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Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos

Matéria: Introdução à Bíblia


Professor: Padre Pedro Paulo
Seminarista: Felipe Hilario Pimenta

INTRODUÇÃO GERAL
AOS EVENGELHOS SINÓTICOS

Os evangelhos sinóticos são chamados assim porque apresentam uma grande semelhança em
relação ao conteúdo e à estrutura narrativa. Eles compartilham muitas das mesmas histórias,
parábolas e ensinamentos de Jesus, embora cada um tenha suas próprias particularidades.

Nesse livro, Fabris explora as questões relacionadas à autoria, datação, contexto histórico e
teológico dos evangelhos sinóticos. Ele examina a tradição e as evidências internas e externas
para fornecer uma visão geral dos debates acadêmicos sobre esses tópicos.

Além disso, o autor explora as características literárias e teológicas de cada evangelho sinótico,
destacando as diferenças e semelhanças entre eles. Ele analisa as estruturas narrativas, os
temas principais e os enfoques teológicos de cada evangelho, permitindo ao leitor
compreender melhor as nuances e a mensagem de cada um.

O livro também aborda as questões relacionadas à fonte e ao desenvolvimento dos evangelhos


sinóticos, como a teoria das duas fontes (Q e Marcos) e a hipótese de Marcan Priority
(prioridade de Marcos). Essas teorias são discutidas e avaliadas criticamente, oferecendo ao
leitor uma visão abrangente das diferentes perspectivas acadêmicas.

Como apareceram os evangelhos

Os evangelhos foram escritos no primeiro século da era cristã, após a morte e ressurreição de
Jesus Cristo. Eles foram compostos por seguidores de Jesus, que buscavam registrar e
transmitir as palavras, ensinamentos e eventos relacionados à vida de Jesus.

O primeiro evangelho a ser escrito foi provavelmente o Evangelho de Marcos, por volta do ano
70 d.C. Marcos foi um discípulo de Pedro, um dos apóstolos de Jesus, e seu evangelho é
considerado o mais antigo e conciso dos quatro evangelhos canônicos.

Em seguida, foram escritos o Evangelho de Mateus e o Evangelho de Lucas. Esses evangelhos


foram compostos entre os anos 80 e 90 d.C. Ambos utilizaram o Evangelho de Marcos como
uma de suas fontes, além de outras fontes adicionais, como uma possível coleção de ditos de
Jesus chamada de "Q" (do alemão "Quelle", que significa "fonte").

O Evangelho de João foi o último a ser escrito, provavelmente no final do primeiro século. Ele
difere dos outros três evangelhos sinóticos em estilo e conteúdo, apresentando uma
perspectiva teológica mais aprofundada sobre a divindade de Jesus.

É importante ressaltar que os evangelhos foram escritos em grego, embora Jesus e seus
discípulos tenham falado aramaico. Os evangelistas adaptaram as palavras e ensinamentos de
Jesus para o público grego, a fim de facilitar a compreensão e a disseminação da mensagem
cristã.
Após a sua escrita, os evangelhos foram copiados e disseminados entre as comunidades cristãs,
sendo considerados textos sagrados e fundamentais para a fé cristã. Eles foram posteriormente
reunidos em um único livro, conhecido como Novo Testamento, juntamente com outras cartas
e escritos apostólicos.

Hipóteses e soluções atuais: história da tradição evangélica

1. O núcleo do evangelho: O núcleo do evangelho se refere aos ensinamentos centrais de Jesus


Cristo, como o amor ao próximo, a salvação pela fé, o perdão dos pecados e a chegada do
Reino de Deus. Esses ensinamentos são considerados fundamentais para a fé cristã e foram
transmitidos tanto oralmente quanto por escrito nos evangelhos.

2. História das formas: A história das formas é um campo de estudo que busca entender como
os relatos sobre Jesus foram moldados e transmitidos ao longo do tempo. Examina-se as
diferentes formas literárias utilizadas nos evangelhos, como parábolas, ditos, milagres e
narrativas, e como essas formas foram influenciadas pela tradição oral e pelas comunidades
que as transmitiram.

3. Pregação: A pregação é uma das principais formas de transmissão dos ensinamentos de


Jesus e dos evangelhos. Desde os primeiros séculos do cristianismo, os evangelhos foram lidos
e interpretados nas comunidades cristãs durante o culto e a liturgia. Através da pregação, os
líderes religiosos compartilham as verdades e os ensinamentos contidos nos evangelhos,
buscando aplicá-los à vida dos fiéis.

4. Catequese: A catequese é o processo de ensino e formação dos novos convertidos ao


cristianismo. Ao longo da história, os evangelhos têm sido utilizados como base para a
catequese, transmitindo os ensinamentos de Jesus e a doutrina cristã. A catequese visa instruir
os fiéis sobre a fé, os sacramentos, os mandamentos e os valores cristãos, utilizando os
evangelhos como fonte de ensinamento.

5. Liturgia: A liturgia é a celebração e adoração coletiva dos fiéis nas comunidades cristãs. Os
evangelhos ocupam um lugar central na liturgia, sendo lidos e proclamados durante a missa ou
culto. Os textos evangélicos são selecionados de acordo com o calendário litúrgico, que segue
um ciclo anual de leituras que abrangem diferentes partes dos evangelhos e outros livros do
Novo Testamento.

6. A tradição evangélica viva e fiel: A tradição evangélica viva e fiel se refere à transmissão
contínua dos ensinamentos de Jesus e dos evangelhos ao longo dos séculos. Essa tradição é
mantida pelas comunidades cristãs, que preservam e interpretam os evangelhos de acordo
com sua compreensão da fé e da doutrina cristã. A tradição evangélica viva e fiel busca manter
a autenticidade e a relevância dos ensinamentos de Jesus para os tempos atuais.

7. Cristalização das unidades literárias: A cristalização das unidades literárias se refere ao


processo pelo qual os relatos e ensinamentos de Jesus foram organizados e compilados em
unidades literárias nos evangelhos. Essas unidades podem ser históricas, como as narrativas
dos eventos da vida de Jesus, ou temáticas, como as parábolas e os discursos de Jesus. A
cristalização das unidades literárias envolveu a seleção, organização e edição dos materiais
evangélicos para formar uma narrativa coesa.

8. Da tradição oral à tradição escrita: No início, os ensinamentos de Jesus foram transmitidos


oralmente pelas comunidades cristãs. Com o tempo, esses ensinamentos foram colocados por
escrito nos evangelhos. A transição da tradição oral para a tradição escrita envolveu um
processo de seleção, adaptação e fixação dos relatos e ensinamentos de Jesus, a fim de
preservar sua integridade e autenticidade.

9. Relações entre os evangelhos sinóticos: Os evangelhos sinóticos, Mateus, Marcos e Lucas,


apresentam uma semelhança significativa em seus conteúdos e estruturas. Essa semelhança é
conhecida como problema sinóptico e tem sido objeto de estudo e debate entre os estudiosos.
As relações entre os evangelhos sinóticos são complexas e podem envolver a dependência
mútua, a utilização de fontes comuns, bem como a redação independente dos evangelistas. O
estudo das relações entre os evangelhos sinóticos ajuda a compreender melhor a formação e a
transmissão dos ensinamentos de Jesus.

Como os textos do evangelho chegam até nós

Os textos do evangelho chegaram até nós por meio de um processo de transmissão e


preservação ao longo dos séculos. Existem diferentes etapas envolvidas nesse processo:

1. Tradição oral: Inicialmente, os ensinamentos de Jesus foram transmitidos oralmente pelas


primeiras comunidades cristãs. Durante esse período, os seguidores de Jesus compartilhavam
suas experiências e ensinamentos de forma verbal, passando-os de geração em geração.

2. Escrita dos evangelhos: Com o passar do tempo, a necessidade de preservar e sistematizar


os ensinamentos de Jesus levou à sua escrita. Os evangelhos foram compostos por autores
inspirados pelo Espírito Santo, que registraram os eventos e as palavras de Jesus.

3. Cópias manuscritas: Após a escrita dos evangelhos, foram feitas cópias manuscritas para
disseminá-los e preservá-los. Durante séculos, os escribas copiaram os evangelhos à mão, o
que permitiu que os textos fossem transmitidos através das gerações.

4. Traduções: À medida que o cristianismo se espalhava por diferentes regiões, os evangelhos


foram traduzidos para diferentes idiomas. Isso permitiu que os textos alcançassem um público
mais amplo e fossem preservados em diferentes culturas e contextos linguísticos.

5. Preservação em bibliotecas e mosteiros: Ao longo da história, muitos textos do evangelho


foram preservados em bibliotecas e mosteiros. Essas instituições desempenharam um papel
fundamental na proteção e conservação dos textos sagrados, garantindo sua disponibilidade
para estudo e consulta.

6. Descobertas arqueológicas: Ao longo dos séculos, várias descobertas arqueológicas


trouxeram à luz manuscritos antigos dos evangelhos. Um exemplo notável é a descoberta dos
Manuscritos do Mar Morto, que incluíam cópias de textos do Antigo Testamento e outros
escritos judaicos, fornecendo insights valiosos sobre a história e a transmissão dos textos
bíblicos.

7. Crítica textual: A crítica textual é uma disciplina acadêmica que busca reconstruir o texto
original dos evangelhos, comparando as diferentes cópias e variantes encontradas nos
manuscritos. Esse processo envolve a análise de evidências internas e externas para
determinar a leitura mais provável de um determinado trecho dos evangelhos.

Os evangelhos e a “história de Jesus”

Os evangelhos são os principais relatos escritos sobre a vida, os ensinamentos, a morte e a


ressurreição de Jesus Cristo. Eles são encontrados no Novo Testamento da Bíblia e são
considerados fontes fundamentais para o entendimento da história de Jesus.
Existem quatro evangelhos canônicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Cada um deles possui
uma perspectiva única sobre a vida de Jesus e apresenta diferentes detalhes e ênfases em sua
narrativa.

Esses evangelhos foram escritos por volta do primeiro século d.C., em diferentes momentos e
para diferentes audiências. Eles foram compostos por autores que buscavam transmitir os
ensinamentos e o significado de Jesus para as comunidades cristãs da época.

Embora os evangelhos sejam relatos teológicos e espirituais, eles também possuem um


contexto histórico. Eles fornecem informações sobre o contexto social, político e religioso em
que Jesus viveu, bem como sobre os eventos e as pessoas com as quais ele interagiu.

No entanto, é importante destacar que os evangelhos não são biografias modernas, mas sim
testemunhos de fé e interpretação dos autores sobre a vida e a mensagem de Jesus. Eles foram
escritos com o propósito de transmitir a fé cristã e ensinar os seguidores de Jesus.

Para entender melhor a história de Jesus, os estudiosos recorrem a várias fontes, incluindo os
evangelhos canônicos, outros textos do Novo Testamento, escritos judaicos da época e
evidências históricas e arqueológicas. Essas fontes são analisadas e interpretadas por meio de
métodos de pesquisa histórica e exegese bíblica.

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