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Resumo dos capítulos 6 e 7 da obra, Teologia Sistemática: uma perspectiva

pentecostal, editada por Stanley Horton.

Fábio de Sousa Neto1

I. Introdução

O presente resumo é resultado das leituras dos capítulos 6 e 7 da Teologia


Sistemática: uma perspectiva pentecostal, editada por Stanley Horton (1996). Trata-se de
uma obra publicada pela CPAD e que se encontra em sua 19ª reimpressão. O livro
encontra-se estruturado em 18 capítulos, perfazendo um total de 805 páginas, incluindo
notas e glossário. Diversos autores colaboraram, Stanley Horton contribui somente com
o último capítulo versando sobre escatologia. A obra tem início com um panorama
histórico do pentecostalismo seguido de uma justificativa teológica para a sistematização
doutrinária, apresentações de conceitos e dos sistemas teológicos protestantes conhecidos
por calvinismo e arminianismo. Os capítulos que ora resumimos por sua vez abordam a
angelologia e a antropologia. No capítulo 6, Carolyn Denise Baker e Frank D. Macchia
trabalham o tema; seres espirituais criados, enquanto no capítulo 7, Timothy Munyon
versa sobre a criação do universo e da humanidade.

II. Capítulo 6 – Seres Espirituais Criados

Os autores de início colocam um problema, a angelologia não seria um tema


primário nas Escrituras, a ênfase primária recai sobre o “Deus dos anjos, e não [sobre] os
anjos de Deus” (HORTON, 1996. p, 189). Qualquer especulação sobre os seres
pneumáticos beira o escolasticismo, no entanto, o estudo sobre angelologia pode
contribuir para produzir; humildade, confiança, segurança e serenidade, responsabilidade
cristã, otimismo sadio um conceito cristão do próprio eu, reverente temor e participação
na história da redenção. Os autores chamam a atenção para o cuidado com a experiência
com anjos na atualidade pois, tudo deve se submeter ao crivo das Escrituras.
O ponto seguinte seria a apresentação do conceito de anjo numa perspectiva
histórica, primeiro nas tradições pagãs que “influenciaram os judeus de tempos
posteriores” (HORTON, 2016. p, 191). Sob o peso do evolucionismo [evolucionismo

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Graduado em história pela PUC – Goiás. Pós-Graduando em Teologia Sistemática pela FASSEB.
cultural], os anjos são tratados como uma ideia que remonta ao início da civilização, nessa
leitura, os anjos emergem como mediadores entre Deus e os homens. Essa ideia encontra
a narrativa mitológica dos assírios e gregos. Entre os gregos, Hermes possuía calcanhares
alados, Eros, nos ombros, cupido era a versão romana desde último, o próprio Platão
falava de anjos da guarda. Enquanto isso, as Escrituras nominam apenas dois seres
angelicais, Miguel e Gabriel. Eles também figuram na literatura apocalíptica do primeiro
século, como no livro de Enoque (105-64 a.C.), bem como no livro apócrifo de Tobias.
Filo de Alexandria os concebia como almas incorpóreas, inteligentes a serviço de Deus.
Durante o ministério de Cristo os fariseus alimentavam a crença nesses seres pneumáticos
enquanto os saduceus sob influência helênica os rejeitavam.
Os primeiros pais da igreja pouco disseram a respeito, sua preocupação era com a
cristologia. As interpretações angelológicas que se seguiam provaram em muitos casos
ser um equívoco, contudo a crença na existência desses seres pareceu não ser questionada.
Os autores pontuam diversas personalidades na história da igreja em suas breves
referências aos anjos; Irineu, Inácio, Orígenes, Jerônimo, Dionísio o Areopagita. A
escolástica no século XIII, empreendeu verdadeira análise especulativa, a exemplo de
Tomás de Aquino. Nos tempos da Renascença essas criaturas surgem nas artes sob
influência das narrativas gregas. Esses seres povoando agora o imaginário europeu dá
asas ao culto de anjos, culminando no estabelecimento de uma festa em homenagem aos
anjos no calendário litúrgico pelo Papa Clemente X (1670-1676 d. C). Apesar dos
excessos romanos, nos tempos da reforma, tanto Lutero quanto Calvino ensinaram sobre
os anjos. Por influência do racionalismo houve uma tendência de despersonalizar os anjos,
agora são personificações de energias divinas, ou princípios bons e maus. Mais tarde, por
influência do liberalismo, alguns eruditos afirmaram que os anjos não seriam reais.
Contudo, o posicionamento da fé evangélica conservadora continuaria a confirmar a
realidade dos anjos.
No bojo da teologia liberal, Paul Tillich (1886-1965) considerava os anjos como
essências platônicas, emanações divinas, interpretá-los como seres especiais seria
‘grosseira mitologia’. Entretanto, nossos autores demostram simpatia as inferências de
Karl Barth (1886-1968) e Millard Erickson (1932 -) que “encorajavam uma abordagem
cautelosa e sadia” (p. 195). Esse último, reconheceria a negligência do assunto na teologia,
e o dever de uma abordagem bíblica. Haveria nesses últimos tempos, um interesse
renovado na angelologia, contudo, o que se vê, são abordagens místicas carentes de
fundamentação bíblica. A partir desse ponto nossos autores irão beber nas fontes das
Escrituras a fim de apresentar o ensino bíblico a respeito dos anjos. Aqui os anjos são
apresentados possuindo ima razão de viver, adorar a Deus e prestar-lhe serviço. Os
significados das palavras mal’akh e angelos indicam seu oficio; levar a mensagem das
palavras e das obras de Deus, antes, porém de nos servir, servem e pertencem sobretudo
a Deus. Quanto o tempo de sua criação, não haveria nenhum registro bíblico que permita
tal inferência, além disso, seu número seria definitivo, pois não haveria possibilidade de
multiplicação, pois não podem se reproduzir. Como seres criados, tiveram início, mas não
terão fim, pois estarão presentes nos tempos eternos, são superiores aos seres humanos
( Sl 8.5), mas inferiores ao Jesus encarnado ( Hb 1.6). a Bíblia diz-nos ainda que; (1) são
reais, mas nem sempre visíveis, (2) adoram, mas não devem ser adorados, ( 3) servem,
mas não devem ser servidos, (4) acompanham a revelação, mas não a substituem total ou
parcialmente, ( 5) sabem muita coisa, mas não tudo, (6) o poder angelical é superior, mas
não supremo (7) os anjos tomam decisões.
Além dos anjos propriamente ditos, a Bíblia classifica outros entes angélicos:
Querubins, Serafins e Vigias. Ainda haveria um ente especial conhecido como o anjo do
Senhor, a que nossos autores reconhecem como uma manifestação pré-encarnada da
segunda pessoa da Trindade – Jesus. Quanto ao papel a eles atribuído, eles operavam
sobretudo a serviço de Cristo: o adoravam na eternidade (Hb 1.6) anunciaram seu
nascimento (Mt 1.20-240) o serviram no deserto e no Getêmane (Mt 4.11; Lc 22.43),
assistiram sua ressurreição e ascensão (Mt 28.2; At 1.11). Entretanto, os anjos também
operam na vida do crente prestando-lhe auxílio bem como na vida do incrédulo (At 5.19-
20; Lc 15.10). A partir daqui nossos autores passarão a falar sobre Satanás e os demônios.
O primeiro parágrafo é narrativo, diz respeito a um caso de atuação de forças
demoníacas sobre uma jovem no sul da Alemanha em 1843, a luta fora levada a cabo por
um pastor local no intuito de libertar a jovem. A história serve como pano de fundo da
exposição doutrinária dos autores sobre Satanás e os demônios. Curiosamente, a data e o
local correspondente ao fato, situam a narrativa na Alemanha sob influencias da teologia
liberal. Não seria gratuita a citação nos parágrafos seguintes de Rudolf Bultmann que
encarava a demonologia como “uma fuga para uma cosmovisão mitológica antiquada”
(HORTON, 2006. p, 203), nossos autores entendem que haveria confusões sobre a
demonologia resultantes de um imaginário alimentado fantasiosamente, no entanto, não
negam a presença do mal operado por seres pneumáticos, entre outras, as próprias
ideologias que negam a Deus e o valor da vida humana. Nesse ponto, registram uma
citação indireta atribuída à C. S. Lewis e que serve como uma chave hermenêutica para a
compreensão do presente capítulo, a questão posta seria que “a demonologia provoca uma
diversidade de culturas modernas, ou uma rejeição simplista na existência dos demônios,
ou uma preocupação malsã [doentia?]com eles” (HORTON, 1996. p, 205). Eis aqui um
ponto de equilíbrio, as Escrituras. Sendo assim, na análise do Antigo Testamento,
verifica-se que as Escrituras não dão ênfase as forças demoníacas, ao contrário, ressaltam
o reino soberano de Deus e o evangelho da salvação. Ao contrário disso, os povos que
não tinham as Escrituras tendiam a construir uma imagem assustadora do mundo,
povoado por seres intermediários que se intrometiam nas vidas humanas. No afã de
controlar esse mundo ameaçador, desenvolveram em vários contextos cultuais, formas de
encantamento e rituais mágicos, essa cosmovisão ainda hoje teima em desaparecer.
Muito embora a demonologia não tenha destaque no Antigo Testamento, as
Escrituras registram sua realidade. Primeiro na tentação do Éden, depois no drama vivido
por Jó, em ambos os casos, o tentador ou o adversário é criatura limitada, não fazendo
frente a soberania de Deus, muito embora opere ferrenha oposição. Em contraste com o
Antigo Testamento, os evangelhos apresentam enfaticamente a questão, isso poderia ser
justificado à luz do ambiente cultural desde o período Persa, a exemplo da literatura
apocalíptica, contudo, haveria implicações teológicas para tal, a manifestação de Jesus,
era de se esperar que a luz tornara visíveis as obras das trevas (Jo 3.19-21). O reino de
Deus irrompido manifesta o conflito, pois “se eu expulso os demônios pelo Espírito de
Deus, é conseguintemente chegado a vós o reino de Deus” (Mt 12.28), essa seria uma
ação comum de Jesus, demostrando seu poder e autoridade sobre os demônios. A
apoteótica vitória sobre as forças das trevas teve seu ponto alto na cruz pois, “despojando
os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl
2.15). Isso não quererá dizer que satanás e suas hostes não apresente oposição ao crente,
cegue a mente dos incrédulos e atire dardos inflamados contra os redimidos, o escape se
dá através de nossa submissão à Deus.
Nossos autores se debruçam agora sobre o problema do mal, principalmente da
oposição de Satanás e os demônios e os males por eles causados. São humildes em
reconhecer a dificuldade em tratar o tema da teodiceia, no entanto, apresentam algumas
interpretações da igreja na história; (1) Deus criou a humanidade com liberdade de arbítrio,
permitindo a oposição satânica para testar a sinceridade dos seres humanos, (2) O plano
de Deus é triunfar sobre a oposição satânica, não somente em favor dos crentes, mas
também através deles. Essa tolerância divina a oposição satânica seria provisória, não
fazendo parte do processo de redenção da humanidade. Ao contrário das interpretações
dualistas e monistas, essas inferências não apresentam uma resposta definitiva ao
problema do mal, contudo, o evangelho apresenta a esperança e a garantia da redenção
final em Cristo Jesus.
O problema agora seria relacionado à demonologia e a responsabilidade humana.
Na cosmovisão dualista, dois poderes equivalentes estão em luta, e a humanidade seria
apenas um joguete em suas mãos, impotente diante das forças em oposição, em razão
disso, as religiões dualistas emprestam demasiada preocupação com a demonologia. A
soberania de Deus libertaria a humanidade de tamanha insignificância, assim, o pecado e
a morte seriam o resultado indireto da obra de Satanás, mas resultado direto das ações
humanas. Portanto, ressaltar demasiadamente o papel dos demônios, tende a diminuir a
responsabilidade humana, dessa forma, nossos autores entendem que haveria ‘uma
dimensão essencialmente humana em todos os males pessoais e sociais” (HORTON, 1996.
p, 211). Em razão disso, o cristão seria aconselhado a não desprezar os conhecimentos
científicos, pois muitos males interpretados como causados por demônios, certamente
seriam de origem patológica. Diante disso, a categoria do demonismo seria entendida
como um mistério, patentemente reveladas do derradeiro juízo escatológico. A natureza
escatológica do julgamento do mal, de Satanás e suas obras desconstrói a interpretação
da demonização mitológica dos males pessoais e sociais.
Por fim, nossos autores passam a tratar sobre o lugar de Satanás e dos demônios na
teologia cristã. Se na linguagem teológica “crer no diabo” não seria uma afirmação
apropriada, que tipo de ênfase deveríamos dar? Em resposta, evocam Karl Barth, pois ao
tratar da demonologia, somente uma olhadela rápida e penetrante seria suficiente, uma
vez que a teologia cristã deveria “ser dominada pela graça de Deus revelada em
Cristo”( HORTON, 1996. p, 215). Isso significaria que o olhar penetrante não trataria o
tema levianamente. O grande problema posto, seria a atenção demasiada na demonologia
sob os auspícios de grupos pentecostais e carismáticos, assim os ministérios de guerra
espiritual acabam por promover verdadeiro fascínio pela demonologia a contrapelo do
que a Bíblia ensina. Haveria uma glorificação da demonologia, relevância teologia além
dos limites das Escrituras. Essa glorificação do demônio no mundo cristão teria seu
paralelo na cultura, aqui há uma citação interessante atribuída à Maxilmilian Rudwin,
Satanás “avultasse amplamente na literatura”, e “seria realmente triste a literatura sem o
diabo” (Horton, 1996. p, 216). Esse fascínio explica o fenômeno do avanço do ocultismo
e dos sucessos de bilheteria da indústria cinematográfica de filmes como O Exorcista e
Poltergeist, peças fílmicas, narrativas distorcidas em relação ao ensino das Escrituras. Na
história da teologia cristã ou teologia histórica, alguns personagens tendiam a enfatizar o
papel de Satanás até mesmo na redenção, naquilo que convencionaram chamar de teoria
do resgate na expiação. Tais abstrações foram defendidas por teólogos latinos antigos e
medievais no ocidente e Orígenes do oriente, tal teoria supunha que Satanás tinha direito
legítimo sobre a humanidade caída, e que Cristo foi enviado para pagar o resgate pela
libertação da raça humana, tal posição seria um acinte ao evangelho da graça. Entre outras
coisas, o papel desempenhado pelo demonismo na teologia e no testemunho cristãos
revela a gravidade de nossas escolhas.

III. Capítulo sete – A Criação do Universo e da Humanidade

As declarações iniciais apresentam a criação a partir de Deus, ou seja, a criação


deve ser concebida sob o propósito de Deus, em relação ao universo, parece que o
propósito divino se justifica a partir de uma declaração Bíblica que seria “congregar em
Cristo todas as coisas” (Ef 1.9-10). Em relação à humanidade o mesmo também seria
válido, sendo que o propósito de Deus para a humanidade pode ser reconhecido na
confissão onde “O fim principal do homem é glorificar a Deus e desfrutá-lo para sempre”.
Deus é o criador e, portanto, o louvor e gloria lhe é devido. As Escrituras apresentam a
criação de Deus a partir do nada absoluto, assim, o sujeito da criação é Deus, que cria a
totalidade de tudo o que há, assim nosso autor rejeita as interpretações evolucionistas da
Bíblia, logo, os primeiros 11 capítulos do livro de Gênesis são tomados como fato, ou
pressuposto admito na linguagem bíblica. Além de criador, a Bíblia apresentaria a Deus
o Filho, como mantenedor da criação mediante a providência (Hb 1.3; Jo 1.3).
Quanto ao propósito da atividade de Deus na criação, foi ato da livre vontade de
Deus, e todos os atos criativos conduziram ao casal edênico, haveria uma progressão cujo
clímax seria a humanidade. Deus tinha um plano eterno e salvívico para suas criaturas e
a criação progride rumo a esse propósito ulterior (HORTON, 1996. p, 228). O autor agora
apresenta a cosmogonia bíblica em relação a ciência moderna a partir de quatro modelos;
(1) evolução teística, (2) teoria da lacuna, (3) criacionismo fiat, (4) criacionismo
progressivo. A evolução teística afirma todos os pressupostos do evolucionismo, e que
Deus apenas supervisiona o processo, os três subsequentes, concordam que a evolução
entre as espécies ou macro evolução é uma farsa, contudo, admitem que a microevolução
é válida, ou seja, evolução dentro da espécie, admitem também que Deus é o criador de
todos os antepassados genéticos dos principais grupos de plantas e animais ora
conhecidos, além disso, concordam que a distinção humana em relação a criação se dá
em razão da imagem de Deus em nós. O autor sugere que em razão dos pontos frágeis
desses modelos explicativos, e os efeitos da queda sobre a mente humana, melhor seria
submeter nossa inteligência a Palavra de Deus.
O próximo parágrafo apresenta a criação e a natureza dos seres humanos. Tendo
em vista a importância da terminologia bíblica na descrição do ser humano, a palavra
adam assume grande importância por conotar humanidade ao mesmo tempo em que
eventualmente se refere ao homem enquanto indivíduo. Outras palavras são encontradas
como ’enosh para humanidade, ou ’ish majoritariamente indicando indivíduos masculinos,
e algumas vezes significando humanidade. No Novo Testamento, a palavra anthrõpos
para humanidade e antrhõpinos para diferenciação entre a humanidade e os animais.
Nosso autor faz então uma advertência, o cuidado ao elaborar doutrina que faz distinção
entre os papéis masculinos e femininos em razão do uso genérico desses termos nas
Escrituras. Quanto a origem da raça humana, a bíblia declara que Deus criou os seres
humanos, não podendo ter duvida quanto ao desacordo entre o evolucionismo e o relato
bíblico. O casal edênico foram criados a imagem de Deus em um momento da criação,
não no decurso de milhões de anos de processos macroevolucionários. Quanto à mulher,
a exegese do texto apresenta uma curiosidade, a palavra utilizada para costela, lado seria
tsela‘ termo não utilizado com esse sentido em nenhuma outra parte das Escrituras,
indicando que parte do lado de Adão fora utilizado no ato criador de Deus, incluindo,
carne, vasos e artérias, ou seja, ambos, homem e mulher compartilham da mesma essência.
Em relação aos componentes básicos do ser humano, sua natureza. Após exegese
de termos bíblicos que indicariam, mente, vontade, corpo, alma e espírito, nosso autor
passa a considerar os posicionamentos da; tricotomia, dicotomia e do monismo, na
composição da natureza humana. Após analisar os conceitos, o autor passa a inferir da
seguinte forma, o ser humano deve ser considerado em sua totalidade, mesmo entendendo
a parte imaterial como existindo após a morte física, o ser humano só poderia ser assim
considerado em sua plenitude e o corpo não seria apenas um invólucro corrupto, ou prisão
da alma. Além disso, a vida em relação ao corpo humano tem sua origem na concepção
quando o embrião se desenvolve como corpo distinto da mãe. Assim sendo, a origem da
alma se torna um ponto mais difícil de se determinar. Aqui nosso autor apresenta as
concepções teológicas sobre a origem da alma como: (1) A teoria da preexistência, (2) o
criacionismo, (3) o traducianismo. Nosso autor parece não tomar partido por nenhuma
dessas teorias. Nesse ponto, a doutrina da unidade da humanidade é apresentada. Todos
seriam iguais aos olhos de Deus, pois tanto homens quanto mulheres carregam a imagem
de Deus. A questão dos papéis entram em evidência pois, não significaria diminuição do
valor de nenhum membro da família. De outro modo, toda forma de racismo deve ser
repudiado a luz das Escrituras, pois a bíblia não desenvolve nenhum conceito de raça, tão
pouco autoriza a interpretação sobre a maldição de Caim se referir à origem da raça negra,
ou a maldição de Cão ao escurecimento da pele humana. Portanto, qualquer valoração,
classificação de algum grupo de seres humanos deve ser rejeitado como artificial e
antibíblica.
O último ponto tratado diz respeito a imagem de Deus nos seres humanos. Essa
imagem seria condição essencial e geral encontrada em homens e mulheres, mesmo sob
os efeitos da queda. As interpretações sobre os sentidos de imagem e semelhança deveria
transpor os limites do léxico, antes, porém, nosso autor prefere apontar o que a ideia de
imagem não é; (1) não seria semelhança física, (2) outro erro é que a imagem de Deus faz
dos seres humanos pequenos deuses. Quanto ao conceito bíblico; a imagem de Deus se
refere à nossa natureza moral-intelectual-espiritual. Além das diferenças básicas entre o
ser humano e os animais, a imagem de Deus permite o relacionamento social, sobretudo
entre a humanidade e Deus, outro ponto, seria a moralidade, condição para assumir suas
escolhas a partir da consciência, isso, portanto, incluiria o arbítrio.

Bibliografia

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática; uma perspectiva pentecostal. Rio de


Janeiro: CPAD, 1996.

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