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Capitulo 1 – Conceitos Básicos ................................................................................

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1.1. Mineral ............................................................................................................... 17

1.1.1. Os modos de cristalização dos minerais ........................................................ 35

a) Cristalização a partir de uma solução .............................................. 35

b) Cristalização a partir de uma fusão ................................................. 37

1.1.2. Algumas Propriedades dos Minerais Importantes na Pesquisa ...................... 39

a) Dureza: ...................................................................................................... 41

b) Densidade relativa ..................................................................................... 42

c) Propriedades Elétricas e Magnéticas ......................................................... 43

1.2. Mineralóide ........................................................................................................ 46

1.3. Gemas ............................................................................................................... 47

1.4. Minerais Industriais ............................................................................................ 50

1.5. Rochas .............................................................................................................. 52

2.2. Minério: .............................................................................................................. 55

2.3. Mineral-minério: ................................................................................................. 56

2.4. Minerais de Ganga: ........................................................................................... 56

2.5. Afloramento: ...................................................................................................... 59

2.6. Capeamento: ..................................................................................................... 59

2.7. Rochas Encaixantes: ......................................................................................... 60

2.8. Capa e Lapa: ..................................................................................................... 64

2.9. Mina ................................................................................................................... 65

2.10. Cava. ............................................................................................................... 69

2.11. Talude:............................................................................................................. 72

2.12. Ângulo Geral de talude: ................................................................................... 73

2.13. Pilha Pulmão: .................................................................................................. 74

i
2.14. Pilha de Homogeneização: .............................................................................. 74

2.15. Run of Mining (ROM) ....................................................................................... 74

2.16. Bota-fora .......................................................................................................... 74

2.17. Produção: ........................................................................................................ 76

2.18. Produtividade ................................................................................................... 76

2.19. Barreira vegetal ............................................................................................... 76

Capítulo 3- Jazida e ocorrência ................................................................................ 82

3.1. Mineração .......................................................................................................... 82

3.2. Depósito mineral ................................................................................................ 82

3.3. Jazida ................................................................................................................ 83

3.4. Ocorrência Mineral ............................................................................................ 83

Capítulo 4 - Fases da Mineração.............................................................................. 87

4.1. Caracterização das Minas ................................................................................. 87

4.2. Mineração e desenvolvimento sustentável ........................................................ 87

4.3. Fases da Mineração .......................................................................................... 89

4.3.1. Pesquisa Mineral .................................................................................. 90

4.3.2. Desenvolvimento Mineiro ..................................................................... 94

4.3.3. Lavra .................................................................................................... 97

4.3.4. Beneficiamento dos Minérios: ............................................................. 108

4.3.5. Fechamento de Mina: ......................................................................... 114

4.3.6.Remediação e Restauração: ............................................................... 127

Referências Bibliográficas ...................................................................................... 128

Capítulo 5: Código de Mineração ........................................................................... 130

Siglas ........................................................................................................... 130

Introdução............................................................................................................... 131

5.1. A Constituição Brasileira e o Código Mineração .............................................. 131

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5.1.1. Tipos de Regime de Exploração e Aproveitamento dos Recursos Minerais
.................................................................................................................... 132

5.2. O Regime de Autorização de Pesquisa ........................................................... 134

5.2.1. Pedido de Autorização de Pesquisa ................................................... 134

5.2.2. O Requerente da Pesquisa Mineral .................................................... 134

5.2.3. Prioridade da Pesquisa Mineral .......................................................... 136

3.2.4. Documentos obrigatórios para requerer a pesquisa mineral ............... 136

3.2.5. Responsável Técnico: ........................................................................ 137

3.2.6. Indeferimento do Requerimento de Pesquisa ..................................... 137

5.2.7. Direitos do Proprietário do Solo Durante a Pesquisa Mineral .............. 138

5.2.8. Áreas Máximas para Pesquisa Mineral ............................................... 138

5.2.9. Prazos de Validade da Autorização de Pesquisa Mineral ................... 138

5.2.10. Extração de Substancias Minerais Durante a Pesquisa Mineral ........ 139

5.2.11. Pagamentos Realizados para a União Durante a Autorização de


Pesquisa (Artigo 20, Inciso I e II): ............................................................................ 139

5.2.12. Término da Pesquisa Mineral ........................................................... 139

5.2.13. Análise do Relatório de Pesquisa ..................................................... 140

5.2.14. Obrigações do Titular de Pesquisa ................................................... 140

5.3. O Regime de Concessão de Lavra .................................................................. 141

5.3.1. O Requerente da Concessão de Lavra ............................................... 141

5.3.2. Prioridade da Concessão de Lavra ..................................................... 141

5.3.3. Condições para Outorga da Concessão de Lavra ............................... 142

5.3.3. Documentos Obrigatórios para Requerer a Lavra ............................... 142

5.3.4. O Plano de Aproveitamento Econômico da Jazida – PAE ................... 142

5.3.5. Direitos do Proprietário do Solo Durante a Lavra ................................ 143

5.3.6. Obrigações do Titular de Pesquisa ..................................................... 143

5.3.7. Relatório Anual de Lavra .................................................................... 145

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5.3.8. Concessões Autorizadas a uma Mesma Empresa .............................. 145

5.3.9. Recusa da Lavra ................................................................................ 145

5.3.10. A Imissão de Posse .......................................................................... 145

5.3.11. Lavra Ambiciosa ............................................................................... 146

5.3.12 Disponibilidade para Lavra ................................................................ 146

5.3.12. Grupamento Mineiro ......................................................................... 146

5.3.13. Desmembramento da Concessão de Lavra ...................................... 146

5.3.14. Transferência da Concessão de Lavra ............................................. 146

5.3.15. Suspensão Temporária da Lavra ou Renúncia da Concessão .......... 147

5.316. Consórcio de Mineração .................................................................... 147

5.4. Regime de Licenciamento ............................................................................... 148

5.4.1. Prioridade .......................................................................................... 148

5.4.2. Obrigações de titular do licenciamento ............................................... 148

5.4.3. O Requerente do Licenciamento Mineral ............................................ 149

5.4.4. Áreas máximas .................................................................................. 149

5.4.5. Documentos Necessários para Obtenção da licença: ......................... 149

5.4.6. O Plano de Aproveitamento Econômico ............................................. 149

5.4.7. Cancelamento do Registro de Licença (Perda do Título) .................... 149

5.5. O Regime de Permissão de Lavra Garimpeira ................................................ 150

5.5.1. São deveres do permissionário da lavra garimpeira: .......................... 153

5.6. A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À MINERAÇÃO............................. 153

5.6.1. Princípios Constitucionais .................................................................. 153

5.6.2. Estudo de Impacto Ambiental de Atividades de Mineração ................. 155

5.6.3. Recuperação de Áreas Degradadas por Atividades de Mineração ...... 156

Capitulo 6: Prospecção Geoquímica ...................................................................... 157

6.1. Introdução ............................................................................................. 157

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6.2. Objetivo da Prospecção Geoquímica ..................................................... 160

6.3. Importância dos Óxidos de Fe e Mn, Matéria Orgânica, Argilas na mobilidade


dos elementos ............................................................................................. 164

6.4. Conceitos (Teor de fundo – Teor limiar e anomalia Geoquímica) ........... 165

6.5. Métodos de prospecção geoquímica ............................................................... 172

6.6.Campanha de amostragem na prospecção geoquímica .......................... 174

6.7. Responsabilidades do Coletor (técnico em mineração) ......................... 175

6.8. Programação de amostragem ............................................................... 175

6.9. Técnicas de amostragem ...................................................................... 176

6.9.1.Prospecção Geoquímica por Sedimentos de Corrente ......................... 176

6.9.2 Prospecção por Concentrados de Bateia (Minerais Pesados) ...................... 181

6.9.3. Prospecção geoquímica e amostragem de solos residuais (Elúvios) ........... 185

6.9.4. Prospecção hidrogeoquímica ....................................................................... 188

6.9.5 Prospecção biogeoquímica ................................................................. 189

3.10. Controle de Qualidade ........................................................................ 189

Índice de Figuras

Figura 1.1: O vulcão Villarica em Pucon, no Chile (Foto: Lautaro Salinas/AP)


Extraído: Da France Presse http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/03/ erupcao -
e-mais-de-3-mil-sao-evacuados-no-chile.html em 30/06/2016. .......................... 17

Figura 1.2: Extração manual de sal, nas salinas artesanais de grossos, RN.
Extraído de http://leomberg.blogspot.com.br/2010/05/extracao-manual-de-sal-
nas-salinas.html. 21 de maio de 2010. Acessado em 20/06/2016 ...................... 18

Figura 1.3: Foto Pegmatito e granito cinza: Autoral. Domo do Ambrósio Bahia. 18

Figura 1.4: Ilhas Flutuantes Lago Titicaca (Peru). Abaixo, Gelo Cânion de Arequipa
Peru. Fonte Autor ............................................................................................. 20

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Figura 1.5: Mineral Mercúrio. O único mineral líquido. Extraído de Justin Rowlatt
BBC 23 dezembro de 2013.site http:// www.bbc.com /mundo/noticias
/2013/12/131207_mercurio_contaminacion_peligros_oro_az_finde. Acessado em
20/06/2016 ....................................................................................................... 21

Figura 1.6: Cristal de calcita sendo martelado. Fonte: Pestana Joaquim. Site:
http://images.slideplayer.com.br/3/383616/slides/slide_25.jpg. Acessado em
20/06/2016 ....................................................................................................... 22

Figura 1.7: Britador da mina de fosfato da Vale Fertilizantes (Antiga Fosfertil) que
está localizada no município de Tapira – MG. Foto Autoral. .............................. 23

Figura 1.8: A acima Foto TCVA. Pepitas de ouro extraídas do garimpo em pontes
e Lacerda Site: http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2015/10. Acessado em
20/06/2016. Abaixo cristal de diamante (formado por átomos de carbono). Extraído
de http://myblog-jj.blogspot.com.br/2007/10/rochas-minerais-gemas-diamante.
html. Acessado em 20/06/2016 ......................................................................... 24

Figura 1.9: Acima fotos de cristais de Ametista (SiO2) e calcita, Artigas RS,
Autoral. À esquerda o mineral galena (PBS), Extraído de
http://www.indiazinc.net/galena-ore.htm, acessado em 20/06/2016. Abaixo em
amarelo calcopirita (CuFeS 2) e em roxo bornita (Cu 5FeS4). Extraído de
http://tesourosdomundointeiro.blogspot.com.br/2012/06/calcopirita. html.
Acessado em 20/06/2016. ................................................................................ 25

Figura 1.10: Derramamento de lava do vulcão Kilauea, no Havaí, Foto USGS:


Extraído de Harris, T. site: http://ciencia.hsw.uol.com.br/vulcoes.htm. Acessão em
20/06/2016. ...................................................................................................... 26

Figura 1.11: O poço de Petróleo Stlindetop, 10 de janeiro de 1901. Fonte: Lucas


gusher.jpg In: site http://br.monografias.com/trabalhos3/terrorismo-para-reflexao-
pratica-pedagogica/terrorismo-para-reflexao-pratica-pedagogica2.shtml.
Acessado em 20/06/2016. ................................................................................ 26

Figura 1.12: Âmbar com Aranha. Extraído de https://tendimag.com/2015/01/24/


ambar-que-te-quero-ambar/ em 221/06/2016. ................................................... 27

Figura 1.13: A grande barreira de coral na Austrália possui 2.900 quilômetros de


largura e é um dos pontos de mergulhos mais famosos do mundo. Extraído de

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vi
http://guiaviajarmelhor.com/a-grande-barreira-de-corais-um-dos-destinos-mais-
visitados-da-australia/ em 20/06/2016. Foto Nasa: Extraído de
http://ciencia.hsw.uol.com.br/recifes-de-coral4.htm em 20/06/2016. .................. 28

Figura 1.14: Estrutura cristalina do mineral esfalerita (ZnS). A direita foto extraída
de http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/sulfetos/esfalerita.html em
05/05/2016. ...................................................................................................... 29

Figura 1.15: Arranjo especial dos íons de Na + e Cl- no composto halita (NaCl), A
imagem à esquerda mostra a célula unitária e à direita o mineral. Extraído de
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristal em 05/05/2015. ............................................. 29

Figura 1.16: Clivagem da calcita e cristais de quartzo. Extraído respectivamente


de http://www.tocadacotia.com/wp-content/gallery/mineralogia-2/clivagem-
mineralogia -18.jpg e https://bastoesegipcios.files.wordpress.com/2012/05/cristal-
quartzo.jpg, em 01 de julho de 2016. ................................................................ 30

Figura 1.17: Estruturas cristalinas dos minerais polimórficos: diamante (à


esquerda) e grafita (à direita) ambos minerais são formados por átomos de
carbono, mas devido à disposição dos átomos possuem propriedades físicas como
a dureza e a densidade diferentes. Extraídos de
(http://blog.cancaonova.com/paulovictor/files/2008/06/pedras-de-diamantes.jpg) e
(http://www.dicionario.pro.br/dicionario/images/e/e9/GrafitaEZ.jpg. Acessado em
20/05/2015 ....................................................................................................... 32

Figura 1.18: Os minerais isomórficos calcita e siderita ...................................... 33

Figura 1.19: Solução solida representada pelos minerais do grupo das olivinas.
Acima forsterita extraída de
http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/silicatos/nesossilicatos/forsterita.html.
Abaixo faialita extraída de
https://www.mineralienatlas.de/lexikon/index.php/MineralData?mineral=Faialite 34

Figura 1.20: Sal amontoado por residentes locais na superfície da maior planície
de sal do mundo, a salina de Uyuni, em Potosí, Bolívia - Fonte:
http://www.infosurhoy.com/cocoon/saii/xhtml/pt/features/saii/features/2009/08/20/
feature-01. ........................................................................................................ 35

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vii
Figura 1.21: Formação de sal fotografada em vista aérea no mar morto. Lago no
mar morto. Figura acima foi Extraída em 29/06/2013 as 20horas do site
http://noticias.uol.com.br/album/111203semana_album.htm?abrefoto=3#fotoNav=
9 e a figura de baixo foi extraída em 01/07/20124 de
http://meioambiente.culturamix.com/natureza/tudo-sobre-o-mar-morto. ............ 36

Figura 1.22: Evaporitos. Fonte: Eduardo Gonzalez Diaz in:


http://previews.123rf.com/images/edu1971/edu19711212/edu1971121200041/16
653852-Evaporites-soluble-rocks-caused-by-the-evaporation-of-water--Stock-
Photo.jpg. Acessado em 30/06/2016 ................................................................. 37

Figura 1.23: Foto :Joaquim Loureiro in: https://www.redeconstrucao.com/registo.


Acessado em 30/06/2016. Abaixo Foto Theo Lautrey In:
http://gdb.voanews.com/EE2589CE-52F7-435A-A8CD-01C5F69EC932_w987_r1
_s. jpg Acessado em 30/06/2016. ..................................................................... 38

Figura 1.24: o vulcão Etna estava expelindo bolhas de magma quente: fonte
NASA. .............................................................................................................. 39

Figura 1.25: Enxofre. Extraído de http://2.bp.blogspot.com/-0afxc_NZXkE/T75-


J3AIhOI/AAAAAAAAlGM/czrVQ4SEp1c/s640/enxofre-extracao-flickr.jpg.
Acessado em 20/06/2016 ................................................................................. 40

Figura 1.26: Mineral Magnetita. Extraído de http://c1.quickcachr.fotos.sapo


.pt/i/B991591af/15950746_4Pdf4.jpeg. Abaixo Mineral Pirrotita. In:
http://aulas.iesjorgemanrique.com/calculus/jmol/pirrotita/pirrotita.jpg. Acessado
em 20/06/2016 .................................................................................................. 45

Figura 1.28: Á esquerda Âmbar. Á direita Petróleo. Figura a esquerda foi extraído
em 01/07/2013 de http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/grm.html e à figura a
direita foi extraído em 04/04/2014 de
http://www.dep.fem.unicamp.br/boletim/BE13/artigo4_arquivos/image001.jpg. .. 46

Figura 1.29: Topázio Imperial bruto. Extraído de


http://www.talismadecristal.com.br/Pedra/Relacionamentos/101. ...................... 47

Figura 1.30: Esmeralda descoberta na Bahia, pesando cerca de 400 quilos e de


valor estimado em torno de R$ 2 bilhões (Foto Rede Globo). Extraída de
http://www.policiaepolitica.com.br/2012/09/17/. Acessada em 20/05/2015 ........ 49

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Figura 1.31: Gemas. ......................................................................................... 50

Figura 2.1: Acima, granito, rocha ígnea (dura) In: http://www.comprason-


line.com/wp-content/uploads/2012/09/pedra-granito.jpg. Acessado em 20/06/2016
......................................................................................................................... 53

Figura 2.2: Lavra de bauxita, decapeamento de terreno com dragline. Foto MRN
In: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/eftMRN/img/decapeamento.jpg. Acessado
em 20/06/2016 .................................................................................................. 53

Figura 2.3: Duna, material solto sem força de coesão, Lençois Maranhenses
Fonte: Jota Marincek In: http://blog.venturas.com.br/wp-
content/uploads/2016/04/open-uri20160314-6-1x1hgzb.jpegmaterial. Acessado
em 20/06/2016 .................................................................................................. 54

Figura 2.4: Granito rocha composta pelos minerais essenciais: quartzo (cinza),
feldspato potássico(rosa) e mica (preto). .......................................................... 54

Figura 2.5: Minério de cromo, Campo Formoso – Bahia, Cia de Ferro Ligas da
Bahia - Ferbasa. Fonte Lauro Juarez, Rochas, Minerais, Gemas e Fósseis IN:
http://2.bp.blogspot.com/-uidhsUrxxcE/UlRb4egcVeI/AAAAAAAAAqM/RDMZ8Jb
SsH0/s320/cronita2.jpgAcessado em 20/07/2016. ............................................ 55

Figura 2.6: Minério de cobre Jaguararí – Bahia (Mineração Caraíba S.A) Fonte
Lauro Juarez, Rochas, Minerais, Gemas e Fósseis IN: http://3.bp.blogspot.com/ -
SyEJML87mgU/Uwn2CaXOe9I/AAAAAAAAA14/zEQNQzQl214/s1600/calcopirita.
jpg. Acessado em 20/07/2016. .......................................................................... 56

Figura 2.7: Minério de ferro (itabirito). Observe a intercalação dos minerais-


minérios (óxidos de ferro, magnetita e hematita) de coloração cinza escuro e os
minerais de ganga (quartzo -branco), Foto cedida pela MBR, Mineração Brasileiras
Reunidas S.A. ................................................................................................... 57

Figura 2.8: Na foto, a mina de Germano, da Samarco, em Mariana (MG), minério


de ferro. (FOTO: Simião Castro). Fonte: http://www.pautandominas.com.br/
mini.php?gd=2&src=arquivos/MinaSamarcoGermano-SimaoCastro-1446812958.
jpg&maxw=618. Acessado em 01/08/2016. ....................................................... 57

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ix
Figura 2.9: Testemunho de sondagem; Rocha Itabirito. Minerais minério cinza
escuro, minerais de ganga cinza claro Foto cedida pela MBR, Mineração
Brasileiras Reunidas S.A. ................................................................................. 58

Figura 2.10: Pátio de estocagem de concentrado. Mina de fosfato Vale


Fertilizantes, Foto autoral. ................................................................................ 59

Figura 2.11: Deposição de magnetita na barragem de rejeito, Vale Fertilizantes,


Araxá, Minas Gerais, Foto Autoral. ................................................................... 60

Figura 2.12: Afloramento de Quartzitos Itatiaia. Ouro Preto, Minas Gerais. Foto
Autoral .............................................................................................................. 61

Figura 2.13: Afloramentos de Quartzitos, Salto, Ouro Preto/Minas Gerais. Foto


Autoral. ............................................................................................................. 61

Figura 2.14: Mina de fosfato - Vale Fertilizantes. Observe 60 metros de


capeamento enriquecido em titânio, Foto Autoral 2007. .................................... 62

Figura 2.15: Mina do Pico – Formação Cauê- Minério de ferro. Filito Rocha
Encaixante, Foto cedida pela MBR, em março de 2006. ................................... 62

Figura 2.16: Rochas encaixantes da formação ferrífera na Mina do Pico. Formação


Cauê- Minério de ferro. Filito Rocha Encaixante, Foto cedida pela MBR em março
de 2006. ........................................................................................................... 63

Figura 2.17: Pilha de Estéril: Vale Fertilizantes. Araxá. MG, foto autoral, abril de
2015. ................................................................................................................ 63

Figura 2.18: Rocha Encaixante de um veio de quartzo. Fonte:


http://www.cprm.gov.br/estrada_real/zoom/Figura77.jpg. .................................. 64

Figura 2.19: Capa e Lapa em desenvolvimento subterrâneo. Extraído de


http://2.bp.blogspot.com/-yyNTy43Z6Mo/TZwEg_u09II/AAAAAAAAAuM/0Mr_ijk
QvBc /s400/17%2BDESEV%2BSUBT%2BACESSO%2BEM%2BCORPO%2
BINCLINADO.jpg. Acessado em 20/06/2016. .................................................... 65

Figura 2.20: Mina de fosfato, Vale Fertilizantes, Araxá, Foto Autoral. ............... 66

Figura 2.21: Mina a céu aberto Udachnaya Pipe (Mina de Diamantes), Rússia.
In:http://www.hojeeuvi.com/wp-content/uploads/2013/12/Mine-Mirny-03.jpg.
Acessado em 20/06/2016 ................................................................................. 67

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x
Figura 2.22: Mina Subterrânea (São Bento), cedida pelos alunos do curso de
engenharia de minas, disciplina mecânica das rochas, 2005. ........................... 67

Figura 2.23: Mina San José de cobre e ouro, Atacama Chile. In: http://www.rtve.es/
alacarta/videos/ rescate-de-mineros-en-chile/33-atacama-vuelven-mina-san-jose-
ano-despues/1221938/. Acessado em 20 07/2016. ........................................... 68

Figura 2.24: Poço de petróleo “Cavalo de pau” . In: https://upload


.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/53/Bomba_Cabe%C3%A7a_de_Cav
alo.jpg/1280px-Bomba_Cabe%C3%A7a_de_Cavalo.jpg. Acessado em
01/07/2016 ....................................................................................................... 68

Figura 2.25: Produção de Petróleo. In: extraída de http://www.infoescola.com/


geografia/petrobras-e-o-petroleo-no-brasil/ em 04/04/2014. .............................. 69

Figura 2.26: Cava em Mina de diamantes no Canadá, seta vermelha indica um


caminhão fora de estrada. In: http://photos1.blogger.com/x/blogger/
1565/1268/200/97922/pic09313.jpg. Acessado em 01/08/2016 ......................... 70

Figura 2. 27: A maior mina de diamantes do mundo, em termos de extensão, fica


em Botswana, África do Sul. Minerais conferem o tom azul à rocha. Desde 1971
se extraem diamantes aqui, e calcula-se que a exploração ainda possa continuar
por quase 50 anos. Extraído de: http://fazdesign.com.br/impacto-humano-visto-do-
espaco/#sthash.lrgj90ZL.dpuf, Acessado em 05/05/2015. ................................. 71

Figura 2.28: Mina de ferro, Carajás. .................................................................. 71

Figura 2.29: Mina de Niobio Anglo Gold. Extraído de Minérios e Minerales In:
http://www.minerios.com.br/Conteudo/Arquivos/Mat%C3%A9rias/DESMONTE_op
era%C3%A7%C3%A3o1.jpg. Acessado em 20/06/2016. ................................... 72

Figura 2.30: Talude de corte. Extraído em 04/04/2013 as 2:00 de


http://www.deflor.com.br/portugues/solucoes_taludes.html. .............................. 72

Figura 2.31: Talude de corte em mineração. Postado por ascomseicom, In:


https://seicompa.files.wordpress.com/2012/04/mineracao-24-04-20122.jpg?w=
300&h =195. Acessado em 20/06/2016. ............................................................ 73

Figura 2.32: Talude de corte. Foto cedida pela MBR em maio de 2016. ............ 73

Carla Maria Mendes Lacerda


xi
Figura 2.33: Cava da Mina do Pico. Vale – Minério de Ferro, linha preta representa
o ângulo geral de talude. .................................................................................. 75

Figura 2. 34: Ângulo geral de talude. ................................................................ 75

Figura 2.35. Pilha pulmão Mina de nióbio da CBMM. Seta. Observe que a pilha
encontra-se protegida das intempéries climáticas. A pilha pulmão está localizada
próximo do britador primário. ............................................................................ 76

Figura 2.36: Vários tipos de minério de ferro, na sequencia Hematita, compacta,


hematita media, hematita friável, itabirito rico, itabirito silicoso e itabirito duro. Foto
cedidas pela MBR em março de 2006. .............................................................. 77

Figura 2.37: Pilha de homogeneização Mina de Niobio CBMM. ......................... 78

Figura 2.38: Pilha de Homogeneização Vale Fertilizantes Mina de Fosfato de


Tapira/MG. ....................................................................................................... 78

Figura 2.39: Área de extração do ROM. Mina de ferro Carajás. ........................ 79

Figura 2.40: Áreas da mina: observe o sistema de contenção de resíduos. ....... 79

Figura 2.41: Barragem de rejeito da unidade de Germano da Samarco (Mariana -


MG). Extraído de http://revistadoispontos.com/trilha-do-minerio/aguas-gerais/ .. 80

Figura 2.42: Reserva de minério de ferro mundiais e produção anual durante o ano
de 2013. Fonte: DNPM/DIPLAM; USGS - Mineral Commodity Summaries – 2014.
(1) reserva lavrável; (2) Estimativa de produção da China baseada em minério
bruto; (e) dados estimados, exceto Brasil. ........................................................ 80

Figura 4.1: Mina de fosfato- Vale Fertilizantes (capeamento: zona mineralizada de


titânio) .............................................................................................................. 89

Figura 4.2: Gnaisse Bandado (Domo de Ambrósio – Bahia). O bandamento nesta


foto é marcado pela alternância de partes escuras e claras. A reta mostra a direção
de mapeamento. ............................................................................................... 91

Figura 4.3: Granodiorito cortado por pegmatito (Domo de Ambrósio – Bahia). .. 91

Figura 4.4:Contato entre meta-anfibolito e metassedimento (Domo de Ambrósio –


Bahia). .............................................................................................................. 92

Carla Maria Mendes Lacerda


xii
Figura 4.5: Prospecção geoquímica, obtenção de concentrado de bateia. ........ 92

Figura 4.6: Execução de trincheiras para amostragem. Trincheira em Mato


Miranda- Extraído de http://einstein.fisica. ist.utl.pt/~sismo /imagens
/JPEGs/Tagusnet/t2_peq.jpg. ........................................................................... 93

Figura 4.7: Sondagem na Serra Rala Mola. Vale. .............................................. 93

Figura 4.8: Amostras resultantes de sondagem percussivas. À direita testemunhos


de sondagem. Serra Rala Moça, Vale. .............................................................. 94

Figura 4. 9.: Via de acesso – Mina de fosfato- Vale Fertilizantes. ...................... 95

Figura 4.10: Via de acesso subterrânea, Mina de João Belo - Jacobina –Ba. .... 96

Figura 4 11: Sistema de ventilação. .................................................................. 96

Figura 4.12: Pilha de Estéril - Mina de Águas Claras – Vale. ............................. 97

Figura 4.13: Lavra a céu aberto – Mina de Ferro – Vale. ................................... 99

Figura 4.14. : Desmonte Hidráulico. ................................................................ 104

Figura 4.15: Perfuração em leque. Mina Subterrânea. .................................... 105

Figura 4.16: Carregamento com explosivos. ................................................... 105

Figura 4.17: Detonação .................................................................................. 106

Figura 4.18: Carregamento e transporte de material. ...................................... 107

Figura 4.19: Caminhão fora de estrada. Vale fertilizantes e Vale Carajás. ...... 108

Figura 4.20: Correia transportadora. ............................................................... 109

Figura 4.21: Britador Vale Fertilizantes- Araxá. Operação de cominuição. ...... 110

Figura 4.22: Moinho de Bolas - Vale Fertilizantes- Araxá - Operação de


cominuição. .................................................................................................... 111

Figura 4.23: Peneiramento: Classificação por tamanho< Vale Fertilizantes. Araxá.


....................................................................................................................... 111

Figura 4.24: Célula de flotação (acima) e flotação em coluna. Mina de Fosfato Vale
Fertilizantes. ................................................................................................... 112

Figura 4.25: Pilha de minério concentrado ...................................................... 113

Figura 4.26: Barragem de rejeito de magnetita – Mina Vale Fertilizantes. ....... 113
Carla Maria Mendes Lacerda
xiii
Figura 4.27: Plano de Fechamento da cava de Germano – Samarco Mineração. O
rejeito produzido na mina está sendo bombeado com a finalidade de
preenchimento da cava. A direita uma ilustração da cava após a reabilitação. 115

Figura 4.28: Antiga pedreira de rocha ornamental de extração de diabásio. Hoje o


espaço funciona como uma arena de Show. Pedreira do Chapadão em Campinas-
SP. ................................................................................................................. 116

Figura 4.29: Mina de Passagem, Mariana Minas Gerais. ................................. 117

Figura 4.30: Parque das Mangabeiras, Belo Horizonte. Área de lazer, esportes e
recreação. ............................................................ Erro! Indicador não definido.

Figura 4.31: Ópera de Arame, Paraná. Extraído de http://www.artes-


curitiba.com/opera-arame-parana.htm ............................................................ 120

Figura 4.32: Mina de águas Claras. Extraído de


http://www.mmm.org.br/index.php?p=8&c=193. Abaixo ilustração do lago que será
formado e da revegetação nos taludes (Fonte MBR). ...................................... 122

Figura 4.33: Vinícolas em galerias Ametista do Sul. Extraído em julho (2013) de


http://vinhoearte.blogspot.com.br/2012/08/preciosidade-de-vinicola-em-uma-
mina-de.html. .................................................................................................. 123

Figura 4.34: Mina do Pico. Figuras abaixo mostra a reabilitação com


preenchimento da cava com material estéril Fonte: Moura e Amorim 2007. .... 125

Figura 4.35: Estádio Municipal de Braga. Extraído de


http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/957 ............... 126

Figura 4.36: Acima Área da mina antes da implantação do Projeto Éden. Fonte:
www.cornwall-calling.co.uk/eden/ e abaixo após. Fonte:
http://en.wikipedia.org/wiki/ ............................................................................. 127

Figura 4.37: Recuperação de Área Degradada – CBMM ................................ 128

Figura 5.1: Garimpo Serra Pelada. In: http://3.bp.blogspot.com/-


0lNXSqphS2Y/UjnWvu_1evI /AAAAAA AAAlg/j-EFK-AgrGE/s400/Serra-Pelada-
garimpo-1983.jpg . Acessado em 01/08/2016. ................................................ 151

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xiv
Figura 5.2: Garimpo de Esmeralda, Nova Era Minas Gerais. Foto Autoral. ...... 152

Figura 6.1: Anomalias geoquímicas (Quando o intemperismo age sobre um


depósito mineral ele pode liberar íons e partículas que se movem ao longo das
drenagens o que pode formar um halo de dispersão de elementos e partículas
como uma área maior do que o corpo mineralizado). ...................................... 161

Figura 6. 2: Mobilidade no ambiente superficial como função da carga iônica pelo


raio iônico. ...................................................................................................... 162

Figura 6.3: Teor de fundo em rochas. ............................................................. 166

Figura 6.4: Anomalia de fuga devido ao fraturamento da rocha. ..................... 170

Figura 6. 5:Locais de coleta de amostras em prospecção geoquímica (Rochas,


solos e sedimentos de drenagem). ................................................................. 172

Figura 6. 6: Locais de coleta de amostras em prospecção geoquímica (Rochas,


solos, sedimentos de drenagem e água subterrânea). .................................... 173

Figura 6. 7: Locais de coleta de amostras em prospecção geoquímica (Rochas,


solos, sedimentos de drenagem e água subterrânea e anomalias biogênicas). 173

Figura 6. 8: Locais de coleta de amostras em prospecção geoquímica (Rochas,


solos, sedimentos de drenagem e água subterrânea e anomalias biogênicas) 174

Figura 6. 9: Fotos em aluviões (sedimentos ativos de corrente). ..................... 177

Figura 6. 10: Densidade de amostragem em uma malha de 100-200km 2 ........ 179

Figura 6. 11: densidade de amostragem em uma malha de 10-20km 2. ............ 180

Figura 6. 12: Densidade da amostragem um escala de uma amostra a cada 0,5km 2


e com espaçamento constante ao longo das drenagens. ................................ 180

Figura 6. 13: Etapas de garimpagem de um concentrado de sedimento. É


importante misturar bem o sedimento para que os metais pesados se concentrem
no fundo da bateia. Frequentemente o sedimento é peneirado a menos de 2mm,
embora esse procedimento possa eliminar alguma pepita (nugget) grande. Um
garimpeiro experiente leva, em média, 20 min para completar a operação. ..... 182

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xv
Figura 6. 14: Locais indicados pelas setas para concentração de minerais pesados
(A1) –parte interna nos meandros; (A2) encontro de rios com velocidades
diferentes (v1>V2) e (A3) Encontro de rios com lagos e açudes. .................... 183

Figura 6. 15: Locais de amostragem por concentrado de bateia. Na figura acima é


mostrado o processo de bateamento. No centro o local de coleta de amostra. A
foto inferior mostra a fração cascalhosa amostrada. ....................................... 184

Figura 6. 16: Influencia da inclinação do terreno em relação às anomalias máximas


....................................................................................................................... 187

Quadro 1.1: Minerais isoestruturais. Observe que quanto maior o peso atômico
dos cátions maior a densidade. ......................................................................... 43

Quadro 1.2: Minerais isoestruturais. Observe que quanto maior o peso atômico
dos cátions maior a densidade. ......................................................................... 44

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xvi
Capitulo 1 – Conceitos Básicos

1.1. Mineral

Mineral: É um sólido homogêneo, de ocorrência natural, com composição


química definida e arranjo atômico ordenado. É formado por processos
inorgânicos (Klein e Hurbult 1985).

Segundo a definição os minerais são formados por processos naturais.


Esses processos podem ocorrer na superfície, isto é são processos exógenos
(Figuras 1.1 e 1.2) ou no interior da Terra, isto é processos endógenos (Figura
1.3).

Figura 1.1: O vulcão Villarica em Pucon, no Chile (Foto: Lautaro Salinas/AP)


Extraído: Da France Presse http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/03/ erupcao-
e-mais-de-3-mil-sao-evacuados-no-chile.html em 30/06/2016.

17
Figura 1.2: Extração manual de sal, nas salinas artesanais de grossos, RN.
Extraído de http://leomberg.blogspot.com.br/2010/05/extracao-manual-de-sal-
nas-salinas.html. 21 de maio de 2010. Acessado em 20/06/2016

Figura 1.3: Foto Pegmatito e granito cinza: Autoral. Domo do Ambrósio Bahia.

Ressalta-se que segundo a definição estão excluídos os minerais


sintetizados em laboratório, por exemplo diamante sintético.

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18
O que significa sólido homogêneo?

O mineral é sólido o que exclui da definição gases e líquidos. Por exemplo,


água como gelo é um mineral, mas água líquida não (Figura 1.4). Alguns autores
consideram o mercúrio (elemento nativo) o único líquido que é considerado como
um mineral (Figura 1.5), porem outros autores consideram o mercúrio como
mineralóide.

Quando se define um mineral como sólido homogêneo significa que um


mineral não pode ser separado por processos físicos em outros compostos
químicos mais simples. Por exemplo se um cristal de quartzo for fragmentado com
a utilização de um martelo, o produto final será grãos do mineral quartzo com
tamanho menor. Por isto quando uma rocha é britada ou moída ocorre a liberação
dos grãos e uma redução no tamanho (Figuras 1.6 e 1.7)

O que significa composição química definida?

Quando se diz que o mineral possui uma composição química definida


significa que ele pode ser expresso por uma determinada fórmula química.

As formulas químicas dos minerais podem ser simples ou complexas. As


formulas simples são constituídas por átomos de um mesmo elemento químico.
Como exemplo de fórmula simples, temos o diamante (formado por átomos de
carbono) e o ouro formado por átomos de ouro (Figura 1.8).

Vale ressaltar que a grande parte dos minerais é formada por compostos
químicos que resultam da combinação de diferentes elementos. Exemplos: o
mineral quartzo onde um átomo de silício se combina com dois átomos de oxigênio
(SiO2), a galena (PbS) que é um sulfeto de chumbo e a calcopirita (CuFeS 2) que
é um sulfeto de ferro e cobre (Figura 1.9).

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19
Não é Mineral

Gelo

Figura 1.4: Ilhas Flutuantes Lago Titicaca (Peru). Abaixo, Gelo Cânion de
Arequipa Peru. Fonte Autor

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20
Figura 1.5: Mineral Mercúrio. O único mineral líquido. Extraído de Justin Rowlatt
BBC 23 dezembro de 2013.site http:// www.bbc.com /mundo/noticias
/2013/12/131207_mercurio_contaminacion_peligros_oro_az_finde. Acessado em
20/06/2016

Deve ficar bem claro que embora os minerais tenham uma composição
química definida não significa que ela é fixa, pois a mesma pode variar dentro
de certos limites. Observe os exemplos abaixo:

No mineral quartzo (SiO 2) um átomo de silício combina com dois átomos de


oxigênio, independente do ambiente em que é formado.

No mineral olivina (MgFe) 2SiO4 as relações que se mantem fixas são:

i) A soma das quantidades de Fe e Mg que são 2 (dois);


ii) Silício com um átomo e
iii) Oxigênio com 4 átomos.

No caso a proporção de Fe e Mg pode variar mas a soma é sempre dois.

. Muitos minerais variam as suas composições químicas dentro de limites


fixos. Assim, dolomita CaMg (CO 3)2 não é sempre um carbonato de Ca e Mg. Ela
pode conter quantidades consideráveis de Fe e Mn no lugar de Mg. Desta forma
a formula química do mineral dolomita pode ser expressa por: Ca (Mg, Fe, Mn)
(CO3)2.

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21
Os minerais são formados por processos inorgânicos (Figura 1.10). Vale
lembrar que existem substâncias que possuem todas as especificações de
mineral, mas formaram-se por processos orgânicos. Por exemplo, a pérola, o
petróleo (Figura 1.11), o âmbar (Figura 1.12), os recifes de corais (figura 1.13) e
o carvão, são algumas substancias biogênica que não podem ser consideradas
minerais. A composição dos recifes é carbonato de cálcio (CaCO 3) mesma
composição do mineral calcita, mas sua origem tem a intervenção de um
organismo vivo (Figura 1.13)

Figura 1.6: Cristal de calcita sendo martelado. Fonte: Pestana Joaquim. Site:
http://images.slideplayer.com.br/3/383616/slides/slide_25.jpg. Acessado em
20/06/2016

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22
Figura 1.7: Britador da mina de fosfato da Vale Fertilizantes (Antiga Fosfertil) que
está localizada no município de Tapira – MG. Foto Autoral.

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23
Figura 1.8: A acima Foto TCVA. Pepitas de ouro extraídas do garimpo em pontes
e Lacerda Site: http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2015/10. Acessado em
20/06/2016. Abaixo cristal de diamante (formado por átomos de carbono). Extraído
de http://myblog-jj.blogspot.com.br/2007/10/rochas-minerais-gemas-diamante.
html. Acessado em 20/06/2016

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24
Figura 1.9: Acima fotos de cristais de Ametista (SiO2) e calcita, Artigas RS,
Autoral. À esquerda o mineral galena (PBS), Extraído de
http://www.indiazinc.net/galena-ore.htm, acessado em 20/06/2016. Abaixo em
amarelo calcopirita (CuFeS 2) e em roxo bornita (Cu5FeS4). Extraído de
http://tesourosdomundointeiro.blogspot.com.br/2012/06/calcopirita. html.
Acessado em 20/06/2016.

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25
.

Figura 1.10: Derramamento de lava do vulcão Kilauea, no Havaí, Foto USGS:


Extraído de Harris, T. site: http://ciencia.hsw.uol.com.br/vulcoes.htm. Acessão em
20/06/2016.

Figura 1.11: O poço de Petróleo Stlindetop, 10 de janeiro de 1901. Fonte: Lucas


gusher.jpg In: site http://br.monografias.com/trabalhos3/terrorismo-para-reflexao-
pratica-pedagogica/terrorismo-para-reflexao-pratica-pedagogica2.shtml.
Acessado em 20/06/2016.

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26
Figura 1.12: Âmbar com Aranha. Extraído de https://tendimag.com/2015/01/24/
ambar-que-te-quero-ambar/ em 221/06/2016.

O que significa um arranjo atômico ordenado?

Um arranjo atômico ordenado é característico do estado cristalino e significa


que existe uma disposição regular de íons ou grupos de íons definindo assim uma
estrutura cristalina (Figura 1.14).

Desta forma, os átomos que constituem um mineral encontram-se


distribuídos de forma ordenada, formando um retículo tridimensional (retículo
cristalino) que é caracterizado pela repetição de uma unidade atômica ou iônica
fundamental que já tem as propriedades físico-químicas do mineral. Esta unidade
que se repete é denominada de célula unitária (Figura 1.15).

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27
Figura 1.13: A grande barreira de coral na Austrália possui 2.900 quilômetros de
largura e é um dos pontos de mergulhos mais famosos do mundo. Extraído de
http://guiaviajarmelhor.com/a-grande-barreira-de-corais-um-dos-destinos-mais-
visitados-da-australia/ em 20/06/2016. Foto Nasa: Extraído de
http://ciencia.hsw.uol.com.br/recifes-de-coral4.htm em 20/06/2016.

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28
Figura 1.14: Estrutura cristalina do mineral esfalerita (ZnS). A direita foto extraída
de http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/sulfetos/esfalerita.html em
05/05/2016.

Figura 1.15: Arranjo especial dos íons de Na + e Cl- no composto halita (NaCl), A
imagem à esquerda mostra a célula unitária e à direita o mineral. Extraído de
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristal em 05/05/2015.

A evidência de que os cristais possuem estrutura interna regular acha-se na


regularidade de sua forma externa, na presença de clivagem e na reação dos
cristais a luz, ao calor e aos raios X (Figura 1.16).

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29
Figura 1.16: Clivagem da calcita e cristais de quartzo. Extraído respectivamente
de http://www.tocadacotia.com/wp-content/gallery/mineralogia-2/clivagem-
mineralogia -18.jpg e https://bastoesegipcios.files.wordpress.com/2012/05/cristal-
quartzo.jpg, em 01 de julho de 2016.

Ressalta-se que o arranjo atômico dos átomos reflete diretamente em suas


propriedades físicas. Desta forma alguns minerais que possuem a mesma fórmula

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30
química mas uma estrutura cristalina diferente apresentam assim diferentes
propriedades físicas.

Denomina-se minerais polimórficos aqueles que possuem a mesma


composição química mas apresentam estrutura cristalina diferente. Na palavra
polimorfismo, poli significa vários e morphos significa forma.

Vale destacar que as propriedades físicas e químicas dos minerais


dependem da composição química, do arranjo dos átomos constituintes e da
natureza das forças elétricas que os unem. Exemplos de minerais polimórficos:
diamante (composto de átomos de carbono) e grafita (átomos de carbono) (Figura
1.17 e os minerais calcita (CaCO 3) e aragonita (CaCO 3).

Como visto acima polimorfismo implica em mesma composição química e


estrutura cristalina diferente. Por outro lado os minerais podem ser isomórficos
(iso = igual e morphos = forma). Os minerais isomórficos (ou isoestruturais) são
os que possuem estrutura cristalina semelhante, mas composição química
diferente ou variável dentro de certos limites. Este é o caso dos seguintes minerais
calcita (CaCO 3), magnesita (MgCO3) e siderita (FeCO 3) (Figura 1.18).

Em alguns casos pode ocorrer o intercâmbio de determinados elementos na


estrutura, originando minerais de composição intermediária entre os dois (ou mais)
termos finais. Este fenômeno conhecido como solução sólida.

A substituição iônica ou sólida exprime as relações nos minerais


isoestruturais no qual as composições se situem entre dois ou mais compostos
puros.

Este fenômeno pode ser exemplificado pelos minerais pertencentes ao


grupo da olivinas cujos extremos são os minerais forsterita (Mg 2SiO4) e fayalita
(Fe2SiO4). Neste caso a solução sólida ocorre pela substituição mutua dos íons de
Mg+2 e Fe+2 (Figura 1.19). Outro exemplo, grupo dos plagioclásios: albita
(NaAlSi3O8) e anortita CaAl 2Si2O8. Neste último grupo a solução sólida ocorre pela
substituição de (Na, Si) por (Ca, Al)

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31
Figura 1.17: Estruturas cristalinas dos minerais polimórficos: diamante (à
esquerda) e grafita (à direita) ambos minerais são formados por átomos de
carbono, mas devido à disposição dos átomos possuem propriedades físicas como
a dureza e a densidade diferentes. Extraídos de
(http://blog.cancaonova.com/paulovictor/files/2008/06/pedras-de-diamantes.jpg) e
(http://www.dicionario.pro.br/dicionario/images/e/e9/GrafitaEZ.jpg. Acessado em
20/05/2015

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32
CaCO3 FeCO3

Figura 1.18: Os minerais isomórficos calcita e siderita

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33
Figura 1.19: Solução solida representada pelos minerais do grupo das olivinas.
Acima forsterita extraída de
http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/silicatos/nesossilicatos/forsterita.html.
Abaixo faialita extraída de
https://www.mineralienatlas.de/lexikon/index.php/MineralData?mineral=Faialite

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34
1.1.1. Os modos de cristalização dos minerais

Os minerais podem ser formados no interior da terra ou na superfície eles


podem ser gerados a partir de:

a) solução e

b) uma massa de fusão e vapor.

a) Cristalização a partir de uma solução

Exemplo: Cloreto de sódio em água

Suponhamos que pela evaporação a água escape vagarosamente de uma


determinada região. Nestas condições, a solução conterá gradualmente cada vez
mais sal por unidade de volume. Com a continuação do processo, chegará o
momento em que a quantidade de água presente não poderá reter por mais tempo
o sal e ele então começará a se precipitar. Em outras palavras, parte do cloreto
de sódio, que até este momento foi mantido em solução, assume agora a forma
de sólido (Figuras 1.20 a 1.22.).

Figura 1.20: Sal amontoado por residentes locais na superfície da maior planície
de sal do mundo, a salina de Uyuni, em Potosí, Bolívia - Fonte:
http://www.infosurhoy.com/cocoon/saii/xhtml/pt/features/saii/features/2009/08/20/
feature-01.

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35
Em solução os cristais também poderão se formar a partir do abaixamento
de temperatura e pressão. A água quente dissolverá um pouco mais de sal do que
a água fria. Uma diminuição da temperatura promoverá a supersaturação e
consequentemente à precipitação. Por outro lado, quanto maior a pressão em que
a água estiver sujeita tanto mais sal ela poderá manter em solução. Uma
diminuição na pressão promoverá a supersaturação e em consequência
promoverá a precipitação.

Figura 1.21: Formação de sal fotografada em vista aérea no mar morto. Lago no
mar morto. Figura acima foi Extraída em 29/06/2013 as 20horas do site
http://noticias.uol.com.br/album/111203semana_album.htm?abrefoto=3#fotoNav=
9 e a figura de baixo foi extraída em 01/07/20124 de
http://meioambiente.culturamix.com/natureza/tudo-sobre-o-mar-morto.

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36
Figura 1.22: Evaporitos. Fonte: Eduardo Gonzalez Diaz in:
http://previews.123rf.com/images/edu1971/edu19711212/edu1971121200041/16
653852-Evaporites-soluble-rocks-caused-by-the-evaporation-of-water--Stock-
Photo.jpg. Acessado em 30/06/2016

b) Cristalização a partir de uma fusão

Um cristal formado a partir de uma massa em fusão comporta de maneira


parecida com o que acontece em solução. O exemplo mais familiar é a
cristalização do gelo, quando a água se resfria.

As rochas ígneas formadas a partir de um magma, embora mais complicado


é semelhante ao congelamento da água. No magma, existem muitos elementos
em estado dissociado, com o resfriamento muitos íons são atraídos uns pelos
outros formando os núcleos dos diferentes minerais (Figuras 1.23 e 1.24).

Os minerais podem ser também produzidos a partir do resfriamento de um


gás. Isto por que durante o resfriamento os átomos e moléculas dissociados unem-
se cada vez mais intimamente até que, por fim, forma um sólido com estrutura
definida.

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37
Como exemplo podemos citar os flocos de neve e a formação do enxofre
nativo. Na formação da neve, o ar carregado de vapor resfria e os cristais de neve
formam-se diretamente a partir do vapor. Na formação do mineral enxofre o
resfriamento de fumarolas nas regiões vulcânicas depositam partir de vapor o
mineral enxofre (Figura 1.25).

Figura 1.23: Foto :Joaquim Loureiro in: https://www.redeconstrucao.com/registo.


Acessado em 30/06/2016. Abaixo Foto Theo Lautrey In:
http://gdb.voanews.com/EE2589CE-52F7-435A-A8CD-01C5F69EC932_w987_r1
_s. jpg Acessado em 30/06/2016.
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38
Figura 1.24: o vulcão Etna estava expelindo bolhas de magma quente: fonte
NASA.

1.1.2. Algumas Propriedades dos Minerais Importantes na Pesquisa

a) Dureza,

b) Densidade

c) Magnetismo

d) Propriedades elétricas

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39
Figura 1.25: Enxofre. Extraído de http://2.bp.blogspot.com/-0afxc_NZXkE/T75-
J3AIhOI/AAAAAAAAlGM/czrVQ4SEp1c/s640/enxofre-extracao-flickr.jpg.
Acessado em 20/06/2016

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40
a) Dureza:

É a resistência que a superfície lisa de um mineral oferece ao ser riscado,


isto é resistência à desintegração mecânica.

Assim como as outras propriedades físicas a dureza do mineral depende de


sua estrutura cristalina. Dentro da estrutura quanto mais forte as forças de união
entre os átomos, tanto mais duro é o mineral. O grau de dureza é determinado
observando a facilidade ou a dificuldade relativa que um mineral é riscado pelo
outro, por uma lima ou um canivete.

Escala de Dureza de Mohs

1) Talco

2) Gipso

3) Calcita

4) Fluorita

5) Apatita

6) Ortoclásio

7) Quartzo

8) Topázio

9) Coríndon

10) Diamante

Para se determinar a dureza relativa de qualquer mineral é necessário achar


qual destes minerais acima ele pode riscar.

Nota: a dureza depende da estrutura do mineral (por exemplo grafita e


diamante) (vide Figura 1.17).

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41
Como a intensidade das forças unindo os átomos difere em diferentes
direções, a dureza é uma propriedade vetorial. Nestas condições, os cristais
podem mostrar graus variados de dureza dependendo das direções em que são
sulcados.

Nos minerais isoestruturais (mesma estrutura cristalina e composição


química diferente) a dureza é uma função do raio iônico. Isto porque as forças
eletrostáticas na estrutura cristalina são proporcionais ao inverso da distância

QQ 
cátion-ânion. F   1 2

 d 
2

Podemos concluir que quanto maior à distância (d) cátion-ânion, menor será
a dureza.

b) Densidade relativa

É um número que expressa à relação entre o peso de um mineral e o peso


de um volume igual de água a 4C. Se um mineral tem densidade relativa igual a
dois, isto significa que este mineral pesa duas vezes mais que o mesmo volume
de água. A densidade de um mineral é dependente da espécie e do arranjo dos
átomos de que é composto.

Nos compostos isomórficos em que o arranjo é constante, os átomos com


peso atômico mais elevado exibem uma densidade relativa mais elevada (Quadros
1.1 e 1.2).

Ligações Químicas nos Minerais

Como dito anteriormente os minerais apresentam uma composição química


constante dentro de certos limites. Os elementos químicos dentro dos mine rais
estão unidos através de diferentes tipos de ligações que podem ser: iônica,
covalente, metálica e Van der Walls.

Na ligação iônica cátions (íons de carga positiva) se unem com ânions (íons
de carga negativa). Exemplo halita (NaCl), o cátion Na de Valencia (+1) une-se ao
ânion Cl (Valencia -1).

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42
Nas ligações covalentes, há o compartilhamento de elétrons Ex: diamante,
ligação entre os átomos de carbono.

A mais fraca das ligações é do tipo Van der Walls, que unem moléculas e
unidades estruturais praticamente neutras, isto é com pequenas cargas residuais.
Vale reforçar que a força de ligação influência nas propriedades físicas dos
minerais.

c) Propriedades Elétricas e Magnéticas

Quando um mineral em seu estado natural é atraído por um imã ele é


denominado de magnético (ex.: magnetita e pirrotita). Esta propriedade é muito
importante na pesquisa mineral porque muitos depósitos metálicos apresentam
magnetita associada com os sulfetos que contém o material de interesse (Figura
1.26).

MINERAL Composição Peso atômico dos cátions Densidade

Aragonita CaCO3 40.08 2.95

Estrocianita SrCO3 87.63 3.70

Witherita BaCO3 137.63 4.30

Cerussita PbCO3 207.21 6.55

Quadro 1.1: Minerais isoestruturais. Observe que quanto maior o peso atômico
dos cátions maior a densidade.

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43
Mineral Composição Massa atômica Densidade

Olivina

a) Forsterita Mg2SiO4 Mg = 24,31 3,22

b) Fayalita Fe2SiO4 Fe = 55,85 4,41

Carbonato

a) Calcita CaCO3 Ca = 40,08 2,71

b) Magnesita MgCO3 Mg = 24,31 2,98

c) Rodocrosita MnCO3 Mn = 54,94 3,70

d) Siderita FeCO3 Fe = 55,85 3,95

e) Smithsonita ZnCO3 Zn = 65,37 4,45

Quadro 1.2: Minerais isoestruturais. Observe que quanto maior o peso atômico
dos cátions maior a densidade.

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44
Figura 1.26: Mineral Magnetita. Extraído de http://c1.quickcachr.fotos.sapo
.pt/i/B991591af/15950746_4Pdf4.jpeg. Abaixo Mineral Pirrotita. In:
http://aulas.iesjorgemanrique.com/calculus/jmol/pirrotita/pirrotita.jpg. Acessado
em 20/06/2016

Em outro caminho muitos minerais são maus condutores de eletricidade.


Contudo alguns metais nativos como ouro, prata, cobre são excelentes
condutores. Esta propriedade é função da ligação metálica desses minerais.

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45
Alguns minerais como os sulfetos apresentam ligações em parte metálicas
e por isto são semicondutores. E finalmente quando ocorre o predomínio de
ligações covalentes e iônicas os minerais são maus condutores. Como veremos
mais tarde esta propriedade é de suma importância na localização, descoberta ou
procura de depósitos metálicos.

1.2. Mineralóide

É qualquer sólido ou líquido que ocorre naturalmente e que não possui


arranjo atômico sistemático dos átomos que o constitui. Mineralóide: sólido natural
não cristalino ou não atende alguma outro quesito do conceito de mineral

Exemplo: petróleo, âmbar, vidro vulcânico, carvão e betume. Num sentido


mais amplo, estes compostos pertencem ao reino mineral e, como tais, estão
incluídos entre os que se reconhece como “Recursos Minerais” da crosta terrestre
(Figura 1.27).

Figura 1.27: Á esquerda Âmbar. Á direita Petróleo. Figura a esquerda foi extraído
em 01/07/2013 de http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/grm.html e à figura a
direita foi extraído em 04/04/2014 de
http://www.dep.fem.unicamp.br/boletim/BE13/artigo4_arquivos/image001.jpg.

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46
1.3. Gemas

São minerais que possuem características de beleza, resistência e, na


maioria das vezes portabilidade. Normalmente, são substâncias raras na natureza
(Figuras 1.28 a 1.30).

Figura 1.28: Topázio Imperial bruto. Foto autoral. Salto/ Ouro Preto, MG

Atualmente gema é o nome usado para materiais lapidados que eram


chamados de pedras preciosas e semipreciosas (Figura 1.30).

Lapidação é uma técnica que procura valorizar a beleza das gemas.

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47
Importância econômica

O Brasil é uma das nove províncias gemológica do mundo, entendendo-se


como província gemológica uma região geográfica com excepcional volume e/ou
produção de gemas.

No Brasil são produzidas mais de noventa gemas diferentes, com destaques


para:

a) Variedades de berilo: água-marinha (considerada a gema mais típica do


Brasil), esmeralda, heliodoro, morganita e goshenita;

b) Turmalinas (verdes, azuis, róseas, incolores, bicolores e tricolores),


incluindo a rara e valiosa turmalina Paraíba;

c) Minerais de sílica: ametista, cristal-de-rocha, citrino, quartzo róseo,


quartzo com rutilo, quartzo azul, prásio, etc., calcedônia (ágata,
crisoprásio), e opalas;

d) Espodumênio, com duas variedades muito raras, a kunzita e a hiddenita;

e) Crisoberilo, com duas variedades também, a alexandrita e o olho-de-


gato (este muito raro);

f) Topázio imperial.

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48
Figura 1.29: Esmeralda descoberta na Bahia, pesando cerca de 400 quilos e de
valor estimado em torno de R$ 2 bilhões (Foto Rede Globo). Extraída de
http://www.policiaepolitica.com.br/2012/09/17/. Acessada em 20/05/2015. Abaixo
esmeralda extraída no garimpo de Nova Era, MG.

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49
Figura 1.30: Gemas.

1.4. Minerais Industriais

São rochas e minerais não metálicos, aplicados em produtos e processos,


como matérias primas, insumos ou aditivos, em diversos segmentos industriais,
tais como, cerâmicas, tintas, fertilizantes, papel, farmacêutico, vidro, abrasivos,
plásticos, borracha, cimento e materiais de construção.

Alguns dos minerais industriais mais largamente utilizados são: dolomita,


argilas, grafita, caulim, amianto, fluorita, cromita, diatomita, feldspato, magnesita,
sílicas, calcita, mica, talco, gipsita, olivina, pirofilita, sal, barita.

Contrariamente aos minerais metálicos, as características físicas e de


desempenho dos minerais industriais sobrepõem-se à composição química na
definição do valor do produto mineral e de seu potencial de mercado.

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50
Figura 1.31: Mineração de ardósia cinza em Papagaios – MG. Extraído de
http://www.catchingphotons.co.uk/blog/?p=164. Acessado em 20/04/2014

Figura 1.32: Extração de Quartzo na Paraíba. Extraído de


http://www.paraiba.pb.gov.br/segundo-a-cdrm-paraiba-e-rica-em-bens-de-origem-
mineral/. Acessado em 20/04/2014

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51
1.5. Rochas

A crosta terrestre é constituída essencialmente de rochas. As rochas podem


ser definidas como agregados naturais ou massas de um ou mais minerais
(incluindo vidro vulcânico e matéria orgânica) e mineralóides, que constituem
unidades definidas na crosta.

As rochas podem ser individualizadas, por que os minerais ao se agregarem


obedecem às leis físicas, químicas e físico-químicas atuantes no ambiente de
formação. As rochas possuem seus grãos muito bem unidos (diferente das areias
em praias e rios) devido à força de coesão. Em função desta força de ligação entre
os grãos as rochas podem variar entre duras, Figura 1.33 (bastante coesas) e
brandas (baixa força de coesão) (Figura 1.34.) e os minerais podem estar sem
força de coesão, inconsolidados (Figura 1.35).

Os minerais constituintes da rocha podem ser essenciais ou acessórios.


Os primeiros estão sempre presentes e são os que predominam na rocha, sendo
que suas proporções vão ser responsáveis pelo nome da rocha. Os acessórios
ocorrem em quantidades muito pequenas eles não são fundamentais para a
denominação da rocha (Figura 1.36.).

Do ponto de vista da pesquisa mineral as rochas podem ser consideradas


como fontes ou reservatórios de matérias primas (minérios, materiais de
construção, combustíveis fósseis, água subterrâneas, etc.). Ressalta-se que para
fins de pesquisa mineral, além da identificação, caracterização das rochas muitas
vezes torna-se necessário compreender sua história evolutiva, o qual pode
influenciar nas diversas fases de um empreendimento mineiro (da pesquisa ao
fechamento de uma mina).

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52
Figura 1.33: Acima, granito, rocha ígnea (dura) In: http://www.comprason-
line.com/wp-content/uploads/2012/09/pedra-granito.jpg. Acessado em 20/06/2016

Figura 1.34: Lavra de bauxita, decapeamento de terreno com dragline. Foto MRN
In: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/eftMRN/img/decapeamento.jpg. Acessado
em 20/06/2016

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53
Figura 1.35: Duna, material solto sem força de coesão, Lençois Maranhenses
Fonte: Jota Marincek In: http://blog.venturas.com.br/wp-
content/uploads/2016/04/open-uri20160314-6-1x1hgzb.jpegmaterial. Acessado
em 20/06/2016

Figura 1.36: Granito rocha composta pelos minerais essenciais: quartzo (cinza),
feldspato potássico(rosa) e mica (preto).

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54
2.2. Minério:

É uma rocha, isto é um agregado de mineral-minério e mineral(ais)


de ganga que com a tecnologia existente pode ser normalmente utilizada para a
extração econômica de um ou mais metais.

É um mineral ou uma associação mineral (rocha) que quando as condições


são favoráveis, podem ser trabalhados comercialmente, possibilitando a extração
de um ou mais metais (Figuras 1.37 a 1.41).

Vale ressaltar que segundo a definição o conceito de minério é baseado em


considerações econômicas e não geológicas.

Figura 1.37: Minério de cromo, Campo Formoso – Bahia, Cia de Ferro Ligas da
Bahia - Ferbasa. Fonte Lauro Juarez, Rochas, Minerais, Gemas e Fósseis IN:
http://2.bp.blogspot.com/-uidhsUrxxcE/UlRb4egcVeI/AAAAAAAAAqM/RDMZ8Jb
SsH0/s320/cronita2.jpgAcessado em 20/07/2016.

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55
Figura 1.38: Minério de cobre Jaguararí – Bahia (Mineração Caraíba S.A) Fonte
Lauro Juarez, Rochas, Minerais, Gemas e Fósseis IN: http://3.bp.blogspot.com/-
SyEJML87mgU/Uwn2CaXOe9I/AAAAAAAAA14/zEQNQzQl214/s1600/calcopirita.
jpg. Acessado em 20/07/2016.

2.3. Mineral-minério:

É o mineral (ou minerais) presente no minério que pode ser utilizado para a
extração econômica de um ou mais metais (Figuras 1.39 e 1.40).

2.4. Minerais de Ganga:

São os minerais desprovidos de valor associados ao minério, isto é que


ocorrem juntos aos minerais-minérios (Figura 1.41).

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56
Figura 1.39: Minério de ferro (itabirito). Observe a intercalação dos minerais-
minérios (óxidos de ferro, magnetita e hematita) de coloração cinza escuro e os
minerais de ganga (quartzo -branco), Foto cedida pela MBR, Mineração Brasileiras
Reunidas S.A.

Figura 1.40: Na foto, a mina de Germano, da Samarco, em Mariana (MG), minério


de ferro. (FOTO: Simião Castro). Fonte: http://www.pautandominas.com.br/
mini.php?gd=2&src=arquivos/MinaSamarcoGermano-SimaoCastro-1446812958.
jpg&maxw=618. Acessado em 01/08/2016.

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57
Figura 1.41: Testemunho de sondagem; Rocha Itabirito. Minerais minério cinza
escuro, minerais de ganga cinza claro Foto cedida pela MBR, Mineração
Brasileiras Reunidas S.A.

Ressalta-se que o minério como ocorre na natureza não possui


especificações de mercado, por isto este passa por um processo de
beneficiamento que objetiva ter um produto com as características tecnológicas
exigidas pelo mercado.

A operação de beneficiamento do minério denominada de concentração


consiste na separação seletiva de minerais e fundamenta-se nas diferenças de
propriedades entre o (os) mineral-minério e os minerais de ganga. Entre estas
propriedades se destacam: peso específico (ou densidade), suscetibilidade
magnética, condutividade elétrica, propriedades químicas de superfície, etc. Em
muitos casos, também se requer a separação seletiva entre dois ou mais minerais
de interesse.

De modo bem simples após o minério ser submetido à redução de tamanho,


promovendo a liberação adequada dos seus minerais, estes podem ser
submetidos à operação concentração, obtendo-se, nos procedimentos mais

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58
simples, um concentrado, que contém o metal de interesse (Figura 1.42) e um
rejeito (Figura 1.43), formado principalmente pelos minerais desprovidos de valor.

O termo concentração significa, geralmente, remover a maior parte da


ganga que se encontra em grande proporção no minério.

Figura 1.42: Pátio de estocagem de concentrado. Mina de fosfato Vale


Fertilizantes, Foto autoral.

2.5. Afloramento:

É a interseção da jazida com a superfície topográfica do terreno. O


afloramento pode ser normal, saliente ou em rebaixo (Figuras 1.44 e 1.45).

2.6. Capeamento:

Material detrítico que recobre uma jazida pouco inclinada ou de grande área
horizontal (Figura 1.46).

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59
Figura 1.43: Deposição de magnetita na barragem de rejeito, Vale Fertilizantes,
Araxá, Minas Gerais, Foto Autoral.

2.7. Rochas Encaixantes:

As rochas encaixantes são as rochas que envolvem o minério, isto é estão


em contato com o minério. (Figuras 1.47 e 1.48). Se a substância útil encontra-se
disseminada na rocha, esta recebe o nome de rocha matriz ou rochas hospedeiras.
Em uma mina a rocha encaixante que envolve o minério é denominada de rocha
estéril. Esta rocha após o seu desmonte é enviada principalmente para a pilha de
estéril (Figura 1.49).

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60
Figura 1.44: Afloramento de Quartzitos Itatiaia. Ouro Preto, Minas Gerais. Foto
Autoral

Figura 1.45: Afloramentos de Quartzitos, Salto, Ouro Preto/Minas Gerais. Foto


Autoral.

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61
Figura 1.46: Mina de fosfato - Vale Fertilizantes. Observe 60 metros de
capeamento enriquecido em titânio, Foto Autoral 2007.

S
Pico de itabirito
Argilas lateríticas e minério itabirito
rolado
Contato

Formação Cauê

Filito
sericítico Filito
dolomítico

Foto Mina
Figura 1.47: 3: Mina
do Pico – Formação Cauê- Minério de ferro. Filito Rocha
Encaixante, Foto cedida pela MBR, em março de 2006.

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62
Dolomito

Formação Ferrífera

Filito
Quartzito
Mina do PICO

Figura 1.48: Rochas encaixantes da formação ferrífera na Mina do Pico.


Formação Cauê- Minério de ferro. Filito Rocha Encaixante, Foto cedida pela MBR
em março de 2006.

Figura 1.49: Pilha de Estéril: Vale Fertilizantes. Araxá. MG, foto autoral, abril de
2015.

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63
2.8. Capa e Lapa:

Denomina-se capa a massa de rocha encaixante sobrejacente ao corpo de


minério e lapa é a massa de rocha encaixante subjacente ao mesmo (Figuras 1.50
e 1.51).

Em trechos verticais da jazida essa distinção é impraticável e a massa de


rocha recebe a denominação genérica de encaixante.

Lapa

Figura 1.50: Rocha Encaixante de um veio de quartzo. Fonte:


http://www.cprm.gov.br/estrada_real/zoom/Figura77.jpg.

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64
Figura 1.51: Capa e Lapa em desenvolvimento subterrâneo. Extraído de
http://2.bp.blogspot.com/-yyNTy43Z6Mo/TZwEg_u09II/AAAAAAAAAuM/0Mr_ijk
QvBc /s400/17%2BDESEV%2BSUBT%2BACESSO%2BEM%2BCORPO%2
BINCLINADO.jpg. Acessado em 20/06/2016.

2.9. Mina

É uma jazida em fase de Lavra (Figura 1.52.). A lavra pode ser a céu aberto
(Figuras 1.52 E 1.53), subterrânea (Figuras 1.54 e 1.55) e a partir de perfurações
(Figura 1.56).

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65
Figura 1.52: Mina de fosfato, Vale Fertilizantes, Araxá, Foto Autoral.

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66
Figura 1.53: Mina a céu aberto Udachnaya Pipe (Mina de Diamantes), Rússia.
In:http://www.hojeeuvi.com/wp-content/uploads/2013/12/Mine-Mirny-03.jpg.
Acessado em 20/06/2016

Figura 1.54: Mina Subterrânea (São Bento), cedida pelos alunos do curso de
engenharia de minas, disciplina mecânica das rochas, 2005.

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67
Figura 1.55: Mina San José de cobre e ouro, Atacama Chile. In:
http://www.rtve.es/ alacarta/videos/ rescate-de-mineros-en-chile/33-atacama-
vuelven-mina-san-jose-ano-despues/1221938/. Acessado em 20 07/2016.

Figura 1.56: Poço de petróleo “Cavalo de pau” . In: https://upload


.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/53/Bomba_Cabe%C3%A7a_de_Cav
alo.jpg/1280px-Bomba_Cabe%C3%A7a_de_Cavalo.jpg. Acessado em
01/07/2016

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68
Figura 1.57: Produção de Petróleo. In: extraída de http://www.infoescola.com/
geografia/petrobras-e-o-petroleo-no-brasil/ em 04/04/2014.

2.10. Cava.

Quando a lavra se faz por vários bancos a cava tem uma forma final
semelhante a uma pirâmide circular, invertida na terra, onde cada banco sucessivo
é lavrado com um raio menor devido às questões impostas pela estabilidade de
taludes e segurança (Figuras 1.58 a 1.61).

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69
Figura 1.58: Cava em Mina de diamantes no Canadá, seta vermelha indica um
caminhão fora de estrada. In: http://photos1.blogger.com/x/blogger/
1565/1268/200/97922/pic09313.jpg. Acessado em 01/08/2016

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70
Figura 1. 59: A maior mina de diamantes do mundo, em termos de extensão, fica
em Botswana, África do Sul. Minerais conferem o tom azul à rocha. Desde 1971
se extraem diamantes aqui, e calcula-se que a exploração ainda possa continuar
por quase 50 anos. Extraído de: http://fazdesign.com.br/impacto-humano-visto-do-
espaco/#sthash.lrgj90ZL.dpuf, Acessado em 05/05/2015.

Figura 1.60: Mina de ferro, Carajás.

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71
Figura 1.61: Mina de Niobio Anglo Gold. Extraído de Minérios e Minerales In:
http://www.minerios.com.br/Conteudo/Arquivos/Mat%C3%A9rias/DESMONTE_op
era%C3%A7%C3%A3o1.jpg. Acessado em 20/06/2016.

2.11. Talude:

Qualquer superfície inclinada que limita um maciço terroso ou rochoso


(Figuras 2.30 a 2.32).

Figura 1.62: Talude de corte. Extraído em 04/04/2013 as 2:00 de


http://www.deflor.com.br/portugues/solucoes_taludes.html.

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72
Figura 1.63: Talude de corte em mineração. Postado por ascomseicom, In:
https://seicompa.files.wordpress.com/2012/04/mineracao-24-04-20122.jpg?w=
300&h =195. Acessado em 20/06/2016.

Figura 1.64: Talude de corte. Foto cedida pela MBR em maio de 2016.

2.12. Ângulo Geral de talude:

É o ângulo que uma linha tangencial (ou um plano tangencial) as cristas dos
sucessivos bancos faz com o plano horizontal imaginário (Figuras 2.33 e 2.34).

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73
Uma outra definição o ângulo geral de talude é o ângulo formado que o plano
imaginário que passa pela crista do primeiro banco e o pé do último banco faz com
um plano horizontal imaginário (Figura 2.34).

2.13. Pilha Pulmão:

São pilhas que funcionam como estoque regulador de material para cobrir
eventuais paradas na produção. Estes estoques podem ser bastante úteis
funcionando como reserva para a operação em época de chuva, nas paradas
previstas ou de emergência para a mina (Figura 2.35).

2.14. Pilha de Homogeneização:

Em uma mineração é raro minérios homogêneos, isto é a vários tipos de


minério, por isto antes de alimentar a usina de beneficiamento torna-se necessário
homogeneizar o material (Figura 2.36). A pilha de homogeneização consiste
basicamente na combinação adequada de materiais que podem ter composição
química e granulométrica diferentes, de modo a se obter um produto homogêneo,
que apresenta as características desejadas e constantes e com maior estabilidade
de composição química (Figuras 2.37 a 2.38).

2.15. Run of Mining (ROM)

É o minério bruto, obtido diretamente da mina, sem sofrer nenhum tipo de


beneficiamento (Figura 2.39).

2.16. Bota-fora

São locais na superfície, pré-selecionados e onde não exista minério onde


são dispostos os resíduos da mineração (Figuras 2.40 e 2.41).

“Nas atividades de mineração, as principais fontes de degradação são: a


deposição de resíduos ou rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento e a

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74
deposição de materiais estéril, ou inerte, não aproveitável, proveniente do
decapeamento superficial” (IBRAM, 1987).

Figura 1.65: Cava da Mina do Pico. Vale – Minério de Ferro, linha preta representa
o ângulo geral de talude.

Figura 1.66: Ângulo geral de talude.

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75
Figura 1.67. Pilha pulmão Mina de nióbio da CBMM. Seta. Observe que a pilha
encontra-se protegida das intempéries climáticas. A pilha pulmão está localizada
próximo do britador primário.

2.17. Produção:

O termo produção se refere a qualquer tipo de atividade destinada à


fabricação, elaboração ou obtenção de bens e serviços. Em geral é um parâmetro
que correlaciona o volume com um fator tempo Figura 2.42 (exemplo:
tonelada/mês)

2.18. Produtividade

A produtividade é relação a produção e fatores utilizados na produção


(trabalhadores). Exemplo tonelada/mês/trabalhadores

2.19. Cinturão verde

Os cinturões verdes são matas nativas preservadas no ambiente da


mineração

2.19. Barreira vegetal

É um cortinamento vegetal utilizado com objetivo de minimizar o impacto


ambiental na área da mineração, diminuindo a migração da poeira, melhorando o
impacto ambiental, criando um microclima que pode atrair a fauna. Em geral é
constituída por culturas rápidas como eucalipto.

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76
Figura 1.68: Vários tipos de minério de ferro, na sequencia Hematita, compacta,
hematita media, hematita friável, itabirito rico, itabirito silicoso e itabirito duro. Foto
cedidas pela MBR em março de 2006.

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77
Figura 1.69: Pilha de homogeneização Mina de Niobio CBMM.

Figura 1.70: Pilha de Homogeneização Vale Fertilizantes Mina de Fosfato de


Tapira/MG.
Carla Maria Mendes Lacerda
78
Figura 1.71: Área de extração do ROM. Mina de ferro Carajás.

Barragem de
estéril
contenção de
sedimentos

efluente

produtos

Recirculação de efluente
água industrial Barragem de rejeito

Figura 1.72: Áreas da mina: observe o sistema de contenção de resíduos.


Carla Maria Mendes Lacerda
79
Figura 1.73: Barragem de rejeito da unidade de Germano da Samarco (Mariana-
MG). Extraído de http://revistadoispontos.com/trilha-do-minerio/aguas-gerais/

Figura 1.74: Reserva de minério de ferro mundiais e produção anual durante o


ano de 2013. Fonte: DNPM/DIPLAM; USGS - Mineral Commodity Summaries –
2014. (1) reserva lavrável; (2) Estimativa de produção da China baseada em
minério bruto; (e) dados estimados, exceto Brasil.

Perguntas importantes:

Conceitue:

a) Rochas,
b) Minério,
c) Minerais-minérios,
d) Minerais de ganga,
e) Capeamento,
f) Afloramento,
g) Talude,
h) Ângulo geral de talude,

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80
i) Rocha estéril,
j) Rocha encaixante,
k) Capa e Lapa,
l) Cava,
m) Mina,
n) Pilha pulmão,
o) Pilha de homogeneização,
p) ROM,
q) Bota fora,
r) Cinturão verde,
s) Barreira vegetal,
t) Produção,
u) Produtividade.

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81
Capítulo 3- Jazida e ocorrência

3.1. Mineração

A mineração pode ser conceituada como a arte de descobrir, avaliar e


extrair substâncias minerais ou fósseis existentes na superfície ou no interior da
terra.

Dentro de um empreendimento mineiro quatro princípios fundamentais, a


saber, devem ser considerados:

 Segurança;

 Economia;

 Bom aproveitamento da jazida.

 Proteção Ambiental

Qualquer empreendimento mineiro deve ter como objetivos centrais a


maximização do aproveitamento econômico, bem como uma maximização de
recursos. Além disto, os trabalhos em um empreendimento devem sempre se
desenvolver em condições técnicas, seguras, econômicas dentro dos princípios
de proteção ambiental.

3.2. Depósito mineral

Os depósitos minerais são locais geográficos onde uma massa ou volume


de rochas apresentam uma ou mais substâncias minerais concentradas de forma
anômala, quando se compara com a distribuição média dessa substancia na
crosta.

82
3.3. Jazida

Á jazida é depósito convenientemente provado (isto é quantificado em


termos de teor e volume) e passível de ser economicamente aproveitado. Os
elementos essenciais para definição da reserva de uma jazida são o teor e o
volume.

3.4. Ocorrência Mineral

Denomina-se ocorrência mineral os depósitos que apresentam uma


concentração anômala de um ou mais minerais, porém sem interesse econômico
imediato ou técnica mineral para seu aproveitamento.

Vale ressaltar que geólogos consideram ocorrência mineral como o local de


aparecimento de um bem, diferente do conceito apresentado pelos Engenheiros
de minas

Vale ressaltar que os conceitos de jazida e ocorrência não são estáveis no


tempo e no espaço. Desta forma uma ocorrência mineral pode se transformar em
jazida e vice-versa devido a fatores como:

i) Tecnologia disponível;

ii) Oferta versus demanda do bem;

iii) Preços de mercado do produto.

Como visto acima um depósito é denominado de jazida quando o mesmo é


exequível do ponto de vista econômico, mas esta viabilidade depende de vários
fatores como:

a) Distância do depósito em relação ao mercado consumidor (onde se localiza


a jazida), como será o escoamento do concentrado?
b) Preço de venda do concentrado
c) Custo para produção de uma tonelada do minério

Carla Maria Mendes Lacerda


83
Ressalta-se que o preço de venda do minério deve cobrir todos os custos
de produção e ainda gerar lucro.
d) Tipo de depósito e seu tamanho
Depósitos de pequenos porte podem não ser suficientes para justificar o
empreendimento e cobrir o investimento inicial.
e) Tipo de lavra (céu aberto ou subterrânea).

Exemplo: Ferro

Vale ressaltar que desenvolvimentos tecnológicos ampliam os recursos


minerais. Como é o caso da pelotização, que permitiu o aproveitamento de
minérios de ferro com granulação fina que anteriormente eram considerados
estéreis. Além disto desenvolvimento de tecnologias no beneficiamento do minério
de ferro permitem atualmente a recuperação de minérios de baixo teor, que antes
não tinham valor econômico.

Exemplo: Estanho

Na década de 80 com as descobertas das jazidas de ‘Pitinga’ e ‘Bom


Futuro’, situadas nos Estados do Amazonas e Rondônia, respectivamente, o Brasil
alcançou a primeira posição entre os países produtores de estanho durante o
triênio 1988-1990. No entanto este cenário mudou devido ao esgotamento do
minério de alto teor e de fácil extração em Bom Futuro e pela diminuição das
reservas do minério em placer em Pitinga. Além disto houve uma queda razoável
no preço do estanho.

Em meados da década de 80, a Bolsa de Metais de Londres cotava o metal


a US$18.000/t. Hoje o preço do metal gira em torno de US$ 5.600/t. O motivo da
queda do preço está associada a grande oferta do produto e da substituição do
estanho por outros materiais em embalagens de alto consumo.

Como consequência, durante uma década os depósitos de Pitinga se


tornaram inviáveis do ponto de vista econômico.

Exemplo: Carvão

Carla Maria Mendes Lacerda


84
Fonte: Balanço mineral 2001

“A produção brasileira de carvão metalúrgico caiu para níveis muito baixos (50.000 t/ano)
e a de energético ficou quase estagnada nos últimos doze anos.

Até o final da década de oitenta, as siderúrgicas brasileiras eram obrigadas a adquirir


carvão coqueificável produzido em Santa Catarina, para mistura com coqueificável importado,
mistura que não era desejada pela indústria, devido à má qualidade do coqueificável brasileiro.
Em1990, essa obrigatoriedade foi retirada, eliminando dessa forma o mercado do carvão brasileiro
para uso siderúrgico, e, após um breve período de transição, a partir de 1991, não mais foi
produzido no país esse tipo de carvão, restando a partir daí apenas uma pequena produção de
carvão coqueificável para fundição. O coqueificável brasileiro para fins siderúrgicos era obtido por
beneficiamento de baixo rendimento, o que explica os altos valores de produção de R OM
verificados até 1989”

Por outro lado o preço do minério diminuir devido ao aproveitamento da


sucata, o que vem segundo o balanço mineral, DNPM 2001, aconteceu para o
chumbo no período (1988–2000), tanto no mercado internacional quanto no
mercado nacional. Além disso, Dnpm 2001 “ A participação da produção do metal
secundário no consumo interno de chumbo, conseguida através de recuperação de sucatas, tem
crescido em relação ao metal produzido no país, pois hoje esta contribuição chegou a 90%. Estes
dados vem crescendo especialmente devido ao aumento do número de indústria automotiva
instalada no território nacional, bem como a economia de energia e conscientização ambiental,
pois os vendedores de bateria recebem as usadas proporcionando um abatimento na aqu isição
da nova”.

Do exposto acima fica evidente que a obtenção de substâncias a partir de


um depósito mineral depende de vários fatores que podem estar ligados às
características do depósito ou a fatores inerentes a sua formação como preços,
fatores políticos e modos de aplicação de suas substâncias úteis. Um estudo
integrado de todos esses fatores é que indicará se a substância mineralizada pode
ser lavrada e gerar produtos comerciais economicamente rentáveis.

A pesquisa mineral tem como objetivo final a determinação do valor de uma


jazida.

A reserva inicial economicamente lavrável deve apresentar qualidades e


quantidades que justifiquem o retorno do investimento necessário durante a vida
útil provável da jazida.

Carla Maria Mendes Lacerda


85
A decisão de continuar ou intensificar a exploração de um corpo mineral
requer a apreciação de vários fatores estranhos ao campo da geologia. Esses
fatores devem ser estudados por uma equipe de especialistas multidisciplinar em
um relatório detalhado de exequibilidade econômica antes de decidir em pôr a
mina em produção.

Os elementos básicos para a avaliação (cubagem) de uma jazida são a


quantidade (volume) e qualidade (teor). Estes elementos são necessários mas não
suficientes.

Muitos outros fatores exercerão influência ponderável, tais como:

i) Custo de lavra e beneficiamento

ii) Preços de venda;

iii) Transportes

iv) Mercados acessíveis

v) Custos de capital e etc.

Com referência a venda de produtos eles são governados pelas limitações


impostas pelo mercado, pelas previsões de preços, concorrentes etc.

3.5. Referências bibliográficas

Sites:

www.dnpm.gov.br

file:///D:/Usuario/Downloads/BALANCO_MINERAL_008_2001.pdf

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86
Capítulo 4 - Fases da Mineração

4.1. Caracterização das Minas

Os materiais presentes em uma mina podem ser separados em dois tipos


principais, denominados de minérios e estéreis (não minério). Na maior parte das
minas o minério é o material cujo destino é as usinas de beneficiamento e os
estéreis (não minério) são os materiais enviados às pilhas de deposição de estéril.

Em uma mina em atividade pode-se ter outro tipo de material, o qual poderia
ser considerado minério, embora no momento o seu aproveitamento pode não ser
uma possibilidade concreta. Estes materiais são depositados separadamente para
que no futuro possam ser reaproveitados e são denominados de protominérios.

O depósito de titânio (Vale Fertilizantes) é desmontado e depositado


separadamente para aproveitamento futuro é um exemplo de um protominério
(Figura 4.1).

4.2. Mineração e desenvolvimento sustentável

A mineração pode ser conceituada como a arte de descobrir, avaliar e


extrair substâncias minerais ou fósseis existentes na superfície ou no interior da
Terra.

“A mineração é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo


de forma decisiva para o bem estar e para a melhoria da qualidade de vida das
presentes e futuras gerações sendo fundamental para o desenvolvimento de uma
sociedade equânime, desde que seja operada com responsabilidade social,
estando sempre presentes os preceitos de desenvolvimento sustentável;
Kopezinski (2000) ¨”.

Em 1983 foi criada pela Assembleia Geral da ONU, a Comissão Mundial


sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, que foi presidida por Gro

87
Harlem Brundtland à época primeira-ministra da Noruega e por Mansour Khalid,
daí o nome final do documento.

O relatório da comissão Brundtland de 1987 define desenvolvimento


sustentável como sendo a abordagem ao progresso “que atenda às necessidades
do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras em satisfazer
suas próprias necessidades”.

O relatório mostra a necessidade de uma nova relação entre o ser humano


e o meio ambiente. Vale ressaltar que este objetivo não sugere uma diminuição
no crescimento econômico, mas sim uma harmonia das questões ambientais e
sociais.

A mineração vem contribuindo para a sustentabilidade do recurso com o


desenvolvimento de tecnologias que permitem aproveitar minérios com teores
cada vez mais baixo. Dentre as alternativas de beneficiamento desses minérios
podemos citar o aproveitamento dos rejeitos das barragens, do aproveitamento de
materiais ultrafinos gerados durante o beneficiamento, (exemplo Vale
Fertilizantes; Mina de fosfato, Tapira, MG), que foram ou eram descartados.

Como visto anteriormente depósitos de minério de ferro com granulação


fina, que no passados não eram aproveitados por falta de tecnologia, hoje são
pelotizados. Além disso, durante o processamento de minérios de ferro de alta
qualidade, os finos que são gerados são também pelotizados e usados em vez de
serem descartados. A pelotização é um tratamento térmico para aglomeração de
partículas ultrafinas de minério de ferro, resultando em pelotas que são utilizadas
na fabricação do aço.

Além dos fatores acima citados a mineração deve buscar o aproveitamento


total do recurso, assim como evitar o desperdício e tomar medidas a fim de mitigar
o impacto ambiental durante a vida do empreendimento.

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88
.

Solo Orgânico

Zona mineralizada com titânio

Zona mineralizada com fosfato

Figura 4.1: Mina de fosfato- Vale Fertilizantes (capeamento: zona mineralizada


de titânio), Foto Autoral em Maio de 2015.

4.3. Fases da Mineração

A mineração é dividida em seis fases a saber:

a) Pesquisa mineral

b) Desenvolvimento mineiro

c) Lavra

d) Beneficiamento

e) Fechamento de mina

f) Restauração e remediação

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89
4.3.1. Pesquisa Mineral

A pesquisa mineral é a primeira fase da mineração e é definida pela


execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e
determinação da exequibilidade do seu aproveitamento econômico (Artigo 14 – Capitulo

2- Código de Mineração).

Os trabalhos de pesquisa mineral, segundo a legislação mineral,


compreendem, dentre outros:

a) Levantamentos geológicos pormenorizados da área a pesquisar em escala


conveniente (Figura 4.2);

b) Estudos dos afloramentos e suas correlações (Figuras 4.3 e 4.4);

c) Levantamentos geoquímicos e geofísicos (Figura 4.5);

d) Abertura de escavações e execução e sondagens (Figuras 4.6 e 4.7);

e) Amostragem sistemática (Figura 4.8.);

f) Análises físicas e químicas das amostras e dos testemunhos de sondagens;


e,

g) Ensaios de beneficiamento do minério.

Para a definição de uma jazida é necessário que todos os dados levantados


durante os trabalhos de pesquisas sejam correlacionados e interpretados, que a
reserva seja definida (teor de minério e volume). Após esta interpretação deve ser
realizado uma análise preliminar de todos os custos de produção, da recuperação
da área degradada, do mercado, dos fretes, para que seja determinada a
Viabilidade Econômica do Empreendimento.

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90
Figura 4.2: Gnaisse Bandado (Domo de Ambrósio – Bahia). O bandamento nesta
foto é marcado pela alternância de partes escuras e claras. A reta mostra a direção
de mapeamento, Foto autoral.

Figura 4.3: Granodiorito cortado por pegmatito (Domo de Ambrósio – Bahia). Foto
autoral.

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91
Figura 4.4: Contato entre meta-anfibolito e metassedimento (Domo de Ambrósio
– Bahia). Foto autoral.

Figura 4.5: Prospecção geoquímica, obtenção de concentrado de bateia, A


esquerda Antônio Pereira, a direita Salto, Ouro Preto, MG, Foto autoral.

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92
Figura 4.6: Abertura de trincheiras para amostragem. Foto: Divulgação MGA –
Mineração. In: http://www.mgamineracao.com.br/pordentro/noticias/GrupoMGA_
clip_image002.jpg. Acessado em 01/08/2016

Figura 4.7: Sondagem na Serra Rala Mola. Vale, Foto autoral.

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93
Figura 4.8: Amostras resultantes de sondagem percussivas, a esquerda. À direita
testemunhos de sondagem. Serra Rala Moça, Vale, Foto autoral.

4.3.2. Desenvolvimento Mineiro

Denominam-se desenvolvimento mineiro os serviços empreendidos para


possibilitar a lavra de uma jazida. Naturalmente, pressupõe-se que o corpo mineral
tenha sido convenientemente pesquisado e que haja uma jazida, e corresponde a
segunda fase da mineração.

Os serviços de desenvolvimento possuem a finalidade preparar a jazida


para lavra, envolvendo todos os serviços necessários para sua eficiência e
segurança, tais como: vias de acesso (Figuras 4.9 e 4.10), de transporte, de
ventilação (Figura 4.11.), de esgotamento, preparação de bota-fora de material
(Figura 4.12) estabelecimento de unidades de desmonte, depósitos) etc.

Cabe ressaltar que durante a pesquisa mineral alguns serviços semelhantes


aos executados durante o desenvolvimento podem ser realizados, como por
exemplo, aberturas de acessos e galerias diversas. Contudo na pesquisa estes
serviços possuem finalidades de determinação das características do corpo em
estudo e não propriamente, de preparação para lavra.

Além disso, convém lembrar que as fases de mineração não são


forçosamente separadas. Frequentemente, em uma mina em fase de lavra em
um setor, ocorre desenvolvimento em outros trechos.

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94
Para se passar da pesquisa para o desenvolvimento, basta comumente que
o corpo esteja convenientemente estudado, que as suas características sejam
conhecidas (potência, mergulho, comportamento, teores, distribuição de valores,
etc.) e que se tenham reservas capazes de assegurarem os investimentos
necessários à lavra.

O desenvolvimento pode compreender os seguintes serviços:

a) Execução de galerias subterrâneas (Figura 4.10);

b) Aberturas de acessos às frentes (Figura 4.9);

c) Remoção de capeamento;

d) Preparação de bota-foras (4.12);

e) Abertura de rede de drenagens;

f) Instalações de apoio, etc.

Figura 4.9: Via de acesso – Mina de fosfato- Vale Fertilizantes.

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95
Figura 4.10: Via de acesso subterrânea, Mina Subterrânea Lamego, Sabará MG
AngloGold Ashanti In: http://static.panoramio.com/photos/large/41568912.jpg,
Foto Milton Brigolini (UFOP).

Figura 4.11: Sistema de ventilação.

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96
Grota 2

Grota 3
Grota 4

Figura 4.12: Pilha de Estéril - Mina de Águas Claras – Vale, Foto cedida pela MBR
em 2006.

4.3.3. Lavra

Entende-se por lavra (explotação). É a fase de extração do material.

Segundo o código de Mineração a lavra é definida como o conjunto de


operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial da jazida, desde
a extração de substâncias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das
mesmas (Artigo 36 – Código de Mineração ). Ressalta-se que de acordo com a definição no
Código de Mineração tanto o desenvolvimento como o beneficiamento estão
inseridos dentro da lavra “legal”.

Como observado acima, os serviços de desenvolvimento estão


compreendidos na lavra legal e corresponde à etapa a ser executada após uma
ocorrência mineral ser considerada uma jazida e após se tenha adquiridos os
direitos de lavra (portaria de lavra).

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97
Vale ressaltar que os serviços das diferentes fases podem ser realizados
simultaneamente, não sendo forçosamente sucessivos (operações para
descoberta de novos corpos, estudo dos corpos já revelados, preparação de
outros já estudados e a extração em depósitos já desenvolvidos prosseguem
usualmente, nas minas em operação). Ressalta-se ainda que é excepcional o caso
de uma jazida completamente estudada antes que se passe a fase de
desenvolvimento e a fase de lavra.

Na outorga da lavra, a jazida deverá estar pesquisada, com o relatório


aprovado pelo DNPM. Ressalta-se que a área de lavra deve estar adequada à
condução técnico-econômico dos trabalhos de extração e beneficiamento,
(respeitando os limites da área de pesquisa).

A lavra pode ser a céu, aberto quando a extração ocorre na superfície


(Figuras 4.13 e 4.14), ou subterrânea (Figura 4.15), quando a extração ocorre no
subsolo.

Figura 4.13: Lavra a céu aberto – Acima Mina de Ferro Aguas Claras, Vale. Foto
cedida pela MBR em 2006.

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98
Figura 4.14: Lavra a céu aberto Mina da Mutuca, Vale, Foto cedida pela MBR em
2006.

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99
Figura 4.15: Acima acesso a Mina de Baltar. Abaixo Painel de lavra subterrâneo
já lavrado, método alargamento por subniveis. In: http://static.panoramio.com
/photos/large/15888281.jpg. Fotos cedidas por Milton Brigolini (UFOP).

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100
A lavra a céu aberto apresenta um ciclo convencional de operações

i) Desmonte: Processo de desagregação da rocha. Este pode ser:

a) Manual (Figura 4.16)

b) Mecânico – Realizado com máquinas (Figuras 4.17 e 4.18)

c) Hidráulico – A água é o agente de desagregação (Figura 4.19)

c) Explosivos. O desmonte com explosivos possui as seguintes


operações.

i) Perfuração (Figura 4.20)

ii) Carregamento dos explosivos e amarração (Figura 4.21.)

iii) Detonação (Figura 4.22)

ii) Escavação e Carregamento (Figura 4.23)

ii) Transporte Caminhões fora de estrada (Figura 4.24), tracionados e


correia transportadora, (Figura 4.25).

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101
Figura 4.16: Desmonte manual; garimpo de Antônio Pereira. Foto autoral.

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102
Figura 4.17: Desmonte Mecânico. Dragline Caterpillar In: http://s7d2.scene7.com
/is/image/Caterpillar/C789087?$cc-g$. Acessado em 01/08/2016.

Figura 4.18: Escavadeira, Vale Carajás. Gustavo, P. In: http://i0.statig.com.br


/fw/7a/qe/18/7aqe18iq9gh2gct45h3xcbl6w.jpg. Acessado em 01/08/2016

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103
Figura 4.19: Acima, Desmonte Hidráulico. In: http://www.anepac.org.br/images
/Areia_ e_Brita/areia5.jpg. Abaixo draga In: https://sc01.alicdn.com/kf/HTB1832
jKpXXXXb9XFXXq6xXFXXXz/River-coarse-sand-sand-dredge.jpg. Acessado em
01/08/2016

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104
Figura 4.20: Perfuração em leque. Mina Subterrânea.

Figura 4.21: Carregamento com explosivos, Cd Curso Ietec. Valdir Costa (UFOP).

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105
Figura 4.22: Detonação. Acima CD Orica. Abaixo extraído de
http://www.dinex.com.br/imagens/obra03.jpg. Acessado em 30 de julho de 2016

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106
Figura 4.23: Carregamento e transporte de material.

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107
Figura 4.24: Caminhão fora de estrada. Vale fertilizantes e Vale Carajás.

4.3.4. Beneficiamento dos Minérios:

O beneficiamento (4ª fase) corresponde ao processamento de minerais


brutos, realizados com objetivo de obter produtos com composição ou forma
diferente da original que possam satisfazer as condições para sua aplicação e
utilização.

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108
De modo geral o beneficiamento pode ser divido nas seguintes fases
operatórias:

a) Cominuição ou fragmentação: operações de britagem (Figura 4.26) e


moagem (Figura 4.27.).

b) Classificação (Separação das partículas por ordem de tamanho, Figura


4.28)

c) Concentração (possui como função separar as espécies minerais úteis das


espécies minerais inúteis do minério, Figura 4.29). Após a concentração
os produtos são:

ii) Concentrado: Produtos de maior valor constituído principalmente


de espécies úteis (minerais minério), Figura 4.30

iii) Rejeito: Produtos de menor valor constituído principalmente de


espécies inúteis (minerais de ganga) (Figura 4.31)

d) Separação sólido-líquido (Figura 4.32)

Figura 4.25: Correia transportadora, Vale Fertilizante. Foto autoral (Na época da
foto a empresa era Fosfertil, 2006).

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109
Figura 4.26: Britador Vale Fertilizantes- Araxá. Operação de cominuição, foto
autoral (2004).

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110
Figura 4.27: Moinho de Bolas - Vale Fertilizantes- Araxá - Operação de
cominuição, Foto Autoral.

Figura 4.28: Peneiramento: Classificação por tamanho. Vale Fertilizantes. Araxá


Foto Autoral.

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111
Figura 4.29: Célula de flotação (acima) e flotação em coluna. Mina de Fosfato
Vale Fertilizantes (Foto autoral).

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112
Figura 4.30: Pilha de minério concentrado, Vale Fertilizantes (Foto autoral).

Figura 4.31: Barragem de rejeito de magnetita – Mina Vale Fertilizantes, Foto


autoral.

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113
Figura 4.32: Espessador, Vale Fertilizantes (Foto cedida pela Fosfertil em 2004).

4.3.5. Fechamento de Mina:

O projeto de fechamento de mina (5ª fase) visa dar um destino final a área
a fim de que ela possa ter uma condição melhor ou próxima ao que era (Figuras
4.33 a 4.42). A seguir serão mostrados alguns exemplos.

a) Cava de Germano

O projeto de reabilitação da primeira mina explorada pela empresa Samarco


em Alegria. A Cava do Germano, hoje exaurida é o grande destaque da Samarco
no programa de reabilitação de áreas alteradas.

A cava está sendo preenchida com rejeito arenoso proveniente do processo


de beneficiamento do minério de ferro, formando uma pilha de 150m, com relevo
similar ao original e cobertura vegetal semelhante à da região (Figura 4.33.).

Ao longo dos anos foram feitos vários testes para assegurar a estabilidade
do solo. O trabalho de reabilitação segue um projeto paisagístico de Burle Marx
(um dos últimos realizados antes de sua morte), com a introdução de centenas de

Carla Maria Mendes Lacerda


114
árvores nativas, como ipês, mulungus, candeias, quaresmeiras e embaúbas, que
serão atrativas para a fauna nativa da região. Trata-se de um projeto inédito,
previsto para durar de 16 a 17 anos, e estimado em cerca de 8 milhões de dólares.

Figura 4.33: Plano de Fechamento da cava de Germano – Samarco Mineração.


O rejeito produzido na mina está sendo bombeado com a finalidade de
preenchimento da cava. A direita uma ilustração da cava após a reabilitação.

b) Projeto de reabilitação de área para a utilização direta pelo homem

Neste contexto existem no Brasil vários exemplos de antigos locais de


extração que adquiriram um valor turístico e histórico-cultural. Como mostrado nas
figuras a seguir (Figuras 4.33 a 4.40)

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115
Figura 4.34: Antiga pedreira de rocha ornamental de extração de diabásio. Hoje
o espaço funciona como uma arena de Show. Pedreira do Chapadão em
Campinas- SP. Extraído de http://comurb.com.br/wp-content/uploads/2014/12
/pedreira _chapad__o_foto_luiz_granzotto02-1530553.jpg. Acessado em
01/08/2016

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116
A Mina da Passagem, antiga mina de ouro, situada em Passagem de
Mariana, foi aberta à visitação de mergulhadores em 1999, sendo, desde então, o
ponto mais visitado para mergulho em cavernas no Brasil (Figura 4.35).

Figura 4.35: Mina de Passagem, Mariana Minas Gerais. Extraído de


http://www.1000dias.com/ana/mina-da-passagem. Acessado em junho de 2013.

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117
O Parque das Mangabeiras é a maior área verde da cidade de Belo
Horizonte, com 337 hectares de área de preservação ambiental. A extração na
área era feita pela empresa mineradora municipal FERRO BELO HORIZONTE S/A
(FERROBEL). A FERROBEL ocupava os espaços onde hoje se situam o
estacionamento Sul, a Praça de Eventos e a Praça das Águas. Ainda hoje existe
um britador na Praça de Eventos, construído nesta ocasião (Figura 4.36).

Figura 4.36: Parque das Mangabeiras Belo Horizonte. Área de lazer, esportes e
recreação. Acima In: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/images.do?evento
=imagem&urlPlc=mangabeiras_-_historia.jpg Abaixo, Henrique, D. In:
http://www.jornaledicaodobrasil. com.br/site/wp-content/uploads/2015/11/ Parque-
Mangabeiras.jpg. Acessado em 01/08/2016

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118
Um dos principais cartões postais de Curitiba. Inaugurado em 1992, no
Parque das Pedreiras, próximo ao Espaço Cultural Paulo Leminski.

A Ópera de Arame foi construída em estrutura tubular e teto de


policarbonato transparente. A opera tem capacidade para 2.400 espectadores e
um palco de 400m² destinado a apresentações artísticas e culturais (Figura 4.37).

O cenário externo da Ópera de Arame é igualmente belo. Era o local onde


funcionava uma antiga pedreira. Hoje, pode-se apreciar a mata nativa, um lago
com carpas, uma cascata de 10 metros e várias espécies de aves.

Mina de Águas Claras

O plano de fechamento de minas de Águas Claras consta de um programa


de fechamento e estabilização de encostas nas áreas industriais e encostas
naturais, assim como programas de preservação de biodiversidade,
monitoramento e fechamento e estabilização de áreas da mina, pilhas de estéril e
barragem de rejeito.

Lago

A enorme cava em forma de cone vem sendo lentamente enchida por três
córregos e levará ainda 15 anos para ser inteiramente preenchida pelas águas,
quando passará a ser o lago mais profundo do Brasil, com 234 metros (Figura
4.38). Com o encerramento das atividades de lavra e beneficiamento de minério
de ferro na área, a empresa pretende formar um centro comercial com espaço
para feiras, hotéis, centro de escritórios e até um campus universitário. A
preservação da Mata do Jambreiro e a criação de um lago preenchendo a cava
fomentarão o interesse turístico.

Carla Maria Mendes Lacerda


119
Figura 4.37: Ópera de Arame, Paraná. Extraído http://www.imagens.acheiviagem
.com .br/img/ curitiba-peradearame-819-G.jpg. Acessado em 01/08/2016

Carla Maria Mendes Lacerda


120
Mina de Águas Claras

O plano de fechamento de minas de Águas Claras consta de um programa


de fechamento e estabilização de encostas nas áreas industriais e encostas
naturais, assim como programas de preservação de biodiversidade,
monitoramento e fechamento e estabilização de áreas da mina, pilhas de estéril e
barragem de rejeito.

Lago

A enorme cava em forma de cone vem sendo lentamente enchida por três
córregos e levará ainda 15 anos para ser inteiramente preenchida pelas águas,
quando passará a ser o lago mais profundo do Brasil, com 234 metros (Figura
4.38). Com o encerramento das atividades de lavra e beneficiamento de minério
de ferro na área, a empresa pretende formar um centro comercial com espaço
para feiras, hotéis, centro de escritórios e até um campus universitário. A
preservação da Mata do Jambreiro e a criação de um lago preenchendo a cava
fomentarão o interesse turístico.

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Figura 4.38: Mina de águas Claras. Extraído de
http://www.mmm.org.br/index.php?p=8&c=193. Abaixo ilustração do lago que será
formado e da revegetação nos taludes (Fonte MBR).
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122
Ametista do Sul

Outro exemplo de reabilitação da área pela mineração é o aproveitamento


de antigas galerias de extração de ametista como local de armazenamento e
estocagem de vinho, A vinícola Ametista em Ametista do Sul (Figura 4.40.).

Figura 4.39: Vinícolas em galerias Ametista do Sul. Extraído em julho (2013) de


http://vinhoearte.blogspot.com.br/2012/08/preciosidade-de-vinicola-em-uma-
mina-de.html.

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123
Mina do Pico

A Mina do Pico localiza-se no município de Itabirito, próximo à rodovia


BR356, que liga Belo Horizonte a Ouro Preto. Além disto se encontra nos pés do
Pico do Itabirito. Este pico é uma importante referência geográfica, histórica e
econômica para Minas Gerais e está tombado como patrimônio nacional desde
1962, e pelo patrimônio estadual desde 1989.

Moura e Amorim (2007) realizaram um estudo de caso da Mina do Pico com


o objetivo de simular as possibilidades de recuperação da cava próxima ao pico.
O resultado está apresentado nas figuras abaixo (Figura 4.41).

Carla Maria Mendes Lacerda


124
Figura 4.40: Mina do Pico. Figuras abaixo mostra a reabilitação com
preenchimento da cava com material estéril Fonte: Moura e Amorim 2007.

Exemplos no mundo

Um bom exemplo de aproveitamento de espaço vinculado à necessidade


local é o Estádio Municipal de Braga, na cidade de Braga, em Portugal. O terreno
escolhido para construção era o de uma antiga pedreira desativada, próximo ao

Carla Maria Mendes Lacerda


125
centro, na encosta Norte do Monte Castro, no Parque Desportivo de Dume. O
estádio foi construído em meio à rocha e sua estrutura é apoiada no granito em
estado bruto.

O projeto foi realizado para ser como um anfiteatro romano, dando ao


espectador os melhores ângulos de visão da partida e do entorno.

Figura 4.41: Estádio Municipal de Braga. Extraído de


http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/957

O Projeto Éden pode ser descrito como um jardim global e é considerado a


maior estufa do mundo. Situado em Cornalles, na Inglaterra, foi implantado em
uma antiga área de exploração de caulim, que funcionou por 170 anos. O
encerramento das atividades mineiras e a diminuição da indústria primária
afetaram a economia local.

Todo o projeto segue os princípios da sustentabilidade, com aproveitamento


das águas da chuva, produção de energia solar e plantio a partir de sementes ou
mudas que procedem de jardins botânicos, sem a retirada de espécies do meio
natural.

Carla Maria Mendes Lacerda


126
Figura 4.42: Acima Área da mina antes da implantação do Projeto Éden. Fonte:
www.cornwall-calling.co.uk/eden/ e abaixo após. Fonte:
http://en.wikipedia.org/wiki/

4.3.6.Remediação e Restauração:

A reabilitação ambiental (6ª Fase) não deve ser encarada como uma
atividade a ser projetada e executada após as atividades de uma mina, mas sim
como um processo contínuo, que ocorre desde o planejamento inicial da
mineração indo até o fechamento desta (Figura 4.37).

Carla Maria Mendes Lacerda


127
Figura 4.43: Recuperação de Área Degradada – CBMM. Foto autoral.

Referências Bibliográficas

KOPEZINSKI, I. Mineração x Meio Ambiente: Considerações Legais, Principais


Impactos Ambientais e seus Processos Modificadores, Porto Alegre: Ed.
Universidade/ UFRGS, 2000, 103 p.

Moura, A. C.M ; L.Q. Amorim 2007 Simulação de transformação nas paisagens de


mineração de ferro a céu aberto –Metodologia de análise e simulação de gestão
de paisagens Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto,
Florianópolis, Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p. 4073-4080.

Normas reguladoras da Mineração

Código de Mineração

Site. www.dnpm.gov.br

Carla Maria Mendes Lacerda


128
FASES DA MINERAÇÃO

1ª Exploração ou Reconhecimento Geológico


PESQUISA MINERAL
2ª Prospecção Superficial

3ª Avaliação

Cálculo de teor e volume

Estudo de viabilidade econômica.

Abertura de acessos
DESENVOLVIMENTO MINEIRO
Remoção do Capeamento
(PREPARAÇÃO DA JAZIDA PARA
Captação de água
LAVRA)
Energia

Preparação de bota-fora de material


etc.

LAVRA (APROVEITAMENTO
ECONÔMICO DA JAZIDA)
1) DESMONTE

2) CARREGAMENTO

3) TRANSPORTE

BENEFICIAMENTO

REMEDIAÇÃO E RESTAURAÇÃO
FECHAMENTO DE MINA

Carla Maria Mendes Lacerda


129
Capítulo 5: Código de Mineração

Siglas

DNPM: Departamento Nacional de Produção Mineral

MME: Ministério das Minas e Energia

DOU: Diário Oficial da União

PCA: Plano de Controle Ambiental

PAE: Plano de Aproveitamento Econômico

EIA: Estudo de Impacto Ambiental

RIMA: Relatório de Impacto Ambiental

PRAD: Plano de Recuperação de Área Degradada

PLG: Permissão de Lavra Garimpeira

APL: Arranjo Produtivo Local

APP: Área de Preservação Permanente

NRM: Normas Reguladoras da Mineração

LA: Licença Ambiental

LP: Licença Prévia

LI: Licença de instalação

LO: Licença de Operação

CFEM: Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais

RAL: Relatório Anual de Lavra

BAL: Balanço Anual de Lavra

ANP: Agencia Nacional de Petróleo

130
Introdução

Este capítulo descreverá os aspectos básicos do direito minerário tendo em


vista principalmente o Código de Mineração. Além de abordar conceitos gerais
relacionados com o meio ambiente.

5.1. A Constituição Brasileira e o Código Mineração

Os regimes de exploração e aproveitamento dos recursos minerais no País


estão definidos e normatizados no Código de Mineração de 1967 (Decreto-lei
número 227, de 28/2/67), seu Regulamento e Legislação Correlativa, que
continuam em vigor com as alterações e as inovações introduzidas por leis
supervenientes à promulgação da atual Constituição. Está em vigor, desde janeiro
de 1997, a Lei nº. 9.314 faz alterações profundas ao Código de Mineração, cujo
objetivo principal é o de simplificar e desburocratizar o acesso ao subsolo
brasileiro.

O que trata o Código de Mineração

O Código de Mineração é o instrumento legal que:

a) Conceitua e classifica as jazidas e as minas,

b) Estabelece os requisitos e as condições para a obtenção de autorizações,


concessões, licenças e permissões.

c) Aborda os direitos e deveres dos portadores de títulos minerários,

d) Determina os casos de anulação, caducidade e revogação dos direitos


minerários,

e) Disciplina o funcionamento das empresas de mineração.

f) Dispõe, ainda, sobre a competência da autarquia específica do Ministério de


Minas e Energia e do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM, na
administração dos recursos minerais e na fiscalização da atividade mineral no
País.

Carla Maria Mendes Lacerda


131
Compete ao Departamento Nacional de Produção Mineral, à execução
deste Código e dos diplomas legais complementares. Trataremos a seguir de
alguns pontos importantes do Código de Mineração.

A quem pertencem os bens minerais?

Os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União;

Para efeito de exploração e aproveitamento, as jazidas, minas e demais


recursos minerais constituem propriedade distinta da do solo. O solo pertence ao
proprietário do solo ou posseiro, mas os recursos do subsolo não. Isto quer dizer
que, os bens minerais não pertencem a nenhum particular, nem mesmo ao
Município, ao Estado ou ao Distrito.

A pesquisa e a lavra de recursos minerais somente poderão ser efetuadas


mediante autorização ou concessão do Governo Federal, por brasileiro ou
empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha uma sede no País,
garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

5.1.1. Tipos de Regime de Exploração e Aproveitamento dos Recursos Minerais

De acordo com o Código de Mineração os Regimes de Exploração e


Aproveitamento dos Recursos Minerais (Artigo 2º - Capitulo 1) , abertos à livre iniciativa
são classificados como:

a) Regime de Autorização: regula a fase da pesquisa mineral e precede ao


Regime de Concessão (fase de lavra). Este regime depende da expedição
de Alvará de Autorização assinado pelo Diretor-Geral do Departamento
Nacional de Produção Mineral - DNPM.

b) Regime de Concessão: É pertinente à fase de lavra ou do aproveitamento


industrial de jazida considerada técnica e economicamente explotável. Este
regime depende de Portaria de Concessão assinada pelo Ministro de
Estado de Minas e Energia;

Carla Maria Mendes Lacerda


132
c) Regime de Permissão de Lavra Garimpeira - regula o aproveitamento
imediato de jazimento de minerais garimpáveis, independentemente de
prévios trabalhos de pesquisa, segundo critérios fixados pelo Governo
Federal. Este regime depende de Portaria de Permissão assinada pelo
Diretor-Geral do DNPM.

d) Regime de Licenciamento - regula o aproveitamento das substâncias


minerais de emprego imediato na construção civil, na forma in natura, e
outras especificadas na lei, independentemente de prévios trabalhos de
pesquisa . Este regime depende de Licença expedida em obediência a
regulamentos administrativos locais e de Registro da Licença no DNPM;

e) Regime de monopolização, quando, em virtude de lei especial, depender de


execução direta ou indireta do Governo Federal.

A pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a


industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados são considerados Monopólio da União (Art.177 Inc. I e V da Constituição da

Republica) .

Vale ressaltar que A Emenda Constitucional nº. 9, de 1995, extinguiu o


monopólio da PETROBRAS sobre a pesquisa, lavra, refino, importação,
exportação e transporte de hidrocarbonetos. Esta emenda estabelece que
todas as empresas constituídas sobre as leis brasileiras, com sede e
administração no Brasil, poderão explorar, desenvolver e produzir petróleo e gás
mediante concessão precedido de licitação.

A Agencia Nacional de Petróleo – ANP, vinculada ao Ministério das Minas


e Energia, é responsável pela regulação, contratação e a fiscalização das
atividades relacionadas com a produção de Petróleo.

Os Bens Minerais que são regidos por leis especiais

Alguns bens minerais como petróleo, gás e hidrocarbonetos, juntamente


com as jazidas minerais que constituem monopólio estatal, as jazidas de
substancias minerais e fósseis de interesse arqueológico ou destinadas a museus

Carla Maria Mendes Lacerda


133
ou outros fins científicos, as águas minerais em fase de lavra e as jazidas de água
subterrâneas serão regidas por leis especiais (Artigo 10 - Inc. I a V – Código de Mineração) .

É permitido a administração pública extrair substâncias minerais de


emprego imediato na construção civil para uso exclusivo em obras públicas por
eles executadas (e.g. paralelepípedos, areia, etc.). No entanto os direitos
minerários devem ser respeitados, além de ser vedada a comercialização do
produto (Artigo 2º Código de Mineração - Parágrafo único) . Esta extração depende de registro no
DNPM (Registro de Extração) Decreto de lei n 3358/2000- Artigo12 .

Segundo o Código de Mineração as minas são classificadas em:


manifestada e concedida (Capítulo 1 – Artigo 6) . Nas minas manifestadas, os bens
minerais pertencem a particulares. Este direito foi adquirido em virtude do regime
de acessão, no qual o proprietário do solo era também do subsolo. Este regime
vigorou de 1891 a 1934.

O Código de mineração define jazida como toda massa individualizada de


substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no interior da terra,
e que tenha valor econômico e mina, a jazida em lavra, ainda que suspensa (Artigo

4).

5.2. O Regime de Autorização de Pesquisa

Segundo o Código de Mineração a pesquisa mineral é a execução dos


trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e determinação da
exequibilidade do seu aproveitamento econômico (Artigo 14) .

5.2.1. Pedido de Autorização de Pesquisa

O pedido de autorização de pesquisa é formulado em requerimento, dirigido


ao Diretor-Geral do DNPM, e entregue mediante recibo no protocolo desta
autarquia, onde é mecânica e cronologicamente numerado e registrado (Artigo 16) .

5.2.2. O Requerente da Pesquisa Mineral

A pesquisa mineral é concedida mediante requerimento do interessado a


(Artigo 15- Capítulo 2) :

Carla Maria Mendes Lacerda


134
Pessoa Física: brasileiro, maior de 21, pessoa natural, ou maior de 18 anos
emancipada.

Pessoa Jurídica: firma individual ou empresas legalmente habilitadas


constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e administração no País, na
forma da lei.

Deve ser ressaltado que com a promulgação da Emenda Constitucional n°


6, de 15 de agosto de 1995, as restrições legais à plena participação de empresas
estrangeiras na mineração brasileira deixam de existir. A partir desta data ficou
estabelecido que tanto a pesquisa como a lavra de recursos minerais pode ser
efetuada, mediante autorização ou concessão do Governo Federal, por brasileiro
ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e administração
no País, na forma da lei. Desta forma não existe distinção entre empresas de
capital nacional e de capital estrangeiro.

Segundo a legislação mineraria uma empresa de mineração pode ser


entendida como uma firma individual ou sociedade organizada segundo leis
brasileiras com o objetivo principal de realizar exploração e aproveitamento de
jazidas minerais no território nacional, e que tenha sua sede e administração no
País.

Para organização de uma empresa de mineração devem ser considerados


os seguintes aspectos:

a) A firma individual só pode ser constituída por pessoa física de nacionalidade


brasileira; e

b) Da sociedade podem participar como sócios ou como acionistas, pessoas


físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, nominalmente representadas
no instrumento de sua constituição.

Uma vez constituída a firma individual ou sociedade tornar-se necessário


requerer a autorização para funcionar como Empresa de Mineração, a qual é
outorgada por Alvará do Diretor Geral do DNPM. Desta forma ela se torna apta
a obter autorização para pesquisa e concessão de lavra.

Carla Maria Mendes Lacerda


135
5.2.3. Prioridade da Pesquisa Mineral

A prioridade de pesquisa mineral é dada a aquele que protocola primeiro


o requerimento, em área considerada livre.

Área livre

A área é considerada livre se não estiver vinculada a requerimento


prioritário, reconhecimento geológico, à autorização de pesquisa, registro de
licença, concessão de lavra, permissão de lavra garimpeira, manifesto de mina.
Desta forma pode se concluir que é aquela que não está vinculada a nenhum
direito minerário.

Vale ressaltar, que mesmo que uma área seja livre deve ser concedida uma
autorização prévia se estas forem ou se localizarem em: áreas de proteção
ambiental; zonas urbanas; áreas de proteção de barragens etc.

3.2.4. Documentos obrigatórios para requerer a pesquisa mineral

Como visto anteriormente a autorização de pesquisa será pleiteada em


requerimento dirigido ao Diretor-Geral do DNPM em duas vias e conter os
seguintes elementos de instrução ( Artigo 16- Capítulo 2):

I - Pessoa Física: nome, indicação da nacionalidade, do estado civil, da


profissão, do domicílio, e do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
do Ministério da Fazenda do requerente, pessoa natural.

Em se tratando de pessoa jurídica, razão social, número do registro de seus


atos constitutivos no Órgão de Registro de Comércio competente, endereço e
número de inscrição no Cadastro Geral dos Contribuintes do Ministério da
Fazenda;

II - prova de recolhimento dos respectivos emolumentos;

III - designação das substâncias a pesquisar;

IV - Indicação da extensão superficial da área objetivada, em hectares, e do


Município e Estado em que se situa;

Carla Maria Mendes Lacerda


136
V - Memorial descritivo da área pretendida, nos termos a serem definidos
em portaria do Diretor-Geral do DNPM;

VI - Planta de situação, cuja configuração e elementos de informação serão


estabelecidos em portaria do Diretor-Geral do DNPM;

VII - Plano dos trabalhos de pesquisa, acompanhado do orçamento e


cronograma previstos para a sua execução.

O Plano de Pesquisa deve ser elaborado pelo responsável técnico que deve
conhecer a geologia, a infraestrutura, o acesso e a correta localização da área.
Com base nesse conhecimento será previsto os trabalhos de pesquisa, bem como
o orçamento e um cronograma de trabalho.

Vale lembrar os serviços a serem realizados devem abranger todas as fases


da pesquisa (do reconhecimento até a avaliação de um depósito).

3.2.5. Responsável Técnico:

Os trabalhos necessários à pesquisa serão de responsabilidade profissional


de geólogo ou engenheiro de minas, habilitado ao exercício da profissão (Artigo 16 –

parágrafo único). O responsável técnico deverá elaborar o plano de pesquisa, o


memorial descritivo e a planta da situação da área.

3.2.6. Indeferimento do Requerimento de Pesquisa

A autorização de pesquisa mineral será negada caso o requerente não


apresente os documentos necessários (Artigo 17) e quando a área não estiver livre
(Artigo 18) .

Em caso negativo o proprietário tem prazo de 60 dias após a publicação no


DOU para complementação da documentação, que se não cumprido implicará
novamente em indeferimento do requerimento (Artigo 17 § 2º) - Após este prazo sem
cumprimento das exigências o requerimento será indeferido.

Carla Maria Mendes Lacerda


137
5.2.7. Direitos do Proprietário do Solo Durante a Pesquisa Mineral

O titular da Autorização de Pesquisa pagará ao proprietário ou posseiro uma


renda pela ocupação do terreno e uma indenização pelos danos causados através
dos trabalhos de pesquisa (Artigo 27) .

Os valores acima tanto da indenização como da renda pode ser


estabelecido de forma amigável entre o proprietário e o requerente. Em caso de
não haver acordo quanto o valor destes referidos pagamentos, haverá uma
avaliação judicial para definição dos valores. Este cálculo será feito com base nos
trabalhos descritos no plano de pesquisa (Artigo16 §2º).

5.2.8. Áreas Máximas para Pesquisa Mineral

A autorização de pesquisa fica restrita a uma área máxima será de 2.000


hectares para: substâncias metálicas, fertilizantes, carvão, diamante, rochas
betuminosas e pirobetuminosas, turfa e sal-gema. Quando localizada na
Amazônia legal, o limite será de 10000 hectares o
(Artigo 1, Inc I, § 1º, da Portaria DNPM- n

40/2000) .

Este limite será de 50 hectares para materiais de uso imediato na


construção civil, calcita, dolomita, feldspato, água minerais e potáveis de mesa,
gemas (exceto diamante) mica, pedras decorativas de coleção e para confecção
de artesanato mineral o
(Artigo 1, Inc II, da Portaria DNPM- n 40/2000) .

Este limite será de 1000 hectares: para substâncias não relacionadas nos
itens anteriores e rochas ornamentais o
(Artigo 1, Inc III, da Portaria DNPM- n 40/2000) .

5.2.9. Prazos de Validade da Autorização de Pesquisa Mineral

O prazo, não será inferior a um ano, nem superior a três anos, a critério do
DNPM. (Artigo 22, Inc III letras a e b), sendo admitido a sua prorrogação. A prorrogação
será concedida mediante a avaliação do desenvolvimento dos trabalhos e se
requerida até 60 sessenta dias antes de vencer o prazo vigente. O requerimento

Carla Maria Mendes Lacerda


138
de pedido de prorrogação deverá ser acompanhado com um relatório dos
trabalhos e justificativa da prorrogação.

Este prazo será de dois anos para substancias aproveitadas em regime de


licenciamento, águas minerais e potáveis e rochas de revestimentos.

5.2.10. Extração de Substancias Minerais Durante a Pesquisa Mineral

É admitida, em caráter excepcional, a extração de substâncias minerais em


área titulada, antes da outorga da concessão de lavra, mediante prévia
autorização do DNPM, observada a legislação ambiental pertinente (Artigo 22 § 2º) .

Esta extração será feita por meio de Guia de Utilização, obtida mediante
autorização do DNPM ( Artigo 1- Instrução normativa do DNPM n1/ 2000). O prazo desta guia é
no máximo de seis meses.

5.2.11. Pagamentos Realizados para a União Durante a Autorização de Pesquisa


(Artigo 20, Inciso I e II) :

O titular deverá pagar emolumentos em quantia equivalente a duzentas e


setenta vezes a expressão monetária UFIR e ainda até a entrega do relatório final
uma taxa anual, por hectare, respeitado o valor máximo de duas vezes a
expressão monetária UFIR, instituída pelo art. 1º da Lei nº. 8.383, de 30 de
dezembro de 1991.

5.2.12. Término da Pesquisa Mineral

Após o encerramento dos serviços de pesquisa mineral, o responsável


técnico deverá apresentar ao DNPM um relatório de pesquisa mineral. Este
relatório deverá conter um estudo de viabilidade econômica que concluirá sobre
(Artigo 23) :

i) Exequibilidade técnico-econômica da lavra;

ii) Inexistência de jazida;

iii) Inexequibilidade técnico-econômica da lavra no momento

Carla Maria Mendes Lacerda


139
A inviabilidade no momento de um depósito pode ser devida à inexistência
de tecnologia adequada ao aproveitamento econômico da substância ou a
inexistência de mercado interno ou externo para a substância mineral.

5.2.13. Análise do Relatório de Pesquisa

O relatório de pesquisa será analisado pelo DNPM que verificará sua


exatidão, proferirá despacho de ( Artigo 30 inciso I a IV) :

Aprovação – quando for demonstrada a existência da jazida;

Não aprovação – por insuficiência da pesquisa, deficiência técnica em sua


elaboração;

Arquivamento – inexistência da jazida, passando a área ser livre;

Sobrestamento da decisão - quando ficar caracterizada a impossibilidade


temporária da exequibilidade técnico-econômica da lavra.

Após a aprovação do relatório o titular, terá um ano para requerer a


concessão de lavra, e, dentro deste prazo, poderá negociar seu direito a essa
concessão. Vale ressaltar que este prazo poderá ser prorrogado desde que
solicitado antes do seu término (Artigo 31).

Vale ressaltar que se terminar o prazo acima sem que o titular tenha
requerido a concessão de lavra, o titular perderá o seu direito, cabendo ao Diretor-
Geral do DNPM. - mediante Edital publicado DOU, declarar a disponibilidade da
jazida pesquisada, para fins de requerimento da concessão (Artigo 32) .

5.2.14. Obrigações do Titular de Pesquisa

A iniciar os trabalhos de pesquisa em 60 dias após a publicação do alvará


de pesquisa no DOU. A não interromper os trabalhos, sem justificativa, depois de
iniciados, por mais de 3 (três) meses consecutivos, ou por 120 dias acumulados e
não consecutivos. O início ou reinício, bem como as interrupções de trabalho,
deverão ser prontamente comunicados ao DNPM (Artigo 29 inciso I) .

Carla Maria Mendes Lacerda


140
Comunicar ocorrência de outra substância mineral útil, não constante do
Alvará de autorização.

5.3. O Regime de Concessão de Lavra

A lavra é definida como o conjunto de operações coordenadas objetivando


o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração de substâncias minerais
úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas (Artigo 36) . Deve ser lembrado
que na presente definição o beneficiamento está incluindo dentre da lavra legal.

O pedido de Concessão de Lavra será outorgado pelo Ministro das Minas e


Energia, mediante Portaria de Concessão (Artigo 38). A concessão depende de prévia
Licença de Instalação – LI, emitida pelo órgão ambiental e de Portaria do Ministro
de Minas e Energia.

5.3.1. O Requerente da Concessão de Lavra

A concessão de lavra somente será outorgada a empresa de mineração,


pois somente está poderá lavra bens minerais no regime de concessão (Artigo 38.

Inciso I)

Entende-se como empresa de mineração a firma individual ou sociedade


organizada na conformidade da lei brasileira, qualquer que seja sua forma jurídica,
origem e controle do capital social, com o objetivo principal de realizar exploração
e aproveitamento de jazidas minerais no território nacional, e que tenha sua sede
e administração no País. Ressalto que a firma individual só pode ser constituída
por pessoa física de nacionalidade brasileira; e da sociedade podem participar
como sócios ou acionistas tanto pessoas físicas como jurídicas, nacionais ou
estrangeiras.

5.3.2. Prioridade da Concessão de Lavra

A prioridade da concessão de lavra é do titular de autorização de pesquisa


cujo relatório foi aprovado pelo DNPM.

Carla Maria Mendes Lacerda


141
5.3.3. Condições para Outorga da Concessão de Lavra

Para que seja outorgado o pedido de concessão de lavra torna-se


imprescindível à existência de jazida com relatório de pesquisa mineral aprovado
pelo DNPM, além da existência de área adequada à condução técnico-econômica
dos trabalhos de extração e beneficiamento; e finalmente a licença de instalação
expedida pelo órgão ambiental competente (Artigo 31 Inciso I e II) .

5.3.3. Documentos Obrigatórios para Requerer a Lavra

Como relatado acima o requerimento de autorização de lavra será dirigido


ao Ministro de Minas e Energia, pelo titular da autorização de pesquisa, ou seu
sucessor acompanhado dos seguintes documentos obrigatórios (Artigo 38 – Inciso I a VIII) :

I - Certidão de registro no Departamento Nacional de Registro do Comércio,


da entidade constituída;

II - Designação das substâncias minerais a lavrar;

III - Descrição da localização da área pretendida para lavra;

IV - Definição gráfica da área pretendida;

V - Planta de situação;

VI - Servidões de que necessitar a mina;

VII - Plano de Aproveitamento Econômico da Jazida – PAE;

VIII - Prova de disponibilidade financeira.

5.3.4. O Plano de Aproveitamento Econômico da Jazida – PAE

O Plano de Aproveitamento Econômico é um documento obrigatório e


fundamental para concessão de lavra e obtenção de licença prévia. Este
documento será apresentado em duas vias contendo (Artigo 39, Inciso I e II) :

I - Memorial explicativo;

II - Projetos ou anteprojetos referentes:

Carla Maria Mendes Lacerda


142
a) ao método de mineração a ser adotado, fazendo referência à escala de
produção prevista inicialmente e à sua projeção;

b) à iluminação, ventilação, transporte, sinalização e segurança do trabalho,


quando se tratar de lavra subterrânea;

c) ao transporte na superfície e ao beneficiamento e aglomeração do


minério;

d) às instalações de energia, de abastecimento de água e condicionamento


de ar;

e) à higiene da mina e dos respectivos trabalhos;

f) às moradias e suas condições de habitabilidade para todos os que


residem no local da mineração;

g) às instalações de captação e proteção das fontes, adução, distribuição e


utilização de água, para as jazidas da Classe VIII.

5.3.5. Direitos do Proprietário do Solo Durante a Lavra

A participação do proprietário do solo ou posseiro no resultado da lavra será


de 50% do valor total da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos
Minerais – CFEM, devido aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e aos
órgãos da União. Este pagamento será feito mensalmente ( Artigo 11 § 1º § 2º).

5.3.6. Obrigações do Titular de Pesquisa

I - Iniciar os trabalhos previstos no plano de lavra, dentro do prazo de 6


(seis) meses, contados da data da publicação do Decreto de Concessão no Diário
Oficial da União, salvo motivo de força maior, a juízo do DNPM;

II - Lavrar a jazida de acordo com o plano de lavra aprovado pelo DNPM;

III - Extrair somente as substâncias minerais indicadas no Decreto de


Concessão;

Carla Maria Mendes Lacerda


143
IV - Comunicar imediatamente ao DNPM o descobrimento de qualquer outra
substância mineral não incluída no Decreto de Concessão;

V - Executar os trabalhos de mineração com observância das normas


regulamentares;

VI - Confiar, obrigatoriamente, a direção dos trabalhos de lavra a técnico


legalmente habilitado ao exercício da profissão;

VII - Não dificultar ou impossibilitar, por lavra ambiciosa, o aproveitamento


ulterior da jazida;

VIII - Responder pelos danos e prejuízos a terceiros, que resultarem, direta


ou indiretamente, da lavra;

IX - Promover a segurança e a salubridade das habitações existentes no


local;

X - Evitar o extravio das águas e drenar as que possam ocasionar danos e


prejuízos aos vizinhos;

XI - Evitar poluição do ar, ou da água, que possa resultar dos trabalhos de


mineração;

XII - Proteger e conservar as Fontes, bem como utilizar as águas segundo


os preceitos técnicos quando se tratar de lavra de jazida da Classe VIII;

XIII - Tomar as providências indicadas pela Fiscalização dos órgãos


Federais;

XIV - Não suspender os trabalhos de lavra, sem prévia comunicação ao


DNPM;

XV - Manter a mina em bom estado, no caso de suspensão temporária dos


trabalhos de lavra, de modo a permitir a retomada das operações;

XVI - Apresentar ao Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM,


até o dia 15 (quinze) de março de cada ano, relatório das atividades realizadas no
ano anterior (RAL).

Carla Maria Mendes Lacerda


144
5.3.7. Relatório Anual de Lavra

O titular da concessão de lavra é obrigado a apresentar ao DNPM,


anualmente, o Relatório Anual de Lavra – RAL, devendo conter dentre outros,
dados sobre:

i) Métodos de lavra, transporte, mercado consumidor do produto da lavra;

ii) Modificações nas reservas, características das substâncias minerais, teor


mínimo econômico e relação entre substância útil e estéril;

iii) Produção, estoque e preço médio de venda

iv) Investimentos na mina, usina e trabalhos de pesquisa; e,

v) Balanço anual da empresa.

5.3.8. Concessões Autorizadas a uma Mesma Empresa

Não haverá restrições quanto ao número de concessões outorgadas a uma


mesma Empresa. (Artigo 37 – parágrafo único).

5.3.9. Recusa da Lavra

A lavra poderá ser recusada se for considerada prejudicial ao bem público


ou comprometer interesses que superem a utilidade da exploração industrial, a
juízo do Governo. Neste último caso, o pesquisador terá direito de receber do
Governo a indenização das despesas feitas com os trabalhos de pesquisa, uma
vez que haja sido aprovado o Relatório (Artigo 42).

5.3.10. A Imissão de Posse

Após a publicação da portaria de lavra no DOU terá noventa dias para


requerer ao DNPM a Posse da Jazida, (Artigo 44) .

A imissão de posse objetiva divulgar para população local e, principalmente,


aos proprietários do solo, vizinhos, a extração mineral naquela área, devendo o
titular preparar a área colocando marcos nos limites da jazida e protocolizar
requerimento de emissão de posse junto ao DNPM (Artigo 45, Inciso I e II) .

Carla Maria Mendes Lacerda


145
5.3.11. Lavra Ambiciosa

É a lavra conduzida sem observância do plano preestabelecido, ou efetuada


de modo a impossibilitar o ulterior aproveitamento econômico da jazida ( Artigo 48).

5.3.12 Disponibilidade para Lavra

Através de edital publicado no DOU uma área poderá será considerada


disponível para lavra, ou seja, a jazida torna-se livre para fins de requerimento de
lavra. Esse fato ocorrerá quando:

Após a aprovação do relatório final de pesquisa e a área não for requerida


(Artigo 32) .

Ocorrer à caducidade da concessão de lavra e manifesto de mina devido à


condução de lavra em desacordo com o plano aprovado pelo DNPM (Artigo 52).

5.3.12. Grupamento Mineiro

O grupamento é definido como a reunião de várias concessões minerais em


uma unidade de mineração, de um mesmo titular e da mesma substância, em
áreas de um mesmo jazimento ou zona mineralizada. O grupamento é definido e
autorizado a critério do DNPM (Artigo 53 – parágrafo único). Neste caso, as atividades de
lavra poderão estar concentradas em uma ou em algumas concessões agrupadas,
desde que não prejudique o aproveitamento total da reserva.

5.3.13. Desmembramento da Concessão de Lavra

A concessão de lavra poderá ser desmembrada em duas ou mais


concessões distintas, a critério do DNPM, se a divisão não comprometer a
viabilidade econômica da jazida (Artigo 56 – parágrafo único) .

5.3.14. Transferência da Concessão de Lavra

A concessão de lavra somente é transmissível a quem for capaz, na forma


da lei. A transferência dar-se-á pelo arrendamento ou cessão de direitos
minerários (Artigo 55 § 2º).

Carla Maria Mendes Lacerda


146
5.3.15. Suspensão Temporária da Lavra ou Renúncia da Concessão

O titular da concessão poderá requerer a suspensão temporária desta ou a


sua renúncia mediante a entrega de requerimento acompanhado de relatório dos
trabalhos efetuados e do estado da mina, e suas possibilidades futuras.

No entanto deverá esperar a verificação in loco de técnicos do DNPM que


emitirão parecer conclusivo para decisão final do MME (Artigo 58 §1º § 2º).

5.316. Consórcio de Mineração

Entende-se por Consórcio de Mineração a entidade constituída de titulares


de concessões de lavra próximas ou vizinhas, abertas ou situadas sobre o mesmo
jazimento ou zona mineralizada, com o objetivo de incrementar a produtividade da
extração Art. 79 .

A constituição do Consórcio de Mineração será autorizada por Decreto do


Presidente da República Art. 77.

O requerimento de constituição do Consórcio de Mineração será dirigido ao


Ministro das Minas e Energia, entregue mediante recibo no Protocolo do DNPM,
onde será mecanicamente numerado e registrado, devendo conter, em duplicata
Art. 78 , os seguintes elementos:

I - qualificação dos interessados, com indicação dos decretos de concessão de


lavra;

II - memorial justificativo dos benefícios resultantes de sua constituição, com a


indicação dos recursos econômicos e financeiros de que disporá a nova entidade;

III - minuta dos Estatutos do Consórcio;

IV - plano de trabalhos a realizar e, se for o caso, enumeração das providências e


favores a serem pleiteados do poder público.

O relatório anual das atividades do Consórcio de Mineração deverá referir-


se à lavra no seu conjunto (Art. 79).

Carla Maria Mendes Lacerda


147
5.4. Regime de Licenciamento

O aproveitamento sob o regime de licenciamento mineral é restrito e


aplicável exclusivamente ao aproveitamento econômico das jazidas de
substâncias minerais de emprego imediato na construção civil, no preparo de
agregados e argamassas (areia, cascalho e saibros não beneficiados e não
destinados à indústria de transformação); de argilas utilizadas no fabrico de
cerâmica vermelha; de calcário dolomítico empregado como corretivo de solos
agrícolas; rochas e outras substâncias minerais, quando aparelhadas para
paralelepípedos e outros bens minerais especificados em lei, e independe de
trabalhos exploratórios autorizados previamente pelo DNPM (Artigo 1º , inciso I a IV da lei

5567/78, com redação dada pela lei 8982/95) .

5.4.1. Prioridade

O licenciamento é dado exclusivamente ao proprietário do solo ou a quem


dele tiver autorização ou ainda a terceiros independente de autorização quando
houver cancelamento do registro da licença do proprietário. Em ambos os casos
o titular deverá ser brasileiro (lei 8982/95) .

5.4.2. Obrigações de titular do licenciamento

O autorizado é obrigado a pagar ao detentor da propriedade (quando este


é um terceiro) uma renda pela ocupação do terreno e indenização pelos danos
ocasionados ao imóvel, em decorrência dos trabalhos de mineração.

Além disso, é obrigado a pagar a Compensação Financeira pela Exploração


de Recursos Minerais (CFEM), que será de 3% sobre o valor do faturamento
líquido bem como recuperar o ambiente degradado.

Apresentar até o dia 31 de março de cada ano o relatório anual de lavra.

Comunicar imediatamente ao DNPM a ocorrência de qualquer outra


substância mineral útil, não compreendida no licenciamento.

Carla Maria Mendes Lacerda


148
5.4.3. O Requerente do Licenciamento Mineral

O interessado no licenciamento pode ser pessoa física de nacionalidade


brasileira ou jurídica constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e
administração no País.

5.4.4. Áreas máximas

O regime de licenciamento é limitado à área máxima de 50 hectares.

5.4.5. Documentos Necessários para Obtenção da licença:

O município onde se situar a jazida deverá expedir uma licença específica,


expedida pela autoridade administrativa local.

Registro da licença efetivado pelo DNPM publicado no Diário Oficial da


União, e sem ele o interessado não poderá iniciar os trabalhos de lavra.

Licenciamento Ambiental do órgão de meio ambiente competente.

5.4.6. O Plano de Aproveitamento Econômico

O PAE será obrigatório quando:

i) A área se situar em região metropolitana;

ii) Os trabalhos forem considerados contrários ao interesse público

iii) A atividade mineira entrar em conflito com outras atividades existentes


na região.

5.4.7. Cancelamento do Registro de Licença (Perda do Título)

A licença poderá ser cancelada quando:

Ocorrer à extração de substâncias minerais não abrangidas pelo


licenciamento, após advertência.

Os trabalhos de extração forem interrompidos por um prazo superior a seis


meses sem autorização

Carla Maria Mendes Lacerda


149
Após a publicação do cancelamento da licença, qualquer interessado
poderá habilitar-se ao aproveitamento da jazida, em regime de licenciamento,
independentemente de autorização do proprietário do solo.

5.5. O Regime de Permissão de Lavra Garimpeira

O regime de permissão de lavra garimpeira - trabalho de extração, individual


ou coletivo, mediante o uso de instrumentos rudimentares, de aparelhos manuais
ou de máquinas simples e portáteis. É o aproveitamento imediato de jazimento
mineral que, por sua natureza, dimensão, localização e utilização econômica,
possa ser lavrado, independentemente de prévios trabalhos de pesquisa, segundo
critérios fixados pelo Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM.

As substâncias minerais consideradas garimpáveis, para fins desse regime,


são: o ouro, o diamante, a cassiterita, a columbita, a tantalita e wolframita, nas
formas aluvionar, eluvionar e coluvionar; a scheelita, as gemas, o rutilo, o quartzo,
o berilo, a muscovita, o espodumênio, a lepidolita, o feldspato, a mica e outros,
em tipos de ocorrência que vierem a ser indicados, a critério do DNPM.

A permissão de lavra garimpeira é outorgada, pelo DNPM, a pessoas físicas


de nacionalidade brasileira e as cooperativas de garimpeiros autorizadas a
funcionar como empresa de mineração. As condições são as seguintes:

A permissão tem a validade de 5 anos podendo, a critério do DNPM, ser


sucessivamente renovada;

O título é pessoal e, mediante anuência do DNPM, transmissível a quem


satisfizer os requisitos da lei;

A área máxima permissionada é de 50 hectares, salvo quando outorgada a


cooperativas de garimpeiros;

A existência de prévio licenciamento ambiental, para a lavra garimpeira,


concedido pelo órgão ambiental competente;

Carla Maria Mendes Lacerda


150
A existência de assentimento da autoridade administrativa local, do
município de situação do jazimento mineral, quando a lavra garimpeira ocorrer em
área urbana.

Figura 5.1: Garimpo Serra Pelada. In: http://3.bp.blogspot.com/-


0lNXSqphS2Y/UjnWvu_1evI /AAAAAA AAAlg/j-EFK-AgrGE/s400/Serra-Pelada-
garimpo-1983.jpg . Acessado em 01/08/2016.

Carla Maria Mendes Lacerda


151
Figura 5.2: Garimpo de Esmeralda, Nova Era Minas Gerais. Foto Autoral.

Carla Maria Mendes Lacerda


152
5.5.1. São deveres do permissionário da lavra garimpeira:

a) Iniciar os trabalhos de extração no prazo de 90 dias, contados a partir da


data de publicação do título no Diário Oficial da União, salvo motivo justificado;

b) Extrair somente as substâncias minerais indicadas no título;

c) Comunicar ao DNPM a ocorrência de qualquer outra substância mineral


não incluída no título, requerendo seu aditamento quando se tratar de substância
garimpável;

d) Executar os trabalhos de lavra de acordo com as normas técnicas e


regulamentares, baixadas pelo DNPM e pelo órgão ambiental competente;

e) Compatibilizar os trabalhos de lavra com a proteção do meio ambiente,


evitar o extravio das águas servidas, drenando e tratando as que possam
ocasionar danos a terceiros;

f) Não suspender a lavra por prazo superior a 120 dias, salvo motivo
justificado;

g) Responder pelos eventuais danos causados a terceiros, decorrentes,


direta ou indiretamente, dos trabalhos de lavra;

h) Apresentar anualmente ao DNPM as informações de produção e


comercialização.

Nota: O não cumprimento desses deveres sujeita o titular às sanções de


advertência, multa e cancelamento da permissão.

5.6. A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA À MINERAÇÃO

5.6.1. Princípios Constitucionais

Do ponto de vista da legislação o Artigo 225 da constituição também


conhecido como artigo do Meio Ambiente incumbe ao poder público a “exigir” na

Carla Maria Mendes Lacerda


153
forma de lei para instalação de obra ou atividade degradadora do meio ambiente
estudo prévio de impacto ambiental a que se dará publicidade.

E no capitulo 2º impõe que àquele que explorar recursos minerais


responsabilidades de recuperar os danos ambientais causados pela atividade de
mineração, consistente na obrigação de “recuperar o meio ambiente degradado”,
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente na forma
de lei.

A exigência do EIA aplica-se aos empreendimentos mineiros de toda e


qualquer substancia mineral. O EIA ao ser elaborado por técnicos habilitados deve
estar consubstanciado no relatório de impacto ambiental (RIMA). A aprovação do
EIA/RIMA é o requisito básico para que a empresa possa pleitear o licenciamento
ambiental (LA). A obtenção do licenciamento ambiental é obrigatória para
localização, instalação ou ampliação de qualquer atividade de mineração objeto
de regime de concessão de lavra e beneficiamento.

Esse licenciamento está regulado no decreto 99.274/90 que dá competência


aos órgãos ambientais de meio ambiente para expedição e controle das seguintes
licenças:

a) Licença prévia: pertinente à fase preliminar do planejamento do


empreendimento

b) Licença de instalação

c) Licença de operação.

O plano de aproveitamento econômico (PAE) e plano de recuperação da


área degradada (PRAD) e o EIA/RIMA são documentos técnicos exigidos para
obtenção de licença prévia, cuja tramitação é concomitante ao pedido de
concessão de lavra.

De acordo com o decreto nº. 97.632, de 10.04.1989- Artigo 1º - Os


empreendimentos que se destinam à exploração de recursos minerais estão
obrigados quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do

Carla Maria Mendes Lacerda


154
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, submeter à aprovação do órgão ambiental
competente, plano de recuperação de área degrada (PRAD).

Em suma com base no exposto acima o exercício da atividade mineradora


no País está condicionada a 3 instrumentos específicos de controle do Poder
Público, no que tange aos riscos potenciais de danos ao meio ambiente,
resultantes da lavra: o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA), o Licenciamento
Ambiental (LA) e o Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD).

Ressalta-se que as unidades da federação e municípios têm competência,


estatuída pela própria legislação federal, para disciplinar de forma mais específica
às normas estabelecidas pelo Governo Federal sobre a questão ambiental, não
podendo, contudo, contrariá-las.

5.6.2. Estudo de Impacto Ambiental de Atividades de Mineração

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que precede o licenciamento


ambiental de qualquer atividade de aproveitamento de recursos minerais e dele
se distingue, tem sua definição, normas e critérios básicos, e diretrizes
estabelecidas pela Resolução CONAMA N 0 001/86 (com base na Lei N 0 6.938/81),
alterada e complementada pelas resoluções N 0s 009/90 e 010/90, do mesmo
Conselho.

A exigência do EIA aplica-se aos empreendimentos mineiros de toda e


qualquer substância mineral, com exceção daquelas de emprego imediato na
construção civil (Classe II do Código de Mineração).

O EIA, a ser elaborado obrigatoriamente por técnicos habilitados, deve estar


consubstanciado no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), o qual é submetido
ao órgão de meio ambiente competente, integrante do Sistema Nacional de Meio
Ambiente (SISNAMA), para análise e aprovação. Nesta fase, o RIMA deve ser
tornado público, para que a coletividade ou qualquer outro interessado tenha
acesso ao projeto e a seus eventuais impactos ambientais e possa conhecê-los e
discuti-los livremente, inclusive em audiência pública.

A aprovação do EIA/RIMA é o requisito básico para que a empresa de


mineração possa pleitear o Licenciamento Ambiental.

Carla Maria Mendes Lacerda


155
5.6.3. Recuperação de Áreas Degradadas por Atividades de Mineração

De acordo com o Decreto n 0 97.632/89, os empreendimentos de mineração


estão obrigados, quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e do
Relatório de Impacto Ambiental, a submeter o Plano de Recuperação de Área
Degradada (PRAD) à aprovação do órgão estadual de meio ambiente competente.

Este plano contempla a solução técnica adequada, visualizada pela


empresa de mineração, à reabilitação do solo degradado resultante da atividade
de extração, para uso futuro.

O PRAD aprovado pode ser revisto ou alterado posteriormente, com a


concordância do órgão ambiental competente, com vistas a incorporar inovações
tecnológicas ou alternativas mais adequadas em razão do desenvolvimento dos
trabalhos de lavra.

Referências Bibliográficas

Serra, S. H. 2000. Direitos Minerários: formação, condicionamento e


extinção.Signus Editora 153p.

Pinto, U. R. Consolidação da Legislação Mineira e Ambiental.

Valle, C. E 2006. Qualidade Ambiental; ISO 14000 6ª EDIÇÃO revista e atualizada.


Editora Senac São Paulo. 200 pg.

Sites consultado: http://www.dnpm.gov.br.

Carla Maria Mendes Lacerda


156
Capitulo 6: Prospecção Geoquímica

6.1. Introdução

A prospecção geoquímica é uma aplicação da geoquímica na exploração


mineral. Dentre os métodos utilizados na pesquisa mineral a prospecção
geoquímica possui extrema importância devido à eficiência na descoberta de
depósitos minerais assim como pela facilidade na coleta de amostras e ainda pelos
baixos custos.

Um depósito mineral pode ser considerado com uma massa ou volume de


rochas no qual uma ou mais substância mineral encontra–se concentrada de forma
anômala, quando se compara com sua distribuição média na crosta.

Em geral, como visto anteriormente utiliza-se a denominação de


OCORRÊNCIA MINERAL para os depósitos que apresentam apenas uma
concentração anômala de um ou mais minerais, porém sem interesse econômico
imediato e de JAZIDA MINERAL para aquele depósito convenientemente provado
e passível de ser economicamente aproveitado.

O estudo detalhado de um recurso ou reserva mineral pode levar à


viabilidade técnica-econômica de um depósito mineral. Tendo como fim à
exploração econômica dos elementos foi introduzido o conceito de Clarke que
significa a abundância média de um elemento na crosta (Tabela 6.1).

Em geral, as substâncias minerais, salvo raras exceções, estão presentes


em seus depósitos em concentrações superiores àquelas com que participam na
composição química média da crosta terrestre, ou seja, acima de seu clarke
(Tabela 5.1).

A razão entre o conteúdo (teor) de uma substância num minério e seu


clarke é o chamado Fator de Concentração (f.c.). Vale ressaltar que o fator de
concentração varia de metal para metal (Tabela 6.2).

Carla Maria Mendes Lacerda


157
Tabela 6.1: Conteúdo médio de alguns metais na crosta continental (clarke) e
em seus depósitos minerais (Fonte: Decifrando a terra: Wilson Teixeira)

Teores aproximados em depósitos


minerais (%)
Metal Clarke(ppm)
Mínimo Médio

Alumínio 82.300 17 22

Ferro 56.300 20 40

Titânio 5.650 3 7

Manganês 1.000 7 20

Zircônio 165 ------ 0.5

Vanádio 120 0.12 0.2

Cromo 102 7 30

Níquel 84 0.25 1.1

Zinco 70 1.5 4.5

Cobre 60 0.35 1.0

Nióbio 20 0.34 0.6

Chumbo 14 1.5 3.5

Tório 9 0.01 0.05

Urânio 3 0.005 0.13

Arsênio 1.8 ------ ------

Ouro 0.004 1 (ppm) 6 (ppm)

(ppm) =partes por milhão

Carla Maria Mendes Lacerda


158
Observe na tabela 6.2 que para os elementos maiores como por exemplo
ferro e alumínio que já apresentam uma maior abundância na crosta, o fator de
concentração é menor para formar um deposito mineral.

Tabela 6.2: Comparação entre fatores de concentração

Elemento Clarke Teor médio (%) F.C.

Al 82.300 22 3

Fe 56.300 40 8

F 625 12 200

Sn 2,3 0,4 2000

Para melhor entendermos este assunto vamos calcular o fator de


concentração para os seguintes elementos (alumínio elemento maior e
chumbo elemento traço)

De acordo com os dados da Tabela 2 teríamos para o AI e o Pb os seguintes


resultados:

Teor Médio Al 22%


FC  Al
  2a 3
Clarke 8,2%

Teor MédioPb 3,5%


FC  Pb
  2500
Clarke 14 ppm

Pelos valores dos fatores de concentração, podemos entender que, para a


formação de uma jazida de alumínio, este elemento deve-se concentrar de 2 a 3
vezes em relação a sua concentração média na crosta terrestre. Por outro lado o

Carla Maria Mendes Lacerda


159
elemento Pb para formar um depósito mineral a concentração deve ser de 2500
vezes.

Nesse contexto o fator de concentração pode ser aplicado para estimar o


grau de facilidade com que os depósitos minerais podem ser formados (é mais
fácil formar um depósito de alumínio do que de chumbo).

6.2. Objetivo da Prospecção Geoquímica

A prospecção geoquímica amplamente utilizada na prospecção mineral tem


como meta procurar e identificar depósitos minerais mesmo que eles não estejam
aflorando.

Para isto o prospector geoquímico procura traços dos elementos


químicos que tenham se dispersado a partir de corpos mineralizados. Esses
processos de dispersão formam áreas em torno dos depósitos, denominadas de
áreas-alvo. A extensão dessas áreas, consideravelmente maiores que as áreas
dos depósitos propriamente ditos, facilita o processo de prospecção. Porém, para
se detectar essas áreas, é necessário que o prospector conheça, entre outros
fatores, um pouco sobre a mobilidade dos elementos, de maneira a melhor
entender os processos de dispersão dos elementos.

A dispersão geoquímica pode ser definida como o processo no qual,


os íons e as partículas movimentam para novos locais e ambientes geoquímicos
graças à atuação do intemperismo.

Os diferentes métodos de exploração geoquímica estão embasados na


possibilidade de amostragem e análise de diferentes materiais: rocha, solo,
sedimentos de drenagem, água, vegetação, gases e mineral (Figura 6.1).

Para identificar as áreas alvo tornar-se necessário que o prospector


conheça um pouco sobre a mobilidade dos elementos o que o ajudará na
compreensão dos processos de dispersão atuantes na área.

A Mobilidade de um elemento representa a facilidade com que um


elemento se move em um determinado ambiente. A mobilidade dos elementos
governa as respostas dos elementos em relação aos processos de dispersão e
pode ser dividida em mecânica e química.

Carla Maria Mendes Lacerda


160
A Mobilidade química é à base da dispersão secundária, utilizada pela
prospecção geoquímica em diferentes escalas. Esta mobilidade química pode se
dar na forma de íons livres ou complexos que podem estar em solução, adsorvidos
nos óxidos, nos argilo-minerais e na matéria orgânica.

Figura 6.1: Anomalias geoquímicas (Quando o intemperismo age sobre um


depósito mineral ele pode liberar íons e partículas que se movem ao longo das
drenagens o que pode formar um halo de dispersão de elementos e partículas
como uma área maior do que o corpo mineralizado).

O Potencial iônico (quociente da carga iônica pelo raio iônico) é um guia


importante para a mobilidade dos elementos, (Figura 5.2).

Como observado na figura 3.2 os elementos com baixo PI são solúveis como
cátions simples, ex. Ca, Na. Já os Elementos com alto PI – atraem O 2 e formam
oxiânions solúveis, ex. PO 43 -, SO42 –. Finalmente os elementos com PI
intermediário são menos móveis em virtude de sua baixa solubilidade e forte
tendência à adsorção, ex. Al, Ti.

Carla Maria Mendes Lacerda


161
Figura 6. 2: Mobilidade no ambiente superficial como função da carga iônica pelo
raio iônico.

Carla Maria Mendes Lacerda


162
A tabela abaixo mostra a mobilidade dos elementos no ambiente superficial.

Tabela 6.3: Mobilidades de alguns elementos químicos em relação às condições


ambientais. segundo Rose, Hawkes e Webb (1979)

Condições Ambientais

Mobilidade relativa Oxidante Neutro pH< 4 Redutor

pH 5-8

Altamente móveis Cl, Br, I, S, Rn,He, C, Cl, Br, I, S, Rn,He, C, N, Cl, Br, I, Rn, He
N, Mo,B, (Se, Te, Re?) B

Moderavelmente móveis Ca, Na, Mg, Li, F Ca, Na, Mg, Sr,Li, F, Ca, Na, Mg, Li
Zn.Cd,Hg, Cu, Ag, Co,
Zn, Ag, U, V, Sr, Ba, Ra, F,
Ni, U, V, As, Mn, P
As (Sr, Hg, Sb?) Mn

Levemente móveis K, Rb, Ba, Mn,Si, Ge, K, Rb, Ba, Si, Ge, Ra K, Rb, Si, P, Fe
P, Pb,Cu, Ni, Co (Cd),
(Be, Ra, In, W?)

Imóveis Fe, Al, Ga, Sc, Ti, Fe, Al, Ga, Sc, Ti Fe, Al, Ga, Ti, Zr,Hf,
Th, Pa, Sn,ETR, Pt
Zr, Hf, Th, Pa, Zr, Hf, Th, Pa
metais,
S, ETR, S, ETR
Au, Cu, Ag, Pb, Zn, Cd,
Pt metais, Au Pt metais, Au
Hg, Ni, Co, As, Sb, Bi,
(Cr, Nb, Ta, Bi, Cs?) (As, Mo, Se)* U, V, Se, Te, Mo, In, Cr,
(Nb, Ta, Cs?)

Carla Maria Mendes Lacerda


163
Comportamento dos principais elementos da crosta durante o intemperismo

Si Al Fe Mg Ca Na K
intemperismo

Lixiviação
Quartzo
Argilo-minerais

Óxidos de ferro

Quartzo Hidróxidos de Al Si removida

em solução Óxidos de ferro

6.3. Importância dos Óxidos de Fe e Mn, Matéria Orgânica, Argilas na mobilidade


dos elementos

Óxidos de Fe e Mn são extremamente importantes na prospecção


geoquímica porque durante sua precipitação, podem incorporar por co-
precipitação, outros íons. Além disso após a sua precipitação eles podem capturar
ou adsorver elementos com os quais entrem em contato. A existência desses
óxidos pode produzir uma diminuição na extensão de halos de dispersão de
elementos normalmente móveis em determinadas condições de pH/Eh. Por outro
lado, podem produzir anomalias não significativas.

Um outro material de extrema importância na prospecção geoquímica é a


matéria orgânica que pode estar presente nos solos e nos sedimentos de
drenagem. Este material é constituído por um complexo grupo de componentes de
origem biológica e desempenha papel importante na adsorção de certos
elementos. Camadas orgânicas do solo possuem a capacidade de acumular certos
metais e desse modo podem, muitas vezes, gerar anomalias não significativas,

Carla Maria Mendes Lacerda


164
principalmente em locais pantanosos ou com espessa cobertura vegetal ou ainda
em zonas de surgência de lençol freático (seepage).

As argilas têm a capacidade de promover a troca de cátions com elementos


no ambiente superficial. Essa capacidade está relacionada à facilidade desses
argilo-minerais em receber moléculas de água ou cátions entre as lâminas que
formam sua estrutura.

6.4. Conceitos (Teor de fundo – Teor limiar e anomalia Geoquímica)

Na prospecção geoquímica a coleta de amostra é feita por uma equipe


técnica. O material amostrado em campo é enviado, na maioria das vezes, para
um laboratório especializado onde é feita a dosagem dos elementos. A eficiência
desse processo depende do estabelecimento dos valores de teores de fundo e do
limiar.

Mais realista que o Clarke, o teor de fundo é definido como o teor médio de
um elemento em materiais geológicos não mineralizados (background). A
distribuição de um elemento raramente é uniforme, com isso, a abundância normal
de um elemento será variável de acordo com o material em que estiver contido.
Por isso, para cada tipo de amostragem e para cada nova área a ser pesquisada,
novos teores de fundo deverão ser definidos. A figura 6.3. Ilustra os teores de
fundo de alguns elementos em rochas.

A abundância normal de um elemento será variável de acordo com o


material em que estiver contido. Para cada tipo de amostragem, e para cada nova
área a ser pesquisada, novos teores de fundo deverão ser definidos.

Carla Maria Mendes Lacerda


165
Figura 6.3: Teor de fundo em rochas.

Como visto acima o teor de fundo de uma região depende dos tipos de
rochas presentes.

Vale lembrar que se as rochas possuem composição química e mineralógica


diferente, assim como afinidades geoquímicas diferente.

Assim considerando um mesmo elemento químico pode-se dizer que nas


rochas onde originalmente este elemento está mais concentrado, isto é possui
uma maior afinidade, seriam as mais adequadas como fontes de depósitos
minerais (vide a Tabela 6.4).

Tabela 6.4: Associações geoquímicas de elementos

Carla Maria Mendes Lacerda


166
Associações plutônicas

Rochas ultramáficas Cr, Co, Ni, Cu

Rochas máficas Ti, V, Sc

Rochas alcalinas Ti, Nb, Ta, Zr, ETR, F, P

Rochas carbonáticas ETR, Ti, Nb, Ta, P, F

Rochas graníticas Ba, Li, W, Mn, Sn, Zr, Hf, U, Th, Ti

Rochas pegmatíticas Li, Rb, Cs, Be, ETR, Nb, Ta, U, Th, Zr, Hf

Associações hidrotermais

Depósitos de cobre pórfiro Cu, Mo, Re

Sulfetos complexos Hg, As, Sb, Se, Ag, Zn, Cd, Pb

Sulfetos de baixa temperatura Bi, Sb, As

Metais básicos Pb, Zn, Cd, Ba

Metais preciosos Au, Ag, Cu, Co, As

Metais preciosos (UMF) Ni, Cu, Pt, Co

Metamorfismo de contato

Schelita-cassiterita W, Sn, Mo

Fluorita-helvita Be, F, B

Associação sedimentar

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167
Folhelhos negros U, Cu, Pb, Zn, Cd, Ag, Au, V, Mo, Ni, As

Fosforita U, V, Mo, Ni, Ag, Pb, F, ETR

Evaporitos Li, Rb, Cs, Si, Br, I, B

Lateritas Ni, Cr, óxidos, Mn, Co, W, As, Ba, P, Nb, Ti,
ETR

Bauxita Nb, Ti, Ga, Be, Zn

Analisando a tabela 6.4 as rochas ultramáficas seriam mais adequadas para


a formação de depósitos de Cr, Co, Ni, Cu, já as rochas pegmátiticas poderiam
formar depósitos de Li, Rb, Cs, Be, ETR (Elemento terras raras), Nb, Ta, U, Th,
Zr, Hf.

Anomalia Geoquímica

Anomalias geoquímicas são desvios dos padrões geoquímicos normais em


um determinado espaço geoquímico. São valores anormalmente altos ou baixos
de um elemento ou combinações de elementos, ou ainda uma distribuição anormal
de teores em um ambiente específico.

As anomalias podem ser: 1) pedogeoquímicas (solos), 2) litogeoquímicas (rochas),


3) hidrogeoquímicas (água), 4) biogeoquímicas (vegetais), 5) atmogeoquímicas
(ar) ou relativas aos sedimentos de fundo de drenagens (vide figura 6.1).

As anomalias relacionadas com mineralizações são denominadas


significativas e são geralmente positivas (teores maiores que os teores de
fundo). As anomalias relacionadas com mineralizações não econômicas ou a
processos não relacionados à mineralizações que produzem altos teores nos
elementos indicadores são chamadas não-significativas.

Limiar

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168
O LIMIAR (THRESHOLD) representa um valor acima do qual o teor de uma
amostra e considerado anômalo. É o limite superior das flutuações normais de
teores de fundo.

A maioria dos levantamentos geoquímicos apresenta um conjunto de


feições consideradas como anormais, que sobressaem no panorama geoquímico
de uma área prospectada. Porém, muitas anomalias não apresentam significado
de interesse econômico e prospectivo. Essas são anomalias não-significativas.
Podem ser devido a:

1) Anomalias relacionadas com rochas que apresentam altos teores de


fundo dos elementos considerados (ultramáficas – alto Cr, Co, Ni, Mg; carbonatitos
– alto P, Ti, Zr, Nb, TR; máficas – alto Fe, Ti, Cu);

2) Anomalias devidas à contaminação pela atividade humana (rejeitos


de minas, rejeitos de operações de fundição, fertilizantes, pesticidas, defensivos
agrícolas ricos em metais, efluentes líquidos e resíduos sólidos);

3) Anomalias produzida por erros durante a campanha de amostragem


(amostras coletadas em locais impróprios da drenagem ou do solo, mal coletadas,
etc.) e/ou durante a análise da amostra no laboratório (erros na análise
laboratorial).

Anomalias de fuga

A figura abaixo mostra como o halo de dispersão pode ajudar na descoberta


de um corpo mineralizado.

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169
Figura 6.4: Anomalia de fuga devido ao fraturamento da rocha.

Elemento indicador x Elemento Farejador

Elemento indicador é aquele utilizado na prospecção com o objetivo de


detectar um corpo de minério. Na maioria dos casos o elemento indicador é um
componente economicamente importante (elemento maior) no minério procurado.
(E.g. Cobre em mineralizações de cobre, cromo em mineralizações de cromo).

Caso um componente principal apresente dificuldades analíticas, tiver


mobilidade muito reduzida ou produzir dados de interpretação difíceis, durante a
prospecção geoquímica, outros elementos associados com o principal podem ser
utilizados e neste caso são denominados de elementos farejadores (elemento
traço ou menores)

Elementos farejadores (pathfinders): são elementos associados a um


corpo mineralizado que apresenta uma baixa concentração e é usado para
detectar corpos de minério.

A característica essencial para o elemento ser considerado farejador é


relacionamento consistente com a mineralização.

Os elementos farejadores são normalmente utilizáveis apenas para


determinados tipos de mineralização ou ambiente geoquímico (Tabela 6.5).

Carla Maria Mendes Lacerda


170
Por exemplo o molibdênio (Mo) não é farejador para todos os depósitos
cupríferos mas apenas os de cobre pórfiro. O Arsênio é farejador para as jazidas
auríferas com arsenopirita.

Tabela 6.5: Exemplo de elementos farejadores utilizados em prospecção g

FAREJADORES TIPOS DE DEPÓSITOS

As Veios de Au e Au

As Minérios sulfetados complexos (Au, Ag, Cu, Co, Zn)

B Escarnitos (w, Be, Zn, Mo, Cu, Pb)

B Greisens ou veios de Sn-W-Be

Hg Pb-Zn-Ag (sulfetos complexos)

Mo Depósitos de contato (W-Sn)

Mn Cobre pórfiro, depósitos em veios (Ba-Ag)

Se, V, Mo U: Tipo arenito

Cu, Bi, As, Co, U: tipo veio


Mo, Ni

Mo, Te, Au Cobre pórfiro

Pd, Cr, Cu, Ni, Co Pt em rochas ultramáficas

Zn Ag-Pb-Zn (sulfetos em geral)

Zn, Cu Cu-Pb-Zn (sulfetos em geral)

Rn U: todos os tipos de depósitos

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171
6.5. Métodos de prospecção geoquímica

 Litosfera (rochas) (Figuras 6.5 a 6.8)

 Pedosfera (solos)

 Hidrosfera

 Atmosfera

 Biosfera

 Propósito da prospecção geoquímica

 Sedimentos de corrente

Solo residual

Colúvio

Aluvião

Mineralização

Figura 6. 5:Locais de coleta de amostras em prospecção geoquímica (Rochas,


solos e sedimentos de drenagem).

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172
Figura 6. 6: Locais de coleta de amostras em prospecção geoquímica (Rochas,
solos, sedimentos de drenagem e água subterrânea).

Vegetais com raízes


no solo residual Vegetais com raízes no colúvio
Vegetais com raízes
no freático

Vegetais com raízes no aluvião

Mineralização
Linha do freático

Figura 6. 7: Locais de coleta de amostras em prospecção geoquímica (Rochas,


solos, sedimentos de drenagem e água subterrânea e anomalias biogênicas).

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173
Surgência
(seepage) Fonte Afloramento do freático

Mineralização
Linha do
freático

Figura 6. 8: Locais de coleta de amostras em prospecção geoquímica (Rochas,


solos, sedimentos de drenagem e água subterrânea e anomalias biogênicas)

A prospecção geoquímica é realizada com objetivo de diminuir


progressivamente o tamanho da área de pesquisa aonde pode estar localizado um
corpo de minério, antes da fase de prospecção direta (por exemplo: execução de
sondagens). Em geral uma campanha geoquímica tem como meta descobrir um
depósito de minério com custo bem baixo.

6.6.Campanha de amostragem na prospecção geoquímica

O objetivo de uma amostragem geoquímica é o de representar uma situação


real composta por um número infinito de pontos por meio de uma quantidade finita
de amostras.

Esse conjunto de porções retiradas de uma situação global deverá ser o


mais representativo possível, sob pena de falsear qualquer conclusão.

Isso é particularmente crítico nos casos em que cada amostra tenha grande
abrangência como é o caso dos sedimentos ativos de drenagem em
levantamentos regionais. Qualquer desvio das regras estabelecidas poderá gerar
problemas como super-estimação ou de sub-estimação dos teores encontrados.

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174
6.7. Responsabilidades do Coletor (técnico em mineração)

O coletor das amostras deve fazer mais que apenas coletar a amostra, deve
portanto, observar todos os fatos que escapam da normalidade durante os
trabalhos, fazendo as anotações na caderneta de campo para subsidiar as
interpretações e conclusões do levantamento.

Durante a coleta é importante anotar fatos como, mudanças na cor ou na


textura do material, mudanças na granulação, presença de matéria orgânica, de
óxidos de Fe/Mn, quaisquer indícios de mineralização (presença de sulfetos), etc.

De igual importância são os cuidados que devem ser tomados durante a


coleta propriamente dita da amostra que deve ser feita estritamente de acordo
com o especificado.

Em levantamentos regionais de longa duração deve-se cuidar a qualidade e


as mudanças na equipe de campo. Esse problema é especialmente comum em
regiões ínvias onde é difícil a aquisição de mão de obra especializada e onde a
existência de garimpos aumenta a rotatividade de pessoal.

6.8. Programação de amostragem

A programação das estações de amostragem deve ser feita com o auxílio do


mapa-base preliminar de trabalho e do mapa geológico. As estações de coleta
devem ser distribuídas conforme, a diferença das rochas, a densidade e o padrão
da rede hidrográfica (as drenagens), a densidade e representatividade da
amostragem (depende da escala de trabalho), e de acordo a experiência
acumulada.

Além disso, deve ser checada, durante a pesquisa mineral, a qualidade de


amostragem.

As amostras para o controle de qualidade devem ser programadas e


incluídas em lotes com quantidade de amostras pré-estabelecida, permitindo a
verificação periódica da qualidade das técnicas de amostragem e analíticas.

A precisão de amostragem em campo (controle de qualidade) é controlada


por meio de amostras replicatas, que são duas amostras diferentes coletadas no
mesmo local.

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175
A precisão analítica (precisão na preparação das amostras) é controlada
por meio de amostras duplicatas, que são amostras normais divididas em duas
porções.

As tendências do laboratório são controladas por meio de amostras padrão


(que são comprados e cujo teor é conhecido).

6.9. Técnicas de amostragem

6.9.1.Prospecção Geoquímica por Sedimentos de Corrente

Sedimento de drenagem é aquele material não consolidado, distribuído ao


longo dos vales, do sistema de drenagem e originado a partir da interação
constante e contínua dos processos de intemperismo e erosão que atuam sobre
os diversos tipos de rocha localizados na bacia de drenagem. Assim, esse material
é representativo de toda a bacia a montante, no que concerne aos eventos a ela
relacionados.

Os sedimentos de corrente podem ser ativos e inativos.

Sedimentos inativos de drenagem, são aqueles materiais depositados


nos cursos de água e que podem ter sido originados de três maneiras:

a) Material transportado por tração, saltação e suspensão pela


torrente das cheias e que se deposita marginalmente à corrente;

b) Material desmoronado das margens e acumulado próximo da fonte


sem transporte significativo;

c) Material de densidade elevada, que se deposita seletivamente nos


locais onde ocorram obstáculos naturais no leito ou onde a
corrente muda de direção.

Os Sedimentos ativos de drenagem, também conhecidos como


sedimentos de corrente, são os materiais não consolidados que estão sendo
continuamente transportados na corrente da drenagem por saltação, tração ou
suspensão. Esse conjunto heterogêneo está sendo constantemente movimentado
e misturado na zona de maior fluxo da corrente. Isso promove uma constante e

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176
adequada mistura de componentes em qualquer trecho da drenagem. É o material
mais usado na prospecção geoquímica regional (Figura 6.9).

Figura 6. 9: Fotos em aluviões (sedimentos ativos de corrente).

Em uma amostragem de sedimentos de corrente, alguns procedimentos


podem ser sugeridos:

 Planejamento e localização do córrego e da estação de amostragem


(através de mapas geológicos, topográficos, fotografias aéreas e imagens de
satélite e radar).

 A amostragem é composta isto é o material deve ser coletado em locais


afastados entre si. Lembre-se que uma amostra composta representa uma área.

Carla Maria Mendes Lacerda


177
O tipo de material coletado é a fração argilosa (devido à sua capacidade de
adsorção).

 A coleta deve ser feita de jusante para montante

 A coleta deve ser feita no meio da drenagem e nunca próximas de suas


bordas laterais

 Procurar não amostrar pequenos cursos de água muito próximos de sua


confluência com rios de maior magnitude (ou seja locais onde o material pode
não ser significativo)

 Amostrar sempre a montante de pontes, travessias, etc. (para não gerar


falsas anomalias).

 Usar a mão para coleta de material.

 Condicionar o material em sacos plásticos e identificar a amostra

 Medir o pH da água;

 Preencher a caderneta de campo. Observar quaisquer anormalidades


existentes no local de coleta (ou seja presença de óxidos de ferro e manganês,
presença de matéria orgânica, presença de sulfetos etc.).

 Marcar no campo a estação de coleta de maneira a possibilitar futuras


verificações e eventuais reamostragens.

 Tirar as coordenadas.

Vale lembrar que o estabelecimento do padrão de amostragem de uma


determinada área a ser coberta por coleta de sedimentos de corrente depende,
tanto do objetivo do levantamento (levantamento regional, de semi detalhe ou de
detalhe, Figuras 6.10 a 6.12), quanto da área máxima para bacias de drenagem
que reflitam a mineralização procurada.

Vale ressaltar que cada amostra em um levantamento geoquímico em


drenagens representará todos os materiais geológicos que estão sendo
erodidos na bacia de drenagem a montante da estação de coleta.

Com isso, a amostra não representa somente um ponto mas sim toda a
área da bacia a montante. Dessa maneira, o teor na amostra representa o teor

Carla Maria Mendes Lacerda


178
médio dos materiais geológicos da bacia de drenagem a montante da estação de
coleta.

A área máxima da bacia de drenagem representada por cada amostra,


dependerá dos parâmetros levantados no estudo orientativo e das demais
informações existentes, além do conhecimento da mobilidade dos elementos
procurados. Como regra geral, quanto maior a bacia de drenagem amostrada,
tanto maior deverá ser a mineralização para produzir anomalias detectáveis

Figura 6. 10: Densidade de amostragem em uma malha de 100-200km 2

Carla Maria Mendes Lacerda


179
.

Figura 6. 11: densidade de amostragem em uma malha de 10-20km 2.

Figura 6. 12: Densidade da amostragem um escala de uma amostra a cada 0,5km 2


e com espaçamento constante ao longo das drenagens.

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180
6.9.2 Prospecção por Concentrados de Bateia (Minerais Pesados)

Esta ferramenta utiliza as propriedades gravimétricas dos materiais


detríticos pesados e resistatos (com densidade maior que a densidade do quartzo,
d = 2.7). Como por exemplo, ouro, cassiterita, columbita, tantalita, diamante e seus
satélites, platina, monazita, etc. (Figura 6.13)

Estes materiais tendem a se acumular como produtos residuais das rochas,


sendo encontrados nos elúvios, colúvios e aluviões (sendo este último o ambiente
amostrado).

O concentrado é feito no campo com auxílio de uma bateia (alumínio).

Em uma amostragem de concentrados de bateia, alguns procedimentos ser


seguidos:

 Planejamento e localização do córrego e da estação de amostragem


(através de mapas geológicos, topográficos, fotografias aéreas e imagens de
satélite e radar).

 A amostragem é composta isto é o material deve ser coletado em locais


afastados entre si. Lembre-se que uma amostra composta representa uma área.

 A coleta deve ser feita de jusante para montante (fração cascalho)

 A coleta das amostras deve ser feita nos locais onde haja diminuição brusca
da velocidade do fluxo de água (figura 6.14.) e onde predominem partículas de
0.5cm ou mais de diâmetro, como barras em pontal (ilhas), barras marginais
(praias), porções internas das curvas dos rios, barreiras em drenagens formadas
por quaisquer obstáculos, etc;

 O material deve ser coletado com pás ou cavadeiras a cerca de 30cm de


profundidade e com volume constante entre 10 a 20 litros.

 Pode-se fazer um pré peneiramento, separando e rejeitando a fração mais


grossa após análise visual com seleção dos minerais de interesse que devem
ser guardados com o concentrado.

 Durante o bateamento deve-se ter cuidado para não perder materiais de


interesse como palhetas de ouro mais fino.

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181
 O bateamento é feito, se possível, em geral no próprio local de coleta e o
concentrado é guardado em saco plástico e etiquetado.

 A estação de coleta deve ser marcada para futuras verificações e eventuais


reamostragens. Tirar as coordenadas e anotar as informações na caderneta de
campo (figura 5.15).

Figura 6. 13: Etapas de garimpagem de um concentrado de sedimento. É


importante misturar bem o sedimento para que os metais pesados se concentrem
no fundo da bateia. Frequentemente o sedimento é peneirado a menos de 2mm,
embora esse procedimento possa eliminar alguma pepita (nugget) grande. Um
garimpeiro experiente leva, em média, 20 min para completar a operação.

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182
Figura 6. 14: Locais indicados pelas setas para concentração de minerais
pesados (A1) –parte interna nos meandros; (A2) encontro de rios com velocidades
diferentes (v1>V2) e (A3) Encontro de rios com lagos e açudes.

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183
Figura 6. 15: Locais de amostragem por concentrado de bateia. Na figura acima
é mostrado o processo de bateamento. No centro o local de coleta de amostra. A
foto inferior mostra a fração cascalhosa amostrada.

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184
6.9.3. Prospecção geoquímica e amostragem de solos residuais (Elúvios)

A amostragem e análise de solos residuais é uma das técnicas mais


utilizadas e quando usada adequadamente torna-se uma ferramenta
extremamente confiável. Isto porque independente das condições climáticas e
onde se tem uma rocha mineralizada haverá feições químicas representada nos
solos residuais.

Durante a atuação dos processos de intemperismo e pedogênese (formação


do solo), os elementos presentes na rocha são incorporados aos solos residuais
sobrejacentes, denominados elúvios. Quando esses processos ocorrem sobre
corpos mineralizados, os altos teores dos elementos associados aos depósitos
darão origem a teores anormalmente altos nos solos residuais sobrejacentes.
Anomalias geoquímicas nas rochas intemperizadas e nos solos residuais têm sido
usadas com grande sucesso como guias para mineralizações não aflorantes.

Ressalta que o solo pode ser residual (elúvio) ou transportado (colúvio). Em


áreas com cobertura residual, a amostragem é utilizada, em geral, na fase após
os serviços de prospecção geoquímica por sedimentos de corrente e por
concentrados de bateia.

Vale lembrar que existem algumas áreas onde os solos superficiais não
refletem a química das rochas subjacentes, são elas:

a) Áreas glaciais onde o solo (ou cobertura) foi transportado para outra
região;

b) Áreas onde ocorre forte transporte eólico de areias;

A formação das anomalias no solo residual é governada por fatores físicos


e químicos como, por exemplo:

a) Modo de ocorrência dos elementos – os elementos derivados do


intemperismo ocorrem no solo de maneira dependente das suas propriedades, de
sua ocorrência no material original, da química e da mineralogia do solo.

Alguns metais (Sn, W, Nb, Au) ocorrem no solo como componentes de


minerais resistatos ou migram também na forma iônica.

Outros ocorrem ligados à argilo-minerais ou com óxidos hidratados de Fe


e Mn e Al e também à matéria orgânica.

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185
Elementos de pouca mobilidade (Sn, Cr) tendem a permanecer no local de
geração e podem sofrer enriquecimentos relativos mantendo ou até ampliando
suas anomalias.

Elementos mais móveis (Cu, Zn, Mo, U) mostram intensidades menores em


suas anomalias pois tendem a migrar de seus locais de origem.

Procedimento de coleta de amostras

 Em geral a coleta é feita segundo um sistema de malhas regulares ao longo


das linhas regularmente espaçadas (locação dos pontos). Antes da coleta deve-
se fazer um levantamento topográfico locando em campo (colocando piquetes)
o local a ser amostrado. Deve-se para isto construir uma linha base que deve ser
paralela à estrutura mineralizada. E a partir desta em direção ortogonal e em
intervalos regulares devem ser implantadas as linhas de amostragem. A equipe
de topógrafos colocará piquetes no locais a serem amostrados

 De um modo geral 20 a 50g de amostra fornecem material suficiente para


uma boa amostragem.

 As amostras são coletadas por meio de escavações manuais no horizonte


B e acondicionadas em sacos plásticos previamente numerados.

 Para cada amostra são preenchidas as fichas de campo. Vale ressaltar que
o horizonte B é escolhido devido à á composição argilosa.

 A partir da análise química das amostras são construídos mapas de


isoanomalias (mapas de isoteores).

 A planilha de campo contém os seguintes dados: Localização da amostra,


nome do amostrador, data da coleta, descrição do local, método de análise,
horizonte amostrado e anormalidades no local (se houver).

Ressalta que durante a interpretação dos dados, parâmetros como a


topografia que podem aumentar o tamanho do halo de dispersão devem ser
analisados (Figura 5.16a).

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186
Influência da inclinação do terreno em relação as anomalias máximas
(Granier 1973)

Figura 6. 16: Influencia da inclinação do terreno em relação às anomalias


máximas

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187
6.9.4. Prospecção hidrogeoquímica

Os métodos de prospecção hidrogeoquímica estão baseados na descoberta


de halos de dispersão secundária de corpos mineralizados a partir do estudo da
hidrodinâmica superficial e subterrânea. Este estudo pode ser realizado em águas
superficiais, subterrâneas e em fontes.

A prospecção em água superficial ou subterrânea tem como vantagem


poder detectar ocorrências minerais não aflorantes. Além disso, uma pequena
porção de material é coletado não diminuindo na eficiência para detecção dos
halos de dispersão

A técnica de prospecção hidrogeoquímica tem sido utilizada para depósitos


sulfetados e não sulfetados (B, Be, Li, W, F, U, etc).

Teores anômalos dos elementos químicos contidos nas águas superficiais


ou subterrâneas constituem padrões conhecidos como anomalias
hidrogeoquímicas. Os elementos móveis são capazes de viajar em solução nas
águas naturais e por isso são úteis na prospecção geoquímica. U, F, Mo, Zn, Cu,
entre outros, são exemplos de elementos que podem ser prospectados desta
maneira. Drenagens largas e rasas com fluxos estáveis e sem turbulência são
ideais para esse tipo de prospecção pois mantém a homogeneidade das
anomalias.

O metal pode entrar na drenagem nas cabeceiras ou em qualquer ponto do


seu curso e tenderá a mostrar um decréscimo progressivo a partir da fonte. Porém,
em muitos casos, é comum a entrada do metal a partir de vários pontos ao longo
do curso dificultando a interpretação.

Técnicas de amostragem de água de drenagem

 O amostrador deve ficar de frente para a cabeceira da drenagem para evitar


contaminações da amostra no momento da coleta

 Lavar as mãos com a água corrente da drenagem

 Abrir o recipiente e lavá-lo duas ou três vezes com a água corrente da


drenagem

 Medir o pH da água com papel indicador

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188
 Encher o recipiente com água

 Se for o caso, adicionar acidulante para manter os elementos em solução

 Preencher a ficha de campo (anotando qualquer anormalidade)

 Identificar a estação de amostragem no campo e identificar a amostra

6.9.5 Prospecção biogeoquímica

A prospecção geobotânica é um dos métodos geoquímicos de exploração


mineral e tem o propósito de detectar halos de dispersão secundária de corpos
mineralizados, por meio do estudo, da distribuição dos elementos químicos
indicadores, presentes na vegetação.

Alguns elementos químicos são fundamentais para o perfeito


desenvolvimento das espécies vegetais (macro e micronutrientes).

A atividade vital faz com que alguns elementos dispersos na superfície da


terra se acumulem nas plantas (ex: B., Mn, Fe, Cu, Mo, Zn, Co, Ni, U). Estes
elementos são denominados segundo a sua abundância média em macro e micro
nutrientes. (Macro: H, O, N, P, S, Cl, C, K, Mg, Ca e Micro: Fe, Cu, Mn, Zn, B, Mo).

Estes elementos, em excesso ou em falta, podem influenciar o


desenvolvimento sadio das plantas.

Vantagens do método

Devido à profunda penetração das raízes, corpos mineralizados não


aflorantes podem ser localizados mesmo sob uma cobertura de solo de até 30m.

As plantas possuem a capacidade de assimilar elementos químicos que


estão presentes nos solo em quantidades muito reduzidas.

3.10. Controle de Qualidade

As amostras para o controle de qualidade devem ser programadas e incluídas


em lotes com quantidade de amostras pré-estabelecida, permitindo a verificação
periódica da qualidade das técnicas de amostragem e analíticas.

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A precisão de amostragem é controlada por meio de amostras replicatas, que
são duas amostras diferentes coletadas no mesmo local.

A precisão analítica é controlada por meio de amostras duplicatas, que são


amostras normais divididas em duas porções.

As tendências do laboratório são controladas por meio de amostras padrão,


que tem teor conhecido.

Carla Maria Mendes Lacerda


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