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Testes de

Paternidade e
Genética Forense
Thayne Woycinck Kowalski
Contexto Histórico

Descoberta do sistema ABO de grupo sanguíneo por Landsteiner, 1900 → reconhecimento


que essa característica surge das regras descritas nas Leis de Mendel

EUA, 1935: promulgação das leis que tratavam do uso de marcadores genéticos para
exclusão de testes de paternidade

American Medical Association (1976): diretrizes para uso de marcadores genéticos

ABO, Rh, MNSs, Kell, Duffy, Kidd e HLA

Proteínas séricas e enzimas eritrocitárias também podiam ser associadas ao teste

Mais ou menos na mesma época, testes começaram a ser usados no contexto forense
Antígenos Eritrocitários
Uso de Polimorfismos

Década de 1980: artigo de Jeffreys cunha o termo “DNA fingerpint” (impressão digital do
DNA) → uso na identificação forense

Já em 1989: estudos dos laboratórios de criminalística do governo americano (FBI)

1990: Primeira edição do Standards for Parentage Testing, exigência do uso de


polimorfismos nos ensaios de paternidade

Ao longo das próximas décadas: testes de DNA substituíram a sorologia tradicional

Forense: 13 loci de repetições curtas in tandem (STR), marcadores do cromossomo Y e


sequenciamento de DNA mitocondrial

Plataforma: eletroforese capilar (análise de fragmentos)


Vantagens do DNA

Está presente em todas as células (exceto em eritrócitos maduros)

É o mesmo em todas as células do corpo (exceto nos gametas haploides)

Permanece inalterado ao longo da vida do indivíduo

Diferente para cada indivíduo (exceto gêmeos idênticos)

DNA é uma molécula robusta que resiste a ácidos fortes, bases, detergentes

Transplante de células-tronco hematopoieticas: característica do doador e não do receptor


Vantagens dos Marcadores Moleculares

Maior poder discriminatório

PCR permite a realização do teste mesmo com amostras mínimas e antigas

Não há interferência de DNA de outras espécies (exemplo: bacteriano)

Processos de lise diferencial: obtenção do DNA a partir de um tecido específico, mesmo que
haja outros tecidos “contaminantes”

Útil na extração de DNA de esperma: individualização do sêmen

Apesar da mídia mostrar o uso dos testes de DNA em homicídios, o maior volume de
casos de uso de DNA na perícia forense nos EUA é para crimes de agressão sexual
Marcadores Moleculares
Polimorfismos

Variantes comuns na população (acima de 1%), normalmente não associadas a condições


genéticas mendelianas

Polimorfismos de base única (single nucleotide polymorphisms ou SNPs): substituições


nucleotídicas (A, C, G, T) → poucas possibilidades de genótipo

Polimorfismos de repetição: A, AA, AAA, AAAA → mais possibilidades, múltiplos alelos


distribuídos na população

Maior poder de exclusão do que os SNPs

Sem alelos nulos, em co-dominância, baixa taxa de mutação, fenótipo estável, sendo
um sistema independente da rotina clínica
Polimorfismos
Regiões de Repetição do Genoma

Principal região onde se encontram os polimorfismos baseados em comprimento

Corresponde de 20-30% do DNA não-codificante (que refere-se a 90% do genoma)

Muitas regiões repetitivas apresentam número variável de repetição in tandem (VNTR)

Métodos de análise consistem em avaliar o tamanho da repetição

Diferem de análises baseadas em padrão de sequência, em que o que importa é o alelo,


como nos casos dos SNPs
Coleta de Amostras

Ideal: sangue ou swab bucal (teste de paternidade) e sêmen (crime de agressão sexual)

Solicitação do histórico de transfusão sanguínea dos últimos 3 meses, além de histórico total
de transplante de células-tronco hematopoieticas

Identificação fotográfica e consentimento informado devem acompanhar cada amostra,


sendo o consentimento fornecido pelo guardião legal em caso de menores de idade

Forense: registro da amostra antes da coleta e documentação do procedimento

Exemplo: respingos de sangue → padrão coleta de maneira inteligente


Coleta de Amostras

Swabs podem ser umedecidos com água estéril e


passados por manchas secas de fluidos

Marcas de mordida: swab úmido seguido de


swab seco

Mancha de sangue: proceder a coleta e depois


realizar uma coleta com swab controle na área
sem manchas, adjacente ao líquido

Embalar cada swab separadamente


Coleta de Amostras

Fontes de DNA preferíveis ao sangue em casos de putrefação

Quanto maior a decomposição e maior o período post-mortem, maior será a degradação do


DNA no tecido cadavérico

Apesar da alta concentração de DNA em tecidos vivos, alguns desses tecidos apresentam
taxa mais alta de degradação pós-morte

Exemplo: tecido hepático sofre rápida ação de enzimas autolíticas, porém o tecido
cerebral é uma fonte de DNA relativamente satisfatória no post-mortem

Ossos e dentes são fontes estáveis em amostras muito antigas


Armazenamento de Amostras

Evitar a contaminação da amostra

Resfriamento e congelamento auxiliam a preservar o DNA

Desidratação: manchas de sangue e osso

Não recomendado o uso de tecidos conservados em formalina

Preferencialmente coleta incisional: tecido não exposto

Sempre tentar usar o tecido para teste de DNA antes de descartá-lo


Extração de DNA

DNA deve ser isolado também dos contaminantes ambientais

Observar que não se deve utilizar métodos que necessitam de grande volume

Alto grau de pureza e eficiência

Swab vaginal: separar o DNA feminino do DNA masculino

DNA feminino extraído por métodos tradicionais

Fração masculina envolve quebra da capa protetora dos espermatozoides


Métodos de Teste

13 loci de repetições curtas em tandem (STR): 3


a 7 nucleotídeos

CODIS: Combined DNA Index System (FBI, EUA)

Elevado índice de paternidade e alta


probabilidade de exclusão cumulativa (PEC):
necessário testar 6 loci STR ou mais

Marcadores de cromossomo X e Y

DNA mitocondrial
Identifier Kit
Análise de Fragmentos
Análise de Fragmentos
Inclusão X Exclusão

Nem sempre os testes de marcadores


genéticos podem fornecer certeza
absoluta do criminoso ou da paternidade
biológica

No entanto, pelo uso do sistema


genético é possível excluir a maioria dos
indivíduos que não “contribuíram” com
seu DNA

Probabilidade de exclusão cumulativa


(PEC) e poder de exclusão

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