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A Correlação Entre o Documentário e o Telejornalismo: Explorando Convergências e

Dissonâncias

maida

Resumo

O artigo aborda a correlação entre o documentário e o telejornalismo, explorando suas


semelhanças e diferenças na divulgação de informações e na representação da realidade. Ambos os
géneros compartilham o objectivo de informar o público, porém enfrentam desafios éticos e
comerciais distintos. Enquanto o telejornalismo prioriza a imediatez e a objetividade, o
documentário adota uma abordagem reflexiva e interpretativa, explorando temas com maior
profundidade. A presença de entrevistas nos documentários permite uma conexão mais íntima entre
entrevistador e entrevistado, possibilitando uma narrativa mais pessoal e contextualizada. O
telejornalismo, por sua vez, muitas vezes simplifica questões complexas para atender às restrições
de tempo e formato. A discussão sobre o papel do telejornalismo na formação da opinião pública
destaca a responsabilidade dos jornalistas em apresentar uma visão diversificada da realidade. é o
produto jornalístico de maior audiência, portanto, a forma como ele se correlaciona com a
realidade é fundamental para entender, entre outras coisas, como a grande maioria das pessoas vê e
entende o mundo ao seu redor. O objectivo do texto é apresentar como cada um desses produtos se
vincula com o real, a partir de alguns elementos básicos como imagem e áudio. Enquanto isso, o
documentário, embora possa ser influenciado por interesses externos, oferece uma alternativa mais
ampla sobre os acontecimentos. A utilização de entrevistas nos documentários é destacada como
uma forma de construir memória colectiva e história individual, permitindo uma narrativa mais
autêntica e plural. enquanto o telejornalismo informa rapidamente, o documentário contextualiza e
analisa de forma mais abrangente.

Palavras-chave: documentario, telejornalismo, correlação

Abstrat

The article addresses the correlation between documentaries and television journalism, exploring
their similarities and differences in the dissemination of information and the representation of
reality. Both genres share the goal of informing the public, but face different ethical and
commercial challenges. While television journalism prioritizes immediacy and objectivity,
documentaries adopt a reflective and interpretative approach, exploring themes in greater depth.
The presence of interviews in documentaries allows for a more intimate connection between
interviewer and interviewee, enabling a more personal and contextualized narrative. Television
journalism, in turn, often simplifies complex issues to meet time and format constraints. The
discussion about the role of television journalism in shaping public opinion highlights the
responsibility of journalists to present a diverse vision of reality. is the journalistic product with the
largest audience, therefore, the way it correlates with reality is fundamental to understanding,
among other things, how the vast majority of people see and understand the world around them.

O artigo é fruto de um trabalho do segundo grupo do curso de jornalismo do 4º ano da


Universidade Licungo.
O grupo é comporto por: Francina Mavie, Joaquina Moisés Dáusse, Maria Maida João,
Natércia Ratiba Maulido e Paiva Madiasse
The aim of the text is to present how each of these products is linked to reality, based on some
basic elements such as image and audio. Meanwhile, the documentary, although it can be
influenced by external interests, offers a broader alternative about the events. The use of interviews
in documentaries is highlighted as a way of building collective memory and individual history,
allowing for a more authentic and plural narrative. while television journalism informs quickly,
documentary contextualizes and analyzes in a more comprehensive way.

Keywords: documentary, television journalism, correlation

Rafaela Introdução

Documentário e telejornalismo são duas formas de contar histórias através de meios audiovisuais,
mas com propósitos e abordagens distintas. Enquanto o telejornalismo foca em relatar notícias
recentes e eventos atuais de forma objetiva e imparcial, os documentários exploram temas mais
amplos e profundos, muitas vezes utilizando técnicas narrativas mais elaboradas para oferecer uma
visão mais aprofundada de um assunto específico. Ambos podem se orrelacionar em termos de
abordar questões sociais, políticas ou culturais relevantes, além de compartilharem o objetivo de
informar e educar o público. Além disso, alguns documentários podem se inspirar em eventos
noticiados pelo telejornalismo, enquanto o telejornalismo pode ocasionalmente fazer coberturas
especiais ou reportagens mais longas que se assemelham a um estilo documental.

Natercia Convergências entre Documentário e Telejornalismo

Desde suas origens, tanto o documentário quanto o telejornalismo têm desempenhado papéis
fundamentais na divulgação de informações e na construção da narrativa da realidade. Embora
pertençam a gêneros distintos, há uma relação intrínseca entre eles, moldada por semelhanças e
diferenças que reflectem as complexidades da comunicação mediada pela televisão.

Ambos os formatos compartilham o objectivo de informar e educar o público sobre eventos,


questões e contextos sociais relevantes. Como observa Nichols (1991), tanto o documentário
quanto o telejornalismo são formas de discurso público que buscam representar a realidade de
maneira objetiva, embora esse objetivo seja muitas vezes mediado pelas perspectivas dos
realizadores e pela seleção de conteúdo. Por outro lado, tanto o documentário quanto o
telejornalismo enfrentam desafios semelhantes em relação à ética e à responsabilidade na
apresentação dos fatos. Como afirma Rosenthal (2004), ambos os gêneros enfrentam dilemas
éticos ao equilibrar a busca pela verdade com considerações comerciais e políticas, o que pode
influenciar a maneira como os eventos são retratados e interpretados pelo público.

Apesar da crítica, percebe-se que, em especial nos documentários que relatam a vida de
personagens e resgatam perfis, há cada vez mais a presença dos depoimentos, captados através de

O artigo é fruto de um trabalho do segundo grupo do curso de jornalismo do 4º ano da


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Natércia Ratiba Maulido e Paiva Madiasse
entrevistas em que o entrevistador pode ou não aparecer. O que parece diferenciar basicamente esta
relação em comparação à entrevista da televisão é a espécie de vínculo que acaba por ser criada
entre entrevistado e entrevistador. Há maior preparação prévia, especialmente, mais tempo de
elaboração.

Philippe Lejeune (2008) lembra que uma vida pode ser contada em tempos diferentes: uma hora,
dez minutos, dez horas e de acordo com esse tempo serão atingidos graus de “ampliação”
diferentes. O autor acredita que a quantidade de informação coletada nesses relatos não é
proporcional à duração do que ele chama de pesquisa, mas que a qualidade pode ser variável. Ele
explica essa relação:

O prolongamento da pesquisa pressupõe e engendra uma


personalização da relação; da qualidade dessa relação
depende em grande parte o interesse da narrativa coletada.
Pois uma narrativa de vida não é apenas a soma de
informações (que poderiam ser obtidas por outros meios): é,
antes de tudo, uma estrutura (a reconstrução de uma
experiência vivida em discurso) e um ato de comunicação,
(LEJEUNE, 2008:154).

Paiva Dissonâncias e Diferenças

Apesar das convergências, existem diferenças fundamentais entre o documentário e o


telejornalismo que refletem suas abordagens distintas em relação à narrativa e à representação da
realidade. Enquanto o telejornalismo tende a enfatizar a imediatez e a objetividade dos eventos, o
documentário muitas vezes adota uma abordagem mais reflexiva e interpretativa, explorando
temas complexos com maior profundidade e contexto (Nichols, 2010).

O telejornalismo está sujeito a restrições de tempo e formato que podem limitar sua capacidade de
contextualizar e analisar eventos de maneira abrangente. Como observa Barnouw (1993), a
necessidade de fornecer informações rapidamente muitas vezes leva os telejornais a simplificar
questões complexas e a focar em narrativas sensacionalistas, enquanto o documentário tem mais
liberdade para explorar nuances e detalhes.

O debate em torno de como o telejornal forma a opinião de milhares de cidadãos e a maneira como
os discursos e as falas selecionadas são passados para a população como uma amostra da
“realidade” fazem com que o papel do jornalista seja ainda de maior responsabilidade, tendo o
cuidado para que sonoras e imagens não recriem uma “realidade”, mas que de fato mostrem a

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realidade dentro da sua diversidade, levando em consideração a narrativa telejornalística como
“construção” (TRAQUINA, 2005).
Sylvia Moretzsohn (apud GRANDE, 2004: 35) sugere que quando o telejornalismo aceitar a
“dúvida como componente de trabalho” – já que a realidade é mutável, inconstante e ela é a
matéria prima do telejornalismo como também dos documentários – o discurso jornalístico passará
a ser menos afirmativo e conclusivo e assim menos mistificador. É nesse sentido que Bourdieu
(1997: 29) afirma que a televisão “que se pretende um instrumento de registro torna-se um
instrumento de criação da realidade”, já que elimina a dúvida, o silêncio, o não verbalizável, que,
muitas vezes, está muito mais carregado de sentido do que aquilo que é

dito.

Joaquina

O documentário, apesar de algumas vezes sofrer influências de patrocinadores ou instituições, na


maioria delas, se afasta dos procedimentos utilizados na produção de uma matéria jornalística e,
por isso, permite que o formato não seja limitador de sentidos e oferece, acima de tudo, um outro
olhar sobre a realidade que é narrada para o espectador.

No campo do documentário percebe-se que, principalmente, entre as décadas de 80 e 90, houve


uma ênfase na palavra falada utilizada como linguagem das produções que permitiram uma relação
diferente daquela estabelecida pela “voz over” (similar à voz em off do telejornalismo), muito
utilizada em produções institucionais. Nessa nova relação tem voz quem é documentado, e essa
voz é captada geralmente através da entrevista, um dos principais métodos de abordagem no
documentário contemporâneo, pois, acima de tudo, pressupõe o encontro e o contato fundamentais
para que o documentário exista. A entrevista no Documentário pode ser utilizada para construir e
resgatar uma memória coletiva, quando vários personagens falam de suas experiências ou
lembranças, e também como construção da história de um personagem, através de seus relatos e
reflexões sobre sua própria vida.

As entrevistas são uma forma distinta de encontro social. Elas


diferem da conversa corriqueira e do processo mais coercitivo de
interrogação, à custa do quadro institucional em que ocorram e
dos protocolos ou diretrizes específicos que estruturem. As
entrevistas ocorrem num campo de trabalho antropológico ou
sociológico; tomam o nome de “anamnese” na medicina e no
serviço social; na psicanálise, tomam a forma de sessão
terapêutica; em direito, a entrevista torna-se o processo prévio de
“colher meios de prova” e, durante julgamentos, o testemunho;
na televisão, forma a espinha dorsal dos programas de entrevista;

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no jornalismo, assume tanto a forma de entrevista como coletiva
para imprensa; e na educação, aparece como diálogo socrático.
Michel Foucault argumenta que todas essas formas incluem
formas regulamentadas de troca, com uma distribuição desigual
de poder entre cliente e profissional da instituição, com raízes na
tradição religiosa da confissão. Os cineastas usam a entrevista
para juntar relatos diferentes numa única história. A voz do
cineasta emerge da tecedura das vozes participantes e do
material que trazem para sustentar o que dizem (NICHOLS,
2007: 160).

Francina Considerações Finais

Em última análise, a relação entre o documentário e o telejornalismo é complexa e multifacetada,


reflectindo as tensões entre o desejo de informar o público de maneira objetiva e a necessidade de
atrair audiências e satisfazer interesses comerciais e políticos. Embora cada gênero tenha suas
próprias características distintas, ambos desempenham um papel crucial na formação da opinião
pública e na promoção do debate democrático.

Referências Bibliográficas

Barnouw, E. (1993). Documentary: A history of the non-fiction film. Oxford University Press.

Nichols, B. (1991). Representing reality: Issues and concepts in documentary. Indiana University
Press.

Nichols, B. (2010). Introduction to documentary. Indiana University Press.

Rosenthal, A. (2004). New challenges in ethics and objectivity: Public journalism and beyond.
Rowman & Littlefield.

TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. A tribo jornalística – uma comunidade interpretative


transnacional. Florianópolis: Insular, 2005.

NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. São Paulo: Papirus, 2007

BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

O artigo é fruto de um trabalho do segundo grupo do curso de jornalismo do 4º ano da


Universidade Licungo.
O grupo é comporto por: Francina Mavie, Joaquina Moisés Dáusse, Maria Maida João,
Natércia Ratiba Maulido e Paiva Madiasse
GRANDE, Airton Miguel de. Sujeitos barrados: a voz do infrator em dez documentários
brasileiros.

Dissertação de Mestrado (Instituto de Artes). Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas,


2004.

O artigo é fruto de um trabalho do segundo grupo do curso de jornalismo do 4º ano da


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Natércia Ratiba Maulido e Paiva Madiasse

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