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Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Escola Paulista de Polı́tica, Economia e Negócios (EPPEN)

Matemática II

Prof. Leandro Maciel


2o Semestre de 2018

AULA 2: ESTÁTICA COMPARATIVA

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Conteúdo

1 Estática comparativa;

2 Diferenciação e aplicações;

3 Bibliografia;

4 Revisão limites.

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1. Estática comparativa

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1. Estática comparativa

Conseguimos até então descrever um sistema econômico na forma Ax = b;

A solução desse problema, x ∗ = A−1 b, representa o equilı́brio do sistema;

Agora, o que acontece se esse equilı́brio sofrer uma variação?

Variação no valor de um parâmetro ou de uma variável exógena;

Análise de estática comparativa:

Comparação de diferentes estados de equilı́brio, ou seja, de um estado inicial de


equilı́brio (antes da variação) com o estado de equilı́brio final (após a variação)

Hipótese: admitimos que o novo equilı́brio possa ser atingido;

Desprezamos o processo de ajuste.

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1. Estática comparativa

Análise estática comparativa:

Qualitativa → interesse está na direção da variação;

Ex.: em um modelo de renda nacional, um ↑ I0 aumenta ou reduz Y ∗ ?

Quantitativa → interesse está na grandeza da variação;

Ex.: qual o tamanho da variação em Y ∗ dada uma variação em I0 ?

Se estamos interessados na taxa de variação, qual ferramenta seria útil?

Derivada ou cálculo diferencial.

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1. Estática comparativa

Suponha um modelo descrito da forma:

y = f (x)

y → variável endógena;

x → variável exógena ou parâmetro;

Temos apenas uma variável exógena e uma endógena: f : < → <;

x0 → valor da variável exógena de equilı́brio;

y ∗ = f (x0 ) → valor da variável endógena de equilı́brio.

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1. Estática comparativa

O que acontece com y se x varia de x0 para x1 ?

Renda nacional (y ) se o investimento (x) varia de $10 mi (x0 ) para $12 mi (x1 )?

Denotamos a variação em x como ∆x = x1 − x0 ;

Quando x = x0 , o valor da função é y = f (x0 );

Se x aumenta para x1 , aumenta em ∆x + x0 , temos que y = f (∆x + x0 );

Podemos medir a variação em y por meio do quociente de variação:

∆y f (x0 + ∆x) − f (x0 )


=
∆x ∆x

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1. Estática comparativa

O quociente de variação mede a variação de y por unidade de variação em x;

Ex.: consideremos a função y = f (x) = 3x 2 − 4;

∆y
Se x0 = 3 e ∆x = 4, qual o valor de ?
∆x

Qual o valor da função em x0 = 3 e x1 = 7?

E se ∆x for muito pequeno (tender a zero: ∆x → 0)? Ou seja:

∆y f (x0 + ∆x) − f (x0 )


lim = lim = lim (6x0 + 3∆x) = 6x0
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x ∆x→0

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1. Estática comparativa

Se o limite existir, ele é chamado de derivada da função y = f (x);

Derivada é uma função (depende de x);

y = f (x) é denominada função primitiva;

A derivada é uma função que deriva da função primitiva;

dy
Usamos a notação f 0 (x), f 0 ou :
dx

dy ∆y
= f 0 (x) ≡ lim
dx ∆x→0 ∆x

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1. Estática comparativa

Exemplo 1
Para a função y = 5x 2 − 4x:

a) Calcule o coeficiente de diferenças como uma função de x e ∆x;


b) Calcule a derivada dy /dx;
c) Calcule f 0 (2) e f 0 (3).

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1. Estática comparativa

Interpretação geométrica da derivada:

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1. Estática comparativa

Com o conceito de limite, podemos discutir sobre a continuidade de uma função;

Qual a importância de se avaliar a continuidade de uma função?

Uma função y = f (x) é contı́nua em um ponto N se e somente se:

N ∈ domı́nio de y

∃ lim f (x) = L
x→N

lim f (x) = f (N) = L


x→N

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1. Estática comparativa

Se f (x) é contı́nua ∀ valores no intervalo [a, b], é f (x) contı́nua no intervalo;

Se f (x) é contı́nua ∀ valores de seu domı́nio, f (x) é contı́nua em seu domı́nio;

∆y
Voltemos agora ao nosso conceito de quociente de diferenças ...
∆x

Quando ∆x → 0, estamos interessados se y = f (x) é diferenciável em x = x0 ;

Ou seja, se a derivada dy /dx existe em x = x0 , ou se f 0 (x) existe;

Portanto, y = f (x) é diferenciável se e somente se:

∆y f (x0 + ∆x) − f (x0 )


∃ lim = lim = f 0 (x)
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x

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1. Estática comparativa

A continuidade de uma função é condição necessária para sua diferenciabilidade;

Ex.: verifique a continuidade das seguintes funções:

x +2
f (x) =
x2 + 2

x 2 − 9x + 20
f (x) =
x −4

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2. Diferenciação e aplicações

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2. Diferenciação e aplicações

A taxa de variação é equivalente a derivada de uma função y = f (x);

Não precisamos tomar o limite dessa função para obter sua derivada;

Vamos relembrar as principais regras de diferenciação;

Consideremos funções constantes (y = k) e exponenciais (y = x n e y = cx n );

Tais funções são contı́nuas e diferenciáveis em todos pontos de seus domı́nios.

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2. Diferenciação e aplicações

Regra da função constante:

dy
y = f (x) = k → = f 0 (x) = 0
dx

Regra da função de potência:

dy
y = f (x) = x n → = f 0 (x) = n · x n−1
dx

Generalização da regra da função de potência:

dy
y = f (x) = cx n → = f 0 (x) = n · c · x n−1
dx

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2. Diferenciação e aplicações
Regra da função exponencial e logarı́tmica:

dy
y = f (x) = e x → = f 0 (x) = e x
dx
dy 1
y = f (x) = ln(x) → = f 0 (x) =
dx x
dy 1
y = f (x) = logb (x) → = f 0 (x) =
dx x · lnb
Algumas propriedades:

1 ar
ar · as = ar +s , a−r = r
, s = ar −s , (ar )s = ar ·s , a0 = 1
a a

log(r · s) = log r + logs, log(1/s) = −log s

log(r /s) = log r − log s, log(r s ) = s · log r , log 1 = 0

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2. Diferenciação e aplicações

Regras para o caso de duas funções f (x) e g (x):

Regra da soma/diferença:

d d d
[f (x) ± g (x)] = f (x) ± g (x) = f 0 (x) ± g 0 (x)
dx dx dx

Regra do produto:

d d d
[f (x) · g (x)] = f (x) · g (x) + g (x) · f (x) = f (x) · g 0 (x) + g (x) · f 0 (x)
dx dx dx

Regra do quociente:

f 0 (x) · g (x) − f (x) · g 0 (x)


 
d f (x)
=
dx g (x) g 2 (x)

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2. Diferenciação e aplicações

Para funções exponenciais e logarı́tmicas:

d h f (x) i h f (x) i 0
e = e · f (x)
dx

d f 0 (x)
[ln f (x)] = , se f (x) > 0
dx f (x)

d h f (x) i
a = af (x) · ln a · f 0 (x), a → constante
dx

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2. Diferenciação e aplicações

Agora vamos considerar funções com variáveis independentes distintas:

Nesse caso, se z = f (y ) e y = g (x), qual a derivada de z em relação a x?

Regra da Cadeia:

dz dz dy
= · = f 0 (y ) · g 0 (x)
dx dy dx

Se z = y − 3 e y = x 3 , calcule dz/dx.

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2. Diferenciação e aplicações

y = f (x) é um mapeamento um a um, para cada x temos um valor y = f (x);

Nesse caso, escrevemos a função inversa como x = f −1 (y );

Classificação de funções monotônicas ou monótonas:

Se x1 > x2 → f (x1 ) > f (x2 ), f → estritamente crescente

Se x1 < x2 → f (x1 ) < f (x2 ), f → estritamente decrescente

Avaliar a monotonicidade de uma função → derivada;

Sinal da derivada deve ser considerado (Ex.: y = 5x + 25).

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2. Diferenciação e aplicações

Se y = f (x) é monotônica, x = f −1 (y ) também será;

Diferenciação de funções inversas:

dx 1
=
dy dy /dx

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2. Diferenciação e aplicações

Exemplo 2
Calcule a derivada das seguintes funções em relação a x:

y = ln x 2

y = 2xln x

y = 42x−4

4 + x2
y=
x

y = (3x + 10)(6x 2 − 7x)

2
−2x
y = e 4x

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2. Diferenciação e aplicações

Exemplo 3
Se z = f (y ), y = f (x) e x = f (t), calcule as derivadas:

dz
para z = 4y 2 − 2x + 10 e y = e 4x−2
dx

dz
para z = (12y 3 + 4y 2 − 2)/3y − 1, y = 13x 2 − 10 e x = 14t − 10
dt

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2. Diferenciação e aplicações

Quais são as aplicações da derivada em economia?

Funções de produção:

y = f (q)

y → quantidade produzida;

q → insumo (ex.: trabalho);

Ex.: y = (4q 2 − 3q + 12)/14q. Qual a derivada de y = f (q) em relação a q?

Qual o significado econômico?

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2. Diferenciação e aplicações

Funções custo:

C = f (Q)

C → custo total de produção;

Q → nı́vel de produção (quantidade produzida);

Ex.: C = Q 3 − 5Q 2 + 12Q. Qual a derivada de C = f (Q) em relação a Q?

Qual o significado econômico?

Qual é a função de custo médio (por und produzida)?

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2. Diferenciação e aplicações

Funções receita e lucro:

R = f (Q)

R → receita da produção;

Q → nı́vel de produção (quantidade produzida);

Ex.: R = 4Q 3 − ln Q + Q −2 . Qual a derivada de R = f (Q) em relação a Q?

Qual o significado econômico?

Qual é a função lucro? Sua derivada tem algum sentido?

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2. Diferenciação e aplicações

Outros exemplos...

Funções demanda e oferta;

Funções de utilidade;

E quando uma relação é descrita como uma função com várias variáveis?

Próximo tópico: funções a várias variáveis, isto é, f : < → <n ...

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3. Bibliografia

CHIANG, A. C. & WAINWRIGHT, K. Matemática para Economistas. 4


Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Capı́tulos 6 e 7.

SIMON, C. & BLUME, L. Matemática para Economistas. Porto Alegre:


Bookman, 2004. Capı́tulos 3 e 4.

Prof. Leandro Maciel


leandro maciell@hotmail.com

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4. Revisão limites

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4. Revisão limites

A derivada dy /dx é definida como o limite de ∆y /∆x quando ∆x → 0;

Para o caso mais geral, podemos definir o limite de uma função como:

lim f (x)
x→N

Para calcular o limite basta substituir N na função f (x) (substituição);

No entanto, podemos encontrar as seguintes indeterminações:

0 ∞ ∞
, , , ...
0 ∞ 0

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4. Revisão limites

Algumas propriedades de limite...

Se k e N são números reais, e p um inteiro positivo, temos:

√ √
lim x p = N p , p p
lim k = k, lim x = N, lim x= N
x→N x→N x→N x→N

Se os limites de f (x) e g (x) existem, então:

lim [kf (x)] = k lim f (x)


x→N x→N

lim [f (x) ± g (x)] = lim f (x) ± lim g (x)


x→N x→N x→N

lim [f (x) · g (x)] = lim f (x) · lim g (x)


x→N x→N x→N

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4. Revisão limites

Ainda, temos as propriedades:

f (x) limx→N f (x)


lim = , lim g (x) 6= 0
x→N g (x) limx→N g (x) x→N
h ip
lim [f (x)]p = lim f (x)
x→N x→N

p q
p
lim f (x) = p lim f (x)
x→N x→N
 
lim logc f (x) = logc lim f (x) , se lim f (x) > 0
x→N x→N x→N
 
lim sen f (x) = sen lim f (x)
x→N x→N

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4. Revisão limites
Exemplo 4
Calcule os limites:
 
lim x 2 + 2x − 3
x→2

lim 10
x→3
p 
4
lim 2x 3 − 4x 2 + 2
x→4

x 2 − 3x
lim
x→1 2x 3 − 3x 2 + 5
x2 + x − 6
lim
x→−3 x +3
x2 + x − 2
lim
x→−2 x −2

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4. Revisão limites

Quando observamos indeterminações, muitas vezes devemos fatorar a função;

Lembrando alguns conceitos de fatoração:

a2 − b 2 = (a + b)(a − b)

(a + b)2 = a2 + 2ab + b 2

(a − b)2 = a2 − 2ab + b 2

a3 + b 3 = (a + b)(a2 − ab + b 2 )

a3 − b 3 = (a + b)(a2 + ab + b 2 )

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4. Revisão limites

E quando x → ∞?

Calcule os seguintes limites:

2x − 5
lim
x→∞ x +8

2x 3 + 3x + 5
lim
x→∞ 4x 5 + 2

2x + 5
lim √
x→∞ 2x 2 − 5

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