.

— Isso significa que não importa quando, não importa o


quê, ele sempre estará aqui.

— Então, é como dizer eu te amo? — Ela balança a cabeça


e, em seguida, dá uma palmadinha na minha bochecha.

— Isto é.

Pego a mão dela na minha e então a de Austin na outra. —


Quando éramos crianças, não era legal dizer eu te amo para uma
garota, então eu disse a ela que ela podia contar comigo. Eu teria
certeza que ela estava segura, e se ela precisasse de mim, eu
estaria lá. Significa que te amo e você não precisa se preocupar.
Austin sorri. — Você pode contar comigo também então.

— Sim, garoto, com certeza.


Devney

Quem diria que as férias podem ser tão exaustivas?

Com certeza não eu.

Orlando foi uma tonelada de diversão, nós conseguimos ir


em todos os parques e ir às compras também. Agora, estamos em
Tampa.

Não apenas em qualquer lugar de Tampa.

Nós estamos no estádio. Estou bastante certa de que Austin


está prestes a cagar nas calças, mas ele está tentando manter a
calma. — Então, há alguém aqui? — Ele pergunta enquanto Sean
o ajuda com sua cadeira.

— Não tenho certeza. — Ele sabe.

Ele pediu a um grupo de amigos para nos encontrar aqui, e


Austin vai enlouquecer. Estou animada e nervosa. Eu não
conheci nenhum de seus amigos além de Tyler Shaw, ele foi um
daqueles jogadores inesquecíveis. Sean o admirava e eles
formavam um time de estrelas juntos. Aparentemente, Tyler era
um arremessador de sucesso, e Sean estava feliz por estar atrás
da base em vez de na frente dele, tentando acertar o cara. Eu não
conseguia tirar meus olhos dele. O que irritou complemente
Sean, mas foi um privilégio na época.

— Bem, de qualquer forma, eu não me importo. Vou entrar


em um verdadeiro campo da liga principal!

A primeira coisa que me vem à mente é que gostaria que seu


pai pudesse ver isso.

Jasper sonhou com este momento. Ele trabalhou duro para


dar a Austin tudo que ele poderia precisar. Beisebol não era
apenas sobre Austin. Foi o que uniu os dois. Quando ficou claro
que Austin se apaixonou pelo jogo, Jasper passou meses
aprendendo sobre Beisebol. Eles assistiram jogos, falavam sobre
as estatísticas, e tinha um plano para visitar cada campo no
Estados Unidos. Isso nunca vai acontecer para eles.

Em vez disso, Austin vai fazer isso sem ele. Sean pega minha
mão.

— Você está bem?

Eu afasto minha tristeza e faço o que posso para me


concentrar na alegria que está vindo para meu... filho.

— Eu estou.

— Ele vai pirar.

— Ele vai.

Estamos sorrindo enquanto seguimos Austin pelo portão


principal. Sean explica tudo conforme avançamos pelos
corredores. Como a temporada acabou, o lugar está tranquilo,
mas há um peso ao nosso redor. Tipo, as esperanças e os sonhos
das pessoas vivem aqui e estão apenas esperando para serem
descobertos.

— Uau! — Austin diz enquanto Sean para a cadeira de rodas


em frente a uma porta. — Este é o seu vestiário?

— Claro que é.

— Podemos entrar?

Ele ri. — Claro.

Por dentro é mais ou menos o que eu esperava que fosse,


apenas os armários que revestem as paredes estão todos
praticamente vazios. Ele para na frente do terceiro da esquerda.

— Esse é meu. Normalmente, temos equipamentos de


uniformes aqui, e... cheira mal.

Austin ri. — Mas é o lugar mais legal.

— Me lembro da primeira vez que entrei aqui. Eu me senti


exatamente como você agora. — Os dois compartilham um breve
momento, e então Sean aponta. — Lá está o campo. Você está
pronto ir lá?

— Eu nasci pronto.

Eu juro que os meninos são todos iguais. — Bem, vamos


então.
A emoção é quase demais quando entramos no túnel que
nos levará direto para o campo. Quando nós emergimos, a luz
está brilhando sobre nós vindo do céu. Não admira que os
meninos sonhem com isso. É como nos filmes... apenas real.

Dois caras vêm correndo em nossa direção, e eu ouço a


respiração de Austin.

— Oh meu Deus. É Jack Carter e Hnox Gentry! — A voz de


Austin falha no sobrenome.

Sean sorri. — Estes são meus amigos e eles queriam


conhecê-lo.

As lágrimas encheram os olhos de Austin, mas ele não as


deixou cair enquanto Sean faz as apresentações e avançamos
para o campo.

— Oh, uau! — A voz de Austin fica mais alta. — Você é amigo


de Easton Wylder?

— Sim, ele e eu treinamos juntos. Ele pensa que é melhor


do que eu, mas você sabe... — Sean pisca e Austin volta a olhar
para o campo.

— Aquele é Chase Stern?

— Com certeza é.

— Ele é o melhor jogador de toda a liga!

— Não deixe Hnox ouvir isso...


Austin cobre a boca e olha em volta. — Este é o melhor dia
da minha vida.

Após a tragédia mais horrível, Sean foi capaz de dar a ele


um milagre. Em vez de Austin ser fechado, preso dentro de casa
e se lembrar de tudo que perdeu, ele ganhou um presente. Um
momento em que todo o mundo poderia ficar bem novamente.

Sean o ergue nos braços. — Fico feliz, amigo. Eu realmente


fico. Agora, vamos dar a esses caras uma corrida pelo dinheiro.

E então ele corre, correndo em direção a base, e as lágrimas


que não caem dos olhos de Austin escorrem pelo meu rosto.
Naquele momento, eu sei que meu coração nunca mais será o
mesmo.

— Vocês estão prontos para ver onde eu moro? — Sean


pergunta enquanto puxa o carro para a garagem subterrânea.

— Nós estamos! — Austin responde. — Isso é tão legal. Eu


estou indo para a casa de Sean Arrowood e ver onde ele vive e
dorme e sonha com beisebol.

E Sean voltou a ser um herói e Deus do beisebol, não que


ele realmente tenha perdido esse status. Inferno, se alguma
coisa, ele provavelmente alcançou o status de andar sobre a
água. Austin e Sean são duas ervilhas em uma vagem. Eles falam
a mesma língua e é incrivelmente cativante de assistir.

— Nada dessa porcaria, somos amigos. — Diz Sean e


estaciona. — Além disso, nada de fotos e postagem, ou seja, lá o
que vocês fazem. Esta é uma zona livre de rede social.

— Ele não tem rede social. — Digo e me viro para ele, de


repente não tão confiante. — Você tem?

Ele ri. — Papai disse que eu não poderia até que eu tivesse
quarenta.

— Bom plano. — Sean concorda.

Nós três entramos no elevador e ele digita um código. — Se


você quiser entrar ou sair do apartamento, você precisa do
código, ok?

— Meu aniversário? — Eu pergunto a ele.

Ele não parece nem um pouco envergonhado. — É uma


combinação que nunca esqueço.

— É porque você roubou meu último cupcake?

Sean sorri e me dá um beijo breve. — Vou roubar muito


mais do que isso.

Ele já o roubou, mas não conto a ele.

Subimos até o último andar e, quando as portas se abrem,


saímos e entramos em seu apartamento.
Uau.

Eu tento processar tudo que vejo. Este lugar é grandioso.


Os pisos são de mármore branco com tapetes macios e áreas para
definir os espaços. Na parede há uma televisão enorme com uma
seção que parece ter sido feita sob medida.

Sean entra no apartamento e eu o sigo. A cozinha é cem por


cento ele, com armários cinza escuro e bancadas brancas que a
tornam masculina e macia ao mesmo tempo.

— Quer comer alguma coisa? — Ele abre o armário e pega


um saco de batatas fritas, o segurando.

— Eu quero! — Austin grita.

Ele o entrega e aponta para a área da sala de estar. —


Existem três sistemas de jogos lá, você pode jogar, vou mostrar à
Devney o lugar.

— Você tem o novo jogo de beisebol?

Sean sorri. — Aquele que ainda não foi lançado? — Austin


concorda.

— Está no PlayStation.

Austin está se movendo, se virando com um sorriso no


rosto.

— Este lugar é incrível. — Ele encolhe os ombros.


— Pedi a uma designer que mora no prédio para fazer isso.
Você sabe que minha versão seria uma mesa de jogo e uma
poltrona reclinável.

— Bem, ela foi incrível.

Sean olha em volta e encolhe os ombros. — Nicole é ótima.


Ela me entendeu e não fez muitas perguntas, ela é do tipo que
faz.

— Nicole? — Eu pergunto com um pouco de ciúme.

— Seu nome é Nicole Dupree, que é minha muito casada e


muito maternal designer. — Ele me puxa para ele e envolve seus
braços em volta da minha cintura. — Você é a única mulher para
mim.

— Você diz isso, mas...

— Mas nada. Eu quero dizer isso.

Deus, tudo isso... é muito. Essa semana, tive os melhores


dias. Nós rimos e passamos muito tempo juntos. Sean e Austin
conversaram, e eu pude ver o vínculo que se forma entre eles. Eu
tenho apenas algumas semanas antes de decidir, e eu não sei o
que fazer.

Eu queria dizer que vou fazer as malas e ir embora com ele,


mas a razão que está me segurando é que eu acho que Austin
não suportaria se mudar. Não quando a temporada vai começar
em breve e ele vai estar longe. Nós vamos estar aqui, nessa
cidade, sem ninguém.
Não tenho certeza se Austin poderia se ajustar. Eu me sinto
uma idiota. Eu deveria tê-lo protegido. Uma mãe deveria saber
como fazer isso, apenas mostra a merda que eu sou.

Sean pega minha mão. — Vamos, me deixe mostrar o resto


do apartamento.

Apartamento minha bunda. Nós passeamos e se torna claro


que isso é uma cobertura. É enorme. Há quatro quartos, quatro
banheiros e estamos em pé na entrada do seu quarto.

Querido Deus. É maior do que a combinação das salas de


estar e de jantar.

— Uhh, isso é...

— É incrível, mas não é nada comparado à vista. — Ele vai


até a janela e aperta um botão. As cortinas sobem e minhas
pernas se movem por conta própria para que eu possa ver
melhor. — É...

— Lindo.

Eu viro para olhar para ele, mas ele não está olhando para
fora da janela. Seus olhos treinados estão em mim. Eu sinto o
calor inundar minhas bochechas e me afasto. Eu o conheço
minha vida inteira, e não achei que ele alguma vez fosse me olhar
dessa maneira. Uma onda de tristeza me atinge porque não é
justo. Eu o amo. Ele me ama. Nós poderíamos ser tão felizes.
Temos todos os alicerces para um bom relacionamento e ele é
perfeito para mim. Eu posso ver a vida que compartilharíamos. A
maneira como seríamos uma família, porque Austin ama Sean, e
Sean o adora. Nós poderíamos ser mais, mas como?

Se nos mudarmos para cá apenas durante a temporada de


beisebol, seria demais. — Por que isso não poderia ter sido em
outro momento?

— O que você quer dizer?

Ele pergunta enquanto levanta a mão para escovar o cabelo


do meu rosto.

— Quando não havia complicações. Nada que estivesse


atrapalhando as coisas e lutando para nos separar. Se o
acidente...

— Não acontecesse, então você não teria Austin.

— Eu quero ter vocês dois.

Meu peito dói porque já sei que meu coração pode querer
Sean, mas minha cabeça sempre escolherá Austin. Não posso me
mudar para cá como uma namorada que vai tirar vantagens dele.
Tem de haver estabilidade financeira para mim, e ela não está
aqui, mesmo com a garantia de que ele poderia me ajudar a
encontrar um emprego.

Sem mencionar que toda a família de Austin está em


Sugarloaf. Hazel era filha única que perdeu os pais para o câncer,
então tudo o que lhe resta são meus pais e eu.

— Dev, por que tem que ser eu ou ele?


— Porque eu não sei como ter ambos.

— Eu ainda tenho alguns dias para mostrar como você


pode, por favor, não escolha ainda. — Eu inclino a minha cabeça
contra seu peito, escutando sua pulsação.

— Eu espero que você apareça com uma solução que


funcione.

Sua mão esfrega contra minhas costas. — Eu também.


Sean

Esta é nossa última noite em Tampa.

Minha absoluta última oportunidade para a fazer ver o que


a vida poderia ser aqui. Tentei pensar em tudo o que seria
necessário, e realmente não tenho mais nada, nada além do meu
coração e a verdade.

Estamos terminando um filme e, em seguida, estamos indo


no Riverwalk. O clima está tenso hoje. É como se soubéssemos
que amanhã a realidade volta. Austin vai retornar a escola,
Devney vai voltar ao trabalho, e eu vou planejar meu retorno.

Tempo que eu achei que seria uma eternidade se passou


num piscar de olhos. Seis meses não podem ser tudo que
consegui. Simplesmente não pode.

O filme termina e Devney muda. — Você ainda quer sair?

Eu olho para Austin. — O que você acha?

— Eu quero ficar aqui.

Neste ponto, estou bem de qualquer maneira. — Ok.


Podemos ficar em casa. Nosso voo só ocorre no meio da tarde,
mas talvez precisamos descansar um pouco mais.
Ele balança a cabeça. — Não, quero dizer aqui. Eu quero
ficar na Flórida.

Mantenho minha gratidão na linha porque conheço Devney


bem o suficiente para entender que isso não ajudará em meu
caso. No entanto, também não vou dissuadi-lo. Se ele quer se
mudar, eu quero que eles se mudem para cá, então ela é a única
que está segurando.

Devney olha para mim, mas eu apenas levanto minha


sobrancelha. Sem chance. — Austin, nós tivemos ótimos dias
aqui, mas a nossa casa está em Sugarloaf.

— Não, minha casa era em Sugarloaf. No momento, não


tenho casa.

— Isso não é verdade. Temos a casa em que você cresceu ou


poderíamos ficar com a vovó e o vovô quando Sean for embora.
Ou eu poderia conseguir um novo lugar para nós. É difícil e as
coisas estão... diferentes, mas você tem uma casa... comigo.

Austin cruza os braços sobre o peito e desvia o olhar. — Eu


quero ficar aqui. Eu gosto daqui.

Eu posso praticamente sentir o desespero vindo dela. Ela


está tentando tão duro fazer a coisa certa, e não importa o quanto
eu quero ganhar isso e fazer eles se mudaram para Flórida, eu
nunca vou ser o cara mau da história. Ela precisa de um parceiro.
Alguém para contar, e sempre serei eu.
— Eu sei que você quer ficar aqui, e eu amo ter você, mas
não temos que fazer essa escolha agora. De qualquer forma,
teríamos que voltar a Sugarloaf amanhã.

Seu lábio treme e ele corre em direção à cadeira de rodas.


— Eu gostaria de nunca ter que voltar para aquela cidade
estúpida.

— Austin... — Ele olha para Devney, mas tudo que eu vejo


é um reflexo de medo do garoto que eu era.

— Não! Eu odeio isso. Eu odeio que eu não posso ir para


casa. Eu não posso jogar beisebol. Eu não posso fazer nada! Eu
não quero voltar para a escola e dizer a todos como meu pai e
minha mãe morreram. Não quero falar sobre o acidente. Ninguém
aqui sabe. Estou feliz aqui e não choro.

— Agora, você tem limites. — Eu digo suavemente. —


Sempre que nos machucamos, temos que nos curar primeiro.
Você está indo muito bem. E na próxima semana você pode usar
muletas e depois disso você vai poder caminhar novamente e logo
correr. É sobre dar um passo de cada vez, e o mesmo vale para
você lidando com sua dor.

Uma lágrima escorre por seu rosto quando ele se senta em


sua cadeira. — Eu só quero ir para a cama.

Devney solta um suspiro pesado. — Lamento que você esteja


sofrendo, amigo. Não há nada que eu não daria para ser capaz de
tirar sua dor.
Ele olha para ela enquanto se afasta. — Você poderia nos
deixar ficar aqui, mas não vai.

Ela vai se levantar, mas eu pego sua mão. — Deixe ele ir.

— Ele está tão zangado. Eu nunca o vi assim. — Eu envolvo


meus braços em torno dela e a puxo para perto.

— Ele vai ficar com raiva. Ele tem todo o direito de estar com
raiva.

Sua cabeça repousa no meu ombro. — Eu queria dizer sim.


Eu queria dizer a ele que ficaríamos aqui para sempre e faríamos
funcionar.

Meus músculos ficam tensos, porque eu sei que há um


mas... — E?

— Eu não posso.

— Não pode ou não quer?

Ela se senta e se afasta um pouco, mas não recua muito


antes de torcer os dedos nos meus.

— Não posso. Deus, eu quero. Se fosse só eu, eu pagaria


alguém para empacotar minhas merdas e enviar para mim. Mas
não é apenas sobre mim. Austin pode estar com raiva, mas pense
bem, Sean. O que você teria feito se seu pai tivesse pego vocês
meninos e feito vocês se mudarem?

— Viria com ele?


Ela balança a cabeça. — Meu ponto é que você precisava de
mim. Declan precisava de Sydney. Connor precisava de você e
Jacob. Jacob precisava estar em Sugarloaf. Foi o único lugar que
ele parecia que tinha sua mãe. Essa fazenda era sua salvadora
tanto quanto foi seu inferno.

Meu inferno não tinha nada a ver com a fazenda e tudo a


ver com o demônio que sobrou para me criar.

— Que porra é isso? Eu odiava aquela cidade. Se eu tivesse


a chance de levar você comigo, teria ido a qualquer lugar para
escapar. Você não está o protegendo, o forçando a ficar lá para
estar mais perto de Jasper e Hazel.

Sua respiração sai em um bufo quando ela se levanta.

— Você acha que eu quero isso? Que quero deixar o homem


que amo mais do que tudo? Nada disso deveria acontecer. Eu
estava finalmente tendo minha chance no amor. Nós estávamos...
Deus, eu estava vindo com você. Um mês atrás, não era uma
questão que eu estaria sentada ao seu lado no voo para vir aqui.
Eu teria achado uma maneira, mas agora tudo mudou! Tenho de
pensar em Austin.

— E o que ele quer?

— Ele tem dez anos! Claro que ele quer ficar com você! Quem
não gostaria? Você é incrível, engraçado, doce, fantástico em cada
maldita maneira, e você joga beisebol. Você é o sonho, Sean. Você
é tudo que as mulheres pedem.
— Você está pronta para acordar? Você não precisa me ter
como um sonho, Devney. Eu sou a realidade e estou disposto a
lhe dar tudo.

Sua cabeça cai para trás enquanto ela olha para o teto.

— Eu não posso fazer isso.

Então ela se levanta e vai embora para o quarto. Eu não


quero brigar, mas eu não posso deixar isso passar. Temos que
resolver isso agora. Tudo precisa estar sobre a mesa para que
possamos trabalhar nisso juntos. Desistir agora seria tão
estúpido.

Eu a sigo, fechando a porta atrás de mim.

— Precisamos terminar esta conversa. Você não pode


simplesmente ir embora assim.

— Nada vai mudar, Sean! Ainda estou voltando para


Sugarloaf. Eu não vou ficar aqui. Eu não posso fazer isso!

— Por quê?

— Porque sim!

Eu me aproximo. — Por que, Devney? De que você tem tanto


medo?

— Você! — Ela grita e joga as mãos para cima. — Estou


apavorada de vir aqui e o que acontece em seguida?

— Nós vamos descobrir! — Sua cabeça cai para trás e ela


geme.
— É tão fácil para você, não é? E quanto a mim, Sean? O
que eu faço?

Nenhuma de suas perguntas faz sentido. — O que isso quer


dizer?

— Significa que vou me mudar para cá, tirar Austin da única


família que ele conheceu e o quê? Como nos ajustamos a tudo?
Não posso lidar com toda essa mudança em um maldito mês.
Você está me pedindo para vir aqui e virar nossas vidas de cabeça
para baixo.

Isso é uma besteira. — Sua vida já está de cabeça para


baixo! Estou aqui, disposto a ajudar a encontrar um novo
sentido. Estou te pedindo para morar comigo e se casar comigo.
Eu quero tudo, Devney, eu quero você. Estou tentando não tornar
isso mais difícil! Eu estou tentando deixar tudo mais fácil. Eu
posso te dar tudo o que você quiser, mas você não deixa, porra!

Ela recua como se tivesse sido atingida. — O que você disse?

— Eu quero isso tudo. Eu quero você e quero Austin. Eu


amo aquele garoto. Eu nunca faria nada para machucá-lo.

— Antes disso.

— O quê?

Sua respiração é rápida enquanto ela se move em minha


direção. — Você disse que queria que eu morasse com você e...

Eu não hesito. — Casar comigo.


— Você tem que estar brincando, certo? Você não apenas
briga e me pede em casamento. Isso não é... você está com raiva
ou com medo.

Saiu e eu não estava pensando, mas é a verdade. Eu quero


que ela seja minha esposa. Quero que construamos uma vida e
uma família juntos. Só não era como eu queria dizer. Mesmo
assim, não vou mentir. Não posso me conter, não se ela estiver
determinada a se afastar.

— Não, eu estou com raiva e medo, mas isso não foi apenas
algo que veio magicamente para mim. Eu quero me casar com
você. Acho que soube disso durante toda a minha vida, mas me
recusei a sequer pensar nisso. Isso não era apenas uma coisa de
seis meses para qualquer um de nós, isto é para sempre. Você
não anda para longe da pessoa que você está destinado a passar
sua vida. Quero me casar com você e vou me ajoelhar agora
mesmo, se for necessário.

Ela dá um passo para trás, mas eu me movo com ela, não


permitindo distância. — Não quero que você se case comigo
porque tem medo de me perder.

— Se você acha que é por isso, não tem prestado atenção.


— Eu vou em sua direção, os olhos fixos nela enquanto eles fazem
um milhão de perguntas.

— Eu quero me casar com você porque eu amo você mais


do que qualquer homem já amou outra mulher. Quero me casar
com você porque quero acordar a cada dia com você ao meu lado.
Eu te faria feliz, te daria o mundo. Vou ficar ao seu lado quando
você perder e quando você ganhar. Não haverá um dia em que
você estará sozinha porque eu sempre estarei aqui.

— Você diz isso, mas seu trabalho o afasta mais da metade


do ano. Estarei aqui sozinha com Austin enquanto você voa por
todo o país jogando beisebol. Você não entende? Preciso de ajuda
e da minha família mais do que nunca. Meus pais, Syd, Ellie,
seus irmãos estão todos lá, mas você não. Você está me pedindo
para desistir de tudo por você, e o que você perde? Nada.

Um golpe fundo, bem na profundidade da minha alma, eu


sei que ela está certa. Eu estou pedindo para vir aqui e em
seguida a temporada irá começar. Vou treinar dez horas por dia,
depois a pré-temporada real... Eu estarei fora o tempo todo. A
vida não vai ser fácil comigo, eu sei disso, mas ela só está vendo
o que vai desistir e está cega para tudo que estará ganhando.

Muitos caras da liga principal têm família. Eles fazem


funcionar, assim como nós podemos.

— Tem sacrifício em todos relacionamentos, Dev. Nós todos


temos que nos ajustar, mas não estou pedindo para você desistir
de porra nenhuma. — eu falo com os dentes cerrados. — Eu
quero dar a você.

Devney dá um passo para trás. Desta vez, eu deixo. — Você


pensa isso, e isso apenas mostra como você não está vendo esta
situação da maneira que eu estou.

— Sim, estou delirando porque amo você e Austin.


— Não, eu amo Austin. Eu amo aquele bebê desde o minuto
em que ele nasceu. Eu o amei tanto que desisti dele. Eu dei a ele
um lar com pais que poderiam se sair melhor do que eu. —
Lágrimas caem por seu rosto e um soluço sai de sua garganta. —
Eu tive que desistir dele quando ele era um bebê, e eu não posso
fazer isso agora. Eu não vou fazer uma escolha que só vai
machucá-lo.

— E como mentir para ele é a melhor opção? — Eu sei que


eu estou jogando baixo, mas se esta é a minha última
oportunidade para dizer tudo, então eu vou pular cercas e orar
para conseguir passar.

— O que você acabou de dizer?

— Você está mentindo para ele. Ele é seu filho, Devney.

— Estou bem ciente do que ele é para mim.

— Bem, então por que você não está levando os desejos dele
em consideração? Ele não sabe a história completa, e ele está
perdido, porque ele acha que ele perdeu sua mãe quando ele não
perdeu.

— Ele perdeu a mãe. — Sua voz é baixa e cheia de raiva. —


Ele perdeu a única mãe que ele conheceu. Eu posso ter dado à
luz a ele, mas sempre soube o meu lugar na vida dele. Não se
atreva a tentar usar isso contra mim.

Ela está certa. Estou sendo um idiota completo. — Sinto


muito. — Eu me movo para ela, querendo retirar tudo que falei.
— Eu estou apenas... eu não posso te perder, mas parece que
você já desistiu, que você nem sequer está disposta a tentar.
Como você pode não desmoronar com a ideia de terminarmos?
Como isso é tão fácil para você?

Seu olhar cai para o chão e ela balança a cabeça.

— Nada disso é fácil, mas estou tentando fazer a coisa certa.

— E só estou tentando mostrar que você não precisa


escolher entre mim e Austin. — Ela olha para cima, os olhos
cheios de tristeza e arrependimento.

— Nós dois sabemos que não é verdade.

— Então é isso?

— Eu não quero que seja.

— Bem, você claramente não está mudando de ideia, e


agora? — Eu pergunto, sabendo que não há mais tempo para
nós. Ela está decidida a ficar em Sugarloaf, que é o fim de tudo o
que temos.

— Agora, vamos para casa amanhã e eu me mudo. — As


lágrimas escorrem pela pele de suas bochechas em um fluxo
constante enquanto ela caminha para a porta. — Eu preciso ver
como ele está, e...

— Não faça isso.

— Eu não tenho escolha. — Dou um passo à frente e coloco


minha mão na porta para que ela não possa abri-la.
— Sempre há uma escolha. Quer queiramos ou não, nós
temos opções. Eu te amo. Eu amo você, e eu irei fazer o que for
preciso para fazer você feliz aqui, mas você tem que estar disposta
a dar uma chance.

A mão de Devney se move para o meu peito. — Eu fiz minha


escolha, agora você tem que aceitá-la.

Com isso, minha palma cai da porta e ela a abre. Sinto sua
perda, embora não a observe partir.

Minutos passam, e eu me sinto vazio, sabendo que o que


nós tivemos não acontecerá nunca mais. O riso, amizade, e a
única conexão que eu esperava existir para mim, acabou. Eu fico
parado, imóvel e tentando pensar em qualquer outra opção.

Eu não sei como a deixar ir embora. Eu não sei como


desistir.

Não posso me mover até que tenha uma solução, e tem que
haver uma.

— Sean! Sean! — Dev grita com tanto medo em sua voz que
meu coração acelera e eu corro.
Devney

— O que está errado? — Sean irrompe pela porta, e minha


respiração está tão difícil que mal consigo falar.

— Ele... ele... ele não está aqui! — Eu finalmente digo as


palavras enquanto o pânico toma conta de mim. Eu achava que
sabia o que era o medo quando ele nasceu. E o acidente me
mostrando que existe medo pior. Mas esse momento veio para me
mostrar que eu realmente não conhecia o medo até agora.

— O que você quer dizer com ele não está aqui? — Sean olha
em volta. — Austin? — Ele grita, mas não há resposta. — Austin!

Nós dois disparamos para fora da sala, mas eu já procurei


na sala de estar, cozinha e banheiro e não havia nenhum sinal
dele ou de suas muletas.

— Austin! — Eu grito enquanto minhas mãos tremem e


tento mover sua mala e cobertores, esperando que ele apenas
está... se escondendo. Mas no fundo, algo me diz que ele não está.

Ele estava com raiva quando foi para a cama, e eu só oro a


Deus para que ele não nos ouviu brigando. A voz de Sean
continua pelo apartamento enquanto nós dois procuramos. Eu
corro em direção à cozinha, onde ele está em pé.
— Alguma coisa?

Eu balancei minha cabeça. — Onde ele poderia ter ido?

— Eu não sei. Talvez ele apenas tenha descido. Ele não


poderia ter ido muito longe com muletas.

— Nós nem sabemos quando ele foi embora! Deus! Ele pode
estar perdido!

Meu coração bate forte e o terror aumenta. Isso foi um


grande erro. Eu nunca deveria ter deixado Austin ir para o quarto
sem falar com ele. Ele está com dor e eu o decepcionei.

— Nós vamos encontrá-lo.

Estou feliz que ele tenha tanta certeza. Eu olho, pego meu
celular e ligo para o número de Austin, apenas para ouvir o toque
vindo no sofá.

Claro, ele não pegou o telefone. Se ele tivesse, eu poderia


pelo menos rastrear ele ou fazer algo.

— Sean... — Eu não sei o que eu estou pedindo para ele,


mas eu estou com tanto medo, e ele é a única pessoa que pode
fazer isso melhor.

Ele se move para mim, as mãos nos meus ombros. — Ok,


pense sobre isso, estamos em Tampa há alguns dias agora. Há
dois lugares que ele amou, o campo de beisebol e a praia. Acho
que devemos verificar o campo primeiro.

Eu olho pela janela da sala onde o campo é visível.


Faz mais sentido e, se ele estiver a pé, é a melhor opção.

— Vamos! — eu digo e começo a me dirigir para o elevador.

— Um de nós deve ficar aqui no caso de ele voltar para casa.

Eu não posso fazer isso. — Não há como eu me sentar aqui


e esperar. Eu não posso!

Ele pega meu rosto em suas mãos, nos segurando para que
possamos olhar nos olhos. — Vou encontrá-lo. Se ele voltar, me
ligue. Eu juro para você, Devney. Se ele estiver lá fora, eu o trarei
de volta.

Minha garganta fica apertada conforme o medo fica mais


forte.

— Ele é apenas um garotinho...

— Eu sei, vou trazê-lo de volta. Fique aqui e me ligue se


acontecer alguma coisa, certo? — Eu concordo. Sean traz seus
lábios aos meus. — Eu te amo.

Isso é algo que nunca mudará, não importa quais escolhas


eu tenha que fazer. — Eu te amo.

Ele agarra suas chaves, telefone, e carteira, em seguida sai


porta a fora. Eu faço o meu caminho para o sofá e afundo,
segurando o cobertor e chorando mais forte do que antes.
Vinte minutos depois, meu telefone toca. Me sento, com a
cabeça latejando enquanto enxugo as lágrimas do rosto.

—Olá?
— Ele não está aqui. Eu estou indo para a praia agora. —
Sean diz rápido e sem fôlego. — Eu deixei o pessoal aqui de aviso,
se ele aparecer eles irão cuidar dele e nos deixar saber. Eu acho
que você precisa ligar para a polícia.

Minha esperança se dissipa como o nevoeiro de início da


manhã. Ele está perdido. Ele está sozinho e provavelmente com
medo, sem nenhuma ideia de para onde ir. Eu nem eu sei o
endereço desse lugar, então eu duvido que Austin saiba.

Deus, por favor, proteja meu bebê.

— Por favor, o encontre. — Eu imploro.

— Estou tentando. Vou dar uma olhada na praia e


continuar procurando. Estou a pé porque não sei de que outra
forma ele teria saído. Vou ligar para você em breve. Chame a
polícia, precisamos de toda a ajuda que pudermos encontrar.

Eu desligo com ele e imediatamente ligo para o


departamento de polícia, e eles explicam que vão mandar um
carro.

Meu corpo treme e começo a andar. Não tenho ideia do que


fazer ou pensar. Tudo parece tão impotente. Eu debato sobre ligar
para minha mãe, mas decido que é melhor não. Eu não quero
preocupá-la ou dar a ela qualquer outro motivo para me odiar ou,
Deus me livre, dar a ela uma razão para tentar tirar Austin de
mim. Até eu saber de algo, vou evitar isso.

Em vez disso, chamo a voz da razão.

— Devney? — A voz de Syd soa como se eu a tivesse


acordado.

— Syd...

— Está tudo bem?

— Me desculpe se eu te acordei.

— Não, por favor, está tudo bem. Devo ter adormecido


depois de alimentar Deacon.

— Eu o perdi. — Eu digo quando começo a chorar.

— Perdeu quem? Sean?

— Sim, mas não é isso que quero dizer.

Ela limpa a garganta. — Eu não sei o que você está dizendo.


Quem você perdeu se não estamos falando sobre Sean?

Eu abaixo minha cabeça, sentindo muita vergonha e


tristeza.

— Austin. Ele fugiu ou se perdeu. Eu não sei.

— Oh Deus. Quando isso aconteceu?

Eu a informo sobre os acontecimentos da noite e as coisas


que me levaram a chamá-la. Eu conto tudo a ela. Confesso que
Austin é realmente meu filho, que eu estive mentindo para todos,
e como absolutamente aterrorizada eu estou que ele tenha
descoberto isso ao ouvir eu e Sean brigar.

— Eu sinto muito por não ter te contado. — Eu digo entre


soluços.

— Você não tem nada para se desculpar, Devney. O que você


fez... bem, eu não posso imaginar, mas não é nada que você deva
uma explicação a ninguém. Esse menino tem muita sorte de ter
você e Hazel como mães.

Eu rio uma vez. — Por favor. Hazel nunca o perdeu.

— Você não o perdeu, querida. Ele estava com raiva e fugiu.


Você não tem ideia se ele sabe a verdade sobre você ser sua mãe
ou se ele está chateado porque ele quer ficar em Tampa. Eu sei
que você está passando por muita coisa agora, e se eu estivesse
aí, eu iria te abraçar e fazer o que eu pudesse para ajudar.

Eu sei que ela faria. Sydney tem sido uma das melhores
amigas que alguém poderia pedir. Ela dá seu tempo e conselhos,
não importa o que aconteça, e sempre os dá com gentileza.

— Nós temos que encontrá-lo, Sydney. Eu não sei o que eu


vou fazer se algo acontecer com ele também.

— Sean não desiste. Ele ama aquele menino tanto quanto


você.
— Eu briguei com ele. — Confesso. — Eu disse a ele que não
poderia me mudar para cá e que não poderia tirar Austin de sua
casa, e então ele disse que queria se casar comigo.

Balanço a cabeça, a sensação de que tudo está


desmoronando sobre mim. Nós tivemos as melhores férias e
agora terminou em um fracasso.

— Vocês dois vão superar isso e colocar suas cabeças no


lugar. As emoções estão altas e os prazos nunca são uma coisa
boa – a menos que funcione. Quando Austin voltar, apenas
segurem um ao outro. Vocês três são mais uma unidade do que
você pensa. Se apoiem uns nos outros.

Escuto um zumbido na porta.

— Eu tenho que ir.

— Amo você, Dev.

— Também amo você.

Desligo e toco no botão que acho que é o interfone.

— Olá? Aqui é a policial Covey, do Departamento de Polícia


de Tampa. Recebemos um telefone sobre uma criança
desaparecida.

— Sim, sou Devney Maxwell. Vou liberar sua entrada. —


Pelo menos vou tentar.

Depois de algumas tentativas, acerto o código e dois polícias


entram. Um deles deve ser a oficial Covey, já que ela é a única
mulher. Ela é mais baixa do que eu, loira e muito bonita. O
homem com ela é enorme.

— Oi, Devney, sou Heather, e este é meu parceiro, Brody.


Você pode nos contar sobre o que aconteceu?

Eu os levo para a cozinha e nós nos sentamos à mesa


enquanto eu conto tudo. Ela faz anotações enquanto seu parceiro
passa pelo rádio algumas descrições de Austin. Eu faço o meu
melhor para me manter firme, mas cada minuto que passa parece
uma vida inteira. Estou com medo de que algo tenha acontecido
com ele ou que nunca o encontremos.

Ela abaixa o caderno e me dá um sorriso suave. — Eu posso


imaginar que você está enlouquecendo, mas nós temos o
departamento inteiro de vigia.

Eu aceno, lutando contra as lágrimas. — Eu deveria... eu


não sei.

— Não é fácil jogar esse jogo, mas vamos fazer tudo o que
pudermos para o encontrar. Eu não tenho filhos, mas eu sou uma
tia também, e sei como eu me sentiria se fosse um deles.

Meus olhos encontram os dela e as lágrimas transbordam.

— Ele é meu sobrinho, bem, ele é, também, é meu filho. Não


estou fazendo sentido e é complicado, mas aquele menino é meu
mundo inteiro. Eu preciso encontrar ele.

— Você tem alguém que pode esperar com você?


A única pessoa que quero é Sean, mas ele está aí agora. —
Não, meu namorado também está procurando por ele. Estou aqui
caso ele volte.

— Existe algum lugar que você acha que ele estaria?

— Sean foi para o estádio, mas ele ligou antes e disseram


que Austin não estava lá. Ele está indo para a praia agora. Temos
estado em Tampa só alguns dias e nós realmente não fomos a
muitos lugares. Eu apenas... ele nunca deveria ter saído! Ele sabe
disso! Ele é um garoto inteligente, e isso não é típico dele.

Heather pega minha mão na dela. — Que tal agora... eu vou


ficar aqui com você para conversar e pensar onde ele poderia
estar, e Brody irá caminhar pela área?

Ela não tem ideia do quanto isso significa para mim.


Sentada aqui, preocupada e incapaz de ir a lugar nenhum para
procurá-lo, tem sido tão difícil. Eu só quero respostas. Eu quero
fazer algo, ajudar de alguma forma, e não posso.

Tudo o que posso fazer é pensar em todos os piores cenários,


e cada um me deixa mal do estômago.

— Obrigada.

Ela aperta suavemente. — Faremos tudo ao nosso alcance.

Ela não faz promessas que não pode cumprir, e ouço a


preocupação subjacente em sua voz.

Há uma chance de eles não o encontrarem. Há uma chance


de que ele tenha ido embora.
E é isso que me apavora.
Sean

Merda.

Porra, eu tenho que encontrá-lo. Eu corro para cima e para


baixo na praia novamente, na esperança de localizá-lo, mas nada.
Há um buraco no meu estômago que fica mais profundo a cada
segundo. Liguei para todos os caras que vieram para o campo
ontem e eles estão o procurando.

Alguém deve ter o visto e chamado a polícia. Eu penso em


usar minhas redes sociais para fazer um apelo de ajuda, mas só
iria tornar as coisas piores. Só Deus conhece as respostas e o
julgamento que viriam. Se eu achasse que poderia ajudar de
alguma forma e que as pessoas realmente agiriam da maneira
correta, eu faria, mas sei que Devney ficaria chateada.

Então, eu apenas mantenho o plano e penso.

Ninguém ligou para dizer que o viu no campo, mas é lá onde


o meu instinto diz que ele está.

É para onde eu ia quando a merda ficava feia.

Mas se ele ouviu alguma coisa, se sentiria perdido e saberia


onde você o encontraria.
Eu solto uma respiração profunda e começo a fazer o meu
caminho de volta, não confiando em nada além de um palpite.

O campo é enorme e há muitos lugares onde ele poderia se


esconder. Eu preciso continuar andando e olhando ao redor.

Enquanto estou correndo para lá, meu telefone toca. Eu


deslizo sem nem olhar para o número.

— Olá? — Eu paro de correr, trabalhando duro para regular


minha respiração.

— Ei, é o Zach. Só estava ligando para saber como está o


cavalo.

— Não posso falar agora, estamos no meio de uma crise e...

— Oh, o que está acontecendo? Está tudo bem?

Eu esfrego minha mão no rosto e continuo andando. Não,


nada está bem. Tudo está caindo aos pedaços, e eu sou o único
culpado.

Eu lhe conto uma breve versão de toda a merda que está


acontecendo desde que vi ele pela última vez. — Então, estou
namorando uma mãe solteira.

— Eu me identifico. É difícil entrar nisso.

— Mas essa não é a crise. Austin fugiu. Estávamos na


minha casa e Devney e eu brigamos... ele quer ficar aqui em
Tampa e ela não quer. Eu não sei... está tudo tão fodido. Eu disse
merda, e agora não tenho certeza se ele ouviu...
— Eu passei por isso. Literalmente. Exatamente onde você
está agora. Apenas respire fundo. — Eu faço como ele diz e, em
seguida, olho ao redor.

— Eu não sei o que diabos fazer. Eu amo esse garoto, e eu


amo a sua mãe, e agora ele está perdido porque ele está chateado.

— Entendi. Quando Presley voltou, há alguns meses, um


dos meninos fugiu. Foi um inferno. Nós estávamos na floresta,
procurando por ele por horas. Então, alguns meses depois, Logan
ouviu o que não deveria. Foi difícil, mas para ser honesto apenas
converse com ele. Crianças são mais fortes do que parecem. Eu
asseguro. Olha, meu melhor palpite é que ele foi a algum lugar
para se sentir perto de si mesmo...

Zach e eu conversamos sobre beisebol, assim como Austin.


— Ele tem que estar em algum lugar no campo.

— Experimente os que ele conhece e depois procure um


parque local ou se há um jogo acontecendo. Não sei, é só o que
eu faria se fosse ele.

— Eu também. Obrigado, Zach.

— Me ligue e avise quando o encontrar.

Eu concordo e desligo, fazendo minha corrida de volta para


o campo. Quando eu chego lá, eu pergunto novamente, se alguém
o tinha visto. Eu não obtive a resposta que estava esperando, mas
entro no campo de qualquer maneira.
Eu me apresso através do mesmo caminho que eu fiz
quando trouxe eles aqui no outro dia e saio pelo banco. Eu
vasculho o campo e não o vejo.

— Austin, onde diabos você está?

Eu me viro para voltar e é quando vejo algo que não deveria


estar lá. Bem no final do abrigo há uma silhueta.

Meu coração começa a bater, e eu corro mais e o encontro


apenas sentado lá, braços embrulhados em torno de seu
estômago apertado, de cabeça para baixo.

Uma parte de mim quer gritar, mas eu não o faço. Eu já


estive assim antes, quebrado, triste, solitário e sem certeza do
que fazer. Naquela época, havia uma garotinha que simplesmente
vinha se sentar ao meu lado. Ela não dizia nada, ela apenas me
dizia que ela estava lá para mim, e isso era o suficiente para eu
entender que tudo iria ficar tudo bem.

Então, vou seguir o exemplo dela.

Envio uma mensagem rápida para Devney antes de chegar


mais perto.

Eu: Eu o encontrei. Ele está bem. Eu o levarei para casa em


breve.

Dois segundos depois, vem uma resposta.

Devney: Graças a Deus. Rápido, por favor. Vou avisar a


polícia.
Eu deslizo meu telefone de volta no bolso e sento ao lado de
Austin. Ele olha para mim, com os olhos cheios de lágrimas, e
então abaixa a cabeça. Eu me inclino para trás, cruzando as
pernas na minha frente, e apenas espero por ele.

Depois de alguns minutos e muitas olhadas para mim, ele


fala.

— Você está chateado.

— Eu não estou chateado. Fiquei apavorado que algo


acontecesse com você.

Ele enxuga o rosto. — Tia Devney está brava?

— Não, ela não está brava. Ela ficou aliviada em saber que
você está bem e provavelmente chateada, mas eu não acho que
ela está brava.

Austin suspira e então ajusta sua perna. — Onde estão suas


muletas? — Eu pergunto.

— Eu as deixei no parque. Eu não conseguiria entrar com


elas.

Eu digo a mim mesmo para não ficar irritado com isso.

— Você está ferido? — Ele balança a cabeça.

Bem, pelo menos isso. Ainda assim, eu preciso chegar ao


fundo do que houve, e em seguida, levá-lo para casa. — Por que
você fugiu?

Seu olhar vai para o campo e depois volta para mim.


— Não quero voltar para Sugarloaf.

— Por quê?

— Porque tudo lá é triste.

Me lembro de me sentir da mesma maneira. Coisas ruins


aconteceram lá. Pessoas morreram lá. Pais se tornaram idiotas
abusivos e arruinaram a vida das crianças. Era o lugar onde os
sonhos eram destruídos e mães foram perdidas.

Dizer a Austin o quanto ele está errado ou que irá melhorar


não mudará o fato de que, para ele, é a realidade de sua vida.

— Tia Devney e eu não estamos tristes.

Ele olha para o lado. — Eu ouvi a verdade.

O pavor em meu estômago aperta e eu faço de tudo para que


ele diga isso. Se ele ouviu a verdade sobre ele não se mudar para
cá, então não vou ser o único a dizer a ele que Devney é realmente
sua mãe.

— O que você ouviu?

— Que tia Devney não é minha tia.

Eu estava com medo disso. Mesmo assim, não vou mentir


para ele, mas essa não é uma conversa que eu deveria ter com
ele. Então, eu vou lhe dizer como me sinto sobre toda a coisa e
talvez ele vai ser capaz de entender.
— A vida é difícil. Quando você é adulto, tem que decidir o
que é certo e errado naquele momento. Quando criança, você
apenas sente e faz coisas sem saber as consequências.

— Como fugir?

— Sim. E mesmo quando você cresce, ainda toma decisões


erradas e, às vezes, quando foge de seus problemas, nunca
consegue realmente parar. Aconteceu comigo, quando eu estava
na faculdade, algo aconteceu e, em vez de fazer o que deveria, fiz
uma escolha diferente e corri. Levei muito tempo para finalmente
ser capaz de parar.

— Era de mim que você estava fugindo? Você é meu pai? —


ele pergunta.

— Não, eu queria que eu fosse, apesar de tudo.

— Sério?

Eu concordo.

— Você é um ótimo garoto, e eu amo muito Devney. No


entanto, se você fosse meu filho, eu teria feito uma escolha
diferente. Você podia nunca ter tido sua mãe e seu pai em sua
vida da maneira que teve. Acho que você deveria falar com sua
tia. A deixe explicar, e talvez você possa encontrar um caminho
para entender, mas fugir não é a resposta certa.

— Eu sinto muito. — Seu lábio treme e meu coração se parte


um pouco.
— Eu sei que você sente, amigo. Que tal voltarmos e deixar
Devney conversar com você?

— Ela vai ficar muito chateada.

— Ela provavelmente vai estar, mas se ela não amasse você


muito, ela não teria percebido que você desapareceu ou estaria
tão preocupada como ela está.

Eu o pego e o carrego para onde ele deixou suas muletas.


Não sei como ele chegou até aqui sem elas e, agora, não quero
saber. Ele está seguro e eu não tive que quebrar minha promessa
para Devney.

O resto, podemos descobrir.

Quando a porta do apartamento se abre, Devney


praticamente se lança contra ele, o puxando para seus braços.
Lágrimas caem entre os dois, e ela apenas se mantém tocando
seu rosto.

— Você está bem? Não está ferido?

— Estou bem.

— Você tem certeza? Você o examinou? — Ela me pergunta.


— Eu fiz. Ele estava bem. Ele está chateado, mas vai ficar
bem.

A oficial da polícia caminha em nossa direção.

— Estou feliz que você esteja seguro, homenzinho. Eu tenho


que voltar agora.

Devney olha para ela e sorri suavemente.

— Obrigada por tudo. Obrigada por não desistirem e por


ficarem aqui comigo.

— Não é um problema. — Ela olha para Austin. — E você


não fuja de novo, ok?

— Eu prometo que não vou.

— Bom. Você tem muitas pessoas que amam você.

— Sim, senhora.

Ela acena para mim e então sai do apartamento, o que deixa


nós três a sós com o problema na sala.

Devney enxuga o rosto com as duas mãos e solta um suspiro


profundo.

— Não sei o que fazer, Austin. Não tenho certeza se devo


gritar com você, chorar, castigar você, implorar para nunca fazer
isso comigo de novo, ou... eu não sei.

Ele olha para ela, a vergonha enchendo os olhos castanhos


que refletem os dela. — Eu só não queria ir embora.
— Isso não é desculpa para fugir.

— Eu sei disso, mas então eu ouvi você... eu só ia fazer uma


pergunta a vocês e... Eu...

Ela olha para cima em mim, e eu aceno com a cabeça,


deixando que ela saiba que é o que ela temia.

— Você ouviu que eu sou realmente sua mãe biológica.

Austin funga enquanto ela segura sua bochecha.

— Como você pôde mentir para mim todo esse tempo?

— Vou para a outra sala para que vocês dois possam


conversar. — Eu aviso, mas ela agarra minha mão.

— Não. Fique. Por favor.

— Se é o que você quer. — Me sento à mesa, sem saber como


será. Quando eu tinha a idade dele, era um tornado e ninguém
sabia o caminho que eu iria tomar. Ela também se senta, se
movendo de modo que estamos na frente dela.

— Eu nunca quis que você descobrisse dessa maneira,


Austin. Nunca. E honestamente, era algo que eu nunca pensei
que você precisaria saber, mas as coisas mudaram para todos
nós após o acidente.

— Você me prometeu que nunca mentiria. Você jurou que


eu sempre poderia contar com você!

— E eu não menti. Eu disse que te amava. Eu disse que


sempre estaria perto de você, e que não importa o que aconteça,
você é o menino mais precioso da minha vida. Eu mantive essa
promessa, Austin. Pelo menos sempre tentei — Ela tenta segurar
a mão dele, mas ele não deixa.

— Se você me amasse, você teria ficado comigo! Você nunca


teria me deixado ir morar com outra pessoa.

Eu sento aqui, odiando a dor nos olhos de Devney e sabendo


o quão difícil deve ser para ela. A vergonha e a tristeza que ela
sentiu por sua decisão não podem ser fáceis.

— Não, eu te amo tanto que dei você para meu irmão e


minha cunhada, as duas pessoas que eu sabia que te amariam
tanto quanto eu, mas seriam capazes de dar a você todas as
coisas que eu não podia dar. Eu era jovem e estúpida e além disso
estava muito triste. Seu pai biológico e eu não nos falamos desde
o dia que eu contei que estava grávida. Eu fiz a coisa mais
impossível e incrivelmente difícil do mundo quando te entreguei.
Eu chorei, mas sabia bem no fundo da minha alma que foi a coisa
certa. Se eu não o mantive comigo era porque eu não era forte o
suficiente ou te amava suficiente para fazer a coisa certa para
você.

Ele bate a mão na mesa e as lágrimas caem. — Pare de dizer


isso!

Ele me lembra tanto de mim mesmo quando eu era jovem


que é difícil de assistir. A raiva pela vida não estar indo do jeito
que queríamos às vezes era demais para aguentar. Mas agora, ele
tem uma saída, e é Devney.
Ela enfia o cabelo castanho atrás da orelha e solta um
suspiro profundo.

— Eu sei que você está com raiva, e você tem todo o direito
de estar. Mas também quero que saiba que fiquei em Sugarloaf
porque eu precisava estar perto de você. Eu tive muita sorte por
fazer parte da sua vida, ir aos seus jogos, abraçá-lo, ensiná-lo a
montar cavalo, e todas as coisas que nós fizemos juntos. Você foi
o meu mundo no momento que eu descobri que estava grávida,
mas às vezes fazer a coisa certa pelas pessoas que amamos é
deixar elas irem se isso for para o bem delas.

Suas palavras me atingiram no peito como uma pedra. É


isso que ela tem me pedido e eu não tenho feito. Ela não pode
mudar para cá por causa dele, e eu não posso pedir porque eu a
amo mais do que qualquer coisa.

Ela tem que colocá-lo em primeiro lugar, assim como eu


tenho que fazer isso por ela. Eu olho para ela, as lágrimas caindo
livremente pelo seu rosto.

— O amor é um sacrifício que fazemos às custas de nossos


próprios desejos. Nós pensamos nas necessidades da outra
pessoa antes da nossa própria vontade, e agir sabendo disso,
mesmo que nos machuque é o que nós precisávamos fazer.

Os lábios de Devney tremem e eu me concentro em Austin.

— Se ela não amasse você do jeito que amava, ela teria feito
escolhas diferentes que talvez significassem que você nunca
jogaria beisebol. Talvez você tivesse ficado no Colorado, e quem
sabe onde vocês estariam agora. Eu sei que você está com dor,
mas você tem o dom mais incrível de todos. Você teve dois pais
que amavam você como se fosse deles, e você tem sua mãe aqui,
podendo amá-la de todo o coração.

— Era tudo uma mentira. Todo mundo mentiu para mim.


Eles não eram meus pais.

Eu me inclino para ficarmos cara a cara.

— O que faz um pai não é apenas de onde você vem, Austin.


Tive a mãe mais incrível e o pior pai imaginável. Ele foi cruel e
bateu em mim e em meus irmãos porque estava com muita raiva
e se odiava. Eu teria dado qualquer coisa para ter alguém como
Jasper como meu pai.

— Você não teria me batido. — Ele diz enquanto encara


Devney.

— Não, mas eu não poderia ter dado a você nada perto do


que seus pais fizeram, e é isso que eles eram, Austin. Eles eram
sua mãe e seu pai. Sei que é difícil de entender e sinto muito por
você estar aprendendo sobre isso assim, mas sei que você
acredita que eu te amo e que eles também te amavam.

Ele olha para baixo e acena com a cabeça. — Sim.

— E no seu coração, você sabe que sempre estarei aqui para


ajudá-lo.

Ele balança a cabeça novamente.

— Eu simplesmente não entendo, e estou... triste.


Ela põe o dedo sob o queixo dele e o levanta.

— E está tudo bem com isso. Ainda há momentos em que


eu não entendo as coisas e eu sou uma adulta. Dias que foram
muito difíceis quando eu tive que deixar você em casa, mas então
eu lembrei que você estava em um lugar melhor. Você foi amado
e muito feliz e eu podia ficar com você quando eu quisesse. Sua
mãe e seu pai nunca disseram que eu não podia ficar perto de
você. Todas as coisas que fizemos, foi porque nós três amávamos
você e vamos sempre colocar você em primeiro lugar. Você sabe
o quão sortudo você foi por ter eles também?

— Você teria me contado?

Seus ombros caem um pouco. — Eu não sei... eu gosto de


pensar que eu poderia, e eu pensei sobre isso. Foi em seu sétimo
aniversário, e você estava tão doente que não conseguia sair da
cama, lembra?

— Sim.

— Você tinha que ir para o hospital e eles não deixavam


ninguém entrar, a não ser os pais. Foi a primeira vez que eu odiei
que eu não podia contar a ninguém que eu também era sua mãe,
mas eu sabia que era uma reação egoísta. Sua mãe e eu
conversamos sobre contar a você por volta de uma certa idade,
mas... não sei, Austin. Eu poderia ter dito a você, mas nós
poderíamos nunca ter feito. Se sua mãe e seu pai estivessem vivos
agora, definitivamente nós não estaríamos tendo essa conversa,
mas uma parte de mim está feliz que você saiba a verdade. Você
é meu filho. Você é o meu mundo inteiro, e não há nada que eu
não vou fazer por você.

Incluindo eu.

Ela está sendo mãe dele como sempre foi, escolhendo o bem-
estar de seu filho em vez de si mesma.

É o que minha mãe teria feito.

Austin olha para trás para Devney e limpa o nariz no seu


braço.

— Sinto muito ter fugido, tia Devney.

— Sinto muito ter machucado seu coração. — Os dois ficam


sentados ali, olhando um para o outro. Como nunca vi sua
semelhança antes está além de mim. Eles são como imagens no
espelho agora. Ambos quebrados, com medo e sem saber como
confiar no que pode acontecer.

— Austin, — digo na esperança de aliviar a tensão — não


há nada que eu não teria dado para ter alguém me amando como
uma mãe, depois que perdi a minha. Você tem um presente bem
na sua frente. Alguém que ama você, e tem estado sempre perto
e sempre estará. Você pode ficar com raiva e magoado, mas
também deve saber que seus pais o amavam tanto que, se eles
fossem embora, eles queriam que você ficasse com Devney. Você
pode escolher deixar isso destruir o quão especial é o vínculo de
vocês ou pode passar por isso juntos. — Seus olhos castanhos
olham para mim e, embora estejam carregados de tristeza,
também há uma centelha de esperança neles. Ele ama sua tia.
Ele sempre gostou, e agora há uma nova dinâmica entre eles, que
é mais complicado do que apenas luto. Vai levar tempo, mas eles
vão ser capazes de fazer isso.

Ele se move para os braços dela, e ela o aperta contra o


peito. Os dois choram, agarrados um ao outro. Algo molhado
escorre pela minha própria bochecha.

Ela olha para mim e murmura as palavras, obrigada. Sou


eu quem deveria agradecê-la. Por me dar esperança.

Por me dar amor. E por me dar os melhores meses que já


tive, mesmo que isso signifique que não vou receber mais.
Devney

— Ele está dormindo? — Sean pergunta quando eu entro no


quarto.

Ele está sentado, de costas contra a cabeceira da cama,


lendo em seu telefone. Tento não notar o quão incrivelmente sexy
ele parece, mas falho. Ele sempre parece assim. Sem camisa, com
manchas de sujeira no rosto e cabelo desgrenhado de tanto correr
os dedos. Mas são os olhos que me pegam. Eles são verdes com
manchas de amarelo em torno das bordas e a borda preta escura
que me faz sentir como se ele pudesse ver minha alma.

— Ele está.

— Bom. Vocês conversaram mais?

Eu aceno e caminho em direção à cama. Não tenho certeza


do que devo fazer. Nossa briga anterior deixou as coisas em um
lugar muito estranho. Não consigo me lembrar de uma época em
que não soubesse o que dizer para consertar as coisas entre nós.

Sean suspira e dá um tapinha na cama. — Não quero tornar


esta noite mais difícil para nós.

— Eu também não.
— Então me deixe amar você, Devney.

Deus, isso parece bom. — Eu preciso que você me abrace —


digo a ele.

Ele coloca o telefone na mesa ao lado dele e levanta as


cobertas. Eu não hesito antes de entrar. Meu corpo gira em
direção a ele como um ímã, precisando da pessoa que é minha
outra metade. Eu deito em seu peito, ouvindo o som de seu
coração enquanto sua mão viaja para cima e para baixo ao longo
da minha espinha.

Não são necessárias palavras para sabermos como o outro


está se sentindo. Eu posso saborear o alívio e a tristeza de tudo
que aconteceu e tudo que ainda está por vir.

— Sean?

— Sim?

Eu corro minha mão em sua barriga e me puxo com mais


força.

— Obrigada por encontrá-lo e o trazer de volta.

— Eu teria procurado pelo mundo se fosse necessário.

Não há nada que este homem não faria por mim, e sou uma
idiota por pensar em deixá-lo ir.

— Podemos refazer tudo quando voltarmos a Sugarloaf e


termos essa noite só para nós?

Sean se mexe e sou forçada a olhar em seus olhos.


— Nem mais uma palavra, Dev. Eu tenho você para esta
noite. Apenas confie em mim.

Eu confio nele com minha vida.

Suas mãos se movem para o meu rosto, me segurando como


se eu fosse quebrável. A ternura que ele usa me aquece até a
ponta dos pés. Sean nunca me machucaria. Ele iria se quebrar
ao meio antes de permitir que a vítima fosse eu.

Observo a abundância de emoções dançando em seus olhos.

Amor, esperança, tristeza, medo e depois desejo.

Oh, o desejo é mais forte, e ele me puxa para ele no mesmo


momento que me movo em sua direção. Querê-lo nunca foi um
problema.

O problema é mantê-lo.

Não vou permitir que os meus pensamentos andem por aí


porque ele é meu agora, e eu serei sempre dele.

Os lábios de Sean se movem para os meus no beijo mais


doce. Há desgosto e desejo misturados com amor, e me apego ao
último. Esta noite, vou amá-lo como se não houvesse amanhã.
Como se nossos dias assim fossem eternos e não precisássemos
nos despedir nunca.

Nós nos beijamos lentamente, deixando nossas línguas


deslizarem juntas enquanto um beijo se transforma em outro.
Sua mão se move em meu cabelo, inclinando minha cabeça para
que ele possa obter um ângulo melhor. Beijá-lo é como a primeira
respiração pela manhã. É cheio de esperança de que o dia pode
ser ótimo e contínuos sentimentos de paz. Eu quero beijá-lo para
sempre, me permitir a serenidade que vem por estar em seus
braços.

— Eu te amo — ele sussurra contra minha bochecha. — Eu


te amo e vou fazer amor com você esta noite.

Eu inclino minha cabeça para trás e solto um gemido suave


quando seus lábios se movem para o meu pescoço.

— Você é tão bonita. Eu não pude fazer nada além de olhar


para você o dia todo e encontrar algo novo que considero perfeito.

— Eu não sou perfeita.

— Você é para mim.

Sua boca cobre a minha, parando as palavras que


escapariam dos meus lábios. Ele é aquele que é perfeito.

Eu não estava mentindo quando eu disse que ele era o


sonho, porque ele é.

Ele se move, seu peso apoiado acima de mim, e ele levanta


minha camiseta sobre a minha cabeça antes que ele remova meu
sutiã. Quando Sean olha para mim, seus olhos são um fogo
líquido que ameaça me derreter.

— Perfeita. — Sua voz está rouca antes que ele mova a


cabeça para lamber meu mamilo.
Meus dedos enfiaram em seu cabelo, o segurando enquanto
ele o colocava na boca. Ele chupa, lambe e dá um peteleco antes
de ir para o outro lado.

— Sean. — Eu gemo seu nome quando ele faz isso de novo.

— Me diga o que você quer, Devney.

— Você.

Ele ri. — Isso é bom, querida, porque você vai me ter. Você
quer que eu faça você gozar?

Isso é realmente uma pergunta?

Sean não me dá um momento para responder antes de


mover sua boca de volta para o meu peito.

— Quer? — ele pergunta novamente antes de ir para o outro


lado. Ele move uma mão para minha calça e desliza para dentro.
— Você está molhada para mim? Você quer que eu te toque aqui,
querida?

— Sim.

Eu quero tudo isso. Estou tão sobrecarregada e necessitada


que é demais. Pensar está além de mim quando seu dedo se move
para o meu clitóris.

— Isso é bom?

Meus quadris se movem e eu aceno. — Deus, sim.


Ele me deixa louca, se movendo mais rápido em movimentos
circulares constante. Eu sinto o pico vindo rapidamente, e eu
quero gozar para ele, voar alto e fazer uma queda livre, mas
quando estou chegando ao topo, ele para de se mover.

A queda livre de volta ao fundo é tão rápida que meus olhos


se abrem e luto para respirar. — Sean?

— Sim, querida?

— Por que você parou? — Eu olho em volta para ver se há


uma razão como meu filho de nove anos no quarto ou algo assim.

Seu nariz corre ao longo da coluna da minha garganta. —


Porque vou prolongar isso o máximo que puder.

— Por favor, baby — Eu lamento, precisando dele para me


tocar novamente. Ele tira meu short e beija o caminho até
embaixo.

— Se sente — ele ordena. — Se apoie nos cotovelos e me


observe.

Eu faço como ele diz, me empurrando para cima quando ele


levanta meus joelhos.

— Não tire seus olhos de mim ou eu vou parar. Entendeu?


— Eu aceno.

Sean tira o constrangimento e a timidez de mim. Não me


sinto constrangida quando estamos juntos. Eu me sinto
fortalecida e bonita... como se eu fosse a única mulher no mundo
que ele deseja.
Suas mãos fortes afastam meus joelhos, e eu assisto como
sua língua toca em meu clitóris. Quero fechar meus olhos, não
porque ele não é incrivelmente excitante de assistir, mas porque
eu sou dominada pelo prazer. A necessidade de fazer ele
continuar me impede de fazer isso.

Ele me observa olhando para ele, e isso é tão quente que


pode colocar fogo na casa.

Meus dentes mordem em meu lábio inferior e ele me leva ao


topo novamente, ele me leva mais alto do que antes. Cada
lambida de sua língua me empurra mais e mais. Deus, eu posso
ver isso.

Eu gemo, mantendo meus olhos nele, o vendo me amar com


sua boca. E então é demais, e eu não consigo mais segurar. Cada
segundo glorioso parece o paraíso, e eu nunca quero descer.

Com a cabeça no travesseiro, ofego quando o sinto entrar


em mim com uma estocada.

Meus olhos se abrem, querendo memorizar cada segundo.

— Eu te amo — digo a ele.

— Diga isso de novo.

— Eu te amo.

Ele empurra mais fundo. — Mais — Sean exige.

— Eu te amo. Eu te amo. Eu preciso de você. Eu sou sua!


— Eu digo as palavras com cada gota de minha emoção. É tudo
verdade. Eu o amo mais do que qualquer coisa. Eu preciso tanto
dele, tenho medo de perdê-lo. Eu sou dele e sempre serei. Não
importa o que aconteça, isso nunca mudará.

Suas mãos enquadram meu rosto e seus olhos verdes estão


implorando. — Fique comigo.

O conflito rasga através de mim com tanta força que dói.


Minha cabeça está em guerra com meu coração. Eu quero ficar.
Eu o quero para sempre. Nossa vida poderia ser tão bonita, mas
o medo grita comigo me dizendo para não falar.

Eu luto pelas palavras... aquelas que minha alma está


desesperada para que eu diga. Para dizer a ele que ficarei ao seu
lado e vamos resolver isso.

Ele empurra com mais força, mais fundo, como se soubesse


que tinha que puxar de mim. É o mais conectado com outra
pessoa que já estive. É como se nossos corpos estivessem falando
enquanto nossas bocas não podem. Sean entrelaça nossos dedos
e depois se estende por cima da minha cabeça, prendendo minha
mão no travesseiro. Estamos nos tocando da ponta dos dedos até
a ponta dos pés. Nenhuma parte de mim não é dele agora.

Ele empurra novamente, e eu o sinto implorando para que


eu lhe dê a resposta. Ele está lutando por mim. Pela vida que
desejamos.

Eu abri minha boca para dizer isso, mas nada vem, e então
eu o vejo desmoronar. Ele grita ao gozar, e então o sinto me
deixar.
Sean

— Bem, essa é a última. — Devney diz enquanto segura a


caixa em seus braços. Austin está no carro, de cinto e pronto para
ir para casa.

— Parece que sim.

Ela chuta a sujeira e solta um suspiro pesado.

— Você vai passar por aqui?

Eu moveria o mundo se achasse que isso mudaria as coisas,


mas não mudará. A parte egoísta em mim pede pra eles se
mudarem comigo para a Flórida, e eu não vou pedir. Podemos
tentar fazer isso de longa distância, mas sabemos que não vai
funcionar. Vai ser difícil o suficiente para ela tentar fazer Austin
se estabelecer aqui. Eu não posso pedir a ela para viajar, e minha
agenda é inflexível.

— Eu gostaria, mas eu não sei...

— Se deveríamos?

A pausa em sua voz traz lágrimas na minha alma.

— Eu não quis dizer dessa forma. Eu apenas não quero


fazer as coisas mais difíceis para você.
— Eu não acho que isso seja possível. Isso é uma tortura
absoluta agora.

— Também não é fácil para mim. — Ela olha para o carro e


de volta para mim.

— Você é meu melhor amigo, Sean. Por favor me diga que


não destruímos vinte anos de história em poucos meses. Eu não
posso... não posso te perder, e você prometeu que eu não iria.

Dou um passo em sua direção, e minha mão se move para


sua bochecha para que eu possa acariciar a pele macia com meu
polegar. — Você nunca vai me perder, mas vou ter que descobrir
como parar de amá-la dessa forma.

— Não sei se alguma vez o farei. — Ela admite.

— Eu também não.

Uma lágrima escorre pelo rosto dela e eu a enxugo.

— Não chore, querida. Essa é a coisa certa, não importa


quanto doa. Você tem que pensar em Austin e sempre farei o que
for melhor pra vocês.

Seus lindos olhos se fecham, enviando outro fluxo por seu


rosto.

— Tudo que eu quero é largar esta caixa e me fundir a você.


Eu quero implorar para você ficar, embora eu saiba que você não
pode.
Eu me mexo, deixando minha mão cair enquanto meu
coração bate implacavelmente. — Eu posso parar de jogar.

— Não. — Ela balança a cabeça. — Absolutamente não,


Sean Arrowood. O beisebol é seu filho. Eu não pediria que você
parasse de jogar pelos mesmos motivos que você não me pediria
para deixar Austin para trás.

— Beisebol não é tudo.

— Não, mas você não está pronto para desistir.

— Eu faria por você.

— Eu não vou deixar você fazer isso.

E é aí que minha última Ave Maria começa e termina. Sem


mencionar que, se eu quebrasse meu contrato, isso me custaria
milhões de dólares em penalidades. Tudo isso é tão fodido.

Meu irmão se aproxima e tira a caixa das mãos dela.

— Vou falar com Austin enquanto vocês dois se despedem.


— Ela olha para ele com tanta dor que Jacob estremece antes de
dar um beijo em sua têmpora.

— Leve seu tempo.

Não há tempo. Esse é o maldito problema. Eu tenho


algumas semanas restantes aqui antes que meu tempo acabe e
tudo que importa na minha vida também. Eu vou ter que
caminhar pra longe, e eu sinto que meu coração está rasgando
dentro do meu peito.
Eu a amo. Ela é tudo de bom no meu mundo e ela está indo
embora. Meu mundo nunca mais vai ser a mesmo novamente.

— Eu não sei como dizer adeus a você.

Não há barreira entre nós e eu me aproximo, a puxando


para o meu peito. Eu a seguro com força, respirando o cheiro
suave de seu shampoo.

— Nunca dizemos adeus.

Seus dedos se apertam enquanto ela se agarra a mim. —


Obrigada.

— Pelo quê?

Lentamente, seu olhar se eleva para o meu.

— Por me amar.

— Eu irei te amar para sempre.

— E eu sempre amarei você.

Eu aceno e solto meu aperto. Eu tenho que ser o único a


fazer o que é certo. Um de nós tem que ser forte, embora eu odeie
que tenha que ser eu.

— Você deveria ir. Só Deus sabe o que Jacob está ensinando


a Austin. — Seu sorriso parece dolorido, mas ela concorda. Seus
lábios se separam como se ela quisesse dizer algo, mas dou um
passo para trás.
Não há nada para tornar isso mais fácil e nada que já não
tenhamos dito. Nós nos amamos, nos queremos, precisamos um
do outro e, ainda assim, não podemos ter um ao outro.

Quando pousamos ontem, nós sabíamos que era o fim da


estrada e agora, tenho que vê-la fazer a curva.

Devney chega até a porta, abre e olha para mim mais uma
vez. Ela levanta a mão para acenar, cobre a boca e desaparece.
Não ouço ou percebo meu irmão vindo até mim. Eu apenas fico
ali, assistindo suas luzes traseiras desaparecer.

A mão de Jacob repousa no meu ombro.

— Sinto muito, Sean.

— Isso nunca iria funcionar.

— Não diga isso.

— É por isso que lutei contra isso antes. É por isso que eu
menti e me recusei a deixar meus sentimentos se tornarem mais
do que amizade. Porra! Eu sabia que isso era uma má ideia.

Eu empurro sua mão longe de mim e vou para a varanda.


Eu sento lá, esperando o carro reaparecer.

Ele se senta ao meu lado na cadeira de balanço, quieto e tão


alto ao mesmo tempo. Cada vez que ele olha para mim, posso
sentir sua decepção.

— O quê? — Eu estalo depois de pegá-lo olhando para mim


novamente.
— Você tem certeza que acabou? Não há como você resolver?

— Sim. Acabou.

— Eu não entendo.

Eu solto uma respiração pesada pelo nariz e olho para a


poeira que está abaixando.

— Eu também não

Na verdade, eu não entendo nada nessa vida. A morte da


minha mãe foi horrível. Então teve nosso pai de merda para nos
bater e matar duas pessoas, e quase destruiu nossas vidas.
Quero dizer, por que diabos não perder a garota que eu amo? O
que mais vai acontecer agora?

— Ela foi embora porque Austin é filho dela? Eu não


entendo.

— É complicado.

Jacob e eu sempre fomos próximos. Eu sempre contei tudo


a ele, e ele tem sido um livro aberto comigo. E não sei se é porque
Declan sempre foi o mais velho, por isso quando eu estava com
ele sempre tentei parecer mais frio e maduro. Quando eu estava
com Jacob, eu era eu. Eu poderia ser calmo, engraçado e apenas
rir da vida. Connor era o mais novo e se inspirava em nós, de
modo que o controlávamos. E mesmo que ele seja o mais próximo
agora, eu não quero lhe contar nada. Quero gritar, quebrar coisas
e sair dessa merda de cidade.

— Então descomplique.
— Bem, por que não pensei nisso? — Eu pergunto
sarcasticamente. — Eu quero dizer... que brilhante, porra. Eu
deveria tornar as coisas mais fáceis para mim e Dev apenas
porque você mencionou isso. Agora, como tornar essa situação
melhor... alguma ideia, gênio?

— Por um lado, você pode deixar de ser um idiota e crescer.

Eu o ignoro e me inclino para trás na cadeira de balanço,


me movendo com a batida do meu coração partido. A dor é minha
amiga constante. Isso me lembra que foi real e estou vivendo por
isso.

Depois de alguns minutos de silêncio, Jacob fala


novamente.

— Austin estava chateado.

— Eu também estou.

— Quando estávamos sentados no carro, ele ficou


perguntando por que você não podia ser o pai dele.

Eu solto uma respiração profunda.

— Porque eu não mereço uma criança.

— Você também não merece Devney agora. Na verdade, a


única coisa que você deve levar é um soco no rosto.

— Experimente. — Eu o provoco. Ele ri com um aceno de


cabeça.
— Sim, certo, menino bonito. Todos nós sabemos que você
não é um lutador. De volta à questão do por que você é um idiota.

Eu gemo, desejando ter o temperamento de Declan ou o


gancho de direita de Connor.

— Quer explicar por que você a deixou ir? — Jacob pergunta


com um pouco de aborrecimento em seu tom.

— Eu não deixei ela fazer qualquer coisa. Eu tentei salvar


tudo, mas ela tinha a intenção de ir.

— Certo. — Ele concorda. — Entendo. Faz todo sentido.


Quando ela estava em pé ali chorando, parecia como se ela
estivesse realmente animada para ir embora. Eu espero que
minha saída dessa cidade seja do mesmo jeito.

Ele não vê nada, e eu poderia matá-lo agora.

— Pelo menos agora, quando você se mudar de volta em


poucas semanas, você pode ficar na casa. Inferno, vá buscar suas
merdas agora porque eu não posso ficar aqui.

Tem muito de Devney aqui, e eu já tive desgosto suficiente.


Ela está em toda parte nesta casa. O cheiro de seu shampoo
ainda permanece no chuveiro, sua risada ecoa por toda cozinha
e seu calor está por todo o quarto. Só que é só minha imaginação
porque, nem mesmo 24 horas depois que voltamos de Tampa, ela
foi embora.

É como se tudo o que compartilhamos tivesse desaparecido


com a poeira dos pneus dela.
— Você não desiste, Sean. Todas as coisas que surgiram em
seu caminho, você encontrou um caminho.

— Eu não posso fazê-la me amar.

Ele encolhe os ombros.

— Não acho que esse seja o problema dela.

Eu inclino para trás na cadeira de balanço novamente, não


dando a merda de que está congelante aqui fora, eu não sinto
nada. O entorpecimento é bem-vindo.

— Ela foi embora, e essa foi sua escolha. — Ela me pediu


para aceitar sua decisão e é isso que estou fazendo.

— Não é como se você não soubesse para onde ela está indo.

— E daí? Você quer que eu apareça lá e implore a ela. Eu


tenho um orgulho, caralho. — Algo vem voando na minha cabeça,
mas sou rápido o suficiente para detê-lo. — Que porra é essa?

— Você precisa de algo para bater na sua cabeça, seu idiota


de merda.

— Não é minha culpa.

— Talvez não — Jacob concorda. — Eu ainda acho que vocês


dois são idiotas. Você a ama. Ela ama você. Ela tem um filho que
ama você e tenho certeza de que você o ama. Então, qual é o
problema? Case com a garota.

Oh, rápido em sua declaração.


— Eu disse a ela que queria! Ela saiu mesmo assim! Você
acabou de vê-la ir embora. Você não acha que estou morrendo
por dentro? Eu a amo mais do que qualquer coisa, e ela foi
embora.

— Você disse a ela que queria se casar com ela?

Eu olho para o meu irmão de merda.

— Você deveria ser o mais inteligente.

— Certo, idiota, me deixe reformular isso. Você a pediu em


casamento ou apenas a deixou saber que é algo que você queria
que acontecesse?

— Eu disse a ela.

— Não é o mesmo. Eu pensei que você deveria ser o doce


irmão com todos os movimentos. Acontece que eu tenho essa
característica.

Eu rolo meus olhos e bufo. — Jacob, geralmente sou capaz


de lidar com isso, mas hoje... eu não posso mais.

— Escute, não estou tentando deixar as coisas mais difíceis,


estou dizendo que é uma coisa muito diferente dizer a uma garota
que você quer se casar com ela e pedir-lhe em casamento.

Eu não sei como ele pensaria nisso, a pedir em casamento


quando estava claro qual sua resposta seria.

— Isso me faria um idiota se eu perguntasse.

— O que diabos isso significa? Você é um idiota agora!


— Ela não quer se casar comigo. Devney tomou sua decisão
no momento que ela pegou a custódia de Austin. Nós dois
sabíamos que isso acabaria. Claro, eu queria pensar que
teríamos uma chance, eu nunca tive uma. Eu fui um idiota por
pensar que eu deveria perguntar isso ela, e eu tenho nenhuma
razão para forçá-la.

Em algumas maneiras, eu não a culpo. Ela está em novo


território e precisava do apoio. Eu teria feito tudo o que podia.

— Você sabe? Eu acho que ela está certa — eu digo a Jacob


com a derrota em minha voz.

— O quê?

— Ela foi inteligente em ir embora. Tudo o que posso dar a


ela é uma bela casa sem minha presença. Eu estaria fora o tempo
todo, e ela estaria em Tampa, criando Austin sozinha. Isso nunca
iria funcionar. Não importa o quanto nós dois desejamos isso,
nós estamos em desvantagem.

Jacob fica quieto por um minuto, me avaliando. — Algo me


diz que nem você acredita nessa linha de besteira.

— O treinamento de primavera começa logo, e eu tenho que


começar a me preparar para isso. Nós teríamos alguns meses, e
se isso, antes de eu estar longe o tempo todo. É melhor esse
caminho.

— Sim, totalmente melhor. — Jacob concorda. — Quero


dizer, por que diabos você a levaria para lá, certo? Eu vejo o que
você quer dizer sobre terminar tudo agora seria melhor a opção.
É inteligente, cara. Deixe ela ir. Você sabe, estarei aqui nos
próximos seis meses, vou cuidar dela.

Eu me mexo, pronto para atacar, mas o idiota está sorrindo.

— Foda-se.

— Sim, bem, acorde Sean. Você é um idiota, se você acha


que esse é o movimento certo. Eu sempre estive ao seu lado. Você
foi quem me ajudou passar por toda a merda depois do acidente.
E eu devo isso a você, então aqui estou eu pagando de volta. Vá
buscá-la. Se case com ela. Se sente na frente da sua casa até ela
deixar você entrar. Acampe lá se isso for preciso. Se você a ama,
descubra a porra de uma maneira. Ninguém nesse mundo
conhece você como Devney Maxwell, ela é a pessoa certa para
você.

— Eu sei disso.

Em todas as fibras do meu ser, sei que ela é a única garota


que amarei. Não importa quem eu possa encontrar no futuro, eles
empalidecem em comparação. Seria cruel para mim sequer
tentar, então eu vou ficar do jeito que eu sempre fui. Nenhuma
outra mulher jamais tocará meu coração, elas não podem de
qualquer maneira, porque ela o levou com ela.

— Então pare com essa merda.

Eu solto uma respiração pesada, o ar do frio circulando em


torno de mim.

— E como resolvo o problema?


— Qual?

— Que ela não vai para a Flórida comigo, e eu não posso


ficar aqui. Eu estou no meio do meu contrato e eu não posso sair
assim. Então, por favor, me diga como é que eu concerto isso,
Jacob? Porque, agora, eu não vejo como. Se você pode descobrir
isso para mim eu irei fazer o que for necessário, porque eu não
sei como viver dessa maneira. Ela é a porra do meu mundo.

Ele encolhe os ombros enquanto se inclina para trás com


um sorriso arrogante.

— Finalmente, você fez a pergunta importante. Sabe, é


muito ruim você não ter um agente para ajudar a negociar um
lugar pra você em Philly ou Nova York, huh?
Devney

— Ele vai embora em alguns dias — Ellie me lembra como


se eu já não estivesse incrivelmente ciente disso.

Eu não queria sair. Eu sabia que ia ser uma emboscada no


segundo que ela fez Hadley ligar e pedir para sair com ela. Não
posso dizer não para aquela garota, e Ellie sabe disso.

— A propósito, ter sua filha armando isso tudo foi uma boa
jogada.

Ellie não se preocupa em parecer nem um pouco


arrependida.

— Nós fazemos o que podemos. De volta ao ponto que eu


estava fazendo antes... Sean vai embora em breve.

— Sim, eu sei disso.

— E você está deixando ele ir embora?

Eu não estou deixando nada acontecer, eu quase... estou


existindo. Estou perdida, à deriva, e eu sinto falta dele. Eu não
sei como viver assim, e talvez eu esteja fazendo um enorme erro.
Ellie deve entender até certo ponto.

— Posso te perguntar uma coisa? — Ela sorri suavemente.


— Será que você teria ido se ele fosse Connor? — Eu aceno.

— Quero mentir e dizer que não. — Ellie confessa. — Eu não


posso fazer isso, no entanto. Eu tenho o poder de olhar para trás
e saber que a vida sem Connor não é a vida que eu quero. Eu
tenho uma família e um amor que não achei que fosse possível
para garotas quebradas como eu por causa dele. Assim, se você
me perguntasse agora com duas filhas e uma casa, a resposta é
sim. Mas se você tivesse me perguntado quando eu estava
morando com um homem abusivo que me fez pensar que eu não
era digna de amor, então provavelmente teria sido não.

Sua honestidade me atordoa. Achei que a resposta que


obteria seria toda borbulhante e sem pausa, mas ela me deu duas
respostas de pontos de vista conflitantes.

Tem sido duas semanas sem Sean, e eu estou vazia sem ele.

Meu coração dói por ele. Eu rolo durante a noite, lágrimas


no meu travesseiro, tentando alcançar braços que não estão lá
para me segurar.

E estou morando na casa do meu irmão, o que é mais difícil


do que jamais imaginei. Ele está em todo lugar que eu olho, e
posso ver a dor e a saudade nos olhos de Austin. Tudo isso é uma
merda, e sentimos falta do Sean.

— Não sei como consertar isso, Ells. Eu realmente não sei.


Austin precisa da estabilidade que Sugarloaf lhe dá. Mudar com
ele seria um grande erro. Claro, ele acha que quer ficar com Sean,
nós dois queremos, mas Sean não é apenas um cara normal com
uma vida normal.

— Não, ele não é.

— E isso significa que mesmo se nós mudarmos para lá,


ainda assim vamos ficar longe dele o tempo todo.

Ela olha para a sala de estar onde as crianças estão


brincando e depois para mim.

— Isso é justo, e você não quer tentar longa distância?

— Você iria? — Ellie balança a cabeça suavemente.

— Não, eu não faria. Se eu não pudesse ter Connor inteiro...

— Iria ser melhor aprender a viver sem ele. — Eu termino o


pensamento.

— Eu acho.

Eu solto uma respiração profunda pelo nariz e me afasto.


Não quero começar a chorar de novo. Isso dói muito. A ideia de
não ter Sean na minha vida é como cortar um braço. Ele tem sido
meu constante, e tudo o que eu temia sobre me apaixonar por ele
está se tornando realidade.

A amizade fácil que tem sido minha companheira através de


tempos difíceis se foi. Ele levou a luz quando ele roubou meu
coração, e nada vai ser o mesmo. Tenho saudades do meu melhor
amigo.
Sinto falta do homem que conhecia meus pensamentos
apenas pelo olhar em meu rosto.

Sinto como se estivesse caindo sem uma corda, e é


assustador.

— A pior parte é que Sean era a minha pessoa. Ele foi minha
outra metade e me fazia sentir segurança. — Eu digo sem olhar
para ela. — Eu estava com medo de perder isso, mas arrisquei
mesmo assim, e veja onde estou agora.

Ellie se levanta e dá a volta na mesa, sua mão cobre a


minha.

— Você não está sozinha. Eu sei que não somos iguais a


Sean, mas estamos aqui para ajudá-la, Devney.

— Eu sei, mas Sean se tornou muito mais.

— Ele se tornou sua outra metade. — Ela diz a compreensão


em cada palavra.

— Sim.

— Então, como alguém que estragou tudo mais vezes do que


ela pode contar, posso dizer que você não deve perder isso. O
caminho à frente é difícil, mas vocês dois podem fazer isso, vocês
podem encontrar uma maneira de fazer funcionar. Não foi fácil
para mim e Connor. Deus sabe que para Declan e Sydney
também não. Mas você e Sean são diferentes, no entanto. Não há
nada no seu caminho, exceto vocês mesmos.
Eu olho para o menino na outra sala, os braços cruzados
sobre o peito enquanto Hadley tenta dar a ele um de seus
brinquedos – vigorosamente. Ele é a razão pela qual não posso ir,
e estou bem com isso. Austin é meu filho e não há nada que eu
não faça para protegê-lo de mais dor.

— Talvez você veja dessa forma, mas esse garoto tem


passado por um monte de coisas nos últimos meses. Ele perdeu
os pais, fez uma cirurgia e descobriu que sua tia, na verdade é
sua mãe. Eu não vou adicionar mais em cima dele.

Ela concorda. — Eu me lembro de ser do mesmo jeito. Achei


que Hadley não aguentaria mais mudanças. Ela tinha assistido
sua mãe... bem, ir ao inferno com certeza. Eu me convenci de
que, por ela eu tinha que resistir a um relacionamento com
Connor.

— Não somos iguais — digo a ela.

— Eu sei. Eu só quero que você saiba que, seja o que for que
você decidir, Connor e eu estamos aqui para ajudá-la. Você não
está sozinha, e se tiver qualquer coisa que você precisar, não
hesite em falar.

— Obrigada, Ellie.

— Sem problemas.

Nós sentamos e conversamos um pouco mais. Ela explica


algumas das coisas da escola para Austin que eu não entendia.
Temos tentado entrar em uma rotina, mas é difícil. Ele está com
raiva e não quer fazer o dever de casa. Sem mencionar que ele
não pode jogar beisebol e está chateado por não estar lá quando
seu time ganhou o último torneio.

Tem sido difícil e eu quero melhorar, mas não sei como.

— Sean!

Eu ouço a alegria na voz de Austin pela primeira vez em


poucos dias.

— Ei, homenzinho! — Há um barulho de aperto, e eu olho


para ver Austin enrolado em seu pescoço.

Eu rapidamente desvio meus olhos. Aqui estava eu,


desejando que pudesse vê-lo novamente e sentindo sua falta.
Agora ele está aqui, e eu não estou pronta. Não o vi nem ouvi sua
voz desde que fui embora da sua casa. Nenhum de nós fez
nenhum movimento e não posso culpá-lo.

Apenas o som de sua voz me dá dor.

Ellie olha para mim e depois se levanta, balançando a


cabeça enquanto vai para a porta. — Ei, Sean.

— Ells. — Ele beija a bochecha dela. — Desculpe


interromper...

— Você não está interrompendo. Eu só pensei que você viria


mais tarde, isso é tudo.

Então ele se vira para mim e eu me levanto. A atração por


ele é muito grande. Nossos olhos se encontram, e duas semanas
de dor, saudade e tristeza tomam conta de mim em segundos.
Ele me dá um sorriso torto e vem até mim.

— Dev, é bom ver você.

O nó em meu peito fica mais apertado e eu luto contra as


lágrimas. Eu não vou chorar, não quando sou quem o deixou.

— Bom ver você também.

Ele para apenas perto o suficiente para eu pegar um rastro


de seu perfume almiscarado.

— Vocês estão bem?

— Sim, nós... Nós apenas viemos para que Hadley e Austin


pudessem brincar.

— Eu vejo isso. Você está tendo uma boa visita?

Eu gostaria de estar visitando você. Eu desejo você todas as


noites. Por favor, encontre uma maneira de consertarmos isso
porque estou morta por dentro sem você.

— Sim, é sempre bom ver amigos — eu digo e espero que ele


ouça o duplo sentido.

Ele é meu amigo e eu não o vi. Duas semanas olhando por


cima do ombro, me perguntando se o toque no meu telefone seria
finalmente ele, e me perguntando se eu o veria em algum lugar
da cidade.

Uma parte de mim estava convencida de que ele


desapareceu sem se despedir. Poderia ter sido mais fácil se ele
tivesse.
— Tenho certeza que é. — Há uma onda de culpa que cruza
seu rosto. Ele sabe o que eu quis dizer.

Bom.

— Eu estive em reuniões.

Os olhos de Ellie saltam entre nós enquanto seguimos a


conversa. — Suas reuniões foram como você esperava? — Ela
pergunta.

O olhar que passa entre eles me deixa curiosa.

— Foram produtivas.

Ellie limpa sua garganta. — Eu estou indo para levar as


crianças para fora para o celeiro. Dar a vocês a chance de
conversar um pouco, sem ter ouvidos nas paredes.

— Obrigado, Ells.

Ela dá um tapinha no braço dele e pisca para mim.

— Qualquer coisa para vocês dois.

Quando estamos sozinhos, eu me sinto tonta e tenho que


lutar contra o desejo de me lançar em seus braços e não deixar
ele ir embora. Em vez disso, eu fico uma estátua apenas olhando
para o homem que amo.

O tempo não fez nada para diminuir o quanto eu o quero.


Não sei se um milhão de anos poderia diminuir os sentimentos
que tenho. Não, o que compartilhamos é algo que nunca mudará.
E eu sei, bem aqui, agora, que eu não posso vê-lo ir embora
novamente. De alguma forma, eu tenho que tê-lo. Eu o amo o
suficiente para tê-lo de todas as maneiras possíveis.

— Como você está? — Eu finalmente pergunto.

Sean dá um passo à frente.

— Estou infeliz. Solitário. E sinto falta da única pessoa


importante na minha vida. E quanto a você?

Minha cabeça cai para trás, não esperava que ele fosse
honesto.

— Sean...

— Não. Eu não vou mentir para você. Estou infeliz. Eu sinto


sua falta, e eu amo você. Se isso me torna um idiota, então é isso
que sou. Eu sabia que você estava aqui por isso eu vim. Quer
saber o porquê?

Eu olho para ele, sentindo como se as paredes estivessem


fechando ao meu redor.

— Eu posso adivinhar.

— Você pode?

Eu concordo. Se ele se sente tão mal quanto eu, sei por que
veio. Ele não conseguiu se conter.

— Eu odeio isso. O que faremos agora? — Eu pergunto, me


sentindo nervosa.

— Agora, conversaremos. — Eu quero cair no chão e chorar.


— Falar não muda nada, Sean. Nós conversamos e sempre
voltamos ao mesmo lugar.

— Então você escuta e eu falo.

Ele afasta o cabelo solto do meu rosto e eu resisto à vontade


de descansar meus dedos em seu peito forte. Eu desejo sentir os
músculos sob sua camisa, a força em seus braços e o escudo que
ele fornece ao meu redor.

Não há nada sobre ele que eu não queira e precise, só odeio


que ele more tão longe enquanto estou presa aqui.

— Isso não te machuca? Tem que haver uma maneira de


fazer isso parar, certo? — Eu pergunto.

— Você não tem ideia de quanta dor eu estou sentindo sem


você, Devney. Você pode não imaginar o quando eu sinto sua
falta, mas nós vamos conversar. Não estou repetindo nada que já
não tenhamos dito.

A esperança floresce em meu peito, mas fica paralisado


quando eu lembro que não há nada que já não tenhamos falado.
A situação é a mesma de duas semanas atrás, só que agora, ter
que ficar aqui olhando para ele envia cortes ao meu coração
dilacerado. Mesmo assim, não consigo afastá-lo. Irei aceitar as
cicatrizes porque vale a pena a dor.

Ele estende a mão para a mesa e eu me sento. Não há


nenhuma maneira de correr se eu tentasse, e eu não estou indo
para desperdiçar a chance de olhar para ele. Seu cabelo castanho
espesso e escuro está em desordem, e seus verdes olhos parecem
cansados, mas há uma mistura de esperança lá. A barba na cara
dele é um pouco mais comprida, mas não menos sexy. Sean está
ainda mais lindo... porque ele está aqui.

— Ok, vou ouvir.

Ele se senta ao meu lado e segura minha mão. A sensação


de sua pele contra a minha é um bálsamo que cura uma parte
danificada de mim. É triste que esse simples gesto possa me
quebrar e consertar. Estou uma bagunça.

— Por muito tempo, eu te amei. Amava você mais do que


amava a garota que me comprou um bastão e me fazia tortas de
lama. Talvez seja porque você fazia isso. Ainda assim, eu lutei
contra isso. Encontrei desculpa após desculpa para resistir aos
sentimentos que tinha por você. Eu namorei garotas que se
pareciam com você, disse a mim mesmo que era apenas uma
coincidência e coloquei você em uma caixa no meu coração. Eu
não podia abri-lo, eu não podia sequer pensar sobre tocá-la,
porque eu sabia, uma vez que o fizesse, seria isso. — Seu polegar
roça o topo da minha mão, e luto contra as lágrimas mais uma
vez. — Você não apenas abriu a caixa, Devney, você a rasgou,
jogou fora e fixou residência na porra de minha vida inteira. Não
há uma parte de mim que não pertença a você. Então, eu não
posso fazer isso sem você. Eu não posso voltar para o caminho
que estava antes por que aquela vida não existe mais.

Não há mais como lutar contra elas. As lágrimas caem e ele


me puxa para seus braços.

— Não chore, querida.


— Não me faça te amar mais do que eu amo porque eu não
posso. Meu coração não pode amar você mais. Não pode conter
isso, e você está me matando. Vou encontrar uma maneira de
fazer à longa distância ou algo assim, mas preciso de você.

Ele pega meu rosto em suas mãos e me encara. Aqueles


olhos verdes penetram minha alma, e então minhas mãos estão
espelhando as dele. Eu seguro ele, precisando vê-lo, realmente
precisava ver ele novamente. Nunca pensei que um amor assim
fosse possível para mim, e agora eu estou aqui.

— Eu entendo o que você precisa. Eu sei por que você não


pode ir para a Flórida e, honestamente, eu seria o pior idiota que
se possa imaginar se pedisse isso a você.

— Mas...

— Você tem que fazer o que é melhor para Austin.

Ele me disse que não iria repetir velhos pontos, e agora,


estamos sentados na cozinha de Ellie, e estou sentada em seu
colo chorando.

Minhas mãos caem. — De novo, Sean. Mais uma vez


estamos aqui.

— Nós não estamos. Ouça-me, não estamos.

Ele se inclina, beija minhas lágrimas e depois meus lábios.

— Eu te amo, Devney Maxwell. Eu te amo mais do que você


jamais saberá, e é por isso que não estou mais jogando por
Tampa.
Eu suspiro, meu estômago cai e eu quero vomitar. Ele não
fez isso. Por favor, diga que ele não desistiu ou fez algo estúpido.
Não por mim. Não quando esse era o seu sonho, desde que ele
tinha a idade de Austin. Eu não posso vê-lo fazer isso.

— Sean, você não pode!

— Eu posso, e eu fiz.

Sean sorri para mim, mas tudo que posso sentir é o


arrependimento que percorre meu corpo. Ele não tem ideia do
que fez. O quanto ele vai se arrepender.

— Eu não quero ser o motivo que você desistiu do seu


sonho.

— Você foi a única que disse que eu tinha que escolher um


ou outro, Devney, e eu escolho você. Todas as vezes. Todos os
dias e duas vezes aos domingos.

— Eu não vou deixar você fazer isso!

Ele apenas sorri mais e se inclina para frente para


descansar sua testa na minha. — Já está feito.

Eu fecho meus olhos, respirando profundamente enquanto


escovo meu nariz contra o dele. — Por quê? Por que você faria
isso?

— Porque você é a única para mim, Devney Maxwell, e eu


não vou viver sem você.
— Você vai me odiar. Talvez não hoje ou amanhã, mas um
dia, você me verá como a garota que roubou seus sonhos em vez
de seu coração.

— Nunca, querida. Não é possível. Além disso, você não fez


a pergunta certa.

Eu me afasto, não tenho certeza do que diabos ele quer


dizer.

— Que pergunta?

— Como eu fiz isso?

Meus olhos se estreitam ligeiramente enquanto a confusão


me enche.

— Fez o quê?

— Conseguir manter você, sem levar você e Austin para a


Flórida, e ainda ter o beisebol.

O ar enche meus pulmões quando sinto que posso respirar


pela primeira vez.

— Como?

— Eu solicitei uma troca para a Filadélfia.


Sean

Espero ela dizer algo, mas ela apenas olha para mim, a
cabeça inclinando de um lado para o outro.

— Você está voltando... para a Pensilvânia?

Eu dou de ombros, como se não fosse nenhum grande


negócio, porque na verdade, não é. Não foi nem mesmo uma
pergunta. Assim que Jacob disse aquilo, se tornou minha única
opção.

Me mudar para Sugarloaf.

Ficar com ela.

Ser feliz.

Quem se importa se esta cidade me faz arrepiar e as


memórias do meu pai estão por toda parte? Eu preciso dela.

Devney é o que importa, e quando eu a tiver, posso viver


aqui... onde ela está.

Pode ter me custado um monte de estresse e argumentos


com o meu agente, mas nós conseguimos. Eu irei receber menos
dinheiro, muito menos, mas nada disso importa, desde que esta
é a uma solução para meu problema.
— Eu estou. Tenho que empacotar minhas coisas em
Tampa, vender meu apartamento e então... eu não sei... vou
precisar de um lugar para morar. Alguma ideia?

Seu sorriso ilumina a sala.

— Você vai se mudar para cá?

— Esse é o plano.

— Por quanto tempo?

— Para sempre.

Ela se lança em meus braços, o que nos joga no chão. Seus


lábios estão nos meus um segundo depois, e eu a aperto contra
o meu peito.

— Isso é sério? — Ela pergunta entre beijos.

— Completamente. — Eu nos rolo para ficar por cima e olhar


para ela.

— Não há nada que eu não faria por você, Dev. Quando eu


disse que você poderia contar sempre comigo, não quis dizer
apenas quando me fosse conveniente.

Ela toca minha bochecha com um sorriso.

— Eu estava tentando me convencer a ir com você. De


alguma forma, eu sabia que tinha que estar com você. E só...
parecia tão impossível.
— Ainda não será fácil. Vou ter que viajar, mas quando
estiver em casa, estarei bem aqui.

— Eu posso lidar com qualquer dificuldade. Mas eu


simplesmente não posso lidar com o fato de não ter você.

Eu trago meus lábios aos dela novamente, precisando beijá-


la. Por duas semanas, fiquei sem ela, e agora que estou aqui, é
como abrir os olhos para o final do primeiro tempo. A luz é
brilhante e pura, e há um sentimento de esperança no ar.

— Bem, graças a Deus você não é minha esposa. — a voz de


Connor vem da porta.

Eu olho para cima — Você nos dá licença?

— Considerando que você está na minha casa, no meu


chão? Não, eu meio que não posso.

As bochechas de Devney ficam vermelhas e ela me empurra


e eu a ajudo a se levantar.

— Desculpe, Duckie.

Ele revira os olhos. — Está tudo bem, Shrimpy.

E então ela faz o mesmo. — Eu odeio esse nome.

— Sim, eu também não gosto muito do meu. — Ele brinca.

— Eu amo o meu.
Os dois se viram para mim, os rostos mostrando seu
descontentamento como se fosse eu quem colocou os apelidos em
vez de Declan.

Eu sou o único que meu irmão idiota poupou. Eu não sei


porquê, e eu nunca fui estúpido o suficiente para perguntar.

— É por isso que ninguém usa — diz Connor com os braços


sobre o peito.

— Diga.

— Não.

Eu sorrio para meu irmão. — Vamos lá, você sabe que quer.
— Ele vira as coisas para mim.

— Dev?

— Sem chance. — Eu suspiro dramaticamente.

— Está tudo bem. Eu mesmo o direi... Garanhão. Eu sou o


garanhão. Eu sou um garanhão, viril e o cara por quem todas as
garotas não podem deixar de se apaixonar.

— Oh, pelo amor de Deus. Ele quis dizer como se você fosse
um bloco de madeira na parede.

Eu encolho os ombros. — Se te faz sentir melhor pensar


assim...

— De qualquer forma, se você quer pegar a Devney dessa


forma, por favor faça isso em algum lugar em que minhas filhas
não entrem e vejam isso.
Eu a puxo para o meu lado e beijo sua testa. — Por mim
tudo bem.

Ela balança sua cabeça antes de deitá-la no meu ombro. —


Ele é estúpido.

— Sim, como um pau.

— Você acha que poderia olhar Austin para mim? — Devney


pergunta a Connor.

— Apenas algumas horas.

— Claro... está tudo bem?

Ela olha para mim com um sorriso malicioso nos lábios.

— Sim, eu só tenho um pouco de pau que preciso cuidar.

E é por isso que a amo. Bem, por isso e muitas outras


razões.

— Então você está se mudando para cá? Onde diabos eu


vou ficar? De volta a pequena casa maldita? — Jacob pergunta
enquanto esfrega as mãos sobre a fogueira.

Todos os quatro estão juntos novamente, morando na


mesma cidade, ao mesmo tempo, depois que juramos que nunca
mais voltaríamos.
— Devney vendeu a casa de Jasper e Hazel, nós votamos e
achamos melhor ficar na casa até decidirmos se iremos construir
algo para nós.

— Eu não votei, porra.

Connor ri. — Isso é porque você não conta.

Declan acena com a cabeça.

— Você estava em Hollywood, e o votos foram feitos


pessoalmente.

Jacob geme e se joga em sua cadeira.

— Eu odeio vocês, idiotas.

— O sentimento é mútuo.

Dentro de apenas uma semana, ela foi capaz de listar e


vender a propriedade para uma nova família que estava
hospedada em um lar temporário, enquanto eles procuravam por
um lugar. O pai, Luke Allen foi morto no exterior no que deveria
ser uma missão de rotina, sua esposa Brenna se mudou para cá,
assim as crianças poderiam ficar perto da sua família.

Luke era um cara legal e eu joguei bola com ele no time do


colégio. Quando ouvimos sobre o que aconteceu, fizemos questão
de tentar ajudá-los. Connor ajudou a atualizar a casa de Jasper
um pouco enquanto eu trabalhava para realojar todos os
animais, Jacob foi capaz de conseguir algumas coisas
autografadas para as crianças, que ninguém pediu e Declan
puxou alguns pauzinhos para ajudar Brenna a comprar a casa
sem pagar taxas extras ou algo assim.

Tudo que sei é que Devney pegou o dinheiro e agora Austin


tem um fundo para a faculdade reservado.

— Bem, se eu tiver que ficar nas terras de Arrowood, então


vou ficar na casa de Declan.

— O inferno que você vai.

— Você tem quatro quartos!

Ele encolhe os ombros.

— Não tenho espaço suficiente para o seu ego.

— Oh, por favor.

— Eu tenho que concordar com ele — eu acrescento.

— Só ficou mais inflado desde que você assinou o contrato


do filme.

— Escute, o garoto que pensa que você é incrível é filho de


Brenna Allen. — Connor explica enquanto pega uma bebida.

Jacob esfrega as mãos na frente do fogo.

— O garoto de quem Ellie me falou? Esse é o filho de Luke?

— Ele mesmo. — Dec afirma.

Aparentemente, o filho mais novo de Brenna, Sebastian, é


um grande fã de Jacob. Seu único desejo era conhecê-lo e todos
nós temos ajudado a garantir que isso aconteça, mas Jacob tem
um grande coração e quer fazer mais.

— Uau. Eu não percebi. Connor, você serviu com ele?

Connor balança a cabeça.

— Eu não sabia que ele estava na Marinha. Aparentemente,


ele era um piloto de caça e seu avião caiu durante uma missão
de treinamento.

— Louco. — Eu digo, sentindo o clima cair um pouco.

— Sim, eu sinto pelo garoto. Espero passar algum tempo


com ele e tornar isso um pouco mais fácil para ele.

— Nada como ter um super-herói falso como seu novo


melhor amigo. — Declan diz e levanta o copo.

— Em vez de um velho peido com complexo de herói? —


Jacob se opõe.

Isso vai ficar feio – rápido.

Mas eu não sou aquele que fica no meio das coisas, por isso
eu me inclino para trás, deixando o fogo me aquecer enquanto
eles dois trocam farpas.

Esta noite deveria ser uma noite em que bebemos cerveja,


contamos piadas sobre as mulheres em nossas vidas, zombamos
de Jacob por ser o último irmão solteiro e geralmente passamos
algum tempo unidos. E de quem foi a ideia? As mulheres das
nossas vidas.
Elas estão sob a noção equivocada de que precisamos
passar mais tempo como uma unidade familiar, já que os últimos
nove anos foram um show de merda com vários graus de
confusão.

— Quanto tempo antes de Declan dar um soco nele? —


Connor pergunta, inclinando-se.

— Talvez mais cinco insultos.

— Vinte dólares se ele aumenta até dez.

Eu sorrio para meu irmão.

— Você está animado.

— Então, quando você vai fazer a pergunta para Devney?

Minha cabeça para, porque eu não disse a ninguém sobre o


anel que eu comprei esta manhã.

— Como é que você sabe?

Ele sorri com um encolher de ombros.

— Imaginei. Mas faça um favor a si mesmo e não espere.


Absorva cada momento possível com ela. Eu pensei muito sobre
papai recentemente. Acho que ele desperdiçou seu tempo,
pensando que ela estaria por perto, e foi por isso que estourou.

Eu não dou a mínima por que ele estourou, mas a única


coisa que nunca fomos capazes de dizer sobre o bastardo é que
ele não amava nossa mãe. Quando ela morreu, ele também se foi.
Eu penso sobre como eu me sentiria se fosse Devney e pela
primeira vez na minha vida adulta, eu posso simpatizar com sua
perda.

Eu ficaria quebrado.

Declan se levanta e bufa.

Connor se inclina para mais perto, e eu faço o mesmo.

— Eu estou indo vencer isso — eu resmungo.

Ele ri. — Só mais um, Dec...

Vamos, Jacob, vá para a jugular.

— Você está com ciúmes porque mamãe me amava mais,


porque sou mais bonito e não passei oito anos lamentando por
uma garota pela qual eu era medroso como uma boceta para
voltar!

Jacob grita enquanto aponta o dedo no peito de Declan.

E depois... Declan quebra e eu coloco minha mão para pegar


meus vinte dólares.

Nada como passar um tempo de união com os Arrowood.


Devney

— Para onde você está me levando agora? — Eu pergunto a


Sean enquanto estou sentada em seu carro com uma venda nos
olhos.

— Você verá quando chegarmos lá. Sem espiar!

Amanhã seria o dia que Sean voltaria para a Flórida. Eu não


posso deixar de pensar sobre isso ou me perguntar como eu me
sentiria se ele realmente tivesse ido. Sou grata por ele não ter
feito isso.

— Eu só quero uma dica. — Ele segura minha mão na sua


e ri.

— Nós estaremos longe por onze dias.

— Onze dias? — Eu grito, tirando minha venda.

— Devney!

— O que? Você não disse nada sobre dias! Você fez parecer
que estávamos saindo para um encontro!

Ele geme baixinho. — Tanto para essa surpresa.

— E quanto a Austin?
— Austin? O quê? Ele não pode simplesmente se alimentar?

Eu olho para ele, mas ele me ignora.

— Estou falando sério.

— Confie em mim, mulher. Eu o deixei na casa dos seus


pais, que sabem exatamente onde nós estamos indo. Austin
também está bem ciente, então acalme-se.

Me encosto no meu assento, indignada que eu realmente


não tenho nenhum motivo para estar chateada. Ele pensou em
tudo como sempre.

— Estou calma.

— E você estragou a surpresa.

— Você estava dirigindo para onde estamos indo por onze


dias?

Ele bufa. — Não.

— Então, eu não estraguei nada, pois, mesmo com a venda


nos olhos, eu sabia que estava em um carro.

Sean continua dirigindo pela estrada sem responder.


Paramos no pequeno aeroporto e a emoção me atinge. Onde quer
que estamos indo, isso envolve uma viagem de avião particular.
Eu realmente vou ter dificuldade em voar comercialmente de
novo se ele continuar assim.

Uso meu cérebro, tentando descobrir se eu já mencionei


algum lugar que eu gostaria de ir, mas não temos tantos sonhos
compartilhados entre nós ainda. Tipo, eu sei que um dos lugares
da sua lista de desejos é a Irlanda que foi onde sua avó nasceu.
E as Maldivas, que estão praticamente na lista de desejos de
todos. Eu sei que não faremos nada disso por causa do tempo de
voo, então tem que ser em algum lugar razoável.

Depois de abrir o porta-malas, ele faz seu caminho para o


meu lado do carro, abre minha porta e estende a mão.

— Meu amor.

Eu sorrio e coloco minha palma na dele. — Obrigada,


senhor.

Quando fico de pé, ele me dá um beijo doce.

— Você pode me chamar de senhor mais tarde.

— Se você merecer.

— Oh, eu acho que eu estou indo para mais do que merecer


isso.

— Sim? — Eu provoco.

— Sim.

Eu toco seu nariz e pisco.

— Veremos.

Nós embarcamos no avião e levantamos voo sem que eu


descubra para onde estamos indo. Há uma parte de mim que não
se importa, porque vamos viajar sozinhos. Eu não daria a mínima
se apenas circulássemos no céu. Sean me puxa para o sofá para
que minhas costas fiquem em seu peito e seus braços me
seguram perto. Ele está calmo, parecendo perdido em tudo o que
está em sua mente.

Nenhum de nós fala muito, apenas aprecia o silêncio. É uma


das coisas que mais amo em nós. Não há necessidade de
preencher o vazio, porque simplesmente nos sentimos
confortáveis juntos.

Um dos pilotos sai da cabine e segue em nossa direção, e eu


sorrio quando o reconheço da última vez que estive neste avião.

— Estaremos fazendo nossa descida em cerca de trinta


minutos.

— Ótimo, Sam, obrigado.

— O prazer é meu.

— Sam? — Eu chamo.

— Sim, Srta. Maxwell?

— Onde exatamente estamos chegando?

Ele sorri, olha para Sean e encolhe os ombros.

— Não tenho certeza, senhorita, sou apenas o segundo em


comando.

— Traidor. — Sean ri.


— Querida, eu sabia que você ia tentar pedir o voo a
tripulação, de modo que eu falei com eles para garantir que você
não descubra.

Eu resmungo baixinho e odeio ser noite e não posso olhar


pela janela e tentar adivinhar onde estamos.

Mais alguns minutos e vou descobrir.

Nós pousamos, e quando nós saímos do avião, o ar quente


me atingiu e um sorriso apareceu em meus lábios. — Está quente
aqui.

Ele concorda. — Isso mesmo.

— E eu sinto o cheiro do oceano.

— Nada passa por você. — Eu bato em seu peito.

— Vamos lá.

A risada de Sean é baixa quando ele pega minha mão.

— Vamos.

Começamos a caminhar até onde há uma limusine


esperando. Eu posso ouvir o balanço das palmeiras no vento
quente. É o paraíso, e começo a perceber para onde ele me trouxe.

Minha mão se agarra ao bíceps de Sean e luto contra a


vontade de apertar. Não acredito que ele me levou para uma ilha
sem que eu soubesse.
— Sabe, isso é um presente muito extravagante antes do
Dias dos Namorados.

Ele ri. — Isto não é um presente.

— Não? Como você o chamaria?

Os lábios de Sean pressionam o topo da minha cabeça. —


Eu chamaria de começo.

Eu não tenho nenhuma ideia o que exatamente está se


começando, mas é definitivamente um bom começo. Se todos os
começos forem assim, conte comigo.

Mas então penso em como todo o nosso relacionamento foi


e percebo que sempre foi assim. Quando éramos pequenos,
éramos melhores amigos instantaneamente. Não importava que
eu fosse uma garota burra ou que ele fosse um garoto burro,
éramos apenas Sean e Devney. Conforme crescemos, não
deixamos outras pessoas interferirem em nosso relacionamento,
ele era o meu número um e eu era a dele. Se ele estava
namorando alguém que eu odiava, ele a largava. Eu nunca
realmente consegui namorar por causa de sua bunda
superprotetora, mas eu sei, no meu coração, que eu teria feito o
mesmo.

Eu e Sean nunca realmente brigamos. Ambos somos


aventureiros, gostamos de rir e não temos reservas em relação ao
outro. Provavelmente é por isso que lutei contra amá-lo como
mais do que um amigo.
Eu sabia que seríamos nós. Iríamos nos apaixonar tão
rápido e tão profundamente que não poderíamos voltar a trás.

E agora, aqui estamos... em uma ilha juntos. Nos


aproximamos de um motorista, que abre a porta para nós.

— Sr. Arrowood, meu nome é Dennis e serei seu motorista


até o resort.

— Obrigado, Dennis. Esta é a Srta. Maxwell.

Ele beija o topo da minha mão.

— Srta. Maxwell, me permita ser o primeiro a recebê-la em


St. Lucia.

Meu coração bate mais rápido.

— St. Lucia?

O mundo parece desaparecer ao meu redor enquanto eu


olho para ele, esperando ver se isso é uma piada. Sean me dá um
sorriso doce que diz que não é uma piada e, na verdade, foi muito
proposital.

— Doze anos atrás, minha melhor amiga me escreveu uma


carta sobre seus sonhos, você se lembra?

Eu aceno com lágrimas em meus olhos.

— Eu lembro.

— Você se lembra do que escreveu?


— Que eu queria esse lugar para ser o destino de
casamento.

— Onde?

— Aqui — eu sussurro, esperando que o vento leve isso para


o universo para torná-lo realidade. Ele lembrou. Ele me trouxe
para o lugar que eu queria ficar na areia para dizer as palavras
que me ligariam com aquele que eu deveria estar ao longo de
todos os meus dias.

Ele levanta a mão puxando meu cabelo para trás.

— Sim, aqui.

— Sean, nós não...

— Não, nós não, mas eu espero que sim.

Meu coração bate contra o meu peito quando ele enfia a mão
no bolso.

— Eu não tinha planejado fazer isso aqui. — Ele olha ao


redor do aeroporto.

— Eu tenho um plano completo, mas também não deveria


ficar surpreso, porque nós dois somos péssimos em
planejamento.

Eu rio porque é verdade. Quando a mão dele surge, há um


enorme anel entre o seu polegar e dedo indicador.

— Devney Maxwell, você é a única mulher para quem eu


daria um anel. Você é o início, meio, e eu espero que você vá estar
lá até o fim. Eu quero te amar, criar filhos com você e passar
todos os dias te fazendo feliz. Você vai me dar a incrível honra e
me deixar ser seu marido?

Uma lágrima desliza pela minha bochecha enquanto eu


aprecio o momento. Quero me lembrar disso sempre porque é
quando meu mundo fez todo o sentido.

— Sim. Sim! Eu casarei com você! Aqui! Hoje?

Sean me levanta em seus braços, me empurra de volta


contra o carro e funde seus lábios nos meus. Depois do que
podem ser minutos ou mesmo horas, ele para e olha para mim.

— Hoje não, querida, mas em cinco dias, nossas famílias


chegarão e então, sim, você será minha esposa.

Eu pego seu rosto em minhas mãos e o beijo novamente.

— Eu te amo.

— Eu te amo. Agora, entre no carro para que eu possa levá-


la para um quarto.

Eu sorrio e toco em seu nariz.

— Sim, senhor.
Sean

— Você vai se casar. Jesus, vocês são todos idiotas. — Jacob


diz enquanto arruma minha gravata borboleta.

— Você diz que somos idiotas, mas eu digo que você é idiota.

— Talvez sim, mas... Eu não sei, cara.

Não tenho nenhuma dúvida que isso é a coisa certa. Ela é a


certa. A única. Nunca fui tão feliz ou tão certo de algo em minha
vida. Bem, além do beisebol. Meus irmãos, suas famílias, os pais
de Devney e Austin chegaram ontem a noite. Tivemos um jantar
muito barulhento e tumultuoso juntos e nos preparamos para
hoje.

Vai ser um casamento pequeno, mas todos os que importam


estão aqui.

Ellie e Sydney estão com Devney e os rapazes e eu estamos


aqui esperando o planejador de casamentos nos deixar saber a
hora certa.

Sydney está sendo sua madrinha, e Jacob é meu padrinho.


Escolher entre meus irmãos não foi fácil, mas Jacob apenas
parecia certo. Além disso, pode ser o mais próximo que o homem
chega de um altar.
— Você não vai questionar se ela é a garota certa? — Eu
pergunto.

— Talvez. Eu apenas não encontrei ela ainda.

— Não, mas você vai.

Ele ri. — Eu sou muito ocupado. Eu vivo uma vida muito


estranha. Que mulher quer ter seu dia invadido por câmeras
quando vai ao supermercado? Não é algo que ninguém está
procurando.

— Você procurou por isso.

— Sim, sim. Mas eu não sou mulher. Elas são criaturas


estranhas que querem coisas estranhas.

Às vezes, eu acho que ele apenas quer ficar sozinho.

— Como amor, segurança e família?

Jacob encolhe os ombros. — Exatamente, todas as merdas


que eu não posso fornecer.

Ele está errado, mas dizer a ele não vale a pena.

— Você conseguiu arrumar a casinha? — Eu pergunto.

— Eu arrumei, porém é um pedaço de merda. Não sei por


que não posso simplesmente ficar no seu lugar.

— Bem, primeiro, estou prestes a ser um recém-casado e


não preciso do meu irmão chato na minha casa. Em segundo
lugar, porque todos nós tivemos que fazer isso, e terceiro, eu
simplesmente não gosto de você o suficiente para me importar se
você está infeliz.

— Tanto faz.

Ele é um bebê assustado.

— O que você planeja fazer em Sugarloaf enquanto estiver


lá?

— Eu não sei. Eu conheci Brenna Allen dois dias atrás.


Não tenho ideia de onde ele quer chegar com isso.

— A Esposa de Luke? — Ele concorda.

— Ela passou pela fazenda outro dia, procurando por Ellie,


sem saber quem morava em que parte do terreno e onde ficava
sua casa. De qualquer forma, ela é muito legal e estava
mencionando algo sobre seu filho e uma peça de teatro.

Eu levanto uma sobrancelha.

— E isso a tornava legal?

Jacob se joga na cadeira.

— Não, mas ela é bonita de se olhar.

— Jacob. — eu advirto. Ele levanta as mãos.

— Eu sei. Eu não estava indo nessa direção. Eu estou


apenas fazendo uma declaração. Já faz muito tempo desde que
vi uma garota que literalmente tirou meu fôlego. De qualquer
forma, ela está animada com os planos que tenho para Sebastian.
Jacob não se limita a fazer declarações.

— Eu não quero ver você se machucar.

— Eu?

Eu aceno. — Sim, você. A última vez que você caiu de


amores, eu precisei voar para onde você estava, porque você se
recusava a sair da cama.

Ele e uma outra atriz estavam muito sérios. Claro, ele não
disse a ninguém além de mim, já que Declan e Connor nunca
teriam entendido. Comigo foi diferente, eu entendia. Quando
perdemos nossa mãe, Jacob lidou com a situação terrivelmente.
Por fora, ele era um garoto durão, bonito, popular e levava tudo
na esportiva. A verdade era outra muito diferente. Ele estava uma
bagunça. Ele não queria comer e procurou maneiras de irritar
nosso pai e levar surras que ele achava que merecia. Melhorou à
medida que envelhecemos, mas sua dor sempre esteve lá.

Quando o acidente aconteceu, Jacob regrediu.

Não foi até que conheceu a atriz que ele começou a mudar
sua vida. Ela era linda, engraçada e deu a ele a ilusão de amor
de que ele precisava. Quando ela o deixou pelo diretor, ele
quebrou.

— Isso foi há muito tempo atrás.

— Não muito tempo, Jacob.

Ele suspira. — Eu não estou apaixonado por ela. Eu não a


conheço e tivemos uma conversa sobre seus filhos. Tudo que eu
disse foi que ela era linda, e ela é. Ela tem um cabelo vermelho
de fogo e olhos azuis escuros. Eu estou apenas dizendo que ela é
naturalmente bonita. Mas não estou apaixonado por ela. Ela é
uma viúva e está lidando com seus filhos.

— Ok, se você diz.

Já se passaram anos desde que ele mencionou uma mulher,


e algo me diz que não é tão inocente quanto ele afirma.

— Sim, agora, vamos falar sobre como meu irmão vai se


casar com a mulher dos seus sonhos. Em seis meses, você
conseguiu fazer ela se apaixonar e conseguiu que ela aceitasse se
casar com você. Eu acho que você definitivamente tem a maior
jogada de qualquer um de nós. — Eu ri.

— Não foi um jogo.

Ele me dá um tapa no ombro. — Eu sei. Estou feliz por você.

Há uma batida na porta e ninguém espera para entrar, eles


simplesmente entram. O resto dos meus irmãos e Austin entram.
Ele está de smoking com as calças ajustadas ao redor do
aparelho.

— Você está bonito amigo.

Ele estende o punho e eu bato nele.

— Você também.

— Você está pronto para ser meu outro padrinho?

Ele concorda.
— Vou fazer um bom trabalho, eu prometo.

— Você vai ser muito melhor do que aquele louco ali. — Eu


me viro para ver Jacob me encarando e então dou de ombros
como se ele soubesse que é verdade também.

— E você está bem comigo casando com a sua...

— Minha mãe?

Eu aceno, sem saber se ele está realmente bem em pensar


nela dessa forma. Algumas semanas foram difíceis, mas eles
estão dando o melhor de si. Ela disse que ele não precisava
chamá-la assim, mas ele disse que era verdade e que a amava.
Então, às vezes, ele a chama de mãe, mas outros dias, é tia
Devney. Não importa o que aconteça, todos nós estamos
tentando.

— Estou feliz com isso. Ela realmente te ama.

— Eu a amo. Eu também te amo, Austin. E eu irei ser o que


você quer que eu seja. Seu amigo, seu treinador, e talvez um dia,
você também me verá como um pai. Eu nunca vou tentar tomar
o lugar do seu pai, mas sempre estarei aqui assim para você.

Os braços de Austin envolvem minha cintura e eu o seguro


contra mim. Esse garoto passou por um inferno, mas ele não terá
que se preocupar com Devney e eu ao seu lado. Nós vamos fazer
o certo para ele, e nós vamos lhe dar amor como seus pais o
fizeram e um lar seguro. Algo que eu nunca tive.

— Obrigado, Sean.
— Você não precisa me agradecer por ser tão fácil de amar.

Ele ri. — Isso significa que eu tenho que ser legal com
Hadley?

Connor e eu começamos a rir. — Vou lhe contar uma


história sobre uma menina e um menino que eram muito
parecidos com você e Hadley...

Eu me agacho então posso estar no nível de seus olhos eu


seguro seus ombros e começo a contar a ele sobre como eu
conheci sua mãe e por que ter uma menina como sua melhor
amiga é a melhor coisa no mundo.

Declan se aproxima, limpando a garganta.

— Está na hora.

Cada um dos meus irmãos me dá um abraço e depois vão


embora. É surreal pensar que, em apenas alguns minutos,
Devney será minha esposa e Austin será um filho para mim.

— Pronto? — Eu pergunto a ele.

— Estou pronto.

Dou uma piscadela para ele e vamos para a praia. Assim


que chegarmos à areia, eu me inclino e o pego.

Chegamos ao fim do corredor e a mãe de Devney está lá.

— O seu futuro genro e neto podem acompanhá-la até o seu


lugar?
Seu lábio treme enquanto ela enxuga os olhos.

— Essa areia continua entrando em meus olhos.

— Compreendo. Tenho certeza que vou pegar um pouco no


meu também.

Ela pega meu cotovelo e a levamos para seu assento.


Quando eu paro ela não libera meu braço.

— Você é exatamente a pessoa que eu esperava que se


casasse com minha filha.

— Eu não sei se houve uma chance de acontecer de outra


forma.

Sua mão bate no meu braço.

— O acaso é uma coisa engraçada, e é por isso que é melhor


nunca deixá-lo passar. Temos que valorizar cada momento
porque o tempo é passageiro. Me prometa que você sempre vai se
lembrar disso.

— Eu vou.

Ela se inclina e beija minha bochecha.

— Façam um ao outro feliz.

Vou para o meu lugar e espero. Austin e Jacob estão atrás


de mim, Jacob o segurando para que ele não tenha que se
equilibrar sobre as muletas.

— Grande momento. — Jacob diz.


— É.

Então eu a vejo. Ela está usando um vestido longo rosa que


Ellie e Sydney encontraram em seu tamanho. Esse foi um grande
ponto de interrogação que tive, mas Devney nunca foi a garota
tradicional. Quando ela escreveu sobre aquele casamento, ela
disse que queria estar na praia de Santa Lúcia, usando um
vestido longo que soprava com o vento. Ela queria apenas sua
família e amigos íntimos lá e um bolo de chocolate.

Então, foi isso que ela conseguiu.

Fui muito específico sobre o que o vestido precisava ter e


elas acharam.

Enquanto ela caminha em minha direção, a saia sopra,


agindo como uma vela a guiando bem onde ela pertence ao meu
lado.

Há lágrimas escorrendo por seu rosto perfeito, mas seu


sorriso me diz que ela está feliz. Eu a observo, vindo com graça e
o amor brilhando naqueles olhos castanhos.

Seu pai a para, beija suas bochechas e, em seguida, coloca


sua mão na minha.

— Oi.

Ela sorri. — Oi.

— Você está bonita.

— Você me faz tão feliz!


— Esse é apenas o começo, Devney Maxwell.

Sua cabeça se inclina para o lado, os lábios se inclinando


em um sorriso tímido.

— Eu prefiro Devney Arrowood. Se case comigo para que eu


possa ser quem eu sempre fui destinada a ser.

Não me importo com tradição, regras ou qualquer outra


coisa. Eu a puxo em meus braços e coloco meus lábios nos dela.

Há vaias e risos em torno de nós enquanto eu beijo a minha


noiva, e pronto para fazer isso para o resto da minha vida.

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