Aula3 - Calculo II

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Escola Paulista de Polı́tica, Economia e Negócios (EPPEN)
Matemática II
Prof. Leandro Maciel

2o Semestre de 2018
AULA 3: FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 1 / 44

Conteúdo
1 Funções de várias variáveis;
2 Cálculo a várias variáveis;
3 Bibliografia.

1. Funções de várias variáveis

Funções de produção, custo, utilidade, demanda, lucro;
Dependem de um grande número de variáveis econômicas;
Até então trabalhamos com funções do tipo y = f (x) (<1 → <1 );
Funções de várias variáveis → abordagem mais realista.

Função demanda:
q1 = f (p1 , p2 , y ) = k1 p1a11 p2a22 y b1
Função de produção:
q = f (x1 , x2 , . . . , xn ) = kx1b1 x2b2 . . . xnbn
São exemplos de funções do tipo f : <n → <1 ;
Se uma firma produz k bens utilizando m insumos, sua função de produção é:
q = (q1 , q2 , . . . , qk ) = f (x1 , x2 , . . . , xm ) → f : <m → <k

Representação gráfica: até 3 dimensões (f : <2 → <1 );
Representamos os pontos como (x, y , z) ou z = f (x, y );
(x, y ) → domı́nio da função;
z ou f (x, y ) → imagem da função;
Funções em economia são caracterizadas pelos seus gráficos;
Demanda → inclinação decrescente;
Oferta → inclinação crescente;
Produção → inclinação crescente a uma taxa decrescente.

Gráfico da função z = x 2 + y 2 :

Gráfico da função z = y 2 − x 2 :

Gráfico da função z = 2y 3 + 4x 2 + 4:

2
−y 2 )
Gráfico da função z = (x 2 + 3y 2 )e (−x :

Gráfico da função Cobb-Douglas Q = 1, 01K 0,25 L0,75 :

Como desenhar o gráfico de funções de <2 → <1 ?
Para cada (x, y ) calculamos z = f (x, y ) para obter um valor z0 ;
Esboçamos no plano x × y todos os pares (x, y ) que resultam em z0 ;
Tal conjunto é denominado curva de nı́vel de f ;
Exemplo: z = f (x, y ) = x 2 + y 2 ...

Curvas de nı́vel da função z = x 2 + y 2 :

Curvas de nı́vel da função z = y 2 − x 2 :

Curvas de nı́vel da função z = 2y 3 + 4x 2 + 4:

2
−y 2 )
Curvas de nı́vel da função z = (x 2 + 3y 2 )e (−x :

Curvas de nı́vel em economia → funções de produção e utilidade;
Função de produção: Q = f (x, y ) = xy , onde (x, y ) são insumos;
Isoquantas de produção...

Isoquantas da função Cobb-Douglas Q = 1, 01K 0,25 L0,75 :

Exemplo 1
Para as seguintes funções abaixo, esboce as respectivas curvas de nı́vel e apresente o
significado econômico.
a) Função lucro L = f (R, C ) = 4R 2 − 3C + 10;
b) Função utilidade U = f (x1 , x2 ) = 3x12 x2 ;

2. Cálculo a várias variáveis

Recapitulando...
Escrevemos sistemas econômicos na forma Ax = b;
Sabemos como determinar o equilı́brio, ou seja, x ∗ = A−1 b;
Sistemas são complexos, na forma y ∗ = f (x1∗ , x2∗ , . . . , xn∗ );
Como avaliar o novo equilı́brio dado variações nas variáveis do sistema?
Derivada → funções de várias variáveis.

Nossa função agora é y = f (x1 , . . . , xi , . . . , xn );
Primeiro caso → qual a variação em y dada a variação apenas em xi ?
Variação acarretada pela mudança de apenas uma variável - demais constantes;
Denominamos derivada parcial de f em relação a xi , denotada por:
∂f ∆y
≈
∂xi ∆xi

Lembrando que a definição de derivada para funções de uma variável é:
df 0 f (x 0 + ∆x) − f (x 0 )
(x ) = lim
dx ∆x→0 ∆x
Seja f : <n → <. Então, para cada variável xi , em cada ponto

x 0 = (x10 , . . . , xi0 , . . . , xn0 ) do domı́nio de f , a derivada de f (x1 , . . . , xn ) em relação
a xi é definida como o limite, se existir:
∂f 0 f (x10 , . . . , xi0 + ∆x, . . . , xn0 ) − f (x10 , . . . , xi0 , . . . , xn0 )

(x1 , . . . , xn0 ) = lim
∂xi ∆x→0 ∆x

Exemplo 2
Calcule as derivadas parciais das seguintes funções:
a) z = f (x, y ) = 4x 2 y − 3xy 3 + 6x;

√
b) z = f (x, y ) = 3x 2 y − 7x y ;
−h/a
c) q = f (x1 , x2 ) = k c1 x1−a + c2 x2−a .
d) z = f (x, y , w , h) = 3x 3 y 5 w −1 h + 4h3 w − 6w 2 e hw + ln(7xyw 6 ).

A derivada f 0 (x) mede como uma variação ∆x em x afeta y :
∆y ≈ f 0 (x) · ∆x
Considere uma função de produção Q = f (K , L);
Atualmente a firma emprega K ∗ unidades de capital e L∗ unidades de trabalho;
Ela produz Q ∗ = f (K ∗ , L∗ ) unidades de mercadoria;
Suas derivadas parciais são:
∂Q ∗ ∗ ∂Q ∗ ∗
(K , L ) e (K , L )
∂K ∂L

Se o capital crescer ∆K , mantendo o trabalho fixo em L∗ , o produto crescerá:
∂Q ∗ ∗
∆Q ≈ (K , L ) · ∆x
∂K
∂Q ∗ ∗
Para ∆K = 1, (K , L ) mede a variação na produção dado aumento de uma
∂K
unidade no capital (com L fixo) → produtividade marginal do capital (PMgK);
∂Q ∗ ∗
(K , L ) → produtividade marginal do trabalho (PMgL).
∂L

Exemplo 3
Para a função de produção Cobb-Douglas Q = 4K 3/4 L1/4 , calcule a produção quando
K = 10.000 e L = 625. Quais as produtividades marginais? Além disso, qual o nı́vel de
produção se a empresa decidir aumentar em 10 unidades o capital? E para uma
diminuição de 2 unidades de trabalho? Compare as aproximações com os valores exatos
da função.
Exemplo 4
Seja a função utilidade de um consumidor descrita como:
U = f (x1 , x2 , x3 ) = 4x12 x23 x3 + 2x1 x3 − 2x23 − x3 x2 . Quais são as derivadas parciais? Além
disso, como a satisfação do consumidor reage a alterações nas quantidades em cada um
das mercadorias que compõem sua cesta de consumo?

Função demanda → Q1 = f (P1 , P2 , Y );
Se o preço do bem 1 varia em ∆P1 , a variação aproximada da demanda é:
∂Q1
∆Q1 ≈ · ∆P1
∂P1
Qual o sinal esperado dessa derivada?
Lembrando da definição de elasticidade-preço da demanda:
∆Q1 /Q1 P1 ∆Q1

1 = = ·
∆P1 /P1 Q1 ∆P1

Como:
∆Q1 ∂Q1
≈
∆P1 ∂P1
Podemos então escrever a elasticidade como:
P1∗ ∂Q1 ∗ ∗ ∗ P1∗ ∂Q1∗

1 = · (P 1 , P 2 , Y ) = ·
Q1 (P1∗ , P2∗ , Y ∗ ) ∂P1 Q1 ∂P1
Se |1 | > 1 → bem elástico;
Se |1 | < 1 → bem inelástico.

Elasticidade-preço cruzada da demanda:
P2∗ ∂Q1 ∗ ∗ ∗ P ∗ ∂Q1

Q1 ,P2 = · (P1 , P2 , Y ) = 2∗ ·
∗
Q1 (P1 , P2∗ , Y ∗ ) ∂P2 Q1 ∂P2
Se Q1 ,P2 e Q2 ,P1 são positivas → bens substitutos;
Se Q1 ,P2 e Q2 ,P1 são negativas → bens complementares;
Elasticidade-renda da demanda:
Y∗ ∂Q ∗ ∗ ∗ Y ∗ ∂Q
Q,Y = · (P 1 , P 2 , Y ) = ·
Q(P1∗ , P2∗ , Y ∗ ) ∂Y Q ∗ ∂Y

Exemplo 5
Considere a função demanda Q1 = f (P1 , P2 , Y ) = KP1a1 P2a2 Y b com K , a1 , a2 , b
constantes.
Calcule as três elasticidades (preço, preço cruzada e renda).

Derivada de funções de uma variável → inclinação da reta tangente à curva;
Nas funções de duas variáveis, z = f (x, y ), a derivada de f em relação a x, mede a

inclinação da reta tangente à superfı́cie no ponto (x0 , y0 , z0 ) e numa seção paralela
ao eixo x, com y constante;
Graficamente...

Interpretação geométrica de derivadas parciais:

Interpretação geométrica de derivadas parciais:

Para uma função f (x, y ), já sabemos que uma variação em x0 para x0 + ∆x,
mantendo y fixo em y0 , pode ser calculada como:
∂f
∆f ≈ (x0 , y0 ) · ∆x
∂x
∂f
f (x0 + ∆x, y0 ) − f (x0 , y0 ) ≈ (x0 , y0 ) · ∆x
∂x
Se mantivermos fixo x em x0 e mudarmos y0 para y0 + ∆y , temos:
∂f
f (x0 , y0 + ∆y ) − f (x0 , y0 ) ≈ (x0 , y0 ) · ∆y
∂y
E se quisermos avaliar a variação em f (x, y ) variando x e y simultaneamente?

A variação conjunta será a soma das variações individuais;
Derivada total:
∂f ∂f
f (x0 + ∆x, y0 + ∆y ) − f (x0 , y0 ) ≈ (x0 , y0 ) · ∆x + (x0 , y0 ) · ∆y
∂x ∂y
∂f ∂f
f (x0 + ∆x, y0 + ∆y ) ≈ f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 ) · ∆x + (x0 , y0 ) · ∆y
∂x ∂y
Interpretação geométrica → plano tangente...

Interpretação geométrica da derivada total:

Interpretação geométrica da derivada total:

Para funções de n variáveis, y = f (x∗ ), x∗ = (x1∗ , . . . , xn∗ ), a derivada total é:
∂f ∗ ∂f ∗
f (x1∗ + ∆x1 , . . . , xn∗ + ∆xn ) ≈ f (x1∗ , . . . , xn∗ ) + (x ) · ∆x1 + . . . + (x ) · ∆xn
∂x1 ∂xn
Hiperplano tangente como uma boa aproximação do valor real da função;
Variação real ∆f = f (x∗ + ∆x) − f (x∗ ) é aproximada pela diferencial total:
∂f ∗ ∂f ∗
df = (x ) · dx1 + . . . + (x ) · dxn
∂x1 ∂xn

Exemplo 6
1/3 1/2 1/6
Uma firma tem função de produção Cobb-Douglas y = 10x1 x2 x3 . Atualmente ela
usa a cesta de insumos (27, 16, 64).
a) Quanto está produzindo a firma?
b) Use diferenciais para aproximar seu novo nı́vel de produção quando x1 aumenta para
27,1, x2 diminui para 15,7, e x3 permanece igual.
c) Qual o nı́vel de produção para ∆x1 = ∆x2 = 0, 2 e ∆x3 = −0, 4.
d) Estime a produção total nas situações b e c e compare suas estimativas com as

variações reais.

Exemplo 7
−3/2 3/2
Considere a função demanda Q1 = 6p1 p2 , onde Q1 é a quantidade do bem 1 e pi é
o preço do bem i. Suponha que os preços atuais são p1 = 6 e p2 = 9.
a) Qual é a demanda atual?
b) Use diferenciais para estimar as variações na demanda quando p1 aumenta 0,01 e p2

diminui 0,05.
c) Analogamente, estime a variação na demanda quando ambos os preços aumentam

0,2.

Considere a função demanda Q1 = f (P1 , P2 , Y );
As derivadas parciais mensuram variações em Q1 dado variações em P1 , P2 e Y ;
A derivada total mensura a variação em Q1 dado variações em todas as variáveis;
E se os preços e a renda também variam com, por exemplo, o tempo?
Seja y = g (x1 , . . . , xn ) tal que xi = f (t), queremos a variação de g em relação a t;
Regra da Cadeia para funções de várias variáveis:
∂g ∂f ∂x1 ∂f ∂xn
(t) = (x(t)) · (t) + . . . + (x(t)) · (t)
∂ti ∂x1 ∂ti ∂xn ∂ti

Exemplo 8
Considere a função de produção Cobb-Douglas Q = 4K 3/4 L1/4 . Suponha que os
insumos K e L variem com o tempo t e a taxa de juros r , de acordo com:
10t 2
K (t, r ) = e L(t, r ) = 6t 2 + 250r
r
a) Qual a taxa de variação do produto em relação ao tempo? E a taxa de juros?
b) Calcule essas variações quando t = 10 e r = 0, 1.

3. Bibliografia
CHIANG, A. C. & WAINWRIGHT, K. Matemática para Economistas. 4

Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Capı́tulos 7 e 8.
SIMON, C. & BLUME, L. Matemática para Economistas. Porto Alegre:

Bookman, 2004. Capı́tulos 13 e 14.
Prof. Leandro Maciel

maciel.leandro@unifesp.br

Aula3 - Calculo II

Enviado por

Dados do documento

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Aula3 - Calculo II

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Escola Paulista de Polı́tica, Economia e Negócios (EPPEN)

Prof. Leandro Maciel

AULA 3: FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 1 / 44

1 Funções de várias variáveis;

2 Cálculo a várias variáveis;

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 2 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 3 / 44

Funções de produção, custo, utilidade, demanda, lucro;

Dependem de um grande número de variáveis econômicas;

Até então trabalhamos com funções do tipo y = f (x) (<1 → <1 );

Funções de várias variáveis → abordagem mais realista.

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 4 / 44

q1 = f (p1 , p2 , y ) = k1 p1a11 p2a22 y b1

q = f (x1 , x2 , . . . , xn ) = kx1b1 x2b2 . . . xnbn

São exemplos de funções do tipo f : <n → <1 ;

q = (q1 , q2 , . . . , qk ) = f (x1 , x2 , . . . , xm ) → f : <m → <k

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 5 / 44

Representação gráfica: até 3 dimensões (f : <2 → <1 );

Representamos os pontos como (x, y , z) ou z = f (x, y );

(x, y ) → domı́nio da função;

z ou f (x, y ) → imagem da função;

Funções em economia são caracterizadas pelos seus gráficos;

Demanda → inclinação decrescente;

Oferta → inclinação crescente;

Produção → inclinação crescente a uma taxa decrescente.

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 6 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 7 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 8 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 9 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 10 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 11 / 44

Como desenhar o gráfico de funções de <2 → <1 ?

Para cada (x, y ) calculamos z = f (x, y ) para obter um valor z0 ;

Esboçamos no plano x × y todos os pares (x, y ) que resultam em z0 ;

Tal conjunto é denominado curva de nı́vel de f ;

Exemplo: z = f (x, y ) = x 2 + y 2 ...

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 12 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 13 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 14 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 15 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 16 / 44

Curvas de nı́vel em economia → funções de produção e utilidade;

Função de produção: Q = f (x, y ) = xy , onde (x, y ) são insumos;

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 17 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 18 / 44

a) Função lucro L = f (R, C ) = 4R 2 − 3C + 10;

b) Função utilidade U = f (x1 , x2 ) = 3x12 x2 ;

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 19 / 44

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 20 / 44

Escrevemos sistemas econômicos na forma Ax = b;

Sabemos como determinar o equilı́brio, ou seja, x ∗ = A−1 b;

Sistemas são complexos, na forma y ∗ = f (x1∗ , x2∗ , . . . , xn∗ );

Como avaliar o novo equilı́brio dado variações nas variáveis do sistema?

Derivada → funções de várias variáveis.

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 21 / 44

Nossa função agora é y = f (x1 , . . . , xi , . . . , xn );

Primeiro caso → qual a variação em y dada a variação apenas em xi ?

Variação acarretada pela mudança de apenas uma variável - demais constantes;

Denominamos derivada parcial de f em relação a xi , denotada por:

Matemática II Prof. Leandro Maciel 2018/2 22 / 44

Lembrando que a definição de derivada para funções de uma variável é:

Seja f : <n → <. Então, para cada variável xi , em cada ponto

Se |1 | > 1 → bem elástico;

Se |1 | < 1 → bem inelástico.

Se Q1 ,P2 e Q2 ,P1 são positivas → bens substitutos;

Se Q1 ,P2 e Q2 ,P1 são negativas → bens complementares;