Professor: Padre Pedro Paulo Seminarista: Felipe Hilario Pimenta
A APOCALÍPTICA
As "Observações Preliminares: Escatologia e Apocalíptica" referem-se a uma
introdução ou considerações iniciais relacionadas ao estudo da escatologia e da apocalíptica. Escatologia é o campo teológico que estuda o fim dos tempos, a vida após a morte e o destino final da humanidade. Ela investiga questões como a ressurreição dos mortos, o juízo final e a consumação do Reino de Deus. A escatologia lida com a compreensão das últimas coisas de acordo com a doutrina e a tradição cristã. A apocalíptica, por sua vez, é uma forma específica de literatura que se desenvolveu em diferentes períodos da história, caracterizada por revelações sobre o fim do mundo, a intervenção divina e os eventos cósmicos espetaculares. A apocalíptica é encontrada em vários textos judaicos e também no Livro do Apocalipse do Novo Testamento. As observações preliminares sobre escatologia e apocalíptica podem fornecer uma base conceitual e contextual para o estudo dessas áreas. Elas podem abordar questões como a história e a evolução do pensamento escatológico e apocalíptico ao longo dos séculos, a influência de outros sistemas de crenças e a relação entre elementos escatológicos e apocalípticos presentes em diferentes tradições religiosas. Essas observações iniciais podem ajudar a estabelecer uma compreensão sólida dos conceitos, termos e categorias utilizados no estudo da escatologia e da apocalíptica. Elas são valiosas para fornecer aos estudiosos uma visão geral sobre os pontos de partida e as abordagens utilizadas ao se aprofundar nesses temas, permitindo uma análise mais precisa e fundamentada das fontes e textos relacionados. Portanto, as observações preliminares sobre escatologia e apocalíptica desempenham um papel importante na construção de um conhecimento abrangente e contextualizado desses campos de estudo teológico. Literatura e História 1. Os apocalipses: A literatura apocalíptica compreende uma categoria específica de textos que retratam revelações sobre eventos futuros, principalmente associados ao fim do mundo e ao juízo final. Esses escritos apresentam uma linguagem simbólica e imagética, frequentemente descrevendo batalhas cósmicas entre forças do bem e do mal. Exemplos famosos de apocalipses incluem o Livro do Apocalipse do Novo Testamento e o Livro de Daniel no Antigo Testamento. 2. O como da revelação: O modo como a revelação é comunicada na literatura apocalíptica pode variar. A mensagem costuma ser transmitida através de sonhos, visões ou encontros com seres celestiais. Essas experiências podem ocorrer em momentos de crise, quando a comunidade ou o povo em questão enfrentam adversidades ou perseguições. A revelação, portanto, é uma forma de encorajamento e esperança em meio às dificuldades. 3. O quem da revelação: Na literatura apocalíptica, a revelação é atribuída a um mensageiro divino ou a um ser celestial. Esses mensageiros podem ser anjos, serafins ou figuras angelicais específicas. No Livro do Apocalipse, por exemplo, o apóstolo João afirma receber suas visões através do anjo enviado por Jesus Cristo. Esses mensageiros são vistos como intermediários entre Deus e os humanos, trazendo as revelações divinas para a humanidade. 4. O destinatário da revelação: A literatura apocalíptica geralmente é escrita para comunidades específicas que enfrentam desafios e provações. Os destinatários podem ser uma congregação cristã, um grupo de judeus ou um povo em particular. As mensagens apocalípticas buscam oferecer encorajamento, esperança e orientação espiritual para aqueles que estão passando por tribulações. Esses escritos também podem ter uma dimensão profética, alertando sobre eventos e condições futuras que afetarão o mundo e o povo em questão. Em suma, a literatura apocalíptica aborda os apocalipses, descreve como a revelação é comunicada, identifica os mensageiros divinos e se destina a comunidades específicas que enfrentam desafios e provações. Esses elementos são centrais para a compreensão da estrutura, do conteúdo e da função desses textos na história e na fé das comunidades religiosas. Contexto histórico e social. Função da apocalíptica A literatura apocalíptica surge em contextos históricos e sociais específicos, refletindo as preocupações e experiências das comunidades que a produziram. Geralmente, ela surge em momentos de crise, onde as pessoas enfrentam opressão, perseguição ou grandes desafios. No Antigo Testamento, por exemplo, a literatura apocalíptica emerge durante o período da dominação grega no século II a.C., marcado pela repressão da cultura e da religião judaicas sob os governantes selêucidas. Os escritos apocalípticos, como o Livro de Daniel, abordam o sofrimento e a esperança do povo judeu nesse contexto, oferecendo uma mensagem de encorajamento e promessa de que Deus intervirá para restaurar a justiça. No Novo Testamento, o Livro do Apocalipse é escrito em um momento de perseguição intensa aos cristãos no Império Romano. O contexto histórico de opressão e perigo influencia a mensagem apocalíptica, retratando o triunfo final de Cristo sobre as forças do mal e a promessa de uma nova criação. A função da literatura apocalíptica é multifacetada. Ela oferece respostas teológicas e espirituais para as comunidades que sofrem, acalmando o medo e a incerteza, enquanto reforça a confiança na soberania de Deus em meio às tribulações. Também incentiva a resistência e a perseverança, encorajando as comunidades a permanecerem firmes em sua fé, mesmo diante de perseguições e desafios. Além disso, a literatura apocalíptica fornece uma visão de mundo cósmica, desvendando a natureza das realidades espirituais e revelando eventos futuros. Ela oferece uma lente interpretativa para entender os acontecimentos atuais como parte do plano divino, apresentando uma perspectiva esperançosa e transcendental em face das dificuldades terrenas. Em resumo, a literatura apocalíptica surge em contextos de crise, oferecendo encorajamento, esperança e orientação para as comunidades que enfrentam adversidades. Sua função é sustentar a fé, fortalecer a identidade religiosa e transmitir uma mensagem de que Deus está no controle, mesmo em meio às tribulações. Origens da apocalíptica: profecia e sabedoria As origens da literatura apocalíptica podem ser rastreadas em duas fontes principais: profecia e sabedoria. 1. Profecia: A tradição profética no Antigo Testamento influencia significativamente a literatura apocalíptica. Os profetas hebreus, como Isaías, Jeremias e Ezequiel, comunicavam a palavra de Deus ao povo por meio de oráculos e visões. Eles revelavam a vontade divina, denunciavam injustiças sociais, advertiam sobre consequências do pecado e proclamavam a vinda de um futuro messiânico. A literatura apocalíptica retoma essa tradição profética ao comunicar revelações divinas sobre eventos escatológicos. Ela adota elementos da linguagem profética, como visões simbólicas e anúncios de julgamento e redenção. Ao fazer isso, a apocalíptica mantém a tradição de falar em nome de Deus e transmitir uma mensagem de esperança em meio a tempos difíceis. 2. Sabedoria: Por outro lado, também podemos encontrar influências da tradição da sabedoria na literatura apocalíptica. A sabedoria na Bíblia refere-se ao conhecimento prático da vida e da existência, o discernimento sobre como viver uma vida piedosa e justa. A literatura da sabedoria, como os livros de Provérbios, Eclesiastes e o Livro da Sabedoria, explora questões filosóficas e morais. A busca pela sabedoria era vista como a busca pela compreensão de como as coisas funcionavam no mundo, incluindo o entendimento de eventos futuros. Na apocalíptica, essa busca por perspicácia é expressa através das visões reveladoras do futuro. A literatura apocalíptica busca fornecer insights sobre a natureza do mundo e eventos vindouros, com o objetivo de orientar as pessoas a tomar decisões sábias e justas em relação ao seu relacionamento com Deus e à sociedade. Em resumo, a literatura apocalíptica tem suas origens na tradição profética e na sabedoria. Ela encontra sua base na comunicação de revelações divinas semelhantes aos profetas, enquanto incorpora elementos da busca pela sabedoria e discernimento sobre a vida e o futuro. Essas influências combinadas moldam a natureza e o propósito da literatura apocalíptica. Características teológicas da apocalíptica A apocalíptica, como uma forma de pensamento teológico, possui várias características distintas. Primeiramente, ela enfatiza a transcendência, ou seja, a crença em uma realidade superior e divina que está além do mundo material. Além disso, a apocalíptica também apresenta um dualismo, a ideia de que existem forças opostas em conflito, como o bem e o mal, o céu e o inferno. A terceira característica é o determinismo, que postula que o destino da humanidade e do mundo já está predefinido e que eventos catastróficos e o fim dos tempos são inevitáveis. No entanto, a apocalíptica também reconhece a importância da liberdade e responsabilidade humana. Mesmo com um destino predeterminado, as ações humanas ainda têm um papel a desempenhar na realização desse destino. A apocalíptica também está ligada à história e à mitologia, pois muitas vezes utiliza narrativas e simbolismos históricos e mitológicos para expressar suas ideias sobre o fim dos tempos. Por fim, a apocalíptica frequentemente inclui a crença na existência de seres espirituais intermediários, como anjos e demônios, que desempenham papéis significativos no desenrolar dos eventos apocalípticos. Essas características teológicas da apocalíptica ajudam a definir e distinguir essa forma de pensamento religioso e a compreender suas principais crenças e conceitos. Apocalíptica e Cristianismo A Apocalíptica e o Cristianismo têm uma relação estreita nos ensinamentos da Igreja Católica Apostólica Romana. A palavra "Apocalipse" vem do grego e significa "revelação" ou "descoberta". Na tradição católica, apocalíptica refere-se ao estudo e interpretação dos textos bíblicos apocalípticos, principalmente o livro do Apocalipse, também conhecido como "Revelação de São João". O livro do Apocalipse é o último livro do Novo Testamento e descreve uma série de visões proféticas sobre o fim dos tempos e a segunda vinda de Cristo. Ele contém uma linguagem simbólica e metafórica, que muitas vezes é interpretada como previsões do futuro. A Igreja Católica Apostólica Romana ensina que o Apocalipse não deve ser interpretado de forma literal, mas sim como uma mensagem de esperança e encorajamento para os cristãos. O livro enfatiza a vitória de Cristo sobre o mal e seu papel como juiz final. A Igreja Católica também destaca a importância da preparação para a segunda vinda de Cristo e o juízo final. Isso envolve viver em conformidade com os ensinamentos de Cristo, praticando a caridade, cultivando uma vida de oração e sacramentos, e estando em comunhão com a Igreja. Além disso, a Apocalíptica na tradição católica aborda a batalha espiritual entre o bem e o mal, destacando a existência do mal no mundo e a necessidade de resistir às tentações e influências negativas. Acredita-se que, no fim dos tempos, haverá um período de tribulação seguido por um renascimento da humanidade e a instauração do Reino de Deus. A Igreja Católica ensina que, embora não sejamos capazes de prever o tempo exato do fim dos tempos, devemos estar vigilantes e preparados para nosso encontro com Deus. A esperança é que, através da graça de Deus, possamos alcançar a salvação e a vida eterna no Reino de Deus. Em resumo, a Apocalíptica e o Cristianismo na tradição católica ensinam sobre a segunda vinda de Cristo, o juízo final e a importância de viver de acordo com os ensinamentos de Cristo para alcançar a salvação. Esses ensinamentos proporcionam esperança e encorajamento para os católicos, incentivando-os a buscar a comunhão com Deus e a viver uma vida de retidão.