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Evolução do Estado Brasileiro

• Século XX - continuada tentativa de modernização das


estruturas e processos do aparelho de Estado.
‒ Mudanças pontuais X sistêmicas
‒ Resposta (tardia) às transformações mundiais.

• Duas principais reformas administrativas:


(Obs: não há unanimidade na literatura)
‒Patrimonialismo Burocracia
‒Burocracia Gerencial
1
Evolução do Estado Brasileiro - Origens

• Independência - processo liderado pelos setores que mais se


beneficiaram com a ruptura dos laços coloniais: grandes
proprietários de terras e de escravos e grandes comerciantes.
• Sociedade mercantil-senhorial
• Patrimonialismo (com traços liberais)
• Poder descentralizado (oligarquias, coronéis)
• Política dos governadores

2
Estado Brasileiro: Patrimonialismo
Por que precisava mudar?

Brasil: década de 30
• Crise econômica mundial;
• Cai preço café: oligarquias agrícolas da política café com leite
perdem poder;
• Revolução de 30 – Getúlio no poder;
• Estruturação do Estado, indústria de base – foco na industrialização.
Getúlio Vargas
• Implantação do modelo
burocrático no Brasil
• Autoritarismo
• Nacionalismo econômico
• Forte centralização administrativa e intervenção do Estado nos
setores produtivo e de serviços
• Desenvolvimento (econômico, social, incipiente capitalismo
industrial).
Getúlio Vargas
• Início da implantação do quadro burocrático:
‒ Estatutos e órgãos (normativos e fiscalizadores)
‒ Comissão Permanente de Padronização (materiais – 1930); de
Compras (1931).
‒ Três temas: Materiais, Finanças e Pessoas
‒ Principais áreas:
o Pessoal - carreiras burocráticas;
o Administração de materiais;
o Orçamento como plano de administração;
o Revisão de estruturas administrativas;
o Racionalização de métodos.
Getúlio Vargas
• 1937 – Estado Novo
• 1938 – DASP - Departamento Administrativo do Serviço
Público:
‒ Realizar estudos detalhados de estabelecimentos públicos para
determinar modificações: orçamento, distribuição, processos de
trabalho, relações entre os órgãos e com o público.
‒ Organizar e fiscalizar orçamento
‒ Organizar concursos públicos e aperfeiçoar servidores
‒ Auxiliar o presidente no exame dos projetos de lei
‒ Fixar padrões de materiais nos serviço público
Getúlio Vargas

• Autarquias - Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs)


‒ “Primeiro sinal de administração Gerencial”

• Estado interventor:
‒ 1930 a 1945 - criadas 56 agências estatais
‒ Substituição das importações

• Redemocratização – 1945
‒ Dutra – Plano SALTE – coordenação dos 3 níveis
‒ Vargas – 1951
‒ Reforma perde força
Getúlio Vargas
Resultados:
• Freou o patrimonialismo,
mas não o extinguiu.
• Coexistência dos
dois modelos
• Fortalecimento da classe burocrática – controle político do
Estado
JK
• Influência do Plano Marshall: combate americano à possível expansão
das doutrinas socialista e comunista.
• 50 anos em 5
• EBAP: treinamento administrativo aos servidores; consultoria; busca por
racionalismo, eficiência, eficácia e distinção
entre política e administração.
• COSB - Simplificação Burocrática
• CEPA - Estudos e Projetos Administrativos
• Crescente cisão Adm. direta x indireta:
Descentralização
• Plano de Metas: 94,8% dos recursos
alocados na Administração Indireta
Jânio e Jango

• Reformas de Base
• Estudos p/ descentralização
• Golpe Militar
Governos Militares

• 1964
• Período Autoritário
Desenvolvimentista

• Comestra – Comissão Especial de Estudos da Reforma Administrativa


• Preparação de projetos para aumentar o rendimento e a
produtividade da administração federal.
Governos Militares
• Decreto-Lei n° 200/67
‒ Conduzido pela SEMOR – Subsecretaria de Modernização e Reforma
Administrativa;
‒ Tecnicismo;
‒ Substituir Administração Burocrática por uma Administração para o
Desenvolvimento

Descentralização administrativa (autonomia a órgãos e agências)


X
Concentração do poder (dos estados para governo federal)

‒ 5 Princípios Fundamentais: Planejamento, Coordenação,


Descentralização, Delegação de competência, Controle
Governos Militares – DL 200/67

• Principais pontos:
‒Distinção entre Administração Direta e Indireta
‒Fortalecimento (autonomia) da Adm. Indireta
‒Definição de programas de duração plurianual e do
orçamento-programa anual como bases para a atividade do
Estado.
‒Flexibilidade de aquisição e contratação de bens e serviços;
‒Fortalecimento e flexibilização do sistema do mérito
(contratação sem concurso na adm. Indireta.)
Governos Militares – DL 200/67
• Resultados
‒Crises de 70 – reforma inacabada
‒Dicotomia “Estado tecnocrático e moderno”
X
“Estado burocrático, formal e defasado”

‒Reprodução de práticas patrimonialistas


‒Enfraqueceu o núcleo estratégico – Administração Direta

• Programas: Desburocratização e Desestatização


Nova República - Redemocratização
• Contexto: crises econômicas.
Nova República - Redemocratização
• 1985 – Sarney
‒Proposta de Reforma - três objetivos:
o Racionalização das estruturas administrativas
o Formulação de uma política de RH
o Contenção de gastos públicos.
‒Fortalecer a Adm. Direta – negligenciada pelos militares
‒Criou a ENAP – formação de dirigentes
Nova República - Redemocratização
• Constituição 1988 – Constituição Cidadã
‒ Retrocesso administrativo: novo populismo patrimonialista.
‒ Centrão: coalizão política populista no Congresso; levou ao
descontrole da política econômica.
‒ Desenvolvimento + distribuição de renda = déficit público.
‒ Eliminou a flexibilidade da administração indireta que constituía o
setor dinâmico da administração pública.
‒ Regime jurídico único.
‒ Conversão de celetistas em estatutários.
Collor
• Reformas econômicas e ajuste
fiscal.

• Governo contraditório:
Ajuste Fiscal
X
Corrupção, Estado mínimo
(neoliberal), Demissões.
FCC 2015 TRT-3
Uma das etapas relevantes que pode ser apontada na evolução
estrutural da Administração pública no Brasil foi a instituição da Comissão Amaral
Peixoto, que identificou, entre as questões-chave a serem solucionadas, a
centralização excessiva da Administração na Presidência da República e ausência
de coordenação nas ações de governo. Referidos estudos serviram de inspiração
a) ao Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado – PDRAE, que
implementou o modelo gerencial na Administração pública brasileira.
b) ao Programa Nacional de Desburocratização, que visava aumento na eficiência
e simplificação de processos.
c) à edição do Decreto-Lei n° 200, de 1967, que reorganizou a Administração
direta e expandiu as autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
economia mista.
d) ao paradigma pós-burocrático instituído com a criação do Departamento
Administrativo do Serviço Público – DASP, que objetivava a racionalização do
serviço público.
e) à consolidação do modelo de gestão por resultados instituído a partir do
programa de governo denominado Gespública.
(PF Escrivão) De acordo com Bresser Pereira, boa parte do
treinamento administrativo e de consultoria dos anos 50 do século passado foi
influenciada pelo racionalismo em busca de eficiência e eficácia e pela clara
distinção entre política e administração.
(PF Agente) O Decreto-lei n.º 200/1967, estatuto básico da reforma
administrativa do governo militar, reafirmou a importância do planejamento
entendido sob uma ótica tecnicista.
(PF Agente) A Constituição Federal de 1988 (CF) rompeu com o retrocesso
burocrático que até então prevalecia, ao conceder autonomia ao Poder
Executivo para tratar da estruturação dos órgãos públicos e proporcionar
flexibilidade operacional aos entes da administração indireta.
(PF Agente) O Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) iniciou um
movimento de profissionalização do funcionalismo público, mediante a
implantação de um sistema de ingresso competitivo e de critérios de promoção
por merecimento.
(2016 TCE-PA) O Decreto-lei n.º 200/1967, na tentativa de
modernizar a gestão pública no Brasil, estabeleceu como princípios
fundamentais o planejamento, a organização, o treinamento e a direção.
(2013 TRT-10) O Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP) foi criado com o objetivo de aprofundar a reforma administrativa
destinada a organizar e racionalizar o serviço público no país.
(2013 MPU) As grandes reformas administrativas do Estado brasileiro, ocorridas
após 1930, foram do tipo patrimonialista, burocrática e gerencial.
(2013 MPU) A reforma administrativa iniciada pelo Departamento Administrativo
do Serviço Público (DASP) instituiu o Estado moderno no Brasil, com vistas ao
combate ao patrimonialismo e à burocracia estatal.
(2012 MPE-PI) A reforma burocrática mais recente da administração pública
seguiu um modelo cujos pilares envolvem conceitos de impessoalidade,
profissionalismo e formalidade.
Reforma Gerencial
Contexto: décadas de 80 e 90:
• Crises econômicas.
• Consenso de Washington: visão
neoliberal, Estado mínimo, ajuste fiscal,
liberalização comercial, redução de
gastos públicos, estabilização monetária
e privatização de empresas estatais.
• Esgotamento do modelo de Estado
mínimo.
Reforma Gerencial
• 1995: FHC + Bresser Pereira = Ministério da Administração
Federal e Reforma do Estado – MARE
• Resultado: Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
‒ Documento orientador dos projetos de reforma.
‒ Oriundo do diagnóstico dos principais problemas da administração
pública brasileira nas dimensões institucional-legal, cultural e de
gestão.
‒ Propôs a implantação do Modelo Gerencial no Brasil.
Reforma Gerencial - PDRAE
• Diagnóstico: crise do Estado
1. Fiscal – excesso de gastos. O Estado passa a ser devedor e perde
continuamente crédito; falta dinheiro para investir em serviços.
2. Falência do modelo intervencionista do Estado, que deixa de
atender às demandas sociais;
3. Ineficácia do sistema (burocrático) da Administração do Estado.
Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado

Quatro
segmentos
PDRAE - Estratégias

• Dimensão institucional-legal: alterar e/ou criar leis e


instituições para adequar o Estado ao modelo gerencial.
• Dimensão cultural: sepultar de vez o patrimonialismo e passar
por uma transição burocrática–gerencial.
• Dimensão gestão: colocar em prática as novas ideias
gerenciais e oferecer à comunidade um serviço público mais
barato, com um melhor controle e uma melhor qualidade
(excelência no serviço público).
PDRAE - Resultados

• O Plano Diretor como um todo não foi implantado, uma vez


que contou com a resistência dos servidores públicos, da
população e dos partidos da oposição.

• O próprio Governo FHC não deu sustentação à reforma ampla


da administração pública, como previa o Plano Diretor,
optando por apoiar temas pontuais com foco na estabilização
econômica.
PDRAE - Resultados
• Quebra do monopólio na prospecção de petróleo;
• Privatizações;
• Agências Regulatórias;
• Metas de inflação – controle estratégico;
• Lei de responsabilidade fiscal;
• Emenda Constitucional 19/98
‒ Princípio da Eficiência; Avaliação de desempenho dos servidores e
demissão por baixo desempenho; Contratos de gestão.
• Reforma Previdência;
• Bolsa-Escola, Auxílio gás – atual Bolsa Família;
FCC 2011 TRE-RN
O principal objetivo do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do
Estado, proposta pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do
Estado (MARE), publicado em 1995, foi
a) reduzir o planejamento centralizado, transferindo os instrumentos de
coordenação e
regulção do Aparelho de Estado federal para os governos estaduais.
b) implantar a gestão por resultados, fortalecendo os sistemas de controle a
posteriori da ação governamental.
c) aprofundar a participação direta do Estado nos diversos setores da
sociedade e da economia.
d) propor a substituição do modelo patrimonial pela administração pública,
com foco no
cidadão, reforçando os sistemas de controles burocráticos.
e) fortalecer os órgãos centrais de planejamento estratégico do Estado,
ampliando os sistemas de controle de processos.
FCC 2013 TRT-15
Segundo Bresser Pereira, a crise enfrentada pela nação brasileira
começara nos anos 1980 e decorria, em parte, das distorções que o
Estado sofrera nas cinco décadas anteriores. Para o Ministro, a solução não era
“substituir o Estado pelo mercado, mas sim reformar e reconstruir o Estado”.
Com base nesse conceito, elabora, em 1995, o Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado - PDRAE, que inclui, entre seus objetivos globais,
a) segregar os serviços públicos não exclusivos do Estado e outorgá-los à
iniciativa privada, mediante a ampliação do processo de privatização
b) reduzir a publicização característica do modelo burocrático, transferindo a
entidades do terceiro setor diversos serviços públicos anteriormente
desempenhados pelo Estado.
c) aumentar a governança do Estado, ou seja, sua capacidade administrativa
de governar com eficiência e efetividade, voltando a ação dos serviços do
Estado para o atendimento dos cidadãos
d) limitar as ações do Estado àquelas funções que lhe são próprias, incluindo
a produção de serviços e bens para o mercado
e) transferir dos Estados e Municípios para a União as ações de caráter local,
fortalecendo o caráter diretivo do governo federal.
(CESPE - 2012 - MPE-PI) O modelo atual que caracteriza a
gestão pública no Brasil é patrimonialista, pois o Estado possui
direitos de propriedade sobre os bens que administra.
(CESPE - 2011 - STM) A partir do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do
Estado, a relação entre a administração e o usuário-cidadão passou a pautar-se
notadamente por dimensões de excelência na prestação de serviços públicos
com a participação de entidades da sociedade civil.
(CESPE - 2011 - TRE-ES) Depois da reforma gerencial do Estado, adotou-se o
controle por resultados nos serviços públicos, fato que acarretou aumento do
grau de centralização das atividades exclusivas do Estado.
(PF Escrivão) Apesar de ainda estar vigente no Estado brasileiro, a
administração pública burocrática é um modelo já ultrapassado e, portanto,
deve ser suplantado por completo pelo modelo de administração pública
gerencial, que tem por objetivo principal a efetividade das ações
governamentais e das políticas públicas.
(CESPE - 2011 - TRE-ES) Após a reforma ocorrida na década
de 90 do século XX, o Estado brasileiro superou o paradigma
burocrático, adotando, com êxito, o modelo gerencial.
(CESPE - 2011 - EBC) De acordo com o Plano Diretor de Reforma do
Aparelho do Estado (PDRAE), o Estado pode ser dividido em quatro setores:
núcleo estratégico, atividades exclusivas, serviços não exclusivos e produção
para o mercado. Em três desses setores, a forma de administração resulta
da combinação do estilo burocrático com o gerencial.
(CESPE – 2010 – MS) Bresser Pereira trouxe conceitos inovadores com sua
reforma administrativa. A publicização e a privatização fazem referência ao
tamanho da máquina pública e da sua força de trabalho.

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