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A LINGUAGEM DA IGREJA
1 Coríntios 14.1-19

Há, na igreja evangélica brasileira, dois extremos que precisam ser analisados. Por um
lado, muitos templos estão cheios e a membresia cresce assustadoramente, devido a
uma contextualização exagerada da mensagem bíblica, tanto na prática, quanto na
linguagem que se usa.

Pessoas atraídas pelas "novidades" e pelo novo estilo de linguagem de muitas igrejas,
acabam se filiando ao grupo. No entanto, a maioria permanece na superficialidade da
vida cristã, e não consegue atrair aqueles que são mais dados à reflexão, e buscam
algo mais coerente com a realidade na qual vivem.

O outro extremo é o das igrejas que estão fechadas em si mesmas, tanto na sua
teologia, quanto na prática, e não se abrem para o novo. São igrejas que vivem na
expectativa do século XXI, mas com a mentalidade da Idade Média. A sua linguagem
é ultrapassada e os seus cultos dentro de uma liturgia que não inspira os adoradores a
um encontro alegre e gostoso com Deus.

A Igreja cristã do Novo Testamento, no 1o século, viveu com os olhos na realidade dos
seus dias, sem deixar de olhar para o futuro. Hoje, a Igreja do 3o milênio, age como se
vivesse em séculos passados.

Por isso, o estudo de hoje é um convite à Igreja para repensar a sua linguagem num
mundo de tantas transformações.

1 - LINGUAGEM CONTEXTUALIZADA, PORÉM BÍBLICA


Há uma grande dificuldade por parte da Igreja em aplicar a mensagem bíblica de
maneira contextualizada. A Igreja precisa perceber que, embora "Jesus Cristo, ontem
e hoje, é o mesmo e o será para sempre" (Hb 13.8), e que a mensagem bíblica
também é a mesma, os tempos mudaram, e o contexto no qual a Igreja vive, não é o
mesmo da Igreja do Novo Testamento.

Os grandes temas bíblicos precisam ser anunciados ao homem do século XXI, de


forma que esses temas estejam relacionados aos problemas que ele enfrenta.

Jesus é um exemplo notável de alguém que soube contextualizara mensagem do


Reino. A linguagem de Jesus era adaptada ao contexto social no qual ele vivia. As
suas parábolas eram contadas, a partir da realidade na qual os seus ouvintes estavam
inseridos. Palavras como videira, ovelhas, trigo, talento, rede, pescador, joio etc,
refletem essa contextualização da mensagem.

A Igreja do 3o milênio enfrenta questões como: clonagem de seres humanos,


casamento de pessoas do mesmo sexo, reforma agrária, AIDS, seres extraterrestres,
conquista espacial, engenharia genética, eutanásia etc. São temas para os quais os
líderes cristãos precisam oferecer respostas bíblicas.

Embora muitos dos membros da Igreja, hoje, não saibam do que se trata alguns
desses temas, há as gerações jovens que estão convivendo com essas questões nas
escolas, e nem sempre sabem discutir de forma cristã tais assuntos.

A contextualização da mensagem não pode acontecer com prejuízos para a verdade


bíblica.

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Traduzir a Bíblia para os dias de hoje, não significa deixar de sustentar a verdade
inquestionável de Deus. A Bíblia continua tendo as respostas para o homem moderno,
e a Igreja precisa apresentar essas respostas, entendendo que importa mais
obedecera Deus do que aos homens (At 4.19,20).

2 - LINGUAGEM INTELIGÍVEL, PORÉM COM INTELIGÊNCIA


Outro aspecto importante que envolve a linguagem da Igreja, diz respeito à clareza da
mensagem apresentada. É preciso falar de modo que as pessoas entendam aquilo
que está sendo dito.

Muitas vezes, em nome do conteúdo, usa-se uma linguagem teológica pesada que
ninguém consegue entender; outras vezes, usa-se a linguagem dos anjos, com sons
ininteligíveis, e quem não é anjo e está na terra, não consegue entender nada.

A propósito, o apóstolo Paulo declarou que preferia falar cinco palavras com o seu
entendimento, para edificar ou instruir outros, do que falar dez mil palavras em outra
língua (I Co 14.12).

Não estamos negando, aqui, a realidade do dom de línguas, nem desmerecendo o seu
uso, mas apenas destacando o bom senso, à semelhança de Paulo, quanto à clareza
da mensagem a ser anunciada.

Quanto ao aspecto inteligente da linguagem, significa não desprezar o intelecto, o


raciocínio, o estudo, a pesquisa, a mente. A dura realidade hoje, é que muitos cristãos
e igrejas estão indo pela lei do menor esforço. Estão pregando uma mensagem que se
torna, muitas vezes, irracional, sem nenhum sentido.

Nos cultos, a linguagem é a linguagem dos cânticos, muitas vezes com letras
contendo até heresias, e outras práticas que desprezam totalmente a reflexão séria na
Palavra de Deus.

Os cultos precisam ser alegres, a liturgia flexível, o ambiente o mais gostoso possível,
porém não irracional. Escrevendo aos romanos, Paulo fala do culto racional, ou seja,
com inteligência (Rm 12.1,2). Aos coríntios, ele declara: "Que farei, pois? Orarei com o
espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também
cantarei com a mente" (I Co 14.15).

3 - LINGUAGEM VERBAL, PORÉM PRÁTICA


A Igreja precisa da linguagem verbal, das palavras, porém não pode se esquecer da
prática.

A linguagem das ações precisa falar mais alto, pois ela é o resultado daquilo que se
prega e em que se crê. Não pode haver divórcio entre as palavras e as ações. Aquilo
que a Igreja prega ela faz, e aquilo que ela faz, ela prega.

Na Epístola aos Romanos, capítulo 15, versículo 18, Paulo fala do seu desejo de
conduzir os gentios à obediência, por palavras e por obras.

Esse é o grande desafio à Igreja do século XXI: levar Cristo às pessoas, não apenas
através da pregação verbal, mas através de atitudes cristãs, que reflitam o seu
compromisso com o Senhor Jesus. O amor que a Igreja prega, precisa ser de fato e de
verdade, não apenas de palavras ou de língua (I Jo 3.18).

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Sobre a prática da verdade, afirma o Dr. Francis A. Schaeffer: "Se você acha que
estes vigorosos jovens que rejeitaram a cultura artificial e estão cansados de
hipocrisia vão ficar impressionados quando você falar sobre a verdade, enquanto
inconscientemente pratica a falsidade, você está enganado. Eles nunca o ouvirão.
Você não tem a mínima chance. Vivemos em uma geração que não crê que algo
como a verdade seja possível, e se você pratica a falsidade enquanto prega a
verdade, os verdadeiros pensadores entre os jovens dirão simplesmente: Besteira".

DISCUSSÃO
1 - Quais são algumas das maiores dificuldades que a Igreja enfrenta para
contextualizar a sua mensagem?
2 - Em que sentido as igrejas históricas (tradicionais) e as pentecostais precisam
renovar a sua linguagem?

AUTOR: REV. SÉRGIO PEREIRA TAVARES

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