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Revista Científica FAZER.

Faculdade Anglicana de Erechim – FAE


V.7, N.1 - 2019 - ISSN: 2318-289X
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O PAPEL DO PEDAGOGO EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS

Daniela Ana Antkiewicz1


Flávia Dalla Costa2

RESUMO

O presente artigo apresenta a Modalidade da Educação Não Formal, este


campo que vem crescendo e se expandindo no mercado de trabalho para os
pedagogos. Além de entender melhor a Educação Não formal buscou-se
compreender o papel do Pedagogo e os motivos que os levaram a escolher
este tipo de Educação para exercer seu trabalho. A fim de responder ao
objetivo de compreender o porquê da escolha de trabalhar em espaços não
escolares foi realizada uma investigação empírica, por entrevista
semiestruturada, com cinco pedagogas que atuam na Pedagogia Prisional,
Pedagogia Empresarial, Pedagogia Social, Pedagogia Hospitalar e Pedagogia
Sindical. Constatou-se que o campo de trabalho do pedagogo não se limita
mais às escolas, o leque de possibilidades que hoje se abre deixa para trás a
ideia de que o pedagogo está preparado para atuar somente em espaços
formais, e que pouco ou quase nada podem aproveitar de suas habilidades
para atuar em outros espaços.

Palavras-chave: Educação Não Formal – Pedagogia – desafios –atuação –


Educação Formal.

INTRODUÇÃO

Este presente artigo é parte de um estudo mais amplo, onde buscou


evidenciar e analisar o papel do Pedagogo em espaços da Educação Não
Formal. O ato educativo perpassa em todas as fases da vida, é um processo
constante e permanente. A intencionalidade deste ato sempre teve a família e
depois a escola como à formadora do sujeito, com a função de transmitir o
conhecimento acumulado pela sociedade. Sabe-se que, atualmente a escola
não é mais o único espaço em que ocorre este ato educativo intencional, ou

1
Pedagoga. E-mail: daniela_antkiewicz@hotmail.com
2
Mestra em Educação pela UNOESC; professora da rede pública do Estado do Rio Grande do Sul.
Professora na Faculdade Anglicana de Erechim (FAE). E-mail: flaviadc2010@gmail.com

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seja, a educação sofre mudanças em seu conceito, pois deixa de ser restrita ao
processo ensino-aprendizagem em espaços formais, se transpondo aos muros
da escola, para acontecer em locais diferentes, em diversas situações sociais e
diversos segmentos, como: ONGs, sindicatos, clubes, igrejas, empresas,
hospitais, presídios etc. Abre-se um novo espaço para a educação, dando uma
estrutura interessante à Educação Não Formal. Com toda esta nova proposta e
possibilidade de atuação, a prática pedagógica do pedagogo está para além do
espaço escolar abrindo possibilidades de inserção em diferentes campos do
conhecimento. Esta pesquisa aconteceu nos espaços de trabalho das
cinco(05) pedagogas que aceitaram participar deste estudo, sendo elas das
áreas da Pedagogia Prisional, Pedagogia Empresarial, Pedagogia Social,
Pedagogia
Hospitalar e Pedagogia Sindical.

ENTREVISTA / RESULTADOS
A escolha das pedagogas que fizeram parte da pesquisa empírica foi feita
através do convívio com algumas delas e também por apresentação de
professores e amigos. Desta forma, cinco profissionais se dispuseram a
participar do estudo, todas elas do sexo feminino.
Os resultados da pesquisa empírica se basearam no diálogo mantido com
as pedagogas que atuam em vários espaços da Educação Não Formal, como a
Pedagogia Prisional, Pedagogia Empresarial, Pedagogia Social, Pedagogia
Hospitalar e Pedagogia Sindical.
Buscou-se entrevistar cinco pedagogas com o intuito de descobrir os seus
papéis nos diversos espaços não escolares e o motivo de suas escolhas para
estarem atuando na Educação Não Formal. A entrevista foi organizada por
meio de sete questionamentos: a atuação em espaços não formais; o tempo de
atuação; atividades não formais; perfil do educador; principais dificuldades na
Educação Não Formal; incentivo na formação continuada e comentários.
Ao começar as entrevistas, sempre foi questionado às pedagogas para
comentarem um pouco de como foi sua formação acadêmica ao longo dos
anos até sua atuação, descobriu-se que muitas delas optaram em estudar o
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curso de Pedagogia por terem feito o Magistério ou por escolha pessoal.


Nenhuma delas diz ter se arrependido, com esta questão se procurou entender
a atuação destas pedagogas em seus respectivos trabalhos.
As entrevistadas comentam que a escolha de trabalhar com a Educação
Não Formal surgiu por oportunidades de crescimento profissional e pessoal. As
mesmas atuam nos seguintes espaços: presídio, hospital, empresa, entidade e
sindicato. Cabe destacar que o pedagogo nos dias atuais não se limita mais a
sala de aula. Para OLIVEIRA (2013) “Hoje, o profissional Pedagogo está sendo
inserido em um mercado de trabalho mais amplo e diversificado possível,
porque a sociedade atual exige cada vez mais profissionais capacitados e
treinados para atuarem nas diversas áreas”.
Quando questionadas sobre o tempo de atuação das Pedagogas fora dos
muros de uma escola, nos espaços de Educação Não Formal, as mesmas
relataram que estão em torno de três (03) a doze (12) anos. Durante as
conversas, as pedagogas entrevistadas deixaram transparecer que estão
satisfeitas com suas escolhas profissionais.
“A vida escolar, a Educação Formal, não deixa de ser o foco importante
para o pedagogo, mas deixa de ser o único”. (OLIVEIRA, 2013). Os campos de
trabalho estão se expandindo cada vez mais para o pedagogo, a Educação
Formal, a de sala de aula, deixou de ser apenas um dos campos onde este
profissional pode atuar.
O pedagogo está inserido em diversos campos, e como sua formação
acadêmica já o prepara para poder trabalhar em grupos, com seres humanos,
com diálogo e muitas outras funções, o pedagogo está cada dia mais
requisitado para trabalhar em diversos campos da educação e fora dela. “O
fazer pedagógico no espaço não escolar está diretamente relacionado às
atividades que envolvem trabalho em equipe, planejamento, formação pessoal,
orientação, coordenação, sendo às transformações dos sujeitos envolvidos na
prática pedagógica” (NASCIMENTO apud MUNERON, 2010, p.63).
As Pedagogas entrevistadas informaram um pouco de suas atividades
diárias e mensais, desde trabalhos manuais, alfabetização, gestão de
negócios, administração financeira, secretária/RH/elaboração de projetos,
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acompanhamentos, organização e funcionamento de questões administrativas


e financeiras, treinamentos e entres tantas outras atividades.
As oportunidades para trabalhar em espaços não escolares, surgem em
virtude do eixo da formação do pedagogo: a aprendizagem, cada vez mais
valorizada na sociedade do conhecimento, pois a Pedagogia habilita para a
didática e metodologia de ensino, que são fundamentais para quaisquer outras
áreas do conhecimento.
Questiona-se: é necessário se ter um perfil para se trabalhar na Educação
Não Formal? Muito se fala sobre ter “perfil” ou não para exercer uma profissão.
As pedagogas entrevistadas responderam qual seria este perfil:
“Acho que todo o pedagogo já tem o perfil feito, você tem o perfil para
trabalhar em qualquer espaço. Seja formal ou não formal, você é uma
pedagoga preparada para isso” (Pedagoga Prisional).
“Acredito que cada pessoa tem um perfil, este deve conter ética como em
qualquer profissão. O exercício da atenção também é prioridade, pois existe
um relacionamento com clientes de diferentes níveis escolares e também
financeiros. Acredito que somos um exemplo talvez de criatividade, de caráter
e de base para pessoas que queiram empreender, de buscar crescimento
pessoal naquilo que ama” (Pedagoga Empresarial).
“Muita personalidade, dinamismo, amor, compromisso, competência,
acolhimento, paciência pedagógica, criatividade, doação, escuta e muitas
vezes manter sigilo, ser flexível, saber administrar conflitos, saber planejar,
avaliar. Precisa estar preparada para atender os menos favorecidos que
precisam de carinho, amor, paciência, pois são carentes de tudo. Mas também
ter pulso firme” (Pedagoga Social)
“É preciso, além de ser pedagogo, saber escutar, pois muitas vezes as
mães precisam de alguém para desabafar seus medos e angústias que
envolvem uma internação” (Pedagoga Hospitalar).
“Bom relacionamento interpessoal, saber trabalhar em equipe,
comprometimento, responsabilidade, boa comunicação, saber administrar
conflitos, trabalhar sob pressão e ser flexível” (Pedagoga Sindical).

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Ao analisar as respostas das entrevistas, conclui-se que o perfil do


pedagogo deve ser de uma forma maleável diante das situações que surgirem
durante seu trabalho. Sendo este perfil construído com muito carinho, amor,
compreensão e diálogo.
Quando questionadas sobre as dificuldades encontradas no campo de
trabalho da Educação Não Formal, observa-se que as respostas são bem
variáveis, uma das entrevistadas mencionou o relacionamento com terceiros.
Além desta dificuldade, as entrevistadas citaram exemplos como a
dificuldade na aprendizagem de seus estudantes, incentivo por parte dos pais
ou tutores, reconhecimento profissional, entre outras dificuldades que se
encontra no dia a dia.
Dificuldades têm e terão em qualquer lugar, e cabe ao pedagogo conseguir
superá-las e transformar estas dificuldades em habilidades para poder tornar
seu trabalho agradável. “Toda profissão, principalmente as que têm como
objeto de trabalho o ser humano, tem desafios consideráveis a serem
superados. Não é diferente para o pedagogo: em qualquer Instituição, seja ela
escolar ou não” (NASCIMENTO apud MUNERON, 2010, p.64).
Com as dificuldades que se encontram no decorrer do caminho, muitas
vezes levam-se a desanimar e querer parar. Assim,questionaram-se as
entrevistadas se há incentivo por parte das instituições onde trabalham para
darem continuidade a sua formação profissional. As respostas das cinco (05)
foram as mesmas. As instituições incentivam, mas não financiam. Caso as
mesmas queiram fazer algum curso ou participar de um seminário/palestra
necessitam arcar com osseus custos.
“Talvez, a desvalorização desse profissional seja um dos maiores
desafios para o trabalho pedagógico, pois muitos profissionais não veem a
possibilidade de atuação em outros espaços, somente relacionam a prática
pedagógica à escola”. (NASCIMENTO apud MUNERON, 2010, p.64).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da Educação Não Formal possuir uma trajetória de evolução


datada da década de 90, permite ratificar afirmações claras e coerentes, no
que se refere à ampliação de espaços de atuação do pedagogo.
Conforme o que está descrito nas Diretrizes Curriculares Nacionais, a
prática pedagógica está para além do espaço escolar, abrindo possibilidades
de inserção em diferentes campos do conhecimento. Segundo Libâneo (2008),
além de a educação ocorrer em salas de aula, ela também pode ocorrer na
família, no trabalho, na rua, na fábrica, na política, nos meios de comunicação,
sindicatos, presídios, hospitais, entidades sociais, empresas entre outros.
Percebe-se através do estudo empírico, que a Pedagogia se expandiu e
ao mesmo tempo trouxe novas oportunidades de trabalho para o Pedagogo. A
pesquisa revelou que a própria formação do pedagogo rompecom um perfil
profissional necessariamente atuante em contextos escolarespara uma
definição de uma prática pedagógica que trabalhe a formação dosujeito não só
no contexto escolar, porém amplia a sua prática pedagógica parauma formação
no âmbito social também, ou seja, no contexto da educação nãoformal. A
pesquisa apontou, também, que os espaços de atuação dos pedagogos são
bem amplos e neles as suas funções são variáveis.
Dessa forma, sem desmerecer o papel e a função social preponderante
e fundamental que a Educação Formal tem na constituição e na formação do
sujeito enquanto cidadão, evidenciar outras práticas e outros espaços
educativoscomo os espaços de Educação Não Formal é contribuir para uma
sociedade maisemancipada e desenvolvida. É notar que as “as várias
educações existentes” se complementamenquanto processos de formação
humana e social.Sem dúvida, a Educação não Formal cresceu e se expandiu e
com isso, trouxe novas possibilidades de atuação para os profissionais de
Pedagogia.
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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho


científico. 6.ed. São Paulo: Editora Atlas S.A , 2003.

AVANCINI, Marta. Com a valorização social do conhecimento, pedagogos


passam a ser requisitados também em Instituições e Espaços Não Escolares.
Fora da escola. 2011. Revista Educação. Disponível
em:<http://www.revistaeducacao.com.br/fora-da-escola/>. Acesso em:
19/04/2018.

BARROS, Valdilene Cardoso de; SANTOS, Isabela Macena. Além dos muros
da escola: a educação não formal como espaço de atuação da prática do
pedagogo. Pesquisa em educação: Desenvolvimento, ética e responsabilidade
social. Disponível em:
https://favenorte.com.br/files/biblioteca/publicacoes%20online/administracao/AL
EM-DOS-MUROS-DA-ESCOLA-A-EDUCACAO-NAO-FORMAL-COMO-
ESPACO-DE-ATUACAO-DA-PRATICA-DO-PEDAGOGO.pdf>. Acesso em
22/04/2018.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 4.ed. São Paulo:
Editora Atlas S.A, 2002

GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal e cultura política. 4° ed. São


Paulo. Editora Cortez, 2008.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 10ed. São


Paulo, Editora Cortez, 2008.

MEIRELES, Tatiane de Fátima Wanzeler. O desafio do pedagogo nos espaços


de educação não formal. Revista Múltiplas Leituras. V.4, 2, 2011, p. 1-2 ISSN
1982-8993.

OLIVEIRA, Maria Edna Sabina de. O Pedagogo em Espaços Não Escolares.


Disponível em: https://pedagogiaaopedaletra.com/o-pedagogo-em-espacos-
nao-escolares/. Acesso em: 23/04/2018

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