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INSTITUTO POLITECNCO BOA ESPERANÇA-DELEGACAO DE

NACALA
CURSO: TMG
DISCIPLINA: EMERGÊNCIAS E TRAUMATOLOGIA
TEMA: INTOXICACOES EXOGENAS

Docente:
Hermenegildo Marcelino, MD
Nacala, Agosto de 2023

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INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

Tóxico ou Veneno: é toda a substância que tem o potencial ou a


capacidade de provocar lesão no organismo, quer seja prejudicando o seu
funcionamento normal ou destruindo reversível ou irreversivelmente as suas
funções vitais.

Intoxicação: a intoxicação ocorre quando a exposição à determinadas


substâncias afecta de forma adversa o funcionamento de qualquer aparelho
ou sistema do organismo.
Classificação

As intoxicações são classificadas de acordo com:

I.A origem do agente tóxico em:

Endógenas: provocadas por acumulação de produtos do metabolismo


normal;

Exógenas: provocadas por exposição à substâncias tóxicas provenientes do


meio externo.
II. Os factores envolvidos no seu desenvolvimento em:
Voluntárias: tentativas de suicídio ou de homicídio
Involuntárias: acidentais ocupacionais (que ocorrem no local de
trabalho)
III. O tempo de desenvolvimento em:
Agudas: quando os sintomas surgem rapidamente, algumas horas
após a exposição.
Crónicas: quando os sintomas surgem tardiamente, meses ou anos
após a exposição, acarretando danos irreversíveis (ex: neoplasias,
paralisias).
IV. A via de entrada do agente tóxico:

Ingestão (mais comum);

Inalação;

Contacto com pele e mucosas;

Outros: injeção.
Epidemiologia
As intoxicações exógenas agudas, constituem uma causa importante
de procura dos serviços de urgência nos adultos;
 A causa geralmente é acidental (ingestão de doses inapropriadas de
medicamentos, inalação de tóxicos no trabalho) ou por tentativa de
suicídio, associada à diversos factores como condição psiquiátrica,
insucesso social, familiar, perda de emprego, entre outros.
É importante recordar um outro tipo muito frequente de intoxicação
exógena aguda no adulto, que pode se tornar numa emergência que é a
intoxicação por álcool e drogas ilícitas.
Etiologia
Fisiopatologia
As substâncias tóxicas podem causar danos ao organismo por vários
mecanismos, dependendo da natureza da substância em si, da dose de
exposição e da via de entrada.
Os principais mecanismos são os seguintes:
Inibição ou alteração do funcionamento celular;

Dano e alteração do funcionamento de um órgão;

lterações no metabolismo normal do organismo.


Quadro clínico
O quadro clínico é variável de acordo com o tipo de tóxico, dose de
exposição, via de entrada e tempo decorrido após a intoxicação.
Os sintomas evoluem de forma aguda, com intensidade variável
(pacientes ligeiramente afectados à pacientes em coma) e podem estar
presentes sintomas e sinais de praticamente todos aparelhos e sistemas.
Alguns sintomas e sinais são específicos para cada tóxico
(denominados sintomas e sinais guia).
O conhecimento destes, constitui uma importante ferramenta para
apoiar no diagnóstico das intoxicações.
Complicações:

Alterações metabólicas;

Choque;

Coma;

Morte.
Exames auxiliares e Diagnóstico
 Paracetamol provoca elevação das transaminases hepáticas (indicando
lesão hepatocelular);
Anemia pode estar presente na intoxicação por cáusticos, salicilatos,
derivados de petróleo e por outros agentes que causem hemorragia;
A glicémia pode estar reduzida (no caso de intoxicação por álcool,
salicilatos) ou aumentada (no caso de intoxicação por organofosforados).
O diagnóstico é fundamentalmente clínico.
Contudo, muitas vezes o diagnóstico de intoxicação pode ser difícil,
sobretudo no caso de pacientes em coma e não acompanhados.
Conduta geral
I. Manutenção das funções vitais (A B C ):
Monitoria dos sinais vitais;
Estabilização hemodinâmica: acesso endovenoso e fluídoterapia de acordo
com as necessidades;
Estabilização respiratória: oxigenoterapia, na dose de 2 a 4 l/min (1 a 2
l/min na criança). Se disponível oxímetro de pulso, manter oxigénio até obter
saturação de 90 a 95%;
Despiste e tratamento da hipoglicémia;
Tratamento sintomático (convulsões, broncoespasmo);
Prevenção da absorção do tóxico;

Promoção da eliminação do tóxico;

Administração de antídotos específicos (quando aplicável e se


disponíveis);

Seguimento.
Prevenção da absorção do tóxico
I. Intoxicação por via da pele: deve-se proceder com a descontaminação
da pele, através dos seguintes princípios:

O pessoal de saúde deve estar devidamente protegido com EPIs;

Toda roupa e acessórios devem ser removidos e conservados num saco


selado com rótulo;

Deve-se dar banho ao paciente com abundante água e sabão no mínimo por
10 minutos.
II. Intoxicação por via dos olhos: deve-se proceder com a
descontaminação dos olhos, através dos seguintes princípios:
Deve-se irrigar os olhos do paciente com soro fisiológico ou água limpa
corrente no mínimo por 10 a 15 minutos;
Deve-se evitar que o líquido da irrigação escorra para o outro olho;
O clínico deve fazer a eversão da pálpebra para lavar a parte interna;
Todos os casos devem ser referidos para a observação do técnico de
oftalmologia ou oftalmologista.
III. Intoxicação por via inalatória – a descontaminação obedece os
seguintes princípios:
Remoção do paciente do local de exposição;

Administração de oxigénio;

Se houver secreções, proceder com a aspiração;

Se houver sinais de broncoespasmo (pieira, sibilos e roncos):


administrar Salbutamol inalatório.
III. Intoxicação por via orogástrica: a descontaminação ou

esvaziamento gástrico pode ser feita por vários métodos, sendo que as

indicações dependem do tipo de tóxico, estado do paciente, e do tempo

de exposição.
Medidas para prevenir as intoxicações

Conservar correctamente (longe do alcance das crianças) os detergentes,


medicamentos e outros tóxicos domésticos (em locais altos, preferencialmente
trancados);

Não colocar produtos tóxicos, em locais onde se guarda comida (ex: armazém de
alimentos, cozinha);

Conservar os produtos tóxicos em suas embalagens normais e não em recipientes


de alimentos.
Não acender eletrodomésticos ou fogão a carvão, em locais sem ventilação (risco
de intoxicação por CO);

Não dormir com velas, candeeiros ou eletrodomésticos ligados;

Não comer alimentos de origem duvidosa ou com o prazo de validade vencido;

Conservar devidamente os alimentos;

Não usar insecticidas sem estar devidamente protegido, ou em locais fechados e


na presença de pessoas.

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