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Normalmente a produção de um anime começa com uma produtora (ou escritório de

produção), que é responsável por analisar as tendências de mercado e determinar que tipo
de obra vale a pena trabalhar nesse momento. A partir daí, cabe à produtora tentar encontrar
meios de financiar o anime que eles querem oferecer e canais de exibição para ele. Essa
etapa é conhecida como pré-produção.

As produtoras em si podem ser entidades independentes ou estarem filiadas a alguma outra


organização. Muitas grandes editoras de mangá no Japão possuem escritórios de produção
cujo intuito é viabilizar adaptações para anime dos mangás publicados pela mesmas.

A populariazação de ferramentas digitais no processo de produção dos animes ajudou a não


só melhorar a qualidade da animação em si como também contribuiu para reduzir os custos
de produção. Ainda assim, fazer um anime é algo que requer um investimento alto. Um
único episódio de um anime para TV custa, normalmente, entre 100.000 e 300.000 dólares.
Para uma única empresa ou entidade, assumir os custos caso o projeto não dê certo é um
risco muito grande. Muitos estúdios certamente iriam à falência se isso ocorresse.

É justamente nessa hora que entram os Comitês de Produção,


ou Seisaku Iinkai, como eles são conhecidos no Japão. Os comitês
consistem de grupos de empresas (como estúdios, editoras,
emissoras de TV e produtoras) que dividem entre si a
responsabilidade por financiar, produzir e divulgar os animes.

Por se tratarem de empresas distintas e com objetivos diferentes, nem sempre é fácil
conciliar os interesses dos membros dos comitês de produção. Entender como estes
interesses são alinhados é fundamental para compreender como se determina quais animes
serão exibidos.

Mão Na Massa

Uma vez que a fase de pré-produção passou, é hora de começar a


fazer o anime propriamente dito. Primeiro o diretor da série elabora o
que se chama de storyboard. Trata-se de um rascunho que serve
para mostrar a visão do diretor sobre a série para quem mais
estiver envolvido na produção.
Exemplo de Storyboard (A Certain Scientific Railgun)

Uma vez que os storyboards foram feitos, é hora


dos animadores entrarem em ação e elaborarem os primeiros
layouts das cenas dos animes. Esses layouts servem para mostrar
como as cenas aparecerão de fato quando o anime for exibido.
Depois que os layouts são concluídos e aprovados pelo diretor,
chega a hora de fazer a animação de fato.

Uma animação é feita normalmente à 24 quadros (frames) por


segundo, mas nem sempre é esse o caso e nem todos os
elementos de uma cena terão que ser redesenhados a cada frame.
Para otimizar o processo de produção, os animadores se dividem
em dois tipos: os key animators, que são responsáveis por elaborar a
transição entres os elementos que compõem as cenas do animes,
e os in-between animators, que fazem todos os quadros que devem
aparecer entre os key frames. Todo o trabalho feito pelos
animadores é supervisionado pelo diretor de animação que, por sua
vez, também se reporta ao diretor da série.

Um exemplo de como fazer a animação funciona: um key animator


desenha alguns quadros mostrando um personagem alegre e mais
alguns quadros mostrando ele triste, e cabe aos in-between
animators desenhar todos os frames que correspondem ao
personagem mudando sua expressão de alegre para triste.
Animadores no Japão tem rotinas que podem chegar a 100 horas
de trabalho numa única semana, e eles normalmente não são
funcionários fixos dos estúdios (segundo dados da Japan Animation
Creators Association, o primeiro sindicato de animadores do Japão,
cerca de 80% dos animadores trabalham como freelancers).

O que tem para ver agora ?

A grande maioria dos animes produzidos não são histórias originais, mas sim adaptações de
outras obras, como mangás, livros, visual novels, jogos, etc. Fazer um anime baseado em
uma obra já existente ajuda a mitigar vários riscos e aumenta o potencial do anime na hora
de dar retornos financeiros, pois os produtores já sabem que terão um público cativo nos fãs
da obra original.

Porém, sempre há espaço para animes originais também, jé que estas servem como
"amostra" da capacidade dos estúdios de animes, que possuem também maior controle
criativo sobre a obra (o que, entre outras coisas, diminui a chance do anime terminar na
metade do enredo) e também sobre como monetizá-la.
Animes normalmente são feitos com propósitos bem específicos.
Em muitos casos, eles são feitos como uma forma de marketing e
não se espera que ele dê um retorno direto. Um exemplo disso é a
produção Next A-CLASS feita pelo estúdio Production I.G. para uma
campanha de marketing da Mercedez-Benz.

Tradicionalmente animes propiciam retornos financeiros na forma de licenciamentos, venda


de model kits e action figures, ou simplesmente através da venda de Blu-Rays e DVDs. A
quantidade mínima para o "break even" (isto é, cobrir os custos de marketing e produção)
pode variar muito de acordo com o anime. No caso de animes que são adaptações de outras
obras, eles também possibilitam que a obra original possa ter um grande aumento de
vendas.

Uma Revolução Tecnológica

A popularização da internet e o aumento de velocidade nas conexões a partir dos anos 2000
também trouxe novos benefícios para o mercado de animes.

Com a popularização dos serviços de streaming e (como a própria Crunchyroll) os comitês


de produção ganharam novas formas de ganhar dinheiro licenciando a exibição de animes
através da internet, além, é claro, de conseguirem alcançar um público fora do Japão de
maneira bem mais simples do que através dos canais convencionais.

Além disso, a ascensão do crowdfunding (que tem no Kickstarter seu


maior expoente) também possibilitou que estúdios e produtores
pudessem buscar novas formas de financiamento para os seus
projetos. Os casos de Little Witch Academia e Under The Dog mostram
que existe um público cativo disposto a financiar diretamente os
criadores de anime e, assim, criar uma nova maneira de se
financiar e fazer animação.

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