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Colégio Estadual Antônio da costa Brito

POVOS ORIGINÁRIOS DO BRASIL:


Os Kaiapó

Trabalho para disciplina HCIAA (História e Cultura


indígena americana e afrodescendente), como
parte dos requisitos necessários para avaliação da
II unidade. Solicitado na turma 1°ano CM.

Orientador(a): Prof. Ferreira


.

Agosto/2023
POVOS ORIGINÁRIOS DO BRASIL:
Os Kaiapó

Componentes:
Helena Santos de Andrade
Isabele de Jesus Santos
Lucas Gabriel Miranda Bonifácio
Monique Evelyn Sousa dos Santos
Paula Marcelle dos Santos Oliveira
Tauane Helena Augusto Ramos dos Santos
Vitoria Aparecida da Conceição Santos
Walisson Donato Bispo

Agosto/2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................3
2. DESENVOLVIMENTO............................................................................................4
2.1. Região que Habitam Atualmente / População Atual........................................4
2.2. Modo de Vida..................................................................................................4
2.3. Educação........................................................................................................6
2.4. Organização Social.........................................................................................6
2.5. Relação de Poder na Aldeia ...........................................................................7
2.6. Rituais, Mitologia, Festas, e Crenças..............................................................7
2.6.1. Rituais..........................................................................................................7
2.6.2. Festas..........................................................................................................8
2.6.3. Mitologia e Crenças......................................................................................8
2.7. Arte.................................................................................................................9
2.8. Culinária........................................................................................................10
2.9. Pinturas e seus Significados.........................................................................11
2.10. Cocares de Canudo: A Arte feita à Mão pelos Guerreiros Kayapó...............11
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................13
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1. INTRODUÇÃO

Os Kayapó vivem em aldeias dispersas ao longo do curso superior dos rios Iriri,
Bacajá, Fresco e de outros afluentes do caudaloso rio Xingu, desenhando no Brasil
Central um território quase tão grande quanto a Áustria. É praticamente recoberto pela
floresta equatorial, com exceção da porção oriental, preenchida por algumas áreas de
cerrado. A cosmologia, vida ritual e organização social desse povo são extremamente
ricas e complexas; assim como são intensas e ambivalentes as relações com a
sociedade nacional e com ambientalistas do mundo todo. No século XIX os Kayapó
estavam divididos em três grandes grupos, os Irã'ãmranh-re ("os que passeiam nas
planícies"), os Goroti Kumrenhtx ("os homens do verdadeiro grande grupo") e
os Porekry ("os homens dos pequenos bambus"). Destes, descendem os sete
subgrupos kayapó atuais: Gorotire, Kuben-Krân-Krên, Kôkraimôrô, Kararaô,
Mekrãgnoti, Metyktire e Xikrin.
O termo kayapó (por vezes escrito "kaiapó" ou "caiapó") foi utilizado pela
primeira vez no início do século XIX. Os próprios não se designam por esse termo,
lançado por grupos vizinhos para nomeá-los e que significa "aqueles que se
assemelham aos macacos", o que se deve provavelmente a um ritual ao longo do
qual, durante muitas semanas, os homens kayapó, paramentados com máscaras de
macacos, executam danças curtas. Mesmo sabendo que são assim chamados pelos
outros, os Kayapó se referem a si próprios como mebêngôkre, "os homens do
buraco/lugar d'água". A língua falada pelos Kayapó pertence à família lingüística Jê,
do tronco Macro-Jê. Existem diferenças dialetais entre os vários grupos Kayapó
decorrentes das cisões que originaram tais grupos, mas em todos eles a língua é uma
característica de maior abrangência étnica, levando ao reconhecimento de que
participam de uma cultura comum. Os Kayapó, para quem a oratória é uma prática
social valorizada, se definem como aqueles que falam bem, bonito (Kaben mei), em
oposição a todos os grupos que não falam a sua língua. Em certas ocasiões, como os
discursos do conselho ou cerimoniais, os homens Kayapó falam num tom de voz como
se alguém estivesse dando-lhes um golpe na barriga (ben), diferenciando assim esse
tipo de oratória da fala comum.
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Região que Habitam Atualmente / População Atual


Atualmente os caiapós vivem com mais de 12 mil indígenas, os povos da tribo
caiapó que agora conhecido também como Mebêngôkre, pois habitam e protegem há
dezenas de anos uma extensa parte territorial da Floresta Amazônica que se estende
do norte de Mato Grosso até sul do Pará. Porém há cerca de aproximadamente 100
anos, eles não eram os únicos caiapós no país. Por isso, eram chamados de caiapó
do Norte, ou sul dependendo de sua região.
O território kayapó está situado sobre o planalto do Brasil Central, a
aproximadamente 300 ou 400 metros acima do nível do mar. Trata-se de uma região
preenchida por vales. Pequenas colinas com altitude máxima de 400 metros,
frequentemente isoladas e dispersas sobre todo o território, espalham-se pelo
planalto. Os grandes rios são alimentados por inúmeras calhetas e igarapés que, de
tão pequenos, alguns se quer foram descobertos pelos brasileiros e tampouco
receberam nomes.
No Brasil Central, o ano se divide em duas estações: a estação seca, que se
estende do mês de maio ao mês de outubro, e a estação chuvosa, que corre do mês
de novembro ao mês de abril. A estação seca caracteriza-se pelos dias quentes e
ventosos, pelas noites frescas e pela ausência quase total de mosquitos. Trata-se do
período certamente mais agradável e os Kayapó costumam se referir a ele como
"tempo bom". A estação chuvosa, em contrapartida, caracteriza-se por chuvas
torrenciais, pela inundação da maior parte dos rios e igarapés e pela presença
desagradável de uma grande quantidade mosquitos e outros tipos de insetos. Ao
evocar esse período, os índios se referem simplesmente ao "tempo da chuva". O
índice pluvial anual é considerável, variando de 1.900 mm., no nordeste do território,
a cerca de 2.500 mm., no sudeste - para se ter uma idéia, a Bélgica, tida como um
país chuvoso, conta com um índice anual de aproximadamente 1.000 mm.

2.2 Modo de Vida


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A vida dos homens kayapó é caracterizada por uma mobilidade excepcional. A


maior parte das atividades dos homens se fazem do lado de fora da casa: a caça, a
pesca, as caminhadas, a fabricação de objetos e ferramentas, ou simplesmente a
conversa na casa dos homens. Como são sobretudo as mulheres que se destinam ao
trabalho nas roças, à preparação dos alimentos e à educação das crianças, os
homens não se sentem obrigados a realizar deveres domésticos na aldeia. Eles
passam, aliás, boa parte de seus dias na floresta para caçar e pescar.

Em geral, os homens caçam sós. No alvorecer, eles se embrenham pela mata


em ordem dispersa. Aquele que tem a sorte de abater uma presa de imediato estará
de volta por volta do meio-dia. Os outros, que seguem uma pista fria ou para quem
falta a sorte, errarão na floresta até o cair da noite. As armas tradicionais são cada
vez mais substituídas pelos fuzis. Os arcos, as flechas e as lanças são apenas
utilizadas em ocasião de cerimônias solenes ou na ausência de munição.

São especialmente as mulheres que produzem a quantidade necessária de


alimentos calóricos. As roças, cultivadas em um raio médio de quatro a seis
quilômetros da aldeia, são geridas por elas. Cada família possui suas próprias roças,
onde se cultiva sobretudo batata-doce, milho, cana-de-açúcar, bananas e mandioca,
extremamente ricas em calorias. Algumas frutas tropicais, o algodão e o tabaco
também integram o cultivo.
Os Kayapó são exigentes na escolha de terras potencialmente férteis: o oásis
ideal é uma porção de floresta com uma vegetação não muito densa, não longe de
um rio e situada no pé de colinas. Os Kayapó fazem uma distinção entre diferentes
tipos de terrenos e de florestas. A escolha de um lugar conveniente para o
estabelecimento de uma nova aldeia ou de uma nova roça não se faz de modo
precipitado. Especialistas examinam cuidadosamente a terra, sua cor e sua
composição. A vegetação existente é igualmente tomada em consideração.
As mulheres vão todos os dias às roças para recolher legumes. A vida de uma
mulher kayapó é um tanto monótona. Mas algumas vezes por ano, geralmente durante
a estação seca, pequenos grupos de mulheres vão à floresta para juntar frutas
selvagens e óleo de palmeira. As excursões mais curtas duram dois dias, as mais
longas, uma semana. As mulheres nunca se separam de fato da aldeia,
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permanecendo em um raio de cerca de 30 km ao redor dali, território com o qual são
mais familiarizadas e que é constantemente atravessado por caçadores.

2.3 Educação

Ao certo não especifica a educação dos caiapós em sites de pesquisa porém


em sua maior parte é baseada em crenças e meios de trabalho convencionais da área
rural. Tanto que principal atividade econômica e uma das principais sociais da tribo
dos Caiapós é a agricultura e domesticação de animais praticada por homens,
mulheres e meninos.
Além de suas lendas que passam de geração em geração como a lenda do
fogo: um homem é abandonado pelo cunhado no alto de uma rocha porque foram
juntos apanhar ninhos de arara, e quando o que subiu atira os ovos à baixo, os quais
se transformam em pedras.
E a religião que também é uma herança deles e de todas as outras tribos
brasileiras que é a animista, que o objetivo é cultuar elementos do Cosmos ou
natureza como: sol, lua, estrelas, rio, oceano, montanha, floresta, rocha, os seres
vivos: animais, fungos, vegetais e os fenômenos naturais, chuva, vento, dia, noite.

2.4 Organização Social

As aldeias kayapó tradicionais são compostas por um círculo de casas


construídas em torno de uma grande praça descampada. No meio da aldeia, há a
casa dos homens, onde as associações políticas masculinas se reúnem
cotidianamente. Esse centro é um lugar simbólico, origem e coração da organização
social e ritual dos Kayapó, célebre por sua complexidade. Note-se que essa estrutura
espacial e simbólica pode ser reencontrada entre os outros grupos Jê.
A periferia da aldeia é constituída por casas dispostas em círculo, repartidas
de modo regular, nas quais habitam famílias extensas. Essa porção da aldeia é
associada, sobretudo, às atividades domésticas, ao desenvolvimento físico do
indivíduo e à integração no seio dos grupos de parentesco. Quando as mulheres não
trabalham na roça, elas coletam frutos e lenha ou se banham. O restante do tempo é
passado no interior ou nos entornos da casa, onde elas fiam, ocupam-se de suas
crianças, preparam a comida ou simplesmente entretêm-se com os membros de sua
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família. Conceitualmente, o círculo das casas é território de mulheres, essencialmente
direcionado para assuntos "femininos". Trata-se do domínio das relações individuais
como o afeto e a evitação, assim como das relações de reciprocidade e de mediação.
No mais, essa zona periférica é associada aos tabus alimentares, ao ciclo de vida, ao
parentesco, ao casamento e aos laços de amizade formal.

2.5 Relação de Poder na Aldeia

Na sociedade kayapó, não há um chefe que administre toda a aldeia. Cada


associação possui um ou dois chefes, que exercem jurisdição sobre seu próprio grupo.
Não é simples tornar-se um chefe. Um chefe potencial deve, durante muitos anos,
seguir o ensinamento de um chefe mais experiente. Este último instrui
aproximadamente quatro jovens, não apenas seus descendentes diretos (filhos ou
netos) - situação privilegiada -, mas também pessoas não aparentadas. Tal
ensinamento ocorre durante a noite, na casa do chefe veterano. Aqueles que não
possuem qualquer laço de parentesco com o instrutor devem lhe oferecer alimentos.
Uma noite de instrução dura aproximadamente duas horas, mas pode,
ocasionalmente, se prolongar por cinco ou seis horas. Tal feito é interrompido apenas
quando de longas expedições de caça ou de caminhadas pela floresta.

2.6 Rituais, Mitologia, Festas e Crenças

2.6.1. Rituais
Os rituais kayapó são numerosos e diversos. Dividem-se em três categorias
principais: as grandes cerimônias de confirmação de nomes pessoais; certos ritos
agrícolas, de caça, de pesca e de ocasião - por exemplo, aqueles realizados quando
de um eclipse solar ou lunar - e, enfim, os ritos de passagem. Estes últimos são
freqüentemente solenes, porém curtos, e raramente acompanhados de danças ou
cantos: são organizados para anunciar publicamente a passagem de algumas
pessoas de uma classe de idade para a outra.
Exemplos de ritos de passagem, todas as cerimônias são qualificadas pelo
termo mereremex ("gente que estende a sua beleza"), que faz referência à maneira
correntemente elaborada com que os homens se ornamentam em tais ocasiões. Tais
cerimônias constituem atividades grupais cuja finalidade é socializar valores
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"selvagens" ou anti-sociais. É assim em relação à atribuição do nome, tema central
da maior parte das cerimônias kayapó; com efeito, os nomes pessoais são
emprestados da natureza. São os xamãs que entram em contato com os espíritos
naturais e aprendem com eles novos cantos e nomes.
Nessas ocasiões, a maior parte das sequências rituais ocorre na praça central
da aldeia. Nota-se aqui uma inversão do espaço social ordinário: o centro da aldeia,
normalmente organizado com base na amizade e no não-parentesco, é convertido no
domínio de atividades em que tanto os laços pessoais familiares como os elementos
naturais - portanto "selvagens", como os nomes pessoais ou da caça abatida - são
centrais.

2.6.2. Festas
Durante a vida, alguns Mebêngôkre recebem nomes especiais através de uma
cerimônia de nominação. Kôkô é apenas um deles. E a festa de Kôkô foi a escolhida
pelos Mebemgokre para ser partilhada com a comunidade da VIII Aldeia Multiétnica,
nos dias 23, 24 e 25 de julho.
Antes e depois do pôr e do nascer do sol, nestes três dias, as máscaras e os
Mebêngôkrê brincaram, cantaram e dançaram na aldeia.

2.6.3. Mitologia e crenças


A religião dos caiapós, assim como a de todos indígenas, é animista, que
cultuam elementos do Cosmos (sol, lua, estrelas), os elementos da natureza (rio,
oceano, montanha, floresta, rocha), os seres vivos (animais, fungos, vegetais) e os
fenômenos naturais (chuva, vento, dia, noite).
São povos repletos de mitos e eram altamente reconhecidos como " povo que
fala bem/bonito" pelas sociedades externas. Internamente, estes indígenas se referem
ao seu povo como Mebêngôkre ou “aqueles que vieram do buraco/fundo da água”.
Eles contam que seus ancestrais viviam no céu até o dia em que um guerreiro
caçador, ao perseguir um tatu canastra, cavou um enorme buraco que ligou o céu à
terra. Encantado com a visão da floresta e seus rios, levou à descoberta aos tuxauas,
seus líderes, que decidiram se mudar para a mata.
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A colheita de algodão foi utilizada para produzir uma longa corda, pela qual
muitos membros do grupo desceram. Nesse momento, um menino travesso cortou a
longa corda, separando definitivamente o seu povo.
Os que desceram criaram raízes, família e seguiram perpetuando os
ensinamentos da época em que viviam no céu, que seguem admirando até hoje. Os
Mebêngôkre acreditam que as estrelas são os seus antepassados celestes e seu
brilho os remete todas as noites às suas origens.
Muitos relatos explicam os fatos culturais, desde a obtenção do fogo até a casa
da onça-pintada. As danças são levadas muito a sério, pois explicam a relação com a
natureza, a sociedade e a história. Não usam bebidas fermentadas nem plantas
alucinógenas.

2.7 Arte

A arte, Kayapó, assim como todas as outras é um estilo de expressão belíssimo


é cheia de história por trás.
As mulheres Caiapós transformam em arte desde o cesto trançado com palha
para coletar os alimentos, até as finas linhas, feitas com tintura de jenipapo, que se
tornam intrigantes estampas de tecido ou da própria pele. Cada pintura, inspirada na
fauna e flora, presentes na rotina das tribos, têm seu próprio significado. A cor violeta
dentro da tribo indígena. O produto desenvolvido expressa a iconografia dos povos
originários em questão, através das barras laterais, que trazem um pouco da arte
feminina da tribo, assim como os traços na diagonal que remetem aos cordões laterais
que usam.
Grafismos e pinturas corporais marcam a identidade do povo Kayapó.
O significado dos grafismos e das pinturas corporais para os indígenas vai
muito além do decorativo. Eles marcam a identidade dos povos originários,
considerando sempre as diferenças e as particularidades de cada etnia para
estabelecer simbologias próprias. E são as mulheres Mebêngôkre-Kayapó que, além
de dominar as técnicas de desenho dos traços, também exercem o importante papel
na preservação e na perpetuação desse conhecimento e, claro, da cultura indígena.
Desde a infância, as menires, como são chamadas nas aldeias, aprendem as
pinturas características de seu povo e as disseminam por gerações, fortalecendo
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durante esse processo, principalmente, as relações entre os Kayapós e suas aldeias.
Além de exibir a identidade Mebêngôkre, esse tipo de arte corporal também é usado
em rituais, encontros, adornos e festejos.
Reconhecendo a importância da cultura Kayapó, o projeto Tradição e Futuro
na Amazônia (TFA), patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental, prevê uma
série de atividades para valorizar e apoiar as tradições do povo Mebêngôkre. Entre
elas, está a realização de oficinas temáticas para facilitar a troca de conhecimento
entre mulheres indígenas.
Natureza é usada para produção de tintas e como inspiração para a criação
das pinturas
A partir de frutos de cores fortes, como o urucum e o jenipapo, os indígenas
produzem suas tintas, que por vezes misturadas com carvão para obter outras
tonalidades de cor. As pinturas chegam a durar oito dias e são reproduzidas pelas
mulheres Kayapó com os próprios dedos ou pincéis de tala de folha de palmeira de
babaçu – este consegue desenhar traços finos e com distância mínima entre os
desenhos.
E é na natureza que as menires encontram a inspiração para criar seus
desenhos: peixes, aves, mamíferos e plantas são um prato cheio para que elas
exercitem a criatividade e ainda aprimorem suas técnicas, gerando infinitas
possibilidades de variações e combinações. Além de desenhá-los no corpo, as
pinturas também são aplicadas em outras produções, como telas, tecidos, calçados,
camisetas, bolsas, entre outros. Estes itens também são comercializados e
representam uma fonte de renda sustentável para as aldeias Kayapó.

2.8 Culinária
No que se refere à arte culinária Kayapó, destacam-se os alimentos assados
no forno, pois esses povos não apreciam comida na água.
Hoje, os Kayapó usam panelas de alumínio para carregar água ou para
cozinhar o arroz ou macarrão, produtos comprados na cidade.
Porém, as carnes, o peixe, a mandioca, o milho, o palmito e as abóboras, assim
como os grandes bolos de farinha de mandioca embrulhados em folhas de bananeiras
denominado Juwocupú, são assados diariamente no grande forno de pedra o Ki
situado atrás das casas na aldeia.
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Eles também apreciam carnes gordurosas, como a da anta, do caititu e do
veado. Mas não é todo dia que se pode encontrar esses grandes mamíferos. A maior
parte dos pássaros é abatida apenas pelas suas plumas coloridas. As onças, os gatos
selvagens e as suçuaranas são mortas quando cruzam o caminho do caçador, mas
não são especificamente caçados. Com efeito, os Kayapó acreditam que o fato de
comer a carne de felino pode provocar certas doenças. Os macacos, as cutias e,
sobretudo, os jabutis são frequentemente caçados e possuem um papel essencial na
alimentação dos indígenas.

2.9 Pinturas e seus Significados

Para o povo Kayapó a pintura corporal é muito mais que expressão de beleza,
ela é uma segunda pele que veste o indivíduo de seu papel social. É como se a pessoa
só existisse para a sociedade através da pintura. A pintura corporal é uma atividade
contínua desempenhada por todas as mulheres Kayapó a partir do momento em que
nasce seu primeiro filho. É através da criança que a mãe se qualifica como pintora, e
através da pintura transmite carinho e socializa seu filho.
Para fazer a tintura as nires(mulheres) usam o miolo da fruta jenipapo, água e
carvão, este último ingrediente serve de guia, já que a nódoa do jenipapo vai
escurecendo lentamente, ao aderir à pele. Depois de 2 horas toma-se banho para tirar
os resquícios do carvão, ficando só o pigmento preto. A pintura pode durar até 8 dias.
A aplicação é feita com um estilete, de nervura de palmeira ou bambu, e com os dedos
da mão direita e apenas o indicador da esquerda. As nires usam a mão direita como
palheta, por isso, com muito orgulho, estão sempre com a mão preta, enquanto a
esquerda deve estar sempre limpa para servir de apoio.
os padrões da pintura kayapó são grafismos extremamente elaborados que
representam de forma abstrata: peixes, aves, jabutis, antas, plantas e tantos outros
elementos que estão no mesmo nível cosmológico que o índio, já que pra eles o
sentido de natureza (ela lá e nós aqui) assim como nós concebemos não existe. A
simetria e a perfeição na execução dos traços são bastante surpreendentes. A
infinidade de desenhos e estilos também impressiona.

2.10 Cocares De Canudo: A Arte Feita À Mão Pelos Guerreiros Kayapó


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O cocar é um artefato ritual, confeccionado artesanalmente pelos homens da
aldeia e usado em cerimônias de diversas etnias. Se até pouco tempo seu uso era
restrito a ritos, exposições e pesquisas de arte indígena, hoje o cocar toma as ruas da
cidade, despertando interesse sobre suas origens e os costumes relacionados a este
adorno. Grande parte dessa nova “moda” se deve à invenção dos índios Kayapó,
habitantes das margens do Rio Xingu: o cocar de canudos ou pidjôkango oicõ djã nho
meàkà, na língua indígena.
O protótipo original do cocar chama-se meakà. É um arco feito com penas de
diferentes pássaros como araras, papagaios, mutuns e rei-congos, conforma as cores
escolhidas por quem o confecciona. São os homens que caçam os pássaros na
floresta, arrancam-lhes as penas e preparam-nas para serem afixadas lado a lado
com linhas de algodão cru, dando forma, simetria e beleza ao meakà.
“Estes cocares de canudinhos de plástico são perfeitos exemplares da
criatividade Kayapó em absorver novas matérias-primas e moldá-las segundo sua
tradição estética em formas antes moldadas com materiais considerados tradicionais
(por nós e não por eles), tais como as penas, as sementes, os cipós e embiras”. A fala
é do antropólogo André Demarchi, que tem os Kayapó como objeto de pesquisa desde
2009.

Imagem: Simone Giovini / Associação Floresta Protegida – Retirada do Youtube do vídeo da AFP
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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SCARPARO, Amanda. Cocares de Canudos – A arte feita à mão pelos guerreiros


Kayapó. Tucum Brasil, 2016. Disponível em: https://site.tucumbrasil.com/cocares-
de-canudos-a-arte-feita-a-mao-pelos-guerreiros-kayapo/. Acesso em: 18 ago. 2023.

SANTANA, Amanda. Pintura Corporal Kayapó. Belezoca, 2012. Disponível em:


http://www.belezoca.com/2012/03/pintura-corporal-kayapo.html. Acesso em: 18 ago.
2023.

PORFÍRIO, Francisco. Cultura indígena. Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cultura-indigena.htm. Acesso em 18 de
agosto de 2023.

EQUIPE EDITORIAL. Caiapós. Santa Rosa de Viterbo. Disponível em:


https://santarosadeviterbo.wordpress.com/2013/03/06/caiapos/#:~:text=A%20religi%
C3%A3o%20dos%20caiap%C3%B3s%2C%20assim,vento%2C%20dia%2C%20noit
e. Acesso em: 18 ago. 2023.

EQUIPE EDITORIAL. Mebêngôkre(Kayapó). Povos Indígenas no Brasil. Disponível


em:
https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Meb%C3%AAng%C3%B4kre_(Kayap%C3%B
3)#Cosmologia_e_ritual. Acesso em: 18 ago. 2023.

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