Revista Lar Cristão 1

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 2 Revista Lar Cristão

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 Lar Cristão mai/jun 2009 – nº 108
{ SUMÁRIO }

4 Pra Início de Conversa

Os filhos foram feitos para voar
{ Jaime Kemp }

10 Superando conflitos
Nova criatura, e agora?
{ Marcos Antonio Garcia }

16 Discipulando filhos
Educando filhos
{ Adhemar de Campos }

22 Obediência
Má educação versus respeito
{ Eli Fernandes }

28 Nossa realidade
A realidade da família brasileira
{ Rubens Muzio }

32
18 Capa Sexo
Receita especial para pais de
adolescentes e jovens
Educados no amor! { Judith Kemp }
{ Tania Cecilia }
36 Educação sexual
Vital numa sociedade permissiva
{ Jaime Kemp }

38 Moral e religiosa
Educação: a ampliação dos horizontes
{ Pr. Eude Silva e Pra. Jeci Silva }

42 Saúde
12 Filhos
Padrões errôneos de sentimentos,
causados por uma má educação
Aprendendo com o Mestre { Marisa Lobo }
{ Jaime Kemp }
44 Finanças para a família
Educação financeira
{ Paulo de Tarso }

45
6 Entrevista
Um líder com 46
Fique por dentro

Comunicação
Quem está fazendo a cabeça
ênfase no amor, de seu filho
na família e no { Dora Bomilcar }

louvor 48 Teoria na prática

{ Pr. Carlos Alberto de Educação: a ampliação dos horizontes
Quadros Bezerra } { Iara Vasconcellos }

50 Kids com Mig e Meg

{ Márcia M. d’Haese }
Revista Lar Cristão 3

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 { PRA INÍCIO DE CONVERSA }
Lar Cristão
maio/junho 2009

A Revista Lar Cristão é uma publicação da

Os filhos foram feitos para voar Editora Fôlego Ltda. dirigida à família brasileira.
Seu conteúdo oferece orientação bíblica, clara e
segura.
A melhor herança que os pais podem deixar Diretor
Jaime Kemp
a seus filhos é a educação.
Editores
Emilio Fernandes Junior
Rosana Espinosa Fernandes

O
lar é um laboratório para a vida. Deus nos deu o contexto que Editora Ministério Lar Cristão
Iara Vasconcellos
chamamos “família” para treinar, educar, instruir e discipular nos-
sos filhos. Porém, não somos seus donos. Eles nos foram empresta- Jornalista Responsável
Luiz Francisco de Viveiros
dos por Deus para que lhes transmitíssemos as coordenadas que depois MTB 23258

orientarão seus próprios caminhos. Revisor

Paulo César de Oliveira
Cada filho é uma pessoa única. E todos são abertos e desejosos de apren-
Projeto Gráfico e Diagramação
der. Esta edição aborda o tema educação nas várias concepções da palavra Neriel Lopez (NLopez Publicidade)

e apresenta matérias com dicas e sugestões de formas de educação, treina- Matéria de Capa
Tania Cecilia Fernandes Moraes
mento e discipulado para pais, professores e todos que de alguma forma são
Atendimento
responsáveis pela educação de outro ser humano. Adriana Lemos França Cunha
adriana@editorafolego.com.br
Nossa época atual é de grande confusão sobre a validade de novos mé- (11) 2122-4243
todos de educação. Os próprios acadêmicos dividem-se entre torcidas para Publicidade
Deve ser encaminhada para Editora Fôlego:
a permanência de determinados sistemas educacionais, em oposição aos Caixa Postal 16610 - São Paulo - SP
que optam por processos mais contemporâneos. As próprias igrejas vão em Fone: (11) 2122.4243
Fax: (11) 5539.4329
busca de formas mais eficazes de comunicação para transmitir seus precei- anuncios@revistalarcristao.com.br

tos e valores. Seções Permanentes

Adhemar de Campos, Aécio Ribeiro,
Enfim, a verdade é que a forma não pode ser empecilho na transmissão Carlos Alberto Bezerra, Iara Vasconcellos,
Jaime Kemp, Luiz Antonio Caseira, Márcia M.
da educação. Seja ela direcionada a crianças, jovens ou adultos, a educa- d’Haese, Marcos Antonio Garcia, Paulo de Tarso

ção, nas várias modalidades aqui apresentadas, molda e direciona o ser Conselho Editorial
Rev. Hernandes Dias Lopes – Igreja Presbiteriana
humano a se tornar mais humano e também mais espiritual. de Vitória (Vitória/ES); Dr. Luiz Antonio Caseira –
médico e missionário de Vencedores por Cristo
Que esta edição seja uma ferramenta de ajuda na competência (RJ/RJ); Pr. Ismail Sperandio (Curitiba/PR); Alex
Dias Ribeiro – diretor de Atletas de Cristo (SP/SP);
educacional. Ary Velloso – Igreja Batista do Morumbi (SP/SP);
Sonia Emilia Andreotti – redatora do Ministério
Bom aprendizado, Lar Cristão (SP/SP); Pr. Edson Alves de Souza –
Igreja Batista de São Gonçalo (S. Gonçalo/RJ); Pr.
Armando Bispo – Igreja Batista de Fortaleza
Jaime Kemp (Fortaleza/CE); Dr. Carlos Oswaldo Cardoso Pinto
– Seminário Bíblico Palavra da Vida (Atibaia/SP).

{ C A R TA DO LEITOR } e-mail: redacao@revistalarcristao.com.br
O Grupo de Casais da Primeira Igreja Batista de Manaus
em 2009, optou por reunir-se a cada dois meses em
pequenos grupos nos lares com o objetivo de
desenvolver relacionamentos. Isso tem sido feito em
torno dos temas veiculados na Revista Lar Cristão. A
igreja fez 100 (cem) assinaturas da Revista que são
doadas gratuitamente às famílias que comparecem
às reuniões em primeira mão, e depois distribuídas
entre os casais cadastrados. Tem sido uma experiência
maravilhosa! O tema Planejamento Financeiro foi muito
bem debatido e houve muito interesse em torno do
tema, a abordagem foi oportuna para as famílias. Dia
30 de maio a reunião esteve em torno da Revista nº
107, que tem como tema Perdão, o tema foi exposto
nos lares. Esta edição traz consigo uma excelente
reivindicação de caráter geral, mas que encontra na
família o local de sua maior necessidade, é no lar que
há maior proximidade e maior risco de mágoas e
ressentimentos, devendo o exercício do perdão ser
Envie suas considerações e sugestões para o
constante. As matérias são práticas e inspiradas,
destacamos “Eu perdoo, mas não esqueço”, e a
contundente: “Traição! Isso eu não perdoo”. Entre
outros são os temas que tem edificado a família da
Primeira Igreja Batista de Manaus.
Gilbraz Bessa – PIB – Manaus/AM
A última revista sobre Perdão foi algo maravilhoso na
minha vida, pois já vivi um momento que tive que
perdoar uma traição, e sei que não é fácil. Vocês
estão de parabéns pelo tema “Perdão”, foi muito
apropriado, pois estamos vivendo tempos difíceis.
Rosemeire C. Cardoso – Praia Grande/SP
A escolha do tema Perdão foi uma das melhores
edições dos últimos meses, pois a base do perdão é
o amor. É muito claro que temos muito a aprender
sobre o tema.
Tania Martins de Mello – Itajaí/SC
Correspondentes Internacionais
Dr. Luiz Palau – escritor e evangelista argentino
(EUA); Paul Landrey – Christ for the Cities; Dr. Bill
Lawrence – teólogo e professor no Dallas
Theological Seminary (EUA); Hans Wilhelm – vice-
diretor da Chinese International Mission.
Material Jornalístico e de Divulgação
Deve ser encaminhado para a Editora Fôlego:
redacao@revistalarcristao.com.br
www.revistalarcristao.com.br
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CEP 03149-970 – Tel: (11) 2122.4243
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A Revista Lar Cristão não se responsabiliza
pelo conteúdo e pelos conceitos emitidos nos
artigos assinados, pois não representam,
necessariamente,
a opinião da revista.
É permitida a reprodução, total ou parcial, do
conteúdo do material editorial publicado, desde
que citada a fonte e com autorização prévia e
documentada da Revista Lar Cristão.

4 Revista Lar Cristão

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 Revista Lar Cristão 5

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 { E N T R E V I S T A | P A S T O R C A R L O S A L B E RT O
Um líder com ênfase
no amor, na família
e no louvor
N
esta edição a Revista
Lar Cristão traz uma
entrevista com o
pastor Carlos Alberto
de Quadros Bezerra, fundador e
presidente da Igreja Comunidade
da Graça. Ele tem 65 anos, é
casado há 43 com Suely Bezerra,
também pastora, e tem seis filhos.
Com 44 anos de ministério, Carlos
Alberto é hoje um dos principais
líderes da Igreja brasileira. A
denominação que lidera comple-
tou neste mês de maio 30 anos de
existência. Conhecida pelas
reuniões nos teatros ao longo da
década de 1980 e início da de
1990 e pelo louvor que marcou
época e influencia milhares de
igrejas até hoje, a igreja tem hoje
dezenas de outras Comunidades
espalhadas pelo país e exterior,
além de conduzir importante
trabalho social por meio da
Fundação Comunidade da Graça,
que registra cerca de 720 mil
atendimentos por ano.
6 Revista Lar Cristão
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DE Q UA D R O S B E Z E R R A }
Qual é a importância de se ter uma
boa educação, sendo instruído desde
a infância para que se torne um
adulto responsável?
Hoje, mais do que nunca, a
verdade bíblica do livro de
Provérbios deve ser lembrada:
“Ensina à criança o caminho em
que deve andar, e ainda quando
for adulta não se desviará dele”.
O princípio bíblico da educação é
o relacionamento baseado no
amor, na confiança, no afeto, na
liberdade e na franqueza. Educar
não é repetir regras ou fórmulas
prontas. Até porque um bom
exemplo é melhor do que mil
teorias. Isso se aplica às relações
entre professores e alunos, pais e
filhos. Ninguém ensina uma
criança a amar a Deus com
palavras bonitas, mas, antes, com
as demonstrações do nosso amor
por Ele dia a dia. Ensinar é
discipular, é andar junto, é ter
uma relação de amizade. E, como
cristãos, nossa meta como pais é
fazer dos nossos filhos discípulos
de Jesus.
A educação é responsável pela
manutenção e perpetuação das
novas gerações, por meio de seus
modos culturais, bem como seu
modo de ser e de agir coletivamente,
modos estes necessários à convivên-
cia e ao ajustamento de um indiví-
duo no seu grupo ou sociedade?
Daí a importância do trabalho e
do enfoque da igreja voltados
para a família. É no seio da
família que se forjam os valores
morais, espirituais, éticos e
humanos. Fortalecer a família é
dar condições para a criação de
um ambiente em que nossas
crianças possam se desenvolver
com segurança, paz e equilíbrio.
E, nesse sentido, a aliança entre a
igreja, a família e a escola é
fundamental, para que criemos
condições para que as crianças de
hoje sejam os adultos saudáveis
de amanhã.

Qual é a importância de uma
educação baseada em princípios
bíblicos para a construção do
caráter durante a infância, e como
um adulto criado por meio de
uma educação cristã pode fazer a
diferença no mundo atual?
Sem dúvida, é muito importante.
Mas se for só teoria, sem a práti-
ca, não funciona. A educação por
princípios tem se mostrado muito
eficiente na formação do caráter
de nossas crianças. É adotada
pelo Colégio da Comunidade,
instituição mantida por nossa
igreja. Porém, percebemos que,
antes de qualquer sistema educa-
cional, o segredo está no relacio-
namento desenvolvido com a
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criança, seja pelos professores,
seja pelos pais. Os princípios
bíblicos fazem sentido para a
criança quando são praticados
pelo adulto que a orienta. Não é
à toa que a Comunidade da
Graça investe fortemente nos
relacionamentos, porque sabe que
aí reside a chave do mistério para
a compreensão de qualquer
mensagem, e é a grande proposta
do cristianismo. A diferença no
mundo de hoje não se faz pelo
discurso, mas sim pelo estilo de
vida, que deve falar mais alto que
os discursos.
Como os pais ou responsáveis por
crianças e adolescentes podem
manter uma boa relação
diante dos conflitos apresenta-
dos pela educação considera-
da “antiga” recebida pelos
pais há muitos anos e o novo
modelo de educação moderna
dada pelos pais atuais (ex.:
maior poder de escolha,
maior liberdade etc.)?
A tensão entre o “antigo” e
o “novo” sempre existiu. E
sempre existirá. Mas o que
faz a diferença na educação
dos filhos não são, como já
disse, as fórmulas adotadas
– que variam de cultura
para cultura e de geração
para geração. O que é
decisivo na formação do
caráter de um filho, no
desenvolvimento de sua fé
e de seus valores, é a
presença dos pais em sua
vida, o tempo, o abraço, a
conversa íntima, as brinca-
deiras, o interesse que eles
demonstram pelas coisas que
verdadeiramente importam aos
seus filhos em cada uma das fases
de sua vida. Além disso, também
deve haver coerência nos limites
colocados aos filhos. Penso que o
desafio está em manter o equilí-
brio entre amor e disciplina, e isso
é um aprendizado de toda a vida.
Qual é a influência do crescente
avanço da educação sexual, propa-
gado nas escolas e mídias, que tem
como objetivo principal preparar os
adolescentes para uma vida sexual
de forma segura, livre de preconcei-
tos e tabus, deixando de lado as
questões morais e religiosas?
Antes de tudo é preciso dizer que
Revista Lar Cristão 7
 { E N T R E V I S T A | P A S T O R C A R L O S A L B E RT O
as aulas de reprodução humana
fazem parte do currículo escolar.
Muitos irmãos, de forma incauta,
eliminam parte dessa matéria
porque a consideram educação
sexual. É importante que nossos
adolescentes saibam como ocorre
a reprodução, como funciona seu
corpo. Outra coisa é educação
sexual. E esse tema complica-se
quando cai em juízos de valor,
porque sexualidade é um assunto
subjetivo. Cada um ensina, digo
ensina entre aspas, de acordo
com os seus princípios e valores.
Uma escola baseada na educação
por princípios ensinará quão rica
e proveitosa é a sexualidade
quando é exercida de acordo com
a Palavra de Deus. Por isso, sou
contrário ao ensino dessa discipli-
na na escola de forma genérica,
como se todos fôssemos máquinas
feitas em linha de produção,
como se a sexualidade não fosse
subjetiva. Penso que o melhor
local para se aprender sobre
educação sexual, melhor inclusi-
ve que a escola, é o ambiente da
família. E, para mim, isso é função
prioritária dos pais, que devem
fazê-lo à luz das Escrituras.
Quais são as consequências do
processo de degeneração moral e
religiosa vivido por grande parte da
família brasileira e pelas escolas,
com destaque para a perda paulati-
na dos bons costumes e dos valores
e princípios morais, antes valoriza-
dos e exercidos?
O meu ministério sempre foi
marcado por uma grande ênfase
na família. Não é à toa que a
Comunidade da Graça é conheci-
8 Revista Lar Cristão
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DE Q UA D R O S B E Z E R R A }
A educação por
princípios tem se
mostrado muito
eficiente na forma-
ção do caráter de
nossas crianças. É
adotada pelo Colé-
gio da Comunida-
de, instituição
mantida por nossa
igreja.
da como a “igreja-família”. Isso
faz parte da nossa visão e permeia
tudo aquilo que fazemos pela
revelação de que a família é uma
instituição muito preciosa aos
olhos do Pai. Por isso acredito,
sinceramente, que alguns dos
dramas mais terríveis que vivemos
hoje são frutos da desagregação
familiar. Veja, por exemplo, os
índices cada vez mais elevados de
violência contra crianças. Para
mim isso tem relação direta com a
degradação familiar. Ora, no
contexto de uma família
desestruturada, edificada fora da
Palavra de Deus, os mais frágeis
sempre pagam o maior preço. E aí
as crianças são violentadas, as
mulheres abandonadas, etc.
Qual é a importância de respeitar-
mos o outro como gostaríamos de
sermos respeitados (regra básica
para uma boa convivência) bem
como o modo pelo qual a Bíblia nos
orienta a agir?
Ama ao teu próximo como a ti
mesmo. Essa é para mim uma das
melhores sínteses de Jesus sobre o
cristianismo. Acredito que o
cuidado com o próximo, com o
nosso semelhante, é pressuposto
de todo cristão. A Bíblia nos
ensina que aquele que não ama
não conhece a Deus. Então, se
somos indiferentes aos nossos
semelhantes, temos de rever a
nossa fé, não? E na relação dia a
dia é a mesma coisa. O respeito
mútuo, como você perguntou, é,
sem dúvida, de fundamental
importância.
Qual é a importância da disciplina,
da necessidade de “limites e regras”
firmes, porém razoáveis, no trato
com os filhos?
Acredito que a relação com os
filhos deva ser pautada pelo amor
e pelo diálogo. Não pense que
isso quer dizer flexibilização dos
princípios da Palavra e que, em
alguns momentos, o pai ou a mãe
não deva ser firme com seus filhos.
Mas, particularmente, penso que
seja fundamental que nossos filhos
vejam em nós, pais, amigos a quem
eles podem confidenciar seus erros
e acertos, seus medos e, por que
não, seus pecados. Acredito que
essa relação é mais benéfica do que
 aquela de pais rígidos e que não
admitem erros, porque se em algum
momento da vida o filho passar por
tribulação, seja ele criança ou
adulto, sempre terá na figura dos
pais um porto seguro.
Qual é o papel da Igreja como
formadora de opinião e como agente
facilitador na reeducação de antigos
comportamentos e hábitos para os
membros que a compõem e para os
novos convertidos, apresentando a eles
novos hábitos, novas posturas, novos
comportamentos e principalmente
novos princípios morais, pautados nas
Escrituras Sagradas?
A Igreja de Jesus é, antes de tudo,
espaço de acolhimento de pessoas
feridas, com problemas,
machucadas. Em sua passagem pela
Terra, Jesus chamou a atenção para
isso quando disse que não tinha
vindo para os sãos. Nesse contexto,
acredito sim que o corpo de Cristo
tenha a função de reeducar. Porém,
acho que a transformação dos
hábitos, dos costumes não se dá
sem a experiência do novo nasci-
mento. Há uma palavra grega,
“metanóia”, que significa mudança
de pensamento. E o novo nasci-
mento, a partir do sacrifício de
Jesus na cruz, é justamente isso.
Não é uma experiência emocional,
efêmera, é uma mudança de
raciocínio. Ou seja, aquilo que
valorizava não valorizo mais, aquilo
que fazia agora faço diferente.
Porque não sou mais eu quem vive,
mas é Cristo quem passou a viver
em mim. É dessa forma que acredi-
to em uma igreja transformadora
das pessoas, em todas as áreas de
sua vida.
LC108.pmd 9 5/22/2009, 8:55 PM
mobilizaram muita gente e refletiam
um momento de verdadeiro aviva-
mento em São Paulo. Nossa ênfase
no amor, na família, no louvor
marcou toda aquela geração e
foram instrumentos poderosos
usados por Deus para resgatar
milhares de vidas. Desde aquele
começo a preocupação social era
algo muito forte em meu coração.
Acredito que a Quando nos instalamos no prédio
que hoje abriga a nossa Comunida-
relação com os de sede, em Vila Carrão, na zona
filhos deva ser leste de São Paulo, o bairro era
extremamente carente e nos
pautada pelo amor dedicávamos às pessoas de lá, da
e pelo diálogo. igreja ou não, oferecendo suporte e
cuidado. Com o tempo e com o
Não pense que crescimento que o Pai nos deu,
isso quer dizer percebemos que poderíamos
ampliar e estender nosso ministério.
flexibilização dos Foi a partir daí que a Fundação
princípios da Pala- Comunidade da Graça surgiu, em
1990. Naquela época meu filho,
vra e que, em al- hoje vereador de São Paulo, Carlos
guns momentos, o Bezerra Jr., foi um dos que levanta-
ram a bandeira do engajamento
pai ou a mãe não social. Hoje a Fundação registra
deva ser firme 720 mil atendimentos por ano, em
programas dos mais diversos.
com seus filhos. Administramos quatro creches,
uma clínica, uma escola com mais
de 500 alunos, investimos em
O senhor preside uma das mais iniciativas para reinserção no
conceituadas igrejas de nosso país e é mercado de trabalho e geração de
o fundador da Fundação Comunidade renda, enfim, prestamos assistência
da Graça. Gostaríamos de saber um das formas mais variadas. Fomos
pouco mais a respeito. reconhecidos até pelo Instituto
Agradeço pelo elogio, e dedico-o Kanitz como uma das maiores
ao Senhor, que é quem, dia após organizações do gênero no país! No
dia, há 30 anos, realiza essa obra. A entanto, para mim o que fala mais
Comunidade é uma igreja que alto sobre a Fundação é que ela foi
nasceu de um jeito inovador. Nos a maneira que encontramos para
nossos primeiros anos ocupávamos expressar os princípios cristãos que
os principais teatros aqui da cidade temos aprendido a seguir dia após
para fazer nossas reuniões, que dia em nossa Comunidade.
Revista Lar
Revista Lar Cristão
Cristão 99

{ SUPERANDO OS CONFLITOS }
Nova criatura,
e agora?
C
omo já escrevi anteriormente, não sou de
berço evangélico, assim alguns amigos do
início da juventude foram pessoas que vi-
viam os valores chamados do mundo. Que-
ro trazer à memória um desses meus conhecidos, pois,
entre todos daquela época, ele tinha um diferencial,
era um assíduo frequentador de locais de prostituição.
“Bem, o tempo passou, a vida nos afastou, aconteceu mi-
nha conversão, e em um determinado dia encontrei-o
andando próximo à Praça da Sé (SP). Não acreditei,
fique feliz, brincamos um com o outro, e então lhe con-
tei: mudei de vida, aceitei a Cristo como meu salvador e
estou fazendo faculdade de teologia, serei pastor! Para
minha surpresa, ele me disse que também tinha se “con-
vertido” havia alguns anos e deu seu testemunho. Não
me contive e lhe perguntei: “E aquele seu vício por pros-
tituição?”. Para minha surpresa, de novo a resposta foi:
“Ah! Esta área Deus ainda não trabalhou!”.
Muitas pessoas tem tido uma experiência emocio-
nal com Jesus, tipo crente “coca-cola”, “emoção pra
valer”! Passou aquela emoção, vai buscar outra. Na
verdade, temos aqui duas questões fundamentais. A
primeira está numa conversão genuína, em que, de
fato, a “conversão” (do original no NT – “metanóia”
– reviravolta interna de conceitos e prisma de visão)
aconteça na vida da pessoa. Por isso Paulo escreve:
“Se alguém está em Cristo, é nova criação”. A expe-
riência de conversão não pode ser algo meramente
emocional, tem de seguir o caminho do arrependi-
mento, da confissão do pecado e uma nova atitude
de vida. Precisamos compreender assim a pedagogia
de Jesus. Ele não fazia de conta que a pessoa não
havia errado, pecado, etc. Ao contrário, quando es-
teve com Zaqueu, depois do seu arrependimento e o
propósito de uma nova atitude dele, disse: “Hoje en-
trou salvação nesta casa”. Para a mulher adúltera disse:
10 Revista Lar Cristão
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Marcos Antonio Garcia é pastor na Catedral Metodista
de São Paulo, no bairro da Liberdade, mestre e doutor em
Ciências da Religião,Teologia Prática e Sociedade pela
Universidade Metodista de São Paulo, professor no Centro
Metodista de Capacitação – Cemec e palestrante em
encontro de casais. É casado com Ivana e tem dois filhos:
Mateus e Larissa.
“Eu não te condeno”, mas afirmou: “Vá e não peques
mais”. A conversão precisa levar a uma nova atitude,
uma nova postura. Isso significa renunciar a toda for-
ma de pecado. A segunda é: onde aprender a ser uma
nova criatura? Ou ainda: o que a Igreja oferece para
o novo convertido? Precisamos de um testemunho
como comunidade de fé, que faça diferença hoje e
aponte para a eternidade! Se olharmos para a Palavra
de Deus, não existe outro caminho senão ter uma
nova atitude, novas posturas, um novo viver. Assim, a
igreja precisa ser um espaço de amor, de trato, de
cura, mas de confrontação. Se você está pensando
em pecados “morais” – prostituição, adultério –, eu
posso citar aqui outros comuns em nosso dia a dia: a
maledicência, a fofoca, a sonegação de impostos, etc.
O processo de confrontação (leia Colossenses 2.6,
3.5-9 e 3.17) deve nos levar a buscar uma vida de
santidade e perfeição cristã. Ou seja, cada dia eu
preciso buscar ser melhor em Cristo. A igreja pode e
deve ser um espaço de ajuda, mas como? Por meio do
acompanhamento pastoral (não me refiro só ao ofício
do pastor, mas de toda a igreja), estudo bíblico e
discipulado. A orientação para a busca das discipli-
nas espirituais. Leia o texto citado de Colossenses. A
Palavra do Senhor nos orienta sobre a necessidade de
andar em Cristo (em outros textos, andar no Espíri-
to). Ser uma nova criatura! Abandonar os velhos há-
bitos do “velho homem” e ter uma atitude diferenci-
ada. Começando em sua casa, com seu cônjuge, com
seus filhos, com seus pais... com seus amigos. O novo
convertido precisa de referencial para uma nova vida,
uma nova atitude, uma nova educação. E a igreja
deve ser um espaço abençoador para que isso acon-
teça! No mais, nós que estamos em Cristo temos a
responsabilidade de viver o nome de Jesus! E você
tem alguma área a ser trabalhada em sua vida?
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 Revista Lar Cristão 11

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 { EDUCAÇÃO } FILHOS
Aprendendo
com o Mestre
S
empre foi assim,
e sempre será. A
notícia da
chegada de um
filho, na grande maioria
das vezes, provoca nos
futuros pais um senti-
mento quase
incontrolável de alegria e
desperta uma expectativa
gostosa que cresce à
medida que os meses de
gestação vão passando.
Mas no momento em que
a criança nasce, surge
aquele temor que é
próprio de quem tem um
filho: “E agora? Será que
seremos capazes de
educar nosso filho? O
que precisaremos fazer
para que ele venha a ser
um adulto equilibrado e
realizado em todos os
sentidos? Realmente, não
é fácil educar filhos. Os
pais de todas as épocas
sempre enfrentaram
12 Revista Lar Cristão
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dificuldades para criá- assistir a um jogo do time
los. Elas são inerentes à do coração. Enfim, eles
paternidade. costumavam dedicar
mais tempo aos filhos.
Como era As crianças brincavam
Há algumas décadas, a no quintal de casa ou
vida era bem diferente. mesmo na rua onde
Tudo era mais tranquilo. moravam, quando o lugar
Pais e filhos costumavam era sossegado. Brincavam
fazer pelo menos uma das de boneca, de esconde-
refeições do dia juntos, esconde, de bola e
conversavam à mesa, empinavam pipas quando
trocavam ideias. Era uma havia vento. Suas mães
ótima oportunidade de não se preocupavam, pois
ensinar aos filhos os o único perigo que
valores morais e espiritu- corriam era de cair e se
ais de uma forma machucar.
descontraída; valores No que se refere à
que, sem que percebes- orientação e disciplina,
sem, ficavam gravados as coisas eram mais
em suas mentes. As mães definidas. Os limites,
ainda tinham tempo para preestabelecidos. Os
chamar suas filhas à filhos, em geral, eram
cozinha para ajudá-las a mais respeitosos, e isso
fazer um bolo. Os pais facilitava a obediência.
estavam mais disponíveis A escola, por sua vez,
para pescar com seus também era mais exigen-
filhos, para ir ao estádio te quanto à disciplina, o
12 5/22/2009, 8:55 PM
que corroborava com
aquilo que eles ouviam
em casa.
A mídia ainda não
exercia a influência de
hoje. Os programas
infantis eram mais instru-
tivos e menos violentos.
O sexo não era tão
explorado e vulgarizado.
Namorar não significava
só satisfazer a sexualida-
de. O conceito de família
era passado à criança
como algo sagrado e
confiável, que deveria
ser honrado e protegido e
com o qual ela sempre
poderia contar. Os pais
ensinavam aos filhos que
o casamento devia ser
encarado com seriedade
e com a intenção de
durar “até que a morte
nos separe”. Fidelidade
não era uma palavra fora
de moda.
É ilusão imaginar que
 décadas atrás tudo era
lindo e maravilhoso. Não,
existiam problemas, e
muitos. Havia famílias
em que o pai era austero,
repressor e a mãe resig-
nada e omissa. Outras,
em que os pais eram
inatingíveis, etc. Em
lares como esses, os filhos
também se sentiam sós,
desorientados e mal-
amados.
Como é
Não há dúvida de que
educar filhos sempre
exigiu muita atenção,
amor, empenho e dedica-
ção. Porém, antigamente
não havia tanta influên-
cia externa para atrapa-
lhar e prejudicar esta
tarefa. Estamos vivendo o
século XXI. O homem
deu grandes passos em
direção ao progresso, em
todas as áreas. Devería-
mos supor, então, que
ficou mais fácil educar
filhos. Poderíamos imagi-
LC108.pmd 13
nar que as facilidades da liberalidade ou mesmo da escola.
vida moderna comportamental e o Esses pais quando che-
descomplicariam esta progresso da gam a casa estão exaus-
tarefa. Doce engano! modernidade se mostram tos, irritados, sem paciên-
Nossos filhos estão ineficazes para preencher cia para dedicar tempo à
crescendo num mundo o imenso vazio no cora- família. Os filhos, caren-
egocêntrico. Tudo é ção do homem. Quando, tes, procuram preencher
considerado e avaliado finalmente, mesmo que essa ausência com a
em relação à pessoa, ao por alguns momentos, a televisão, a Internet ou
“eu”. O mundo pós- criatura entende que não na companhia de amigos
– nem sempre bem
A mídia ainda não exercia a escolhidos. Mas, na
verdade, a presença dos
influência de hoje. Os programas pais na fase de desenvol-
infantis eram mais instrutivos e vimento dos filhos é
fundamental para o
menos violentos. O sexo não era equilíbrio emocional
tão explorado e vulgarizado. deles no futuro.
O ser humano nunca
teve à disposição tanto
moderno não acredita em é nada sem o Criador. material para ler, assistir,
absolutos. Muitos filhos sofrem ouvir e experimentar
Tudo é relativizado de com a ausência dos pais. quanto no mundo atual.
acordo com interesses Na sociedade Nossos filhos têm acesso
pessoais. Não há lugar egocêntrica e competiti- a uma gama enorme de
para valores imutáveis, va em que vivemos, pai e escolhas para decidir
principalmente os espiri- mãe passam quase o dia como passarão o tempo:
tuais. Deus só é lembrado todo fora, trabalhando, livros, revistas, CDs,
quando aumentam as enquanto seus filhos DVDs, rádio, televisão
dificuldades, quando ficam entregues aos aberta e a cabo, compu-
cresce o medo e toda a cuidados da empregada, tador – que por sua vez
Revista Lar Cristão 13
5/22/2009, 8:55 PM
 { PERDÃO } RECOMEÇO
oferece um leque enorme
de possibilidades,
videogames... Já com sete,
oito anos, meninos e
meninas dominam os
caminhos do mouse e
estão mais familiarizados
com os comandos e
programas do computador
do que muitos adultos. É
evidente que os pais
precisam se preocupar com
a maciça e implacável
influência da mídia. Essa
questão é um sério
desafio que as famílias
têm de enfrentar. É
preciso observar, acompa-
nhar, avaliar o entreteni-
mento dos filhos e esta-
belecer limites.
Os pais não podem
supor ou desejar que a
escola preencha a lacuna
deixada por eles próprios.
A função dela é ensinar
e não educar. Ao entrar
pelo portão da escola,
nossos filhos descobrem
rapidamente o que os
outros estão fazendo e
pensando e, num piscar
de olhos, se moldam às
tendências. Portanto, os
pais não podem preten-
der que esses amigos
adotarão os mesmos
valores, atitudes e com-
portamentos que eles
defendem e querem que
seus filhos aceitem.
Prestem muita atenção às
amizades de seus filhos e
às famílias desses amigos.
Atualmente, crianças
14 Revista Lar Cristão
LC108.pmd
de oito, dez anos já
sabem o que é e falam
abertamente sobre sexo e
reprodução. Um garoto
conhece uma garota,
ambos se sentem atraídos
e resolvem ficar juntos
por um dia. Nessa rela-
ção pode “rolar” desde
beijos, abraços, carícias,
até uma relação sexual.
Confesso que é difícil
acostumar-me à
permissividade e à
promiscuidade sexual
disseminada em nossa
cultura. Sempre fico
sensibilizado e entristeci-
Tudo é relativizado de acordo
com interesses pessoais. Não há
lugar para valores imutáveis,
principalmente os espirituais.
do quando aconselho
jovens cujas vidas estão
marcadas e mesmo quase
destruídas pela prática
do sexo irresponsável e
sem limites. Fico
estarrecido ao ver como a
pornografia, que promove
o mito cruel que as
mulheres gostam de ser
tratadas como objetos
descartáveis, tornou-se
um meio, para aqueles
que têm acesso livre a
revistas e sites pornográ-
ficos, liberarem suas
fantasias eróticas. Tenho
chorado com garotas
14
ainda muito jovens,
prematuramente grávi-
das, arrependidas, assus-
tadas porque sabem que
não há como voltar atrás.
Suas vidas jamais serão
as mesmas. Elas nunca
mais serão apenas meni-
nas. Agora terão que
assumir responsabilidades
de mães.
O ideal é que os pais
nunca desistam de
conversar abertamente
com seus filhos sobre
sexo, sobre o prazer e a
realização que ele pode
proporcionar no casamen-
to e os perigos que escon-
de fora dele, quando
praticado levianamente.
Falar sobre o perigo da
gravidez precoce, das
DST– como por exemplo a
AIDS, da pornografia que
vicia e deturpa a mente,
das drogas, do álcool,
enfim, de tudo que
ameaça suas vidas. Uma
palavra de ânimo: mesmo
que ele(a) dê sinais de
não ter absorvido nada,
saiba que o Espírito Santo
trabalhará no seu coração.
Ore e entregue seu
filho(a) ao Senhor e
5/22/2009, 8:55 PM
coloque-se à disposição
para sempre que ele(a)
precisar de você.
Deus se preocupa
profundamente com a
coexistência familiar, e
por isso, na sua Palavra,
estabeleceu princípios
eternos para que ela
sobreviva pacífica e
harmoniosamente. Em
Deuteronômio 6 encon-
tramos algumas bases
fundamentais que o
Senhor deu a Israel
antes que a nação
entrasse na terra prome-
tida. Para preparar as
famílias, Moisés reuniu o
povo e repetiu os princí-
pios que poderiam
solidificá-las e torná-las
bem-sucedidas. Feliz-
mente, essas instruções
descritas em
Deuteronômio 6 perma-
necem atuais e conti-
nuam extremamente
eficientes para auxiliar
os pais do século XXI na
sua tarefa sublime de
educar os filhos que o
Senhor lhes confiou.
1. Em relação a Deus -
Deuteronômio 6.1-5
Os pais e os avós não
devem esquecer de
transmitir aos seus filhos
e netos os conceitos sobre
como amar a Deus de
todo o coração. Esse
amor é expressado atra-
vés de um temor saudá-
vel, um ouvido sensível à
 sua voz e uma vida de
obediência (v. 2,3).
Esse tipo de amor,
comprometido, precisa
ser transmitido com o
aval da autenticidade.
É impossível comunicar
o amor que sentimos
por Deus aos nossos
filhos se não estivermos
vivenciando tal senti-
mento e demonstrando
isso sem deixar dúvidas.
Nós, pais, devemos
amar ao Senhor inteira-
mente, com um com-
promisso inquestionável
e completo.
Moisés disse: “amem...
com todo o coração”. Ele
se referia a atitudes e
comportamentos, ao
desejo espontâneo de
viver voltado ao Senhor
dia após dia. Amar o
Senhor de todo o nosso
coração, alma e força
significa demonstrar
temor, isto é, levar Deus
a sério, estar atento e ser
obediente à sua voz e à
sua Palavra. Isso impressi-
onará nossos filhos e os
desafiará a também
amarem o Senhor.
2. Em relação à verdade
da Palavra -
Deuteronômio 6.6-9
Moisés tentou alertar os
pais e as mães de Israel
quanto à necessidade de
comunicar, com consis-
tência e consciência, as
verdades da Palavra de
LC108.pmd 15
Deus para os filhos. E isso
só pode acontecer quan-
do a Palavra está gravada
no coração (v. 6,7).
“Repitam...”, foi sua
recomendação (v. 7). Isto
é, procurem gravar a
Palavra de Deus em suas
mentes até ao ponto de
eles estarem afinados com
os seus ensinamentos, que
farão grande diferença em
suas vidas.
Pais, isto não ocorre
automaticamente;
requer esforço, dedica-
ção e muita oração.
Lembre-se de que esta
responsabilidade não é
da igreja ou da escola.
O ensino bíblico deve
ter início no lar, que é o
laboratório onde as
experiências são testa-
das. O lar é o lugar
ideal para pensar, medi-
tar e falar confortavel-
mente de Deus e sobre
Deus. Tais verdades
devem ser comunicadas
numa variedade de
situações e circunstân-
cias: “em casa e fora de
casa; quando se deita-
rem e quando levanta-
rem...”. Não se trata de
um cristianismo limita-
do ao culto de domingo,
mas efetivo e eficaz a
cada minuto do dia. No
futuro você constatará
que valeu a pena (Pro-
vérbios 6.20-23).
3. Em relação à respos-
ta ao enriquecimento -
Deuteronômio 6.10-14
De uma hora para outra
Israel não era mais um
povo pobre que
perambulava pelo deser-
to. Agora, era uma
nação rica. Mas Deus
alertou: “Tomem cuida-
do para não esquecer de
mim!”. Como é fácil
esquecer de Deus
depois de receber
bênçãos materiais.
Quando isso acontece,
é muito comum o ser
humano adotar uma
postura presunçosa e
arrogante, que leva à
indiferença e a uma
falsa autossuficiência. A
marca da autossufi-
ciência é a ilusão de
que não precisamos
mais de Deus. O segre-
do para evitar esse erro é
temer ao Senhor e desen-
volver um coração humil-
de e grato pelo cuidado
de Deus. Quando o temor
a Deus é seriamente
cultivado na família, ele
se incumbe de inibir o
orgulho e a presunção.
Deus é a fonte verdadei-
ra de todas as bênçãos, e
só Ele deve ser honrado.
Ele não disse que não
podemos desfrutar das
alegrias e das bênçãos
que Ele nos oferece, mas
que não devemos permi-
tir que isso nos afaste
dele (Tiago 1.17).
5/22/2009, 8:55 PM
4. Em relação à sobre-
vivência -
Deuteronômio 6.20-25
A fim de assegurar a
sobrevivência da família,
bem como da nação, era
preciso relembrar fre-
quentemente a fidelida-
de e a graça de Deus
para com eles. Todos os
pais devem se esforçar
incansavelmente para
gravar na mente e no
coração de seus filhos o
inesgotável poder e a
indiscutível majestade do
Deus em cujas mãos
depositamos nossas vidas
e almas.
Para os pais terem
sucesso ao educar seus
filhos vivendo em uma
sociedade dominada por
“deuses” da moderni-
dade, atraentes, porém
absolutamente insufici-
entes para suprir os
clamores mais importan-
tes da alma, é funda-
mental que eles os
lembrem, constante-
mente, que o verdadei-
ro Deus é grandioso e o
seu amor por nós
imensurável.
Jaime Kemp
é doutor em
Ministério
Familiar e
diretor do Lar
Cristão. Foi
missionário da
Sepal por
31 anos e fundador dos
Vencedores por Cristo.
É palestrante e autor de
50 títulos. Casado com Judith, é
pai de 3 filhas e avô de 2 netos.
Revista Lar Cristão 15

{ DISCIPULANDO FILHOS }
Educando filhos
“Instrua a criança segundo os objetivos que você tem
para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará
deles.” (Provérbios 22.6)
G
ostaria de sugerir nesta oportunidade a
ideia de lançarmos nosso olhar para o fu-
turo. Vivemos dias apocalípticos, e cada
vez mais se torna desafiadora a necessidade
de um melhor preparo para enfrentar as dificuldades vin-
douras que se mostram em escala crescente.
Observando a história de alguns países, percebe-se
um crescimento e um desenvolvimento significativos que
os colocam em destaque no cenário mundial. E um dos
fatores de crescimento de uma nação está baseado no
investimento intencional focado na educação.
É o caso da China, uma civilização surgida há apro-
ximadamente 4 mil anos, tão antiga quanto a sua
capacidade inventiva. Foram os chineses que inven-
taram o papel, a escrita, o guarda-chuva, dentre tan-
tas outras criações das quais o mundo todo se benefi-
cia. Não é por acaso que a China é o principal país
em desenvolvimento no mundo hoje; os dados abaixo
explicam em parte o motivo.
Na China adota-se o sistema de nove anos de es-
tudo obrigatório. Até o ano 2000 a taxa de frequência
escolar era de:
99,1% na escola primária;
94,3% na escola intermediária (do sétimo ano até o
nono ano);
A taxa de abandono de estudo era de 0,55% na
escola primária e de 3,21% na escola intermediária;
Após os 15 anos a taxa de analfabetismo era de
6,72%.
Esses dados mostram que, mesmo a longo prazo, todo
investimento em educação resulta em benefícios ilimi-
tados e extremamente importantes.
É isso que nós pais e líderes precisamos enxergar para
16 Revista Lar Cristão
LC108.pmd 16
Adhemar de Campos é cantor, músico,
compositor e pastor auxiliar da igreja sede
da Comunidade da Graça no Brasil, localizada
na Vila Carrão, São Paulo. É casado com
Aurora e tem três filhos.
então contribuirmos com um objetivo comum relacio-
nado ao desenvolvimento da educação no nosso país.
Como cristãos sabemos que o processo de educação
tem como âmbito principal o lar. É ali que tem início a
parte principal do processo conforme o texto acima men-
cionado. Educação está diretamente ligada a instrução,
e instrução não trata apenas de “passar informações”,
mas primordialmente estabelecer valores divinos que
perdurarão por toda a vida. O verdadeiro ensino de
qualidade se origina na Bíblia e daí para outros níveis
de aprendizado e conhecimento. O resultado certamen-
te é: bons cristãos são bons estudantes, e bons estudan-
tes serão bons profissionais que garantirão o sucesso de
uma nação.
O papel dos pais (homens) é fundamental. Somos
nós que devemos trabalhar os valores divinos em nossos
filhos e dar a eles todo apoio a fim de que a instrução
escolar ou universitária não venha afetar sua estrutura
espiritual.
Já é do nosso conhecimento que toda educação e
toda instrução se baseiam em relacionamento, que se
baseia em amor. Além de darmos informações, estabele-
cermos limites, aplicarmos disciplinas e plantarmos va-
lores, devemos sempre cultivar um relacionamento cheio
de amor e de afeto físico. O amor é a melhor base de
apoio e a mais eficaz ferramenta para moldar o caráter e
construir uma estrutura psicológica e emocional sólida
na vida dos filhos.
Agindo assim estaremos preparando pessoas que fa-
rão a diferença no mundo e na sociedade, e dessa forma
se cumprirá a promessa de Provérbios.
Questionário
Qual é a visão do futuro dos nossos filhos?
Qual é o plano criado para trabalhar com eles?
Que ferramentas práticas pretendemos usar?
Que tipo de influência temos exercido nos filhos?
Que tipo de diálogo e de relacionamento temos
desenvolvido com eles?
5/22/2009, 8:55 PM
 Revista Lar Cristão 17

LC108.pmd 17 5/22/2009, 8:55 PM

 { E D U C A Ç Ã O } C A PA
Educados
no amor!
Devemos ser eternamente ensináveis e isso
implica coragem, vontade e humildade.
A
educação é
um fenômeno
observado em
qualquer
parte do mundo, inde-
pendentemente de suas
crenças e costumes,
sendo responsável pela
perpetuação de novas
gerações, mediante seus
modos culturais, sua
maneira de agir e pensar
coletivamente. É também
de grande relevância
para a convivência social
e para que cada indiví-
duo se ajuste no grupo
em que se encontra
inserido.
Apesar de estar
presente em qualquer
sociedade, é vista sob
uma ótica diferente em
cada uma delas, confor-
me um conjunto de
conhecimentos e de
valores morais específi-
cos para cada povo ou
18 Revista Lar Cristão
LC108.pmd 18 5/22/2009, 8:55 PM
nação, que são absorvi-
dos pelos indivíduos por
meio de sua herança
cultural.
Ainda que a diversi-
dade cultural conceitue
a educação de formas
muito diferentes em
cada sociedade, pode-
mos afirmar com muita
propriedade que ela é
essencial para o desen-
volvimento de todo ser
humano, pois norteará
um caminho a ser segui-
do, por meio de
ensinamentos pertencen-
tes a um senso comum,
baseado em preceitos e
normas.
Paulo Freire, conside-
rado um dos grandes
pedagogos da atualidade,
disse certa vez: “A edu-
cação sozinha não trans-
forma a sociedade, sem
ela tão pouco a socieda-
de muda”.
 Sem dúvida alguma, a Segundo Aristóteles, exercidos com amor, exercidos terão sempre
educação é fundamental um dos mais importantes tolerância e naturalidade. bom êxito. Creio que esta
para que uma sociedade filósofos gregos da Muitas vezes observamos é a base para uma educa-
possa se transformar e se Antiguidade, “a Educa- pais perdidos em meio a ção bem-sucedida!
desenvolver de forma ção tem raízes amargas, regras e castigos, impondo A Bíblia nos aconse-
produtiva. Ela se revela mas os seus frutos são aos filhos comportamentos lha no Livro de Provérbi-
nos comportamentos doces”. O processo de e atitudes que eles os 22.6: “Instrua a crian-
coletivos, nos pequenos educação, ainda que mesmos não têm. ça segundo os objetivos
atos das pessoas nas ruas. doloroso e muitas vezes Vale lembrar que a que você tem para ela, e
John Dewey, filósofo e difícil, produzirá no educação se inicia em mesmo com o passar dos
pedagogo norte-america- futuro bons frutos. Por casa, por meio dos exem- anos não se desviará
no, dizia que “a educa- isso, os limites devem ser plos dos pais. Por isso, é deles”. Devemos
ção é um processo social, impostos desde a infân- preciso ter cautela no direcionar nossos filhos
é desenvolvimento. Não cia, a fim de que sirvam agir e no falar, pois uma para um bom caminho,
é a preparação para a como base para a cons- criança se comporta fazendo com que enten-
vida, é a própria vida”. trução pessoal do caráter. diante da sociedade dam que a educação vai
Se a educação faz além de se ter boas
parte da vida, então “A educação sozinha não maneiras ou ter acesso a
certamente ela está uma boa qualidade de
presente desde o nasci- transforma a sociedade, sem ela ensino, mas está direta-
mento de uma pessoa. tão pouco a sociedade muda”. mente ligada à forma
Portanto, a educação como enxergamos a vida
está intimamente ligada Paulo Freire e principalmente como
à criação, à formação de nos comportamos diante
um indivíduo. Nos últimos anos como se comporta em dela e das pessoas.
Geralmente, quando temos ouvido falar muito casa, e seus atos são um Encontramos no livro
as pessoas se referem a sobre a educação “mo- reflexo de como é ensina- de Deuteronômio, capí-
alguém sem educação derna”, baseada em uma da. “É fundamental tulo 6, a história do povo
associam-na também a criação mais liberal, diminuir a distância de Israel reunido nas
alguém malcriado. Daí menos ditatorial, com entre o que se diz e o planícies de Moabe para
talvez o surgimento do menos regras e limites que se faz, de tal forma ouvir Moisés proferir a lei
velho ditado popular: mais frouxos. Porém, é que, num dado momen- (conjunto de preceitos
“Educação vem de preciso ficar atento to, a tua fala seja a tua morais e rituais a serem
berço!”. quanto à linha tênue prática” (Paulo Freire). seguidos), a fim de
Uma educação que há entre a liberdade Vivemos em uma prepará-lo para a entrada
comprometida com e limites. cultura em que antigos na Terra Prometida. Os
valores éticos, morais e Os pais devem estar princípios e valores versículos de 6 a 9
religiosos é essencial atentos à educação que morais têm sido esqueci- transmitem com extraor-
para que se tenha um têm dado aos filhos. É dos ou banalizados. dinária sabedoria a
embasamento sólido, por preciso repensar a respei- Precisamos estar importância de obedecer
meio de princípios to do assunto sempre que alicerçados em princípios à lei e o quanto se deve
fundamentais, tão possível, a fim de corrigir bíblicos, que, indepen- fazê-lo com disposição:
necessários na realização eventuais falhas. Regras dentemente do tempo, “Que todas estas palavras
das escolhas, e deve e limites fazem parte da jamais estarão fora de que hoje lhe ordeno
começar desde cedo. educação e devem ser moda e que quando estejam em seu coração.

Revista Lar Cristão 19

LC108.pmd 19 5/22/2009, 8:55 PM

 { E D U C A Ç Ã O } C A PA
Ensine-as com persistência
a seus filhos. Converse
sobre elas quando estiver
sentado em casa, quando
estiver andando pelo
caminho, quando se deitar
e quando se levantar.
Amarre-as como um sinal
nos braços e prenda-as na
testa. Escreva-as nos
batentes das portas de sua
casa e em seus portões”.
Observamos nesta
passagem o quanto Moisés
exortou o povo a seguir a
lei com amor e o quanto
era importante que as
novas gerações pudessem
manter este mesmo
sentimento. Examinamos
ainda no texto o quanto
era fundamental que a
todo momento a lei fosse
lembrada e exercida, fosse
dentro de suas casas ou
fora dela.
A verdade de Deus
era absoluta para eles.
Por isso, deveriam expres-
sar seu amor a Ele por
meio de seus atos e de
sua conduta pessoal,
tanto na vida particular
quanto na vida pública.
Eles deveriam amar a lei,
o ensino, e deveriam
tratar de cumpri-la com
zelo. Desde pequenas as
crianças eram educadas
a terem amor pelo co-
nhecimento, pela lei.
Prova disso é a perpetua-
ção dessa cultura desde a
história antiga até os dias
de hoje.
20 Revista Lar Cristão
LC108.pmd
Da mesma
forma, devemos
nós, nos dias de
hoje, ensinar
nossos filhos por
meio de uma
educação cristã
autêntica, baseada
na prática, e não
na teoria.
Os valores
morais, éticos e
principalmente
espirituais existen-
tes na Palavra de
Deus são, sem
dúvida alguma, a
melhor forma de
educação que
alguém pode ter.
Uma pessoa que foi
educada com base
cristã e que viva verdadei- Jesus, o maior mestre turas relatam no livro de
ramente aquilo que de toda a história, ensi- Lucas (2.47) o quanto
aprendeu será uma pessoa nou e continua a ensinar Jesus era inteligente,
ética, que tem amor e a todos quantos o buscam sendo isso notório quando
respeito pelo próximo. as mais preciosas lições de tinha apenas 12 anos:
Suas riquezas de conheci- vida. A Bíblia apresenta “Todos os que o ouviam
mentos não estarão pouquíssimos relatos a ficavam maravilhados com
naquilo que lhe foi ensina- respeito da infância de o seu entendimento e com
do em uma escola, mas Jesus. Por isso, não deve- as suas respostas”. Ainda
sim naquilo que aprendeu mos fazer nenhum tipo de no livro de Lucas (2.40)
por meio de sua vida investigação sobre o encontramos uma passa-
espiritual. Albert Einstein, assunto, pois correríamos gem que prova o quanto o
físico alemão de origem o risco de construir um desenvolvimento de Jesus
judaica e autor da teoria Jesus que não passa de se deu de forma total, isto
da relatividade, disse lenda, carente de legiti- é, física, mental e espiri-
certa vez: “Educação é midade tanto histórica tual: “O menino crescia e
aquilo que fica depois que quanto cristã. se fortalecia, enchendo-se
você esquece o que a Sabemos que Ele foi de sabedoria; e a graça de
escola ensinou”. A educa- instruído por meio da Deus estava sobre ele”.
ção é um processo contí- cultura e costumes judai- Jesus, quando jovem,
nuo de aprendizado, em cos e certamente sua ensinava de maneira
que as lições mais valiosas educação foi muito rica de prática seus seguidores,
são ensinadas com a vida. conhecimentos. As Escri- por meio de parábolas, que
20 5/22/2009, 8:55 PM
 nada mais são do que uma
narração alegórica, que
encerra uma verdade
importante ou um preceito
moral. Ensinava também
por meio de analogias. Ele
procurava instruir as
pessoas contando-lhes
histórias a fim de que
entendessem o verdadeiro
significado de suas pala-
vras e que não era neces-
sário ser culto para
compreendê-las.
No livro de Lucas 10.21
está escrito: “Naquela
hora Jesus, exultando no
Espírito Santo, disse: Eu te
louvo, Pai, Senhor do céu
e da terra, porque escon-
deste estas coisas dos
sábios e cultos e as reve-
laste aos pequeninos”. Essa
passagem nos mostra que
aqueles que se julgam
suficientemente sábios,
donos do conhecimento,
muitas vezes não conse-
guem compreender as
verdades espirituais, pois
estão arraigados em sua vã
sabedoria. Mas àqueles
que aceitam com humil-
dade e sinceridade as
coisas espirituais, como as
crianças, serão reveladas
tremendas lições.
É comum observarmos
pessoas extremamente
cultas, cheias de saber,
consideradas como douto-
res em muitos assuntos,
com uma vida vazia. Certa
vez conheci um rapaz
muito inteligente. Com
LC108.pmd 21
cerca de 30 anos já era
formado, pós-graduado e
estava prestes a concluir
seu doutorado. Ele domi-
nava qualquer assunto e
sempre que discursava era
aplaudido e extremamente
elogiado pelas pessoas. Era
muitíssimo bajulado. Todos
o consideravam inteligen-
tíssimo e muito educado.
O que a maioria não sabia
é que dentro de sua casa
tratava muito mal sua
mãe, pois a considerava
ignorante, sem estudo,
uma “velha xucra”, como
ele mesmo dizia. Certo
dia, o diretor da empresa
“A Educação tem raízes amargas,
mas os seus frutos são doces.”
Aristóteles
em que trabalhava pediu-
lhe uma carona. No meio
do caminho, o diretor lhe
perguntou: “Eu poderia ir
à sua casa? Gostaria de
conversar um pouco a
respeito de algumas coisas
pessoais! Não estou bem!”.
Naquele momento o rapaz
pensou: O que faço agora?
Se não levá-lo perderei a
oportunidade de estreitar
meus laços com ele, mas se
levá-lo certamente minha
mãe me envergonhará.
Após alguns pedidos
insistentes e algumas
desculpas esfarrapadas,
resolveu levá-lo à sua
casa. Ao chegar apresen-
tou sua mãe, que recebeu
o diretor com muita
gentileza. Ela logo tratou
de fazer um café, para que
se sentisse bem à vontade
e para que os dois ficassem
a sós. Então, o diretor
começou a desabafar com
o rapaz, falando a respeito
de alguns problemas que
estava enfrentando. Os
olhos daquele homem
pareciam clamar por uma
palavra, por um gesto que
lhe fizesse ter alguma
esperança. Porém, o rapaz
não conseguia proferir
uma frase sequer. Parecia
que todo o seu conheci-
mento e habilidade de
expressão haviam desapa-
recido. Ele não foi capaz
de dar uma palavra de
ânimo àquele senhor.
Então, sua mãe veio
servir o café. Percebendo
que seu filho se encon-
trava sem palavras,
resolveu entrar na con-
versa e ouvir aquele
homem. Depois de certo
momento, passou a dizer
muitas coisas a ele. Deu-
lhe conselhos que por
toda a sua vida jamais
esqueceu. Tratou-o com
um imenso carinho. Seus
olhos transmitiam amor e
misericórdia por aquele
homem que se encontra-
va tão frágil diante dela.
5/22/2009, 8:55 PM
Esqueceu-se de que se
tratava de alguém muito
culto, assim como seu
filho. Ao se despedir do
rapaz, o diretor disse:
“Parabéns pela mãe que
tem! Você deve se orgu-
lhar muito dela! Hoje
compreendi que você se
tornou este grande
homem devido à educa-
ção que ela lhe deu! Mais
do que qualquer conheci-
mento que alguém possa
ter, o maior deles ela
possui: é o de saber que as
coisas mais importantes
da vida são simples,
ensinadas com a vida e
que não podem ser
esquecidas!”.
Que esta história nos
faça refletir o quanto uma
boa educação não está na
qualidade do ensino, nem
nas boas maneiras e muito
menos na capacidade
intelectual das pessoas,
mas sim na maneira como
vivemos, como amamos e
respeitamos o nosso
próximo. Esta lição foi,
sem dúvida alguma, a
maior deixada por Cristo
Jesus, o maior mestre de
toda a história.
Tania Cecilia
Fernandes
Moraes, casada
com Moacir, tem
uma filha. É
membro da
Igreja Batista do
Povo situada em
Vila Mariana, São Paulo. É
graduada em Licenciatura em
Letras pela UNIFAI e pós-
graduada em Comunicação com
o Mercado pela Escola Superior
de Propaganda e Marketing.
Revista Lar Cristão 21
 { EDUCAÇÃO } OBEDIÊNCIA
Má educação
versus respeito
O
s estudiosos
da conduta
ética e moral
da humani-
dade têm observado que,
ao longo do tempo,
mesmo diante dos tre-
mendos ganhos científi-
cos e educacionais
obtidos, vai irrompendo
certa cultura de quebra
dos fundamentos do bom
trato, da fidalguia, da
cortesia nos relaciona-
mentos outrora significa-
tivos – entre os cônjuges,
entre pais e filhos, entre
professores e alunos,
entre chefes e subalter-
nos –, prevalecendo, em
seu lugar, aquilo que é
lamentável na natureza
humana: a falta de
educação, o desrespeito e
a violência. Todos os
princípios morais e
espirituais para uma boa
convivência são abando-
22 Revista Lar Cristão
LC108.pmd
nados. Lembro-me de
uma frase que li certa vez:
o destempero verbal é o
expediente do incompetente
e ignorante. Pois tem sido
essa “incontinência
verbal”, expressão que
começa a ser usada para o
fenômeno do palavreado
conscientemente áspero,
ríspido, que tem invadido
o campo interpessoal,
causando muito dano e
infelicidade.
As discussões acirra-
das, carentes de domínio
próprio, de temperança,
vão se tornando rotina,
não só nas relações
interpessoais vividas nos
ambientes de trabalho,
mas também, e infeliz-
mente, no convívio dos
lares, evidenciando
severas infrações dos
padrões elementares de
urbanidade, de conduta
civilizada.
22
Por muitos motivos, o
quadro de referência
interno de cada pessoa
pode ser minado por
complexos, inseguranças,
traumas não tratados ou
malresolvidos, ligados ao
histórico doméstico, e
com isso ela desenvolve
dificuldades para assumir
suas próprias limitações,
suas fraquezas. Compor-
ta-se, frequentemente,
de forma inadequada,
transferindo o problema
como se sempre fosse o
outro o culpado, apon-
tando com o dedo em
riste para o cônjuge, o
amigo, o parente, e assim
por diante.
Certo dia fiquei
chocado ao ouvir uma
música que tem por
título “A arte do insulto”.
No universo da má
educação o insulto está
sempre presente como
5/22/2009, 8:55 PM
uma arma demolidora,
destruindo amizades,
aviltando a autoestima
do interlocutor. Trata-se
de uma maneira
deselegante e imprópria
de lidar com os outros e
com os problemas da
vida, mas que infelizmen-
te está presente entre
pessoas até reconhecida-
mente de boa formação
moral. Consiste no
emprego de palavras que
objetivam humilhar,
arrasar alguém, atingindo
deliberada e sarcastica-
mente seus “pontos
fracos”. São as ofensas
verbais, via de regra
carregadas de termos de
baixíssimo calão, os
primeiros rounds de uma
luta que termina com
violência física.
Nesse contexto a
mídia cumpre seu nefasto
papel: estabelecer a
 cultura da má educação, demais. Amigos, casais, mundo de tal maneira bradas, ponderadas e
da agressão e do desres- colegas comunicam-se que deu seu Filho. E prudentes do ponto de
peito. Que tal esfriar a muito melhor se acatam. encontrar Jesus é encon- vista pessoal e, por
cabeça, e marido e E respeito é o mais básico trar o amor, a libertação conseguinte, nutram
mulher relaxarem um de todos os valores. do egoísmo, da manipula- relacionamentos
pouco na frente da TV, Respeitar é saber ouvir, é ção, da chantagem e aprazíveis, acolhedores,
assistindo a um bom filme entender o outro em seu promover a harmonia, a deleitosos no trato
antes de dormir? Mas os ponto de vista. É abraçar amabilidade, a nobreza interpessoal.
filmes românticos foram o outro como Deus o fez. de atos, que põe o outro Domínio próprio,
substituídos por outros, Relacionamentos num pedestal. Quem mansidão, longanimidade
cheios de violência, de saudáveis emanam de respeita sabe ouvir, são fruto do Espírito. E
humor de duplo sentido, parcerias, assim como reconhece seus próprios tudo sinonimiza equilí-
de estupidez no trato, de acontece no casamento, erros e sabe pedir perdão, brio. Aprender a pôr em
ameaças e das mais a partir dos votos iniciais, não fere suscetibilidades. prática essas virtudes é
variadas formas veladas quando conhecemos O amor alimenta, forta- permitir um novo momen-
de ataques verbais e de to da vida: o de, antes de
contra-ataques. Consci- Quem respeita sabe ouvir, reco- tudo, considerar o con-
ente ou inconsciente- junto das situações no
mente, esses modelos de nhece seus próprios erros e sabe qual sempre se verão
desconsideração, de pedir perdão, não fere inseridas as vivências
desmoralização, de humanas e daí analisar os
desprezo aprofundam-se, suscetibilidades. dados tanto sobre pessoas
enraízam-se, tomando quanto sobre coisas, sem
conta das pessoas, redu- nosso parceiro, época da lece o relacionamento, açodamentos e sem
zindo casamentos e vida em que somos nunca o destrói. É dividir leviandades que os
amizades a mero universo atraídos por nossos e se dividir. É viver para comportamentos mal-
de opostos, de competi- opostos complementares, o outro sem esperar nada educados ensejam. Não é
ção, de vitória e derrota, e que dura até o dia em em troca, sem cobrar assim que desejamos ser
neutralizando uma das que Deus a um dos dois respostas. O amor eno- tratados? Então “fazei vós
coisas mais preciosas que chamar. O respeito entre brece o trato. também”, porque “na
é a bênção da boa os cônjuges, entre ami- medida com que
comunicação, e assim gos, promove a paz, a Equilíbrio nos julgardes sereis julgados”.
perpetuando os conflitos realização, fazendo com relacionamentos Assim como em você
nos diversos tipos de que, com o tempo, ambos Alguém já disse que a estão presentes algumas
relacionamento. se percebam espelho um Bíblia pode ser resumida ações e reações que não
do outro e os dois se na palavra comportamen- aprecia, marcas da vida,
O respeito nos relacio- vejam abençoados e to. São os dez manda- heranças domésticas de
namentos abençoadores nessas e mentos no Antigo Testa- algumas duras experiên-
Respeito e admiração são por meio dessas relações. mento e o Sermão do cias pelas quais passou
valores fundamentais no O respeito prevalece Monte no Novo Testa- até mesmo quando
relacionamento social, na nas pessoas amadure- mento que ilustram o criança, hoje
convivência saudável, cidas, idôneas, que quanto o Senhor quer constitutivas de seu
frutífera e duradoura. amam e sabem que o que as pessoas, feitas à caráter, e que de alguma
São valores que dão amor é doação. A Bíblia imagem e semelhança maneira desejaria que os
sustentação a todos os diz que Deus amou o dele, sejam mais equili- outros as entendessem,

Revista Lar Cristão 23

LC108.pmd 23 5/22/2009, 8:55 PM

 { EDUCAÇÃO } OBEDIÊNCIA
você também deve
compreender seus
interlocutores nas possibi-
lidades de suas similares
dificuldades.
É mister superar-se na
sua necessidade de
mandar, de aparecer, de
ser ouvido, mas que tanto
atropela, invade o espaço
do outro, alfinetando,
sangrando irresponsavel-
mente. Pessoas mal-
educadas, briguentas, mal-
humoradas afastam de si
os amigos, perdem o
respeito dos outros. Um
encontro com Jesus nos faz
reconhecer o pecado do
aviltamento, do
enxovalhamento das
24 Revista Lar Cristão
LC108.pmd
outras pessoas, leva a
pedir-lhes perdão, a dispor-
se às reparações, à necessi-
dade de estar de bem
consigo mesmo, aprender
a amar e a respeitar assim
como quer que procedam
consigo.
É preciso mudar. Que
legado você está deixando
para os filhos e netos?
Contudo, a mudança não
é do dia para a noite.
Quando Cristo dirige a
vida do homem, é mais
fácil trabalhar a ansieda-
de, aprende-se a viver
com propósito, um dia de
cada vez, e que “basta
para cada dia seu mal”.
Agora “não vivo eu, mas
24
Cristo vive em mim”, por
isso está disposto “a
aprender o que for preciso
aprender” – dure o quanto
durar. Também já não se
rege mais por cobrança
dirigida aos outros, seja
quem for. O problema
ainda é seu e não dos
outros. Esse é o foco, a
esperança, o caminho das
mudanças.
Certamente as boas
maneiras, tais como
afabilidade no proceder,
amabilidade no falar,
atenção devida a todos,
educação e respeito,
passarão a fazer parte, dia
a dia, desse novo momen-
to, desse novo projeto de
5/22/2009, 8:55 PM
vida em Jesus, ajudando
não só a construir como
também a conservar as
amizades, o especial
relacionamento familiar,
abençoando, desfrutan-
do e redescobrindo nos
relacionamentos signifi-
cativos um presente,
uma oportunidade e um
privilégio concedidos
por Deus.
Eli Fernandes
de Oliveira é
pastor da Igreja
Batista da
Liberdade, em
São Paulo,
doutor em
Teologia,
psicanalista clínico e membro
da Academia Paulista Evangélica
de Letras.
 Revista Lar Cristão 25

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 26 Revista Lar Cristão

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 Revista Lar Cristão 27

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 { NOSSA REALIDADE }
A realidade da
família brasileira
“Os grandes valores
quase sempre são compre-
endidos tardiamente.”
F. Nietzsche
E
mbora este
filósofo alemão
fosse ateu, sua
confissão resume
o pensamento que desco-
brimos ao longo da nossa
vida: os valores mais
importantes, por vezes,
são esquecidos ou descar-
tados. Alguns são desco-
bertos somente depois de
muitas lutas, sofrimentos
e transformações.
Nesta segunda parte
das pesquisas realizadas
pelo Datafolha nos
últimos 10 anos, quere-
mos trazer luz a valores –
a importância e sentido
da família, a instituição
do casamento, a priorida-
de do trabalho, a preocu-
pação com o dinheiro, a
necessidade da religião
para famílias e jovens e
28 Revista Lar Cristão
LC108.pmd 28
Segunda parte
até o uso da maconha – aborto, cuja prática é de bilheteria internacio-
que afetam a vida de pais recriminada por 87% da nal como “Crash” mos-
e filhos, maridos e espo- população brasileira. O tram em detalhes a
sas em suas dinâmicas e interessante é notar que ingenuidade,
lutas familiares. nas classes mais altas receptividade, sedução e
Comecemos com a (entre os que ganham sofrimento dos jovens da
maconha. Apesar de a mais de 20 salários classe média alta que,
sociedade brasileira ter- mínimos), o índice em busca do prazer
se aberto a discussões daqueles que consideram (hedonismo) e procuran-
polêmicas como a sua fumar maconha como do novas experiências,
legalização, os últimos algo muito grave cai para lamentavelmente tor-
nam-se viciados.
Fumar maconha ainda é conside- Como destaque, o
Datafolha,
rado moralmente errado por interessantemente,
85% das pessoas. Este número só revela que o brasileiro
está tratando alguns
fica atrás do aborto, cuja prática é temas da vida em
recriminada por 87% da popula- sociedade com maior
zelo do que fazia em
ção brasileira. 1998, quando foi reali-
zada a primeira pesquisa
anos não produziram 50%. Aqueles que têm sobre a família. Na
nenhuma mudança um maior grau de estudo época, a instituição
significativa quanto a sua e mais dinheiro, tragica- família era considerada
aceitação. Fumar maco- mente, são os que menos “muito importante” para
nha ainda é considerado recriminam a maconha e 61% da população. Já
moralmente errado por outras drogas. O filme em 2007, esse
85% das pessoas. Este brasileiro “Tropa de percentual aumentou
número só fica atrás do Elite” e outros sucessos para 69%. Entre as
5/22/2009, 8:55 PM
 famílias de classe média Outro valor de peso é o Atualmente, 58% da humano. Novamente essa
com renda entre 10 e 20 estudo. De acordo com população vê o trabalho regra é reforçada no
salários mínimos esse a pesquisa, aqueles que como “muito importan- sétimo mandamento e
índice é de incríveis consideram o estudo te”, um índice assustado- mantida pela Igreja cristã
81%! Será que esse muito importante subi- ramente maior que 1998, no Novo Testamento
número apenas reflete a ram 4 pontos percentuais, quando apenas 38% via o como princípio de vida:
insegurança, as lutas e saltando de 61% em 1998 trabalho dessa forma. No um dia de repouso,
preocupações de mi- para 65% em 2007. Essa quesito dos que conside- oração, descanso, adora-
lhões de pessoas investigação demonstra ram o lazer como “muito ção. Isso não parece ser
estressadas, insatisfeitas uma maior preocupação importante” o índice caiu uma grande preocupação
e sobrecarregadas pelas da família brasileira com de 38% para 32% nesses para a família brasileira.
lutas e crises familiares? a educação e o desenvol- anos. Entre os que têm
Ou será que o aumento vimento escolar dos seus ensino superior esse 38% da população vê
do número de cristãos, filhos. índice subiu para 41%. o trabalho como
com seus inúmeros Sabemos que, depois de “muito importante” –
cursos, palestras e 61% consideram a Deus criar o mundo, Ele 1998
conferências para instituição família descansou no sétimo dia 58% da população vê
casais, está realmente “muito importante” (Gênesis 2.2), não o trabalho como
gerando maior consci- – 1998 porque estivesse “cansa- “muito importante” -
ência social para com a 69% consideram a do” e precisasse relaxar, 2007
função central da instituição família mas para dar um modelo,
família para a saúde da “muito importante” estabelecer uma regra de Entretanto, um valor
sociedade brasileira? – 2007 conduta para o ser que pouco foi alterado

Revista Lar Cristão 29

LC108.pmd 29 5/22/2009, 8:55 PM

 { NOSSA R EALIDADE }
neste período que com-
preendeu as duas pesqui-
sas (1998-2007) foi o
casamento. Apenas 31%
da população brasileira
considera o casamento
“muito importante” e
41% considera essa
instituição apenas “im-
portante”. A paralisação
nos números mostra a
realidade cada vez mais
presente: o casamento
está perdendo a impor-
tância para a família
brasileira. Além da
prioridade para outras
organizações e formatos
não tradicionais de
família, a estabilidade do
casamento sancionada
30 Revista Lar Cristão
LC108.pmd
em 1996 – a chamada Estatística (IBGE), que Contudo, a notícia
união estável – mostra indicam 7,3% da popula- boa é que o índice
seus efeitos nessa última ção. Desse total, 12,2% daqueles que acham que
pesquisa de 2007. se dizem agnósticos ou a religião é muito impor-
No que diz respeito à ateus e 19,8% crentes tante para a família
religião há duas notícias: sem religião. Este será cresceu de 38% em 1998
uma boa e outra muito indubitavelmente um dos para 45% em 2007. Esse
ruim. A notícia ruim, de maiores desafios para a desejo por um contato
acordo com o teólogo Igreja nas próximas religioso, talvez ocasiona-
Jorge Claudio Ribeiro, da décadas! do pela mídia evangélica
Pontifícia Universidade e a busca por uma
Católica (PUC) de São “jovens sem religião” espiritualidade, deve ser
Paulo e autor do livro 32% - PUC visto como oportunidade
“População sem para a pregação do
Religiosidade jovem, é que
religião” evangelho integral e
o número dos “jovens
7,3% - IBGE testemunho da salvação
sem religião” já soma
(Desse total, 12,2% se
em Jesus Cristo.
32% dos entrevistados!
Esse é um percentual dizem agnósticos ou Rubens Ramiro
muito superior aos núme- ateus e 19,8% crentes Muzio graduou-
sem religião) se bacharel em
ros do censo do Instituto Teologia pelo
Brasileiro de Geografia e Seminário
Presbiteriano do
Sul, em Campi-
nas, exerceu o
ministério pastoral nas igrejas
Presbiteriana Central de Bauru
e Rocha Eterna, em Tatuí, e
dirigiu a igreja internacional na
cidade de Toronto.
Luis André
Bruneto
Casado com
Mércia Miras,
dois filhos,
Sarah, de 9 anos
e Lucas, de 3.
Missionário
SEPAL. Pastor da Comunidade
Evangélica de Pirapozinho - SP
Bacharel em Teologia pela
Seminário Teológico de
Londrina da IPI do Brasil
M. Div. em Missiologia Urbana
pela Faculdade Teológica Sul-
Americana em Londrina
Coordenador Nacional de
Pesquisas Brasil 21 - SEPAL.
30 5/22/2009, 8:55 PM
 Revista Lar Cristão 31

LC108.pmd 31 5/22/2009, 8:55 PM

 { EDUCAÇÃO } SEXO

Receita especial para

pais de adolescentes e jovens
“Mais do que as
palavras, suas atitudes é
que nos levarão a confiar-
lhes os nossos mais terríveis
medos. E mais que as
palavras, seus gestos, seu
olhar atento, sua confian-
ça em nós e sua disponibi-
lidade é que nos farão
sentirmo-nos protegidos e
livres das ameaças e
chantagens do que quer e
de quem quer que seja.”
(Tânia Zagury, O adoles-
cente por ele mesmo,
Editora Record, p. 211)

N
ão há dúvi-
da. Estamos,
já há algum
tempo,
vivendo uma revolução
moral e sexual em nossa
sociedade. A principal
questão não é se essa
revolução afetará as
nossas famílias, mas o que
vamos fazer a respeito
dela. Uma coisa é certa:
se nós não educarmos

32
32 Revista
Revista Lar
Lar Cristão
Cristão

LC108.pmd 32 5/22/2009, 8:55 PM

 adequadamente nossos confrontados com os sexo no contexto do
Interfere na comu-
filhos nesta área, não fatos, eles sabem tomar casamento. É importante nicação do casal.
podemos ser ingênuos em decisões inteligentes. apresentar os dois lados.
Prejudica a confi-
pensar que alguém mais Mas minha pergunta é: Meu marido gosta ança e o respeito mútuo.
irá fazê-lo. Ou melhor quem está lhes apresen- muito de trabalhar com
Diminui a
dizendo, pode ser que tando os fatos? É também adolescentes e jovens nas autoestima.
nossos filhos até sejam responsabilidade da escolas e nas igrejas. Em
O rompimento
ensinados sobre sexo, mas Igreja fazê-lo, porém primeiro lugar, porque torna-se mais doloroso.
não de acordo com os muitas vezes os líderes eles são muito
Há ameaça de uma
valores cristãos. Certa- não querem tocar no “ensináveis”. Também gravidez ou de uma
mente eles conversarão assunto. Os pais, talvez porque é mais fácil doença sexualmente
com os amigos sobre o por vergonha ou, o que é prevenir os problemas do transmissível.
assunto, mas quantos mais grave, por negligên- que tentar repará-los
Haverá maior
deles já não serão sexual- cia, nunca sentam com depois. Muitos casamen- tendência à infidelidade
mente ativos? As bancas seus filhos para ter um tos já estão condenados conjugal.
de jornal sempre terão diálogo aberto sobre os ao fracasso antes de
Causa desentendi-
muito material disponível mentos entre pais e
para ensiná-los, e a filhos.
Internet também. A É mais fácil prevenir
Os futuros pais
mídia tentará convencê- os problemas do que tentar terão dificuldade em
los do empolgante prazer serem exemplos para seus
que existe no “sexo repará-los depois. filhos.
livre”. Na maioria dos
Rouba o encanto
filmes a que eles assis- perigos e as serem realizados por da noite de núpcias.
tem, tanto na televisão consequências do sexo causa de irregularidades,
como no cinema, a cena fora do casamento. de “escorregões” que Como meu marido
que mostra o casal se É absolutamente aconteceram durante o gosta de dizer: “Não
beijando quase invaria- necessário que um namoro. existe um presente mais
velmente passa para ponto de vista claro, Anos atrás Jaime valioso que você pode
outra dos dois na cama objetivo e saudável escreveu um livro que oferecer ao seu cônjuge
tendo relações sexuais. sobre sexo seja oferecido recebeu o título Sexo: aqui na noite de núpcias do
Os professores se esfor- pelos pais do adolescen- e agora? (disponível em que dizer: ‘Eu me guardei
çarão para ensinar seus te, do jovem, dentro da www.larcristao.com.br). para você e para esta
alunos, mas a literatura sua própria casa. Ele é recheado de hora’”.
que as escolas usam fala ilustrações atraentes e
sobre “sexo seguro” e De pai para filho interessantes, e os De mãe para filha
“estilos de vida alterna- A Bíblia tem muito a capítulos são curtos e Eu fui convidada para
tivos”. Na verdade, os dizer sobre sexo. Nos objetivos. Nele Jaime escrever um livro sobre
educadores, em geral, capítulos 5 a 7 de Provér- apresenta vinte razões sexo, cujo título sugerido
desistiram de aconselhar bios um pai dá uma aula por que o sexo antes do era O segredo da rosa
a abstinência, pois isso de educação sexual ao casamento é prejudicial. (Editora Hagnos). Não
não funciona mais seu filho. Ele alerta sobre Quero destacar apenas foi difícil desenvolver a
atualmente. os perigos de uma vida algumas: ideia da rosa, pois em
Os nossos jovens são promíscua e faz o con-
Abala nossa amiza- Cântico dos Cânticos a
espertos. Quando são traste com a alegria do de com Deus. jovem da história afirma:

Revista Lar Cristão 33

LC108.pmd 33 5/22/2009, 8:55 PM

 { EDUCAÇÃO } SEXO
Uma coisa é certa: se nós não
educarmos adequadamente
nossos filhos nesta área (sexual),
não podemos ser ingênuos em
pensar que alguém mais
irá fazê-lo.
34 Revista Lar Cristão
LC108.pmd 34
“Eu sou a rosa...”
(Cântico dos Cânticos
2.1 – ARA ).
No livro falei sobre:

Os espinhos – as
consequências e os
perigos do sexo antes do
casamento. Existe um
velho provérbio chinês
que diz: “Aquele que não
quer os espinhos não
deve tocar a rosa”.

O solo – o enorme
benefício que representa
um lar onde existe comu-
nicação aberta, aceitação,
amor e harmonia.

Os jardineiros – os
pais e, especialmente,
Deus, o Criador.

A poda – isto é,
toda “erva daninha” que
precisamos arrancar ou
cortar e jogar fora.
Também falei sobre o
botão de rosa. A moça
sulamita repete três vezes
em Cântico dos Cânticos:
“Conjuro-vos, ó filhas de
Jerusalém, pelas gazelas e
cervas do campo, que
não acordeis, nem
desperteis o amor, até
que este o queira” (2.7;
3.5 e 8.4 – ARA). Em 8.8
lemos: “Temos uma
irmãzinha que ainda não
tem seios; que faremos a
esta nossa irmã, no dia
em que for pedida?”.
5/22/2009, 8:55 PM
Certa vez Jaime
aconselhou uma garota
de dezessete anos de
idade que decidiu “ficar”
com um rapaz da sua
escola. Ele a levou para
um motel, onde ela
perdeu a virgindade.
Entre soluços, ela confes-
sou ao Jaime: “Sabe o
que é pior? Na semana
seguinte, quando encon-
trei com ele no colégio,
ele nem sequer lembrou
o meu nome!”.
Não há nada mais
triste do que ver um
botão de rosa morrer
antes de abrir. E não
existe nada mais bonito
do que assistir ao desa-
brochar de uma flor – sua
beleza, seu perfume, o
encanto e a alegria com
que envolve a todos.
Nossa nação e nossas
igrejas serão fortes na
medida em que as suas
famílias forem fortes. E
nossas famílias serão
fortes quando estiverem
firmadas nos eternos e
imutáveis princípios da
Palavra de Deus.
Judith Kemp
é esposa do Pr.
Jaime Kemp,
mãe de três
filhas e avó de
três netos. É
autora de cinco
livros: Meu filho,
meu discípulo; As filhas de Sara;
Depressão e graça; Papo de anjo e
O segredo da rosa.
 Revista Lar Cristão 35

LC108.pmd 35 5/22/2009, 8:56 PM


{ EDUCAÇÃO SEXUAL }
Vital numa
sociedade permissiva
A
o observarmos a sociedade em que vive-
mos não é difícil concluir que ela está
impregnada por sexo, perversões, valores
distorcidos e papéis trocados. Por isso tor-
na-se essencial oferecer aos filhos uma boa, clara e
sincera educação sexual.
Essa responsabilidade cai, principalmente, sobre os
ombros dos pais durante os nove primeiros anos de vida
de seus filhos. A Igreja e a escola também devem con-
tribuir na exposição e esclarecimento do assunto. A
Igreja muitas vezes se esquiva dessa tarefa e a escola
não oferece uma educação correta, nem bíblica.
Tomando como exemplo minha própria experiên-
cia, quando eu era garoto, adolescente, meus pais
nunca conversaram comigo sobre o assunto SEXO.
Cresci “morto de curiosidade”, procurando respostas
às minhas dúvidas, pois possuía um desejo de obter
informações mais definitivas e reais. Aprendi do modo
errado, tendo como professores a televisão, a banca
de jornal, as piadas e histórias picantes dos colegas
de colégio, bem como a leitura de frases e declara-
ções nas portas dos banheiros, muitas vezes acompa-
nhadas de desenhos bastante “elucidativos”!
Trabalhando há anos com a juventude tenho cons-
tatado o quanto lhes falta uma abordagem direta,
aberta e honesta sobre sexo. Vários de seus proble-
mas poderiam ser evitados se tivessem recebido mais
orientação sobre o assunto. Não posso culpar total-
mente os pais, pois é provável que eles também não
tenham tido instruções adequadas a respeito.
Se você, jovem, já passou por essa fase e não apren-
deu com seus pais, deixe-me dar algumas sugestões
para que você mude a história e comece direito com
seus futuros filhos. Se você, pai ou mãe, está lendo estas
36 Revista Lar Cristão
LC108.pmd 36
Jaime Kemp é doutor em Ministério
Familiar e diretor do Lar Cristão. Foi
missionário da Sepal por 31 anos e fundador
dos Vencedores por Cristo. É palestrante e
autor de 50 títulos. Casado com Judith, é
pai de 3 filhas e avô de 2 netos.
palavras e ainda não teve coragem de começar a ori-
entar seus filhos na área sexual, aproveite estas di-
cas. Não me proponho a, aqui, fazer um tratado sobre
a matéria, mas são sugestões que podem ajudar a tra-
tar desse assunto tão importante:

Comece cedo - Considerando que a orienta-
ção sexual é muito significativa do primeiro ao nono
ano de vida da criança, muitas orientações devem
ser comunicadas durante esse período.

Seja honesto - Procure responder às perguntas
de seus filhos de maneira honesta, sincera e direta.
Se a criança teve a capacidade e idade para formular
a pergunta, decerto saberá compreender a resposta.

Seja espontâneo, natural - Responda de modo
espontâneo, natural. Se você não souber a resposta,
seja honesto(a), diga que vai pesquisar e voltará a
conversar sobre o assunto.

Seja bíblico - A Palavra de Deus não é neces-
sariamente um manual sexual, mas há passagens que
ensinam sobre o assunto e ela é sempre atual, verda-
deira e confiável.

Não perca as oportunidades - Em nosso dia a
dia surgem o que costumo denominar de “momentos
ensináveis”. São ótimas oportunidades naturais que
proporcionam a transmissão de conhecimentos de
maneira gradativa e repetitiva.
Finalizando, gostaria de dizer aos pais de hoje,
ou aos de amanhã: Procurem falar com seus filhos
a respeito da sexualidade de modo alegre,
descontraído, positivo, espontâneo, natural, sau-
dável, respeitoso, e que isso resulte em uma nova
geração com bases bíblicas e saudáveis sobre o sexo.
É isso aí!
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 Revista Lar Cristão 37

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 { EDUCAÇÃO } MORAL
Educação:
a ampliação dos horizontes
“Vamos começar a
reconstrução! E se
aprontaram para começar
o trabalho.” (Neemias
2.18)
A
história de
Neemias nos
emociona
pela sua
preocupação com o seu
povo e com a sua terra.
Ele estava em Susã
quando Hanani, um dos
seus irmãos, chegou de
Judá. Imediatamente
Neemias quis saber
notícias da cidade de
Jerusalém e dos judeus
que haviam voltado do
cativeiro na Babilônia.
Neemias foi informado
que os que haviam
voltado para a província
de Judá e não tinham
morrido estavam passan-
do por grandes dificulda-
des. Ficou sabendo
também que as muralhas
de Jerusalém ainda
38 Revista Lar Cristão
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E RELIGIOSA
estavam em ruínas e que famílias que estão sendo seus líderes e professores
os portões que foram destruídas pela falta de da Escola Dominical, a
queimados ainda não conhecimento da Palavra responsabilidade de
tinham sido restaurados. de Deus, pelo descaso educarem seus filhos.
Ao ouvir este relato dado aos relacionamen- Mas, na verdade, esta é
de Hanani, Neemias tos, e como consequência uma responsabilidade
sentiu uma tristeza muito desse descaso uma que Deus delegou aos
grande e passou vários influência negativa pais, e não à Igreja.
dias jejuando e choran- direta sobre nossas Vejamos o que dizem
do. Então propôs em seu crianças. as Escrituras em Juízes
coração reconstruir os O que é necessário 2.7: “O povo prestou
muros de Jerusalém. fazer para que haja uma culto ao Senhor durante
toda a vida de Josué e
Os pais devem conscientizar-se dos líderes que sobrevi-
de que os filhos são como veram a Josué e que
tinham visto todos os
diamantes em suas mãos para grandes feitos do Senhor
serem lapidados. em favor de Israel”.
O que a história de
Quatro meses mais tarde, mudança neste quadro Neemias e a de Josué
enquanto servia o rei que se apresenta tão têm em comum? Elas
Artaxerxes, Neemias desolador? Primeiramen- trazem à memória tudo o
pediu-lhe permissão para te, os pais devem que Deus fez, não deixa-
a realização de seu conscientizar-se de que ram que caísse no esque-
sonho. os filhos são como dia- cimento. Josué se revelou
E o que a experiência mantes em suas mãos um homem destemido e
de Neemias tem a ver para serem lapidados. temente a Deus, deixan-
com a nossa realidade? É Nos dias atuais há do sua influência podero-
uma figura da reconstru- muitos pais que deixam sa em Israel, mas após a
ção necessária em muitas com a Igreja, por meio de sua morte e dos demais
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 líderes, encontramos É preciso resgatar o que ele foi conse- uma criança, por negli-
uma geração que não comer juntos em famí- quência de um descuido gência e comodismo.
conhecia nem a Deus lia, com o pai, a mãe e seu, diga para ele que Educar um filho não
nem as suas obras. os filhos em volta da ele veio para fazer é uma tarefa fácil.
As circunstâncias nas mesa conversando. É diferença em sua gera- Muitos pais e mães
quais as famílias vivem nesse momento que os ção. E essa diferença querem ter com os seus
hoje são muito sérias. Os pais poderão comparti- dependerá dos pais. filhos uma relação de
pais vivem atarefados, e a lhar em família o poder Quais são os valores que igual para igual, como
vida moderna tem levado de Deus, incutir em os seus filhos aprendem se fossem simplesmente
as pessoas a viverem seus filhos valores em sua casa? O que você amigos. Essa relação não
isoladas, serem individu- morais e falar sobre o tem falado para os filhos funciona, porque seu
alistas, sem tempo para amor de Deus. acerca de Deus? Você filho não confidenciará
educar os filhos. As Em Provérbios 31.1-2 sabia que a salvação do a você segredos que ele
crianças vivem mais a Bíblia diz: “Ditados do seu filho depende de contará somente aos
tempo em frente a um rei Lemuel; uma exorta- você? O maior exemplo seus amigos. Só levá-los
computador ou a uma ção que sua mãe lhe fez: para eles acerca de à igreja também não
televisão, na internet, Ó meu filho, filho do Jesus são os pais, mas funciona, porque a
jogando videogame, sem meu ventre, filho de muitos têm desperdiça- parte mais importante
momentos de relaciona- meus votos…”. Não do este momento tão na criação de filhos está
mento com seus pais. diga para o seu filho importante na vida de na família. É em casa

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 { EDUCAÇÃO } MORAL
que eles aprenderão os
valores e princípios
morais que darão senti-
do e direção a suas
vidas.
Salmos 78.2-4 e 7 diz:
“Em parábolas abrirei a
minha boca, proferirei
enigmas do passado; o
que ouvimos e aprende-
mos, o que nossos pais nos
contaram. Não os escon-
deremos dos nossos filhos;
contaremos à próxima
geração os louváveis feitos
do Senhor, o seu poder e
as maravilhas que fez (…)
Então eles porão a confi-
ança em Deus; não
40 Revista Lar Cristão
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E RELIGIOSA
esquecerão os seus feitos Bíblia Sagrada. Ela é, garão a sua vida por
e obedecerão aos seus para os cristãos, o muitos anos e lhe darão
mandamentos”. manual de orientação prosperidade e paz. Que
Criar filhos com que cobre todas as áreas o amor e a fidelidade
disciplina e com limites da vida do ser humano, jamais o abandonem;
tem sido um grande incluindo casamento e prenda-os ao redor do
desafio para os pais criação de filhos. seu pescoço, escreva-os
desta geração. Como Que todos os pais na tábua do seu coração.
consequência da ausên- tenham consciência da Então você terá o favor
cia de disciplina e sua responsabilidade na de Deus e dos homens, e
limites, há um grande formação integral de seus boa reputação”.
número de jovens que filhos. Gravem em seu
Pr. Eude Silva
caminham sem rumo e coração e tornem real é coordenador
sem objetivos promisso- para a família o texto de da campanha “É
tempo de ouvir
res na vida. Os que Provérbios 3.1-4: “Meu a Palavra de
pertencem à Família de filho, não se esqueça da Deus”.
Deus têm o remédio minha lei, mas guarde no Pra. Jeci Silva
para esta geração doen- coração os meus manda- é diretora de Educação
Religiosa do Ministério Vida
te: a Palavra de Deus, a mentos, pois eles prolon- para Milhões, SP.
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 Revista Lar Cristão 41

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 { SAÚDE }
Padrões errôneos
de sentimentos
causados por uma
má educação
D
esde criança precisamos
saber que somos impor-
tantes, que somos leva-
dos a sério e que cada par-
te de nós é digna de ser amada e
aceita. Precisamos também saber que
os que tomam conta de nós nos amam
e podemos confiar neles. Quando
não podemos confiar nas pessoas res-
ponsáveis por nós, quando sentimos
que não se preocupam com o que sen-
timos, desenvolvemos uma profunda
falta de confiança em nós mesmos.
Se formos privados desse amor, nossa
noção de EU SOU é prejudicada,
contaminando o adulto com uma
sede insaciável de amor, atenção e
afeição, procurando esse amor no ex-
terno, em coisas materiais, dinheiro
ou em outras pessoas.
Só podemos mudar algo quando
conseguimos reconhecer alguns pa-
drões em nossa vida. A falta de
autoconhecimento e conexão com a
criança interior pode trazer alguns
padrões comuns:
Sentimentos mais intensos
“Portanto, agora já não há condena-
ção para os que estão em Cristo Je-
sus” (Romanos 8.1).
A criança tem medo, culpa, va-
zio, impotência, solidão e muito re-
42 Revista Lar Cristão
LC108.pmd 42
ceio de ser abandonada e rejeitada.
Quando os pais e outros adultos sig-
nificativos a abandonam, rejeitam ou
abusam dela na infância, a dor é tão
insuportável que quando ela cresce
o adulto interior se desliga da crian-
ça interior para não ter mais tais
vivências, intensificando assim a dor,
o vazio e a solidão.
Medo de estar errada
“No amor não há medo; ao con-
trário o perfeito amor expulsa o medo,
porque o medo supõe castigo. Aquele
que tem medo não está aperfeiçoado
no amor” (1 João 4.18).
A criança interior abandonada
está quase sempre com medo de es-
tar errada, porque acredita ser essa
a razão de ter sido abandonada ou
rejeitada. Torna-se um adulto que
está sempre pedindo desculpas, como
se precisasse se desculpar por um dia
ter nascido. Pode ainda ser um adul-
to perfeccionista, ou muito preso às
regras, em como as coisas devem ser
feitas, na tentativa de não errar.
Repetição interna
“Quanto à antiga maneira de vi-
ver, vocês foram ensinados a despir-se
do velho homem que se corrompe por
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 desejos enganosos…” (Efésios 4.22).
A repetição interna consiste em
repetir para si mesmo as violências do
passado. A pessoa se pune como era
punida na infância. Frases como: “sou
idiota”, “como posso ser tão burro?” ou
“não sei fazer nada direito”, “nunca
serei feliz” podem ser repetições do que
ela ouvia quando criança. Algumas
pessoas batem no próprio rosto, exata-
mente como a mãe fazia com ela
quando era pequena. A emoção do
passado, não resolvida, geralmente é
usada contra a própria pessoa. Se era
comum desprezarem seus sentimen-
tos, será também comum se relacio-
nar com quem agirá da mesma forma.
Dificuldade no relacionamento
afetivo
“Amados, amemos uns aos outros,
pois o amor procede de Deus. Aquele
que ama é nascido de Deus e conhece a
Deus” (1 João 4.7).
“Nisto consiste o amor: não em que
nós tenhamos amado a Deus, mas em
que ele nos amou e enviou seu Filho
como propiciação pelos nossos pecados”
(1 João 4.10).
Se na infância o indivíduo foi víti-
ma de maus-tratos, ele tende a man-
ter relacionamentos destrutivos, per-
mitindo ser tão maltratado como era,
temendo ser abandonado. Confunde
carência com amor. Como pode com-
partilhar sua vida com alguém quan-
do não sabe realmente quem é? Como
alguém pode conhecê-lo quando ele
mesmo não se conhece? Como pode
receber amor de alguém se não se sen-
te merecedor de ser amado?
Comportamento agressivo
“Os que têm coração ímpio guardam
ressentimento; mesmo quando ele os
agrilhoa eles não clamam por socorro”
(Jó 36.13).
Hitler foi espancado na sua infân-
cia, humilhado e envergonhado por
um pai sádico. Ele repetiu a forma mais
extrema dessa crueldade em milhões
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de pessoas inocentes. O comporta-
mento agressivo pode ser o resultado
da violência na infância e da mágoa
e da dor não resolvidas. A criança im-
potente e ferida pode se transformar
no adulto agressor. Isso é verdade es-
pecialmente em casos de maus-tratos
físicos, de abuso sexual e de severo
castigo emocional. Para sobreviver à
dor, perde-se toda a noção de identi-
dade, identificando-se com o agressor.
A maior parte do comportamento
agressivo nem sempre é resultado de
maus-tratos. Em alguns casos, crian-
ças que foram “mimadas” pelos pais
aprenderam a se considerar superio-
res aos outros, fazendo-as acreditar
que merecem um tratamento espe-
cial de todos. Perdem toda a noção
de responsabilidade, certas de que
seus problemas são sempre de outras
pessoas, e não assumem a responsabi-
lidade por seu comportamento.
Necessidade de aprovação e
reconhecimento
“Mas não quis fazer nada sem a sua
permissão, para que qualquer favor que
você fizer seja espontâneo, e não força-
do” (Filemon 1.14).
Para muitas pessoas, grande par-
te do que lhes disseram que era cui-
dado paterno ou materno era abu-
so. Se elas continuarem inclinadas
a minimizar e/ou racionalizar os
modos pelos quais foram envergo-
nhadas, ignoradas ou usadas para
satisfazer seus pais, não conseguirão
se libertar da angústia e da dor.
Devem aceitar o fato de que essas
coisas feriram a sua alma.
Todas as crianças idealizam os pais,
esse é o modo pelo qual garantem a
própria sobrevivência. Contudo,
quando a criança agredida idealiza os
pais, ela acredita que é a única res-
ponsável pelo abuso de que é vítima.
“Eles me batem porque sou uma cri-
ança malvada.” Ou ainda: “Eles me
tocam porque eu deixo”.
Estranhamente, quanto mais a cri-
ança era agredida, maltratada ou ig-
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norada em seus sentimentos, mais
pensava que era má, mais idealizava
seus pais e mais necessidade de apro-
vação e reconhecimento por parte
deles buscava, sempre procurando
agradá-los. Esse comportamento pode
se manter mesmo quando adulta. Se
não consegue obter aprovação dos pais
e depois junto de seu cônjuge, pode-
rá fazer de tudo para obter amor e
aprovação dos outros.
Carência
É quando a pessoa precisa dos ou-
tros para se sentir amada. Essa ca-
rência de uma aprovação externa
surge do medo profundo do aban-
dono e da rejeição. A carência em
geral gera dependência em relacio-
namentos doentes e do qual não se
consegue sair.
É preciso confrontar os sentimen-
tos para se curar. Quanto mais estiver
disposta a enfrentar o medo, a verda-
de, a dor, a solidão, a mágoa, suas de-
cepções, raivas, inseguranças, e quais-
quer outros sentimentos, mais depressa
conseguirá se libertar dessas corren-
tes que a aprisionam.
“Liberta-me da prisão, e renderei
graças ao teu nome. Então os justos
se reunirão à minha volta por causa
da tua bondade para comigo” (Sal-
mos 142.7).
Permita-se enfrentar todas as pro-
teções que o ajudam a se esconder e
comprometa-se com seu crescimen-
to, pois enquanto não enfrentar sua
dor, se esconderá atrás dela.
“Não fui eu que lhe ordenei? Seja
forte e corajoso! Não se apavore, nem
desanime, pois o Senhor, o seu Deus,
estará com você por onde você an-
dar” (Josué 1.9).
Marisa Lobo é psicólo-
ga cristã, formada pela
Universidade Tuiuti, no
Paraná, palestrante, líder
do ministério Restitui-
ção sem Internação da
Igreja Evangélica Templo
das Águias, promoter e
coordenadora da Expocristo. Casada com
Jofran Alves, tem dois filhos.
Revista Lar Cristão 43

{ FINANÇAS PA R A A FAMÍLIA }
Educação
financeira
O
rei Salomão nos deixou um sábio con-
selho: “Ensina a criança segundo os ob-
jetivos que você tem para ela, e mesmo
com o passar dos anos não se desviará
deles”. Portanto, falar sobre educação financeira é tra-
tar de um tema sempre atual, mas infelizmente ainda
muito pouco levado a sério por pais e educadores. Fico
impressionado ao ver pessoas saindo das faculdades,
mas pouco treinadas no uso eficiente do dinheiro.
De pai para filho
Estamos diante de um dilema por-
que a falta de educação financeira Há muitos aspectos
não é um problema atual. A rea-
lidade é que poucos pais recebe- envolvidos quando
ram um treinamento adequado falamos sobre como
para lidar com o dinheiro.
Consequentemente eles têm pou- lidar com o dinheiro.
co a ensinar aos filhos, e o pro-
blema vai se estendendo de geração em geração.
Outro problema grave diz respeito a conceitos arrai-
gados em nossa sociedade moderna que, estes sim,
acabam sendo agregados por pais e passam para os
filhos, conceitos de gastos excessivos e endividamento
que, embora pareçam naturais, infelizmente levam as
pessoas e famílias a uma vida financeira pobre.
Educação financeira
Há muitos aspectos envolvidos quando falamos sobre
como lidar com o dinheiro. Eu não acho que as pes-
soas têm de ser especialistas em dinheiro. Isso funci-
ona mais ou menos como a saúde do corpo. Todas as
44 Revista Lar Cristão
LC108.pmd 44
Paulo de Tarso é engenheiro civil e mestre em
Teologia. É o idealizador e organizador do Site,
Palestra e Seminário Finanças para a Vida e do
Projeto Educação Financeira para Todos.
pessoas necessitam colocar em prática princípios bá-
sicos para ter o corpo em equilíbrio, embora não te-
nham de ser atletas. Com o dinheiro o raciocínio é
semelhante. Eduque-se nos princípios corretos e co-
loque-os em prática e você começará a fazer progres-
so financeiro. Isso não significa necessariamente que
você ficará rico, mas sim que terá saúde financeira,
ou seja, o equilíbrio necessário para que o dinheiro
seja um aliado e não um empecilho no cumprimento
de sua missão aqui na Terra.
Na prática
Leia e pratique sistematicamente
o que a Bíblia fala sobre o assun-
to. Leia também bons livros sobre
finanças, assista a uma palestra,
faça um seminário, ouça ou leia
dicas diárias que o ajudarão nes-
ta tarefa de usar bem o dinheiro.
Estabeleça um orçamento, uma ferramenta que
muito vai ajudar você e sua família. Essencialmente
o orçamento é uma série de metas que você deseja
alcançar. Metas de ganho, doações, economias, in-
vestimentos e gastos. Separe 15 minutos por dia para
tê-lo sempre em dia. É o que eu faço diariamente.
Está tudo lá, na telinha. A partir do extrato da conta
corrente eu faço os lançamentos no orçamento e as-
sim sei para onde o dinheiro está indo.
Os pais, desde cedo, devem ensinar os filhos e cri-
ar assim uma nova geração de pessoas bem-sucedidas
no trato com o dinheiro. Uma semanada é bem apro-
priada para este fim. Sucesso!
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Conselhos
indispensáveis
para casais
111 sugestões para
noivos e recém-casados
Autor: Miguel Angél Núnez
Páginas: 120
Formato: 14 x 21 cm
Editora: Fôlego
O amor é uma experiência
maravilhosa. Mesmo havendo
muitos problemas entre
casais, as pessoas continuam
se casando, sinal de que o
casamento é uma boa idéia.
Contudo, neste assunto,
ainda que eu e a maioria
acreditemos saber algo, a
realidade é que todos nós
necessitamos aprender mais.
Neste livro o autor reúne
conselhos básicos compila-
dos depois de anos de
aconselhamento a casais e
preparação de jovens em
cursos pré-matrimoniais.
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{ FIQUE POR DENTRO }
Editora Luz e Vida CD Dá-me almas -
possui 4 versões
diferentes da Bíblia
A Editora Luz e Vida
Chris Duran
No final de 2008,
após um breve
lança novas Bíblias
do Smilinguido e
‘namoro’, Chris
assinou contrato
sua Turma. Os livros
sagrados são
disponibilizados nas versões NVI
com a Graça Music, e o disco Dá-
me almas passou a fazer parte do
catálogo da gravadora. O disco
(Nova Versão Internacional),
NTLH (Nova Tradução na Lingua- tem 13 faixas, todas inéditas, além
gem de Hoje), RA (Revista e de ministrações muito espirituais,
Atualizada) e RC (Revista e que falam ao coração dos que
Corrigida). querem ouvir Deus.
Editora Luz e Vida Intérprete: Chris Duran
Gravadora: Graça Music
Como fazer de seu
filho uma criança A receita de Jesus
feliz para uma vida mais
O segredo dos afetos feliz
infantis Com este livro você
vai descobrir como
É tarefa fácil redigir
uma lista dos alcançar o equilíbrio
problemas atuais mental apenas
enfrentados por crianças e seguindo os
adolescentes nos últimos anos: o ensinamentos do Mestre dos
crescimento da violência, o uso mestres e aplicando no seu dia a
de drogas, a violência doméstica, dia mudanças simples de compor-
divórcio, entre outros. Em seu tamento que farão você viver em
consultório a autora recebe intensa felicidade.
inúmeros casos e os têm tratado Autores: Diversos
com total sucesso. Editora: Thomas Nelson Brasil
Autora: Marisa Lobo
Editora: Arte Editorial DVD Vineyard Vem
esta é a hora – ao
Louco amor – vivo
Maravilhado com o Gravado ao vivo na
Deus que nunca Casa das Caldeiras,
muda em São Paulo, este é
Muitas pessoas têm o primeiro DVD do
a percepção de que Ministério Vineyard
a paixão acaba. O no Brasil. O projeto reúne as
relacionamento principais músicas que marcaram
pode durar muitos anos, mas não a trajetória do grupo. Com as
com aquele sentimento intenso participações especiais de
do início. Isso faz parte de qual- Juninho Afram (Oficina G3),
quer relacionamento. A intensida- David Quinlan e Nívea Soares, o
de e a vibração dos primeiros álbum Vem esta é a hora ao vivo
momentos aos poucos são toma- tornou-se um divisor de águas
das pela rotina, e o que antes era no gospel brasileiro tanto pela
uma feliz dependência torna-se
um fardo, ou indiferença para qualidade musical quanto pela
com o outro. excelência na produção.
Autor: Francis Chan Intérprete: Vineyard
Editora: Mundo Cristão Gravadora: Aliança
Revista Lar Cristão 45
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 { EDUCAÇÃO } COMUNICAÇÃO
Quem está fazendo
a cabeça de seu filho?
N
o início de
maio fui com
meu marido
à Virada
Cultural, realizada em
São Paulo. São 24
horas de eventos
ininterruptos na cidade
que nunca para. Apro-
veitamos para ir, à noite,
à Pinacoteca do Estado
para ver a exposição de
fotos sobre a visão que os
franceses têm do Brasil.
Uma sala em especial era
sobre fotos eróticas. Era
esta a mais frequentada
por crianças e adolescen-
tes. Estava lotada. Nos
corredores já se ouviam
pré-adolescentes pergun-
tando: “Onde é a sala
‘erótica’”? Eu e meu
marido comentamos:
“Educar os filhos não é
uma tarefa fácil, especi-
almente nos dias de
hoje”.
Foi-se o tempo em que
as crianças se divertiam
46 Revista Lar Cristão
LC108.pmd
pulando “amarelinha” guir entre o real e o seu sono. Por sua vez, a
nas calçadas, brincando imaginário. Quando carga de violência
de roda e de pega-pega expostas a constantes exibida pela TV pode
com os amiguinhos da cenas de violência, elas levar à banalização da
vizinhança. Hoje elas tendem a assimilar essas violência.
passam grande parte do imagens como algo real e Segundo pesquisas
tempo em casa, vendo assustador. Isso pode realizadas recentemente,
TV, pois com o aumento deixá-las angustiadas e as crianças passam cerca
da violência e da medrosas, prejudicando de quatro horas por dia
criminalidade as ruas se
tornaram lugares perigo-
sos. Mas o fato de esta-
rem dentro de casa não
significa que estejam
livres de perigos.
A TV dá à família
uma sensação de segu-
rança, já que pelo menos
as crianças estão dentro
de casa. Porém, é aí que
está o perigo, pois muitos
pais deixam os filhos
livres para assistir ao que
quiserem. E quanto
menor a criança, mais
estará propensa a se
deixar influenciar pelo
que vê na televisão.
Crianças pequenas têm
dificuldade para distin-
46 5/22/2009, 8:56 PM
 diante da TV. Algumas mesmo sem compreender claro que não aceitamos requer a atenção dos pais,
passam mais tempo com direito as implicações essa nova moralidade porque eles é que têm que
seus heróis da TV do que disso), nas atitudes e no defendida pelos meios de tomar a decisão de mudar
com seus pais ou profes- comportamento das comunicação. de canal ou desligar a TV.
sores. Uma pesquisa do crianças. Cada vez mais Aqui estão algumas
Lute para exigir
IBOPE com crianças da as crianças estão expostas sugestões práticas: uma boa programação de
cidade de São Paulo a cenas envolvendo sexo
Estabeleça horários TV. Exija que durante os
revelou um dado ainda fora do casamento, para ver TV. horários de programas
mais alarmante: dos dez desentendimentos entre
Defina os programas infantis não sejam veicula-
programas de TV mais pais e filhos, adultério, que seu filho pode ver. das imagens eróticas,
assistidos por crianças, divórcio, comportamento
Não coloque um vulgares ou violentas.
nenhum tinha o perfil homossexual – práticas aparelho de TV no quarto
Como uma “Débo-
infantil. contrárias ao ensino das de seu filho (isso favorece ra”, uma mulher que ora,
Essa informação é Escrituras. o isolamento e permite lembro aos pais que
preocupante, principal- Além dos programas que ele assista à TV coloquem seus filhos
mente levando-se em com conteúdo inadequa- desregradamente). todos os dias no trono da
conta que a criança é um do para o público infan-
Não use a TV como Graça. Mas a oração
telespectador passivo, til, a TV estimula hábitos babá de seu filho. leva à ação. Ore e aja.
incapaz de assumir uma consumistas nas crianças,
Analise e discuta os O CONAR (Conselho
postura crítica diante das veiculando um grande programas em família: o Nacional de
mensagens veiculadas número de comerciais conteúdo é contrário aos Autorregulamentação
pelos programas, assimi- voltados para o público padrões de Deus? Estimula Publicitária) é um órgão
lando-as sem nenhum infantil. De acordo com a a violência? Faz uso de fidedigno que ouve os
critério. A quantidade visão mercantilista linguagem vulgar? pais e aceita seus argu-
de programas predominante nos meios
Ofereça outras mentos equilibrados.
com apelo de comunicação, a opções de lazer. Escreva e denuncie.
sexual, visando criança é um excelente
Estimule uma
explorar a negócio, e um mercado atitude crítica diante dos Lembre-se de que
audiência, é consumidor em constante comerciais: aquilo é você, como pai ou mãe,
cada vez maior, expansão. Crianças que realmente necessário? deve dar o exemplo. Se
estimulando a passam quatro horas por Cuide para que seu filho você não é criterioso(a)
erotização dia diante de um apare- não se torne uma pessoa ao escolher um programa
precoce e lho de televisão veem consumista. de TV, como pode exigir
influenciando cerca de dois mil comer-
Classificação isso de seu filho?
na escolha das ciais por semana. Não é à indicativa (“lei”): os
roupas (hoje as toa que os investimentos programas da televisão Dora Bomilcar
crianças não nessa fatia do mercado têm que indicar a idade é coordenadora
regional para o
querem mais crescem cada vez mais... recomendada para assistir Sul e São Paulo
usar “roupas Pais cristãos não aos programas. Vitória da do Movimento
Desperta
de criança”, podem permitir que a sociedade brasileira, que Débora - MPC,
querem vestir- TV faça a cabeça de lutou por uma televisão projeto que já
se como adul- seus filhos. A responsabi- que sirva para trazer conta hoje com 70 mil mães
que oram diariamente por seus
tos e usar lidade e o dever de informações interessantes filhos. É casada, tem três filhos
roupas atraen- formar os filhos são dos em vez de deturpar a e atualmente apresenta o
Programa “Entre Amigas” na
tes e sensuais, pais. Precisamos deixar educação. Mas ainda Rádio Transmundial.

Revista Lar Cristão 47

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 { TEORIA NA PRÁTICA }

Educação: a ampliação
dos horizontes
Devemos ser eternamente ensináveis, e isso
implica coragem, vontade e humildade.

O
ser humano, desde os tempos remotos, desordenadamente e com
tem se relacionado com a natureza e as- carências de conteúdo que
sim aprendido com ela. Aos poucos foi lhe facilitem os relaciona-
descobrindo a diferença entre as esta- mentos, sejam estes técni-
ções, com a necessidade de mais abrigo na época do cos e intelectuais ou huma-
inverno e de maior ventilação no verão. Percebeu a nos e sociais.
importância de ingerir determinados tipos de alimen- Esta edição, com suas
to, os quais passaram a ser cultivados, colhidos e pre- matérias práticas, mas ao
parados. Também foi aprendendo a notar a grande mesmo tempo profundas,
diversidade da criação de Deus, do universo das bac- mostra a importância do
térias e vírus microscópicos, invisíveis a olho nu, bem papel da educação na vida.
como o macrouniverso, visível nos céus e mais Do nascimento à morte
descortinado através dos potentes telescópios. devemos estar abertos para
Pode-se então afirmar que a maior escola do ser aprender. Quaisquer que
humano foi e continua sendo a própria natureza, com sejam as circunstâncias, formais ou informais, natu-
seus grandes mistérios e imprevistos, como os terre- rais ou artificiais, intencionais ou não intencionais, a
motos, tsunamis, erupções de vulcões, enchentes e vida proporciona momentos de aprendizado que po-
estiagens, que ensinam tanto quanto as epidemias e dem ou não ser aproveitados por seus protagonistas
pandemias, provocadas por micro-organismos biológicos. por livre escolha ou imposição.
Realmente impressiona ver que mesmo em pleno século Outro fator curioso é que a educação pode ser
21 ainda há muitíssimo a ser aprendido! definida como todo e qualquer ato que resulte em
Contemplando a natureza aprendemos que as ár- algum tipo de aprendizagem. Com essa definição
vores, conforme vão crescendo, precisam de estacas pode-se afirmar que “na prisão os detentos obtêm
para que não fiquem tortas estendendo-se inadequa- educação no sentido de lhes ampliar o conheci-
damente. Somos, então, levados a inferir que o ser mento de técnicas facilitadoras para suas práticas
humano, sem a devida educação, cresce criminosas”.

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Também podemos falar sobre a educação formal por
meio de professores, livros, escolas, pais, avós, enfim, a
educação que é transmitida pelos canais oficiais e com-
põe o que chamamos de educação sistemática, que tem
em vista cobrir um programa de ensino cujo objetivo é
fornecer ferramentas para uma formação cultural e por
tabela para o exercício de uma profissão.
Apesar de a infância ser a época em que estamos
mais abertos e propícios ao aprendizado, nunca é tarde
para aprender. Ocorre, porém, que nem todos têm o pri-
vilégio de ter pais que invistam em educação, por não
poderem, ou mesmo por não acharem necessário. São
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Iara Vasconcellos é tradutora e produtora
editorial da Sociedade Religiosa Lar Cristão.
Casada com João Marcos Vasconcellos,
frequentam a Igreja Batista do Morumbi, em
São Paulo.
muitos casos de frustração de filhos que, chegando à
idade adulta, “sentem na pele” a ausência de maior pre-
paro para a vida. Também para estes a palavra é de in-
centivo. Procurem, planejem formas para fazer a tão so-
nhada faculdade, ou o curso almejado. “Não desista de
seus sonhos!”
O ser humano, em sua tricotomia (corpo, alma e es-
pírito), precisa ser educado em cada uma dessas áreas
para melhor aproveitar seu potencial.
De forma geral, o corpo precisa de alimentos saudá-
veis, como “refeições coloridas”, abrangendo legumes e
vegetais das mais variadas cores. Os exercícios físicos
devem ser feitos de forma equilibrada, e é importante
fazer prevenção contra acidentes.
A alma também precisa de cuidados, pois todos te-
mos necessidades emocionais, inclusive fases em que
estamos mais vulneráveis. É importante zelar por uma
atitude otimista e positiva e não se entregar a sentimen-
tos negativos e destrutivos.
Finalmente, e ainda mais importante, é a educação
espiritual. A Bíblia tem princípios que, se aplicados ao
nosso dia a dia, transformará a nossa vida influenciando
todas as outras áreas. A partir da salvação em Cristo,
que nos coloca em nova esfera, o objetivo da educação
bíblica não é só conhecimento, mas principalmente a
transformação de conceitos e de comportamento. Prin-
cípios bíblicos como consciência limpa, perdão, integri-
dade devem ser assimilados e mudar nossa forma de ver
e de agir. O famoso “todo mundo faz, vou fazer também”
deve perder espaço e força. “Não mintais uns aos ou-
tros...”, “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma...”,
“Não saia de vossa boca nenhuma palavra torpe...” são
alguns dos referenciais que passam da letra para a ação
cotidiana. Essa transformação começa a ser visível, prin-
cipalmente aos mais próximos, que poderão perguntar a
razão de nossa mudança, obtendo assim uma apresenta-
ção de nossa fé.
Por todos os artigos lidos no início, mais o aqui
apresentado, pode-se afirmar que a boa educação
deve ser bem-vinda e direcionada em nossa vida de
forma a nos tornar melhores pessoas, melhores ser-
vos e melhores filhos do Pai, que é o melhor e maior
de todos os educadores!
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