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Universidade Federal do Paraná

Setor de Educação
Curso de Pedagogia
Disciplina: Organização do Trabalho Pedagógico II

POR QUE EXCEÇÃO, E NÃO REGRA?

Bruna Reckziegel
Carlos Henrique de Mattos
Maria Beatriz Marroche

Resumo: Este artigo pretende analisar o porquê do modelo escolar, dito “alternativo” (quando
comparados com o “modelo prussiano”, ou tradicional, utilizado até hoje), continua sendo
uma exceção na educação básica, e usa como motivação o documentário “Quando Sinto Que
Já Sei”, produzido pela Vekante: Educação e Cultura, em 2014. Além disso, a pesquisa se
fundamenta nos textos “Por uma teoria da pedagogia” escrito por Clermont Gauthier, e no
capítulo “Ei, cara, eu sou boa nisso!”, do livro “Conhecimento oficial, de Michael W. Apple,
os quais foram propostos na disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico II, juntamente
com pesquisa bibliográfica relacionada ao método de ensino presente no documentário. ​falta
resultados e conclusão. 100 a 250 palavras

Palavras-chave: Escola. Ensino alternativo. Educação básica. Documentário. 3 a 5 palavras

1 INTRODUÇÃO

O método tradicional de educação, no ensino básico brasileiro, é eficaz. Apesar disso,


não parece promover uma educação voltada para a cidadania, isso é, uma proposta
educacional que promova o interesse em aprender e evoluir como cidadão. Isso conclui-se
através dos índices de proficiência em matemática e português dos estudantes brasileiros, do
último ano do ensino médio, analisando-se os dados do SAEB, de 2017. (FAJARDO,
FOREQUE, 2018)
O documentário "Quando Sinto Que Já Sei", produzido pela Vekante: Educação e
Cultura, em 2014, buscou dez exemplos de escolas alternativas espalhadas pelo Brasil, com o
objetivo de mostrar diferentes abordagens para potencializar o aprendizado dos estudantes. As
dez iniciativas trazem relatos de crianças, professores e gestores impactados por essas
instituições, baseadas no revolucionário projeto português “Escola da Ponte”, que prioriza o
trabalho em equipe e não divide alunos em séries: jovens de 6 a 10 anos estudam juntos,
promovendo a troca de conhecimentos a partir de pesquisa e apresentação dos próprios
alunos.
Além disso, usa como base um modelo alicerçado nas idéias pedagógicas de Célestin
Freinet, isso é, um modelo democrático no qual o protagonismo é do aluno, o que promove a
autonomia e a consciência cívica dos seus alunos. (FERRARI, 2008). Diferentemente de
todos os outros pedagogos do século XX (exceto Maria Montessori anteriormente e, talvez,
Paulo Freire posteriormente), Freinet “concebe de saída a pedagogia como uma atividade de
emancipação política a serviço dos trabalhadores, camponeses e outras pessoas do povo.”
(GAUTHIER, 2014, p. 242).

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Método “Maria Montessori”

De acordo com Ferrari (2008), o método Montessori de ensino é inspirado na natureza,


individualidade e liberdade do aluno, e entende que a evolução mental da criança acompanha
o crescimento biológico, que pode ser identificada em fases definidas, cada uma adequada a
determinado tipo de conteúdo e aprendizado.
Conforme a observação de crianças, identificou-se que a aprendizagem ocorria com
experiências de procura e descoberta; assim o método parte do concreto para o abstrato.
Então, para enriquecer o processo de aprendizagem, Montessori desenvolveu materiais
didáticos que tinham como característica a simplicidade, sem deixar de ser atraente ao olhar
dos jovens. Além disso, esse modelo de ensino defende que o caminho do intelecto passa
pelas mãos, pois é pelo toque que a criança explora e entende o mundo ao seu redor, assim
seus materiais didáticos tinham o objetivo também de chamar a atenção para a propriedades
do objeto, como o tamanho as formas, a textura entre outras atrativos. O principal objetivo
dos objetos é provocar o raciocínio com materiais que auxiliam todo tipo de aprendizagem
que, de acordo com Montessori, é um método mais eficaz do que o tradicional, pois não
contraria a natureza humana. (FERRARI, 2008)
Segundo Ferrari (2008), “as salas de aula tradicionais eram vistas com desprezo por
Maria Montessori. Ela dizia que pareciam coleções de borboletas, com cada aluno preso no
seu lugar.” e, por isso, dentro do modelo Montessoriano, as salas são desenvolvidas para
permitir aos alunos movimento livres, o que facilita o desenvolvimento de independência e
iniciativa pessoal. Ao entrar em uma sala de aula deste método, encontra-se crianças
espalhadas pelos espaço, em grupo ou sozinhas, concentradas em exercícios diversos. Os
professores circulam entre elas, observando e ajudando quando necessário, realizando o papel
de um mediador do conhecimento. Os alunos aprendem a fazer pesquisas tanto em bibliotecas
quanto na internet para que possam preparar apresentações para os demais colegas. Não existe
a “hora do recreio”, uma vez que não se diferem os momentos do intervalo e da atividade
didática.
Por fim, a escola tem como objetivo uma formação integral, ou seja, uma educação
para a vida. Toda a filosofia e os métodos elaborados por Montessori tem como principal
objetivo desenvolver o potencial criativo de cada criança desde a primeira infância, sempre
associado à vontade de aprender. (FERRARI, 2008)

2.2 Método “Célestin Freinet”

Muitos dos conceitos e atividades escolares idealizados por Freinet são bem
conhecidos, tal como os estudos de campo ou dos cantos pedagógicos.
Sua pedagogia tem, basicamente, quatro eixos: a cooperação (para construir o
conhecimento comunitariamente), a comunicação (para formalizá-lo, transmiti-lo e
divulgá-lo), a documentação, com o chamado livro da vida (para registro diário dos fatos
históricos), e a afetividade (como vínculo entre as pessoas e delas com o conhecimento).
Esses quatro eixos são trabalhados através de técnicas pedagógicas voltadas à leitura-trabalho,
a escrita e a imprensa, o cálculo vivo, as ciências práticas e a arte, visando as utilizações
concretas na sala de aula.
Freinet era contrário ao uso de manuais em sala de aula por considerá-los genéricos e
alheios às necessidades de expressão das crianças, defendendo que os alunos fossem em busca
do conhecimento de que precisassem em bibliotecas locais e que confeccionassem fichários
para consulta e autocorreção. De acordo com ele, todo conhecimento é oriundo da atividade
de criar hipóteses e testá-las; cabe à escola ser o ambiente fundamental para que esses eventos
ocorram.
Segundo Freinet, a atividade é o que orienta a prática escolar e o objetivo final da
educação é formar cidadãos para o trabalho livre e criativo, capaz de dominar e transformar o
meio e emancipar o ator. Um dos deveres do professor, segundo Freinet, é criar uma
atmosfera de modo a estimular as crianças a fazer experiências, procurar respostas para suas
necessidades, ajudando e sendo ajudadas por seus colegas, além de procurando no professor
alguém que organize o trabalho. Para ele, o educador deve colaborar ao máximo para o êxito
de todos os alunos.

2.3. Escola da Ponte

A “Escola da Ponte”, em Portugal, não segue um sistema baseado em seriação ou


ciclos, e seus professores não são responsáveis por uma disciplina ou por uma turma
específicas. As crianças e os adolescentes definem semanalmente quais são suas áreas de
interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em grupo como individuais.
A escola existe desde 1970; Contudo, de acordo com o promotor do modelo da escola,
José Pacheco, até 1976 a escola seguia o método tradicional. No entanto, decidiram promover
uma maior integração e, juntamente com os pais dos alunos (que participam de todos as
decisões) resolveram modificar o método de ensino. A escola existe até hoje graças ao apoio
dos pais da região, apesar de tentativas do próprio Ministério da Educação de querer fechar a
instituição, que é pública.

O Pacheco não defende modelos escolares, mas diz (2004) que “quem quiser inovar,
deve ter mais interrogações do que certezas.”

2.4. Modelo de escola de plano aberto

Esse modelo é uma escolha que não considera escolas divididas em salas de aula, com
menos portas e paredes, muito comum em ambientes corporativos. O objetivo dessas escolas,
no início, era somente a redução de custos, além de promover uma ambiente que se pudesse
implementar diferentes propostas pedagógicas; ou seja, permitisse uma versatilidade do
ambiente. Esse modelo acredita que a arquitetura da escola influencia no aprendizado. O
modelo defende que a escola deve ser um espaço para promoção do crescimento, saúde e
aprendizagem dos alunos, de maneira que proporcione interações positivas com professores e
alunos.. Um exemplo de país referência com esse modelo, que tem apoio governamental, é a
Finlândia.
As escolas finlandesas estão passando por de mudanças do espaço físico, fazendo
parte de um projeto de reconfiguração nas escolas européias: o modelo tradicional de sala de
aula está sendo substituído pelo modelo onde os ambientes são interligados.

2.5. Ei, cara, eu sou boa nisso!

PARTES DO TEXTO QUE PODEMOS USAR VOU COLOCAR TUDO COM PÁGINA

A História que conto torna clara não apenas a real possibilidade de um currículo e de uma
pedagogia mais críticos, ela também enfatiza as tensões e os conflitos que estão envolvidos na
tentativa de fazer algo diferente. Pág 209

Isto é, tenho chamado a atenção para que tornemos de forma bastante séria as intrincadas
conexões entre o que ensinamos em aula e as relações desiguais de poder na sociedade mais
ampla. Pág 210

Neles, tento lidar praticamente com questões de poder e da produção pessoal do sentido. Pág
210

Assim, o currículo não é pensado como uma “coisa”, como um programa ou curso de estudos.
Ele é considerado como um ambiente simbólico, material e humano que é constantemente
reconstruído. Pág 210

Se o currículo é de fato um problema de desenho, então, por sua própria natureza, é um ato
estético. Pág 210

Enfatizo aqui não apenas os modos usuais de utilização da tecnologia em sala de aula, mas
suas possibilidades pessoais, políticas e estéticas de realização de coisas diferentes nas
escolas. PÁG 211

Temos a tendência de pensar a tecnologia na educação como algo que é uma “armadilha
menos ruim”. Pág 211
Filmes são considerados como melhores do que um árido material de textos ou aulas
expositivas. Os objetivos não mudam. Apenas os significados. O filme, em essência, torna-se
mais um “sistema de entrega” do conhecimento oficial. O professor envia, os estudantes
recebem. E a educação “bancária” continua. Pág 211

Se pensarmos nele como um modo pelo qual as pessoas produzem suas próprias formas de
alfabetismo crítico e visual, isso nos força também a mudanças importantes em nossas
perspectivas sobre a política do conhecimento oficial. Pág 211

Assim, como o alfabetismo escrito tem sua própria “gramática” e sua própria política, o
mesmo ocorre com as formas de alfabetismo visual. E, assim como a exploração da escrita
como um ato criativo leva à autoprodução, o mesmo pode ocorrer com a exploração das
possibilidades inerentes a cada aspecto da produção visual, levando à descoberta de meios
alternativos de produção de sentido, tanto individual quanto coletivo. Pág 212

Finalmente, como mencionei antes, um dos meus propósitos é despertar nos professores
próprio sentido de possibilidade estética que permita a eles e a mim nos tornarmos nao
“connoisseurs” da “arte” de ensinar mas que nos envolvam na produção estética (e política),
realizando filmes isoladamente ou em rumos. Todos estes são aspectos de desenvolvimento
do alfabetismo crítico. Pág 212

DEPOIS DESSA PÁGINA ELE CONTA COMO FOI O MÉTODO UTILIZADO PARA
FAZER O FILME É COMO AS MENINAS FICARAM FELIZES E PARTICIPARAM
MUITO, MAS NO FIM FORAM OBRIGADOS A ACABAR COM O PROJETO.
Texto texto texto

2.7. Por uma teoria da pedagogia

PARTES DO TEXTO QUE PODEMOS USAR VOU COLOCAR TUDO COM PÁGINA
Considerando que estamos atualmente no cerne desse período histórico da profissionalização
do ensino, é pertinente interrogarmo-nos com mais profundidade sobre as relações entre os
saberes e a profissionalização de uma ocupação para melhor identificarmos as suas
implicações teóricas e políticas. Pag 66

...são identificáveis cinco níveis e que o grau de profissionalização vai crescendo das
profissões marginais, passando pelas ocupações que aspiram à profissionalização, depois
pelas semiprofissional das quais faz parte a categoria dos professores, em seguida pelas novas
profissões, até as provisões tradicionalmente estabelecidas. Pag 67

...o ofício reprocessar comporta uma variedade de características históricas e atuais únicas que
complicam toda e qualquer comparação. Pag 67

“ A capacidade que possui uma ocupação (pela ação de seus líderes) de obter e de conservar
um conjunto de direitos e de privilégios ( e de obrigações ) face a grupos sociais que não os
concederiam de outro modo. Isso significa que a resistência, ouro potência de resistência,
presente entre diversos grupos sociais (o público, o Estado) deve ser vencida pela profissão”
(Ritzer; Walczak, 1986, p.79)

Segundo Jamous e Peloille (1970, citados por Ritzer; Walczak, 1986), as profissões souberam
criar uma margem de incerteza e de indeterminação em torno de um setor de atividade. Pag 68

Essa forma de poder, todavia, é enormemente tributária do apoio oferecido pelas elites da
sociedade, pois são elas que no fim das contas, tem o poder de conceder ou não o status de
profissão a uma ocupação. Desse modo, portanto, as profissões podem fazer uso político e
ideológico da indeterminação conceitual, com o objetivo de obter uma margem apreciável de
autonomia. PÁG 69

Existe, assim, uma relação orgânica entre a universidade enquanto lugar de produção, de
difusão e de legitimação dos saberes, os conhecimentos científicos e a existência de uma
classe de trabalhadores (os especialistas ou o “political labor” que, ao se apropriarem desses
conhecimentos, tornam-se altamente qualificados e podem então aspirar ao status de
profissionais. Pág 70

Considerando o que foi expresso anteriormente, qual pode ser o impacto, sobre a
profissionalização do ofício de professor, de representações ainda comumente veiculados por
inúmeros dirigentes que afirmam que o conhecimento veiculadas por inúmeros dirigentes que
afirmam que o conhecimento aprofundado da matéria e uma experiência como educando são
suficientes para ensinar? Se seguirmos as conclusões de Friedson, seria necessário considerar
uma ameaça à profissionalização do ofício de professor toda medida visando a reduzir o
preparo pedagógico (saberes específicos ao trabalho) dos futuros professores em benefício da
formação disciplinar (saberes não específicos ao trabalho), porquanto, consequentemente,
todos aqueles que detém o saber disciplinar exigido podem ter l;vire acesso ao exército da “
profissão de professor “ sem outra forma de processo. Pag 70

Entre todas as profissões, o ensino é aquela que deveria estar assentada sobre o sólido núcleo
de conhecimento, considerando que o desenvolvimento e a transmissão de conhecimento
constituem a sua própria essência. Pág 71

De fato, a situação dos professores diante da profissionalização do ensino parece


problemática. Em primeiro lugar, observa-se que se trata de uma profissão de massa. Pag 72

A pesquisa de um repertório de conhecimento realiza-se, assim a partir de dois postulados


fundamentai: 1) existe um repertório de conhecimento peculiar à função de professor que
distingue essa ocupação das outras profissões e do saber refletido do cidadão comum; 2) a
determinação desse repertório de conhecimento se dá pelo estudo do trabalho docente. Pag 75

Não se trata, portanto, somente de estudar o ensino para melhor compreendê-lo, é preciso
também chegar a compreender melhor como fazem aqueles que ensinam com um certo
sucesso. (Phillips, 1988). Pag 76

É, todavia, possível realizar “científicas” com objetivos práticos. Pag 77


Em nenhum caso, no entanto, a ciência pode determinar as finalidades a ação (isso faz parte
da liberdade do agente); ela pode apenas indicar, vez por outra, os melhores para atingir
determinados objetivos. Pag 77

O alcance desses objetivos normativos (qualidade e excelência) parece em parte difícil devido
ao esfacelamento dos saberes na formação inicial. Pag 77

O exercício de uma profissão implica, uma atividade intelectual - voltada tanto para a
concepção quanto para a execução - que compromete a responsabilidade individual do agente.
Pag 78

...problema que comporta variáveis sociais, econômicas e organizacionais, é preciso tentar


compreender eventualmente agir sobre aquelas que estão mais próximas do contexto da
pratica de ensino. Pag 79

Trata-se, assim, a partir do estudo de campo, como denominam os antropólogos, de identificar


o que distingue a atividade pedagógica das outras ocupações e o saber dos professores
daquele do cidadão comum. Pag 79

3 MATERIAIS E MÉTODOS

A análise foi realizada, principalmente, por pesquisa bibliográfica do tema “Escolas


Alternativas”, partindo do documentário “Quando Sinto Que Já Sei”, produzido pela Vekante:
Educação e Cultura, em 2014, e dos textos “Por uma teoria da pedagogia” escrito por
Clermont Gauthier, e o capítulo “Ei, cara, eu sou boa nisso!”, do livro “Conhecimento Oficial,
de Michael W. Apple, fornecidos e discutidos na disciplina de Organização do Trabalho
Pedagógico II, durante o 2º semestre de 2019. Além disso, foram consultadas matérias
jornalísticas, tal como estudos acadêmicos, buscando o estado do arte e repercussões do
modelo escolar dito alternativo, mais especificamente, envolvendo a pedagogia Montessori e
Freinet, que fazem parte da fundamentação teórica das escolas apresentadas no documentário
“Quando sinto que já sei”.
4 DISCUSSÃO

Alguns pontos comuns surgem quando se verifica a dificuldades na aplicação desse


método no Brasil: dificuldade essa que é até hoje sentida pelos educadores da Escola da
Ponte. Uma das primeiras dificuldades é o professor pois, de acordo com José Pacheco:

“Há profissionais que estiveram sozinhos em sala durante anos e quando chegam
constatam que sua formação e experiência servem para nada. De cada dez que
entram, um não agüenta. Outros desertam e regressam depois. Mas nós também, por
vezes, temos que nos adaptar. Há dois anos recebemos muitas crianças e professores
novos, não familiarizados com a nossa proposta. Apenas a quinta parte do corpo
docente já estava lá quando isso aconteceu. Passamos a conviver com mestres que
sabiam dar aula e estudantes que sabiam fazer cópias. Foi necessário dar dois ou três
passos para trás para que depois caminhássemos todos juntos. Precisamos aceitar o
que os outros trazem e esperar que eles acreditem em nossas idéias. Essa é a terceira
vez que passamos por isso”. (MARANGON, 2004)

Essa forma de educação é desconfortável para os professores, uma vez que exige uma
interdisciplinaridade, tal como uma boa adaptabilidade ao diversos modelos pedagógicos. Por
vezes, os professores preferem o modelo tradicional, que não precisa ser questionado e que
quem fala é o detentor da verdade, sem ser contestado. Professores são treinados, capacitados
e adquirem somente uma experiência individualista, já que a tendência é sempre ensinar da
forma que aprendeu; além claro da capacitação pedagógica não pretender ser inovativa.
Outro ponto é a importância do apoio governamental, isso é, do Ministério da
Educação; a escola precisa ter o apoio da população, em especial, dos pais dos alunos, já que,
como Pacheco cita,
“Eles participam conosco de todas as decisões. Se nos rejeitarem, teremos de
procurar emprego em outro lugar. Também defendem a escola perante o governo.
Neste momento, os pais estão em conflito com o Ministério da Educação. Ao longo
desses quase 30 anos, quiseram acabar com nosso projeto. Eu, como funcionário
público, sigo um regime disciplinar que me impede de tomar posições que
transgridam a lei, mas o ministro não tem poder hierárquico sobre as famílias.
Portanto, se o governo discordar de tudo aquilo que fazemos, defronta-se com este
obstáculo: os pais. Eles são a garantia de que o projeto vai continuar. [...] Há uma
grande resistência em aceitar o nosso modelo, que é baseado em três grandes
valores: a liberdade, a responsabilidade e a solidariedade. Algumas pessoas
consideram que todos precisam ser iguais e que ninguém tem direito a pensamento e
ação divergentes. Há quem rejeite a proposta por preconceito, mas isso nós
compreendemos porque também temos os nossos.” (MARANGON, 2004)

Outra evidência, da importância desse apoio, pode ser vista na matéria da Gazeta do
Povo, que trata da mudança, na Finlândia, do modelo escolar tradicional para o modelo de
escola de plano aberto. “O modelo escolhido defende que a escola deve ser um espaço para
promoção do crescimento, saúde e aprendizagem dos alunos, além de proporcionar interações
positivas com professores e colegas.” (CARVALHO, 2017)
Um aspecto que parece não ter bibliografia é o impacto socioeconômico desse tipo de
escola nas comunidades que estão inseridas. Uma vez que se vive num período de
“economização” de todas as atividades, mais do que rejeitar essa forma de abordagem, seria
interessante justificar economicamente esse modelo de escola alternativo; uma proposta seria
verificar o índice de desenvolvimento humano, evolução do Produto Interno Bruto (PIB),
entre outros indicadores, de maneira que se justifique esse tipo de investimento para as
autoridades competentes, tornando assim, evidências científica não da somente da maior
eficácia de um método sobre outro, mas também a eficiência do mesmo.

5 CONCLUSÃO

O papel do professor, educador, pedagogo, e outros profissionais da educação é, da


melhor forma possível, transformar os fatos da realidade em algo palatável para o
aprendizado. No entanto, desde a revolução industrial, e na velocidade de transformação que
ocorre no século XXI, é praticamente impossível um educador ficar a par de todos os eventos
ocorrido no mundo. Sendo assim, a importância da integração dos mais jovens (crianças,
adolescentes e jovens adultos) é fundamental: apenas eles podem trazer o que realmente é
necessário aprender em determinado momento da civilização. Assim, se for possível focar no
protagonismo dos estudantes, para trazer os problemas reais, ao passo que o professor seria
um copiloto, isso é, um auxiliar nessa busca, teria-se, provavelmente, um maior interesse por
parte dos estudantes em melhorar e promover um desenvolvimento da sociedade.
No entanto, no formato que a sociedade é hoje, onde todo e qualquer movimento
social e político é pautado pelo retornos financeiros que virão no futuro, fica claro que um
tipo de movimento como essas escolas alternativas não consegue sobreviver sem apoio de
seus agentes, vide os constantes ataques sofridos do modelo Escola da Ponte.
De acordo com Marcelo Peruzzo, coordenador dos MBA, com ênfase em
Neurociência da Universidade Positivo:
É um grande desafio entender que o protagonismo da sala de aula agora é
compartilhado entre professores e alunos, integrando o mercado definitivamente aos
conteúdos, e utilizando o que existe de vanguarda em tecnologia, para proporcionar
acesso rápido e eficaz às informações necessárias para construção do conhecimento
de qualidade. (BASSO, 2017)

Um aspecto que poderia ser trabalhado em artigos posteriores seria a eficiência desse
tipo de educação. Especificamente, com a Escola da Ponte, que possui mais de 40 anos, seria
possível determinar o retorno que seus estudantes promoveram ou promovem na comunidade
que estão inseridos, através da análise de índices, como Produto Interno Bruto por habitante
(PIB per capita), sendo a forma ideal, baseada em evidências científicas, para demonstrar a
viabilidade desse modelo de escola.
Vale ressaltar que, apesar da sugestão de estudo de viabilidade econômica, a educação
deve ser vista, não como meio, mas como um fim em si mesmo, pois “se a educação servir
apenas ao necessário e útil [...] a plena realização da excelência humana tornar-se-á
impossível, porque os humanos não saberão o que fazer com seu tempo livre, que deveria
servir ao ócio”. Apesar disso, é sempre relevante utilizar as ferramentas desenvolvidas pela
ciência como forma de desenvolvimento da sociedade; rejeitar o que se conquistou pelo
avanço científico até hoje é uma tarefa contraproducente. Nesse sentido, o conservadorismo,
respeitando a evolução de práticas e costumes, contribuirá fortemente para o desenvolvimento
da pedagogia como profissão.

6 REFERÊNCIAS

APPLE, Michel W. “Ei, cara, eu sou boa nisso!”: A arte e a política de criar novo
conhecimento nas escolas. In: APPLE, Michel W. ​Conhecimento Oficial: A educação
democrática numa era conservadora.​ Petrópolis: Editora Vozes, 1997. [p. 207 – 218]

FREIRE, Paulo. FAUNDEZ, Antonio. ​Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz
& Terra, 1985.

GAUTHIER, Clermont. [et al]. ​Por uma teoria da pedagogia: pesquisas sobre o saber
docente. ​Trad. Francisco Pereira. 3ª ed. Ijuí: Editora Ijuí, 2013. [p. 66 – 79].

GAUTHIER, Clermont; TARDIF, Maurice. ​A pedagogia: teorias e práticas da


Antiguidade aos nossos dias. ​Trad. Lucy Magalhães. 3ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2014.

QUANDO SINTO QUE JÁ SEI. Direção: Antonio Sagrado, Raul Perez e Anderson Lima.
Produção e Montagem: Antonio Sagrado e Raul Perez. Vekante: Educação e Cultura. 2014.

https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/08/30/7-de-cada-10-alunos-do-ensino-medio-tem
-nivel-insuficiente-em-portugues-e-matematica-diz-mec.ghtml
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/dez-documentarios-essenciais-para-discutir-educa
cao-85csmomtpu64qb3lw2m9hwigp/

https://novaescola.org.br/conteudo/335/jose-pacheco-e-a-escola-da-ponte

https://novaescola.org.br/conteudo/1754/celestin-freinet-o-mestre-do-trabalho-e-do-bom-sens
o

https://profes.com.br/profmarciocavalcanti/blog/a-educacao-prussiana-dos-dias-atuais

https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/como-no-seculo-19-nossas-salas-de-aula-pararam
-no-tempo-arjn56m7xzsmdid2inpnhu8cv/

https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/arquitetura-da-escola-auxilia-na-construcao-da-apr
endizagem-0spzc9d4oao28nvswxs5g8cf2/

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