Você está na página 1de 3

A vida de uma pessoa não consiste na abundância dos bens que

ela tem” (Jesus Cristo).

Um dos textos bíblicos que mais podem nos ensinar sobre a


verdadeira humildade é o capítulo dois do livro de Daniel. É
interessante notar que um dos pontos de destaque no livro de
Daniel é o contraste entre a humildade do profeta e seus
amigos e a arrogância dos governantes e sábios da Babilônia e
Medo-pérsia. De diversas formas isso fica evidente no livro,
inclusive no sonho dado a Nabucodonosor no capítulo dois.

A Bíblia nos diz que o rei teve um sonho e Daniel recebeu de


Deus a interpretação. O sonho era sobre “uma grande estátua.
Esta, que era imensa e de extraordinário esplendor” (Daniel
2:31), estava dividida em cinco partes. “A cabeça era de ouro
puro, o peito e os braços eram de prata, o ventre e os quadris
eram de bronze; as pernas eram de ferro, e os pés eram em
parte de ferro e em parte de barro” (Daniel 2:32-33). Cada uma
dessas partes representava um reino que dominaria a terra.
Esses reinos eram a Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma
Imperial e Roma Religiosa.

Quatro pontos nessa profecia nos falam sobre a necessidade de


compreender a humildade que devemos ter diante da soberania
divina. Em primeiro lugar, cada um desses reinos buscava
domínio territorial, poder absoluto e riquezas materiais. De
certa maneira, cada um deles conseguiu essas conquistas, mas
a sucessão de materiais da estátua mostra que cada reino seria
inferior ao anterior, assim como a prata é inferior ao ouro, o
bronze é inferior a prata, o ferro é inferior ao bronze e o barro é
inferior ao ferro. Segundo, fica claro nessa profecia que cada
reino chegaria ao fim e seria substituído por um outro reino.
Terceiro, todos os reinos, por mais grandiosos que fossem,
estavam sendo sustentados por uma frágil estrutura de barro
misturado com ferro. E por fim, todos seriam despedaçados e
reduzidos a pó por um reino que duraria eternamente (Daniel
2:34-35).

Imagine Daniel diante do homem mais poderoso do planeta


explicando esses detalhes, dizendo que o reino da Babilônia
terminaria e que seria substituído por um outro. A maneira
como Deus revelou o sonho e o seu significado foram tão fortes
que o rei se inclinou, prostrou-se com rosto em terra diante de
Daniel e disse: “Certamente o Deus que vocês adoram é o Deus
dos deuses e o Senhor dos reis” (Daniel 2:47).

Reinos e a humanidade

Infelizmente, muitos de nós lemos o capítulo dois de Daniel e só


conseguimos ver a história dos reinos. Mas eu quero convidá-lo
a ver esse sonho e sua interpretação como a história de cada
pessoa e a resposta divina ao desejo natural do ser humano de
estabelecer o seu próprio reino, em oposição ao reino de Deus.
Em maior ou menor grau, todos queremos domínio, poder e
riquezas. E não há problema em desejar essas coisas, desde que
a nossa compreensão dessas palavras esteja de acordo com a
compreensão divina. Não é que Deus tenha algum problema
com riqueza, domínio ou poder, a questão é que Ele sabe o
quanto essas coisas são passageiras e Ele não deseja que seus
filhos se dediquem unicamente a coisas finitas. O domínio que
devemos buscar não é territorial e sim o domínio do nosso
caráter. O poder oferecido aos filhos de Deus não é medido por
status ou função, mas sim pela plenitude da presença do
Espírito em nossa vida. A riqueza divina disponível não se mede
pela quantidade de dinheiro na conta do banco, mas pelo amor
dispensado a Deus e ao semelhante.

Precisamos nos perguntar que tipo de reino, poder, riqueza e


domínio estamos buscando. Precisamos entender que todo
reino, riqueza e poder desta terra tem pés de barro, ou seja,
pode desmoronar facilmente a qualquer momento. Certo dia,
Jesus contou a seguinte parábola sobre isso: “O campo de um
homem rico produziu com abundância. Então ele começou a
pensar: ‘Que farei, pois não tenho onde armazenar a minha
colheita?’ Até que disse: ‘Já sei! Destruirei os meus celeiros,
construirei outros maiores e aí armazenarei todo o meu produto
e todos os meus bens. Então direi à minha alma: Você tem em
depósito muitos bens para muitos anos; descanse, coma, beba e
aproveite a vida.’” Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Esta noite lhe
pedirão a sua alma; e o que você tem preparado, para quem
será?’ — Assim é o que ajunta tesouros para si mesmo, mas não
é rico para com Deus” (Lucas 12:16-21).

Qual era o verdadeiro problema do homem da parábola? O


problema era o fato de os campos dele terem produzido em
abundância? Ou o fato de ele decidir construir grandes celeiros?
Ou o fato de ele ter bens em quantidade suficiente ao ponto de
poder comer, beber, descansar e aproveitar a vida? Não! Essas
coisas não são problema em si mesmas. O grande problema
daquele homem é denunciado pela forma de se expressar. Por
quatro vezes ele disse: “minha colheita”, “meus celeiros”,
“meus produtos” e “meus bens”. E na parábola ele é chamado
de louco (essa é a única vez que Deus chama alguém de louco
na Bíblia), pois não percebeu que todo o seu reino iria
desmoronar naquela que seria sua última noite de vida.

“Pela parábola do rico insensato, mostrou Cristo a loucura dos


que fazem do mundo seu tudo. Este homem recebera tudo de
Deus... Não pensou em Deus, de quem vieram todas as
dádivas... Esse homem vivera e planejara para o eu... Este
homem escolheu o material em vez do espiritual, e com o
material tem que sucumbir... A ilustração é aplicável a todos os
tempos. Podeis planejar meramente para a própria satisfação
egoísta, acumular tesouros, construir mansões grandes e altas
como os arquitetos da antiga Babilônia; porém, não podeis
arquitetar um muro tão alto e um portal tão forte que exclua os
mensageiros da vingança.”[1]

Você também pode gostar