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A pegada hídrica: conceito e uso em atividades de

educação ambiental
Resumo:

Uma reflexão interessante sobre consumo é pensar qual é a quantidade de


recursos naturais e energia gasta para produzir os produtos que consumimos. A pegada
ecológica é uma forma de se fazer isto, mas existem outras que também são muito
interessantes, que são as pegadas hídrica e de carbono. Neste texto será focada a
pegada hídrica (PH) que trata do consumo de água. A PH é baseada no mesmo
raciocínio da pegada ecológica, mas ao invés de usar área (em hectares), utiliza a
quantidade de água (geralmente em metros cúbicos), sendo um indicador que expressa
o consumo de água envolvido na produção dos bens e serviços consumidos por
exemplo: indivíduos, empresas e nações. A abordagem da PH em sala de aula é uma
forma de se discutir consumo, problemas ambientais e pensar em formas de resolver
tais problemas.

Palavras-chave: consumo; água; recursos hídricos; recursos naturais;

Introdução

A educação ambiental (EA), tendo por base a alfabetização ecológica,


conforme colocada por Fritjof Capra (1996) como a assimilação de princípios ecológicos
para o entendimento dos problemas ambientais e soluções destes, é uma das principais
ferramentas para a sustentabilidade planetária. Junto com o desenvolvimento e adoção
de novas tecnologias menos impactantes, com a redução das emissões de poluentes,
redução da extração de recursos naturais e uma nova conduta da política, com justiça
socioambiental. Diversas estratégias educativas são utilizadas visando às mudanças de
comportamento. Por exemplo, o princípio dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar)
utilizado como forma de refletir a importância de reduzir o consumo. Outras ferramentas
são as pegadas, que trazem implicitamente a ideia de impacto das nossas escolhas.

As pegadas dos nossos comportamentos

As pegadas dão pistas de onde viemos e para onde vamos. Levando isto em
conta, no início da década de 1990, foi criado o termo pegada ecológica pelos
pesquisadores americanos William Rees e Mathis Wackernagel. Neste cálculo a
unidade é o hectare global, que, como o hectare normal, tem 10 mil metros quadrados,
mas mede a capacidade de produção de recursos naturais de toda a superfície terrestre
– o que inclui áreas de cultivo, florestas, rios e mares, mas não desertos e geleiras
(WWFBRASIL, 2011). O total disponível de área produtiva no mundo, a chamada
biocapacidade, é de apenas 1,8 hectare global por pessoa. Além disso, a biocapacidade
vem diminuindo – seja pelo aumento da população ou pela degradação de solos e mares
(FAVA e VIALLI, 2009). A utilização da pegada ecológica em atividades educativas foi
abordada por Lamim-Guedes (2011).

A partir do conceito de pegada ecológica foram criados os conceitos de pegada


hídrica e de carbono. A primeira trata do consumo de água e a segunda trata das
emissões de gases causadores de efeito estufa. Muito embora as pegadas tenham
métodos de medição diferentes, eles têm em comum o fato de traduzirem o uso de
recursos naturais pela humanidade. Com isto, estas pegadas têm importantes
desdobramentos para a educação ambiental, mudanças de comportamento e para
nortear políticas públicas. No restante deste texto será tratado com mais detalhes da
pegada hídrica.

Pegada Hídrica

A água doce tem sido sujeita a um crescimento da pressão na forma do


consumo de água e poluição. Inclusive, ao tratar do consumo de água deve-se levar em
conta a água virtual, que é a quantidade de água gasta para produzir um bem, produto
ou serviço. Ela está embutida no produto, não apenas no sentido visível, físico, mas
também no sentido "virtual", considerando a água necessária aos processos produtivos.

Neste sentido, muitos países são exportadores de água, no caso do Brasil,


parte da nossa água é “exportada” na forma de soja e carne, por exemplo. É importante
adicionar ao consumo local de água, os recursos hídricos utilizados na produção das
mercadorias compradas de outras regiões ou países. Outro aspecto importante é pensar
que a questão envolvendo os recursos hídricos está além da área geográfica da bacia
hidrográfica.

A pegada hídrica (PH) é um indicador que expressa o consumo de água doce


(em metros cúbicos por ano) envolvido na produção dos bens e serviços que
consumimos. Este conceito foi lançado em 2002 por Hoekstra e Huang (2002). “A PH
de um indivíduo, comunidade ou empresa é definida como o volume total de água doce
que é utilizado para produzir os bens e serviços consumidos pelo indivíduo, comunidade
ou produzidos pelas empresas” (WATER FOOTPRINT, 2013). A PH é baseada no
mesmo raciocínio da pegada ecológica, mas ao invés de usa área (em hectares), utiliza
o volume de água, geralmente em medido em metros cúbicos.
O conceito de pegada hídrica tem sido usado como indicador do consumo de
água de pessoas e produtos em diversas partes do mundo, entretanto, no Brasil esse
tema é totalmente incipiente (SILVA et al., 2013). E sua interpretação depende das
características locais, principalmente a disponibilidade de água. Por exemplo, em uma
área semiárida, mesmo uma PH pequena será um impacto ambiental alto. Além disto,
A PH da população aumenta em função da renda familiar e diminui de acordo com os
hábitos alimentares com tendências ao vegetarianismo (MARACAJÁ, SILVA e DANTAS
NETO, 2013).

O método da PH permite que as iniciativas públicas e privadas, assim como a


população em geral, entendam o quanto de água é necessário para a fabricação de
produtos ao longo de toda a cadeia produtiva. Desta forma, os segmentos da sociedade
podem quantificar a sua contribuição para os conflitos de uso da água e degradação
ambiental nas bacias hidrográficas em todo o mundo (WWFBRASIL, 2011).

Ao identificar o volume, o local e o momento em que ocorre o consumo de


água, a pegada hidrológica abre a possibilidade para uma gestão mais adequada dos
recursos hídricos, evitando a exploração nos locais onde ela é mais escassa e
direcionando o consumo para as regiões do planeta onde ela é mais abundante
(GIACOMIN e OHNUMA JR., 2012).

Sobre à relação entre consumo e uso da água, "o interesse na PH está


enraizado no reconhecimento de que os impactos humanos nos sistemas de água doce
podem estar ligados ao consumo humano, e que questões como a escassez de água e
a poluição podem ser melhores compreendidas e tratadas, considerando a produção e
cadeias de suprimento como um todo" diz o professor Arjen Y. Hoekstra (WATER
FOOTPRINT, 2013).

A pegada hídrica de um indivíduo ou comunidade pode ser estimada


multiplicando-se todos os bens e serviços consumidos por seus respectivos conteúdos
de água virtual. A PH de uma nação consiste de partes interna e externa, sendo a interna
referente ao consumo dos recursos hídricos dentro do país, enquanto a externa se
refere à apropriação dos recursos hídricos de outros países. O entendimento da PH de
uma nação é altamente relevante para o desenvolvimento de políticas nacionais mais
adequadas (HOEKSTRA e MEKONNEN, 2012). Na figura abaixo, é apresentado as PHs
em alta resolução espacial.
Figura 1: A pegada hídrica da humanidade no período de 1996-2005. Os dados são
apresentados em milímetros por ano. Fonte: Hoekstra e Mekonnen (2012).

Os quatro principais fatores de determinação da PH de um país são: o volume


de consumo (em relação ao Produto Interno bruto - PIB), o padrão de consumo (por
exemplo, alto e baixo consumo de carne), as condições climáticas (condições de
crescimento das culturas agrícolas) e práticas agrícolas (uso eficiente da água). Na
média anual, os norte-americanos têm uma PH de 2.482 m3. Já a média global é de
1.243 m3 e a do Brasil é de 1.381 m3 (CINTRA, 2011). Cerca de 38% da PH global refere-
se à três países: China, Índia e Estados Unidos. O próximo país no ranking é o Brasil,
com uma PH total de 482 Gm3/Ano (HOEKSTRA e MEKONNEN, 2012).

A maioria dos usos de água ocorre na produção agrícola destacando também


um número significativo de volume de água consumida e poluída nos setores industriais
e domésticos (SILVA et al., 2013). É muito interessante destrinchar o perfil de cada
região quanto ao consumo de água, por este motivo, a PH é formada por três
componentes: verde, azul e cinza:

• PH verde – refere-se ao consumo de água das chuvas, sendo a maior


parte consumida na produção agrícola;

• PH azul - água da superfície e da do solo, por exemplo, obtida de poços,


processos industriais que produzem vapor ou na incorporada nos
produtos;

• PH cinza – definida como o volume de água doce que é necessária para


assimilar a carga de poluentes existentes com base em padrões de
qualidade de água no ambiente;

O estudo publicado por Hoekstra e Mekonnen (2012) também apresenta a PH


distribuída entre estes três componentes, como apresentado na figura abaixo.
Figura 2: As pegadas hídricas verde, azul e cinza para as nações no período de 1996-2005.
Os dados são apresentados em milímetros por ano. Fonte: Hoekstra e Mekonnen (2012).

No caso do Brasil, fica claro que os componentes da PH respondem


diretamente a densidade populacional, neste sentido, há grande PH na região sul e
sudeste do país. No caso da PH verde, pode-se destacar a região centro-oeste, que
apesar de menos populosa, apresenta grande extensões de área agrícolas. A PH azul
é maior no sul e sudeste, áreas com maior concentração de indústrias, e na região
nordeste, sobretudo em áreas com poços para obtenção de água do subsolo. No caso
da PH cinza, as maiores são nas regiões mais densas do sudeste, contudo este
componente da PH é o mais disseminado no território nacional, sendo portanto, um
indicativo da necessidade de maiores cuidados com os recursos hídricos, por exemplo,
com o aumento no tratamento de esgoto.

Parte importante da PH do brasileiro não foi destacada no estudo de Hoekstra


e Mekonnen (2012), que é a nossa dependência das hidroeletricidade, produzida a partir
das represas em várias bacias hidrográficas do País. E, sobre sito, vale mais uma
observação, a nossa PH alta por causa disto tem um aspecto positivo que é uma baixa
pegada de carbono, dada a nossa menor dependência de combustíveis fosseis.

Água e alimentação

A FAO (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação) mantém uma campanha sobre o uso intensivo da irrigação, utilizada no
cultivo de 40% dos alimentos. Para o cálculo, levou-se em consideração que a produção
de uma caloria dos alimentos exige, em média, um litro de água. Na campanha (figura
abaixo), é alertado que para produzir um hambúrguer são necessários 2400 litros de
água, enquanto quantidade de água significativamente menor é necessária para
produzir outros produtos, por exemplo, um tomate (13 litros), uma laranja (50 litros) e
um copo de leite (200 litros) (FAO, 2009).
Figura 3: pegada hídrica de vários alimentos. Fonte: FAO (2009).
A tabela 1 apresenta os valores médios globais de PH para diferentes
produtos.

Tabela 1: Tabela demonstra a quantidade de água utilizada no processo produtivo de


determinados itens. Ilustração Alina Macedo, Site: WWFBrasil (2011).

A relevância deste tipo de discussão vai além da PH de uma batata ou de um


hambúrguer. A produção agrícola tem a maior participação na PH global, representando
92% do total. O consumo industrial representa cerca de 4,4% e o abastecimento
doméstico 3,6% (HOEKSTRA e MEKONNEN, 2012). Portanto, em termos de políticas
públicas e comportamentos, a produção agrícola e consumo de alimentos são uma área
importantíssima.

Muitas ações educativas reforçam que para economizar água é preciso “fechar
a torneira” ou “não varrer a calçada com mangueira”. Estes são comportamentos
importantes, mas a maior parte da pegada hídrica utilizada por um consumidor está
associada aos produtos e serviços que consome e não à quantidade de água para
consumo doméstico. Neste sentido, a reflexão sobre o consumo e escolhas alimentares
torna-se tão relevante.

Uma comparação interessante é feita por Maia e colaboradores (2012) entre a


PH de um vegetariano e de um consumidor consumista. Estes autores encontraram que
a PH do vegetariano é 1.123 metros cúbicos de água por ano menor do que a do
consumidor consumista.

Em outro estudo, Maracajá, Silva e Dantas Neto (2013) obtiveram resultados


que indicaram que, em média, a PH do consumidor vegetariano representa 58% do
consumidor não vegetariano. Segundo estes autores, a PH da população pode ser
minimizada através da mudança dos hábitos alimentares, bem como através da redução
de consumo de produtos que envolvem a importação de água virtual; e, ainda, que
grande parte da população desconhece os impactos dos hábitos alimentares sobre os
recursos hídricos e ao meio ambiente.
A necessidade de se reestruturar o cardápio, de maneira que ele seja mais
sustentável, privilegiando os produtos que exigem menos água para sua produção.
Dessa maneira, um prato com batata e frango, por exemplo, exige muito menos água
para sua obtenção do que um prato com arroz e bife bovino. A culinária é uma das
características que mais individualizam as sociedades. Em cada cultura é possível
perceber diferentes pratos típicos, relacionados a rituais e manifestações culturais
específicas (GIACOMIN e OHNUMA JR., 2012).

Consumo e distribuição da água

O aumento do consumo de água cresceu muito nos últimos anos, apesar disto,
o acesso à água ainda é uma situação que cria muitos problemas socioambientais,
como ocorre na região semiárida no nordeste brasileiro e no oriente médio. Mais
detalhes sobre esta questão, inclusive com mapas, está disponível no artigo Global
Monthly Water Scarcity: Blue Water Footprints versus Blue Water Availability de autoria
de Hoekstra e colaboradores (2012). Muitos estrategistas afirmam, e com muita
propriedade, que a próxima grande guerra mundial será pelo acesso a água.

O resultado da escassez hídrica em algumas partes do planeta é um comércio


mundial de água, na forma de bens e produtos. Os países e regiões que dispõem de
água produzem bens para atender aqueles onde ela é escassa. Esse sistema passa a
representar um problema quando as regiões produtoras, por falta de mecanismos
adequados de gestão de seus recursos hídricos, passam a explorá-los em um ritmo
superior à capacidade de regeneração do ambiente local (GIACOMIN e OHNUMA JR.,
2012).

A importância da cooperação para o manejo de recursos hídricos limitados em


um mundo em que a demanda está em rápido crescimento não pode ser subestimada:
145 países compartilham uma grande bacia hidrográfica com pelo menos mais uma
nação. A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 2013 o Ano Internacional de
Cooperação pela Água em 2010, a partir de uma proposta do Tajiquistão (UNESCO,
2013).

Apenas em Julho de 2010, a Assembleia Geral da Organização das Nações


Unidas (ONU) aprovou uma resolução afirmando que o acesso à água e ao saneamento
é “um direito humano essencial ao pleno desfrute da vida e de todos os direitos
humanos” (WORSHIP, 2010). Cerca de 884 milhões de pessoas carecem de acesso à
água potável no planeta, mais de 2,6 bilhões não têm saneamento básico, e cerca de
1,5 milhão de crianças menores de 5 anos morrem a cada ano por causa de doenças
vinculadas à água e ao saneamento, segundo países patrocinadores da resolução
(WORSHIP, 2010).

Algumas iniciativas de tecnologias sociais envolvendo recursos hídricos e


mudanças climáticas são apresentados no livro Água e mudanças climáticas:
tecnologias sociais e ação comunitária (SILVA et al., 2012).

Água e a conservação da natureza

O desmatamento e o reflorestamento afetam o processo hidrológico de tal


forma, que podem influenciar diretamente a disponibilidade de água (OEL e
HOEKSTRA, 2012).

Para muita gente pode ser difícil perceber que as perdas


de florestas decorrentes da mudança no Código Florestal vão
afetar nosso bem-estar. Estamos falando de perdas
fundamentais, como a água. Desmatamento em nascentes,
cursos d'água e reservatórios afetarão a disponibilidade da
água, e a tendência é que isso aconteça exponencialmente se o
código sofrer as mudanças em discussão (PADUA et al., 2011).

O desmatamento, se permitido legalmente pelas mudanças propostas no


Código Florestal, causará um efeito direto que pode ameaçar a quantidade e a qualidade
de água disponível em um dos maiores conglomerados humanos do país (PADUA et
al., 2011). Em terras sob cobertura florestal, o sistema radicular, serrapilheira e
vegetação adensada das matas conseguem, juntos, reter em média 70% do volume das
precipitações, regularizando a vazão dos rios, contribuindo para a melhoria na qualidade
da água (SILVA et al., 2011).

Neste sentido, ações de conservação das matas ciliares e da vegetação em


áreas de recarga hídrica do lençol freático são muito importantes para a manutenção do
fornecimento de água pelo ambiente.

Considerações finais

Como indicador de sustentabilidade, a pegada hídrica é capaz de monitorar o


impacto humano sobre o meio ambiente. Os indicadores de sustentabilidade devem ser
usados e interpretados em conjunto visando à avaliação dos impactos ambientais de
produção e consumo (SILVA et al., 2013).

Há necessidade de se iniciar um processo de educação ambiental voltado para


o uso responsável e sustentável dos recursos hídricos, objetivando a redução do
consumo e poluição da água, e consequentemente a redução da pegada hidrológica
(GIACOMIN e OHNUMA JR., 2012).

A EA é um caminho para a melhoria de vida de todos e para alcançarmos a


sustentabilidade ambiental e social. Mas para isto, cada um não apenas pode, mas deve
mudar suas atitudes, tornando-as mais responsáveis sócio-ambientalmente. Neste
sentido, o uso das pegadas ecológica, hídrica e de carbono são ferramentas uteis para
uma análise do nosso modo de vida, assim como utilizados em atividades educacionais.

Para Arjen Hoekstra, apesar dos governos terem papel fundamental na


elaboração de leis que tornem a gestão eficiente da água uma obrigação, a população
e as empresas também devem se envolver completamente. As companhias precisam
entender como utilizar os recursos hídricos da melhor forma e devolvê-los limpos para
a natureza. Já os consumidores devem se preocupar com a origem dos produtos que
consomem e com os procedimentos adotados na produção (WWFBRASIL, 2011).

Sugestão de Práticas

1) Calculadora

A pegada hídrica ajuda a criar um novo olhar sobre o consumo, já que mostra
informações muitas vezes desconhecidas pelo consumidor final (CINTRA, 2011). Maia
e colaboradores (2012) e Maracajá, Silva e Dantas Neto (2013) utilizaram este
calculadora em suas pesquisas.

Figura 4: Figura retirada da calculadora do site Water Footprint.

O site Water Footprint (parte do site está em português) disponibiliza um


questionário em inglês para calcular a Pegada Hídrica. Você pode acessá-lo pelo link:

http://www.waterfootprint.org/?page=cal/WaterFootprintCalculator

E você ou seus alunos, tem uma pegada hídrica grande ou é mais econômico?

2) Campanha “Virtual Water” da FAO.


Figura 5: Uma das figuras da campanha da FAO sobre a pegada hídrica dos alimentos.

A figura 3 também é um dos recursos didáticos desta campanha. A FAO disponibiliza


alguns materiais para uso em atividades educacionais e de conscientização. Por
exemplo, o arquivo PDF que pode ser acessado por este link:

http://www.fao.org/nr/water/docs/virtual/virtual_a4.pdf

3) Debates

O professor pode em sala de aula propor debates, por exemplo, sobre as escolhas
alimentares e a consequência disto sobre o consumo de água. Ou utilizar alguns dos
alguns dados apresentados a seguir (WATER FOOTPRINT, 2013):

Figura 6: Pegada hídrica da carne bovina. Fonte: Site Water Footprint (2013). O infográfico em
formato circular acima indica a divisão entre os componentes verde, azul e cinza da produção
de carne bovina.

• A produção de um quilo de carne bovina exige 15 mil litros de água (93% verde,
azul 4%, 3% cinza da pegada hídrica). Há uma variação enorme em torno dessa
média global. A pegada para um corte de carne depende de fatores, tais como
o tipo de sistema de produção e da composição e origem da alimentação do
gado.

Estas informações podem ser complementadas por argumentos que usam a


teoria de teias alimentares (LAMIM-GUEDES, 2012).

• A Pegada Hídrica de um hambúrguer de soja de 150 gramas produzido na


Holanda é cerca de 160 litros. m hambúrguer de carne do mesmo país necessita
cerca de 1000 litros.
• Brasil, com uma pegada de 2027 metros cúbicos per capita, por ano, tem cerca
de 9% da sua Pegada Hídrica total fora das fronteiras do país.

• A Pegada Hídrica global no período 1996-2005 foi de 9087 Gm³/ano (74% verde,
azul 11%, e cinza 15%). A produção agrícola contribui 92% para esta pegada
total.

• Escassez de água afeta mais de 2,7 bilhões de pessoas para pelo menos um
mês a cada ano.

Ao analisar a Pegada Hídrica de um produto, é preciso levar em consideração


as etapas do processo de fabricação e os locais por onde ele passou – desde a matéria-
prima até o produto final.

Para os negócios, os riscos de não se fazer o uso racional da água são vários.
Eis alguns deles:

• Físico, que ocorre quando os lençóis freáticos são comprometidos pelo mau uso
de outros atores;

• De reputação diante do mercado consumidor;

• Regulatório, previsto em políticas de autorização do uso das águas, e

• Financeiro, já que cada vez mais os investidores exigem clareza das ações
social e ambientalmente corretas para fazer suas escolhas.

Medidas Mitigadoras da Pegada Hídrica de um indivíduo (MAIA et al.,2012):

Para minimizar a problemática do desgaste dos recursos hídricos e,


consequentemente, a escassez da água, faz-se necessária a mudança de atitudes que
reduzam ou compensem a Pegada Hídrica, como por exemplo:

• Mudar as dietas alimentares, procurando produtos com pegada hídrica menor e


que satisfaçam as necessidades nutricionais do ser humano;

• Reavaliar hábitos consumistas, adquirindo produtos e serviços que agridam


menos o meio ambiente;

• Selecionar plantas e gramas nativas para jardins e paisagismo que dependam


apenas das chuvas;

• Instalar aparelhos e utensílios mais eficientes, em termos de água e energia;

• Implementar práticas de reuso de água, em algumas atividades domésticas;

• Participar de comissões locais de gestão de água, a fim de monitorar e


implementar estratégias de proteção hídrica.
4) Dia Mundial da Água

O Dia Mundial da Água surgiu no âmbito da Conferência das Nações Unidas


sobre Desenvolvimento e Ambiente (Eco92 ou Rio92) que aconteceu na cidade do Rio
de Janeiro, em 1992. Os países foram convidados a celebrar o Dia Mundial da Água e
a implementar medidas com vista à poupança deste recurso e a promover a sua
sustentabilidade. Ele foi passou a ser comemorado em 1993, desde então, segundo a
ANA (Agência Nacional de Águas): “os países foram convidados a aderir às
recomendações da ONU relativas aos recursos hídricos e a concretizar atividades
apropriadas ao contexto de cada país”.

“A gente lembra e comemora, mas a hora também é boa para refletir e


conhecer mais sobre o assunto. Afinal, a água não está somente no chuveiro e na
torneira. Indiretamente, ela faz parte do processo produtivo de tudo que comemos,
usamos, vestimos” (CINTRA, 2012).

5) Ano Internacional para a Cooperação pela Água

Figura 7: Materiais de divulgação - Ano Internacional de Cooperação pela Água. Fonte:


UNESCO (2013).

A cooperação pela água tem múltiplas dimensões, incluindo os aspectos


culturais, educacionais, científicos, religiosos, éticos, sociais, políticos, jurídicos,
institucionais e econômicos. Uma abordagem multidisciplinar é essencial para entender
as várias facetas implícitas no conceito e para misturar essas peças em uma visão
holística. Além disso, para ser bem sucedida e duradoura, a cooperação pela água
precisa de um entendimento comum do que sejam as necessidades e os desafios em
torno da água. Construir um consenso sobre as respostas adequadas a estas questões
será o foco principal do Ano Internacional e do Dia Mundial da Água em 2013 (UNESCO,
2012).

A lista de evento e material educativo e para divulgação podem ser obtidos no


site:

http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/2013-international-year-of-water-
cooperation/

6) vídeos

A História da Água Engarrafada - A grande mentira da Indústria

Da mesma produtora do vídeo A História das Coisas, Annie Leonard,


apresenta neste vídeo de 8 minutos sobre como a industria fez com que se tornasse
essencial a água engarrafada. Link para o vídeo legendado no Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=KeKWbkL1hF4

"Entre Rios" - a urbanização de São Paulo

Um excelente documentário sobre a urbanização de São Paulo, com um


enfoque geográfico-histórico, permeando também questões sobre meio ambiente,
política. No caso da PH, é interessante para discutir a PH cinza. Tempo de duração: 25
minutos.

Link para o vídeo no Vimeo: http://vimeo.com/14770270#comment_8826775

Link para o vídeo no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=Fwh-cZfWNIc

7) Fotografias

No Dia Mundial da Água de 2011, o jornal O Estado de São Paulo publicou o


relato da expedição realizada pelo repórter Leonencio Nossa e pelo repórter fotográfico
Celso Junior da nascente à foz do Amazonas. A tradicional imagem do curso barrento
que serpenteia o verde da floresta é apenas um retrato de um rio de muitas faces. Ele
nasce cristalino nos Andes, desce azul pelo deserto marrom do altiplano, fica verde nos
precipícios do início da selva, ganha a tonalidade amarelada ainda na mata peruana e
corta a Amazônia como um imenso tapete da cor de chocolate.

Link: http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/o-rio-amazonas/
8) Material didático sobre água.

Água para a vida, água para todos: Guia de atividades produzido pelo
WWFBrasil. Disponível para download:

http://www.wwf.org.br/informacoes/bliblioteca/publicacoes_educacao_ambiental/?2986

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