Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MÁQUINAS
TÉRMICAS
2 Capítulo 1 – Introdução e Conceitos Básicos
(𝑇°𝐹) − 32
𝑇(°𝐶) = (Eq. 1.9)
1,8
As leituras de temperaturas obtidas tanto na escala Fahrenheit como na Celsius
estão baseadas em pontos zero arbitrariamente estabelecidos e que, conforme tem sido Figura 1.16: Comparação das escalas
demonstrado, não são os mesmos para as duas escalas. Quando se deseja conhecer de temperatura.
somente a mudança de temperatura que ocorre durante um processo ou a temperatura
de uma substância em relação a um ponto de referência conhecido, estas leituras são
completamente adequadas.
Quando as leituras de temperatura são aplicadas em equações que tratam de
determinadas leis fundamentais, é necessário utilizar leituras de temperatura cujo ponto
de referência é o zero absoluto. Experiências feitas tem demonstrado que este ponto,
conhecido como zero absoluto, existe aproximadamente a -273°C (-460°F).
As temperaturas calculadas a partir deste novo ponto zero são chamadas Figura 1.17: Comparação das
temperaturas absolutas ou temperaturas termodinâmicas, e a nova escala magnitudes de várias unidades de
termométrica assim definida recebeu o nome de escala Kelvin (K), no SI. Já no sistema temperatura.
inglês a escala utilizada é Rankine (R). Para converter as temperaturas, veja a
equivalência: No sistema inglês são utilizadas para
𝑇(𝐾) = 𝑇(°𝐶) + 273 (Eq. 1.10) pressão:
A escala Rankine está relacionada à escala Fahrenheit por: lbf/ in² ou psi (libra-força por polegada
𝑇(𝑅) = 𝑇(°𝐹) + 460 (Eq. 1.11) quadrada)
A relação entre as escalas de temperatura nos dois sistemas de unidades é:
1 atm = 14,696 psi
𝑇(𝑅) = 1,8. 𝑇(𝐾) (Eq. 1.12)
O número de divisões entre as escalas Kelvin e Celsius são iguais, ou seja, a 1 kgf/cm² = 14,223 psi
divisão de 1 K e 1°C é idêntica, como mostra as figuras 1.16 e 1.17. Assim, quando
estivermos lidando com diferença de temperatura ΔT, o intervalo de temperatura de
ambas as escalas são iguais. Elevar a temperatura de uma substância em 10°C é o Figura 1.18: Conversão de unidades de
pressão no sistema inglês
mesmo que elevá-la em 10 K. Ou seja,
∆𝑇(𝐾) = ∆𝑇(°𝐶) (Eq. 1.13)
1.9 Pressão
A pressão é definida como uma força normal exercida por um fluido por unidade
de área. Possui unidade em newtons por metro quadrado (N/m²), denominada de
pascal (Pa). Ou seja, 1 Pa = 1 N/m².
A unidade de pressão pascal é muito pequena para quantificar as pressões
encontradas na prática. Assim, normalmente são usados seus múltiplos quilopascal (1
kPa = 10³ Pa) e megapascal (1 MPa = 106 Pa). Outras três unidades de pressão muito
usadas na prática são: bar, atmosfera padrão e quilograma-força por centímetro
quadrado.
Capítulo 1 – Introdução e Conceitos Básicos 9
1 bar = 105 Pa = 0,1 MPa = 100 kPa
1 atm = 101.325 Pa = 101,325 kPa = 1,01325 bar
1 kgf/cm² = 9,81 N/cm² = 9,81 x 104 N/m² = 9,81 x 104 Pa
Essa relação é ilustrada na figura 1.20. Assim como outros medidores de pressão,
o medidor utilizado para medir a pressão do ar de um pneu de automóvel lê a pressão
Figura 1.20: Pressões absoluta, manométrica. Assim, a leitura comum de 32 psi (2,25 kgf/cm²) indica uma pressão de 32
manométrica e de vácuo. psi acima da pressão atmosférica. Em um local no qual a pressão atmosférica é de 14,3
psi, por exemplo, a pressão absoluta do pneu é de 32 + 14,3 = 46,3 psi.
EXERCÍCIOS
1.1 Determine a massa e o peso do ar contido em uma sala 1.12 A água de um tanque é pressurizada a ar, e a pressão é
cujas dimensões são 6 m x 6 m x 8 m. Suponha que a medida por um manômetro de coluna de vários fluidos, como
densidade do ar seja de 1,16 kg/m³. mostra a figura abaixo. O tanque está localizado em uma
R.: 334,1 kg; 3.277 N montanha a uma altitude de 1.400 m, onde a pressão
atmosférica é de 85,6 kPa. Determine a pressão do ar no tanque
1.2 Um aquecedor a resistência de 4 kW foi utilizado em um se h1 = 0,1 m, h2 = 0,2 m e h3 = 0,35 m. Tome as densidades
processo de aquecimento de água por 2 horas para elevar a de água, do óleo e do mercúrio como 1.000 kg/m³, 850 kg/m³, e
temperatura da água ao nível desejado. Determine a 13.600 kg/m³, respectivamente.
quantidade de energia elétrica usada em kWh e kJ.
R.: 8 kWh; 28.800 kJ
1.7 Qual é a temperatura do ar aquecido a 150°C em °F e em 1.13 Determine a pressão atmosférica em uma localidade na
R? qual a leitura barométrica é de 740 mmHg e a aceleração
gravitacional é g = 9,81 m/s². Suponha que a temperatura do
1.8 A temperatura de um sistema se eleva em 45 °C durante mercúrio seja de 10°C, quando sua densidade equivale a
um processo de aquecimento. Expresse essa elevação de 13.570 kg/m³.
temperatura em kelvins.
R.: 45 K
(a)
(b)
Figura 2.13: (a) Diagrama T-v dos processos de mudanças de fase a pressão constante para uma substância pura a diversas pressões
(valores numéricos para a água). (b) Fase do diagrama T-v de uma substância pura.
A análise anterior pode ser repetida para energia interna (u) e para a entalpia (h)
da seguinte forma: Figura 2.22: O valor de v para uma
𝑢𝑚𝑒𝑑 = 𝑢𝑙 + 𝑥𝑢𝑙𝑣 (𝑘𝐽/𝑘𝑔) (Eq. 2.5) mistura líquido-vapor saturado está
entre os valores 𝑣𝑙 e 𝑣𝑣 , a uma dada
ℎ𝑚𝑒𝑑 = ℎ𝑙 + 𝑥ℎ𝑙𝑣 (𝑘𝐽/𝑘𝑔) (Eq. 2.6) T e P.
Para simplificar, o subíndice “med” (média) é, em geral, desconsiderado. Os
valores das propriedades medias das misturas estão sempre entre os valores das
propriedades de líquido saturado e de vapor saturado, como mostra a figura 2.22.
Escrevendo a equação 2.11 duas vezes para uma massa fixa e simplificando,
temos a seguinte relação entre as propriedades de um gás ideal em dois estados
diferentes:
𝑃1 𝑉1 𝑃2 𝑉2
= (Eq. 2.12)
𝑇1 𝑇2
2.2 O que é título? Ele possui algum significado nas regiões de 2.12 Refrigerante 134a a 200 kPa e 25°C flui ao longo de uma
vapor superaquecido? linha de refrigeração. Determine o seu volume específico.
2.3 Complete esta tabela para H2O: 2.13 Três quilogramas de água em um recipiente possuem uma
T, °C P, kPa h, kJ/kg x Descrição da fase pressão de 100 kPa e temperatura de 250°C. Qual é o volume
200 0,7 desse recipiente?
140 1.800
950 0,0 2.14 10 kg de R-134a a 320 kPa ocupam um recipiente rígido
80 500 cujo volume é de 14 L. Determine a temperatura e a entalpia
800 3.158,2 total no recipiente. O recipiente é então aquecido até que a
pressão seja de 600 kPa. Determine a temperatura e a entalpia
2.4 Complete esta tabela para R-134a: total quando o aquecimento estiver concluído.
T, °C P, kPa v, m³/kg Descrição da fase
-12 320
30 0,0065
550 Vapor saturado
60 600
Tutorial para cálculo de interpolação linear
1º Pressionar a tecla , selecionar a opção REG e
2.5 Um quilo de água enche um recipiente rígido de 150 L a depois LIN ;
uma pressão inicial de 2 MPa. O recipiente é então resfriado
para 40 °C. Determine a temperatura inicial e a pressão final da 2º Digitar o primeiro conjunto de dados, utilize para separar
água. o par de dados o botão , que fica localizado do lado
esquerdo do botão de M+;
3º Após digitar o primeiro conjunto de dados pressione o
botão ;
4º Digite o segundo conjunto de dados, para isso repita o 2º
e 3º passos;
2.6 10 kg de R-134a enchem um recipiente rígido de 1,348 m³
a uma temperatura inicial de -40°C. O recipiente é então 5º Digitar o valor que se deseja interpolar;
aquecido até a pressão de 200 kPa. Determine a temperatura
final e a pressão inicial. 6º Pressione a tecla , e depois a tecla , que fica
localizada na tecla do número 2;
2.7. Um recipiente de 9 m³ é preenchido com 300 kg de R-134a
a 10°C. Qual é a entalpia específica do R-134a no recipiente? 7º Usar a seta para a direita três vezes até chegar no ,
.
2.8 Dez quilogramas de R-134a ocupam 1,595 m³ de um arranjo 8° Pressionar a tecla .
pistão-cilindro a uma temperatura de -26,63°C. O recipiente é
aquecido até a temperatura de 100°C. Determine o volume final
do R-134a.
Dicas:
- Para realizar interpolação linear com números negativos,
coloque o número entre parênteses e o colocar o sinal
utilize o botão .
𝜏 = 𝐹 × ∆𝑥 = 𝑃 × 𝐴 × ∆𝑥 = 𝑃 × ∆𝑉 (Eq. 3.3)
Numa expansão o gás realiza um trabalho positivo sobre o meio exterior. Numa
compressão o deslocamento tem sentido oposto ao da força que o gás exerce sobre o
êmbolo, assim o meio externo realiza um trabalho negativo sobre o gás. Observe a
figura 3.5
Resumindo, temos:
∆𝑉 > 0 𝜏 > 0 O gás realiza trabalho sobre o meio (expansão gasosa)
Num diagrama pressão x volume, o trabalho realizado pela força que o gás
exerce sobre o êmbolo é numericamente igual à área sob a curva. Observe a figura 3.6.
22 Capítulo 3 – Trabalho e Calor.
Exemplo 1
O diagrama mostra a transformação de uma massa gasosa do estado X para o estado
Y. Determine o trabalho realizado sobre o gás.
Exemplo 2
Um arranjo pistão-cilindro com batentes contém inicialmente 0,3 kg de vapor de água a
1,0 Mpa e 400°C. A localização dos batentes corresponde a 60% do volume inicial.
Nessas condições, começa-se a resfriar o vapor. Determine o trabalho de compressão
caso o estado final seja (a) 1,0 Mpa e 250°C e (b) 500 kPa, (c) Determine também a
temperatura no estado final na parte (b).
3.2 CALOR
A definição termodinâmica de calor é um tanto diferente da interpretação comum
da palavra.
O calor é definido como sendo a forma de transferência de energia através da
fronteira de um sistema, numa dada temperatura, a um outro sistema (ou meio), que
apresenta uma temperatura inferior, em virtude da diferença entre as temperaturas dos
dois sistemas. Isto é, o calor é transferido do sistema com temperatura superior ao
sistema que apresenta temperatura inferior e a transferência de calor ocorre unicamente
devido à diferença entre as temperaturas dos dois sistemas. Figura 3.9: Mudanças de estado físico.
Considera-se positivo o calor transferido para um sistema e o calor transferido
de um sistema é considerado negativo. Assim, uma transferência de calor positiva
representa um aumento de energia no sistema e uma transferência negativa representa
uma diminuição de energia no sistema. O calor é representado pelo símbolo Q. Os
processos que não apresentam transferência de calor (Q = 0) são denominados
adiabáticos.
Onde:
Q = quantidade de energia térmica em calorias (cal);
m = massa (g);
c = calor específico (cal/g°C);
T1 = temperatura inicial (°C ou K);
T2 = temperatura final (°C ou K, compatível com T1).
Exemplo 6
20 kg de água à temperatura inicial de 25 °C são aquecidas até que a temperatura seja
aumentada para 80°C. Calcular a quantidade de energia térmica cedida em kcal.
EXERCÍCIOS
3.1 Em um processo à pressão constante de 2,0 x 105 N/m²,
um gás aumenta seu volume de 8 x 10-6 m³ para 13 x 10-6 m³. 3.5 Um arranjo pistão-cilindro que não sofre atrito inicialmente
Calcule o trabalho realizado pelo gás. contém 50 L de refrigerante 134a líquido saturado. O pistão
está livre para se mover e sua massa é tal que mantém uma
3.2 Uma massa de 5 kg de vapor de água saturado a 300 kPa pressão de 500 kPa sobre o refrigerante. O refrigerante é
é aquecida a uma pressão constante até que a temperatura então aquecido até que sua temperatura atinja 70°C. Calcule
atinja 200°C. Calcule o trabalho realizado pelo vapor durante o trabalho realizado durante esse processo.
esse processo.
3.6 Um cilindro hidráulico, com área da seção transversal
3.3 Um volume de 1 m³ de água líquida saturada a 200 °C é igual a 0,01 m², deve levantar uma massa de 1000 kg.
expandido isotermicamente em um sistema fechado até que Sabendo que o curso do movimento deve ser igual a 0,50 m,
seu título seja 80%. Determine o trabalho total produzido por determine a pressão interna necessária e o trabalho realizado
essa expansão, em kJ. no processo.
3.4 O volume de 1 kg de hélio em um arranjo pistão-cilindro é 3.7 Um conjunto pistão-cilindro opera a pressão constante e,
de 7 m³ inicialmente. O hélio começa então a ser comprimido inicialmente, contém 0,2 kg de vapor saturado de água a 400
até o volume de 3 m³, enquanto sua pressão é mantida kPa. O conjunto é resfriado até que o volume de água se torne
constante a 150 kPa. Determine a temperatura inicial e final igual a metade do inicial. Determine o trabalho realizado
do hélio, assim como o trabalho necessário para comprimi-lo, nesse processo.
em kJ.
Capítulo 3 – Trabalho e Calor 25
𝐸 (Eq. 4.1)
𝑒= (𝑘𝐽/𝑘𝑔)
𝑚
A termodinâmica nada afirma sobre o valor absoluto de energia total. Ela trata apenas da variação da energia total.
Assim, é possível atribuir um valor zero (E=0) à energia total de um sistema em algum ponto de referência conveniente. A
variação da energia total de um sistema não depende do ponto de referência escolhido. A diminuição da energia potencial
de uma pedra em queda livre, por exemplo, só depende da diferença de altura, e não do referencial escolhido.
Em uma análise termodinâmica, normalmente é útil considerar as diversas
formas de energia que constituem a energia total de um sistema em dois grupos:
macroscópico e microscópico. As formas macroscópicas de energia são aquelas
que um sistema possui como um todo, em relação a algum referencial externo,
como as energias cinética e potencial, mostrado na figura 4.1. As formas
microscópicas de energia são aquelas relacionadas à estrutura molecular de um
sistema e ao grau de atividade molecular e são independentes de referenciais Figura 4.1: A energia macroscópica de
externos. A soma de todas as formas microscópicas de energia é chamada de um objeto muda com a velocidade e a
energia interna de um sistema e é indicado por U. altura.
A energia macroscópica de um sistema está relacionada ao movimento e à influência de alguns efeitos externos como
gravidade, magnetismo, eletricidade e tensão superficial. A energia que um sistema possui como resultado de seu movimento
relativo a algum referencial é chamada de energia cinética (EC). Quando todas as partes de um sistema se movem com a
mesma velocidade, a energia cinética é expressa como:
𝑉2
𝐸𝐶 = 𝑚 (𝑘𝐽) (Eq. 4.2)
2
Ou, por unidade de massa
𝑉2
𝑒𝑐 = (𝑘𝐽/𝑘𝑔)
2
Onde g é a aceleração da gravidade (9,81 m/s²) e z é a elevação do centro de gravidade do sistema com relação a
algum nível de referência escolhido arbitrariamente.
Os efeitos magnéticos, elétricos e de tensão superficial são significativos apenas em alguns casos específicos e,
geralmente, ignorados. Na falta de tais efeitos, a energia total de um sistema consiste nas energias cinética, potencial e
interna, e é expressa como:
𝑉2
𝐸 = 𝑈 + 𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 = 𝑈 + 𝑚 + 𝑚𝑔𝑧 (𝑘𝐽) (Eq. 4.4)
2
Ou por unidade de massa:
𝑉2
𝑒 = 𝑢 + 𝑒𝑐 + 𝑒𝑝 = 𝑢 + + 𝑔𝑧 (𝑘𝐽/𝑘𝑔)
2
Capítulo 4 – Primeira Lei da Termodinâmica 27
A maioria dos sistemas fechados permanece estacionário durante um processo e, assim, não sofre nenhuma variação
em suas energias cinética e potencial. Os sistemas fechados cuja velocidade e posição do centro da gravidade permanecem
constantes durante um processo são chamados de sistemas estacionários.
A variação da energia total ΔE de um sistema estacionário é idêntica à variação de sua energia interna ΔU.
Ou,
𝐸𝐸𝑁𝑇 − 𝐸𝑆𝐴𝐼 = ∆𝐸𝑆𝐼𝑆𝑇𝐸𝑀𝐴 (Eq. 4.7)
Exemplo 1
Um tanque rígido contém um fluido quente que é resfriado enquanto é agitado por uma
hélice. Inicialmente, a energia interna do fluido é de 800 kJ. Durante o processo de
resfriamento, o fluido perde 500 kJ de calor, e a hélice realiza 100 kJ de trabalho no
fluido. Determine a energia interna final do fluido. Despreze a energia armazenada na
hélice.
Figura 4.5: Esquema para o
exemplo 1.
4.3 Energia Interna – Uma propriedade Termodinâmica
A energia interna é uma propriedade extensiva, visto que ela depende da massa do sistema. As energias cinética e
potencial, pelo mesmo motivo, também são propriedades extensivas.
O símbolo U designa a energia interna de uma dada massa de uma substância. Segundo a convenção usada para as
outras propriedades extensivas, o símbolo u designa a energia interna por unidade de massa. Pode-se dizer que u é a energia
interna especifica, conforme fizemos no caso do volume específico. Contudo, como o contexto usualmente esclarecerá,
quando nos referirmos a u (energia interna especifica) ou a U (energia interna total) usaremos simplesmente a expressão
energia interna.
É muito expressivo que, apesar destas limitações, a energia interna é uma das propriedades independentes de uma
substância pura. Isso significa, por exemplo, que se especificarmos a pressão e a energia interna (com referência a uma
base arbitrária) do vapor superaquecido, a temperatura também estará determinada.
Assim, numa tabela de propriedades termodinâmicas, como as tabelas de vapor de água, os valores de energia interna
podem ser tabelados juntamente com as outras propriedades termodinâmicas. Observe que estas tabelas apresentaram os
valores da energia interna do líquido saturado (ul), da energia interna do vapor saturado (uv) e da diferença entre as energias
internas do líquido saturado e do vapor saturado (ulv). A energia interna de uma mistura líquido-vapor saturados, com um
dado título, é calculada do mesmo modo que o utilizado para o volume especifico, ou seja:
Exemplo 2
Determine, para a água e nos estados indicados, as propriedades que faltam (P, T, x e v):
a) T=300°C, u = 2780 kJ/kg
b) P=2000 kPa, u =2000 kJ/kg
Exemplo 3
Um recipiente rígido, com volume de 5 m³, contém 0,05m³ de água líquida saturada e 4,95 m³ de água no estado de vapor
saturado a pressão de 0,1 MPa. Calor é transferido à água até que o recipiente contenha apenas vapor saturado. Determinar
o calor transferido nesse processo.
Capítulo 4 – Primeira Lei da Termodinâmica 29
Exercícios
4.1 Calcule a energia cinética total, em kJ, de um objeto cuja massa é de 100 kg e cuja velocidade é de 20 m/s.
4.2 Calcule a energia potencial total, em kJ, de um objeto de massa 20 kg, considerando que ele está localizado 20 m abaixo
de um nível de referência em um local onde g = 9,5 m/s².
4.3 Um sistema fechado adiabático é elevado em 100 m em um local onde a aceleração da gravidade é de 9,8 m/s². Determine
a variação da energia desse sistema, em kJ/kg.
4.4 Um sistema fechado adiabático é acelerado a partir de 0 m/s até 30 m/s. Determine a variação da energia específica
desse sistema, em kJ/kg.
4.5 Um cilindro provido de pistão contém 0,5 kg de vapor d’água a 0,4 MPa e apresenta inicialmente um volume de 0,1 m³.
Transfere-se calor ao vapor até que a temperatura atinja 300°C, enquanto a pressão permanece constante. Determine o
calor transferido e o trabalho realizado nesse processo.
4.6 Considere 2 kg de água como sistema. Inicialmente, a temperatura e o título são iguais a 120°C e 0,25. A temperatura
da água é aumentada 20°C num processo isocórico. Determine o título e a energia interna específica no estado final deste
processo. Depois faça os diagramas P-v e T-v.
4.7 Um vaso rígido contém 0,75 kg de água. Inicialmente, a temperatura e a pressão são iguais a 300°C e 1200 kPa. A água
é então resfriada até que a pressão atinja 300 kPa. Determine a temperatura no estado final do processo, o trabalho realizado
e o calor transferido no processo descrito. Faça o diagrama P-v.
4.8 Considere 2 kg de água como sistema. Inicialmente, a temperatura e o título são iguais a 120°C e 0,25. A temperatura
da água é aumentada 20°C num processo isobárico. Determine a variação de entalpia detectada neste processo. Depois
faça os diagramas P-v e T-v.
Capítulo 5 – Introdução à Transferência de Calor 30
5.3 Condução
A condução pode ser definida como o processo pelo qual a energia é transferida de
uma região de alta temperatura para outra de temperatura mais baixa dentro de um meio
(sólido, líquido ou gasoso) ou entre meios diferentes em contato direto.
Este mecanismo pode ser visualizado como a transferência de energia de partículas
mais energéticas para partículas menos energéticas de uma substância devido a interações
entre elas.
O mecanismo da condução pode ser mais facilmente entendido considerando, como
exemplo, um gás submetido a uma diferença de temperatura. A figura 5.4 mostra um gás Figura 5.3: Transferência de calor
entre duas placas a diferentes temperaturas. por radiação entre duas
superfícies.
Capítulo 5 – Introdução à Transferência de Calor 31
(1)
(X)
1. O gás ocupa o espaço entre duas superfícies (1) e (2) mantidas a diferentes temperaturas de modo que T1 > T2
(o gás não tem movimento macroscópico, ou seja, ele é considerado um fluido estacionário);
2. Como altas temperaturas estão associadas com energias moleculares mais elevadas, as moléculas próximas à
superfície são mais energéticas (movimentam-se mais rápido);
3. O plano hipotético X é constantemente atravessado por moléculas de cima e de baixo. Entretanto, as moléculas
de cima estão associadas com mais energia que as de baixo.
Portanto existe uma transferência líquida de energia de (1) para (2) por condução. Para os líquidos o processo é
basicamente o mesmo, embora as moléculas estejam menos espaçadas e as interações sejam mais fortes e mais frequentes.
Para a condução térmica, a equação da taxa é conhecida como lei de Fourier. Para uma parede plana unidimensional,
mostrada na figura 5.6, a equação da fluxo térmico é representada na forma:
∆𝑇 Eq. 5.4
𝑞"𝑥 = −𝑘
∆𝑥
O fluxo térmico q”x (W/m²) é a taxa de transferência de calor na direção x por unidade de área perpendicular à direção
da transferência e ele é proporcional ao gradiente de temperatura, ΔT/Δx, nesta direção.
O sinal negativo é uma consequência do fato do calor ser transferido na direção da temperatura decrescente.
32 Capítulo 5 – Introdução a Transferência de Calor.
∆𝑇 𝑇2 − 𝑇1
= Eq. 5.5
∆𝑥 𝐿
A taxa de transferência de calor por condução, qx (W), é dada através da simples multiplicação da área da parede
plana pelo fluxo térmico por condução, ou seja:
𝑞𝑥 = 𝑞"𝑥 × 𝐴 Eq. 5.7
Os valores numéricos de k variam em extensa faixa dependendo da constituição química, estado físico e temperatura
dos materiais. Quando o valor de k é elevado o material é considerado condutor térmico e, caso contrário, isolante térmico.
A tabela 5.1 apresenta os valores de condutividade térmica (k) para alguns materiais.
Exemplo 1: A parede de um forno industrial é construída em tijolo refratário com 0,15 m de espessura, cuja condutividade
térmica é de 1,7 W/(m.K). Medidas efetuadas ao longo da operação em regime estacionário revelam temperaturas de 1400
e 1150 K nas paredes interna e externa, respectivamente. Qual o valor do fluxo de calor por condução? E a taxa de calor
perdida se esta parede possui as seguintes dimensões 0,5 m por 1,2 m?
Exemplo 2: O fluxo térmico através de uma lâmina de madeira, com espessura de 50 mm, cujas temperaturas das superfícies
são de 40 e 20°C, foi determinado como de a 40 W/m². Qual é a condutividade térmica dessa madeira?
Exemplo 3: As temperaturas interna e externa de uma janela de vidro com 5 mm de espessura são de 15 e 5°C. Qual é a
perda de calor através da janela com dimensões de 1 m por 3 m? A condutividade térmica do vidro é de 1,4 W/(mK).
Exemplo 4: Uma câmara de congelador é um espaço cúbico de lado igual a 2 m. Considere que a sua base seja
perfeitamente isolada. Qual é a espessura mínima de um isolamento à base de espuma de estireno (k = 0,030W(mK)) que
deve ser usada no topo e nas paredes laterais para garantir uma carga térmica menor do que 500 W, quando as superfícies
interna e externa estiverem a -10 e 35°C?
Capítulo 5 – Introdução à Transferência de Calor 33
5.4 Convecção
A convecção pode ser definida como o processo pelo
qual energia é transferida das porções quentes para as porções
frias de um fluido através da ação combinada de: condução de
calor, armazenamento de energia e movimento de mistura.
O mecanismo da convecção pode ser mais facilmente entendido
considerando, por exemplo, um circuito impresso (chip) sendo
refrigerado (ar ventilado), como mostra a figura 5.7. Figura 5.7: Transferência de calor entre a superfície do chip
quente e o ar ventilado.
1. A velocidade da camada de ar próxima à superfície é
muito baixa em razão das forças viscosas (atrito).
2. Nesta região o calor é transferido por condução. Ocorre portanto um armazenamento de energia pelas partículas
presentes nesta região.
3. Na medida que estas partículas passam para a região de alta velocidade, elas são carregadas pelo fluxo
transferindo calor para as partículas mais frias.
No caso acima dizemos que a convecção foi forçada, pois o movimento de mistura foi induzido por um agente externo,
no caso um ventilador.
Suponhamos que o ventilador seja retirado. Neste
caso, as partículas que estão próximas à superfície Escoamento devido às
Componentes quentes forças de empuxo
continuam recebendo calor por condução e armazenando a
sobre placas de circuitos
energia. Estas partículas tem sua temperatura elevada e,
portanto a densidade reduzida. Já que são mais leves elas
sobem trocando calor com as partículas mais frias (e mais
pesadas) que descem. Neste caso dizemos que a convecção
é natural (é óbvio que no primeiro caso a quantidade de
calor transferido é maior). A figura 5.8 apresenta um exemplo
de convecção natural.
Um exemplo bastante conhecido de convecção
natural é o aquecimento de água em uma panela doméstica.
Para este caso, o movimento das moléculas de água pode Figura 5.8: Transferência de calor por convecção natural.
ser observado visualmente.
O modo de transferência de calor por convecção abrange dois mecanismos: movimento molecular aleatório (difusão)
e o movimento global do fluido. Este movimento do fluido está associado ao fato de que, em um instante qualquer, um
grande número de moléculas está se movendo coletivamente ou como agregado. Tal movimento, na presença de um
gradiente de temperatura, contribui para a transferência de calor.
Considere o escoamento de um fluido sobre a superfície aquecida da figura 5.9.
Distribuição da Distribuição da
velocidade u(y) temperatura T(y)
Superfície
aquecida
Figura 5.9: Desenvolvimento da camada limite na transferência de calor por convecção.
Uma consequência da interação entre o fluido e a superfície é o desenvolvimento de uma região no fluido através da
qual a sua velocidade varia entre zero, no contato com a superfície (y=0), e um valor infinito 𝑢∞ , associado ao escoamento
do fluido. Essa região do fluido é conhecida por camada limite hidrodinâmica ou de velocidade.
34 Capítulo 5 – Introdução a Transferência de Calor.
Além disso, se as temperaturas da superfície e do fluido forem diferentes, existirá uma região no fluido através da qual
a temperatura variará de TS, em y=0, até T, associada à região do escoamento afastada da superfície.
Se TS > T, transferência de calor por convecção se dará da superfície para o fluido em escoamento.
A transferência de calor por convecção pode ser classificada de acordo com a natureza do escoamento do fluido.
⎯ Convecção forçada: quando o escoamento é causado por meios externos, tais como: um ventilador, uma
bomba, ou ventos atmosféricos;
⎯ Convecção natural (livre): o escoamento é induzido por forças de empuxo, que são originadas a partir de
diferença de densidades (massas especificas) causadas por variações de temperatura no fluido.
Componentes
quentes sobre placas
de circuitos
impressos
Figura 5.10: Processos de transferência de calor por convecção: (a) convecção forçada, (b) convecção natural.
Foi descrito o modo de transferência de calor por convecção como a transferência de energia ocorrendo no interior
de um fluido devido aos efeitos combinados da condução e do escoamento global do fluido. A energia que está sendo
transferida é a energia sensível, ou térmica interna, do fluido. Contudo, há processos de convecção nos quais existe também
a troca de calor latente. Essa troca de calor latente é geralmente associada a uma mudança de fase entre os estados líquidos
e vapor do fluido. Dois casos particulares de interesse são a ebulição e a condensação.
Por exemplo, na figura 5.11 (a) mostra a transferência de calor por convecção resultante da movimentação do fluido
induzida por bolhas de vapor geradas no fundo de uma panela contendo água em ebulição. Outro exemplo, é a condensação
de vapor d’água na superfície externa de uma tubulação por onde escoa água fria, figura 5.11 (b).
Gotas de
Ar úmido água
Água Fria
Bolhas
de vapor Água
Placa quente
Onde q”, o fluxo de calor por convecção (W/m²), é proporcional à diferença entre as temperaturas da superfície e do
fluido, TS e T, respectivamente. Essa expressão é conhecida como a lei do resfriamento de Newton, e o parâmetro h
(W/(m².K)) é chamado de coeficiente de transferência de calor por convecção.
Capítulo 5 – Introdução à Transferência de Calor 35
Quando a equação 5.8 é usada, o fluxo de calor por convecção é considerado positivo se o calor é transferido a partir
da superfície (TS > T) e negativo se o calor é transferido para a superfície (T>TS). Contudo, se T>TS, não existe nada
que impeça a representação da lei de resfriamento de Newton por:
A tabela 5.2 são apresentados alguns valores para o coeficiente de transferência de calor por convecção.
Exemplo 5: Você vivenciou um resfriamento por convecção se alguma vez estendeu sua mão para fora da janela de um
veículo em movimento ou a imergiu em uma corrente de água. Com a superfície de sua mão a uma temperatura de 30°C,
determine o fluxo de calor por convecção para (a) uma velocidade do veículo de 35 km/h no ar a -5°C, com um coeficiente
convectivo de 40 W/(m².K), e para (b) uma corrente de água com velocidade de 0,2 m/s, temperatura de 10°C e coeficiente
convectivo de 900 W/(m²K).
Exemplo 6: Um aquecedor elétrico encontra-se no interior de um longo cilindro de diâmetro igual a 30 mm. Quando água, a
uma temperatura de 25°C e velocidade de 1 m/s, escoa perpendicularmente ao cilindro, a potência por unidade de
comprimento necessária para manter a superfície do cilindro a uma temperatura uniforme de 90°C é de 28 kW/m. Quando
ar, também a 25°C, mas a uma velocidade de 10 m/s está escoando, a potência por unidade de comprimento necessária
para manter a mesma temperatura superficial é de 400 W/m. Calcule e compare os coeficientes de transferência de calor por
convecção para os escoamentos da água e do ar.
36 Capítulo 5 – Introdução a Transferência de Calor.
5.5 Radiação
A radiação pode ser definida como o processo pelo qual calor é transferido de um superfície em alta temperatura para
um superfície em temperatura mais baixa quando tais superfícies estão separados no espaço, ainda que exista vácuo entre
elas. A energia assim transferida é chamada radiação térmica e é feita sob a forma de ondas eletromagnéticas.
O exemplo mais evidente que podemos dar é o próprio calor que recebemos do sol. Neste caso, mesmo havendo
vácuo entre a superfície do sol (cuja temperatura é aproximadamente 5.500 °C) e a superfície da terra, a vida na terra
depende desta energia recebida. Esta energia chega até nós na forma de ondas eletromagnéticas. As ondas
eletromagnéticas são comuns a muitos outros fenômenos: raio-X, ondas de rádio e TV, micro-ondas e outros tipos de
radiações.
As emissões de ondas eletromagnéticas podem ser atribuídas a variações das configurações eletrônicas dos
constituintes de átomos e moléculas, e ocorrem devido a vários fenômenos, porém, para a transferência de calor interessa
apenas as ondas eletromagnéticas resultantes de uma diferença de temperatura (radiações térmicas). As suas características
são:
• Todos corpos em temperatura acima do zero absoluto emitem continuamente radiação térmica;
• As intensidades das emissões dependem somente da temperatura e da natureza da superfície emitente;
• A radiação térmica viaja na velocidade da luz (300.000 km/s).
Considere os processos de transferência de calor por radiação na superfície na figura 5.12(a). A radiação que é
emitida pela superfície tem sua origem na energia térmica da matéria delimitada pela superfície e a taxa na qual a energia
é liberada por unidade de área (W/m²) é conhecido como poder emissivo, E, da superfície. Há um limite superior para o poder
emissivo, que é determinado pela lei de Stefan-Boltzmann:
na qual TS é a temperatura absoluta (K) da superfície e 𝜎 é a constante de Stefan-Boltzmann (5,67 x 10-8 W/(m²K)). Tal
superfície é chamada um radiador ideal ou corpo negro.
O fluxo térmico emitido por uma superfície real é menor do que aquele emitido por um corpo negro à mesma
temperatura e é dado por:
𝐸 = 𝜀 × 𝜎 × 𝑇𝑆4 Eq. 5.11
em que 𝜀 é uma propriedade radiante da superfície conhecida por emissividade. Com valores na faixa de 0 ≤ 𝜀 ≤ 1, essa
propriedade fornece uma medida da eficiência na qual uma superfície emite energia em relação ao corpo negro. Ela depende
fortemente do material da superfície e de seu acabamento.
Radiação pode também incidir sobre uma superfície a partir de sua vizinhança. A radiação pode ser oriunda de uma
fonte especial, como o sol, ou de outras superfícies às quais a superfície de interesse esteja exposta. Independentemente
da(s) fonte(s), designamos as taxas nas quais todas essas radiações incidem sobre uma área unitária da superfície por
irradiação, G.
Uma porção, ou toda a irradiação, pode ser absorvida pela superfície, aumentando dessa maneira a energia térmica
do material. A taxa na qual a energia radiante é absorvida, por unidade de área da superfície, pode ser calculada com o
conhecimento de uma propriedade radiante da superfície conhecida por absortividade, G. Ou seja,
em que 0 ≤ 𝛼 ≤ 1. Se 𝛼<1 e a superfície é opaca, porções de irradiação são refletidas. Se a superfície é semitransparente,
porções da irradiação podem também ser transmitidas.
Se a superfície for considerada uma para a qual 𝛼 = 𝜀 (uma superfície cinza), a taxa líquida de transferência de calor
por radiação saindo da superfície, expressa por unidade de área da superfície, é:
𝑞
"
𝑞𝑟𝑎𝑑 = = 𝜀𝜎(𝑇𝑆4 − 𝑇𝑉𝐼𝑍4
) Eq. 5.13
𝐴
Essa expressão fornece a diferença entre a energia térmica que é liberada devido à emissão de radiação e aquela
ganha devido à absorção de radiação.
Em muitas aplicações é conveniente expressar a troca líquida de calor por radiação na forma:
Figura 5.12: Troca por radiação: (a) em um superfície e (b) entre uma superfície e uma grande vizinhança.
Exemplo 7: Uma tubulação de vapor d’água sem isolamento térmico atravessa uma sala na qual o ar e as paredes se
encontram a 25°C. O diâmetro externo do tubo é de 70 mm, a temperatura de sua superfície é de 200°C e esta superfície
tem emissividade igual a 0,8. Quais são o poder emissivo da superfície e a sua irradiação? Sendo o coeficiente associado à
transferência de calor por convecção natural da superfície para o ar igual a 15 W/m²K, qual é a taxa de calor perdida pela
superfície por unidade de comprimento do tubo (q’)?
Frasco
plástico Invólucro
Invólucro Vizinhança
Espaço com ar
Frasco plástico
Melhorias estão associadas com (1) uso de superfícies aluminizadas (baixa emissividade) para o frasco e a capa de
modo a reduzir a radiação e (2) evacuação do espaço com ar para reduzir a convecção natural.
Figura 5.14: Transferência de calor através de uma parede plana. (a) Distribuição de temperaturas; e (b) Circuito térmico equivalente.
A distribuição de temperaturas na parede pode ser determinada através da solução da equação do calor com as
condições de contorno pertinentes.
Nota-se que a condução unidimensional em regime estacionário em uma parede plana sem geração de calor e com
condutividade térmica constante, a temperatura varia linearmente com x, ou seja, varia com de acordo com a espessura da
parede. Aplicando a lei de Fourier para determinar a taxa de transferência de calor por condução, tem-se:
𝑑𝑇 𝑘𝐴
𝑞𝑥 = −𝑘𝐴 = (𝑇 − 𝑇𝑠,2 ) Eq. 5.17
𝑑𝑥 𝐿 𝑠,1
Note que A é área da parede normal à direção da transferência de calor e, na parede plana, ela é uma constante
independente de x.
Uma resistência térmica pode também ser associada à transferência de calor por convecção em uma superfície. A
partir da lei do resfriamento de Newton, a resistência térmica para a convecção é, então,
𝑇𝑠 − 𝑇∞ 1 Eq. 5.19
𝑅𝑡,𝐶𝑂𝑁𝑉 ≡ =
𝑞𝑥 ℎ𝐴
Capítulo 5 – Introdução à Transferência de Calor 39
O circuito térmico equivalente para a parede plana com condições de convecção nas duas superfícies é mostrada na
figura 5.14 (b). A taxa de transferência de calor pode ser determinada pela consideração em separado de cada elemento da
rede. Uma vez que qX é constante ao longo da rede, segue-se que:
Em termos de diferença de temperaturas global, 𝑇∞,1 − 𝑇∞,2 , e da resistência térmica total, 𝑅𝑇𝑂𝑇 , a taxa de
transferência de calor pode também ser representada por:
𝑇∞,1 − 𝑇∞,2
𝑞𝑥 = Eq. 5.20
𝑅𝑇𝑂𝑇
Como as resistências condutiva e convectiva estão em série e podem ser somadas, tem-se que:
1 𝐿 1
𝑅𝑇𝑂𝑇 = + + Eq. 5.21
ℎ1 𝐴 𝑘𝐴 ℎ2 𝐴
Exemplo 8: O vidro traseiro de um automóvel é desembaçado pela fixação de um aquecedor em película, fino e transparente,
sobre a sua superfície interna. Aquecendo eletricamente este elemento, um fluxo térmico uniforme pode ser estabelecido na
superfície interna. Para um vidro com 4 mm de espessura, determine a potência elétrica, por unidade de área do vidro,
necessária para manter uma temperatura na superfície interna em 15°C, quando a temperatura do ar no interior do carro e
o coeficiente convectivo são T,i= 25°C e hi = 10 W/(m²K), enquanto a temperatura e o coeficiente convectivo no ar exterior
(ambiente) são T,e = - 10°C e he = 65 W/(m²K).
Figura 5.15: Circuito térmico equivalente para uma parede composta em série.
Em sistema compostos, é frequentemente conveniente o trabalho com um coeficiente global de transferência de calor,
U, que é definido por uma expressão análoga à lei do resfriamento de Newton. Assim:
40 Capítulo 5 – Introdução a Transferência de Calor.
𝑞𝑥 ≡ 𝑈𝐴∆𝑇
Onde ∆𝑇 é a diferença de temperatura global. O coeficiente global de transferência de calor está relacionado à
resistência térmica total e, a partir das equações anteriores, verifica-se que UA=1/RTOT. Portanto, para a parede composto
da figura 5.16:
1 1
𝑈= = Eq. 5.23
𝑅𝑇𝑂𝑇 𝐴 [(1/ℎ1 ) + (𝐿𝐴 /𝑘𝐴 ) + (𝐿𝐵 /𝑘𝐵 ) + (𝐿𝐶 /𝑘𝐶 ) + (1/ℎ4 )]
Exemplo 9: As paredes de uma geladeira são tipicamente construídas com uma camada de isolante entre dois painéis de
folhas de metal. Considere uma parede feita com isolante de fibra de vidro, com condutividade térmica ki = 0,046 W/(mK) e
espessura Li = 50 mm, e painéis de aço, cada um com condutividade térmica kp = 60 W/(mK) e espessura Lp = 3 mm. Com
a parede separando ar refrigerado a T,i= 4°C do ar ambiente a T,e = 25°C, coeficientes associados à convecção natural
nas superfícies interna e externa podem ser aproximados por hi = he = 5W/(m²K).
Exercícios
1. Uma parede de concreto, que tem uma área superficial de 10 m² e espessura de 2,5 cm, separa um local onde a
temperatura superficial da parede é 415°C. Determine a temperatura superficial externa da parede sabendo que a taxa de
transferência de calor é 3 kW e que a condutividade térmica da parede é 0,2 W/mK.
2. Informa-se que a condutividade térmica de uma folha de isolante extrudado rígido é igual a k=0,029 W/(mK). A diferença
de temperaturas medidas entre as superfícies de uma folha com 20 mm de espessura deste material é T 1 – T2 = 10 °C. (a)
Qual é o fluxo térmico através de uma folha do isolante com 2 m x 2 m? (b) Qual é taxa de transferência de calor através da
folha de isolante?
3. Qual é a espessura requerida para uma parede de alvenaria com condutividade térmica igual a 0,75 W/(mK), se a taxa de
calor deve ser 80% da taxa através de uma parede estrutural composta com uma condutividade térmica de 0,25 W/(mK) e
uma espessura de 100mm? A diferença de temperaturas imposta nas duas paredes é a mesma.
4. Um chip quadrado, com lado w = 5 mm, opera em condições isotérmicas. O chip é posicionado em um substrato de modo
que suas superfícies laterais e inferior estão isoladas termicamente, enquanto sua superfície superior encontra-se exposta
ao escoamento de um refrigerante a T= 15°C. A partir de considerações de confiabilidade, a temperatura do chip não pode
exceder a T=85°C.
Sendo a substância refrigerante o ar, com um coeficiente de transferência de calor por convecção correspondente de h =
200 W/(m²K), qual é a potência máxima permitida par o chip? Sendo o refrigerante um líquido dielétrico para o qual h = 3000
W/(m²K), qual é a potência máxima permitida?
5. Uma janela dupla possui duas placas de vidro, com 7 mm de espessura cada uma, que confinam uma camada de ar com
7 mm de espessura. A janela separa o ar da sala a 20°C do ar do ambiente externo a -10°C. O coeficiente convectio
associado à superfície interna (lado da sala) é de 10 W/(mK). Se o coeficiente convectivo associado ao ar externo (ambiente)
é de he = 80 W/(m²K), qual é a perda de calor através de uma janela que possua 0,8 m de altura por 0,5 m de largura?
Suponha que o ar entre as placas de vidro encontra-se estagnado (ka = 0,0245 W/mK).
Capítulo 5 – Introdução à Transferência de Calor 41
6. Um aquecedor elétrico de cartucho possui a forma de um cilindro, com comprimento L = 200 mm e diâmetro externo D =
20 mm. Em condições normais de operação, o aquecedor dissipa 2 kW quando submerso em uma corrente de água a 20°C
onde o coeficiente de transferência de calor por convecção é de h = 5000 W/(m²K). Desprezando a transferência de calor
nas extremidades do aquecedor, determine a sua temperatura superficial TS. Se o escoamento da água for inadvertidamente
eliminado e o aquecedor permanecer em operação, sua superfície passa a estar exposta ao ar, que também se encontra a
20°C, mas no qual h = 50W(m²K). Qual é a temperatura superficial correspondente?
Capítulo 5 – Introdução à Transferência de Calor 42