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ADMINISTRATIVO
DIREITO E CONJUNTURA
TRABALHO DE CONCLUSÃO
ALUNO: PEDRO HENRIQUE MAZZARO LOPES
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Revista do Serviço Público, 47(1) janeiro-abril 1996. Trabalho apresentado ao seminário sobre
Reforma do Estado na América Latina organizado pelo Ministério da Administração Federal e Reforma
do Estado e patrocinado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (Brasília, maio de 1996).
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Cabia à DASP estimular a fiscalização, regulamentação e centralização no âmbito da Administração
Pública do Estado Novo que se iniciava, combatendo comportamentos típicos do patrimonialismo como
as decisões arbitrárias e nepotismo.
dos serviços públicos “na ‘administração indireta’”. Porém, a reforma administrativa
que mais se focou na efetivação de um modelo gerencial foi a de 1967, através do
Decreto-Lei nº 200/67, ocorrida no período da Ditadura Militar brasileira.
Através do DL nº 200/67 instalou-se de forma definitiva a descentralização do
governo central, por meio de ênfase às atividades da administração indireta,
principalmente nas atividades produtivas de bens e serviços estatais.
No entanto, ainda segundo Bresser, e corroborando a premissa estabelecida
de que os avanços nos modelos estatais não se dão de forma linear, as alterações
trazidas pelo DL nº 200/67 também foram responsáveis pela perpetuação de aspectos
patrimonialistas e fisiológicos ao permitir a contratação de empregados sem concurso
público pela administração indireta e por não se focar na desburocratização da
administração central.
O movimento de “vai e vem” também foi observado nas reformas ocorridas na
década de 80. Após as crises econômicas decorrentes do Choque do Petróleo e
aumento da dívida pública, crise fiscal e o aumento do populismo e fisiologismo como
forma política, a Constituição de 1988 se empenhou na estruturação de um modelo
burocrático para a Nova República, tendo como objetivo controlar, centralizar e
hierarquizar a atuação estatal focada na Administração Direta.
Os anos 90, por sua vez, marcaram a retomada das reformas gerenciais,
sintetizadas nos princípios da Nova Gestão Pública (ou New Public Management)
expressos no Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). Parte
característica deste momento são as concessões de serviços públicos e a
“descentralização para o setor público não-estatal da execução de serviços que não
envolvem o exercício do poder de Estado, mas devem ser subsidiados pelo Estado,
como é o caso dos serviços de educação, saúde, cultura e pesquisa científica”
(PDRAE).
Este movimento de idas e vindas também é observado no desenvolvimento
da atividade regulatória, em especial no período pós 1988. Ultrapassado o conturbado
período da gestão do presidente Collor, cujas contribuições para o modelo de Estado
brasileiro foi ser “porta-voz do anti-estatismo”3, estavam traçadas as bases para a
substituição do modelo Varguista do Estado Empresário em prol do Estado Regulador
neoliberal.
Com o governo de Fernando Henrique Cardoso a redução da participação
direta do Estado na economia e execução dos serviços públicos foi sacramentada com
o pacote de privatizações de grandes setores da economia e a institucionalização de
3
SALLUM Jr., Brasilio. O Brasil sob Cardoso: neoliberalismo e desenvolvimentismo. Dossiê FHC - 1º
Governo • Tempo soc. 11 (2) • Out 1999 • https://doi.org/10.1590/S0103-20701999000200003
relações de parceria com o denominado terceiro setor para execução descentralizada
dos serviços públicos, antes prestados majoritariamente de maneira direta pelo
Estado.
A guinada no modo de atuação do Estado Empresário para o Estado
Regulador teve também como característica, no Brasil, a criação de diversas agências
reguladoras para os setores econômicos que foram privatizados, como o caso dos
setores de Telecomunicações (ANATEL), transporte aérea (ANAC), aquaviário
(ANTAQ), terrestre (ANTT), etc.
Muito embora a política neoliberal de descentralização e encolhimento da
intervenção direta do Estado na economia e serviços públicos tenha se mostrado
exitosa num primeiro momento – o que também se justifica pela adoção de outras
medidas econômicas à época -, o segundo governo de FHC é marcado por crises no
programa não intervencionista em decorrência do retorno da inflação, baixo
crescimento econômico e desvalorização cambial.
Desta forma, com uma agenda voltada à uma atuação mais direta do Estado
em setores sociais estratégicos, como o combate à fome e à miséria, Luiz Inácio Lula
da Silva assume a presidência em 2003 com um pacote de mudanças não tão
abruptas quanto as que marcaram o primeiro governo de FHC.
O Estado assume uma postura mais desenvolvimentista a partir do segundo
mandato de Lula, através dos Programas de Aceleração do Crescimento (PAC) e
implantação da política dos “Campeões Nacionais”. Importante ressaltar que, muito
embora Lula retome uma atuação mais direta na economia, não há o retorno a um
modelo puro do Estado Empresa, mas sim com base em financiamentos públicos da
atividade empresarial privada.
Um outro elemento que demonstra um afastamento do modelo de Estado
Regulador é a tentativa de recuperação das competências normativas e politização
das pautas regulatórias, bem como nas tentativas de interferência na atividade das
agências, o que ficou marcado no governo da Presidenta Dilma Roussef, subsequente
ao de Lula.
O Estado Regulador apenas retoma seu desenvolvimento nos governos
Temer e Bolsonaro, marcados por grandes reformas liberalizantes como a Reforma
Trabalhista e Previdenciária. Também tivemos a normatização de diversos
mecanismos importantes para a atividade regulatória como a Análise de Impacto
Regulatório e Análise de Resultado Regulatório em 2019 e 2020.
Portanto, o histórico brasileiro de mudanças na formatação estatal é
caracterizado por processos descontinuados, os quais evoluem, na maior parte das
vezes, por mudanças incrementais voltadas a resolução de questões de determinado
tempo histórico. Desta feita, é normal observarmos “avanços” e “retrocessos”,
consubstanciados na adoção de modelos diferentes a depender da agenda própria de
determinado governante ou da aspiração popular/democrática da época.
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Palestra conferida pelo Ministro Luis Roberto Barroso, disponível em
https://www.conjur.com.br/2014-fev-13/stf-exerce-papeis-contramajoritario-representativo-afirma-
barroso
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MOLHANO RIBEIRO, Leandro. WERNECK ARGUELHES, Diego. Contextos da judicialização da
política: novos elementos para um mapa teórico. Revista Direito GV, v. 15, n. 2, 2019.
fundo a objetivação de um termo vago presente na Constituição, cabendo, portanto, o
pronunciamento da Corte Judicial destinada justamente a interpretar o conteúdo das
normas constitucionais. Além disso, questões procedimentais destinadas à
racionalização do processo legislativo devem ser respeitadas, o que também autoriza
a atuação legítima da Suprema Corte.