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DURABILIDADE E RECOBRIMENTO DAS
ARMADURAS
CARLOS FÉLIX
OUTUBRO / 2010
Departamento de Engenharia Civil
ÍNDICE
4 Durabilidade e recobrimento das armaduras 4.1
4.1 Introdução
A durabilidade das construções deve ser uma preocupação sempre presente em todas as
fases do processo. Deve ser dada particular atenção à concepção estrutural, à selecção
dos materiais, aos pormenores construtivos, à execução e ao controlo da qualidade. A
composição do betão, o recobrimento das armaduras e a fendilhação são os aspectos
subjacentes ao Projecto que mais contribuem para a durabilidade estrutural. A Figura 4.1
ilustra exemplos de elementos estruturais onde a corrosão das armaduras, devida
sobretudo a recobrimentos insuficientes, coloca em causa a sua durabilidade.
c) Corrosão em viga
Figura 4.1 – Corrosão de armaduras em elementos estruturais.
No que diz respeito à composição e à colocação em obra do betão, deve ser controlada a
compacidade, a relação água-cimento e o teor mínimo de cimento (ver EN 206-1). Estes
factores estão frequentemente relacionados com a classe de resistência, razão pela qual
o EC2 define classes mínimas de resistência, para determinadas condições de exposição
ambiental.
5) Ataque gelo/degelo;
6) Ataque químico.
A escolha de uma classe de resistência superior à que seria necessária nas verificações
da segurança estrutural tem algumas consequências, nomeadamente, no cálculo da
armadura mínima que deve ser referida à classe do betão mais elevada,
independentemente, portanto, de a estrutura ter sido calculada para um betão de classe
inferior (ver Anexo E do EC2).
Outro dos aspectos a ter em consideração com vista à durabilidade das estruturas de
betão é o recobrimento das armaduras. Este deve ser tal que assegure, além do
especificado para a correcta transmissão dos esforços por aderência entre o aço e o
betão e a eventual resistência ao fogo, a necessária durabilidade face às condições
ambientais às quais se encontram expostas as estruturas.
O valor de cmin é definido tendo em conta requisitos de adequada transmissão das forças
de aderência, de durabilidade e de resistência ao fogo.
O valor de ∆cdev poderá ser considerado, nos casos gerais, igual a 10mm (ver 4.4.1.3 do
EC2), ainda que possa ser reduzido até zero, desde que exista um controlo eficiente do
fabrico das peças, com instrumentos de medida de elevada precisão, e com a
possibilidade de rejeição dos elementos considerados defeituosos, como poderá ser o
caso dos elementos estruturais pré-fabricados.
cmin
cmin
cmin
cmin
Figura 4.1 – Recobrimento mínimo das armaduras.
O recobrimento mínimo das armaduras, cmin, deve ser tal que assegure:
Para obter os requisitos de recobrimento das armaduras para a resistência ao fogo deve
consultar-se a Parte 2 do EC2.
{ }
c min = max c min, b ; c min, dur + ∆c dur , γ − ∆c dur , st − ∆c dur , add ; 10mm (4.2)
onde:
Quadro 4.5 – Recobrimento mínimo para requisitos relativos à durabilidade, cmin,dur (mm),
de armaduras para betão armado (adaptado de NA.4.4 do EC2).
50 anos
10 15 25 30 35 40 45
(Classe S4)
100 anos
20 25 35 40 45 50 55
(Classe S6)
Os valores de cmin,dur indicados no Quadro 4.5 poderão ser reduzidos de 5mm nos
seguintes casos:
Estas reduções são cumulativas, não podendo contudo obter-se valores de cmin,dur
inferiores a 10mm.
Recobrimento mínimo
Simplificações
Nas situações correntes, em que não se justifique uma margem de segurança do valor de
cmin,dur (∆cdur,γ=0), nem seja de considerar nenhuma das outras reduções (∆cdur,st=0 e
∆cdur,add=0), a expressão (4.2) poderá, então, ser simplificada:
Atendendo a que, nos casos correntes se recomenda ∆cdev=10mm (ver 4.4.1.3 do EC2),
a expressão (4.1) virá:
cnom,min
Elementos de betão armado com betonagem
75
contra o terreno
Elementos de betão armado com betonagem
40
sobre betão de limpeza
cmin,b ≥φ
cmin,dur = 25mm.
Em elementos com geometria de laje, este valor poderá contudo ser reduzido de 5mm.
De onde resulta:
cmin = 25mm
cnom = 25 + 10 = 35mm
cnom = 20 + 10 = 30mm
cnom = 40mm
(conforme, Projecto de Estabilidade de um Edifício de Betão Armado. André Santos, Jorge Araújo e Nuno Costa.
Trabalho, sob a orientação da Eng.ª Isabel Alvim Teles, no âmbito da Unidade Curricular de Projecto da
Licenciatura de Engenharia Civil do ISEP, Julho de 2010)
4.6 Bibliografia
Especificação LNEC E 464: 2007. Betões. Metodologia prescritiva para uma vida útil de
projecto de 50 e de 100 anos face às acções ambientais.