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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA


DISCIPLINA DE EXTENSÃO RURAL

Projeto para o PROGRAMA BEM VIVER – ATER


para PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS DE ORIGEM ANIMAL E
PROMOÇÃO À SAÚDE:
Desenvolvimento rural sustentável do território de 500 famílias assentadas
pela reforma agrária no município de Piratini-RS.

Equipe:
Carlos Augusto Guilherme
Haniel Monteiro Carvalho
Henrique Lima de Oliveira
Mateus Figueredo
Rogerio Loia dos Santos
Ronaldo Fagundes Tasso
Tainara Onuczak Cazarotto
Tereza Caxias de Oliveira
Thais Martins Engelmann

Capão de Leão, 01 de março de 2024.


SUMÁRIO:
1.Objeto...................................................................................................................... 3
2.Introdução................................................................................................................3
3.Justificativa..............................................................................................................4
4.Caracterização do público alvo..............................................................................4
4.1. Contexto ambiental da área de influência.........................................................4
4.2. Condições físicas e edafoclimática do município............................................5
4.3. Caracterização socioeconômica e infraestrutura produtiva do
município.....................................................................................................................5
4.4 Pesquisa agrícola municipal................................................................................5
4.5 Pesquisa pecuária municipal...............................................................................7
5.Objetivos, ações a serem executadas e metas a serem
atingidas.....................................................................................................................8
6.Metodologia da execução......................................................................................9
7.Cronograma...........................................................................................................10
8.Referências............................................................................................................11

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1. Objeto
Desenvolvimento rural sustentável do território.

2. Introdução
Este projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) destina-se a 500
famílias de agricultores familiares assentados pela reforma agrária em 15
assentamentos no município de Piratini, Rio Grande do Sul/ Brasil. A proposição é
que tenha duração de um ano, e seja desenvolvido por uma equipe interdisciplinar de
9 pessoas, sendo composta por profissionais da pedagogia, agronomia, medicina
veterinária, assistência social, enfermagem, psicologia, artes, zootecnia, geografia e
medicina, com metodologia e métodos específicos concebidas a partir de ações
individuais e coletivas de diagnóstico da realidade, que incluem planejamento,
execução, monitoramento, avaliação e finalização, com vistas ao desenvolvimento
rural sustentável do território composto pelos assentamentos Cachoeirinha, Ferraria,
Oito de Maio, Itaçoce, Vinte e Dois de Novembro, Passo da Cruz, Passo do Dornelles,
Conquista da Liberdade, Conquista da Luta, Santo Antônio, Umbú, Conquista do
Imigrante, Fortaleza, Nova Sociedade e Nova Canaã.
A respeito das características sociais do território, é importante considerar que,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último censo
populacional da pirâmide etária do município, em 2022 a maior parte da população
tinha entre 50 e 60 anos, o que pode representar um desafio para a sucessão na
agricultura familiar já que a população do município vem envelhecendo. Associado a
isso, a falta de acesso a políticas públicas (incluindo assistência técnica) inviabiliza a
obtenção de renda suficiente a partir da produção do lote para o sustento da família.
Dessa forma, muitos assentados complementam a renda familiar como safristas em
outras regiões do estado. Esses fatores configuram uma realidade na qual há pouca
mão de obra familiar, pouca perspectiva de sustento a partir da terra e baixa
prospectiva das comunidades com relação ao progresso do território.
Cada família possui, em média, entre 15 e 30 ha, voltados a produção de
subsistência como hortaliças, frutas, legumes, apicultura, ovinocultura, bovinocultura
de corte e de leite, suinocultura e avicultura. Muitas famílias também arrendam
parcelas de sua área para a produção de soja e milho de arrendatários externos ou

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vizinhos. Além disso, existe uma Cooperativa de Produção Agropecuária, uma
Cooperativa Regional e 6 associações de produtores.
Também é preciso considerar os conhecimentos em agricultura e pecuária que
as famílias assentadas mantêm e desenvolvem, os quais estão associados à origem
camponesa de alguns e ao trabalho de ATER desenvolvido anteriormente, o que pode
se caracterizar como potencialidades do território.

3. Justificativa
A partir da realidade verifica-se que a questão principal do território está
relacionada à dificuldade de obtenção de renda da terra que seja suficiente para o
sustento das famílias. Com isso, a construção de um processo de ATER que fortaleça
os laços comunitários através da troca de saberes, diversificação da produção,
trabalho coletivo e acompanhamento, é possível fomentar a eficiência produtiva e
autonomia das comunidades, diminuindo o custo com insumos externos e
concomitantemente ampliando a renda familiar. Assim, se espera propulsar a
possibilidade de as famílias obterem renda a partir da produção em seus lotes,
suscitando o desenvolvimento rural sustentável do território.

4. Caracterização do público alvo


4.1 Contexto ambiental da área de influência
O Município de Piratini está inserido, segundo a classificação de vegetação do
IBGE, no Bioma Pampa, na área de vegetação do tipo Estepe, também denominado
de campos do sul do Brasil.
Em relação ao solo, o município como um todo é caracterizado como argissolos
vermelho-amarelo e solos litólicos (neossolos), conforme apresenta o Atlas
Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Os assentamentos estão situados em uma
região onde predominam solos litólicos. Essa classificação caracteriza solos pobres
em ferro em algumas áreas, com manchas esparsas do mesmo e baixo teor de
alumínio. Esse tipo de solo é propício a variada vegetação nativa, configurando
extensas áreas de pastagens naturais, incluindo leguminosas como o Desmodium
spp., bastante comum na região.

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Quanto à hidrografia, no contexto estadual, a área de influência pertence à
região hidrográfica do litoral, sendo banhada pelos rios Piratini e Camaquã e grande
número de arroios.
O clima é subtropical caracterizado por verões quentes e úmidos e invernos
frios e secos. Quanto à pluviometria, chove muito nos meses de novembro a março.
O índice pluviométrico anual é de, aproximadamente, 1460,8 mm (EMBRAPA, 2012)
com temperaturas médias em torno de 20 °C.
4.2 Condições físicas e edafoclimáticas do município.
O município está localizado na região fisiográfica Serra do Sudeste, província
geomorfológica denominada Escudo Sul Riograndense, sendo constituída por rochas
ígneas do período pré-cambriano. O relevo é predominantemente forte, ondulado a
montanhoso. Em áreas onde ocorrem rochas sedimentares é ondulado e constituído
por elevações com declives em dezenas ou centenas de metros, formando vales.
Apresenta-se em formas arredondadas, sendo mais brusco para o norte e suave na
direção leste. A altitude varia entre 20 a 200 metros nas bordas, até 400 a 600 metros
nas serras.
4.3 Caracterização socioeconômica e infraestrutura produtiva do
município.
O município de Piratini, de acordo com o IBGE (2022), possui uma área
territorial de 3.538,300 Km². A população estimada é de 17.504 pessoas, a densidade
demográfica é de 4,95 hab./km². Quanto à educação, estima-se que 97,2% da
população entre 6 e 14 anos é escolarizada. Em relação à economia, o PIB per capita
é de R$42.437,10 e o salário médio mensal dos trabalhadores formais é de 2,1
salários mínimos. Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)
era de 0,658, considerado médio, ocupando a 443º posição no ranking brasileiro. Em
relação à saúde há um hospital com ausência de leitos de UTI. A taxa de mortalidade
infantil média é de 20,55 para 1.000 nascidos vivos, considerada alta em relação ao
Brasil.
4.4 Pesquisa agrícola municipal
Sobre a agricultura no município, dos 3.538,300 Km², 262.262 hectares são
ocupados por 2.697 estabelecimentos agropecuários, destes 10.174 são hectares de
produtores, concessionários ou assentados. Nessa categoria incluem-se quilombos,

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assentamentos do banco da terra e 15 assentamentos de reforma agrária, estaduais
e federais.

Tabela 1- Principais culturas agrícolas do município de Piratini por nº de


estabelecimentos e toneladas produzidas.
Lavoura permanente Nº de Quantidade produzida
(cultura) estabelecimentos (toneladas)
Pêssego 17 2.246
Laranja 5 42
Lavoura Temporária
(cultura)
Abóbora 103 94
Amendoim 41 5
Arroz 9 5,587
Batata inglesa 37 219
Feijão preto 461 320
Mandioca 66 46
Milho 1.135 12.530
Soja 211 93.213
Fonte: IBGE-Censo Agropecuário (2017).
A tabela acima representa as principais culturas agrícolas no município. Os
dados foram retirados do Censo Agropecuário de 2017, do IBGE.
Com a organização dos dados através da tabela é possível perceber que em
termos de quantidade de estabelecimentos e de produção por toneladas, em primeiro
lugar se tem a produção de soja. Esse é um dado preocupante no que diz respeito a
preservação do bioma Pampa, principalmente pelo fato de que esses dados são de
2017, período em que a produção de soja estava apenas iniciando na região.

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4.5 Pesquisa Pecuária Municipal
Tabela 2- Principais espécies de produção animal do município de Piratini/RS por
efetivo de rebanho e nº de estabelecimentos.
Espécie Efetivo do rebanho Nº de estabelecimentos
(cabeças)
Bovinos 130.357 2.405
Caprinos 1.607 100
Equinos 5.205 1.475
Galináceos 66 (cabeças) X1000 1.786
Ovinos 80.219 1.295
Suínos 7.703 1.219
Fonte: IBGE-Censo Agropecuário (2017).
A tabela acima representa as principais culturas no município. Os dados foram
retirados do Censo Agropecuário de 2017 do IBGE. A mesma representa as principais
espécies encontradas no âmbito da produção animal do município. Observando a
tabela nota-se que bovinos e ovinos são as espécies produzidas em maior número.
Cabe incluir, quanto à produção de bovinos, que a produção de leite de vaca por ano
é de 3.609 litros x1000, e quanto aos galináceos à produção de ovos por ano é de 327
dúzias x 1000.

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5. Objetivos, ações a serem executadas e metas a serem atingidas
Objetivo Ações Metas
Estabelecer uma rede de Criação de associação de Aumentar a participação
comercialização entre as produtores; em feiras e exposições
famílias contempladas da agricultura familiar;
pelo programa e a Acompanhar as Estabelecer relação com
população urbana. associações existentes e as cooperativas
garantir a participação no existentes;
Dia Especial previsto no Compra comunitária de
cronograma de atividades. insumos.
Fomentar a diversificação Demonstração Prática Garantir que o produtor
da produção. possua uma produção de
subsistência
Trabalho comunitário
diversificada e que seu
Oficinas sobre
excedente possa ser
Agroecossistemas.
comercializado
aumentando a renda
familiar.
Desenvolver a prática de Oficinas de capacitação de Aptidão para receber
técnicas sustentáveis. práticas agroecológicas; políticas públicas;
Seminários de gestão, Diminuir os custos com
produção agroecológica e insumos externos para
sustentabilidade no bioma dentro da propriedade.
pampa e dia de campo.

6. Metodologia da execução
A equipe se organizará de modo que toda segunda-feira se reunirá para realizar
avaliação do processo e planejamento estratégico. No primeiro momento serão
realizadas assembleias com as 15 comunidades a serem contempladas pelo projeto
ATER-Bem-viver. Durante esta etapa será apresentado o projeto, identificadas as
lideranças e as famílias que estão dispostas a serem assistidas pelo programa.
Posteriormente será aplicada metodologia de diagnóstico utilizando a ferramenta de
Diagrama de Venn. Com estes dados será possível obter a percepção da renda dos

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produtores e modelo de produção no lote. Esse método será utilizado para trabalhar
as aptidões agropecuárias.
A partir das discussões proporcionadas pelo Diagrama de Venn, serão tomadas
decisões que favoreçam a escolha das atividades a serem desenvolvidas de acordo
com a realidade. Com o objetivo de fomentar o intercâmbio entre os produtores e o
processo comunitário. Após a identificação dos núcleos de acordo com sua produção,
uma família do núcleo irá realizar uma demonstração prática sobre sua principal
produção, onde abordará questões como forma de manejo, o que produzir e qual a
época do ano, etc.
Com a utilização do método de visita técnica se construirá junto ao assentado
uma planilha com informações básicas (quem mora no lote, número do lote, atual
produção, etc.) para complementar as informações sobre o foco da produção, e
identificação sobre a rotina, principais objetivos e metas produtivas da família e
comunidade. Com essas informações será possível fazer um planejamento.
Os planejamentos serão individuais ou coletivos, conforme a realidade de cada
família e de cada assentamento. Serão realizadas oficinas em cada comunidade,
sobre temas pertinentes conforme as demandas das famílias. A partir disso, ao
colocar em andamento o planejamento produtivo, será sugerido a organização da
compra comunitária de insumos, através da criação de associações, já que as
compras individuais podem se tornar onerosas, por vezes inviabilizando a produção.
Além disso, a organização dos produtores em associações possibilita o
desenvolvimento de uma rede de comercialização.
Após, será proposto a realização de um seminário de dois dias, por
microrregião com a temática “Gestão, produção agroecológica e sustentabilidade no
Bioma Pampa”, para o desenvolvimento de arranjos produtivos com intuito de
diversificar a produção, além de proporcionar um espaço de integração entre as
famílias, podendo gerar resoluções coletivas sobre a gestão do território. Também
será realizada avaliação do processo até o momento.
A seguir, se organizará dias de campo, que acontecerão por microrregiões de
assentamentos, em uma família que seja referência para os assentados e a população
da região, pode por exemplo ser na propriedade de alguma liderança. Durante este
dia as famílias irão apresentar seus principais produtos, explicar quais os métodos

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que utilizam para produzir e ressaltar os cuidados realizados com o meio ambiente e
solo, para produção de produtos agroecológicos.
Na fase seguinte, serão realizadas visitas técnicas para acompanhar a
execução do planejamento das famílias e da comunidade. E também reuniões para
organização e realização do Dia Especial que será realizado no último mês. Esse
evento irá ocorrer na praça da cidade de Piratini-RS. A proposta é que as famílias que
foram assistidas durante o ano pelo projeto de ATER, exponham seus produtos para
a população geral em uma feira. Além disso, serão convidadas lideranças dos
movimentos sociais e autoridades locais para participação. Além da feira, o momento
contará com programação cultural, oficinas e ato político. O objetivo é estreitar os
laços entre o campo e a cidade, promovendo o diálogo e o intercâmbio.

7. Cronograma de execução das atividades

Mês Proposta Atividade

Janeiro Apresentação do Assembleias por microrregiões


projeto

Fevereiro Diagnóstico da Reuniões nos assentamentos aplicando o


realidade Diagrama de Venn

Março Visitas técnicas Visitar cada família

Abril Visitas técnicas Visitar cada família

Maio Reuniões Planejamento e organização da produção

Junho Oficinas Demonstrações Práticas

Julho Seminários Por microrregião com a temática “Gestão,


produção agroecológica e sustentabilidade no
Bioma Pampa”

Agosto Seminários Por microrregião com a temática “Gestão,


produção agroecológica e sustentabilidade no
Bioma Pampa”

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Setembro Dia de campo Demonstrações Práticas

Outubro Visitas técnicas Acompanhamento da execução do


planejamento

Novembro Reuniões Planejamento e organização do Dia Especial

Dezembro Execução do Dia Expofeira do Projeto Bem Viver


Especial

8. Referências
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Agrícola Municipal. IBGE
Cidades, censo agropecuário, 2017. Disponível em:
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/piratini/pesquisa/24/76693. Acesso em:
setembro/2020.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Pecuária Municipal. IBGE
Cidades, censo agropecuário, 2017. Disponível em:
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/piratini/pesquisa/24/76693. Acesso em:
setembro/2020.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Municipal. IBGE Cidades.
Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/piratini/panorama. Acesso em:
setembro/2020.

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