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Guia de Estudos
1a Edição
Potyguara – São Paulo – 2017
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA GERAL DA IPIB:
Áureo Rodrigues de Oliveira
PRESIDENTE DA FECP:
Heitor Pires Barbosa Junior
DIRETOR DA EAD-FECP:
Reginaldo von Zuben
AUTOR:
Valdinei Aparecido Ferreira
DIAGRAMAÇÃO:
Ana Paula Pires
ILUSTRAÇÕES:
FOTOLIA
REVISÃO:
Dorothy Maia
EDIÇÃO:
Reginaldo von Zuben e César Marques Lopes
MÓDULO 1:
Pensando a pregação e o pregador
MÓDULO 2:
Aprendendo a construir um sermão
MÓDULO 3:
Refletindo sobre a comunicação da pregação
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PARA PENSAR:
O que há de tão fascinante na experiência de ouvir uma pessoa
que fala para uma multidão ou para algumas
dezenas de pessoas? Será verdade que depois
da escrita, da televisão e da internet ninguém
mais quer ouvir pessoas discursando?
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JJ 2. O QUE É HOMILÉTICA?
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CURIOSIDADE:
O termo “homilética” deriva do substantivo grego “homilia”,
que significa literalmente “associação”, “companhia”, e do verbo
“homileo”, que significa “falar”, “conversar”. O Novo Testamento
emprega o substantivo “homilia” em 1Coríntios 15.33 “[...] as
más conversações corrompem os bons costumes”.
O termo “homilética” surgiu durante o Iluminismo, entre os
séculos XVII e XVIII, quando as principais disciplinas teológicas
receberam nomes gregos, como, por exemplo, dogmática,
apologética e hermenêutica.
O termo “homilética” firmou-se e foi
mundialmente aceito para referir-se à
disciplina teológica que estuda a ciência,
a arte e a técnica de analisar, estruturar
e entregar a mensagem do Evangelho
(Reifler, 1999, p. 11).
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DICA:
Recomendo para aprofundamento do modo como é possível
ler as Escrituras e pregar tendo Cristo como centro a leitura
de livro “Deuses Falsos” do mesmo Tim Keller. De
modo exemplar, o autor expõe as histórias
do Antigo Testamento, como por exemplo de
Jacó, Raquel e Lia, fazendo-as convergir para
o clímax cristológico.
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era doente. Isto para ficar apenas com os mais conhecidos. Cla-
ramente pode-se afirmar que a Bíblia não foi escrita para polir a
biografia de nenhum de seus personagens.
No centro da narrativa bíblica está Deus. É ele quem escolhe
pessoas que são fracas. Na verdade, parece ter uma predileção
pelos fracos, pois a Escritura registra que: “Deus escolheu as
cousas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1Co 1.27).
A lembrança da persistência dessa estratégia divina – escolher
os fracos – ao longo de toda a Escritura é muito importante para
a nossa vida hoje. Quando pensamos em fazer qualquer traba-
lho no reino de Deus, executar qualquer atividade como cristão,
imediatamente vem à nossa mente a seguinte ideia: “Preciso ser
forte para que Deus abençoe o meu trabalho” ou ainda “preciso
ser forte para que Deus possa usar a minha vida”. Grande enga-
no! Deus pode sim usar nossos “pontos fortes” para o seu reino,
mas ele também gosta de usar as nossas fraquezas. Mas o que
é uma fraqueza? Uma fraqueza é qualquer coisa que você não
consegue alterar na sua vida. Pode ser a sua origem modesta,
a sua saúde frágil, alguma limitação intelectual ou emocional.
Uma fraqueza não é um pecado, é apenas um limite.
A cultura pop de nossos dias impressiona-se grandemente
com as embalagens. O guru da Apple, Steve Jobs, gastava na pre-
paração das embalagens o mesmo tempo e energia que investia
na construção dos produtos. Ele sabia o quanto os consumidores
valorizam as embalagens. Paulo, referindo-se ao evangelho, pro-
clamava: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para
que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2Co 4.7).
Na lógica do evangelho isto significa: quanto menos de você,
mais de Deus e, assim, mais do poder dele haverá em sua vida.
O poder não está na embalagem (no pregador ou na pregado-
ra), mas em seu conteúdo (o evangelho).
O pregador ou a pregadora não deve se envergonhar de
suas fraquezas, mas deve unir-se a Paulo e confessar: “porque
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MÓDULO 2
Tema: Aprendendo a construir um sermão
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ESPÍRITO SANTO
TEXTO BÍBLICO
ESPÍRITO SANTO
ESPÍRITO SANTO
PREGADOR E CONTEXTO
CONTEXTO SERMÃO SOCIAL ATUAL
OUVINTES E
NECESSIDADES
ESPÍRITO SANTO
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EM RESUMO
A formulação de uma ideia central é o ponto de chegada do
processo interpretativo de um texto bíblico e o início do proces-
so de elaboração da comunicação da mensagem. De posse de
uma ideia central clara, o pregador ou a pregadora passará à
elaboração de um esboço.
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PARA PENSAR:
“Uma das maiores causas da prolixidade na pregação é a falta
de objetividade. Isso acontece quando não há uma ligação en-
tre os elementos da pesquisa sermônica formando um
todo. Em muitos sermões, o título segue uma dire-
ção, as divisões outra, o texto fica à parte – e
o assunto proposto não é bem apresentado”
(Moraes, 2005, p. 102).
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JJ 2. TIPOS DE SERMÕES
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2.1. Temático
É o sermão cuja estrutura dos tópicos é proveniente do tema
do sermão. Embora o pregador ou a pregadora conte, neste
tipo de sermão, com maior liberdade para estruturar os tópi-
cos, o texto bíblico básico deve dar suporte ao tema escolhido.
Se não fosse assim, o que vimos a respeito da construção do
sermão não se aplicaria a este tipo. A ideia central que funda-
menta o tema deve ter respaldo bíblico sólido. Entretanto, no
sermão temático, o pregador ou a pregadora conta com maior
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2.2. Textual
É aquele tipo de sermão no qual a estrutura dos tópicos
emerge do próprio texto bíblico. Neste caso, o trabalho do
pregador ou da predadora é construir sua ideia central e
apresentá-la seguindo a ordem presente no próprio texto bí-
blico. Às vezes, a estrutura se apresenta na forma de frases
prontas extraídas do texto; outras, palavras extraídas do texto
representam a estrutura de tópicos. É possível ainda construir
a estrutura de um sermão a partir da apresentação do texto
bíblico por meio da análise de perguntas como: Quem? Onde?
Quando? Por quê? Para quê?
Por sua própria natureza, o sermão textual trabalhará com
uma porção bem delimitada de texto bíblico. Uma vez que a
ideia é estruturar o sermão a partir do próprio texto bíblico –
e recordando que um sermão deve trabalhar com três ou no
máximo cinco tópicos –, o pregador ou a pregadora não poderá
escolher uma porção muito extensa das Escrituras, uma vez que
poderá ficar com mais de uma dezena de tópicos.
2.3. Expositivo
Trata-se do tipo de sermão cujo esboço é feito intencional-
mente a partir da passagem bíblica, quase sempre seguindo a
ordem do próprio texto escolhido. A ideia básica deste tipo de
sermão é, como o nome diz, a exposição do conteúdo bíblico. É
um recurso bastante utilizado para apresentação de séries de
sermões baseadas num determinado livro da Bíblia. O grande
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PARA PENSAR:
“Que tipo de sermão devo pregar? Assim: nossa pregação deve
ser textual (fiel ao texto pelo qual optamos), escriturística (bíbli-
ca em seu contexto doutrinário, dogmático e ético), cris-
tológica (em seu conteúdo principal) e prática (em
sua aplicação às necessidades reais de nos-
sas igrejas)” (Reifler, 1999, p. 29).
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JJ 3. EXEMPLO ILUSTRATIVO
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1. A vida é mais...
Veja novamente o que disse Jesus: “Por isso, vos digo: não
andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer
ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de ves-
tir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que
as vestes?” (Mt 6.25).
A vida é mais do que os prazeres da mesa, a vida é mais que
os prazeres da sociabilidade, a vida é mais do que diversão, a
vida é mais do que obrigação, a vida mais do que o sucesso
ou o fracasso. A vida é mais do que a aparência. A vida é mais
do que juventude ou velhice. A vida é mais do viver casado ou
viver solteiro. A vida é mais do que o elogio ou a crítica que
recebemos. A vida tem disso tudo, mas não pode ser reduzida
a nenhuma destas coisas. O problema com a ansiedade é que
ela faz com que a vida seja menos e não mais – menos alegria,
menos contemplação, menos apreciação da beleza da criação.
A ansiedade faz com que a vida seja menos sono e sonho e mais
insônia e pesadelos.
Rob Bell, pastor norte-americano, conta que estava de férias
com seus filhos numa praia. Eles estavam andando pela praia e
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disse Jesus: “Não temais! Bem mais valeis do que muitos par-
dais” (Lc 12.7). Pardais nunca foram muito apreciados. Canários
são apreciados pelo seu canto! Águias são apreciadas pelo seu
porte e precisão no voo e na caça! Mas os pardais, pobres par-
dais! Você já viu algum exército com um pardal desenhado na
sua bandeira? Águias, sim! Pardais, nunca! Veja os seguintes ver-
sículos: “Não se vendem dois pardais por um asse?” (Mt 10.29).
Para você que se distraiu, pergunto: se dois pardais custam
um asse, quanto terei que pagar por quatro pardais? Veja a res-
posta! “Não se vendem cinco pardais por dois asses?” (Lc 12.6).
Não eram quatro a resposta lógica e matemática? Sim! O quinto
pardal é brinde para agradar o cliente! Você acha que nós inven-
tamos as promoções?!
Jesus escolheu a mais comum das aves, os pardais, para ilus-
trar essa verdade sobre o cuidado divino. Sobre os pardais ele
disse que nenhum está em esquecimento diante de Deus e que
nenhum cairá em terra sem o consentimento do Pai (Mt 10.6 e
Lc 12.29). Isto inclui o quinto pardal, aquele que entrou no ne-
gócio como brinde!
Max Lucado afirmou: “A sociedade tem a sua cota de quintos
pardais. O que eles têm em comum é um sentimento de peque-
nez” (Max Lucado).
Não há quem em algum momento da vida já não tenha se
sentido o quinto pardal ou o patinho feio! Eis algumas situa-
ções: “Não ser escolhido por nenhum dos dois times de futebol
na infância”; “Ter sido o único a não ser convidado para a festa”;
“Ser abandonado pelos pais na infância”; “Ver o cônjuge fazer as
malas para nunca mais voltar”; “ Levantar todos os dias e ir para
um trabalho completamente enfadonho”.
Agora ouça novamente o que Jesus disse no sermão do mon-
te: “Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mt
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Homilética
Conclusão
A ansiedade é uma espécie de droga que vicia as pessoas.
A ansiedade rouba a energia que pode ser dedicada ao dia de
hoje e faz com que se entre no dia seguinte já esgotado. Lem-
bre-se: a ansiedade nunca vai fortalecê-lo para o dia de ama-
nhã, vai apenas enfraquecê-lo!
Talvez você esteja se perguntando: “Como é que eu saio dis-
to? Como eu posso enfrentar a ansiedade inevitável diante da
vida?”. Você só pode dizer “não” para a ansiedade quando dis-
ser “sim” para o reino de Deus em primeiro lugar. Veja: “Buscai,
pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
Reino de Deus aqui é sinônimo da vontade de Deus. Como é
que você busca o reino de Deus? Buscando a vontade de Deus
e desejando a vontade dele para sua vida. A ansiedade crôni-
ca é o resultado de entulharmos a nossa vida com buscas sem
nenhuma sintonia com aquilo que Deus realmente deseja para
nós. Ficamos ansiosos porque queremos agradar aos outros;
ficamos ansiosos porque queremos impressionar outras pes-
soas. Ficamos ansiosos porque fazemos dívidas para comprar
coisas com o propósito de impressionar pessoas das quais nem
sequer gostamos. Ficamos sobrecarregados porque queremos
provar o nosso valor para os outros. Jesus está dizendo: a sua
vida é muito mais do que isto, portanto, não apequene a sua
vida. A sua vida vale muito mais do que isso! A sua vida tem
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Apontamentos homiléticos
Introdução
Observe que a técnica utilizada na introdução é a criação de
uma pequena história do cotidiano. Este recurso tem a vanta-
gem de sugerir imagens e produzir identificação do ouvinte com
a mensagem. É importante observar que a história criada preci-
sa estar bem ligada ao assunto da mensagem e precisa funcio-
nar como preparação para o anúncio da ideia central.
Ideia central
A ideia central está enunciada da seguinte forma no sermão:
“A questão central é a seguinte: você pode ser, e será, visitado
pela ansiedade. Você não pode ser dominado por ela. Você pode
e será visitado pela ansiedade, mas precisa aprender a não ser
aprisionado pela ansiedade [...] Jesus nos ensina a lidar com a
ansiedade”. A ideia central caracteriza-se da seguinte forma:
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Homilética
Esboço
Escolhi um sermão com apenas dois tópicos para mostrar
que o pregador ou a pregadora não deve ficar aprisionado a
estruturas fixas. O ideal é que tenha entre três e cinco tópicos,
mas o que deve guiar a feitura dos tópicos é a pergunta se a
estrutura desenvolve satisfatoriamente a ideia central e se ela
comunica bem o conteúdo do sermão aos ouvintes. Neste caso,
a opção apenas por dois tópicos representa uma escolha que
facilita a memorização, afinal é fácil lembrar: a vida é mais e a
vida vale mais.
No esboço deve-se observar a introdução de uma história ilus-
trativa extraída da experiência do pastor Rob Bell com seus filhos.
O uso desse recurso perto da metade do sermão é importante
para não perder a atenção dos ouvintes. Em geral, a estrutura
narrativa das histórias capta a atenção das pessoas e faz com que
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elas escutem para saber o final. Aqui vale também a regra: não
use histórias que não tenham ligação com o assunto tratado.
No segundo tópico do sermão foram trabalhados mais tex-
tos bíblicos explicativos e feita uma citação de Max Lucado.
Uma questão ética importante é sempre citar a fonte quando
o pregador ou a pregadora se apropriar de uma frase de mais
impacto que não foi formulada por ele.
Conclusão
Duas coisas são importantes na conclusão de um sermão:
a resposta que Deus espera dos ouvintes e o papel de Cristo.
Vamos ver como isso aparece neste sermão.
Um recurso importante é fazer as perguntas que estão na
mente das pessoas. Isto foi feito no sermão da seguinte forma:
“Talvez você esteja se perguntando: Como é que eu saio disto?
Como eu posso enfrentar a ansiedade inevitável diante da vida?”.
Lembre-se que um sermão não é um discurso sobre Deus ou so-
bre a Bíblia, mas é a Palavra que Deus dirige àqueles que estão
ouvindo. Na expressão da Confissão de Fé de Westminster é o
Espírito Santo falando por meio da Escritura. Assim, não tenha re-
ceio de dirigir-se diretamente aos ouvintes formulando pergun-
tas práticas e apontando a decisão que precisam tomar.
A outra parte importante da conclusão é apontar para Cristo.
Isto aparece no sermão da seguinte forma: “Você só pode dizer
‘não’ para a ansiedade quando disser ‘sim’ para o reino de Deus
em primeiro lugar [...]. A sua vida vale muito mais do que isso! A
sua vida tem valor eterno! Convide Cristo para ocupar o centro
de sua vida e não haverá espaço para a ansiedade e as coisas
encontrarão o lugar certo na sua vida. Faça agora a entrega de
tudo aquilo que tem ocupado o centro de sua vida e, consequen-
temente, deixado você ansioso. Faça isto, tenho certeza de que
você vai experimentar a paz de Cristo tomar conta da sua vida.”
Neste ponto talvez alguns se perguntem: devo fazer um
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Tema: Refletindo sobre a comunicação
da pregação
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JJ 4. EXEMPLO ILUSTRATIVO
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1. Pratique a justiça
Miquéias não estava inovando, pois a preocupação com a jus-
tiça perpassa toda a Bíblia. A lei de Moisés é um esforço para es-
tabelecer relações humanas justas. Não devemos esquecer que a
segunda parte da tábua da lei diz respeito à justiça: “honrar pai e
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Homilética
mãe, não matar, não adulterar, não furtar, não mentir e não co-
biçar”. Além de Moisés, os outros profetas falaram, sem cessar,
da justiça. No livro dos Salmos, a mensagem de justiça também
se faz presente. Mas, que é a justiça na Bíblia? “Tsadekah” em he-
braico é a palavra utilizada. “Tsadekah” não possui a conotação
de mera retribuição, mas de ação que corresponde à essência
humana. Ser justo é agir de forma humana, de forma correta.
Antes de ser escrita em qualquer código, a busca pela justiça
foi escrita no código da vida; não pode haver comunidade, não
pode haver paz sem justiça.
2. Ame a misericórdia
A segunda coisa que diz o profeta é: ame a misericórdia. Mi-
sericórdia é abrir espaço em nosso coração para a miséria do
outro. Sem misericórdia não há inclusão e transformação numa
sociedade. Sem misericórdia não há pontes, mas somente mu-
ros. Sem amor à misericórdia as pessoas perdem a capacidade
de sonhar com um mundo melhor. Uma sociedade sem miseri-
córdia é uma sociedade anestesiada.
É com tristeza que olho a geração que cresceu no Brasil de-
mocrático e constato: trata-se da geração da vitória individual
e do fracasso coletivo. Todo mundo sabe o que quer fazer com
sua vida, onde quer chegar, quais são suas metas pessoais e
profissionais, mas não sabemos somar forças para resolver os
grandes problemas da coletividade: os problemas do bairro, da
cidade e do país. Porém, quando vivemos em sociedade, ou há
dignidade para todos ou não haverá paz para ninguém.
Amar a misericórdia é manter no coração e na vida um es-
paço para o outro. Na forte expressão de Albert Camus, exis-
tencialista francês, chega um momento na vida que a gente en-
tende, ou deveria entender, “que é desonesto ser feliz sozinho”.
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3. Seja humilde
O ápice das recomendações aparece nesta terceira e última
recomendação: seja humilde. Aquele que anda com o Deus mi-
sericordioso será misericordioso com seu próximo. Aquele que
anda com o Deus justo agirá com justiça com o seu vizinho.
Aquele que anda diante de Deus andará com humildade. Seja
humilde. Veja como este texto foi interpretado numa paráfrase
contemporânea:
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Conclusão
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Apontamentos homiléticos
Introdução
Na construção da introdução do sermão acima foi utilizada a
técnica da contextualização histórica da passagem bíblica. Trata-
-se de uma contextualização simples, pois é para uma pregação
e não uma aula. Certamente numa aula, a contextualização po-
deria ser mais detalhada. Quando se prega a partir de livros do
Antigo Testamento, principalmente aqueles que são menos visi-
tados, este é um recurso interessante e necessário para o enten-
dimento da mensagem. Além da citação de data, autoria e local,
é útil recorrer às passagens dos capítulos anteriores que possam
contribuir para o entendimento do texto base do sermão.
Ideia central
A ideia central está formulada da seguinte forma no sermão:
“Em épocas como a do profeta Miquéias e, num tempo como o
nosso, é natural que perguntemos: O que posso fazer? Como
devo viver? Como Deus deseja que eu me comporte? Miquéias
não deixou seu povo sem resposta e também não nos deixa
sem resposta. De modo claro e contundente, sem que fosse
profeta presbiteriano, ele resumiu em três pontos o que Deus
pede da vida de cada um de nós. Deus quer da sua vida: justiça,
misericórdia e humildade”.
Lembre-se que na formulação da ideia central os seguintes
elementos devem estar presentes:
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Esboço
Esse tipo de esboço é o mais fácil de ser elaborado, uma vez
que as divisões brotam do próprio versículo escolhido. O acrés-
cimo do imperativo dá a cada tópico o caráter de aplicação, ou
seja, a pergunta: o que devo fazer? Já está respondida em cada
tópico: devo praticar a justiça, devo amar a misericórdia e devo
andar com humildade.
Destaco que o esboço deriva da ideia central e esta nasce
da dinâmica hermenêutica conduzida pelo Espírito Santo entre:
texto bíblico, contexto do pregador ou da pregadora, necessi-
dades dos ouvintes e contexto social. Apenas a título de exem-
plo, se a dinâmica hermenêutica conduzisse o pregador ou a
pregadora a elaborar um sermão a partir de todo o capítulo 6
de Miquéias, o esboço a seguir seria perfeitamente aceitável a
partir das seguintes perguntas feitas por Deus:
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A Conclusão
Desenvolvendo a perspectiva cristocêntrica de pregação, é
preciso evitar as armadilhas do moralismo comportamental.
Um sermão não é uma aula de ética, é uma oferta de esperança
para a vida. Se de um lado ele mostra como cada pessoa está
longe do padrão divino, por outro lado, mostra o que Cristo
fez para que pudéssemos viver uma vida que agrada a Deus.
Como isso aparece nesse sermão? Primeiro no link com a pro-
fecia sobre o nascimento do Messias. Segundo, apontando
para a luta que cada pessoa trava para alcançar o padrão di-
vino. Aqui é importante que o pregador ou a pregadora se in-
clua também no fracasso. Veja como isso é formulado no ser-
mão: “Não há quem não lute para viver de modo justo. Não há
quem não lute para ser justo ou para ser misericordioso. Não
há quem não lute contra o orgulho e a vaidade: eu luto, você
luta! Mas não conheço outra forma mais eficaz de diminuir o
espaço do orgulho no meu coração senão deixando com que
Jesus ocupe mais espaço nele, ou seja, andando dia a dia com
Deus. Não conheço outra forma de enfrentar uma vida ego-
cêntrica senão tornando-a cristocêntrica”. Terceiro, no convite
para olhar para Jesus.
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JJ CONCLUSÃO DA DISCIPLINA
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JJ BIBLIOGRAFIA BÁSICA
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JJ ANOTAÇÕES
JJ ANOTAÇÕES