Plataforma Linguagens Enem - Competência 05 - Habilidade 17
Questão 01 (Enem 2014 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q113)
Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,
Mas eu que sempre te segui os passos
sei que cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961.
Com uma obra densa e expressiva no Simbo-
lismo brasileiro, Cruz e Sousa transpôs para seu li-
rismo uma sensibilidade em conflito com a realidade
vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em
A sofrimento tácito diante dos limites impostos pela
discriminação.
B tendência latente ao vício como resposta ao iso-
lamento social.
C extenuação condicionada a uma rotina de tarefas
degradantes.
D frustração amorosa canalizada para as atividades
intelectuais.
E vocação religiosa manifesta na aproximação com
a fé cristã.
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada
Acerto Desatenção ao Enunciado
Erro Texto Não Compreendido
Questão 02 (Enem 2014 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q122)
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele Povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.
Quem pode ser senão um verdadeiro
Deus, que veio estirpar desta cidade
O Faraó do povo brasileiro.
DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos.
São Paulo: Globo, 2006.
Com uma elaboração de linguagem e uma vi-
são de mundo que apresentam princípios barrocos,
o soneto de Gregório de Matos apresenta temática
expressa por
A visão cética sobre as relações sociais.
B preocupação com a identidade brasileira.
C crítica velada à forma de governo vigente.
D reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
E questionamento das práticas pagãs na Bahia.
Correção: Tipo de erro:
Acerto
Habilidade Não Instalada Interpretação
Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
Questão 03 (Enem 2015 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q97)
Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa.
Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que
comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias,
a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou
a filosofia, que explicava como não fazer o que não
devia ser feito. Então surgiram os números racionais
e a História, organizando os eventos sem sentido.
A fome desde sempre, das coisas e das pessoas.
Foram inventados o calmante e o estimulante. E al-
guém apagou a luz. E cada um se vira como pode,
arrancando as cascas das feridas que alcança.
BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, Í. (Org.).
Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bo-
Interpretação nassi configura um painel evolutivo da história da hu-
Cansaço manidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo
manifesta uma percepção que
A recorre à tradição bíblica como fonte de inspira-
ção para a humanidade.
B desconstrói o discurso da filosofia a fim de ques-
tionar o conceito de dever.
C resgata a metodologia da história para denunciar
as atitudes irracionais.
D transita entre o humor e a ironia para celebrar o
caos da vida cotidiana.
E satiriza a matemática e a medicina para desmisti-
ficar o saber científico.
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 04 (Enem 2015 – 1ª Aplicação – Prova Questão 05 (Enem 2015 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q111) amarela – Q130)
Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha Cântico VI
mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os Tu tens um medo de
cabelos e eu parti. Acabar.
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha Não vês que acabas todo o dia.
instalação. Que morres no amor.
Ateneu era o grande colégio da época. Afamado Na tristeza.
por um sistema de nutrido reclame, mantido por um
Na dúvida.
diretor que de tempos a tempos reformava o esta-
belecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, No desejo.
como os negociantes que liquidam para recomeçar Que te renovas todo dia.
com artigos de última remessa; o Ateneu desde mui- No amor.
to tinha consolidado crédito na preferência dos pais, Na tristeza.
sem levar em conta a simpatia da meninada, a cer- Na dúvida.
car de aclamações o bombo vistoso dos anúncios. No desejo.
O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida Que és sempre outro.
família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o Que és sempre o mesmo.
império com o seu renome de pedagogo. Eram bo-
Que morrerás por idades imensas.
letins de propaganda pelas províncias, conferências
Até não teres medo de morrer.
em diversos pontos da cidade, a pedidos, à subs-
tância, atochando a imprensa dos lugarejos, cai- E então serás eterno.
xões, sobretudo, de livros elementares, fabricados MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1963 (fragmento).
às pressas com o ofegante e esbaforido concurso A poesia de Cecília Meireles revela concepções
de professores prudentemente anônimos, caixões sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cân-
e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, tico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber,
inundando as escolas públicas de toda a parte com como inerente à condição humana,
a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em A a sublimação espiritual graças ao poder de se
que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia- emocionar.
-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto
B o desalento irremediável em face do cotidiano
dos confins da pátria. Os lugares que os não pro-
repetitivo.
curavam eram um belo dia surpreendidos pela en-
chente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia C o questionamento cético sobre o rumo das atitu-
senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do des humanas.
espírito. D a vontade inconsciente de perpetuar-se em esta-
POMPÉIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.
do adolescente.
E um receio ancestral de confrontar a imprevisibili-
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu di- dade das coisas.
retor, o narrador revela um olhar sobre a inserção
social do colégio demarcado pela Correção: Tipo de erro:
A ideologia mercantil da educação, repercutida nas Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto
vaidades pessoais. Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
B interferência afetiva das famílias, determinantes
no processo educacional.
C produção pioneira de material didático, responsá-
vel pela facilitação do ensino.
D ampliação do acesso à educação, com a nego-
ciação dos custos escolares.
E cumplicidade entre educadores e famílias, unidos
pelo interesse comum do avanço social.

Correção: Tipo de erro:

Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 06 (Enem 2015 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q134)
Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No
princípio. As mulheres, principalmente as mortas do
álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais mara-
vilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais per-
feita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da
minha avó. Na nossa família, frisava, lançando em
redor olhares complacentes, lamentando os que não
faziam parte do nosso clã. [...]
Quando Margarida resolveu contar os podres to-
dos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei
furiosa. [...]
É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos.
Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se
casou com a inglesa de cachos só por causa do di-
nheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feio-
sa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo
chorava porque sentia falta de homem, ela queria
homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O
dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas
com loucura e tudo. "E tem mais coisas ainda, minha
queridinha", anunciou Margarida fazendo um agrado
no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada,
uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava
desmoralizar meus heróis?
TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Representante da ficção contemporânea, a pro-
sa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói
modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo
familiar descortina um(a)
A convivência frágil ligando pessoas financeira-
mente dependentes.
B tensa hierarquia familiar equilibrada graças à pre-
sença da matriarca.
C pacto de atitudes e valores mantidos à custa de
ocultações e hipocrisias.
D tradicional conflito de gerações protagonizado
pela narradora e seus tios.
E velada discriminação racial refletida na procura
de casamentos com europeus.
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada
Acerto Desatenção ao Enunciado
Erro Texto Não Compreendido
Questão 07 (Enem 2016 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q115)
A partida de trem
Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini
pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona Ma-
ria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do
Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos.
A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a
disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido
na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido
cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um
certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma
nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Re-
cebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora an-
tes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão.
Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara
do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento,
surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem
seguisse nessa direção e sentara-se de costas para
o caminho.
Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e
perguntou:
— A senhora deseja trocar de lugar comigo?
Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza,
disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo.
Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre
o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito,
passou a mão pelo broche. Seca. Ofendida? Pergun-
tou afinal a Angela Pralini:
— É por causa de mim que a senhorita deseja
trocar de lugar?
LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1980 (fragmento).
A descoberta de experiências emocionais com
base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice
Lispector.
No fragmento, o narrador enfatiza o(a)
A comportamento vaidoso de mulheres de condi-
ção social privilegiada.
B anulação das diferenças sociais no espaço públi-
co de uma estação.
C incompatibilidade psicológica entre mulheres de
gerações diferentes.
Interpretação
Cansaço
D constrangimento da aproximação formal de pes-
soas desconhecidas.
E sentimento de solidão alimentado pelo processo
de envelhecimento.
Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 08 (Enem 2016 – 1ª Aplicação – Prova Questão 09 (Enem 2017 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q116) amarela – Q34)
Esses chopes dourados A lavadeira começou a viver como uma servi-
[...] çal que impõe respeito e não mais como escrava.
quando a geração de meu pai Mas essa regalia súbita foi efêmera. Meus irmãos,
batia na minha nos frequentes deslizes que adulteravam este novo
relacionamento, eram dardejados pelo olhar seve-
a minha achava que era normal
ro de Emilie; eles nunca suportaram de bom grado
que a geração de cima que uma índia passasse a comer na mesa da sala,
só podia educar a de baixo usando os mesmos talheres e pratos, e comprimindo
batendo com os lábios o mesmo cristal dos copos e a mesma
porcelana das xícaras de café. Uma espécie de asco
quando a minha geração batia na de vocês
e repulsa tingia-lhes o rosto, já não comiam com a
ainda não sabia que estava errado mesma saciedade e recusavam-se a elogiar os pas-
mas a geração de vocês já sabia téis de picadinho de carneiro, os folheados de nata e
e cresceu odiando a geração de cima tâmara, e o arroz com amêndoas, dourado, exalando
um cheiro de cebola tostada. Aquela mulher, sentada
aí chegou esta hora e muda, com o rosto rastreado de rugas, era capaz
em que todas as gerações já sabem de tudo de tirar o sabor e o odor dos alimentos e de suprimir
e é péssimo a voz e o gesto como se o seu silêncio ou a sua pre-
ter pertencido à geração do meio sença que era só silêncio impedisse o outro de viver.
tendo errado quando apanhou da de cima HATOUM, M. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
e errado quando bateu na de baixo Ao apresentar uma situação de tensão em famí-
e sabendo que apesar de amaldiçoados lia, o narrador destila, nesse fragmento, uma percep-
ção das relações humanas e sociais demarcada pelo
éramos todos inocentes.
A predomínio dos estigmas de classe e de raça so-
WANDERLEY, J. In: MORICONI, I. (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros
bre a intimidade da convivência.
do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (fragmento).
B discurso da manutenção de uma ética doméstica
Ao expressar uma percepção de atitudes e valo- contra a subversão dos valores.
res situados na passagem do tempo, o eu lírico ma- C desejo de superação do passado de escassez
nifesta uma angústia sintetizada na em prol do presente de abastança.
A compreensão da efemeridade das convicções D sentimento de insubordinação à autoridade re-
antes vistas como sólidas. presentada pela matriarca da família.
B consciência das imperfeições aceitas na constru- E rancor com a ingratidão e a hipocrisia geradas
ção do senso comum. pelas mudanças nas regras da casa.
C revolta das novas gerações contra modelos tradi-
cionais de educação. Correção: Tipo de erro:
D incerteza da expectativa de mudança por parte Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto
das futuras gerações. Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
E crueldade atribuída à forma de punição praticada
pelos mais velhos.

Correção: Tipo de erro:

Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 10 (Enem 2018 – 1ª Aplicação – Prova Questão 11 (Enem 2018 – 1ª Aplicação – Prova
azul – Q10) azul – Q16)
Quebranto Somente uns tufos secos de capim empedrados
às vezes sou o policial que me suspeito crescem na silenciosa baixada que se perde de vis-
me peço documentos ta. Somente uma árvore, grande e esgalhada mas
e mesmo de posse deles com pouquíssimas folhas, abre-se em farrapos de
sombra. Único ser nas cercanias, a mulher é magra,
me prendo e me dou porrada
ossuda, seu rosto está lanhado de vento. Não se
às vezes sou o porteiro vê o cabelo, coberto por um pano desidratado. Mas
não me deixando entrar em mim mesmo seus olhos, a boca, a pele – tudo é de uma aridez su-
focante. Ela está de pé. A seu lado está uma pedra.
a não ser
O sol explode.
pela porta de serviço
Ela estava de pé no fim do mundo. Como se an-
[...] dasse para aquela baixada largando para trás suas
noções de si mesma. Não tem retratos na memória.
às vezes faço questão de não me ver Desapossada e despojada, não se abate em autoa-
e entupido com a visão deles cusações e remorsos. Vive.
sinto-me a miséria concebida como um eterno Sua sombra somente é que lhe faz companhia.
começo Sua sombra, que se derrama em traços grossos na
areia, é que adoça como um gesto a claridade es-
fecho-me o cerco quelética. A mulher esvaziada emudece, se dessan-
sendo o gesto que me nego gra, se cristaliza, se mineraliza. Já é quase de pedra
a pinga que me bebo e me embebedo como a pedra a seu lado. Mas os traços de sua som-
o dedo que me aponto bra caminham e, tomando-se mais longos e finos,
e denuncio esticam-se para os farrapos de sombra da ossatura
o ponto em que me entrego. da árvore, com os quais se enlaçam.
FRÓES, L. Vertigens: obra reunida. Rio de Ja-
às vezes!... neiro: Rocco, 1998.
CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento) Na apresentação da paisagem e da persona-
gem, o narrador estabelece uma correlação de sen-
Na literatura de temática negra produzida no
tidos em que esses elementos se entrelaçam. Nesse
Brasil, é recorrente a presença de elementos que
processo, a condição humana configura-se
traduzem experiências históricas de preconceito e
violência. No poema, essa vivência revela que o eu A amalgamada pelo processo comum de desertifi-
lírico cação e de solidão.
A incorpora seletivamente o discurso do seu B fortalecida pela adversidade extensiva à terra e
opressor. aos seres vivos.
B submete-se à discriminação como meio de C redimensionada pela intensidade da luz e da exu-
fortalecimento. berância local.
C engaja-se na denúncia do passado de opressão D imersa num drama existencial de identidade e de
e injustiças. origem.
D sofre uma perda de identidade e de noção de E imobilizada pela escassez e pela opressão do
pertencimento. ambiente.
E acredita esporadicamente na utopia de uma so-
ciedade igualitária. Correção: Tipo de erro:
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Correção: Tipo de erro: Erro Texto Não Compreendido
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
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Questão 12 (Enem 2018 – 1ª Aplicação – Prova Questão 13 (Enem 2018 – 1ª Aplicação – Prova
azul – Q20) azul – Q35)
Vó Clarissa deixou cair os talheres no prato, fa- o que será que ela quer
zendo a porcelana estalar. Joaquim, meu primo, con- essa mulher de vermelho
tinuava com o queixo suspenso, batendo com o gar- alguma coisa ela quer
fo nos lábios, esperando a resposta. Beatriz ecoou a pra ter posto esse vestido
palavra como pergunta, "o que é lésbica?". Eu fiquei
não pode ser apenas
muda. Joaquim sabia sobre mim e me estregaria
para a vó e, mais tarde, para toda a família. Senti um uma escolha casual
calor letal subir pelo meu pescoço e me doer atrás podia ser um amarelo
das orelhas. Previ a cena: vó, a senhora é lésbica? verde ou talvez azul
Porque a Joana é. A vergonha estava na minha cara mas ela escolheu vermelho
e me denunciava antes mesmo da delação. Apertei ela sabe o que ela quer
os olhos e contraí o peito, esperando o tiro. [...] e ela escolheu vestido
[...] Pensei na naturalidade com que Taís e eu e ela é uma mulher
levávamos a nossa história. Pensei na minha inse- então com base nesses fatos
gurança de contar isso à minha família, pensei em
eu já posso afirmar
todos os colegas e professores que já sabiam, fechei
que conheço o seu desejo
os olhos e vi a boca da minha vó e a boca da tia
Carolina se tocando, apesar de todos os impedimen- caro watson, elementar:
tos. Eu quis saber mais, eu quis saber tudo, mas não o que ela quer sou euzinho
consegui perguntar. sou euzinho o que ela quer
POLESSO, N. B. Vó, a senhora é lésbica? Amora. só pode ser euzinho
Porto Alegre: Não Editora, 2015 (fragmento). o que mais podia ser
FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Cosac Naify,
A situação narrada revela uma tensão funda-
2013.
mentada na perspectiva do
A conflito com os interesses de poder. No processo de elaboração do poema, a autora
B silêncio em nome do equilíbrio familiar. confere ao eu lírico uma identidade que aqui repre-
C medo instaurado pelas ameaças de punição. senta a
D choque imposto pela distância entre as gerações. A hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso
E apego aos protocolos de conduta segundo os comum.
gêneros. B mudança de paradigmas de imagem atribuídos à
mulher.
Correção: Tipo de erro: C tentativa de estabelecer preceitos da psicologia
Habilidade Não Instalada Interpretação feminina.
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro D importância da correlação entre ações e efeitos
Texto Não Compreendido
causados.
E valorização da sensibilidade como característica
de gênero.

Correção: Tipo de erro:

Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
 Plataforma Linguagens Enem - Competência 05 - Habilidade 17
Questão 14 (Enem 2019 – 1ª Aplicação – Prova Questão 15 (Enem 2019 – 1ª Aplicação – Prova
amarela – Q35) amarela – Q38)
Essa lua enlutada, esse desassossego Menina
A convulsão de dentro, ilharga A máquina de costura avançava decidida sobre
Dentro da solidão, corpo morrendo o pano. Que bonita que a mãe era, com os alfine-
Tudo isso te devo. E eram tão vastas tes na boca. Gostava de olhá-la calada, estudando
As coisas planejadas, navios, seus gestos, enquanto recortava retalhos de pano
com a tesoura. Interrompia às vezes seu trabalho,
Muralhas de marfim, palavras largas
era quando a mãe precisava da tesoura. Admira-
Consentimento sempre. E seria dezembro. va o jeito decidido da mãe ao cortar pano, não he-
Um cavalo de jade sob as águas sitava nunca, nem errava. A mãe sabia tanto! Tita
Dupla transparência, fio suspenso chamava-a de ( ) como quem diz ( ). Tentava não
Todas essas coisas na ponta dos teus dedos pensar as palavras, mas sabia que na mesma hora
E tudo se desfez no pórtico do tempo da tentativa tinha-as pensado. Oh, tudo era tão di-
Em lívido silêncio. Umas manhãs de vidro fícil. A mãe saberia o que ela queria perguntar-lhe
Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo intensamente agora quase com fome depressa de-
pressa antes de morrer, tanto que não se conteve
Também isso te devo.
e — Mamãe, o que é desquitada? — atirou rápida
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão.
com uma voz sem timbre. Tudo ficou suspenso, se
São Paulo: Cia. das Letras, 2018.
alguém gritasse o mundo acabava ou Deus apare-
No poema, o eu lírico faz um inventário de esta- cia — sentia Ana Lúcia. Era muito forte aquele ins-
dos passados espelhados no presente. Nesse pro- tante, forte demais para uma menina, a mãe parada
cesso, aflora o com a tesoura no ar, tudo sem solução podendo de-
A cuidado em apagar da memória os restos do sabar a qualquer pensamento, a máquina avançan-
amor. do desgovernada sobre o vestido de seda brilhante
B amadurecimento revestido de ironia e desapego. espalhando luz luz luz.
C mosaico de alegrias formado seletivamente. ÂNGELO, I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017.

D desejo reprimido convertido em delírio. Escrita na década de 1960, a narrativa põe em

E arrependimento dos erros cometidos. evidência uma dramaticidade centrada na
A insinuação da lacuna familiar gerada pela ausên-
Correção: Tipo de erro: cia da figura paterna.
Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto B associação entre a angústia da menina e a rea-
Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido
ção intempestiva da mãe.
C relação conflituosa entre o trabalho doméstico e a
emancipação feminina.
D representação de estigmas sociais modulados
pela perspectiva da criança.
E expressão de dúvidas existenciais intensificadas
pela percepção do abandono.

Correção: Tipo de erro:

Habilidade Não Instalada Interpretação
Acerto Desatenção ao Enunciado Cansaço
Erro Texto Não Compreendido

Gabarito: Questão 1 – A | | Questão 2 – C | Questão 3 – D | Questão 4 – A | Questão 5 – A | Questão 6 – C | Questão 7 – E | Questão 8 – B |

Questão 9 – A | Questão 10 – A | Questão 11 – A | Questão 12 – B | Questão 13 – A | Questão 14 – B | Questão 15 – D