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INSTITUTO TÉCNICO LUGENDA DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

DELEGAÇÃO DE NAMPULA

Trabalho do 4o Grupo da Cadeira de: Emergências e Trauma.

TMG 15, V Semestre

Tema: Intoxicação agudas (por alimentos, medicamentos, medicamentos tracionais,


inseticidas e por álcool)

Discentes Docente
Sifa Paulo
Farida Félix Antônio nᵒ 14

Miralda Erasto nᵒ 21

Rehema Momade Catieque nᵒ 27

Viviana Julius Julius nᵒ 32

Nampula, Fevereiro de 2024


Discentes

Farida Félix Antônio nᵒ 14

Miralda Erasto nᵒ 21

Rehema Momade Catieque nᵒ 27

Viviana Julius Julius nᵒ 32

Tema: Intoxicação agudas (por alimentos, medicamentos, medicamentos tracionais,


inseticidas e por álcool)

Trabalho de carácter avaliativo da


cadeira de Emergências e Trauma,
lecionada pela docente: Sifa Paulo

Nampula, Fevereiro de 2024

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Índice
1 Introdução ........................................................................................................................... 4

2 INTOXICAÇÃO NO ADULTO ........................................................................................ 5

2.1 Definições Tóxico ou Veneno ..................................................................................... 5

2.2 Classificação ................................................................................................................ 5

2.3 Epidemiologia .............................................................................................................. 5

2.4 Etiologia ....................................................................................................................... 6

2.5 Intoxicação alimentar ................................................................................................... 6

2.5.1 Quadro clinico e tratamento ................................................................................. 6

2.5.2 Intoxicação por plantas ......................................................................................... 7

2.6 Intoxicao por medicamentos ........................................................................................ 8

2.6.1 Diagnostico de intoxicação por medicamentos .................................................... 8

2.6.2 Quadro clinico e Tratamento ................................................................................ 9

2.7 Intoxicação por inseticidas........................................................................................... 9

2.7.1 Quadro clinico e tratamento ............................................................................... 10

2.8 Intoxicação por álcool ................................................................................................ 10

2.8.1 Fisiopatologia da abstinência e intoxicação alcoólica ........................................ 10

2.9 Na Anamnese, o clínico deve pesquisar .................................................................... 13

2.10 Ao Exame físico, o clínico deve pesquisar ............................................................ 14

2.11 Complicações ......................................................................................................... 14

2.12 Exames auxiliares e Diagnóstico............................................................................ 14

2.13 Conduta geral ......................................................................................................... 15

3 INTOXICAÇÕES NA CRIANÇA E PREVENÇÃO DAS INTOXICAÇÕES ............... 17

3.1 Epidemiologia ............................................................................................................ 17

3.2 Medidas para prevenir as intoxicações ...................................................................... 17

4 Conclusão ......................................................................................................................... 19

5 Bibliografia ....................................................................................................................... 20
iii
1 INTRODUÇÃO
As intoxicações representam um importante desafio de saúde pública em todo o mundo,
afetando indivíduos de todas as idades e grupos socioeconômicos. Esses eventos podem resultar
de exposição a uma ampla gama de substâncias tóxicas, incluindo produtos químicos
domésticos, medicamentos, plantas venenosas, drogas ilícitas e agentes ambientais. A
gravidade das intoxicações varia desde casos leves e autolimitados até situações potencialmente
fatais que exigem intervenção médica imediata. Além disso, as crianças estão particularmente
vulneráveis devido à sua curiosidade natural e à falta de discernimento sobre os perigos
associados a certas substâncias.

Este trabalho aborda de forma abrangente as intoxicações no ambiente adulto e infantil,


explorando suas causas, sintomas, diagnóstico e tratamento. Ao compreender a epidemiologia
desses eventos, suas vias de exposição e os fatores de risco associados, pode-se desenvolver
estratégias eficazes de prevenção e intervenção. Através da educação pública sobre medidas de
segurança no armazenamento de substâncias tóxicas, reconhecimento precoce dos sinais de
intoxicação e capacitação dos profissionais de saúde para o manejo adequado dessas situações,
pode-se mitigar o impacto negativo das intoxicações na saúde individual e coletiva.

Neste contexto, este trabalho busca fornecer uma visão abrangente das intoxicações,
destacando a importância da vigilância contínua, da pesquisa e da colaboração interdisciplinar
para enfrentar esse desafio crescente e promover a saúde pública.

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2 INTOXICAÇÃO NO ADULTO
2.1 Definições Tóxico ou Veneno

É toda a substância que tem o potencial ou a capacidade de provocar lesão no organismo,


quer seja prejudicando o seu funcionamento normal ou destruindo reversível ou
irreversivelmente as suas funções vitais.

Intoxicação: a intoxicação ocorre quando a exposição à determinadas substâncias afecta


de forma adversa o funcionamento de qualquer aparelho ou sistema do organismo.

2.2 Classificação

As intoxicações são classificadas de acordo com:

A origem do agente tóxico em:

 Endógenas: provocadas por acumulação de produtos do metabolismo normal, ou


 Exógenas: provocadas por exposição à substâncias tóxicas provenientes do meio
externo.

Os factores envolvidos no seu desenvolvimento em:

 Voluntárias: tentativas de suicídio ou de homicídio


 Involuntárias: acidentais ocupacionais (que ocorrem no local de trabalho)

O tempo de desenvolvimento em:

 Agudas: quando os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição


 Crónicas: quando os sintomas surgem tardiamente, meses ou anos após a exposição,
acarretando danos irreversíveis (ex: neoplasias, paralisias)

A via de entrada do agente tóxico:

 Ingestão (mais comum)


 Inalação
 Contacto com pele e mucosas
 Outros: injeção

2.3 Epidemiologia

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As intoxicações exógenas agudas, constituem uma causa importante de procura dos
serviços de urgência nos adultos. A causa geralmente é acidental (ingestão de doses
inapropriadas de medicamentos, inalação de tóxicos no trabalho) ou por tentativa de suicídio,
associada à diversos factores como condição psiquiátrica, insucesso social, familiar, perda de
emprego, entre outros.

É importante recordar um outro tipo muito frequente de intoxicação exógena aguda no


adulto, que pode se tornar numa emergência que é a intoxicação por álcool e drogas ilícitas.
São tóxicos ao organismo, largamente usados de forma voluntaria, porém sem a intenção do
suicídio, embora muitas vezes possam ser fatais.

2.4 Etiologia

Tipo de substância Nome da substância


Fármacos Paracetamol, Aspirina, ferro e outros
fármacos (opióides, benzodiazepinas)
Gases Monóxido de carbono
Derivados de petróleo Gasolina, querosene
Cáusticos Lixívia, solução de bateria, soda cáustica,
detergentes, produtos de cabelo
Pesticidas Insecticidas (organofosforados), raticidas
Miscelânea Álcool, drogas ilícitas, cogumelos venenosos

2.5 Intoxicação alimentar

A intoxicação ocorre após ingestão de espécies venenosas de cogumelos ou plantas, ou


de peixe ou mariscos contaminados.

2.5.1 Quadro clinico e tratamento


2.5.1.1 Intoxicação por alimento
Toxico Quadro clínico Tratamento
Cogumelos Via de entrada: orogástrica. Induzir o vómito (manualmente
Sintomas e sinais variáveis dependendo ou com xarope de ipeca), se não
do tipo de cogumelos, pode haver surtir efeito fazer lavagem

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activação do S.N parassimpático, gástrica. Iniciar preferivelmente
sintomas gastrointestinais, pela indução do vómito, pois
cardiovasculares, renais e neurológicos. pedaços grandes podem não ser
Muitos cogumelos provocam sintomas e eliminados por lavagem
sinais da intoxicação por gástrica.
organofosforados.

2.5.2 Intoxicação por plantas


Alguns tipos de plantas contêm substâncias químicas (toxinas) naturalmente que podem
ser prejudiciais. Outras plantas podem se tornar venenosas depois de serem borrifadas com
pesticidas.

Tipos de plantas venenosas.

As plantas venenosas são:

 Bagas de rícino;
 Ervilha-do-rosário;
 Cicuta venenosa;
 Cicuta de água;
 Oleandro;
 Dedaleira.

2.5.2.1 Quadro Clínico


Rícino, ervilha-do-rosário e cicuta de água podem causar:

 Vômitos intensos;
 Diarreia (fezes frequentes, soltas e líquidas) que pode ser sanguinolenta;
 Confusão;
 Convulsões (quando o corpo tem movimentos e espasmos sem controle);
 Coma (quando se fica inconsciente sem conseguir ser acordado);
 Morte.

A intoxicação por cicuta pode causar sintomas em quinze minutos:

 Boca seca;
 Batimento cardíaco acelerado;
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 Tremores;
 Sudorese;
 Convulsões;
 Fraqueza muscular.

Oleandro, dedaleira e lírio do vale (menos tóxico) causam:

 Vômitos;
 Diarreia (fezes frequentes, soltas e líquidas);
 Confusão;
 Batimentos cardíacos anormais.

2.5.2.2 Tratamento de intoxicação por plantas


O tratamento dependerá da planta que causou a intoxicação.

 Beber muito líquido;


 Se não conseguir segurar líquidos, administrar líquidos pela veia;
 Esvaziar o estômago inserindo um pequeno tubo pelo nariz ou pela boca, se
necessário
 Administrar tratamentos específicos dependendo do tipo de veneno;
 Lavar a pele com água e sabonete se houver irritação causada pela toxina de uma
planta.

2.6 Intoxicao por medicamentos

A intoxicação por medicamentos ocorre quando uma pessoa consome uma quantidade
excessiva de um medicamento, levando a efeitos adversos no organismo. Existem diferentes
tipos de intoxicação por medicamentos, incluindo overdose acidental, ingestão intencional
excessiva (tentativa de suicídio), interações medicamentosas prejudiciais e uso indevido de
substâncias.

2.6.1 Diagnostico de intoxicação por medicamentos


O diagnóstico de intoxicação por medicamentos geralmente envolve uma avaliação
clínica detalhada, incluindo histórico médico, exame físico e, em alguns casos, exames
laboratoriais para identificar a presença e a quantidade de substâncias no organismo.

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2.6.2 Quadro clinico e Tratamento
Os sintomas da intoxicação por medicamentos podem variar dependendo do tipo de
substância envolvida:

Toxico Quadro clinico Tratamento


Aspirina Via de entrada: orogástrica Administrar carvão activado. Se não
Sintomas e sinais guia: estiver disponível: fazer lavagem gástrica
acufenos, sudorese, salivação, ou induzir vómito - Monitorizar a glicémia
taquicardia, hematemese, e corrigir conforme as necessidades. -
taquipneia, convulsões, coma Administrar Vitamina K (prevenção de
hemorragias): adulto -5 a 10 mg IM**,
repetir após 6- 8 h depois se a hemorragia
persistir. Criança: 1 a 2 mg/dose***
Paracetamol Via de entrada: orogástrica Administrar carvão activado. Se não
Sintomas e sinais guia: náuseas, estiver disponível: fazer lavagem gástrica
vómitos, anorexia. 2 a 4 dias ou induzir vómito. - Administrar antídoto.*
depois sensibilidade hepática e
icterícia
Sal ferroso Via de entrada: orogástrica - Fazer lavagem gástrica ou induzir o
Sintomas e sinais guia: náuseas, vómito (manualmente para não mascarar o
vómitos (escuros), diarreia, quadro clínico). - Carvão activado não é
urina avermelhada. Casos eficaz. - Administrar antídoto apenas se
graves cursam com hemorragia houver evidência de intoxicação.*
gastro-intestinal, hipotensão,
convulsões e depressão do nível
de consciência

2.7 Intoxicação por inseticidas

Inseticidas são substâncias químicas usadas para matar insetos. Alguns inseticidas
também são perigosos para humanos e podem causar intoxicações depois de ingeridos, inalados
ou absorvidos pela pele.

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2.7.1 Quadro clinico e tratamento
Toxico Quadro clinico Tratamento
Via de entrada:
pele, oral, inalação,
 Fazer descontaminação (pele, olhos, vias
mucosas (olhos).
aéreas);
Sintomas e sinais
 Fazer descontaminação gástrica:
sao: miose,
administrar carvão activado (se foi
salivação,
ingerido), se não houver, fazer lavagem
Organofosforados sudorese,
gástrica com VA protegida.
lacrimejamento,
Não induzir vómito.
bradicardia, tosse,
 Fazer oxigenoterapia;
vomitos
 Administrar antídotos (atropina e
Hipotensão
pralidoxina) se disponíveis.
arterial
Convulsões

2.8 Intoxicação por álcool

O álcool (etanol) é um depressor do sistema nervoso central. Grandes quantidades


consumidas rapidamente podem causar depressão respiratória, coma e morte. Grandes
quantidades consumidas cronicamente lesam o fígado e muitos outros órgãos. A abstinência do
álcool se manifesta como um contínuo, variando de tremores a convulsões, alucinações e
instabilidade autonômica quem pode ameaçar a vida em abstinências graves (delirium tremens).

O diagnóstico é clínico ou baseia-se no diagnóstico das complicações típicas.

2.8.1 Fisiopatologia da abstinência e intoxicação alcoólica


Uma dose de álcool (uma lata de 12 oz de cerveja, uma taça de 6 oz de vinho ou 1,5 oz
de bebidas destiladas) contém de 10 a 15 g de etanol. O álcool é absorvido no sangue
principalmente a partir do intestino delgado, embora uma parte seja absorvida no estômago. O
álcool se acumula no sangue porque a absorção é mais rápida do que a oxidação e a eliminação.
A concentração tem pico cerca de 30 a 90 minutos após a ingestão se o estômago estivesse
previamente vazio.

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Aproximadamente 5 a 10% do álcool ingerido são excretados inalterados em urina, suor
ou no ar expirado; o restante é metabolizado, sobretudo, pelo fígado, no qual a álcool
desidrogenase converte o etanol para acetaldeído. O acetaldeído é finalmente oxidado para CO2
e água à taxa de 5 a 10 mL/hora (de álcool absoluto); cada mililitro fornece cerca de 7 kcal. A
álcool desidrogenase na mucosa gástrica é responsável por parte do metabolismo; mulheres têm
menor atividade de álcool desidrogenase gástrica do que homens.

O álcool exerce seus efeitos por diversos mecanismos. O álcool se liga diretamente aos
receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA) no sistema nervoso central, provocando
sedação. O álcool também afeta diretamente os tecidos cardíaco, hepático e tireoidiano.
Tratamento da intoxicação e abstinência de álcool

 Medidas de suporte
 Para a abstinência, benzodiazepinas e, às vezes, fenobarbital ou propofol

2.8.1.1 Intoxicação ou superdosagem


O tratamento da intoxicação alcoólica pode incluir o seguinte:

 Proteção das vias respiratórias


 Algumas vezes, líquidos IV com tiamina, magnésio e vitaminas

A primeira prioridade é assegurar uma via respiratória adequada; entubação endotraqueal


e ventilação mecânica são necessárias para apneia ou respirações inadequadas. Hidratação IV
é necessária para hipotensão ou evidência de depleção de volume, mas não aumenta
significativamente a depuração de etanol. Quando líquidos IV são utilizados, uma dose única
de tiamina 100 mg IV é administrada para tratar ou prevenir a encefalopatia de Wernicke.
Muitos médicos também adicionam polivitamínicos e magnésio aos líquidos IV.

2.8.1.2 Abstinência
Pacientes com abstinência de álcool grave ou delirium tremens devem ser tratados em
unidade de terapia intensiva até que esses sintomas diminuam. O tratamento pode incluir

 Tiamina IV para prevenir a encefalopatia de Wernicke


 Benzodiazepinas ou fenobarbital para tratar agitação e/ou convulsões

Administra-se tiamina, 100 mg, IV, para prevenir a encefalopatia de Wernicke.

Pessoas tolerantes ao álcool têm tolerância cruzada com alguns drogas comumente
utilizados para tratar a abstinência (p. ex., benzodiazepinas).
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Benzodiazepinas são a base do tratamento. A dosagem e a via dependem do grau de
agitação, dos sinais vitais e do estado mental. O diazepam, administrado 5 a 10 mg IV ou por
via oral a cada hora até que ocorra sedação, é intervenção inicial comum; lorazepam 1 a 2 mg
IV ou por via oral é alternativa. Clordiazepóxido 50 a 100 mg por via oral a cada 4 a 6 horas,
depois retirado, é alternativa mais antiga aceitável para casos menos graves de abstinência.

Pode-se utilizar fenobarbital 10 mg/kg (peso corporal ideal) IV como uma alternativa,
ou em conjunto com benzodiazepinas se benzodiazepinas sozinhos forem ineficazes, mas a
depressão respiratória for um risco com o uso concomitante. Também pode-se utilizar
carbamazepina, gabapentina ou ácido valproico (na ausência de doença hepática ou gestação)
como um adjuvante às benzodiazepinas ou quando estas são contraindicados.

Fenotiazinas e haloperidol não são recomendados inicialmente, pois podem diminuir o


limiar convulsivo. Para pacientes com distúrbio hepático significativo, benzodiazepina de curta
ação (lorazepam) ou metabolizado por glicuronidação (oxazepam) é preferido. (NOTA:
benzodiazepinas podem causar intoxicação, dependência física e abstinência em pacientes com
alcoolismo; dessa forma, não devem ser mantidos após o período de desintoxicação.
Carbamazepina 200 mg por via oral 4 vezes ao dia pode ser usada como alternativa e depois
retirada.) Para hiperatividade adrenérgica grave ou para reduzir a necessidade de
benzodiazepinas, tratamento a curto prazo (12 a 48 horas) com betabloqueadores titulados (p.
ex., metoprolol 25 a 50 mg por via oral ou 5 mg IV a cada 4 a 6 horas) e pode-se utilizar
clonidina 0,1 a 0,2 mg IV a cada 2 a 4 horas, mas apenas como um adjuvante e somente se for
absolutamente necessário.

Uma convulsão, se breve e isolada, não precisa de tratamento específico; entretanto,


alguns médicos administram rotineiramente uma dose única de lorazepam 1 a 2 mg IV como
profilaxia para outra convulsão. Convulsões repetidas ou mais duradouras (isto é, > 2 ou 3
minutos) devem ser tratadas e costumam responder a lorazepam 1 a 3 mg IV. O uso rotineiro
de fenitoína é desnecessário e é pouco provável que seja eficaz. O tratamento ambulatorial com
fenitoína raramente é indicado para pacientes com convulsões por abstinência de álcool simples
quando nenhuma outra fonte de atividade convulsiva tenha sido identificada, pois as convulsões
ocorrem apenas sob o estresse da abstinência do álcool e os pacientes que estiverem parando o
uso ou bebendo pesadamente podem não tomar o anticonvulsivante.

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O delirium tremens pode ser fatal e, portanto, precisa ser tratado prontamente com
doses altas de benzodiazepinas IV de preferência em uma unidade de terapia intensiva. A
dosagem é maior e mais frequente do que na abstinência leve. Doses muito altas de
benzodiazepinas podem ser necessárias e não existe uma dose máxima ou um regime de
tratamento específico. Diazepam 5 a 10 mg IV ou lorazepam 1 a 2 mg IV são administrados a
cada 10 minutos conforme necessário para controlar o delirium; alguns pacientes precisam de
várias centenas de miligramas ao longo das primeiras horas. Em pacientes com sintomas graves,
evidências sugerem que os esquemas de dosagem de diazepam a partir de 10 mg IV com
duplicação da dose a cada 10 a 15 minutos até que o paciente esteja sedado são eficazes.
Pacientes refratários a doses altas de benzodiazepinas podem responder a 120 a 240 mg IV de
fenobarbital a cada 20 minutos conforme necessário; contudo, se o fenobarbital é utilizado
depois das benzodiazepinas, a depressão respiratória pode ser significativa. Como alternativa,
pode-se usar fenobarbital como o primeiro agente.

DT grave resistente aos fármacos pode ser tratado com infusão contínua de lorazepam,
diazepam, midazolam, propofol ou dexmedetomidina, geralmente com ventilação mecânica
concomitante. Deve-se evitar as contenções físicas, se possível, para minimizar agitação
adicional, mas não se deve permitir que os pacientes fujam, removam acessos IV ou, do
contrário, coloquem a si mesmos em perigo. O volume intravascular deve ser mantido com
líquidos IV e tiamina, devem ser dadas prontamente. Temperatura apreciavelmente elevada
com DT é sinal de prognóstico reservado.

2.9 Na Anamnese, o clínico deve pesquisar

 Nome e quantidade de exposição do tóxico;


 O tempo decorrido desde a exposição e a via de entrada do tóxico no organismo;
 Evolução e características dos sintomas.
 É importante conhecer o número de episódios de vómitos, o que nos pode dar uma idéia
sobre o nível de eliminação do tóxico e ao mesmo tempo sobre a possibilidade de
aspiração;
 Tratamentos feitos (é comum pacientes induzirem vómitos, ou tomarem medicamentos
caseiros que podem agravar a situação);
 Se o paciente tinha ingerido alimentos recentemente (reduz a absorção do tóxico)
 Existência de outras pessoas com os mesmos sintomas;

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 Antecedentes pessoais relacionados com patologia psiquiátrica e /ou intoxicações
prévias;
 Se foi intencional ou acidental;
 O ambiente em que o paciente foi encontrado: cheiros estranhos ou característicos,
frascos de medicamentos ou outro tipo de recipientes, se houve incêndio, existência de
carta de suicídio.

2.10 Ao Exame físico, o clínico deve pesquisar

 O exame da roupa é importante porque pode dar pistas sobre o tipo de substância:
nódoas, medicamentos, manchas de sangue, cheiros (ex: petróleo, álcool);
 O paciente deve ser completamente despido e todos aparelhos e sistemas devem ser
minuciosamente examinados, com enfoque para sinais vitais, nível de consciência e
exame neurológico (incluindo fundoscopia). Deve-se procurar vestígios do tóxico nas
vias de entrada (boca, nariz, pele, olhos).

2.11 Complicações

 Alterações metabólicas
 Choque
 Coma
 Morte

2.12 Exames auxiliares e Diagnóstico

No contexto do TMG, os exames auxiliares disponíveis são de pouca valia para apoiar na
identificação do agente tóxico, contudo, após as medidas para estabilização inicial do paciente,
exames como hemograma, bioquímica devem ser feitos para identificar efeitos do tóxico no
organismo, e assim apoiar na orientação do diagnóstico:

 Paracetamol provoca elevação das transaminases hepáticas (indicando lesão


hepatocelular);
 Anemia pode estar presente na intoxicação por cáusticos, salicilatos, derivados de
petróleo e por outros agentes que causem hemorragia;
 A glicémia pode estar reduzida (no caso de intoxicação por álcool, salicilatos) ou
aumentada (no caso de intoxicação por organofosforados).
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O diagnóstico é fundamentalmente clínico. Contudo, muitas vezes o diagnóstico de
intoxicação pode ser difícil, sobretudo no caso de pacientes em coma e não acompanhados.

2.13 Conduta geral

O tratamento de pacientes com intoxicação é muito variável, e depende do nível de


gravidade do paciente, do síndrome tóxico (quadro clínico) apresentado e do tipo de tóxico
envolvido.

Em todas as situações deve-se agir com brevidade para reduzir as complicações. Algumas
medidas são gerais e devem ser prestadas a todos os pacientes, enquanto outras, são específicas
para cada tipo de caso. Vide abaixo:

Os princípios para a abordagem geral de todos os pacientes intoxicados (adultos e crianças)


consistem em:

 Manutenção das funções vitais (A B C):


 Monitoria dos sinais vitais;
 Estabilização hemodinâmica: acesso endovenoso e fluídoterapia de acordo com as
necessidades;
 Estabilização respiratória: oxigenoterapia, na dose de 2 a 4 l/min (1 a 2 l/min na criança).
Se disponível oxímetro de pulso, manter oxigénio até obter saturação de 90 a 95%
 Despiste e tratamento da hipoglicémia
 Tratamento sintomático (convulsões, broncoespasmo)
 Prevenção da absorção do tóxico (vide indicações e contra-indicações abaixo)
 Promoção da eliminação do tóxico
 Administração de antídotos específicos (quando aplicável e se disponíveis) Seguimento

Prevenção da absorção do tóxico

Os procedimentos realizados para prevenir a absorção do tóxico, dependem


principalmente da via de entrada e do tempo de exposição. Podem ser:

Intoxicação por via da pele: deve-se proceder com a descontaminação da pele, através dos
seguintes princípios:

 O pessoal de saúde deve estar devidamente protegido com EPIs;

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 Toda roupa e acessórios devem ser removidos e conservados num saco selado com
rótulo;
 Deve-se dar banho ao paciente com abundante água e sabão no mínimo por 10 minutos.

Intoxicação por via dos olhos: deve-se proceder com a descontaminação dos olhos, através dos
seguintes princípios:

 Deve-se irrigar os olhos do paciente com soro fisiológico ou água limpa corrente no
mínimo por 10 a 15 minutos;
 Deve-se evitar que o líquido da irrigação escorra para o outro olho;
 O clínico deve fazer a eversão da pálpebra para lavar a parte interna;
 Todos os casos devem ser referidos para a observação do técnico de oftalmologia ou
oftalmologista.

Intoxicação por via inalatória – a descontaminação obedece os seguintes princípios:

 Remoção do paciente do local de exposição;


 Administração de oxigénio (se possível humidifcado nas doses descritas acima);
 Se houver secreções, proceder com a aspiração
 Se houver sinais de broncoespasmo (pieira, sibilos e roncos): administrar Salbutamol
inalatório

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3 INTOXICAÇÕES NA CRIANÇA E PREVENÇÃO DAS INTOXICAÇÕES
3.1 Epidemiologia

As intoxicações nas crianças, constituem uma causa frequente de consulta na emergência


pediátrica. Com o desenvolvimento sócio-económico e afluência das populações à cidade, mais
e mais crianças vão ficando expostas a tóxicos e a tendência de intoxicações tem vindo a crescer.

Ocorre frequentemente por acidentes, que afectam maioritariamente as crianças,


sobretudo aquelas com menos de 6 anos. Os principais agentes envolvidos são produtos
domésticos (detergentes, petróleo, medicamentos) mal acondicionados em casa e
medicamentos largamente disponíveis em casa como ferro, Aspirina e Paracetamol.

A época quente está associada a maior número de casos, pois as crianças têm tendência a
ingerir líquidos que estejam ao seu alcance, muitas vezes erradamente conservados em garrafas
de bebidas normais e sem rótulo.

Nos adolescentes é comum a tentativa de suicídio em associação com gravidez


indesejada, ou com outros factores (depressão, insucesso escolar, problemas emocionais).

3.2 Medidas para prevenir as intoxicações

Excepto em condições específicas (ex: intoxicação profissional desconhecida, intoxicação


por CO nos incêndios), a maioria das intoxicações é prevenível e deve ser prevenida. Porque
esta condição afecta maioritariamente as crianças, os pais, cuidadores ou encarregados de
educação e professores devem estar devidamente informados para que possam proteger as
crianças e ao mesmo tempo transmitir informação útil para a sua prevenção. Abaixo, são
listadas as principais medidas:

 Conservar correctamente (longe do alcance das crianças) os detergentes, medicamentos


e outros tóxicos domésticos (em locais altos, preferencialmente trancados);
 Não colocar produtos tóxicos, em locais onde se guarda comida (ex: armazém de
alimentos, cozinha);
 Conservar os produtos tóxicos em suas embalagens normais e não em recipientes de
alimentos.
 Não acender eletrodomésticos ou fogão a carvão, em locais sem ventilação (risco de
intoxicação por CO);

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 Não dormir com velas, candeeiros ou eletrodomésticos ligados;
 Não comer alimentos de origem duvidosa ou com o prazo de validade vencido;
 Conservar devidamente os alimentos;
 Não usar inseticidas sem estar devidamente protegido, ou em locais fechados e na
presença de pessoas.

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4 CONCLUSÃO
Em conclusão, este trabalho destaca a complexidade das intoxicações no ambiente adulto
e infantil, abordando suas causas, sintomas, diagnóstico e tratamento. Por meio de uma
compreensão abrangente dos diferentes tipos de agentes tóxicos, vias de exposição e fatores de
risco associados, é possível desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção. A
educação pública sobre armazenamento seguro de substâncias tóxicas, medidas de segurança
no ambiente doméstico e reconhecimento precoce dos sinais de intoxicação desempenham um
papel crucial na redução da incidência e do impacto desses eventos. Além disso, a capacitação
dos profissionais de saúde para o manejo adequado das intoxicações é essencial para garantir
uma resposta rápida e eficaz, visando à minimização das complicações e à melhoria dos
desfechos para os pacientes. Em última análise, este trabalho reforça a importância da vigilância
contínua, da pesquisa e da colaboração interdisciplinar para enfrentar o desafio das intoxicações
e promover a saúde pública. Em conclusão, este trabalho destaca a complexidade das
intoxicações no ambiente adulto e infantil, abordando suas causas, sintomas, diagnóstico e
tratamento. Por meio de uma compreensão abrangente dos diferentes tipos de agentes tóxicos,
vias de exposição e fatores de risco associados, é possível desenvolver estratégias eficazes de
prevenção e intervenção. A educação pública sobre armazenamento seguro de substâncias
tóxicas, medidas de segurança no ambiente doméstico e reconhecimento precoce dos sinais de
intoxicação desempenham um papel crucial na redução da incidência e do impacto desses
eventos. Além disso, a capacitação dos profissionais de saúde para o manejo adequado das
intoxicações é essencial para garantir uma resposta rápida e eficaz, visando à minimização das
complicações e à melhoria dos desfechos para os pacientes.

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5 BIBLIOGRAFIA
Guilovica, M. (2013). Traumas e Emergências. Maputo.

Intoxicao por alcol. (18 de March de 2024). Fonte: Manual MSD Versão Saúde Para a Família:
https://www.msdmanuals.com/pt-
br/casa/SearchResults?query=Intoxicao+por+alcol+&page=1

O’Malley, G. F., & O’Malley, R. (Abril de 2020). Princípios gerais da intoxicação. Fonte:
Manuais MSD Edição Para Profissionais; Manuais MSD:
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/les%C3%B5es-
intoxica%C3%A7%C3%A3o/intoxica%C3%A7%C3%A3o/princ%C3%ADpios-
gerais-da-intoxica%C3%A7%C3%A3o

O’Malley, G. F., & O’Malley, R. (2 de May de 2022). Considerações gerais sobre a intoxicação
alimentar. Fonte: Manual MSD Versão Saúde Para a Família; Manuais MSD:
https://www.msdmanuals.com/pt/casa/les%C3%B5es-e-
envenenamentos/envenenamento/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-
intoxica%C3%A7%C3%A3o-alimentar

O’Malley, G. F., & O’Malley, R. (2 de May de 2022). Intoxicação por inseticidas. Fonte:
Manual MSD Versão Saúde Para a Família; Manuais MSD:
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/les%C3%B5es-e-
envenenamentos/envenenamento/intoxica%C3%A7%C3%A3o-por-inseticidas

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