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USO RESTRITO

República de Moçambique
MINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS
Direcção de Gestão do Risco

ANÁLISE DO RISCO DE CRÉDITO DA EMPRESA NACIOANAL DE HIDROCARBONETOS, EP 2018-


2022

Maputo, Fevereiro de 2024


FICHA TÉCNICA

Análise do Risco de Crédito da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, EP 2018-


Título
2022

Propriedade Ministério da Economia e Finanças

Edição Direcção de Gestão do Risco

Coordenação Nazira Dista, Directora Nacional da Direcção de Gestão do Risco

Redacção Helton Mucarie, Angelina Matlhule, Pedro Nhanengue, Pradip Amratlal

Periodicidade Anual

Número de Registo No 3 – 2023

Ministério da Economia e Finanças, Direcção de Gestão do Risco


Av. Julius Nyerere, N.º 469, Torre A, 14º Andar,
Endereço Caixa Postal nº 272
Tel: +258 21 481668; +258 82 2614543.
Maputo – Moçambique

Isenção de responsabilidade: As análises e as conclusões apresentadas neste documento não devem ser consideradas uma
representação dos pontos de vista ou das políticas do Ministério da Economia e Finanças. As opiniões contidas no documento
reflectem a visão colectiva e independente da Direcção de Gestão do Risco dentro das suas atribuições plasmadas no artigo
15, da Resolução nº 15/2020 do Estatuto Orgânico do Ministério da Economia e Finanças.
RESULTADOS DAS ANÁLISE DE RISCO DE CRÉDITO
1. EMPRESA NACIONAL DE HIDROCARBONETOS, E.P. (ENH)

1.2 Perfil da Empresa

A ENH é uma empresa moçambicana responsável pela prospecção, pesquisa, desenvolvimento, produção,
transporte, transmissão e comercialização de hidrocarbonetos e seus derivados incluindo a importação, recepção,
armazenamento, manuseamento, trânsito, exportação, transformação e refinação de produtos petrolíferos. Criada
em 1982, a ENH é uma empresa pública cujo principal objecto é a actividade petrolífera com um património
líquido de 20.044,00 milhões de MT.

Gráfico 1: Distribuição de receitas por fonte (%), 2022


Gráfico 2: Distribuição de clientes (%), 2022

Venda de
gás
0.3% outros
78.6%
Outros
bens e
serviços
26.6%

Trans-
porte de
gás
73.1%
Balama Gasmoc Sasol
2.8% 0.6% 17.0%

Fonte: ENH - Relatório de contas,2022.


Fonte: ENH - Relatório de contas, 2022.

Em 2022, as receitas da ENH aumentaram 40% em comparação com 2021. O Gráfico 1 e 2 mostram que 73.0%
das receitas da empresa são derivadas de Transporte de gás e 79% das contas a receber estão concentradas em
outros clientes e 17% com a Sasol.

Gráfico 3: Evolução do EBITDA e da dívida líquida (em mil milhões de MT)


250000000000

200000000000

150000000000

100000000000

50000000000

0
2018 2019 2020 2021 2022

EBITDA Dívida líquida


Fonte: ENH - Relatório de contas, 2018-2022

Entre 2018 e 2022 verifica-se um incremento significativo da dívida líquida, por outro lado as receitas
operacionais antes de depreciação e amortização (EBITDA) têm se mantido estável (Gráfico 3). O incremento da
dívida é fundamentado pela necessidade da expansão das actividades da empresa e da sua participação nos
investimentos na Bacia do Rovuma.
2. Exposição Potencial do Estado ao Risco

A exposição do Estado ao risco é descrita pela relação financeira entre a empresa e o Estado por via de acordos de
financiamento (acordos de retrocessão, garantias, avales, injecção de capital, subsídios a empresa), bem como
contribuição ao cofre do Estado (pagamento de dividendos e impostos).

Tabela 1: Dívida e Fluxo Financeiro entre a ENH e o Estado (em milhões de MT)
Itens 2018 2019 2020 2021 2022
Dívida Directa 19.854 75.045 71.371 190.059 212.785
Dívida Garantida - - 30.365 - 1.162
Total da Dívida 19.854 75.045 101.737 190.059 213.947
Dividendos para o Estado - - 100 - -
-Impostos 39 15 13 507.87 1.817
Impostos Diferidos 36.257 4.531 5.223 1.365 305.8
Subsídios - - - -
Apoio a Tesouraria - - - -
Impostos + dividendos - subsídios 39 15 113 197 1.817
Transferências à empresa no âmbito da Covid-19 - - - - -
Injecção de Capital - - - - -
Fonte: IGEPE – Instituto de Gestão das Participações do Estado – vários anos

O stock da dívida total da ENH aumentou significativamente, tanto que em 2022 aumentou 11% em relação a
2021. O aumento é explicado pela acções da ENH na Coral FLNG SA na área 1 e 4 da bacia do Rovuma. A
empresa tem honrado com os compromissos de pagamento de impostos ao Estado.

3. Avaliação do Risco de Crédito

Quando uma empresa pública não consegue honrar com um determinado compromisso financeiro, o mesmo pode
ser repassado para o balanço do Governo Central, criando assim um incremento inesperado no volume de passivos
do Estado e com consequências adversas diversas na programação financeira do Estado.

Esta secção avalia a probabilidade da empresa não honrar com os seus compromissos financeiros e poder beneficiar
de financiamento adicional por parte do Estado. A avaliação será feita com recurso a duas metodologias a saber: (i)
a metodologia de Z-Score de Altman para Economias Emergentes e a (ii) metodologia da Moody’s ajustada.

3.1 Z-Score

Os resultados da análise do risco de Crédito baseado em Z-Score de Altman mostra que a empresa se encontra na
zona vermelha, com rating implícito “CCC+” e uma pontuação Z de 3.57, o que significa que a empresa apresenta
risco de crédito alto.
Pesos
INDICADORES ALTMAN 2018 2019 2020 2021 2022
3.25 -0.01
Capital Giro/Total do Activo 6.56 0.01 0.00 0.00 0.00
Resultados Acumulados/Total do Activo 3.26 0.08 0.08 0.05 0.05 0.05
EBIT/Total do Activo 6.72 0.02 0.01 0.00 0.00 0.01
Capital Próprio/Total do Passivo 1.05 0.19 0.17 0.11 0.10 0.08

Z-Score 3.86 3.80 3.53 3.52 3.57


Pontuação B- B- CCC+ CCC+ CCC+
Tabela 2: Evolução de Z-Score e rating da ENH, 2018-2022

Fonte: Estimativas da DGR-MEF, 2022

Os resultados da Tabela 2 evidenciam os factores que contribuíram para o desempenho da empresa. Na mesma
pode-se constatar que o índice de liquidez foi o que mais afectou negativamente a empresa. Os restantes
indicadores, (rentabilidade; lucratividade; e solvabilidade) apesar de serem positivos apresentaram um desempenho
insatisfatório a semelhança de 2021.

Tabela 3: Evolução dos principais rácios financeiros da ENH, 2018-2022


INDICES FINANCEIROS MINIMOS 2018 2019 2020 2021 2022
RECOMEND.
Indice de Liquidez
Liquidez geral - 1.19 1.17 1.11 1.10 1.08
Liquidez corrente 2.00 3.50 3.09 2.73 2.58 2.22
Indice de Alavancagem
Solvabilidade 0.50 0.19 0.17 0.11 0.10 0.08
Autonomia Financeira 0.35 0.16 0.15 0.10 0.09 0.08
Endividamento 0.50 0.84 0.85 0.90 0.91 0.92
Indice de rentabilidade
de capitais próprios (ROE) 0.15 0.10 0.08 0.01 0.15 0.14
dos activos (ROA) 0.02 0.01 0.00 0.01 0.01
Património Líquido - 17.785 19.417 20.417 20.045 20.807
Fonte: Estimativas da DGR-MEF, 2021.

O património líquido em 2022, foi 20,8 mil milhões de MT, relativamente acima que o de 2021 (20 mil milhões de
MT), os rácios da Tabela 3 revelam que a empresa apresenta um desempenho operacional e financeiro ligeiramente
baixo comparativamente a 2021, embora com índice de rendibilidade dos capitais próprios, de activos com
tendência de melhoria em 2022.

3.2 Moody’s ajustada

Os resultados da análise de risco de Crédito baseado na metodologia Moody’s ajustada (Tabela 4), mostram que o
desempenho da ENH em 2022 registou uma estagnação na pontuação em comparação a 2021, tendo transitado de
uma pontuação de 8.20 para 9.00 com a classificação de empresa de “alto risco de crédito. Ressaltar que a
classificação é grandemente influenciada pelas elevadas obrigações financeiras que a empresa tem vindo a contrair,
ainda que com o objectivo de investimento em “projectos de interesse soberano” na exploração de gás natural na
bacia do Rovuma.

As perspectivas de produção e comercialização de gás poderão melhorar a posição financeira da empresa face aos
avanços alcançados na estabilização da segurança na região e também pelo mercado de gás que emerge no norte do
País, com isso espera-se melhoria com os indicadores de alavancagem (dívida líquida/EBITDA) e da exposição ao
risco cambial.
Tabela 4: Evolução do risco de crédito da ENH – Moody’s ajustada, 2018-2022

INDICADORES 2018 2019 2020 2021 2022


i) Rácios financeiros
Divida Líquida Ajustada/EBITDA (x) 21.16x 25.21x 59.20x 93.57x 42.59x
FCO/Serviço da Divida (x) 1.87x 0.55x 0.13x 4.05x 6.07x
Divida Bruta Ajustada/Capital total 0.69 0.71 0.80 0.84 0.85
[1] Divida Bruta Ajustada (em Moeda Externa)/Lucro Bruto (x) 14.14x 14.87x 24.66x 29.24x 21.37x
Evolução do EBITDA (%) nos últimos 3 anos (%) 103.63% 108.38% 86.04% 83.75% 113.76%
ii) Pontuação atribuída
Divida Líquida Ajustada/EBITDA (x) 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00
FCO/Serviço da Divida (x) 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00
Divida Bruta Ajustada/Capital total 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00
Divida Bruta Ajustada (em Moeda Externa)/Lucro Bruto (x) 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00
Evolução do EBITDA (%) nos últimos 3 anos 1.50 1.50 1.00 1.00 1.00
*Ambiente regulatório 9.00 9.00 9.00 9.00 9.00
*Resiliência do mercado 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00
*Participação de accionistas minoritários 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00
*Critérios de selecção e nomeação dos membros do Conselho de Administração da empresa 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00
*Qualidade, transparência e regularidade das informações contabilísticas 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00
iii) Pontuação ponderada
Divida Líquida Ajustada/EBITDA (x) 1.50 1.50 1.50 1.50 0.15
FCO/Serviço da Divida (x) 0.13 0.13 0.13 0.13 0.13
Divida Bruta Ajustada/Capital total 1.00 1.00 1.00 1.00 0.10
[1] Divida Bruta Ajustada (em Moeda Externa)/Lucro Bruto (x) 0.75 0.75 0.75 0.75 0.45
Evolução do EBITDA (%) nos últimos 3 anos 0.08 0.08 0.05 0.05 0.10
*Ambiente regulatório 1.80 1.80 1.80 1.80 1.80
*Resiliência do mercado 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50
*Participação de accionistas minoritários 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50
*Critérios de selecção e nomeação dos membros do Conselho de Administração da empresa 0.38 0.38 0.38 0.38 0.38
*Qualidade, transparência e regularidade das informações contabilísticas 0.60 0.60 0.60 0.60 0.60
Pontuação global 7.23 7.23 7.20 7.20 4.70
Ajustamento 0.0 0.0 0.0 1.0 3.0
Pontuação global ajustada 7.23 7.23 7.20 8.20 7.70
CLASSIFICAÇÃO FINAL MEDIO MEDIO MEDIO ALTO MEDIO
ALTO RISCO ALTO ALTO RISCO ALTO RISCO
RISCO RISCO
Fonte: Estimativas da DGR-MEF, 2022.
A classificação de alto médio risco de crédito, para esta empresa em particular, pode ser interpretada
como existência de incertezas no cumprimento das obrigações financeiras a médio e longo prazos,
derivado das condições estabelecidas nos créditos contraídos.

Os resultados operacionais no exercício económico de 2022 foram positivos em 3.5 mil milhões, o
que ajudará a capacidade da empresa fazer face a dívida contraída. No entanto, o fluxo de caixa
operacional foi 6 vezes superior ao serviço da dívida. Este facto, pode ser explicado pelo facto da
dívida existente não estar a ser cobrada, tanto que a exploração do gás natural arrancou no 2º semestre
de 2022 e já com a primeira exportação aconteceu Novembro do mesmo ano.

O EBITDA melhorou significativamente de 1.9 mil milhões em 2021 para 5.0 mil milhões em 2022,
representando uma um crescimento de 62%. A dívida em moeda externa correspondia a 21 vezes o
seu lucro bruto.

Dos factores qualitativos levados em conta na análise destaca-se o ambiente regulatório, critérios de
selecção de membros do Conselho de Administração e a qualidade, transparência e regularidade das
informações contabilísticas como cruciais para a melhoria no rating.

Considerando que parte significativa do financiamento (2.2 mil milhões de USD, corresponde mais de
98% da dívida) foi destinado a construção de infraestruturas e que as mesmas infraestruturas servirão
de colateral da Garantia, pode se afirmar que o real risco de crédito da ENH é mais baixo do que o
apresentado pelas metodologia Z-Score e Moody’s ajustada.

4. Perspectivas de Gestão Corporativa

O cenário financeiro da empresa sugere uma mudança para uma trajectória de sustentabilidade para o
medio prazo, associado a mudanças na estrutura de custos e uma disciplina na racionalização de
custos operacionais.

A gestão corporativa da ENH, poderá contribuir significativamente para a redução das pressões as
finanças publicas. Adicionalmente, espera-se que a empresa defina de forma clara a separação de
poderes entre a empresa e o seu accionista principal.

A clara separação de poderes irá contribuir para a redução de interferência nos processos de gestão de
interesses tendo em conta os objectivos de maximização de lucros e minimização de riscos. Por
considerar-se uma empresa rentável e sustentável a médio prazo, não se evidencia necessidade de
criar planos de reestruturação e nem de injecção de capital.

5. Paracer
Em 2022 a Dívida Líquida Ajustada conheceu um agravamento em 16% em comparação com 2021,
não obstante a posição financeira da ENH ter mostrado ligeira redução dos níveis de alavancagem da
empresa. As contas a receber da empresa estão em cerca de 79% concentradas em outros clientes e
17% para a Sasol.

Os resultados da análise sugerem que a ENH deve ser classificada como uma empresa de “alto risco
de crédito”. Esta classificação está fortemente relacionada com as garantias emitidas pelo Estado a
favor da empresa com vista a assegurar a participação no projecto de gás natural na bacia do Rovuma.
O risco fiscal, neste caso estava condicionado ao início da exploração e comercialização de gás, que
em caso de atraso poderá forçar o Estado a resgatar ou renegociar os seus termos e condições.

Dada a magnitude dos passivos da ENH (dívida directa e garantida), é necessária uma monitoria
quase permanente e de detalhe do desempenho financeiro da empresa.

Não obstante, o inicio da exportação do gás natural marcou uma fase optimista para aumento das
receitas da empresa, embora persistam algumas incertezas causada pelas perspectivas de crescimento
mundial mais conservadoras decorrentes da guerra entre a Rússia e Ucrânia.

Portanto, espera-se também que sejam melhoradas as fontes de receita da empresa, diversificando-as,
para reduzir o risco de uma eventual perturbação do mercado. Neste sentido, existe espaço para um
incremento da cota de fornecimento de gás e outros derivados.

ANEXOS

METODOLOGIA
O contexto da economia nacional sugere que analise do risco de credito do sector empresarial do
Estado deve feito na metodologia Z-Score modificado para economias emergentes e Moody’s
ajustada, portanto uma metodologia anteriormente aprovada pelo Ministério da Economia e Finanças.
As duas metodologias são utilizadas de forma complementar para classificar a qualidade de crédito de
uma empresa pública ou maioritariamente participada pelo Estado com base em seu desempenho
financeiro, demonstrações financeiras e outras informações adicionais.

CAIXA A: Metodologia Z-Score modificado para Economias Emergentes

O modelo Z-Score de Altman (1968) modificado para Economias Emergentes é um modelo estatístico baseado em históricos
de dados financeiros das empresas usado para estimar a qualidade de crédito e a probabilidade de uma empresa não conseguir
honrar os seus compromissos financeiros no curto e médio prazo em economias emergentes. O mesmo é descrito na equação a
seguir:

𝑍 = 3,25 + 6,56𝑋1 + 3,26𝑋2 + 6,72𝑋3 + 1,05𝑋4

Onde Z representa a pontuação obtida pela empresa num determinado ano.

 𝑿𝟏 = (Activo Circulante - Passivo Circulante) /Total do Activo – índice de liquidez.


 𝑿𝟐 = (Lucros Retidos + Resultados Líquidos do Exercício) /Total do Activo - índice de lucratividade.
 𝑿𝟑 = Resultados antes de Juros e Impostos (EBIT) /Total do Activo – índice de rendibilidade económica.

 𝑿𝟒 = Capital Próprio/Total do Passivo – índice de solvabilidade.

A pontuação do Z-Score permite a classificação das empresas em uma distribuição que varia de baixo ao alto risco de crédito
de acordo com a probabilidade de default, isto é, a probabilidade de não honrar os seus compromissos financeiros de curto e
médio prazo, como ilustra a tabela abaixo.
Tabela A: Z-Score - interpretação da pontuação e classificação global.
Pontuação Rating implícito Descrição
> 5,85 AAA á BBB Zona verde, compreendem empresas de baixo risco de crédito.
Zona cinzenta, ou de precaução, compreendem empresas que estão na
5,85 - 4,15 BBB- á B iminência de entrar na zona vermelha e que necessitam de certa monitoria para
melhorar em alguns indicadores.
< 4,15 B- á D Zona vermelha, ou de alto risco, compreendem empresas com maior
probabilidade de entrar em incumprimento da dívida (default).

A metodologia Z-Score é uma métrica baseado somente nos dados presentes nas demonstrações
financeiras, especificamente do Balanço Patrimonial.
CAIXA B: Metodologia Moody’s ajustada

A metodologia Moody’s ajustada é uma metodologia interna do MEF orientada para avaliar o risco de crédito de empresas
públicas e maioritariamente participadas, e é usada para informar o Estado do nível de risco associado à operações de crédito
que envolvam este sector. A finalidade é apoiar o Estado no desenho de mecanismos de minimização dos riscos fiscais
provenientes do SEE.
A metodologia desenvolvida vale-se de factores quantitativos e qualitativos ponderados para avaliar o nível de risco de
crédito das empresas do SEE, conforme ilustrado a seguir

Tabela B: Interpretação da pontuação global.


QUANTITATIVOS QUALITATIVOS
Factor Peso Factor Peso
Dívida Líquida/EBITDA (x) 15.0% Ambiente regulatório 20.0%
FCO/Serviço da dívida (x) 12.5% Resiliência do mercado 10.0%
Dívida/Capital total 10.0% Participação de accionistas minoritários no 5.0%
controlo da Empresa
Exposição ao risco cambial (%) 7.5% Critérios de selecção e nomeação dos membros 7.5%
do Conselho de Administração da empresa
Crescimento do EBITDA nos últimos 3 anos 5.0% Qualidade, transparência e regularidade das 7.5%
(%) informações contabilísticas
Subtotal 50.0% 50.0%
TOTAL 100.0%

Os factores presentes na tabela A são avaliados em termos de score, isto é, pontuação numérica consoante a tabela B.
Quanto menor for considerada a exposição ao risco do indicador em análise, menor será a pontuação atribuído à empresa,
sendo o intervalo de pontuação definido entre 1 e 10 (tabela B).
Por fim, a pontuação global de cada empresa é obtida através do somatório das pontuações dos indicadores, ponderados
pelos pesos determinados na metodologia.
Assim, espera-se que empresas que apresentem um baixo risco de crédito obtenham uma pontuação final na parte inferior do
intervalo definido entre 1 e 10, e ao passo que o risco de crédito aumente, reflicta também num aumento da pontuação
obtida.

Tabela C: Moody’s ajustada - interpretação da pontuação e classificação global.

Pontuação Classificação Descrição


Empresas com capacidade extremamente forte de cumprimento de seus
[1 - 2] Baixo Risco
compromissos financeiros
Empresas com capacidade para cumprir os seus compromissos financeiros,
[2 - 4] Médio Baixo Risco mas que podem ser enfraquecidos mediantes alterações adversas na
conjuntura económica e financeira e negócios.
Empresas menos vulneráveis a incumprimento relativamente aos da notação
“médio alto risco”. Incertezas e exposição a condições adversas do negócio,
[4 - 6] Médio Risco
financeira e económicas poderão conduzir a capacidade inadequada para
cumprir os seus compromissos financeiros
Empresas muito vulneráveis e de alta dependência de condições favoráveis do
[6 - 8] Médio Alto Risco negócio, financeiros e económicas, o que leva a alta probabilidade de
incumprimento de seus compromissos financeiros
Empresas em, ou na iminência de incumprimento de seus compromissos
[8 -10] Alto Risco
financeiros

Os factores quantitativos dizem respeito aos indicadores financeiros cuja fonte de dados são
demonstrações financeiras enquanto os factores qualitativos dizem respeito ao ambiente em que as
empresas operam, estendendo-se desde as questões de regulação do sector, resiliência a choques
macroeconómicos, interferência do Estado, políticas de selecção e nomeação dos membros do
Conselho de Administração à qualidade e transparência na divulgação das informações
contabilísticas.

A mais-valia da metodologia Moody’s ajustada está em captar imediatamente os efeitos das variáveis
qualitativas que afectam a performance da empresa que levam muito tempo para serem capturados nas
variáveis quantitativas, aliado ao facto da mesma dar uma indicação da direcção para a minimização
do risco.

De referir que a atribuição da pontuação dos elementos qualitativos resulta da média das pontuações
atribuídos individualmente e devidamente fundamentadas. Os fundamentos para a selecção dos
factores quantitativos e qualitativos presentes da Moody’s ajustada e a forma como os mesmos são
avaliados podem ser consultados na metodologia (www.mef.gov.mz).

De referir que a análise do risco de crédito das empresas está reforçada com a visualização da
trajectória dos principais índices/rácios financeiros das empresas ao longo dos anos:

(i) Índice de liquidez corrente (e geral) – mede a capacidade de uma empresa honrar com as suas
obrigações de curto prazo (curto e longo prazo). Idealmente o índice de liquidez corrente deve
ser superior a 2.

(ii) Índice de solvabilidade - mede a capacidade da empresa para fazer face aos seus
compromissos a médio e longo prazo. Um grau elevado de solvabilidade permite que a
empresa esteja menos dependente financeiramente dos credores, concedendo-lhe uma maior
capacidade de negociação e melhores perspectivas de acesso a financiamento alheio.
Idealmente este valor deve ser igual ou superior a 0,5.

(iii) Índice de autonomia financeira – mede a capacidade da empresa em financiar seus activos
através de capitais próprios, sem a necessidade de recorrer a capitais de terceiros. Um valor
aceitável pela generalidade para o rácio de autonomia financeira deve ser igual ou maior a
0,35.

(iv) Índice de endividamento - complementar ao de autonomia financeira, mostra quanto a


empresa é dependente de capitais de terceiros. Um valor ideal para este rácio deve ser igual
ou superior a 0,5.

(v) Rácio de rendibilidade de capitais próprios (Return On Equity - ROE) - métrica financeira que
mede os retornos de investimento. Ela fornece informações sobre como a administração da
empresa está a usar o financiamento de capitais próprios para fazer crescer o negócio.
Idealmente uma taxa de 15% ao ano é considerado bom.
(vi) Rácio de rendibilidade do activo (Return On Assets - ROA) – mostra o retorno obtido, em
termos operacionais, por cada unidade monetária investido. Quanto maior for seu valor maior
a propensão da empresa gerar resultados.

(vii) Rácio de rendibilidade operacional das vendas - mede o rendimento operacional gerado pelo
volume de negócios. Este indicador ajuda a mostrar quanto de cada unidade monetária
vendida é transformada em lucro.

Dados Financeiros

Dados financeiros usados para o cálculo da classificação Moody’s ajustada


ITENS 2018 2019 2020 2021 2022
Resultados Líquidos 1,770,255,607.00 1,602,305,627.00 280,365,624.00 3,097,969,354.00 2,937,707,644.00
189,113,352,501.0 215,585,694,750.0 252,668,505,285.0
Capital Total 100,309,854,275.00 122,038,626,377.00 0 0 0
(+) Capitais próprios 17,784,603,932.00 19,416,733,126.00 20,417,185,096.00 20,044,625,944.00 20,806,674,490.00
151,582,742,164.0 180,976,635,149.0 215,516,781,787.0
Dívida Líquida Ajustada
69,677,319,294.00 86,663,704,056.00 0 0 0
168,696,167,405.0 195,541,068,806.0 231,861,830,795.0
(+) Dívida Bruta Ajustada
82,525,250,343.00 102,621,893,251.00 0 0 0
165,358,090,589.0 192,667,607,771.0 229,380,334,954.0
(+) Divida Bruta
79,892,170,783.00 99,720,121,762.00 0 0 0
(+) Emprestimos obtidos não
correntes 79,118,811,651.00 99,335,482,950.00 164,996,662,719.00 192,436,126,229.00 229,219,006,306.00
(+) Emprestimos obtidos
correntes 773,359,132.00 384,638,812.00 361,427,870.00 231,481,542.00 161,328,648.00
(+) Similares a Divida 2,633,079,560.00 2,901,771,489.00 3,338,076,816.00 2,873,461,035.00 2,481,495,841.00
(+) Outros passivos financeiros
não cor. 564,458,592.00 170,682,752.00 272,932,732.00 262,890,735.00 203,019,161.00
(+) Outros passivos financeiros correntes 2,068,620,968.00 2,731,088,737.00 3,065,144,084.00 2,610,570,300.00 2,278,476,680.00
(-) Caixa e Equivalentes 12,847,931,049.00 15,958,189,195.00 17,113,425,241.00 14,564,433,657.00 16,345,049,008.00
EBITDA 3,292,233,520.00 3,437,486,034.00 2,560,579,384.00 1,934,137,592.00 5,060,370,490.00
(+) EBIT - Resultados Operacionais 1,748,932,565.00 1,878,215,895.00 732,346,479.00 367,241,194.00 3,571,214,350.00
(+) Depreciação e amortizações 1,543,300,955.00 1,559,270,139.00 1,828,232,905.00 1,566,896,398.00 1,489,156,140.00
FCO - Fluxo de Caixa Operacional 5,146,757,769.00 6,320,604,021.00 1,773,695,961.00 10,173,622,993.00 7,431,168,366.00
(+) Resultados Líquidos 1,770,255,607.00 1,602,305,627.00 280,365,624.00 3,097,969,354.00 2,937,707,644.00
(+) Despesas nao desembolsaveis 3,376,502,162.00 4,718,298,394.00 1,493,330,337.00 7,075,653,639.00 4,493,460,722.00
(+) Depreciação e amortizações 1,543,300,955.00 1,559,270,139.00 1,828,232,905.00 1,566,896,398.00 1,489,156,140.00
(+) Mudanças no Capital Giro
Operacional 1,735,574,658.00 45,812,525.00 -1,215,974,460.00 -20,153,120.00 513,311,852.00
(+/-) ∆ Inventários 2,961,100.00 532,238.00 720,042,637.00 -607,836,777.00 115,948,015.00
(+/-) ∆ Clientes 1,435,469,785.00 195,913,705.00 -415,135,115.00 815,426.00 1,301,553,367.00
(+/-) Outros activos 184,014,548.00 200,053,496.00 416,908,653.00 129,015,912.00 105,900,575.00
(+/-) ∆ Fornecedores 89,984,187.00 -372,924,688.00 -1,072,870,170.00 -371,020,459.00 -49,483,199.00
(+) Outros passivos 23,145,038.00 22,237,774.00 -864,920,465.00 828,872,778.00 -960,606,906.00
(+/-) ∆ Provisões e imparidades -797,043,043.00 1,328,292,958.00 312,646,917.00 -440,914,236.00 -9,354,145.00
(+) Juros líquidos 595,786,392.00 1,073,305,569.00 363,543,774.00 4,604,209,788.00 2,194,530,559.00
(+) Impostos diferidos 298,883,200.00 711,617,203.00 204,881,201.00 1,365,614,809.00 305,816,316.00
Serviço da Dívida 2,748,351,870.00 11,498,738,748.00 14,015,862,608.00 2,513,870,091.00 1,225,110,240.00
(+) Juros suportados + efeitos
cambiais 1,510,784,862.00 10,697,110,395.00 13,599,686,527.00 2,125,607,509.00 966,173,519.00
(+) Encargos bancários 559,040,757.00 28,269,221.00 31,537,269.00 26,834,712.00 27,455,179.00
(+) Amortizações da divida 678,526,251.00 773,359,132.00 384,638,812.00 361,427,870.00 231,481,542.00
CAGR 1.04 1.08 0.86 0.84 1.14
166,708,073,653.0 194,263,357,771.0 230,817,409,954.0
Divida Bruta em Moeda Externa
80,474,727,629.00 101,284,659,527.00 0 0 0
(+) Empréstimos obtidos 79,082,758,205.00 99,720,121,762.00 164,929,285,153.00 192,667,607,771.00 229,380,334,954.00
(+) Similares a divida (Galp & INP) 1,391,969,424.00 1,564,537,765.00 1,778,788,500.00 1,595,750,000.00 1,437,075,000.00
Lucro Bruto 5,689,284,514.00 6,810,697,850.00 6,760,153,047.00 6,644,016,905.00 10,802,097,422.00
(+) Vendas 6,180,727,479.00 7,498,155,823.00 7,422,880,383.00 7,195,555,691.00 12,058,846,440.00
(-) Custo dos inventários vendidos 491,442,965.00 687,457,973.00 662,727,336.00 551,538,786.00 1,256,749,018.00
Total de Custos Operacionais 2,579,006,774.00 3,738,277,092.00 4,643,725,163.00 5,570,338,744.00 7,925,095,741.00
(+) Custos com o pessoal 1,024,630,484.00 1,277,180,307.00 1,772,651,910.00 1,945,954,179.00 2,370,171,824.00
(+) Fornecimentos e serviços de
terceiros 780,240,367.00 984,420,907.00 1,398,635,157.00 1,517,258,346.00 2,248,094,665.00
(+) Outros ganhos e perdas
operacionais 498,555,773.00 839,077,244.00 861,794,667.00 1,599,259,400.00 1,489,156,140.00
(+) Impostos 275,580,150.00 637,598,634.00 610,643,429.00 507,866,819.00 1,817,673,112.00
Rendimento Financeiros Líquidos 595,786,392.00 1,073,305,569.00 363,543,774.00 4,604,209,788.00 2,194,530,559.00
(+) Rendimentos financeiros 2,810,175,093.00 12,005,600,347.00 14,187,716,587.00 6,866,105,082.00 3,396,770,362.00
(-) Gastos financeiros 2,214,388,701.00 10,932,294,778.00 13,824,172,813.00 2,261,895,294.00 1,202,239,803.00

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